Um dos ministérios mais importantes e com o maior orçamento governamental, que nos últimos meses sofreu com sucessivos cortes e bloqueios, o Ministério da Educação (MEC), em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), contou com episódios de interferência no repasse de verbas, exoneração de Milton Ribeiro e nomeação de Victor Godoy, que encerra como quinto ministro da Educação do atual Chefe do Executivo.
Com a não reeleição de Bolsonaro, o MEC, em 2023, terá uma nova equipe. Escolhido pelo governo Lula (PT), o senador eleito e ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT) comandará a pasta. A transição traz uma expectativa de que a Educação volte a ser prioridade e políticas públicas sejam novamente fortalecidas pelos próximos quatro anos.
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De Ribeiro a Camilo, relembre e conheça os ministros que estiveram e vai estar à frente do MEC:
20 meses de polêmicas: Milton Ribeiro, o ministro que Bolsonaro "botava a cara no fogo”
Milton Ribeiro. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo
Pastor, teólogo, advogado e professor. Milton Ribeiro foi anunciado como 4º ministro do governo Bolsonaro em julho de 2020, 22 dias após a saída conturbada de Abraham Weintraub. No comando do MEC, Ribeiro precisou lidar com a crise sanitária da Covid-19. Negacionista, o ex-ministro era defensor da reabertura das escolas, mesmo com um grande quantitativo de pessoas infectadas, mortes e sem perspectiva de vacina.
Dono de falas homofóbicas e capacitistas, Milton Ribeiro estava sempre no centro das polêmicas. Em agosto de 2020, durante entrevista ao “Sem Censura” da TV Brasil, ele afirmou que crianças com deficiência “atrapalhavam” os demais alunos sem a mesma condição quando colocadas no mesmo espaço educacional.
No mesmo mês, em passagem pelo Recife, Milton tentou justificar a colocação. "Nós temos, hoje, 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência”, defendeu na ocasião. Veja o vídeo:
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Em setembro, em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, ele alegou que a homossexualidade é uma "opção" e resultado de "famílias desajustadas". Na época, o ex-ministro bolsonarista pediu desculpas depois que o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu a abertura de um inquérito contra ele por homofobia.
Na gestão de Milton Ribeiro, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registrou o menor número de inscritos desde 2005. Além disso, por seu viés conservador afinado ao Governo Federal, o ex-ministro disse que "temas sensíveis ao governo" ficariam de fora da avaliação, no entanto, salientou que não houve interferência governamental.
Já em 2022, ele foi responsável por anunciar mudanças no Enem, que passarão a valer a partir de 2024 e seguem o modelo do Novo Ensino Médio. Em março, o quarto ministro da pasta foi acusado de repassar verbas do ministério para cidades indicadas por pastores a pedido do atual presidente Jair Bolsonaro, que chegou a defender Ribeiro. "Eu boto a minha cara no fogo pelo Milton", disse na época o presidente não reeleito. Diante da repercussão, Milton Ribeiro, por meio de carta pública, pediu exoneração do cargo, que foi aceita por Bolsonaro.
Victor Godoy: de secretário-executivo do MEC a ministro interino
Victor Godoy. Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
Quinto e último ministro da era Jair Bolsonaro, Victor Godoy é formado em Engenharia de Redes de Comunicação de Dados pela Universidade de Brasília (UnB), e, desde 2020, indicado por Ribeiro, ocupava o cargo de secretário-executivo do Ministério da Educação.
Mais comedido que seu antecessor, mas não menos afiado ao bolsonarismo, Victor Godoy assumiu o minstério na condição de interino em março deste ano. Falando pouco com a imprensa, ele preferia espaços afinados ao governo, como emissoras e podcasts veladamente bolsonaristas, ou realizava postagens nas redes sociais.
Sob a gestão de Godoy, a Educação sofreu sucessivos cortes e bloqueios orçamentários. Ademais, foi o período em que os estudantes mais alegaram problemas com o Programa Universidade Para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) - atraso na divulgação de resultados e lista de espera. Assim como ocorreu com Ribeiro, o Enem 2022 também registrou poucos participantes, o segundo menor número de inscritos desde 2005.
Com Camilo Santana, governo Lula espera o sucesso do Ceará na Educação brasileira
Camilo Santa. Foto: José Cruz/ Agência Brasil
A partir de 1º de janeiro, Camilo Santana, ex-governador do Ceará e senador eleito em 2022, assumirá o Ministério da Educação (MEC). Professor e engenheiro agrônomo, Camilo, durante os dois mandatos, apresentou no Estado um modelo de alfabetização que foi responsável pela melhora na aprendizagem de alunos em situação de vulnerabilidade social.
Antes de deixar o governo para se lançar candidato ao Senado, o futuro ministro da Educação anunciou que todas as escolas de ensino médio cearenses devem funcionar em tempo integral até 2026. O modelo, que é bastante conhecido em Pernambuco, é visto como uma das políticas de sucesso no mundo todo.