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O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça que obrigue o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) a começar com urgência a fazer fiscalizações periódicas contra a garimpagem ilegal na terra indígena Munduruku, no sudoeste do Pará. Encaminhada à Justiça Federal em Itaituba na quinta-feira (1º), a ação pede que as fiscalizações comecem no prazo máximo de 30 dias após a decisão liminar (urgente). Caso a decisão judicial não seja cumprida, o MPF quer que o Ibama e o ICMBio sejam multados em R$ 10 mil por dia de desobediência à Justiça.

Denúncias recebidas pelo MPF e comprovadas pela instituição em vistorias na terra indígena apontam uma série de danos socioambientais provocados pela intensa atividade de garimpos ilegais. Entre os impactos estão a redução da pesca, a contaminação por mercúrio e outros problemas à saúde, aos costumes e à organização social dos Munduruku, como o consumo de alimentos industrializados, de bebidas alcoólicas e drogas, e a prostituição.

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Apesar de alertados pelo MPF sobre a situação, os órgãos de fiscalização ambiental não têm tomado providências, critica na ação o procurador da República Paulo de Tarso Moreira de Oliveira. Em outubro do ano passado, em reunião na sede da Justiça Estadual em Itaituba, representantes do Ibama e do ICMBio chegaram a comprometer-se com o MPF e com os indígenas a apresentar um plano de fiscalizações, o que nunca ocorreu. Ofício e recomendação enviados pelo MPF para cobrar a apresentação do documento também não surtiram efeito. Enquanto isso, “rios têm seus percursos alterados, vegetações são extintas e animais fogem ou morrem por causa da contaminação causada – assim como o ecossistema dos locais ficam com danos irreparáveis em definitivo”, ressalta a ação judicial.

Segundo informações obtidas por lideranças indígenas, os garimpeiros ilegais estão abrindo uma estrada para facilitar o acesso à terra Munduruku, o que deve intensificar a atividade ilegal. Ainda segundo essas denúncias, a extração ilegal de minério está sendo feita até por funcionários públicos, que também tentam convencer os indígenas a liberarem áreas para novos garimpos.

No final de 2017, após a Fundação Nacional do Índio (Funai) terem dado um ultimato para a saída dos garimpeiros, os criminosos teriam dito a representantes dos Munduruku que têm a pretensão de resistir a tentativas de expulsão e de enfrentar até mesmo a Polícia Federal, se necessário. O MPF destaca que as fiscalizações são urgentes no leito do rio das Tropas, nas proximidades das aldeias Posto de Vigilância, Boca Igarapé Preto, Nova Esperança, Caroçal Rio das Tropas, Boca do Caroçal, Lajinha Rio das Tropas, Castanheira, São João, Centrinho Mangueirinha, Barro Vermelho, Bananal Rio das Tropas, Akotek, Vila Nova, Karo Exebu e Boro Bimuybu.

Da assessoria do MPF.

De 18 a 26 de janeiro, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) estará em missão aos Estados do Pará, Amazonas e Roraima para verificar a situação dos direitos humanos dos imigrantes venezuelanos que têm ingressado no território brasileiro solicitando refúgio e residência em decorrência da crise estabelecida na Venezuela. Em Belém, o governo do Estado destinou uma casa na travessa Joaquim Távora, na Campina, em Belém, para servir como abrigo definitivo aos cerca de 80 índios venezuelanos da etnia Warao refugiados na capital paraense. A prefeitura providenciou a retirada dos indígenas da área do Ver-o-Peso.

A programação inclui visitas aos abrigos onde os imigrantes estão alojados, reuniões com representantes da sociedade e agências internacionais que atuam no tema e com autoridades locais de órgãos do poder público que têm responsabilidade no assunto – como Polícia Federal e titulares de prefeituras e governos estaduais.

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A missão será composta por integrantes do CNDH e representantes de organizações convidadas e terá como objetivo verificar a situação vivenciada por esses imigrantes nas cidades de Manaus, Belém, Santarém, Boa Vista e Pacaraima, em busca de soluções para as violações de direitos identificadas.

A deliberação pela realização da visita in loco se deu na 33ª Reunião Ordinária do colegiado, realizada nos dias 6 e 7 de dezembro em Brasília, que contou com a contribuição do representante do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Leo Mendes, e do imigrante venezuelano Ricardo Jimenez, retirado à força da rodoviária de Boa Vista pela Polícia Militar, na discussão do ponto de pauta sobre a situação dos imigrantes venezuelanos do Brasil.

O conselheiro João Akira Omoto, representante do Ministério Público Federal no CNDH, que já acompanha o caso por meio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e comporá a missão, afirma que o fluxo migratório crescente de venezuelanos ao Brasil tem como principal porta de entrada a cidade de Pacaraima, na fronteira norte com Roraima, e que se trata de um fluxo migratório misto, sendo percebida a solicitação de refúgio, de migrantes econômicos e de migrantes indígenas. “São indígenas principalmente da etnia Warao, que vivem no norte da Venezuela e se deslocam quase 1000 km até a fronteira com o Brasil, em condições absolutamente precárias, e chegam apresentando quadro grave de desnutrição e outras doenças”, informa Akira.

O fluxo migratório aumentou muitos nos últimos meses. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), de 250 a 300 imigrantes venezuelanos passam diariamente pela fronteira com o Brasil. Já de acordo com a Polícia Federal, até 1º de novembro haviam sido registradas 20.137 solicitações de refúgio – sendo 15.643 só em 2017 – e 2.740 solicitações de residência temporária. “Ou seja: até 1º de novembro nós tínhamos perto de 23 mil casos oficiais de pedidos de regularização. Como sabemos que, em uma migração dessa natureza, os números não-oficiais são maiores, podemos estimar o tamanho do problema”, complementa Akira.

Para a presidenta do CNDH, Fabiana Severo, a situação exige atuação conjunta de estados, municípios e governo federal para o adequado acolhimento dessa população e defesa e reparação dos direitos que vêm sendo violados. “Além de Roraima, onde a situação ocorre há mais tempo, sabemos também da presença de cidadãos venezuelanos no estado do Amazonas e do Pará, especialmente indígenas, em situação de extrema vulnerabilidade. É preciso atuar conjuntamente no sentido de construir soluções para atender essa demanda”, afirma Severo. 

O chefe da missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) no Brasil, Stéphane Rostiaux, acompanhará toda a missão do CNDH. Representações do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) também irão acompanhar a comitiva em momentos específicos. 

Composição da missão

• Camila Asano – CNDH – Conectas Direitos Humanos
• João Akira Omoto – CNDH – Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Adjunto – Mistério Público Federal (MPF)
• Letícia Carvalho – Missão Paz
• Luís Ventura – Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
• Gilmara Fernandes  – Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
• Roberta Alvim – Defensoria Pública da União (DPU)
• João Chaves – Defensoria Pública da União (DPU)

Contatos para  informações

Cecília Bizerra Sousa – CNDH
(61) 2027-3348 / (61) 98163-8375 / cndh@mdh.gov.br 

Leonardo Medeiros – Conectas Direitos Humanos 
(11) 99323-7516 / leonardo.medeiros@conectas.org

Da assessoria do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)

No chão de terra batida, as centenas de cães e gatos abandonados dividem espaço com sacos de lixo, embalagens plásticas usadas, roupas rasgadas, objetos queimados, restos de comida e fezes de animais. Nas travessas e vielas que formam a comunidade, predominam as casas simples, de madeira, sem banheiro privado nem saneamento adequado. Em alguns trechos, o esgoto fica a céu aberto, no mesmo terreno onde crianças brincam. A sujeira e os problemas de pele expostos no rosto e no corpo dos pequenos denunciam os riscos que aquele solo traz à saúde.

A precariedade não é de uma favela ou vilarejo pobre do interior. Retrata, na verdade, as aldeias vizinhas ao Parque Estadual do Jaraguá, na zona norte de capital paulista, onde vivem cerca de 700 índios. O grupo chamou a atenção no último mês ao protestar pela regularização de suas terras. Eles chegaram a subir o Pico do Jaraguá e ocupar o espaço onde ficam as antenas de telecomunicações.

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Mas a luta da comunidade é diária. Sem a demarcação oficial da maior parte do território onde vivem, os guaranis têm dificuldades para ter acesso a serviços básicos e manter práticas típicas da tribo. "Não há espaço para plantios nem atividades culturais. Os jovens ficam sem perspectiva. Metade dos adultos está desempregada, principalmente porque sofremos preconceito no mercado de trabalho", conta Thiago Henrique Karaí Djekupe, de 23 anos, uma das lideranças dos indígenas. Entre os índios desempregados, boa parte sobrevive do Bolsa Família ou da venda de artesanato.

A formação escolar no local é precária. Há uma escola estadual dentro de em uma das quatro aldeias em que os guaranis do Jaraguá estão divididos, responsável por atender perto de 300 crianças e adolescentes. Só há, porém, espaço para duas salas de aula.

A saída encontrada pela comunidade foi improvisar outras quatro salas em uma oca. Um desses espaços foi transformado em dois, com um armário servindo como divisória, para receber duas turmas. "As aulas se misturam porque o que um professor fala de um lado pode ser ouvido do outro", conta uma moradora da aldeia que não quis se identificar.

A Unidade Básica de Saúde (UBS) na terra indígena também opera com espaço físico insuficiente. "Não temos salas para vacinação, curativo e inalação", conta Thiago.

O atendimento recebido pelos indígenas em outros centros de saúde fora da tribo também é alvo de queixas. "Nossas crianças têm imunidade baixa por viverem em um ambiente tão contaminado e nem sempre recebemos cuidado especial quando somos transferidos para alguns hospitais", diz o líder.

Só neste ano, duas crianças morreram por infecções. Uma delas foi a bebê Samantha, de 9 meses. "Ela começou com um resfriado, levamos ao Hospital Municipal de Pirituba (zona norte) quando os sintomas pioraram, mas lá não tinha UTI e ela ficou dois dias esperando abrir vaga para transferência. Mas quando conseguiu, já era tarde demais. Morreu na madrugada seguinte", relata o pai da menina, o professor Jurandir Augusto Martim, de 41 anos.

Na pele

Entre as crianças da tribo, as doenças de pele são comuns. Acostumados a brincar na terra, elas entram em contato com as fezes dos cerca de mil animais que vivem no local. A entrada da aldeia é ponto de abandono de cães e gatos. "Já teve até ação civil do Ministério Público Federal pedindo à Prefeitura a retirada de animais aqui, mas disseram que não havia para onde levá-los", conta Thiago Djekupe.

A maioria dos animais vistos pela reportagem no local estava doente ou debilitada. A reportagem encontrou o corpo de um gato morto há dias rodeado de insetos ao lado de um dos banheiros comunitários da tribo.

Esses espaços são outro problema. Construídos há dez anos pela Secretaria Especial da Saúde Indígena, órgão do Ministério da Saúde, nunca receberam manutenção. Alguns estão com o vaso sanitário ou chuveiro quebrados, além de acumular muita sujeira.

A falta de perspectivas e de políticas públicas mais efetivas traz outros problemas típicos de áreas com alta vulnerabilidade social. O índice de gravidez na adolescência nas aldeias do Jaraguá é alto. "Há aconselhamento, mas não basta. Não há muitas opções de atividades para os adolescentes aqui. E ainda quando as meninas engravidam, nem sempre o pai assume", conta Natalina Jera Veríssimo, de 38 anos, representante das mulheres indígenas. Ela própria tem uma filha que deu à luz aos 15 anos.

O alcoolismo é outro desafio. Pelo menos 18 guaranis fazem tratamento para tentar abandonar o álcool. Além disso, a depressão atinge as aldeias. Neste ano, um adolescente guarani de 13 anos se matou. "Nossos direitos não são respeitados. Essa falta de apoio do Estado acaba sendo uma forma de nos enfraquecer", conclui Thiago. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Representantes de povos indígenas brasileiros denunciaram o governo nas Nações Unidas e pedem "medidas urgentes" da entidade internacional para frear as mortes e violações de direitos humanos. Nesta quarta-feira, 20, grupos acusaram as autoridades nacionais de "atrocidades" em um debate realizado no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

"Queremos que este conselho tome medidas urgentes sobre a grave crise humanitária que meu povo passa", disse Voninho Benites, representando o Conselho da Grande Assembleia Aty Guasu Guarani e Kaiowá. Em sua denúncia, ele apontou ainda para 750 suicídios de integrantes do povo guarani e kaiowá e 470 assassinatos.

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"Não aceitaremos esta realidade e vamos continuar a resistir e a demarcar nossas terras com o nosso próprio sangue", afirmou Benites.

"Somos o segundo maior povo indígena do Brasil, sobrevivendo em pior situação de terras demarcadas", afirmou. "As reservas criadas pelo governo há quase cem anos se tornaram o confinamento do nosso povo, nos condenando à fome e à dependência extrema da vontade do Estado, ao passo que nosso povo vive de cestas básicas alimentares, porque não temos terras para plantar", disse.

Resposta

O governo brasileiro respondeu às críticas dizendo que existem no País 462 terras indígenas, envolvendo 13% do território nacional. "O governo não suspendeu nem minou o processo de demarcação", disse Maria Nazareth Farani Azevedo, embaixadora do Brasil nas Nações Unidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Federal de Tabatinga, no Amazonas, apura denúncia de um suposto ataque contra povos indígenas isolados que habitam a região do rio Jandiatuba, na Terra Indígena Vale do Javari. Em abril, a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo percorreu toda a região e denunciou a situação de risco e precariedade vivida pelos povos isolados. Apenas quatro bases da Fundação Nacional do Índio (Funai) atuam para proteger cerca de 5 mil índios isolados nos extremos da Amazônia, uma área que abrange 84.570 quilômetros quadrados, o equivalente a dois Estados do Rio.

Segundo a Funai, a área sob investigação fica nas proximidades dos rios Janiatuba e Jutaí, próxima à fronteira com o Peru, a cerca de 1 mil quilômetros de Manaus. A denúncia surgiu depois que alguns garimpeiros foram vistos no município de São Paulo de Olivença, no oeste do Amazonas, falando sobre o ataque. Servidores da Funai fizeram o primeiro levantamento e entenderam ser necessário apresentar a denúncia. Os garimpeiros foram presos e conduzidos a Tabatinga para prestarem depoimento, cumprindo mandado de busca e apreensão.

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De acordo com a Funai, os garimpeiros não confirmaram as mortes. Não há também nenhuma prova material que comprove o suposto massacre, o que impede de se confirmar a veracidade das mortes.

Em nota, o MPF afirmou que "investiga o garimpo ilegal no rio Jandiatuba e que a instituição vem recebendo denúncias da Funai e dos próprios moradores, por conta da violência que o garimpo gera, da prostituição infantil, das ameaças e até de homicídios".

"Apesar das dificuldades enfrentadas para chegar ao local (12 horas de barco nesse período de seca), a Funai está empenhando todos os esforços para apoiar o Ministério Público e a Polícia Federal na investigação", diz a nota.

O Ministério Público Federal apresentou uma ação civil pública na Justiça Federal do Amazonas contra a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a União pela qual reivindica uma indenização de R$ 50 milhões e pedido oficial de desculpas aos índios vaimitri – atroari pelas ofensas sofridas na época da ditatura militar (1964 – 1985).

O pedido da ação foi recebido pela juíza da 3ª Vara Federal de Manaus, Raffaela Cássia de Sousa nesta terça-feira (22). Ela determinou a citação dos réus para apresentação de defesa.

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Os procuradores da República também requisitam a criação de um centro de memória para divulgar informações sobre “as violações aos direitos dos povos indígenas no país e no Amazonas” e a introdução, nas escolas do ensino médio e fundamental, de estudos sobre os desrespeitos dos direitos humanos dos indígenas na ditatura militar, “destacando ao genocídio do povo vaimitri-atroari”.

Em relato entregue em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) constou que 2.650 índios vaimitri-atroari foram mortos em decorrência das obras de abertura da rodovia BR-174, que liga Manaus a Boa Vista. A obra foi feita pelo Exército de 1968 a 1977.

 

No processo civil público, os procuradores veem com cuidado o número da CNV, porque é impreciso o número de vaimitri-atroari que residiam na região, mas acreditam que é comprovado haver “centenas” de índios mortos durante o período das obras. 

 

Por Beatriz Gouvêa

A Fundação Nacional do Índio (Funai) lançou esta semana o portal Centro de Monitoramento Remoto (CMR), um serviço que permite monitorar casos de desmatamento e degradação ambiental em terras indígenas pela internet. A ferramenta usa imagens geradas pelo satélite Landsat-8 para atualizar diariamente informações sobre as terras indígenas localizadas na Amazônia Legal, que representam 97.9% do total dessas terras no país.

A Funai informa que o portal vai auxiliar o órgão e parceiros a acompanhar mudanças de uso e ocupação do solo e identificar de forma mais precisa os locais onde ocorrem irregularidades. A expectativa do órgão é que a ferramenta reduza os custos das atividades de campo e permita uma resposta mais rápida a partir das ocorrências, pois viabiliza que os recursos para atuação nas ações de comando, controle e prevenção de ilícios sejam usados de forma mais eficaz.

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No Portal CMR as imagens do Landsat-8 são complementadas pelos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que além de serem referência do Governo Federal para detecção de desmatamento e degradação ambiental, continuam sendo relevantes para a Funai. Todos os dados são públicos, de fontes oficiais.

A ferramenta é aberta para consultas da sociedade. Na página inicial do portal, um mapa interativo do Brasil permite aos usuários localizar as terras indígenas, as áreas quilombolas, as unidades de conservação federais, incluindo reservas extrativistas, florestas e parques nacionais, além de assentamentos rurais. Permite também conhecer o bioma de cada região do país.

Além da visualização espacial das áreas, a ferramenta traz informações como jurisdição, nomenclatura oficial, município e Unidades da Federação. O Mapa também pode ser usado de forma estratégica em ações indigenistas, ao tornar fácil, por exemplo, sobrepor imagens do satélite Landsat-8 com dados sobre focos de calor nas terras indigenas gerados por meio do satélite Aqua e disponibilizados pelo Inpe.

A Universidade de Brasília (UnB) realiza vestibular em Baía da Traição, litoral da Paraíba, para estudantes que se autodeclaram indígenas. As inscrições começaram na última segunda-feira (31) e podem ser realizadas até às 18h do dia 31 de agosto. Estão sendo oferecidas 72 vagas em 17 cursos de graduação que serão disponibilizados gratuitamente em três campi da UnB. O processo seletivo é uma parceira da UnB com a Fundação Nacional do Índio (Funai).

As vagas destina-se ao ingresso nos dois semestres de 2018. Os cursos são para as áreas de Administração, Ciência Política, Ciências Sociais, Comunicação Organizacional, Direito, Enfermagem, Engenharia Florestal, Fisioterapia, Gestão Ambiental, Gestão do Agronegócio, Jornalismo, Licenciatura em Ciências Naturais, Medicina, Nutrição, Psicologia, Saúde Coletiva e Serviço Social.

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Os interessados devem efetuar a inscrição pelo site do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe). O processo seletivo será dividido em duas etapas (prova objetiva e redação) que serão aplicadas no dia 28 de outubro, e através de avaliação dos documentos e uma entrevista com os candidatos. Os conteúdos exigidos nas provas objetivas serão das disciplinas de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Matemática, Biologia, Física, Geografia e História.

A seleção também será realizada nas cidades de Águas Belas (PE), Brasília (DF), Cruzeiro do Sul (AC), Lábrea (AM), Macapá (AP) e Manaus (AM). Para mais informações entrar em contato pelo telefone (61) 3448-0100.

Confira o edital.

O governo do Maranhão informou que os conflitos ocorridos no último domingo (30) no município de Viana (MA) resultaram em sete vítimas, e não 13, conforme informado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Segundo o governo estadual, das sete pessoas feridas no ataque de pistoleiros, cinco são índios gamela e dois, não indígenas. O governo maranhense declarou ainda que não houve indígenas com as mãos decepadas, como foi divulgado. De acordo com o governo, o que ocorreu é que "um dos gamelas teve fratura exposta nas mãos". A vítima foi operada e continua internada. Dos sete feridos, três permanecem internados.

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O governador Flávio Dino (PCdoB) declarou que, assim que foi informado sobre a "lamentável violência ocorrida no povoado Bahias", a Polícia Militar do Maranhão "atuou imediatamente" após ter conhecimento do "conflito entre moradores da região e um grupo que reivindica reconhecimento como povo Gamela, evitando assim uma tragédia maior".

A PM permanece com local com reforço do efetivo, segundo o governo. Equipes da Polícia Civil foram ao local e a Secretaria de Estado de Segurança Pública instaurou inquérito para investigar as condições em que o conflito ocorreu. Uma equipe da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular também foi deslocada para a área em conflito.

À reportagem, Flávio Dino disse que enviou novo ofício ao Ministério da Justiça para dar uma definição sobre as terras. "O que aconteceu ontem foi grave. Uma pessoa foi muito agredida com pauladas e teve fratura exposta. Neste momento ela não corre risco de morte", disse o governador.

A dificuldade de informações detalhadas sobre o conflito se deu por conta do encaminhamento das vítimas para hospitais diversos. Somente no fim da tarde desta segunda-feira, 1, foi possível fazer uma análise geral sobre as vítimas. "A essência do conflito está na indefinição da Funai e do Ministério da Justiça, que não definem o que é território indígena ou o que não é. O conflito fica latente e qualquer fagulha causa explosão", disse Dino.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que uma equipe da Polícia Federal foi enviada ao município de Viana, no Maranhão, "para evitar mais conflitos" entre capangas e indígenas.

Segundo a nota divulgada pela Pasta, o ministro Osmar Serraglio "ofereceu apoio à Secretaria de Segurança Pública que, por sua vez, já instaurou inquérito para investigar o caso". O MJ declarou que "está averiguando o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas no povoado de Bahias, no Maranhão".

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Na tarde do último domingo, 30, indígenas que vivem no Povoado das Bahias, em Viana (MA) foram alvos de ataques de capangas. Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cinco índios foram baleados e dois tiveram as mãos decepadas. "Chega a 13 o número de feridos a golpes de facão e pauladas", declarou o Cimi. Não há, até o momento, a confirmação de mortes. Cinco indígenas foram transferidos durante a noite de ontem e madrugada de hoje para o Hospital Socorrão 2, Cidade Operária, na capital São Luís.

De acordo com informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Aldeli Ribeiro Gamela foi atingido por um tiro na costela e um na coluna, e teve mãos decepadas e joelhos cortados. Seu irmão, José Ribeiro Gamela, levou um tiro no peito. O terceiro atingido foi o indígena e agente da CPT no Maranhão Inaldo Gamela, com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.

"Essa violenta ação aconteceu quando os indígenas decidiram sair de uma área tradicional retomada, prevendo a violência iminente. Dezenas de pistoleiros armados com facões, armas de fogo, e pedaços de madeira atacaram os Gamela no momento em que deixavam o Território. Para se protegerem, muitas pessoas correram e se esconderam na mata", informou a CPT do Maranhão.

De acordo com a CPT, a ação contra os indígenas foi planejada e articulada por fazendeiros e pistoleiros da região, que, por meio de um texto compartilhado pelo aplicativo WhatsApp, convocavam pessoas para o ataque contra os indígenas. "O governo do Maranhão já havia sido avisado da situação conflituosa na região e do risco de acontecer um massacre, mas, ao que consta até o momento, nem a polícia havia sido deslocada até a área para tomar as medidas cabíveis."

Atualmente, segundo a Pastoral da Terra, há cerca de 360 conflitos no campo no Estado. Destes, somente em 2016 foram registradas 196 ocorrências de violência contra os povos do campo. No ano passado, 13 pessoas foram assassinadas e 72 estão ameaçadas de morte.

Um grupo de índios gamelas, do município maranhense de Viana, a 214 quilômetros de São Luís (MA), foi atacado na tarde de domingo por pistoleiros ligados a invasores de terras e fazendeiros. De 13 feridos, três foram levados para um hospital da capital. O Conselho Missionário Indigenista (CIMI) informou que o gamela Aldeli Ribeiro levou dois tiros na coluna e teve as mãos decepadas. Um irmão dele, José Ribeiro, foi atingido com um projétil no peito. Inaldo Cerejo, uma liderança indígena atuante no Estado, foi baleado no rosto e nas costas. Até a tarde de ontem, o estado dos índios internados era grave.

Em nota, o CIMI destacou que dezenas de gamelas deixavam uma área reivindicada pela etnia no povoado de Bahias, interior de Viana, quando foram surpreendidos pelo bando armado. O ataque ocorreu entre 16h30 e 17 horas. Nesse momento, ainda segundo o CIMI, uma patrulha da Polícia Militar estava no local, mas não interveio. As lideranças indígenas cobram uma investigação para descobrir a autoria do atentado. Elas também exigem do governo do Estado e da Fundação Nacional do Índio (Funai) proteção para as famílias gamelas que moram em aldeias no município.

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O governo do Maranhão disse em comunicado que as polícias Civil e Militar atuaram conjuntamente para inibir os "conflitos". "Ao chegar ao local, os policiais agiram para dissipar o confronto entre os fazendeiros e os índios gamela, que resultou na lesão de cinco pessoas (três fazendeiros e dois indígenas), todas socorridas pelos militares e encaminhadas para unidades de Saúde de Viana e Matinha", ressaltou. A nota não informa o nome dos supostos fazendeiros feridos. A Funai e o Ministério da Justiça não se pronunciaram sobre o atentado contra os gamelas.

Cerca de 700 famílias gamelas vivem numa área de apenas 530 hectares próxima ao povoado de Bahias. Há três anos, lideranças da etnia iniciaram um processo para retomar áreas ocupadas ilegalmente por fazendeiros nos anos 1980. A Polícia Civil de Viana registra pelo menos dois outros ataques aos gamelas. Em 2015, pistoleiros atiraram num acampamento montado pelos índios. No ano passado, em outro ataque, três homens com coletes à prova de balas invadiram o território dos gamelas e atiraram para intimidar.

A polícia legislativa usou bombas de gás para dispersar uma manifestação de índios em frente ao Congresso Nacional nesta terça-feira, 25. O grupo está em Brasília para protestar contra o governo do presidente Michel Temer e para reivindicar o avanço na demarcação de terras indígenas.

Por volta das 15h30, os índios desceram correndo o gramado em frente ao Congresso e foram impedidos por policiais da tropa de choque de acessar a entrada que dá acesso à Câmara e ao Senado. Mais numerosos, porém, eles conseguiram furar o bloqueio e começaram a pular dentro do espelho d’água.

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A polícia, então, revidou com bombas de gás. O cheiro pode ser sentido de dentro das dependências da Câmara. Alguns índios chegaram a lançar flechas em direção ao Congresso. Caixões de papel foram jogados no gramado e no espelho d’água.

Segundo os organizadores do protesto, a manifestação reuniu mais de 4 mil índios. A polícia ainda não possui uma estimativa oficial do tamanho do protesto.

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O guerreiro Brite Kayapo, de 40 anos, da aldeia OredJã, foi o campeão do esporte indígena mais tradicional, o arco e flecha. Ele disputou com mais 19 guerreiros de outras aldeias no domingo de competições na Semana dos Povos Indígenas, em São Félix do Xingu, no sul do Pará. Além de arco e flecha, as aldeias se confrontaram em provas de atletismo e futebol de salão feminino.

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Brite Kayapó comentou que a modalidade faz parte de sua vida desde a infância, quando os indígenas utilizam os instrumentos para as brincadeiras entre amigos. Quando adulto os instrumentos são utilizados tanto para a caça quanto para a defesa da aldeia. “Faz parte da nossa cultura. Aqui não é uma competição e sim uma comemoração da cultura de todos nós índios”, declarou o campeão.

Em outro esporte, o atleta Xwakre Kayapó, da aldeia Assiste, conquistou o segundo lugar na corrida de 100 metros. Para ele, apenas participar da competição já foi uma vitória. “Eu treinei muito na aldeia pra poder estar aqui”, declarou.

Já no futebol de salão feminino o time de indígenas da aldeia Pykararãnkre foi a primeira equipe que se destacou no dia de competições. Segundo o técnico da equipe, Akaikrã Kayapó, as indígenas se prepararam apenas durante o final de semana, já que nos dias de semana elas têm que executar diferentes tarefas, entre as quais cuidar das crianças e da alimentação da aldeia. A equipe é formada por jovens entre 14 e 18 anos.

A cerimônia oficial de abertura da Semana dos Povos Indígenas foi realizada na noite de domingo (16). A mesa de cerimônia contou com a presença das lideranças indígenas de todas as aldeias Kayapó presentes no evento, assim como da etnia Gavião Kyikatejê, do município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Pará.

O governo do Pará estava representado no evento por lideranças indígenas que fazem parte do Executivo, como a gerente de Promoção e Proteção dos Direitos dos Povos Indígenas da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Puyr Tembé, e do coordenador estadual de Educação Indígena da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Mydjere Kayapó Megrangnotire.

A Semana dos Povos Indígenas recebe aproximadamente quatro mil indígenas do rio Xingu e seus afluentes. São cerca de 20 aldeias da etnia Kayapó. Durante toda a semana serão desenvolvias atividades para a divulgação das expressões artísticas e culturais da sociedade indígena local e de regiões vizinhas. Para Puyr Tembé, o governo do Estado tem a disposição de dialogar com o movimento social, entre estes movimentos está o dos povos indígenas. “Através da nossa representação podemos colocar ao poder público nossas reivindicações e demandas e isso é uma grande conquista.”

A representante Tembé também ressaltou que esta semana é muito importante para os povos indígenas, que estão mobilizados para evitar que direitos conquistados na Constituição de 1988 sejam retirados. “Temos que nos manter fortes e nos juntarmos a todos os povos indígenas do Brasil para pautarmos nossos direitos junto ao Congresso Nacional”, explica.

Mydjere Kayapó Megrangnotire ressaltou que os indígenas devem ocupar seu lugar por direito junto ao Poder Público, tanto na educação quanto nos direitos humanos e na saúde. “O representante indígena pode dialogar direto com os seus parentes, sem precisar agendar e nem enfrentar muita burocracia. Esta é primeira vez que um Kayapó ocupa uma cadeira dentro de um governo e este é um grande avanço para o nosso povo”, declarou.

Nesta terça-feira (18), a Seduc irá participar de uma reunião na Câmara Municipal de São Félix do Xingu cuja pauta será a Educação Escolar Indígena – Protagonismo Indígena e Autonomia. “Esta semana é muito representativa para nós indígenas, para que a sociedade reflita sobre nossos direitos, que todas as semanas sejam nossas semanas e todos os dias sejam nossos dias”, ressaltou.

Durante a cerimônia foi entoado o Hino Nacional Brasileiro por Mokuká Kayapó e a apresentação de números da cultura indígena tradicional por alunos da educação indígena da aldeia Môxkarako, do município de São Félix do Xingu. O evento também contou com a presença da prefeita do município, Minervina Barros, a anfitriã e realizadora da Semana e seu secretariado, assim como autoridades locais.

A Semana dos Povos Indígenas em São Félix do Xingu também recebe a Ação Cidadania, com serviços que garantem a emissão de Registro Geral (RG), Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), fotografias 3x4, assim como primeira e segunda vias de Certidão de Nascimento. Mais de 400 atendimentos foram realizados neste domingo (16), primeiro dia da ação. Até a próxima terça-feira (18), indígenas dos povos Kayapó, Tembé, Way Way, Kaxuyana, Xikrin, Guajarara, Gavião, Parakanã, Surui e Munduruku, que participam do evento, deverão ser atendidos.

Atuam na caravana servidores da Fundação Pro Paz, por meio do programa Pro Paz Cidadania, da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), por meio da Polícia Civil; Secretarias de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e de Assistência, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) e Defensoria Pública do Estado do Pará.

Por Márcio Flexa, da Agência Pará. Com a colaboração de Nil Muniz/Ascom Pro Paz.

 

 

Apresentando o cultivo da mandioca doce da Amazônia, a mandiocaba, Juma Xipaia, líder indígena da tribo Xipaia, destacou a valorização do consumo de produtos naturais da Amazônia durante o evento gastronômico É PANC!, promovido pela Universidade da Amazônia (Unama), em Belém, nos dias 8 e 9 de abril. As PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) passam por pesquisas cientificas e experimentais antes de serem introduzidas em um prato, graças ao trabalho de chefs com pesquisadores e mateiros que detêm o conhecimento popular arrecadado ao longo de gerações.

A comunidade indígena já utiliza o que hoje parece novidade. “Quando se trata dessas plantas, desse tipo de comida, nós povos indígenas já nos alimentamos disso há anos, é o que tem na natureza, na comida que a gente come; e a diferença da comida que se tem na cidade é que a gente come natural o que vocês comem industrializados”, disse Juma Xipaia. Para ela, a sociedade contemporânea aderiu radicalmente aos alimentos industrializados e abriu mão da qualidade de vida, tanto na saúde quanto no bem-estar. “Quando se trata dessa questão de grandes projetos, como o Belo Monte, chegaram toneladas e toneladas de comidas industrializadas para dentro das aldeias e praticamente eram somente dois tipos de doença: a malária e a gripe. Hoje se tem pressão alta, diabetes, colesterol e câncer. Tudo por conta da alimentação que não era nossa”, informou Juma.

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Juma cobra atenção não somente para a questão indígena, mas à região amazônica como um todo: “A gente precisa passar esse conhecimento, essas experiências; as pessoas precisam ter oportunidade de conhecer para poder também se alimentar de comidas boas, dessas plantas. Não ser só obrigada a comer comida ‘morta’”. A mandiocaba é um prato típico da etnia Assurini, com sementes preservadas por milênios, usadas bastante para mingau, principalmente para crianças. É fonte rica de vitaminas e combate a desnutrição. Pode também ser consumida como se fosse um abacaxi. “Tem muito disso, eles vão para roça, estão com sede e ao invés de água eles comem a mandiocaba”, acrescenta Juma.

Livro - Uma espécie piper, conhecida popularmente como pariparoba ou caapeba, está entre os vegetais exóticos registrados nos dez anos de estudos dos pesquisadores Valdely Kinupp e Harri Lorenzi no livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”. A caapeba, já utilizada pelas propriedades medicinais anti-inflamatórias, diuréticas e vermífugas, agora aparece em em um prato da culinária amazônica.

Nas mãos do chef Artur Bestene “Arturzão”, as folhas da caapeba - que lembram uma arraia - transformam-se em um “charutinho de vinagreira”, um toque árabe da culinária de “Arturzão”. “O ato de cozinhar é humano, o fogo é o glamour”, comentou Kinupp enquanto explicava sobre a perda e ganho de vitaminas e texturas no processo de cozimento.

Enquanto os universitários do curso de Gastronomia da Universidade da Amazônia (Unama) auxiliavam no preparo do recheio dos charutos, “Arturzão” falou sobre as inovações de sua cozinha, ele que foi o criador do hambúrguer regional com jambu, carne de búfalo e molhos especiais. “Num contexto gastronômico estamos descobrindo novas possibilidades com novas plantas e está sendo uma grande troca, porque apesar de estar em cima de um palco fazendo pratos, na verdade vim aqui aprender mais com essas pessoas”, disse.

Contando ainda sobre sua experiência, o chef paraense ressalta a importância do olhar de cada indivíduo na concepção de um prato. “O choque de realidade agora pouco depois das palavras da indígena que é tão amazônido quanto eu, embora eu seja um amazônida urbano. Ela tem uma outra visão. Ela conheceu o meu universo, eu conheci o dela”.

Por Leonardo Lukas e Márcio Harnon Gomes.

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O psicólogo Álvaro Pinto, do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins e com experiência em Psicologia Social, participou como conferencista do II Congresso Multidisciplinar de Saúde, no último sábado (1), promovido pela Universidade da Amazônia (Unama), no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém. O tema da Conferência foi "Psicologia e População Indígena". 

Ao falar sobre o parto, Álvaro Pinto destacou o aspecto da humanização. “A questão levantada vem a ser como tornar esse um processo saudável, que não gere sofrimento demasiado ou desnecessário para essa família. Antes, se apostava na política de saúde de que o tratamento hospitalar seria o mais adequado, por se ter um controle das condicionantes. Atualmente, aposta-se que o melhor tipo de parto é o parto normal e não hospitalar, o humanizado, com uma equipe de saúde para orientar e com a participação da família”, explicou o conferencista.

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Outro ponto abordado foi a questão do suicídio nas sociedades indígenas. O Amazonas é uma das áreas com maior número de suicídios, em virtude de questões culturais e históricas. No DSEI Guamá-Tocantins houve três casos de tentativa de suicídio e cada um teve um plano terapêutico singular construído. “Um deles envolve um fato cultural muito marcante, que é não saber lidar com o óbito de um familiar, envolvendo uma questão antropológica. Os outros dois casos ocorreram em aldeias que são mais próximas das cidades e dialogam com as comunidades não indígenas, com a modernidade. Envolvem problemas conjugais e questões econômicas”, disse o psicólogo.

O DSEI Guamá-Tocantis atua em uma área com 8.818 indígenas. Tem 500 profissionais, 9 polos-base, 35 etnias distintas, 94 aldeias, englobando 16 municípios no Pará e um no Maranhão. A organização da atenção de saúde é feita em programas integrados, como o programa de saúde da mulher, programa de saúde da criança, programa de imunizações e o programa de saúde mental, onde trabalha o psicólogo.

O primeiro órgão brasileiro a cuidar dos povos indígenas foi o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Em 1999 surgiu o Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, por meio da Lei nº 9.836/99. É composto pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) e cuida do atendimento primário de saúde, posto que não existe o conceito de média e alta complexidade da saúde indígena.

O subsistema divide o Brasil em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, que são unidades administrativas responsáveis pela gestão sanitária daquele território. O Dsei divide seu território em pólos-base, responsáveis pelo suporte da logística das equipes de saúde que trabalham nas aldeias.

Portaria de 2007 estabelece as diretrizes gerais para atenção integral à saúde dos povos indígenas. Em 2008, obedecendo às determinações desta portaria, iniciou-se a contratação dos psicólogos. Houve uma ampliação da atuação psicológica, com da criação de estratégias de promoção do bem viver indígena.

Os psicólogos dos DSEI cuidam de demandas como o uso abusivo de álcool e outras drogas, violências, acompanhamento de medicações psicotrópicas, tentativa e óbito por suicídio. Para cada território é preciso construir uma estratégia de atuação. O papel do psicólogo é levar o saber científico para esses povos.

Por Carol Boralli.

 

A Congregação da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), conhecida como Faculdade do Largo São Francisco, aprovou a reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas que ingressarem na instituição, em 2018, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Na decisão, tomada na quinta-feira (30), a instituição definiu que 138 (30%) das 460 vagas do curso de direito serão preenchidas por meio do Sisu. Dessas, 46 (10% do total) vagas serão reservadas para alunos de escolas públicas e 92 (20%) reservadas para estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Em 2017, a faculdade preencheu 92 (20%) de suas vagas com alunos selecionados pelo Sisu advindos de escolas públicas.

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Atualmente, dos 143 cursos oferecidos pela Universidade de São Paulo, 50 reservam vagas para estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que ingressam na instituição por meio do Sisu.

Grupos indígenas interditaram um trecho da rodovia BR-316, na manhã desta quarta-feira (7), na região de Santa Maria do Pará, nordeste do Estado. O protesto ocorre no Km-100 da estrada e forma um longo congestionamento, causando transtornos aos condutores.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), não há previsão para liberação e os desvios próximos também encontram-se bloqueados pelos índios. Os manifestantes reivindicam a não municipalização da saúde indígena e pedem que um indígena assuma a Coordenação do Distrito Guamá-Tocantins. Caso não recebam uma resposta dos órgãos responsáveis, os indígenas devem manter o protesto.

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Segundo a PRF, apenas viaturas da polícia e ambulâncias conseguem passar pelo local. Os demais veículos utilizam ramais ou a rodovia estadual. Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) continuam no local monitorando a situação. A PRF informou que os manifestantes prometem radicalizar caso a reunião prevista para esta quarta-feira (7) não atenda às reivindicações.

De acordo com informações da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), as reivindicações apresentadas estão sendo avaliadas e as respostas serão repassadas em breve para as lideranças indígenas.

Para fugir ao bloqueio, há opção de rota pela rodovia estadual que passa no município de Igarapé-Açu, para aqueles que seguirão em direção a Belém, ou por Ourém/Capitão Poço, se em direção a Paragominas via BR-010. Abaixo, veja vídeo sobre o protesto.

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A Gol pagará indenização de R$ 4 milhões por danos ambientais, materiais e imateriais ao povo Mebengokre Kayapó, da Terra Indígena Capoto/Jarina, em Peixoto de Azevedo, a 629 quilômetros de Cuiabá, por causa da queda de um Boeing da companhia, em setembro de 2006, que deixou 154 mortos. Segundo as crenças e tradições do povo Kayapó, a área tornou-se uma "casa dos espíritos" após a tragédia.

O acordo foi fechado em 28 de outubro, intermediado pelo Ministério Público Federal, e veio a público ontem. O avião da Gol fazia a linha do voo 1907, entre Manaus e Rio, e caiu após se chocar com um jato Legacy que seguia para os Estados Unidos, com sete pessoas a bordo. Os pilotos e ocupantes do Legacy conseguiram pousar, sem sofrer maiores danos. Passageiros e tripulação da Gol morreram na queda do Boeing.

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Após a tragédia, a área afetada pelo acidente tornou-se "imprópria para o uso da comunidade, por razões de ordem religiosa e cultural". Segundo as crenças e tradições do povo Kayapó, passou a existir ali uma "casa dos espíritos". "Naquele lugar nós não vamos caçar, não vamos fazer roça, não vamos pescar. Nós respeitamos os espíritos que moram lá", explicou o cacique Bedjai Txucarramãe.

A Gol definiu que cabia aos índios discutirem a indenização pela terra perdida. "Para a sociedade branca ainda é difícil entender a vida religiosa e espiritual dos povos indígenas. A conclusão da empresa, após diversas reuniões, é que somente a própria etnia Kayapó poderia valorar os danos passados e futuros sofridos.

Entenda-se esse acordo como gesto de respeito para com a comunidade e a cultura do povo Kayapó, pelo qual a empresa, com absoluta boa-fé, busca realizar a reparação integral dos danos decorrentes do acidente aéreo", ressaltou um representante da Gol.

Uso dos recursos

A proposta de indenização aceita pelos índios também recebeu aval do diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional do Índio (Funai), Artur Nobre Mendes, durante a reunião do dia 28. O uso dos recursos será gerido pelo Instituto Raoni, que também deverá prestar contas à Procuradoria da República em Barra do Garças, comprovando que a quantia resultou em melhorias ou benefícios para o povo Mebengokre Kayapó.

O procurador da República Wilson Rocha Fernandes Assis, que atuou na intermediação da negociação, ressaltou no site oficial do MPF o protagonismo da comunidade indígena na celebração do acordo. Segundo ele, caberá ao MPF a elaboração de um laudo antropológico para esclarecer quais lideranças vão formalizar o acordo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Tribos indígenas interditam a BR-101, no Recife, na altura do Hospital das Clínicas, na manhã desta quinta-feira (27). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os índios protestam contra as PECs 241 e 215, as portarias 1907/16 e 2141/16 e o Projeto de Lei do Senado 193/2016, que trata da Escola sem Partido. Eles ainda cobram o fortalecimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

O trânsito no local está complicado porque as duas faixas foram fechadas. Muitos veículos pegaram a contramão. Não há previsão para o fim do ato.

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No município de Joaquim Gomes-AL, na divisa com Pernambuco, a manifestação acontece desde a quarta-feira (26). Participam da manifestação em Alagoas as tribos Wassu cocal e Cariri. 

Apesar dos índios trazerem cartazes criticando as portarias, as mesmas já foram derrubadas na quarta-feira pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros. O próprio ministro havia baixado a portaria dias antes para ter mais controle dos gastos.

As tribos indígenas criticam as portarias por considerarem que elas retiram a autonomia da Sesai e acabam com o princípio da descentralização da gestão orçamentária e financeira do órgão aos Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (DSEIs). Dados do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) contabilizam que 11 mil indígenas participaram dos atos da quarta-feira em todo Brasil. 

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Um grupo de 40 índios da etnia Tembé ocupa o prédio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em Belém, desde segunda-feira (17). O protesto é por melhorias na área da saúde para os povos indígenas. A manifestação é pacífica.

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A Sesai é um órgão do Governo Federal responsável por assegurar infraestrutura e atender os indígenas na área da saúde. Possui 34 distritos por todo o Brasil. O distrito Guamá-Tocantins corresponde à área do Estado do Pará e conta com orçamento de R$ 17 milhões anuais para atender os índios. Porém, de acordo com os indígenas, a situação da saúde é precária. "O atendimento à saúde para os nossos povos está muito precário, falta recursos nos polos, remédios e  manutenção nos carros para carregar os pacientes", diz o índio Tarril Tembé. Os índios também pedem por um gestor indígena para representá-los na Sesai. "Queremos colocar uma pessoa do nosso povo que conheça a nossa realidade, porque o homem branco só quer saber de prejudicar o índio. Então, nós queremos alguém que saiba o que nós estamos sofrendo lá na nossa base, na nossa aldeia", afirma Tarril.

O protesto ocorre de forma pacífica, mas Tarril confirma que eles só vão desocupar a área quando conseguirem seus objetivos. "A gente não tem dia pra sair daqui e nem hora. Nós não queremos confusão e nem causar problemas com ninguém. Nós queremos conversar com o governo federal  para que concedam o nosso pedido", relata.  

Devido à falta de infraestrutura para um atendimento de qualidade aos povos indígenas, a índia Mainumy Tembé diz que ela e seus familiares não procuram mais os oito polos bases da DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) espalhados pelo Pará. "Os nossos filhos ficam doentes e eu e meus familiares de Tomé-Açu já não vamos mais pelo polo, nós tiramos do pouco dinheiro que temos para conseguir o remédio", relata. A índia Mainuy diz que se sente revoltada com a situação de descaso com os problemas enfrentados pelos povos indígenas. "Muita gente diz que o índio é grosso, mas quando a gente vem falar de forma calma, não somos escutados.  E quando partimos para a ignorância, é porque o índio não sabe conversar, isso é mentira, é porque a gente se revolta vendo o nosso povo morrer. O homem branco nos critica, mas eles não sabem a luta que nós vivemos", afirma.

Os funcionários da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) não concederam entrevista ao portal LeiaJá. Eles informaram que precisam de uma autorização de Brasília para poder falar com a imprensa. 

Por Leticia Aleixo e Marcella Salgado.

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