A informação de que animais enxergam o mundo de forma diferente dos humanos é antiga, mas visualizar essas diferenças sempre foi um desafio para a ciência. No entanto, um grupo de cientistas da Universidade de Essex, no, Reino Unido, e da Universidade George Mason, nos Estados Unidos desenvolveu um sistema de câmeras que seria capaz de registrar, com precisão, fotos e vídeos através da percepção dos animais. O estudo foi publicado com atualizações na última terça-feira (23), na revista científica PLOS Biology.
“Cada animal possui um conjunto único de fotorreceptores, com sensibilidades que vão do ultravioleta ao infravermelho, adaptados às suas necessidades ecológicas”, explicam os cientistas responsáveis pelo estudo recentemente publicado. Alguns animais são até capazes de detectar luz polarizada. O resultado é que cada animal percebe a cor de maneira única. No entanto, nossos olhos e câmeras comerciais não conseguem captar essas variações de luz.
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Três borboletas-alfafa (ou “enxofre alaranjado” macho em cores falsas aviárias RNL. Vídeo: Divulgação/PLOS Biology
O lado dorsal das asas das borboletas apresenta forte iridescência UV dependente do ângulo. A iridescência UV está ligada ao sexo: os machos a exibem como um importante sinal de acasalamento. As porções iridescentes UV ficam ocultas quando as borboletas estão em posição de repouso, tornando-se visíveis durante o voo e quando a borboleta está em exibição. A representação de cores falsas das aves é baseada nas coordenadas do espaço oponente do receptor limitado por ruído (RNL).
As coordenadas neste espaço representam diferenças nas respostas dos fotorreceptores de um animal, e as distâncias entre as coordenadas aproximam-se das distâncias perceptivas entre as cores. Nesta representação (vídeo acima), as porções iridescentes de UV aparecem em roxo, porque refletem mais fortemente no ultravioleta e na parte vermelha do espectro. A parte ventral das asas apresenta coloração marrom-acinzentada, assim como as folhas, indicando que sua cor está mais próxima do ponto acromático.
Mais informações sobre o estudo
Até agora, os cientistas confiaram na fotografia multiespectral para visualizar o espectro de luz. Este processo envolve tirar uma série de fotografias em faixas de comprimento de onda além das fotos visíveis pelo homem, normalmente usando uma câmera sensível à luz de banda larga e através de uma sucessão de filtros passa-banda estreita. Embora isso forneça resultados de cores bastante precisos, as imagens multiespectrais funcionam apenas em objetos estáticos e não permitem a visualização de sinais temporais de animais.
“A ideia de gravar em UV já existe há muito tempo, mas houve relativamente poucas tentativas devido às dificuldades técnicas envolvidas. Curiosamente, o primeiro vídeo UV publicado é de 1969!”, explicam os pesquisadores. “Nossa nova abordagem fornece um grau valioso de precisão científica, permitindo que nossos vídeos sejam usados para fins científicos.”
Figura mostra o quão diferente uma margarida-amarela pode parecer em diferentes comprimentos de onda de luz. Foto: Divulgação/PLOS Biology