Notou-se através dos resultados do estudo “Personalidade dos Líderes Brasileiros”, desenvolvido pela Hogan Assessments, em parceria com a Ateliê RH, que diferente do esperado, gestores brasileiros costumam liderar sob uma perspectiva mais conservadora e com bem menos carisma do que se imagina.
“O senso comum de que os líderes brasileiros são flexíveis e adaptáveis não é confirmado pelo nosso levantamento. E, apesar da fama de mais extrovertidos e expressivos, nossos dados indicam que a força de trabalho e os gestores são menos propensos a criar vínculos em comparação com os globais”, detalha Roberto Santos, Sócio-diretor da Ateliê RH.
##RECOMENDA##A pesquisa foi realizada a partir de uma mostra global de 19.970 gestores, com um recorte brasileiro de cerca de 388 gestores.
Perfil conservador
O traço mais surpreendente apontado pela pesquisa tenha sido a característica conservadora da liderança brasileira. “Em geral, os gestores preferem segurança e estabilidade, evitam riscos, seguem regras, têm resistência à mudança e são menos imaginativos do que os gestores globais”, explica Santos.
Diferente do estereótipo mantido sobre os brasileiros, os dados mostram que os gestores brasileiros são menos hedonistas que líderes de outros países.
Na mesma linha, a pesquisa também aponta um outro dado que conflita com o senso comum de que brasileiros são bons em se comunicar: gestores de outros países são mais carismáticos e charmosos que os brasileiros. Porém, os brasileiros são mais empáticos e colaborativos que a média global, e frequentemente demonstram preocupação com as necessidades e emoções de seus funcionários, além de serem ouvintes ativos.
Um lado os gestores brasileiros exibem esse traço empático, do outro, o excesso de preocupação com valores tradicionais e regras (outro traço apontado pela pesquisa) mostra que esses líderes têm extrema dificuldade em flexibilizar valores diante de outros, levando a vieses inconscientes que impedem a formação de uma cultura inclusiva.
Paternalista e prepotente
Em comparação do perfil dos gestores brasileiros com o dos gestores de outros países, os líderes nacionais tendem a ser menos ambiciosos e orientados para o poder, embora privilegiam a estabilidade em suas questões financeiras em maior grau que a média global.
Sob estresse, os brasileiros são mais ousados, o que pode levar a um comportamento marcado pela arrogância e prepotência em comparação. “Essa característica, combinada a uma maior sensibilidade interpessoal, pode trazer à tona um perfil de líder paternalista prepotente em períodos de maior tensão”, detalha Santos.
A metodologia utilizada é baseada na avaliação da personalidade no dia a dia e sob estresse, motivações, valores e estilo cognitivo, sendo utilizada em mais de 57 países.