O PRTB intensificou negociações para abrigar o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2022. Os movimentos para filiar Bolsonaro são conduzidos por Levy Fidelix Filho após a morte do pai dele, que foi fundador da sigla.
Nesta segunda-feira, 26, o PRTB fez uma reunião em São Paulo para definir o novo comando. Levy Fidelix, que sempre dirigiu a legenda, morreu no sábado. Todos os principais cargos de direção ficaram com a viúva Aldineia, que agora é a presidente do PRTB, e com os filhos. Caberá a Levy Filho, porém, conduzir a articulação política e exercer, de fato, a função de presidir a legenda.
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A possível filiação de Bolsonaro ao PRTB já é comentada abertamente por apoiadores do presidente. Para afastar a impressão de desrespeito à morte recente de Fidelix, Sandra Terena, mulher do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, afirmou que o assunto já havia sido tratado quando o dirigente estava vivo. Até setembro do ano passado, Sandra era a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, vinculada ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Ela é filiada ao PRTB.
"Levy Fidelix nos deixou para compor uma ilustre galeria de heróis conservadores, junto com Plínio Salgado e Enéas Carneiro. Na churrasqueira de casa, ele confidenciou ao jornalista Oswaldo Eustáquio que seu sonho era que Jair Bolsonaro disputasse a reeleição em 2022 pelo PRTB", afirmou Sandra, por meio do Twitter, na segunda-feira, 26.
Encontro
Vinte e quatro horas depois, ela postou outra mensagem dizendo que Bolsonaro receberá a "família Fidelix" na noite desta terça-feira, 27, em sua residência oficial (Palácio da Alvorada). "Deste encontro pode surgir uma aliança de duas famílias conservadoras em prol do Brasil. O PRTB tem todos os requisitos que o presidente precisa e pode ser um casamento perfeito", escreveu Sandra na mesma rede social. Procurada, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) não confirmou nem desmentiu a informação. "Não está na agenda oficial", respondeu a Secom. O Estadão confirmou, porém, com auxiliares do presidente que ele receberá a família Fidelix para um jantar nesta terça.
Apesar de estar distante de Bolsonaro na política, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que não sairá do PRTB. "Continuo no partido", disse o general ao Estadão. Mourão dá como certo que não será candidato a vice de Bolsonaro, em 2022.
Em recentes conversas com aliados, Bolsonaro observou que pretende definir até o fim desta semana o partido pelo qual vai concorrer à reeleição. De acordo com auxiliares do presidente ouvidos pelo Estadão, o PRTB está, de fato, entre as opções avaliadas. O fator que vai determinar a futura filiação de Bolsonaro é a disposição da legenda em dar carta branca a ele para alterar o comando de diretórios estaduais e ter peso nas decisões da Executiva Nacional.
Ainda não há definição se a família Fidelix está disposta a fechar um acordo nesses termos. De qualquer forma, Levy Filho decidiu viajar com mais frequência a Brasília, com o objetivo de fazer essas articulações.
O Partido da Mulher Brasileira (PMB), que mudou o nome para Brasil 35, e o Democracia Cristã (DC) demonstraram querer dar carta branca a Bolsonaro. As direções do Patriota e do PTB também conversam com o presidente, mas resistem a entregar o poder para o chefe do Executivo.
Antes de dizer que definiria seu destino partidário até o fim de abril, Bolsonaro havia dado o mês de março como prazo para sua decisão. As frustradas negociações para o retorno ao PSL, no entanto, contribuíram para o atraso na escolha do partido. O vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, era quem liderava o diálogo com Bolsonaro.
Auxiliares do presidente disseram ao Estadão que a volta dele ao PSL está descartada. A avaliação foi a de que Rueda fez várias promessas de entregar o comando do partido a Bolsonaro, mas recuou na hora de se comprometer e firmar um acordo sobre isso.
Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019 após desavenças com o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE). O principal motivo para a saída foi a briga por causa do controle do caixa da legenda. Em 2018, o PSL se tornou uma superpotência partidária ao eleger o presidente, 54 deputados, quatro senadores e três governadores, na esteira do bolsonarismo.
Com isso, a legenda deve ter neste ano a maior fatia dos recursos públicos destinados a partidos, de R$ 103,2 milhões. O Estadão ouviu de integrantes da cúpula do PSL que, para voltar à sigla, Bolsonaro cobrou um "alinhamento ideológico" e a expulsão de deputados que têm feito críticas mais fortes a ele, como Júnior Bozzella (PSL-SP), Julian Lemos (PSL-PB), Joice Hasselmann (PSL-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO).