Daniel Alves completa no próximo dia 20 um ano preso na Espanha sob a acusação de agredir sexualmente uma mulher de 23 anos em uma casa noturna de Barcelona. O brasileiro alega inocência e afirma que a relação sexual foi consensual. A pena para este tipo de crime no país é de até 12 anos de reclusão. A Justiça espanhola marcou o julgamento do atleta para ocorrer ainda neste mês.
Apesar do pedido de 12 anos de prisão, a tendência é que Daniel Alves, se condenado, permaneça no máximo seis anos atrás das grades. Isso porque no início do caso judicial, a defesa do jogador pagou à Justiça o valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil) de indenização à denunciante. A advogada da mulher contesta a possível redução da eventual pena.
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O Ministério Público solicitou, ainda, dez anos de liberdade vigiada após o cumprimento da pena em cárcere, e que ele seja proibido de se aproximar da suposta vítima, assim como de se comunicar com ela, pelo mesmo período. Ao longo do período detido, Daniel Alves mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, com a Justiça citando risco de fuga.
Confira a evolução do caso Daniel Alves mês a mês
JANEIRO
O caso teve sua primeira repercussão na imprensa espanhola ainda no ano passado. No dia 31 de dezembro de 2022, o diário catalão ABC revelou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na casa noturna Sutton, em Barcelona, no dia anterior. A mulher esteve acompanhada por amigas a todo o instante e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que colheu o depoimento da vítima.
O brasileiro, que estava no México, onde já tinha iniciado a temporada 2023 no Pumas, retornou espontaneamente a Barcelona acompanhado da mulher, Joana Sanz, para depor pela primeira vez. Em um primeiro momento, ele afirmou não conhecer a mulher que o acusava.
No dia 10 de janeiro, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e passou a investigar o jogador brasileiro.
Inconsistências nas versões dadas pelo atleta à Justiça, além da possibilidade de fuga do país europeu, fizeram com que a juíza Maria Concepción Canton Martín decretasse a prisão no dia 20 de janeiro. Daniel Alves foi encaminhado para o Centro Penitenciário Brians 2.
Após a prisão, o Pumas anunciou a demissão do jogador.
Daniel Alves contrata o renomado advogado Cristóbal Martell, responsável por defender o Barcelona, Lionel Messi, empresários e políticos importantes da Espanha.
FEVEREIRO
Imagens das câmeras de segurança da casa noturna mostram que Daniel Alves e a denunciante estiveram por 15 minutos trancados no banheiro da área VIP da Sutton. Ele ainda passou ao lado da mulher antes de deixar o local.
Resultados do Instituto Nacional de Toxicologia e Ciências Forenses de Barcelona apontam que os restos de sêmen coletados das amostras intravaginais da denunciante e no chão do banheiro da casa noturna são de Daniel Alves, contradizendo a versão do atleta de que houve apenas sexo oral nele. Imagens das câmeras de segurança do local mostram Daniel Alves entrando no banheiro depois da denunciante, contradizendo mais uma vez a versão da defesa.
MARÇO
Joana Sanz publica carta nas redes sociais indicando a separação de Daniel Alves. Segundo TV local, jogador é visto "abatido e nervoso" com a decisão e sem comer há dias. Daniel Alves escreve carta a Joana Sanz após modelo terminar relacionamento. O Estadão tem acesso ao texto no qual o atleta afirma que lamenta a decisão da modelo de terminar o relacionamento com ele na prisão e diz entender que ela "não tenha sido capaz de suportar toda essa pressão".
Segundo site espanhol El Caso, a presença de Daniel Alves no presídio Brian 2 movimenta um esquema da venda de camisas do Barcelona autografadas pelo brasileiro. Os uniformes são trocados por maços de cigarros.
ABRIL
Daniel Alves pede para ser ouvido pela Justiça espanhola e presta novo depoimento. Em nova versão, o jogador brasileiro admite que houve penetração na relação com a denunciante, mas afirma que o ato foi consentido pela mulher. No novo depoimento, Daniel Alves diz ainda que deu múltiplas versões à Justiça sobre o caso para esconder a infidelidade e para proteger seu casamento.
Daniel Alves decide levar a ex-mulher, Dinorah Santana, e os dois filhos para a Espanha em uma tentativa de argumentar não haver risco de fuga e pedir liberdade provisória. Apesar disso, o Ministério Público de Barcelona pediu pela manutenção de sua prisão preventiva.
MAIO
Interno do Centro Penitenciário Brians 2 dá detalhes sobre a rotina de Daniel Alves na cadeia. De acordo com o colega do jogador, o brasileiro é chamado de "estuprador" e costuma ser intimidado nos momentos em que divide espaço com outros presidiários, como nas partidas de futebol e no refeitório. Ele também estaria mais magro e abatido.
Daniel tem pedido de liberdade negado pela segunda vez. A defesa do atleta, no entanto, consegue em uma instância superior a autorização para uma avaliação psicológica da vítima.
A defesa de Daniel Alves entra com novo pedido de soltura e alega que risco de fuga é inexistente. Em laudo técnico fornecido, a defesa contrapôs a história de medo, desmoronamento, nervosismo e intimidação que a denunciante descreveu em suas declarações, juntamente com o conjunto de imagens, quando ela, o jogador e os dois amigos estiveram juntos na mesa VIP.
JUNHO
Daniel Alves tem terceiro recurso negado em Barcelona para responder acusação de estupro em liberdade. Nem mesmo o registro de Dinorah Santana e de seus filhos com o lateral-direito na prefeitura da cidade, mostrando que residem na Espanha, comoveu os juízes.
Ester Garcia Lopez, advogada da denunciante, diz que Daniel Alves não usou camisinha e mulher fez tratamento antiviral.
JULHO
A TV espanhola dá detalhes sobre depoimento de Daniel Alves. Em suas declarações, o jogador voltou a defender que houve relação sexual com o consentimento da suposta vítima, confirmou que mentiu em depoimento e afirmou que, durante o período que permaneceram no banheiro da casa noturna Sutton, perguntou a ela "duas vezes se estava gostando".
A primeira imagem de Daniel Alves desde prisão na Espanha é divulgada por canal de TV. A investigação é encerrada após seis meses e é definido que Daniel Alves vai à julgamento. As autoridades alegam que existem provas "racionais o suficiente" para que o atleta brasileiro responda por "suposta agressão sexual com acesso carnal".
AGOSTO
Daniel Alves desiste de novo recurso, se torna réu e quer "acelerar" seu julgamento na Espanha.
SETEMBRO
Joana Sanz divulga suposta carta a Daniel Alves nas redes sociais. "Por um beijo da magrinha eu daria qualquer coisa. Por um beijo dela, mesmo que fosse só um. Onde estar, tanto faz, tanto faz, mas com você ao meu lado sempre. Te amo". A carta está escrita em espanhol, que ainda conta com um desenho de um casal de mãos dadas. A modelo não especifica se a carta é do seu marido ou não.
OUTUBRO
Joana Sanz desiste da separação com Daniel Alves e volta a morar na casa do casal, em Barcelona. Ela estava morando em Madri desde o início do processo. De acordo com a imprensa espanhola, a modelo recebe cartas de Daniel Alves duas vezes ao mês em sua casa.
Daniel Alves troca de defesa e escolhe a advogada Inés Guardiola para representá-lo. O objetivo de mais uma troca em sua defesa partiu da vontade de Daniel Alves e de pessoas próximas ao brasileiro. A escolha por Martell para o processo não era vista totalmente como positiva. Apesar de conhecido por grandes casos na Justiça, Martell não tinha tanta experiência com casos de crimes sexuais.
Preso desde janeiro, Daniel Alves estuda assumir que cometeu crime sexual. Em troca faria um ressarcimento econômico à vítima.
NOVEMBRO
Tribunal de Barcelona enviou formalmente Daniel Alves a julgamento no dia 14 de novembro, pelo crime de estupro. O Ministério Público da Espanha pede nove anos de prisão. Também é solicitado dez anos de liberdade vigiada, após o cumprimento da pena em cárcere, e que ele seja proibido de se aproximar da vítima, assim como se comunicar com ela, pelo mesmo período.
Joana Sanz nega que pretenda se divorciar de Daniel Alves. A modelo ainda disse que continua gostando do jogador. E Daniel Alves tem pedido de liberdade provisória negado pela quarta vez.
A denunciante volta atrás e decide não abrir mão da indenização. Ester García, advogada da vítima de 23 anos, apresentou uma carta formal em agosto, no qual informa a decisão da jovem de revogar a renúncia à indenização do jogador por danos.
DEZEMBRO
Acusação pede 12 anos de prisão a Daniel Alves, pena máxima para acusações de agressão sexual na Espanha em caso de condenação.
Em 20 de dezembro, a Justiça de Espanha confirma que o julgamento de Daniel Alves vai acontecer nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro.
JANEIRO DE 2024
Lúcia Alves, mãe de Daniel Alves, compartilha vídeo nas redes sociais expondo a identidade de quem seria a mulher que denuncia o jogador por suposta agressão sexual.