Tópicos | Estados

Com o governo relutante em apresentar uma proposta de reajuste salarial aos servidores federais, o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público (Servir), deputado Professor Israel Batista (PV-DF), avalia que o movimento de insatisfação pode começar a contagiar também os funcionários públicos de Estados e municípios.

"O risco agora é de contaminação de servidores estaduais e municipais, isso já começou a crescer. Quando se fala de servidor público, as pessoas não separam por esfera do governo. A sensação é por um todo. Já tem professores perguntando quando será a greve", afirmou o parlamentar.

##RECOMENDA##

A "bancada do funcionalismo" conta hoje com 235 deputados federais e sete senadores. Líder da frente, Professor Israel, relatou que o grupo já começou a estudar alternativas para abrir espaço no Orçamento para o debate salarial, mas avalia que o governo acabou "metendo os pés pelas mãos" quando o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu com reajustes apenas para as carreiras de segurança ligadas ao Ministério da Justiça - agentes penitenciários federais, policiais federais e policiais rodoviários federais.

"Precisamos discutir quais serão os vetos do presidente Bolsonaro no orçamento e como o governo vai conduzir e liderar a construção de uma proposta. Os parlamentares vão estudar possibilidades, mas já sabemos que são poucas. O governo se meteu em uma encrenca. E a incapacidade de diálogo interno coloca o presidente Bolsonaro em uma saia justa também com os servidores da área de segurança", comentou o deputado.

Ele lembrou que a sinalização do Planalto às carreiras policiais ocorreu após o afastamento de vários delegados de investigações da PF. "Não adianta fazer promessas soltas a cada categoria em um óbvio movimento eleitoreiro. Demandamos que o governo apresente à sociedade qual é a política sobre reajustes, se é que ela existe. Ou que mostre que não é possível e não faça promessas a ninguém, não assedie ninguém eleitoralmente", criticou.

O parlamentar inclusive admitiu que houve um acordo entre governistas e oposicionistas para "esfriar" o debate da reforma administrativa nas vésperas do ano eleitoral, justamente para evitar um movimento dos servidores. "E aí o próprio presidente Bolsonaro veio com essa história. Agora virou um movimento não apenas por reajuste, mas de revolta com o quadro geral de assédio institucional, de desmonte das estruturas que foram construídas ao longo do tempo. É uma panela de pressão que explodiu.", concluiu.

Na terça-feira, 18, entidades de servidores públicos federais se reuniram em frente à sede do Banco Central em Brasília, em protesto contra a resistência do governo federal ao reajuste salarial. À tarde, outro ato ocorreu na frente do Ministério da Economia. O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, disse que uma greve no funcionalismo público pode ter início em fevereiro, a depender da resposta do governo federal.

O presidente da Republica, Jair Bolsonaro, assinou nesta sexta-feira a adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal dos Estados. O governo goiano é o segundo a conseguir entrar no RRF, após o Rio de Janeiro, que desde 2017 faz parte do programa de refinanciamento de débitos com a União.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou Goiás a entrar no RRF em maio deste ano, com a suspensão da dívida estadual por 18 meses e a adoção de um teto de gastos pelo governo goiano. A administração estadual afirma que o estoque de restos a pagar a cada ano está na ordem de R$ 3 bilhões desde 2015 e que precisa negociar o endividamento para equilibrar as contas

##RECOMENDA##

"Além de previsibilidade, o Estado passa a ter mais meios para atender o interesse da população como um todo", disse Bolsonaro ao assinar o ato, no Palácio do Alvorada, ao lado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).

Com o plano, Caiado acenou com a possibilidade de reajustar o salário dos servidores, após um período de remuneração atrasada.

"Quanto mais o governo for se recuperando no quadro fiscal, reajuste também serão dados", disse o governador.

Partido que terá a maior fatia de recursos públicos para investir nas eleições de 2022 - quase R$ 1 bilhão dos fundos eleitoral e partidário - o União Brasil, resultado da fusão entre PSL e DEM, indicou a sua lógica de alianças no jantar que selou nesta terça, 21, o apoio à candidatura do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao Palácio dos Bandeirantes.

Diferentemente de outros partidos, o União Brasil abriu mão de investir na disputa presidencial para se concentrar nas eleições proporcionais com o objetivo de eleger o maior número de deputados federais e investir em poucas candidaturas estaduais competitivas, sendo a principal delas a de ACM Neto. O ex-prefeito de Salvador costurou o acordo com Garcia e terá o apoio do PSDB para a disputa pelo governo baiano.

##RECOMENDA##

O tamanho das bancadas eleitas na Câmara define a fatia de recursos públicos para as campanhas. A visão pragmática do União Brasil e de seus principais líderes - ACM Neto e Luciano Bivar - deve ser confrontada por forças internas mais alinhadas ao presidente Jair Bolsonaro, ou que desejam uma composição com Sérgio Moro (Podemos) ou mesmo com o governador paulista João Doria (PSDB).

"Não vamos deixar de conversar com Sérgio Moro. Inclusive alguns diálogos já aconteceram com o Podemos e com ele, mas não há indicativo de apoio a ele nesse momento", disse ACM Neto. "Vamos organizar os Estados e só depois disso vamos discutir a aliança nacional." Bivar cita conversas "em linha nacional" com o PSDB, MDB e Podemos. "São conversas que temos que fazer para termos uma candidatura exequível que atenda os anseios da sociedade."

Segundo Garcia, a dinâmica das coligações estaduais não segue a lógica nacional. "Não temos verticalização no Brasil. Eu estava aqui ao lado do ACM Neto, presidente do DEM e futuro secretário-geral do União Brasil. Ele tem no seu palanque o apoio do meu partido, o PSDB. Isso incentivou o União a fazer esse apoio aqui".

No plano estadual, outra prioridade do União Brasil será reeleger Ronaldo Caiado (DEM), em Goiás, e há planos de capitalizar candidaturas aos governos de Rondônia, Mato Grosso e Ceará, onde o PSL acredita ter nomes com chances de vitória.

O deputado Junior Bozzella (SP), que é da direção nacional do PSL e estará na executiva do União Brasil após a formalização da sigla, avalia que o fundo eleitoral vai incentivar que a legenda invista em candidatos sem mandato. "A prioridade sempre foi eleger o maior número de deputados federais. Com mais recursos, será possível investir mais nas candidaturas para governo e em candidatos sem mandato."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os surtos de gripe causados pelo vírus influenza A H3N2 se espalham pelo País e já atingem ao menos dez Estados. Em cinco - Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco e Paraná - foram registradas mortes pela doença. Houve óbitos pelo influenza também em Alagoas, mas ainda não se sabe o subtipo do vírus. Especialistas relacionam a alta de casos à baixa cobertura da vacina contra a gripe este ano, por causa da pandemia de Covid-19. A alta da doença também foi registrado em São Paulo, Pará, Amazonas e Rondônia.

O Estado de São Paulo registrou 50 óbitos por influenza de janeiro até 10 de dezembro deste ano, segundo a Secretaria da Saúde do Estado. No total, houve 665 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por influenza. A pasta não informou os subtipos do vírus. No ano passado todo, houve 713 casos e 54 mortes. Conforme a pasta, os dados são preliminares, já que desde o dia 9 de dezembro os sistemas federais de informação, incluindo o Sivep Gripe, estão indisponíveis, prejudicando a atualização das estatísticas estaduais.

##RECOMENDA##

ÓBITOS

Ao menos 74 pessoas ficaram doentes e duas morreram após serem infectadas pelo vírus da influenza A H3N2 no Espírito Santo, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). A pasta diz que ainda não há confirmação de que se trata da nova cepa Darwin que já circula em outros Estados. É esperado o resultado do sequenciamento genético das amostras enviadas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Já a Bahia teve duas mortes pelo vírus do subtipo H3N2. Os casos se concentram na capital, Salvador, onde o número de pessoas doentes saltou de 170 para 238 nos três últimos dias. Do total, 209 casos são do H3N2.

Em Pernambuco, o governo confirmou anteontem a primeira morte por influenza A H3N2. O óbito aconteceu no domingo e a vítima era moradora de Recife. O Estado já totaliza 43 casos da doença - oito graves.

Alagoas confirmou uma alta de casos e mortes pelo vírus da gripe. Este ano, até dezembro, são 21 casos confirmados e três mortes, contra só oito casos e uma morte em 2020. A Secretaria da Saúde diz que ainda não foi identificado o subtipo que causou os óbitos.

A Secretaria de Saúde do Paraná confirmou na segunda-feira a morte de uma paciente de 77 anos pelo influenza H3N2. O Estado contabilizou 20 casos.

O Ministério da Saúde determinou a implantação de um sistema de vigilância epidemiológica da influenza em todo o território nacional, incluindo a Vigilância de Síndrome Gripal (SG) em unidades sentinelas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois do Rio de Janeiro e São Paulo, outros quatro Estados registram aumento nos casos de gripe, causada principalmente pelo vírus Influenza A H3N2. Os surtos epidêmicos acontecem na Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Rondônia em momento atípico. A circulação do vírus não é comum neste período de temperaturas elevadas.

Especialistas apontam relação com a baixa cobertura vacinal. Por causa da pandemia de Covid-19, muitas pessoas deixaram de se vacinar na campanha nacional contra o influenza, realizada pelo Ministério da Saúde de abril a julho deste ano. Também lembram que a flexibilização das medidas contra a covid permitiu uma ação mais ampla do vírus da gripe, mesmo fora de época.

##RECOMENDA##

A Secretaria de Saúde da Bahia confirmou, nesta quinta-feira (16), o primeiro óbito pelo vírus A H3N2. A paciente, uma idosa de 80 anos, estava internada em hospital privado de Salvador e morreu devido às complicações causadas pela variante do vírus. Conforme a pasta, ela estava vacinada com as três doses contra a Covid-19, mas não havia tomado a vacina contra a gripe. A paciente tinha diabete e doença cardiovascular.

Até a manhã desta quinta, foram registrados 174 casos de síndrome gripal com resultado positivo para Influenza A H3N2 em todo o Estado. Do total, 48 pacientes evoluíram para a síndrome respiratória aguda grave e precisaram de internação. A capital, Salvador, concentra a maioria dos casos - 144 - e de internações - 46. Outros pacientes estão internados em Camaçari e Lauro de Freitas. O aumento no número de pessoas com sintomas levou à formação de filas em algumas unidades de pronto-atendimento da capital baiana.

A Vigilância Epidemiológica estadual alertou as equipes para intensificar as ações de prevenção, incluindo a vacinação nos municípios que ainda têm estoques do imunizante, com foco nos grupos prioritários não vacinados durante a campanha de 2021. "A forma mais eficaz de mitigar o surto é aumentar a vacinação para influenza, higienizar as mãos e continuar usando máscara", disse a pasta. A prefeitura de Salvador fará mutirão para aplicar a vacina nesta sexta-feira (17). A capital vacinou apenas 58% do público-alvo até agora, quando a meta é 90%. Por conta da ação emergencial, a vacinação contra a Covid-19 será suspensa nesse dia.

A Secretaria da Saúde do Espírito Santo informou que está avaliando o cenário de possível epidemia de influenza, depois de registrar aumento no número de casos no Estado nas duas últimas semanas. Conforme a pasta, em outubro a taxa de positividade era de 0,04% e, em dezembro, até o último dia 13, a taxa subiu para 7,3% em todo o estado e continuava em tendência crescente. Unidades de saúde da Grande Vitória - a capital e municípios do entorno - registraram filas de pessoas com sintomas.

A pasta pediu à população para evitar a ida à unidade de saúde em caso de sintomas leves. A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis, Danielle Grillo, alertou que, caso a pessoa comece a sentir falta de ar, associada aos sintomas gripais, a orientação é procurar de forma imediata um serviço de emergência. Os sintomas de gripe podem ser confundidos com os da Covid-19.

A gestora lembrou a importância de se vacinar contra a Covid e também contra a gripe, já que a pessoa imunizada geralmente apresenta sintomas leves, se contrai a doença. Ela alertou para o baixo índice de cobertura vacinal na população idosa que, este ano, atingiu 75,9% do público alvo, a menor taxa em 13 anos. Nesta quinta, o Estado dispunha de 460 mil doses de vacina, suficientes para atender toda a população idosa.

O surto de gripe chegou também ao Amazonas. A Secretaria de Saúde local divulgou alerta sobre o aumento na circulação do vírus Influenza A e pediu às pessoas que fiquem atentas aos sintomas. Dados da Fundação de Vigilância em Saúde mostram que o número de casos de H3N2 no estado passou de 140 em novembro para 325 nos primeiros 15 dias de dezembro. Além da capital, houve casos em Manacapuru, Parintins, Iranduba e Tefé.

Na segunda-feira (13), a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas emitiu nota técnica de alerta sobre a circulação do vírus A H3N2 e do Vírus Respiratório Sincicial (VRS). De acordo com o diretor técnico Daniel Barros, as orientações visam ao monitoramento, notificação e tratamento indicados pelo Ministério da Saúde. "Com a detecção da circulação do vírus da influenza A, alertamos toda rede para que fique ainda mais sensível diante de sintomas respiratórios", disse. A nota recomenda tratamento com o antiviral Tamiflu após suspeita clínica.

Por causa do surto, foram distribuídos 172 mil kits de tratamento com o antiviral para a rede de saúde do Amazonas. O último caso de influenza A no estado havia sido identificado em 2019. Conforme o gestor, o retorno da detecção desse vírus é preocupante e requer a colaboração da população para conter a transmissão, tanto se vacinando quanto evitando sair de casa com sintomas.

Em Rondônia, o aumento nos casos de gripe foi detectado em Porto Velho. A Secretaria Municipal de Saúde informou ter designado salas específicas para atendimento de pacientes com sintomas gripais em sete unidades de saúde da capital. Conforme a pasta, a maioria dos casos é de natureza leve. Os números não estavam disponíveis nesta quinta-feira, devido a problemas no sistema informatizado da saúde. Na quarta (15) à noite foi realizado um drive-thru de vacinação contra a gripe no Prédio do Relógio.

Clínicas particulares da Bahia e do Espírito Santo, além de São Paulo e Rio de Janeiro, já registraram aumento na procura por imunizantes contra a gripe, segundo a Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVac). Segundo o presidente Geraldo Barbosa, houve relatos de falta de vacina nos postos, mas o mercado privado ainda tem doses da campanha do começo de 2021, por isso pode manter a oferta de imunizantes. Ele alerta que as pessoas que se vacinarem agora devem se imunizar novamente na próxima campanha, nos postos ou nas clínicas, pois os imunizantes para a gripe são atualizados anualmente para novas cepas.

Em outros estados, há preocupação com o avanço do vírus. Acre, Amapá e Maranhão aparecem no sistema Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que monitora os casos de síndrome respiratória aguda grave, com mais de 95% de probabilidade de terem aumento nos casos de influenza. No Rio Grande do Sul, foram registrados cinco casos de influenza A H3N2 em dezembro, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. No entanto, ainda não é possível afirmar que se trata da variante Darwin, pois o sequenciamento genômico não ficou pronto.

A Secretaria Municipal de Saúde de Belém confirmou um surto de gripe na capital, após registrar a superlotação de unidades de emergência de pacientes com sintomas gripais. Conforme a pasta, o número de casos dobrou nas últimas 72 horas e a vacinação foi reforçada em todas as unidades - podem ser imunizadas desde crianças a partir de seis meses de idade. A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará, no entanto, não confirmou o surto, alegando não terem sido registrados casos de H3N2. A cobertura vacinal contra a gripe no estado é de 80% este ano.

No Ceará, a Secretaria de Saúde do Estado ampliou o alerta para identificação dos vírus respiratórios, a fim de detectar os casos de influenza A H3N2. Uma nota informativa foi publicada nesta quinta-feira (16), mas a pasta afirma que a medida é preventiva, "diante do cenário apresentado em outros estados brasileiros, que vivenciam epidemias de influenza neste fim de ano".

De janeiro a 4 de dezembro, foram notificados 67.762 casos de síndrome respiratória aguda grave no estado. Desses, três foram confirmados como influenza, sendo um como A H3N2. O paciente, um homem de 76 anos, foi internado, mas já recebeu alta. O índice de vacinação, de 76% da população alvo, é o mais baixo em duas décadas. Em Fortaleza, a vacina está disponível nos 116 postos de saúde da capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Flexibilização da quarentena está por trás da alta de infecções

Segundo o infectologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o vírus da influenza tem facilidade de recircular todos os anos, porque a imunidade conferida pela vacina é muito fugaz. "Certamente, este ano, muitas pessoas deixaram de ser vacinadas contra a influenza porque, devido à pandemia de Covid-19, estavam com medo de ir até o serviço de saúde para receber a vacina, o que também aconteceu no ano passado."

Ele acredita que os surtos de gripe também podem ter a ver com as medidas de afrouxamento das restrições em relação à Covid-19. "Se pensarmos que a gripe se transmite por gotículas, assim como a Covid-19, para a transmissão do vírus da influenza naturalmente precisamos que haja aglomerações e não uso de máscara." Um terceiro aspecto, segundo ele, é que os grandes carreadores de vírus da influenza são as crianças. "Elas certamente aderem menos ao uso da máscara, se aglomeram nas escolas e, com a volta às aulas, levam o vírus para a família. Tudo isso funcionou como um barril de pólvora para que a influenza voltasse."

Houve ainda o que ele chamou de ‘mismatch’, que é quando a vacina da gripe não acerta o subtipo envolvido no surto. "A vacina contém proteção contra o H3N2, mas não contra o subtipo que está se espalhando agora. É uma doença que é uma velha conhecida, mas não é nem de longe uma doença tranquila. Para pessoas com comorbidade e em idosos, ela pode causar internações e mortes", disse.

A infectologista Raquel Stucchi, da Universidade de Campinas (Unicamp), também vê o aumento da flexibilização no Brasil todo como causa dos surtos de gripe. "Houve municípios que suspenderam até o uso da máscara. Com isso, tivemos o surpreendente aumento nos casos de influenza, que se espalha por todos os estados. Surpreende porque o vírus não costuma ter uma circulação aumentada em nosso verão. É um vírus que circula no inverno e em alguns meses do outono."

Com a vacinação contra a covid e a abertura das atividades, segundo ela, uma população muito grande está saindo de casa, para o trabalho, estudos e lazer. "Em muitos locais, isso acontece sem o uso de máscara. Além desse fato, tivemos uma baixa cobertura vacinal contra a influenza. Como temos também pessoas mais suscetíveis saindo, isso explica em parte o aumento de casos."

Conforme a infectologista, a preocupação é que a cepa que está circulando não faz parte da vacina usada este ano. "A cepa H3N2 Darwin fará parte da vacina de 2022, que ainda não está disponível. A vacina que aplicamos este ano não traz proteção contra a cepa, mas podemos ter algum grau de proteção cruzada usando a vacina de que dispomos em 2021, por isso é importante tomar a vacina. Também podemos conter a transmissão evitando aglomeração, locais fechados e não ventilados, higienizando sempre as mãos e usando máscara."

Depois de uma primavera chuvosa, boa parte do Centro-Sul terá um verão de chuvas irregulares, com meses de seca alternando-se com períodos chuvosos. No Centro-Norte, a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) também sofrerá momentos de falta de chuva no verão.

As previsões foram divulgadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que apresentou, pela primeira vez, a tendência de chuvas e de temperaturas para os próximos seis meses em todo o país. Até agora, o órgão fornecia apenas a previsão climática para cada trimestre.

##RECOMENDA##

Foram apresentadas as projeções climáticas entre novembro e abril. As estimativas serão atualizadas mensalmente e seguirão uma média móvel semestral. No próximo mês, serão divulgadas as previsões entre dezembro e maio. Em janeiro, as estimativas irão até junho.

Chuva

Segundo o Inmet, novembro tem se caracterizado por muita chuva no Centro-Norte e chuvas abaixo da média para a Região Sul. As projeções apontam a manutenção desse padrão até o fim do mês. Em dezembro, a previsão indica chuva entre 10 milímetros e 50 milímetros abaixo da média no Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina, norte de Minas Gerais, Acre, sudoeste do Amazonas e no Matopiba. Nas demais áreas, as chuvas deverão ficar próximas ou ligeiramente acima da média.

Em janeiro, o Inmet prevê chuvas abaixo da média em Goiás, em Minas Gerais, no Distrito Federal, no Espírito Santo, centro do Mato Grosso do Sul, sul e leste de Tocantins, sul do Piauí e na Bahia (exceto no leste do Estado). O Sul poderá ter chuvas ligeiramente acima da média, assim como o estado de São Paulo e a faixa norte do Brasil.

Para fevereiro, o modelo indica chuvas irregulares em praticamente toda a faixa central e a Região Sul. Determinadas áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina deverão ter chuvas abaixo da média.

Em março e abril, as chuvas deverão continuar abaixo da média no Sul. Também deve chover menos que o esperado no Mato Grosso do Sul e no sul do Mato Grosso. Outras áreas, no entanto, poderão ter chuva acima da média, como Amazonas, Roraima, Pará, Piauí e centro e sul do Ceará. Também há tendência de chuva maior que o normal no sul de Minas Gerais e norte de São Paulo, onde se concentram reservatórios importantes para o setor elétrico.

Temperatura

Em relação à temperatura média para os próximos seis meses, o Inmet estima que a área central do Brasil ficará até 1°C acima da média entre dezembro e fevereiro. No Sul, as temperaturas deverão permanecer próximas da média no mesmo período.

Em março e abril, há tendência de temperaturas de normal a acima da média para praticamente todo o Sul, o que reduz as previsões de geada no início do outono.

Segundo o Inmet, o novo modelo de divulgação, baseado no comportamento da atmosfera e nos dados de mais de 750 estações meteorológicas automáticas e convencionais, facilita a tomada de decisões pelo produtor rural, define o planejamento da geração de energia hídrica e ajuda a estimar a viabilidade do transporte fluvial nas principais bacias hidrográficas do país.

A partir desta quinta-feira (11), o uso de máscaras contra a Covid-19 deixou de ser obrigatório em ambientes abertos no Maranhão. O Estado é o quarto a flexibilizar o importante item de proteção ao vírus, que também pode passar a ser facultativo em mais dois estados no início de dezembro.

A medida foi encabeçada pelo Rio de Janeiro, que afrouxou a utilização da barreira individual de prevenção no fim de outubro. Em seguida, o Distrito Federal e Rondônia conferiram a possibilidade da população escolher se deseja circular sem máscara em espaços públicos.

##RECOMENDA##

Decisão das prefeituras prevalece

Embora os governadores tenham optado por flexibilizar o item, a medida só vale para espaços abertos, sendo obrigatório o uso em ambientes fechados. Também vale lembrar que cabe às prefeituras permitir ou impedir que a determinação alcance aos municípios.

Estados próximos da flexibilização

Mediante a ampliação da vacinação completa e da consequente queda de casos, o Comitê Científico de São Paulo mostrou interesse em adotar o uso facultativo no início de dezembro.

A posição se reflete em Minas Gerais, que pretende flexibilizar a obrigatoriedade do item proteção no próximo mês, quando 70% da população deve estar imunizada com duas doses.

Apesar do veto do presidente Jair Bolsonaro ao trecho de uma lei que previa oferta gratuita de absorventes e demais cuidados básicos de saúde menstrual, ao menos 13 Estados e o Distrito Federal já contam com projetos para distribuição do item para estudantes e mulheres em situação de vulnerabilidade. Sergipe e Tocantins também estão elaborando propostas.

Conforme levantamento feito pelo Estadão com os governos estaduais, iniciativas começaram a ser anunciadas em meados de maio, como no Maranhão. Algumas são focadas em estudantes e outras incluem mulheres que estão no sistema prisional. Em São Paulo, o programa Dignidade Íntima está prestes a completar quatro meses e contou com investimento de R$ 30 milhões para este ano, o suficiente para compra de 50 milhões de absorventes, segundo o Secretário de Estado da Educação Rossieli Soares.

##RECOMENDA##

"Antes, tínhamos a diretora comprando do bolso para casos de emergência, as colegas que levavam um a mais na bolsa para ajudar quem precisasse. Pegamos essas experiências e transformamos em uma política pública, colocando recursos porque esta é uma questão que interfere na aprendizagem por causa das faltas. É um prejuízo educacional imenso."

Soares acredita que o Senado vai derrubá-lo. "É um absurdo. O governo federal se furtou de participar da discussão quando estava no Congresso e acabou vetando. O investimento é necessário e vale a pena, especialmente para as meninas da educação básica", diz ele, que integra a gestão João Doria (PSDB).

Senadores já sinalizaram que devem se mobilizar para derrubar o veto do presidente à entrega gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda e mulheres em situação de rua. A apoiadores, Bolsonaro afirmou que foi "obrigado a vetar", porque a proposta não informava a fonte de custeio para o programa e, caso a sancionasse, poderia ser enquadrado por crime de responsabilidade.

Diretora da Escola Estadual Heckel Tavares, no Jardim Helena, na zona leste da capital, Jucilane de Araújo Freitas comemorou o lançamento do programa, porque já acompanhava a situação de alunas que faltavam no período menstrual ou que improvisavam absorventes com pedaços de papel higiênico ou tecido. "A gente vinha nessa luta, sempre com um pacotinho de reserva na escola, mas temos 453 meninas aqui. Muitas em situação de extrema pobreza. Recebo relatos de mães que cortam camisetas, pegam calcinhas velhas para transformar em absorvente para as filhas. Quando a gente está em comunidade de extrema pobreza, a jovem vai usar o pano, porque a família precisa comprar o ovo."

Com o repasse de cerca de R$ 12 mil, a escola tem agora o item de higiene nos banheiros e todas as alunas estão recebendo. Trabalhos de orientação também foram realizados na unidade.

"O grêmio estudantil participou e tivemos uma fala. Não é para esconder como se fosse proibido, absorvente é uma coisa normal, que faz parte da rotina. Reunimos as turmas aos poucos, os professores foram passando informações para meninas e meninos. Eles têm de entender que as mães, as irmãs e as mulheres com quem eles vão se casar menstruam. A menstruação é um ciclo e as mulheres não estão fazendo nada de errado, faz parte da biologia. O menino precisa ter o olhar de que não pode fazer bullying quando manchar a calça da menina, não pode tratar como se ela estivesse suja naqueles dias."

O projeto agora evita que a estudante Brendha Ervelin de Oliveira, de 14 anos, e a irmã Bianca, de 11 anos, percam aulas. "Estava muito difícil, porque não tinha como eu vim para a escola. O preço aumentou muito. Eu tinha vergonha de vir para a escola. Às vezes, minha mãe pedia emprestado para eu poder estudar. Não era só eu que estava precisando. Agora, tem na diretoria e nos banheiros. Não tem como faltar na escola."

A entrega foi um alívio para a mãe das garotas, a auxiliar de produção Ednalda Maria da Silva, de 33 anos, que está desempregada. O marido é pedreiro e está com dificuldades para encontrar serviço. "Vejo alegria no olhar. Elas não ficam mais constrangidas. Quando a menstruação vem, o absorvente já está em casa disponível." Ela acredita que a iniciativa vai ajudar as filhas a continuar os estudos. "Estudei até a oitava série e meu marido até o quarto ano. As meninas estão caminhando." Brendha ainda está escolhendo qual carreira vai seguir no futuro. "Estou no nono ano e quero ser advogada ou cirurgiã."

Informações

Além de São Paulo, Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina já têm projetos em andamento sobre o tema. Tocantins e Sergipe ainda discutem a política. Alagoas, Mato Grosso do Sul e Rondônia não contam com a iniciativa. Os demais Estados não responderam a solicitação da reportagem sobre o assunto.

No Distrito Federal, a campanha "Dignidade Feminina - Da transformação de meninas a mulheres: mais cidadania e menos tabu" será lançada no próximo dia 18 com rodas de conversa nas escolas, capacitação de profissionais de saúde e educação, distribuição de cartilhas e estímulo a doações. A meta é transformar a iniciativa em lei.

"A arrecadação dos kits de higiene será feita em ação integrada entre poder público, iniciativa privada, sociedade civil, empresas atacadistas de supermercado e redes de farmácias do Distrito Federal. Com essa iniciativa, esperamos contribuir para a implementação de uma lei distrital sancionada este ano e que trata do acesso de mulheres em vulnerabilidade a absorventes", diz Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania do DF, da gestão Ibaneis Rocha (MDB).

No Acre, um projeto de lei para a oferta na rede pública de ensino foi aprovado pela Assembleia e aguarda definição do governador Gladson Cameli (PP). "Após sanção, a secretaria procederá com a aquisição do produto e posterior distribuição", disse a Secretaria de Comunicação.

O Programa Dignidade Menstrual, na Paraíba, foi sancionado pelo governador João Azevêdo (Cidadania) no mês passado e vai beneficiar mulheres, meninas e homens trans de baixa renda, que terão acesso a absorventes, coletores menstruais e calcinhas absorventes.

Estados baixam normas

Em Minas Gerais, uma norma foi promulgada no início do mês passado e inclui mulheres que estão no sistema prisional. "O tema da pobreza menstrual já vem sendo trabalhado antes da promulgação legal, por meio de projeto de fabricação de absorventes pelo Departamento Penitenciário", diz o texto. E acrescenta: "Com relação à distribuição de absorventes a unidades prisionais e socioeducativas, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informa que os absorventes são enviados para as unidades prisionais e socioeducativas trimestralmente ou sob demanda de cada unidade". "As unidades masculinas também recebem os itens para que sejam utilizados quando alguma visitante solicitar."

Em Tocantins, o programa Novo Tempo está sendo elaborado e também vai contemplar presidiárias, que ficaram encarregadas de produzir os absorventes.

O mesmo acontece em Santa Catarina, onde o governo prepara também uma lei para combater a pobreza menstrual. "Um esforço necessário", diz governador Carlos Moisés (sem partido). A proposta, que está sendo elaborada pela Casa Civil, deve ser apresentada na Assembleia nos próximos dias - mas, antes que isso ocorra, uma licitação para comprar 600 mil absorventes já foi concluída.

A ação, segundo o governo, vai ocorrer em parceria com a Secretaria de Educação no programa assistencial que busca elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 61 municípios catarinenses mais carentes.

Falta de acesso

"A pobreza menstrual é um fato reconhecido pela Unicef (braço das Nações Unidas)- e ela afeta diretamente meninas e mulheres que não têm condições financeiras de acesso à higiene menstrual", destaca o governador Moisés. "Na educação, esse problema muitas vezes se reflete na frequência escolar das estudantes", afirmou o governador ao Estadão.

Os 600 mil absorventes - fruto de um total de R$ 813,7 mil de investimentos feitos no programa - poderão atender cerca de 15% das alunas da rede pública de ensino. Entre os resultados destacados pelo governador Moisés está também o combate à evasão escolar causado pela pobreza menstrual. "Facilitar o acesso delas a absorventes é um esforço necessário para mudar essa situação", emendou.

Na esfera municipal, as prefeituras que compõem a Grande Florianópolis são pioneiras. São José foi o segundo município do País a aprovar uma lei para distribuição gratuita de absorventes. Mas falta decreto para regulamentar a medida. 

Com a proximidade do fim do veto a reajustes salariais de servidores, imposto pelo socorro federal concedido durante a pandemia, ao menos 14 governadores projetam recomposições inflacionárias ou aumentos reais para 2022, ano eleitoral. Parte deles já aprovou projetos que miram determinadas categorias, com destaque para professores e policiais.

No ano que vem, 17 governadores poderão tentar a reeleição. Dois deles ao menos já declararam não ter interesse - os tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), que disputam entre si a vaga de presidenciável do PSDB. Ambos não preveem aumentos. Entre os demais, nove já anunciaram planos ou debatem a possibilidade, como Wilson Lima (PSC), do Amazonas, que planeja fazer o anúncio no Dia do Servidor, celebrado em 28 de outubro.

##RECOMENDA##

"Estamos finalizando os estudos para definirmos os porcentuais do reajuste, que será concedido para todas as categorias. Ao menos a correção inflacionária vamos dar, é inevitável. Em ano eleitoral, as pressões pelo aumento vêm de todos os lados. Mas estamos preparados e com as contas em dia para fazermos isso com responsabilidade", disse Lima, que afirmou ser candidato à reeleição.

Mesmo sem assumir publicamente a decisão de concorrer novamente, e depois de resistir a dois processos de impeachment, Carlos Moisés (PSL) se movimenta em busca de mais quatro anos à frente do governo de Santa Catarina. Enquanto negocia uma troca de sigla, Moisés enviou dois projetos para apreciação dos deputados com a finalidade de ampliar a remuneração de militares - ele próprio é bombeiro - e professores em ações de impacto bilionário para os cofres públicos. A estimativa é que o custo alcance cerca de R$ 1,2 bilhão ao ano.

Mas quando se trata de impacto financeiro, o Rio até agora é líder do ranking. Com o caixa reforçado após a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), o governador Cláudio Castro (PSC), que assumiu o cargo após o impeachment de Wilson Witzel (PSC), vai ampliar o gasto com o funcionalismo público em R$ 6 bilhões pelos próximos três anos.

A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) já aprovou um projeto, com o apoio do Executivo, que autoriza valorização de 22% para os 432 mil servidores, sem recomposição desde 2014.

Um dos autores da proposta, o deputado Luiz Paulo (Cidadania), considera a medida apenas uma forma de mitigar as perdas somadas ao longo dos anos. "E é evidente que existe um conteúdo político eleitoral atrás de tudo. Já viu algum governador que é candidato à reeleição que não tenha um conteúdo neste sentido?", questionou.

Mato Grosso também já aprovou a recomposição salarial de

todos os servidores, em 6%. A ação foi assegurada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022 ao custo estimado de R$ 550 milhões. O secretário da Fazenda, Rogério Gallo, afirmou que as contas suportam a medida que, segundo ele, não tem motivação eleitoral.

"O Estado recuperou a sua capacidade financeira e de pagamento, e também reduziu abaixo de 49% os gastos de pessoal em relação à receita corrente líquida. Foram estes dois movimentos que permitiram, para o próximo ano, a concessão desses

6,05% e não um movimento político", disse.

Cautela.

Em Minas, a secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, afirmou que qualquer decisão do governo Romeu Zema (Novo) neste sentido vai depender de duas outras medidas: a aprovação pela Assembleia Legislativa do projeto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), enviado à Casa em 2019 e agora tramitando em regime de urgência, e a manutenção da suspensão do pagamento da dívida do Estado com a União.

"Nossa situação fiscal é muito complexa. Só agora estamos conseguindo pagar os salários em dia. Sabemos, no entanto, que a inflação reduziu muito o poder de compra dos funcionários e, por isso, analisamos com cautela a possibilidade de correção pela inflação. Mas só vamos resolver isso ano que vem, depois de sabermos se seguimos com a liminar que suspende a nossa dívida", disse.

Roraima segue a mesma linha. O secretário da Fazenda do Estado, Marcos Jorge, afirmou que a gestão Antonio Denarium (PP) vai aguardar o primeiro trimestre de 2022 para avaliar a possibilidade de conceder reajuste ao funcionalismo.

"O Estado sofreu intervenção federal em 2018 porque não conseguia pagar os servidores. De lá pra cá temos feito um trabalho forte para colocar as contas no azul e melhorar o ambiente de negócios. Já até liberamos a progressão vertical de cargos, com aval do Judiciário, mas a posição é mesmo de cautela."

Reeleito em 2018, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), afirmou ao Estadão que ainda está estudando a demanda e que deve considerar sim a recomposição da inflação a partir de 2022. Presidente do Consórcio Nordeste, o petista afirmou que levará o tema aos demais governadores da região.

Já São Paulo, que atualmente comemora uma projeção de crescimento de até 7,6% do PIB paulista em 2021, não iniciou debate a respeito de reajuste ou aumento real ao funcionalismo. De acordo com a Secretaria de Governo, a ordem é acompanhar a evolução da economia e da arrecadação no próximo ano para então definir a adoção de políticas salariais e gratificações aos servidores públicos.

É difícil separar uso político de justiça, afirma analista

Com a volta da inflação na casa dos dois dígitos fica difícil separar a necessidade do reajuste salarial dos servidores públicos com o uso político da ação, afirma o presidente da comissão de direito administrativo da OAB-SP, Adib Kassouf Sad.

"O que nós percebemos é a necessidade e a obrigatoriedade de reposição, no mínimo, da inflação, por força, principalmente, da perda do poder aquisitivo", disse. "De outro lado, no entanto, há inequivocamente um interesse político de alguns Estados. Então, é difícil separar esses dois aspectos, especialmente quando se trata de ano eleitoral."

O especialista destaca, no entanto, que alguns setores da administração pública, seja ela municipal, estadual ou federal, passam por um processo de desvalorização financeira histórico. Ele cita, por exemplo, os diversos cargos nas áreas da Educação, Segurança Púbica e Saúde. "Esta, especificamente, tem, muitas vezes, remunerações absolutamente sucateadas."

No levantamento feito pelo Estadão, os governos tendem a priorizar projetos que oferecem aumento ou recomposição salarial especialmente para professores e agentes das forças de segurança, como policiais militares.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Representantes de estados e municípios pediram aos deputados da comissão especial que analisa a proposta de emenda à Constituição sobre parcelamento de precatórios (PEC 23/21) que façam algumas mudanças no texto.

Os precatórios são dívidas do setor público reconhecidas pela Justiça. Boa parte é devida entre os próprios entes da federação.

##RECOMENDA##

Marialvo dos Santos Filho, representante do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda Estaduais (Comsefaz), disse que, em princípio, os estados são contrários ao parcelamento. Mas pediu que, caso a PEC seja votada, a dívida dos estados e municípios com a União não seja obrigatoriamente compensada com os precatórios que a União deve a esses governos.

Segundo ele, é melhor que a compensação seja opcional; que abranja toda a dívida e não só o principal; e que possa ser desvinculada da origem dos precatórios. Isso porque a maior parte dos precatórios que a União deve aos estados é relacionada ao Fundef (antigo fundo que financiava a educação).

Para Marialvo Filho, seria mais interessante União e estados negociarem o tipo de dívidas que seriam compensadas.

O deputado Enio Verri (PT-PR), no entanto, questionou a possibilidade de compensar precatórios do Fundef com dívidas não relacionadas à educação. “Mas isso está resolvido nos estados? O nível da educação é bom o suficiente para que o dinheiro que não foi pago à educação, que ganhou na Justiça, não volte para a educação? Não me parece justo esse tipo de análise.”

Mesma regra

O representante do Comsefaz também pediu que sejam estendidas para os estados e municípios as regras que vão valer para a União no parcelamento.

A PEC 23/21 estabelece que os precatórios da União em 2022, cerca de R$ 90 bilhões, possam ser pagos 15% à vista e o restante parcelado em nove anos. O parcelamento atingiria precatórios acima de R$ 66 milhões e aqueles que, somados, ultrapassem 2,6% da receita líquida anual.

Para ele, a regra do limite da receita líquida também deveria valer para o pagamento dos precatórios dos governos regionais.

A assessora jurídica da Confederação Nacional dos Municípios, Ana Carla Teixeira, disse que, pelas regras da proposta, o município de Cariacica, no Ceará, que tem 61 precatórios, só teria um elegível para parcelamento. Ela ressaltou ainda que a correção das dívidas pela Selic em vez da inflação, como previsto na PEC, pode prejudicar os governos locais.

O deputado Hugo Leal (PSD-RJ), que é relator do Orçamento para 2022, defendeu a aprovação da PEC. “Cabe a nós muita responsabilidade, trazer ao texto constitucional algo que não fira os preceitos do direito adquirido, do trânsito em julgado, mas que dê conforto para que outras políticas públicas possam ser executadas.”

Ana Carla Teixeira lembrou que os precatórios vêm sendo prorrogados desde a Constituição de 1988 e por sucessivas emendas constitucionais. E afirmou que, pelas regras da PEC em discussão, menos de 2% dos municípios se beneficiariam do novo alívio fiscal.

A audiência desta terça foi proposta pelos deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) e Leonardo Picciani (MDB-RJ).

*Da Agência Câmara de Notícias

 

O presidente Jair Bolsonaro comentou, nesta sexta-feira (1º), suas mais recentes viagens para comemorar os mil dias de governo completados no último domingo. O chefe do Executivo relatou que esteve na Bahia para dar título de propriedade em um assentamento que havia sido invadido no passado.

"Não desistimos e entregamos 800 títulos", afirmou. "Entregamos mais títulos na Bahia do que todos os presidentes anteriores, inclusive dois que diziam defender o MST", afirmou numa clara indicação de que falava dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

##RECOMENDA##

Depois, o presidente, lembrou que foi a Alagoas para entregar chaves de casa à população mais carente. "Isso não tem preço", afirmou. Na sequência, Bolsonaro contou que esteve em Roraima para inaugurar um linhão de energia e que vai voltar ao Estado, que tem alto potencial hídrico, segundo ele. "Roraima tem potencial hídrico para levar energia elétrica para todo o Nordeste e Norte. Um potencial incalculável", comentou.

O presidente falou ainda sobre viagens a Minas Gerais e ao Distrito Federal. Por fim, comentou que iria para Maringá, no Paraná, ao lado do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. "Talvez não vá mais para Maringá", disse momentos depois, quando informado de que o mau tempo na região poderia ser um impeditivo para a viagem. Na cidade, estava prevista a inauguração da ampliação do aeroporto. Segundo Barros, que já foi prefeito da cidade, a obra fará de Maringá um hub aeroportuário.

Ministros

Durante o evento, Bolsonaro também chamou por vídeo ministros que estavam em outros Estados e que participaram de eventos relacionados aos mil dias de governo: Tarcísio de Freitas, que está em Anápolis; Milton Ribeiro (Cuiabá - Mato Grosso) e Marcos Montes (no lugar de Tereza Cristina, que está com Covid-19), em Bonito (MS).

O presidente voltou a elogiar a ministra Flávia Arruda, dizendo que, como a mais importante, deveria ter sido a escolhida para falar por último, em seu lugar. O discurso de Bolsonaro ocorreu durante cerimônia de assinatura do Decreto da Cédula de Produto Rural (CPR) Verde, no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo salientou que no meio dos mil dias de governo, houve 600 de pandemia e que, mesmo assim, "o Brasil foi para frente".

O evento faz parte das comemorações dos mil dias de governo, O lançamento da CPR Verde conta com a participação dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e do Meio Ambiente, Joaquim Leite. A CPR Verde é uma nova alternativa de mercado para as empresas interessadas em compensar voluntariamente sua emissão de gases de efeito estufa e faz parte do Plano de Crescimento Verde do governo federal, que será levado à Conferência do Clima (COP26), um evento internacional marcado para ocorrer daqui a um mês em Glasgow, na Escócia.

Elogios para Flávia

Mais cedo, a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, enalteceu o trabalho do governo federal no Distrito Federal, durante a cerimônia, no Palácio do Planalto. Antes dela começar a falar, o presidente Jair Bolsonaro foi até o microfone para elogiá-la. "Dos 23, esta é minha melhor ministra", afirmou. O presidente fez o comentário mesmo com a participação dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e do Meio Ambiente, Joaquim Leite, entre outros.

O governo de São Paulo e o Instituto Butantan repassam, nesta quarta-feira (22), 2,5 milhões de doses da Coronavac a cinco Estados brasileiros, como parte de uma aquisição direta que não envolveu o Ministério da Saúde. Ao governo federal, o governo paulista diz já ter finalizado a entrega da quantidade contratada de 100 milhões de vacinas.

A entrega de vacinas a outros Estados ocorre em um momento em que o governador João Doria (PSDB) formaliza a sua pré-candidatura à Presidência da República.

##RECOMENDA##

A Coronavac não tem liberação da Anvisa para ser aplicada em adolescentes nem é recomendada pelo governo federal como dose de reforço para idosos.

A maior parte da entrega desta quarta-feira será destinada ao Pará, que ficará com 1 milhão de doses.

Espírito Santo e Mato Grosso receberão 500 mil vacinas.

O Ceará ficará com 300 mil doses e o Piauí, 200 mil.

As vacinas foram envasadas pelo Instituto Butantan, que realizou "rigoroso controle de qualidade antes do fornecimento".

O Pará é um dos Estados que tem a menor proporção de habitantes adultos vacinados e poderá usar os novos lotes para acelerar a aplicação.

De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa, as cidades paraenses tem 70% dos adultos imunizados com a primeira dose até aqui, número que já chegou a 100% em São Paulo.

Os demais Estados que recebem nesta quarta as vacinas extras estão com mais de 80% da população adulta com a primeira dose.

As doses do Butantan também poderão ser usadas como segunda dose. A proporção de adultos totalmente imunizados nesses Estados está na casa dos 40%, com exceção do Espírito Santo, onde 53,5% dos maiores de idade estão completamente vacinados.

O contrato de 100 milhões de doses do Butantan ao governo federal foi finalizado no dia 15 de setembro, com a liberação de um lote de 6,9 milhões de imunizantes.

O instituto sediado em São Paulo ainda terá de substituir parte dos lotes já entregue depois de uma interdição realizada pela Anvisa. Nesta quarta-feira, a agência federal ordenou o recolhimento de vacinas produzidas em uma fábrica na China que não passou por inspeção brasileira.

Neste domingo (19), um grupo de 20 governadores divulgou uma nota contrária às declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o aumento do preço da gasolina nos estados. O chefe do Executivo tem atribuído o valor dos combustíveis aos impostos cobrados nas unidades federativas.

Segundo os signatários, o custo da gasolina registrou um aumento superior a 40%, “embora nenhum Estado tenha aumentado o ICMS incidente sobre os combustíveis. Dessa forma, o problema envolvendo a crise seria de responsabilidade nacional, “e, não somente, de uma unidade federativa”.

##RECOMENDA##

Ao longo dos últimos seis meses, Bolsonaro tem reagido a pressão de setores como o dos caminhoneiros colocando a responsabilidade do aumento exclusivamente nos governadores. “Essa é a maior prova de que se trata de um problema nacional, e não somente de uma unidade federativa. Falar a verdade é o primeiro passo para resolver um problema”, criticaram.

O preço da gasolina é formado a partir da fatia da Petrobras, que, na semana de 5 a 11 de setembro, era de 33,5%; o ICMS, que na média do País, estava em 27,6%; e os tributos federais Cide e PIS/Pasep e Cofins; o custo do etanol anidro; e pela parte da distribuição e revenda. No diesel, a fatia da Petrobras ultrapassa os 50%.

Nomes como Paulo Câmara (PSB-PE), Flávio Dino (PSB-MA), Rui Costa (PT-BA), Eduardo Leite (PSDB-RS) e Ibaneis Rocha (MDB-DF) assinam o documento.

Leia, abaixo, a íntegra da nota e todos os seus signatários:

NOTA DOS GOVERNADORES SOBRE O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

Os Governadores dos entes federados brasileiros signatários vêm a público esclarecer que, nos últimos 12 meses, o preço da gasolina registrou um aumento superior a 40%, embora nenhum Estado tenha aumentado o ICMS incidente sobre os combustíveis ao longo desse período. Essa é a maior prova de que se trata de um problema nacional, e, não somente, de uma unidade federativa. Falar a verdade é o primeiro passo para resolver um problema.

Assinam esta nota:

RUI COSTA, Governador do Estado da Bahia

CLÁUDIO CASTRO, Governador do Estado do Rio de Janeiro

FLÁVIO DINO, Governador do Estado do Maranhão

HELDER BARBALHO, Governador do Estado do Pará

PAULO C MARA, Governador do Estado de Pernambuco

JOÃO DORIA, Governador do Estado de São Paulo

ROMEU ZEMA, Governador do Estado de Minas Gerais

RONALDO CAIADO, Governador do Estado de Goiás

MAURO MENDES, Governador do Estado de Mato Grosso

EDUARDO LEITE, Governador do Estado do Rio Grande do Sul

CAMILO SANTANA, Governador do Estado do Ceará

JOÃO AZEVÊDO, Governador do Estado da Paraíba

RENATO CASAGRANDE, Governador do Estado do Espírito Santo

WELLINGTON DIAS, Governador do Estado do Piauí

FÁTIMA BEZERRA, Governadora do Estado do Rio Grande do Norte

RENAN FILHO, Governador do Estado de Alagoas

BELIVALDO CHAGAS, Governador do Estado de Sergipe

REINALDO AZAMBUJA, Governador do Estado de Mato Grosso do Sul

IBANEIS ROCHA, Governador do Distrito Federal

WALDEZ GÓES, Governador do Estado do Amapá

 

Cidades de ao menos quatro Estados já registram falta da segunda dose da vacina da AstraZeneca e outros dois estão com os estoques baixos. Para evitar prejuízos à imunização, as secretarias estaduais de Saúde estão adotando o esquema heterólogo e aplicando uma segunda dose de Pfizer em quem já recebeu a primeira de AstraZeneca.

Estudos mostram que a combinação de vacinas é segura e eficaz. No Brasil, a medida já havia sido adotada em gestantes que receberam uma dose da vacina da AstraZeneca. Alguns países da Europa também deram uma segunda dose de Pfizer para jovens que tinham recebido a primeira da AstraZeneca.

##RECOMENDA##

O estoque da vacina da AstraZeneca acabou em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Maranhão. No Ceará e no Espírito Santo, as doses estão no fim. Já o Rio Grande do Sul afirma que tem vacinas suficientes para cobrir apenas 39% da demanda até o dia 23 de setembro e aguarda envio dos 61% restantes.

O Rio Grande do Norte e o Acre dizem que o estoque de AstraZeneca está acabando. Por isso, o intervalo entre a primeira e a segunda dose poderá ser ampliado para 12 semanas nesses Estados. Santa Catarina tem vacinas suficientes até o dia 23.

Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Pará, Paraíba, Paraná, Roraima e Tocantins afirmam não sofrer com a falta de AstraZeneca. A maioria desses Estados diz que guardou vacinas suficientes para suprir a demanda por segunda dose.

Procurados pela reportagem, Amapá, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e Sergipe ainda não responderam.

Segundo a Fiocruz, um novo lote de AstraZeneca deve ser entregue ao Ministério da Saúde nesta terça-feira (14). A pasta não informou quando as vacinas irão chegar aos Estados e nem quais unidades da federação vão receber as doses. A fundação e o ministério ainda não disseram quantas doses serão distribuídas.

Em novo boletim sobre a situação das estradas, o Ministério da Infraestrutura informou que, às 12h30 desta sexta-feira (10), eram registrados pontos de concentração com abordagem a caminhoneiros em três Estados. Segundo a pasta, no entanto, toda a malha rodoviária federal está aberta para o livre fluxo de veículos de cargas.

No geral, o número de ocorrências é 70% menor do que o registrado no mesmo período do dia anterior, com tendência de seguir em queda ao longo do dia, de acordo com o ministério.

##RECOMENDA##

As manifestações que ainda acontecem estão localizadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rondônia.

Este é o quarto dia de protestos promovidos por caminhoneiros que são a favor do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, e contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na quarta-feira (8), pressionado pelo temor do efeito das paralisações na economia, Bolsonaro enviou um áudio pedindo que os caminhoneiros liberassem as rodovias.

O Ministério da Infraestrutura informou nesta sexta-feira (10) que apenas três Estados registraram ocorrências de concentração de caminhoneiros em rodovias federais na manhã desta sexta-feira: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rondônia. De acordo com o boletim, que considera registros até 7h30 - com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) -,"não há pontos de interdição em rodovias federais" no momento, embora ainda haja aglomerações da categoria espalhadas pelo país e abordagem a outros veículos.

Nos Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santos e Paraná não há mais qualquer ponto de retenção nas rodovias.

##RECOMENDA##

Já no Mato Grosso e Pará há aglomerações sem prejuízo ao fluxo de veículos.

Este é o quarto dia de manifestações promovidas por caminhoneiros que são a favor do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, e contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na quinta-feira, concentrações foram registradas em rodovias de pelo menos 16 Estados. Na maioria dos locais, apenas carros pequenos, veículos de emergência e cargas de alimentos perecíveis tiveram o trânsito liberado pelos manifestantes.

Segundo o Ministério da Infraestrutura, o número de ocorrências caiu 45% desde a noite de quinta-feira.

O presidente Jair Bolsonaro gravou um áudio pedindo aos caminhoneiros que liberem as estradas do País. Na gravação, Bolsonaro diz que a ação "atrapalha a economia" e "prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres". Na quinta, ele se reuniu com caminhoneiros.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, disse que a instituição monitora as movimentações de caminhoneiros junto ao governo federal e não vê risco de desabastecimento. "De ontem para hoje mais de 50% dos movimentos foram desmobilizados", afirma.

Ele diz ainda que a crise hídrica e outros fenômenos climáticos que interferem nos preços de insumos não chegam rapidamente às gôndolas dos supermercados e que, por meio de uma ampliação no conjunto de marcas o varejo consegue negociar melhor aumento de preços.

##RECOMENDA##

"Ocorrências climáticas e hídricas demoram para chegar aos pontos de venda. Muitas vezes o reflexo se dilui", afirma.

O presidente Jair Bolsonaro tem reunião na manhã desta quinta-feira, 9, com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para tratar dos bloqueios nas estradas promovidos por caminhoneiros bolsonaristas. O encontro, no Palácio do Planalto, ocorre enquanto o governo tenta desmobilizar os atos da categoria, programados na esteira das manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo próprio presidente da República.

Na quarta, quando os bloqueios aumentaram nas rodovias, Bolsonaro gravou um áudio para pedir que os manifestantes desobstruíssem as vias.

##RECOMENDA##

Diante da desconfiança dos apoiadores sobre o pedido do presidente, Tarcísio divulgou um vídeo para confirmar a veracidade do áudio do presidente.

"A paralisação ia agravar os efeitos na economia, que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis. Já temos hoje um efeito no preço dos produtos em função da pandemia", apela o ministro no vídeo.

Caminhoneiros realizam desde o fim da tarde da quarta-feira (8) paralisações em estradas de ao menos 15 Estados. São eles: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia. Maranhão, Roraima, São Paulo e Pará.

Em nota divulgada nas primeiras horas desta quinta-feira (9), o Ministério da Infraestrutura afirmou que pontos de bloqueio total no Rio de Grande do Sul e em São Paulo foram liberados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de trechos de retenção no norte de Santa Catarina. Segundo o órgão, agentes ainda estão atuando em pontos de interdição em Minas Gerais.

##RECOMENDA##

Em boletim anterior, às 17h30, o ministério afirmou que a PRF negociava para liberar o fluxo nas rodovias até a meia noite. No comunicado divulgado às 20h40, no entanto, não havia mais essa previsão. "Agentes encontram-se nos locais identificados e iniciaram o procedimento de desobstrução com a orientação de liberar todos que quiserem seguir viagem", afirmava o segundo boletim. Às 22h30, a PRF informou que havia pontos de concentração em rodovias de 16 Estados. O número foi reduzido para 15 no último informe, às 0h30.

Os bloqueios começaram durante as manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seguiram durante o dia.

"Ao todo, já foram debeladas 117 ocorrências com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias durante as últimas horas", afirmou o ministério. "A disseminação de vídeos e fotos por meio de redes sociais não necessariamente reflete o estado atual da malha rodoviária."

Em boletim, o ministério destacou que a composição das mobilizações é heterogênea, "não se limitando a demandas ligadas à categoria" e chegou a afirmar não haver previsão de que os bloqueios nas rodovias afetem o abastecimento de produtos no País. No último informe, porém, ao anunciar a liberação dos trechos na região norte de Santa Catarina disse que a mobilização no local "chegou a ameaçar" as condições de abastecimento.

As concentrações já preocupam distribuidoras de combustíveis, que temem desabastecimento de produtos como gasolina e óleo diesel. A situação mais crítica é nos Estados de Santa Catarina e Mato Grosso.

Às 17h30, o ministério informou que foram registrados pontos de concentração em rodovias federais com abordagem a veículos de cargas nos seguintes Estados: Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul. No boletim das 0h30, não houve detalhamento dos Estados.

Segundo a Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo, houve paralisação de caminhoneiros na Rodovia Anhanguera, no km 188. Já o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER) informa que houve uma manifestação de caminhoneiros em Angatuba, na SP-270 (km 204).

Na manhã desta quinta-feira, no Rio de Janeiro, há três pontos com registro de protestos: Campos dos Goytacazes (km 75 da BR 101, sentido Rio); Itaboraí (km 1 da BR 493, em ambos os sentidos); e na capital fluminense (km 113 da BR 040), segundo a PRF, que está presente nesses pontos. Nos locais, a Polícia Rodoviária Federal está realizando tratativas para liberação das estradas. Nesses pontos, o trânsito está fluindo mesmo com a interdição, informa a PRF.

Em Roraima, ao menos 20 caminhões estacionaram no quilômetro 482 da BR-174, em Boa Vista, em um protesto contra o aumento no preço dos combustíveis, em especial o Diesel, e a favor do governo Bolsonaro. A ação faz parte do pacote de mobilização dos caminhoneiros pós 7 de setembro e iniciou por volta das 17 horas, horário local.

A rodovia federal é a única via de acesso do estado roraimense à Manaus (AM), e é utilizada para o envio de alimentos, combustível e outras mercadorias, de forma mais barata e por terra. A Polícia Rodoviária Federal enviou uma equipe para o local.

Um dos líderes do movimento intitulado de Caminhoneiros Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedindo a destituição de ministros do STF. "O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que País está atravessando através da forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão", disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula pelas redes sociais.

Segundo ele, o documento também será entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Em outro vídeo, Burgardt fala em um prazo de 24 horas para a resposta das autoridades ao pedido. Ele não foi localizado na quarta.

Diante dos protestos, a Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro Autônomo e Celetista enviou na quarta ofícios ao diretor-geral da PRF, ao Ministério da Infraestrutura, à Presidência da República e outros órgãos, em que pede ação imediata das forças de segurança pública para garantir o trânsito nas rodovias. A frente afirma que, em decorrência dos atos iniciados no 7 de Setembro, ainda ocorrem obstruções de trânsito em estradas federais "com madeiras, pedras e pneus".

Presidente da frente, o deputado Nereu Crispim (PSL-RS) afirmou haver "ameaça à integridade física e danos ao patrimônio com lançamento de pedras contra caminhões de caminhoneiros e transportadores e contra a nossa Constituição, no que se refere ao livre direito de ir e vir".

O fato de o ofício ter sido enviado pela Frente reforça a falta de unanimidade da categoria sobre as paralisações. Entidades que representam caminhoneiros autônomos e que chamam mobilizações a favor de demandas específicas da categoria não aderiram aos atos. Na semana passada, representantes da categoria consideravam que poderia haver presença pontual de transportadores nos atos, mas de forma isolada, sem organização associativa.

Ao menos nove entidades, entre associações, confederações e sindicatos ligados à categoria informaram ontem que não apoiam a paralisação e não estão participando dos atos.

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que diz congregar cerca de 4.000 empresas de transporte e mais de 50 entidades patronais, manifestou repúdio aos bloqueios. Em nota, a entidade afirma que as paralisações poderão causar graves consequências para o abastecimento, que poderão atingir o consumidor final e o comércio de produtos de todas as naturezas, incluindo essenciais, como alimentos, medicamentos e combustíveis.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, avalia que o movimento é de cunho político com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas, e não de transportadores autônomos. "Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de manobra", disse Chorão, que foi um dos principais líderes da categoria na greve de 2018. "Está claro que a pauta não é da categoria".

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Dahmer, relatou ter visto alguns pontos de manifestações de caminhoneiros, "conforme era esperado" diante de manifestações de Bolsonaro. "Vimos veículos do agronegócio, como tratores e máquinas agrícolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar tentando trabalhar", disse.

A CNTTL enviou recentemente ofício ao presidente do STF, Luiz Fux, repudiando atos "extremistas", as declarações do cantor Sérgio Reis e do que chamou de "pseudo lideranças" de caminhoneiros, dizendo que não compactua com atos antidemocráticos.

O temor por confrontos ou atos de violência nas manifestações programadas para o 7 de Setembro levou governos nos Estados e no Distrito Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) a adotarem medidas para garantir a segurança pública nas principais capitais do País. O planejamento visa a evitar que atos a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro no mesmo dia resultem em algum tipo de conflito nas ruas. Em São Paulo e Brasília, a preocupação é agravada pelo fato de Bolsonaro ter anunciado presença nas manifestações. Revistas em busca de armas estão previstas nos locais dos atos.

Na capital federal, o Supremo - alvo de convocações bolsonaristas - decidiu fechar as portas na véspera do feriado. A Corte informou que vai decretar ponto facultativo no dia 6 de setembro para "facilitar os preparativos de segurança".

##RECOMENDA##

Manifestações a favor do governo e do presidente estão previstas em todas as regiões do País. O tradicional Grito dos Excluídos, promovido desde os anos 1990 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Dia da Independência, prevê atos em 63 municípios espalhados por 21 Estados.

Em São Paulo, a Corregedoria da PM montou uma operação para impedir a presença ilegal de policiais da corporação na Avenida Paulista, na área central, durante a manifestação bolsonarista. Todo efetivo será empregado na ação, que contará com os policiais que deveriam estar de folga e com os da área administrativa para "reforçar o patrulhamento disciplinar". Nos últimos dias militares da ativa e da reserva convocaram para os atos; em alguns casos, incitando crimes e violência contra instituições

O governador João Doria (PSDB) tentou barrar a manifestação da oposição ao governo, com o argumento de que a Secretaria de Segurança Pública iria vetar o ato, mesmo com a transferência de local para o Vale do Anhangabaú, também no centro, por motivos de segurança. O juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara de Fazenda Pública da capital, no entanto, decidiu que não há possibilidade de vetar manifestações de grupos diferentes quando estão programadas para locais diferentes, e que é obrigação da PM garantir a segurança dos dois atos.

Presidente da comissão de Ação Transformadora da CNBB, d. José Valdeci Santos Mendes, disse que a entidade tem "uma preocupação muito grande" com possíveis episódios de violência no 7 de Setembro. "Não estamos satisfeitos com essa situação do País. Precisamos ter todos os cuidados, mas temos o dever de dizer que não estamos satisfeitos."

Reunião

Grupos bolsonaristas e oposicionistas se encontraram brevemente na sede do Comando de Policiamento de Área Metropolitano 1, na Liberdade, região central de São Paulo. Os dois tinham reuniões marcadas para discutir a segurança de cada um dos atos. Eles ouviram de comandantes da PM pedidos para que todos colaborem com a segurança, numa espécie de pacto de não agressão. Todos consentiram, de forma protocolar.

Os próprios organizadores devem orientar manifestantes com medidas de segurança, como evitar se deslocarem sozinhos até os locais de protesto e não responder a eventuais provocações. Isso não ocorreu nas manifestações anteriores que pediram o impeachment do presidente. Os PMs no entorno dessas manifestações devem revistar participantes para evitar a entrada de objetos que ficaram proibidos, como armas brancas, fogos de artifício, bastões e até drones. Os carros de som e veículos só devem entrar nos locais de manifestação após passar por vistoria prévia e aprovados pelo comando da PM.

Em Brasília, o Grito está marcado para a Torre de TV, a menos de dois quilômetros da Esplanada dos Ministérios. É lá que Bolsonaro deve estar durante a manhã para discursar a apoiadores, antes de embarcar para São Paulo. O governo do Distrito Federal informou nesta terça-feira, 31, que a Esplanada dos Ministérios deve ser reservada exclusivamente para as manifestações bolsonaristas no feriado do dia 7 de setembro.

Por estar no centro de Brasília e abrigar a sede dos Três Poderes, a Esplanada é, historicamente, o ponto central de grandes manifestações. Outra determinação para os atos é a proibição para que manifestantes levem "qualquer tipo de objeto que possa ser utilizado como arma".

"A gente faz essa revista para que as pessoas não ingressem com esse tipo de material", afirmou o secretário de Segurança Pública do DF, Julio Danilo. "(Vale para) qualquer tipo de arma: arma de fogo, arma branca, garrafa de vidro, barra de ferro, álcool líquido". O secretário disse que fogos de artifício entram na lista de itens proibidos.

Em outras cidades, contudo, a distância entre os atos será maior. Tradicional reduto dos bolsonaristas no Rio, o posto 5 de Copacabana fica a mais de 10 quilômetros do ponto do Centro em que o Grito marcou sua concentração, na esquina da Rua Uruguaiana com a Presidente Vargas.

Em Salvador, a passeata bolsonarista sairá do Farol da Barra, enquanto o Grito e o protesto Fora Bolsonaro terão trajetos diferentes, saindo do bairro do Campo Grande em direção à Praça Municipal. Também no Nordeste, João Pessoa também terá um esquema semelhante, com direito a monitoramento dos espaços com drones e policiamento motorizado.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando