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O Brasil é o país com a maior proporção de advogados por habitante do mundo, segundo dados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) (OAB) e da International Bar Association (IBA), associação que reúne profissionais e entidades de advocacia de todo o mundo. Ao todo, o País tem 1.452.439 advogados que exercem regularmente a profissão entre 203,1 milhões de brasileiros. Proporcionalmente, há um advogado para 145 brasileiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o número de alunos formados em Direito no País, nesta quarta-feira, 6. Durante cerimônia de credenciamento do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) como instituição de ensino superior, no Rio de Janeiro, Lula disse que é preciso formar mais estudantes em Matemática, Engenharia e Física. "Nada contra. É preciso pegar cursos que são primordiais para o desenvolvimento da nação."

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"Me parece que o Brasil é um dos países que mais formam advogados no mundo. Nem a China e a Índia juntos, que formam 2,6 bilhões de habitantes, formam mais advogados que o Brasil. Nada contra formar advogados. Mas é preciso que a gente forme mais em Matemática, Engenharia, Física… É preciso que a gente pegue aqueles cursos que são primordiais para o desenvolvimento de uma nação, aquilo que o mundo hoje necessita para que a gente possa ser mais competitivo."

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram o ranking de número de profissionais da área com 364.853, 155.874 e 137.959 mil, respectivamente. O Estado com o menor número de advogados em exercício no País é Roraima, com 2.684.

A secretária-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Sayuri Otoni, explica que o alto número de profissionais do Direito no Brasil pode ser explicado por três pontos: uma cultura elitista da profissão, a demanda judicial, com alto número de ações na Justiça brasileira, e a facilidade de acesso ao curso.

"Há uma questão cultural, de uma visão elitista da própria profissão de colocação na sociedade. O segundo ponto, há uma cultura de litigiosidade no País que estimula um excesso de ações e acaba provocando uma demanda. Por outro lado, temos um mercado emergente com novas visões de aplicação do Direito, como trabalhos de conciliação, orientação, trabalho de mediação, o próprio trabalho preventivo", disse a secretária-geral.

De acordo com ela, o baixo custo do curso e alta demanda das universidades, que pressionam, cada vez mais, por condições que precarizam o bacharelado, gera a alta taxa de advogados, apesar do filtro imposto pelo exame da Ordem - necessário para os formandos em Direito que pretendem atuar como advogados no Brasil.

"Não fosse o exame de Ordem para, efetivamente, verificar as condições para esse profissional adentrar o mercado de trabalho, para que ele trabalhe com respeito, com cuidado, com qualidade para a população, o número seria muito maior do que o que a gente vê apresentado hoje, até porque a profusão de cursos de direito no Brasil é muito grande. É um curso relativamente barato, há uma grande pressão das mantenedoras para diminuir a qualidade dos cursos, para diminuir os insumos do curso querendo a todo tempo baratear esse tipo de bacharelado", disse.

O país com o maior número de advogados no mundo é a Índia, com cerca de 2 milhões de advogados. Com uma população de 1,4 bilhão de indianos, há um advogado para cada 700 habitantes, de acordo com dados divulgados pela IBA no ano passado. Em números absolutos, é o único país que fica na frente do Brasil.

Nos Estados Unidos, 1,3 milhão de advogados atuam nas 50 unidades federativas do país. Segundo a American Bar Association (ABA), a proporção é de um advogado para cada 253 habitantes.

Se comparado aos países vizinhos, o Brasil desponta com o mais alto índice de advogados per capita. Na Argentina, por exemplo, há atualmente 126 mil advogados, segundo dados da Federación Argentina de Colegios de Abogados (FACA), com uma população de 46 milhões de pessoas. A proporção de advogados por cidadãos é de um para 365 pessoas.

O uso prolongado de telas é um dos fatores de risco para a saúde da coluna, mostra estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)  e publicado na revista científica Healthcare. 

Entre os fatores de risco está o uso de telas por mais de três horas por dia, a pouca distância entre o equipamento eletrônico e os olhos, a utilização na posição deitada de prono (de barriga para baixo) e na posição sentada. O foco do estudo foi a chamada dor no meio das costas (thoracic back pain, ou TSP). 

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Foram avaliados 1.628 estudantes de ambos os sexos entre 14 e 18 anos de idade, matriculados no primeiro e segundo ano do ensino médio no período diurno, na área urbana do município de Bauru (SP), que responderam a questionário entre março e junho de 2017. 

Desses, 1.393 foram reavaliados em 2018. A pesquisa constatou que de todos os participantes, a prevalência de um ano foi de 38,4%, o que significa que os adolescentes relataram TSP tanto em 2017 quanto em 2018. A incidência em um ano foi de 10,1%; ou seja, não notificaram TSP em 2017, mas foram encaminhados como casos novos em 2018. As dores na coluna ocorrem mais nas meninas do que nos meninos.

“A diferença entre os sexos pode ser explicada pelo fato de as mulheres relatarem e procurarem mais apoio para dores músculo-esqueléticas, estarem mais expostas a fatores físicos, psicossociais e de stress, terem menos força do que os homens, apresentarem alterações hormonais resultantes da puberdade e baixos níveis de atividade física”, diz um dos autores do artigo, Alberto de Vitta, doutor em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com pós-doutorado em saúde pública pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.

Pandemia 

TSP é comum em diferentes grupos etários na população mundial. Estima-se que afete de 15% a 35% dos adultos e de 13% a 35% de crianças e adolescentes. Com a pandemia do covid-19, crianças e adolescentes têm usado celulares, tablets e computadores por um tempo maior, seja para atividades escolares ou para o lazer. Com isso, é comum adotarem posturas inadequadas por tempo prolongado, causando dores na coluna vertebral.

O tempo gasto com dispositivos eletrônicos (por exemplo ver televisão, jogar videogames, utilizar o computador e smartphones, incluindo comunicações electrônicas, e-games, e internet) pode ser classificado da seguinte forma: baixo (menos de 3 horas/dia), médio (acima de 3 horas/dia até 7 horas/dia) e alto (acima de 7 horas/dia), considera o pesquisador.

Segundo De Vitta, é possível que a incidência da TSP tenha aumentado com a pandemia, mas ainda não há estudos. “Podemos supor que aumentou, devido à atividade escolar em casa, no entanto não há dados sobre isso. Estamos organizando um estudo multicêntrico que será realizado em cidades de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e do Rio Grande do Sul”, informou o pesquisador, que atualmente leciona e pesquisa no Departamento de Fisioterapia da Faculdade Eduvale de Avaré (SP) e no programa de pós-graduação em Educação, Conhecimento e Sociedade da Universidade do Vale do Sapucaí (Pouso Alegre, MG).

Fatores

A TSP tem tratamento, diz o professor. “Há vários tipos de tratamentos como, por exemplo, a reeducação postural global, o pilates e a fisioterapia baseada em recursos eletrotermofototerapêuticos: ultrasom, laser, entre outros”. 

Fatores de risco físicos, fisiológicos, psicológicos e comportamentais ou uma combinação deles podem estar associados à TSP. “As dores musculoesqueléticas, como na coluna torácica, lombar e cervical, são multidimensionais”, explica o pesquisador. 

“Os fatores físicos (carteiras inadequadas, mochilas com peso acima do recomendado e outros), comportamentais (utilizar os equipamentos eletrônicos acima de três horas por dia, posturas inadequadas) e os fatores de saúde mental (sintomas emocionais, stress etc) estão associados a essas dores”.

A conjugação de físicos e comportamentais gera um aumento da força de compressão dos discos intervertebrais, levando à desnutrição dos discos, comprometendo a integridade do sistema músculo-esquelético, predispondo o indivíduo à fadiga e a níveis de dor mais elevados.

“Parece haver uma relação entre sintomas emocionais e manifestações físicas, como o aumento da secreção do cortisol hormonal e alterações na regulação hormonal do glândulas supra-renais, que geram efeitos inibidores sobre o sistema imunitário, a digestão e sintomas de desgaste corporal excessivo, cansaço, fadiga, dores musculares e articulares. Todos esses fatores estiveram relacionados aos dados das nossas pesquisas relacionadas às dores lombares, cervicais e torácicas em estudantes do ensino médio”.

Puberdade precoce

A puberdade é um estado natural do corpo humano que, por consequência de alterações hormonais, tende a se apresentar a partir dos 8 anos de idade em meninas e 9 anos em meninos

Entretanto, as crianças estão entrando nessa fase cada vez mais cedo. Ganho de peso, consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e sedentarismo estão entre as principais causas. Mas, outro fator tem chamado a atenção dos pesquisadores.

De acordo com o resultado de uma pesquisa apresentada durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica, a puberdade precoce pode estar sendo estimulada pela alta exposição às telas, como tablets e celulares.

“Estudos mostram que a luz azul das telas diminui a produção de melatonina, hormônio relacionado ao ciclo do sono. A menor produção de melatonina pode ser um sinal para o corpo de que já está na hora de entrar na puberdade. Além disso, o ganho de peso e a ansiedade que podem estar associados ao excesso no uso de telas também alteram a produção de determinados hormônios como a leptina e a serotonina, que podem ocasionar a puberdade de forma precoce”, explica a endocrinopediatra do Sabará Hospital Infantil, Paula Baccarini.

A especialista afirma que, devido ao isolamento durante o período pandêmico, as crianças passaram a se alimentar de forma menos saudável, gerando outros efeitos colaterais que também alteram os hormônios: “O estresse e a ansiedade também são fatores que podem adiantar o início da puberdade, somados ao sedentarismo, à piora do padrão alimentar e ao ganho de peso”, acrescenta.  

Rotina

O ideal é que a criança mantenha uma rotina com hábitos saudáveis de vida, com atividade física, sono adequado e alimentação natural, com consumo reduzido de produtos industrializados, o que naturalmente já reduz o tempo livre para uso de telas, aconselha a médica. “É importante lembrar que a criança aprende com o exemplo dos pais. Então, é fundamental que o controle do tempo de tela seja de toda a família e não apenas da criança,” completa. 

Outras atividades podem ajudar a dimunuir esse tempo. “Criar rotinas como hábito de leitura, brincadeiras recreativas, jogos de tabuleiro, desenho, quebra-cabeças. Além disso, usar o fim de semana para reunir a família fora de casa, se possível em contato com o sol e a natureza podem ajudar”, sugere a endocrinopediatra.

Caso os pais identifiquem sinais de puberdade precoce - como aparecimento do broto mamário, desenvolvimento de pelos pubianos, crescimento acelerado, acne, eles devem procurar um endocrinologista pediátrico para fazer o diagnóstico, identificar a causa e avaliar a necessidade de tratamento.

“O tratamento é indicado nos casos em que a puberdade ocorre precocemente ou evolui em ritmo muito acelerado, com risco de a primeira menstruação acontecer cedo ou de ocorrer parada do crescimento antes da idade prevista, com perspectiva da criança crescer menos do que a previsão genética. Consiste em um tratamento hormonal que bloqueia a produção desses hormônios associados ao desenvolvimento da puberdade”, explica a especialista.

Uma vez iniciada a puberdade, não há como reverter o quadro, apenas tratar com o bloqueio puberal quando indicado, aponta a médica. “Por isso, a importância do estabelecimento de hábitos saudáveis de vida durante a infância, como forma de tentar reduzir o risco de a puberdade ocorrer precocemente. Importante dizer que essas mudanças do hábito de vida também estão relacionadas à diminuição de outras condições, como a obesidade”. 

É considerada precoce a puberdade que surge antes dos 8 anos em meninas e dos 9 anos em meninos; e atrasada, a puberdade que tem início após os 13 anos em meninas e após os 14 anos, em meninos. 

A médica considera o risco de adiantamento da menstruação e da parada precoce do crescimento, com prejuízo da altura final da criança, além dos riscos psicossociais associados à puberdade precoce. Se necessário, indicará tratamento para bloquear, por um tempo, o desenvolvimento puberal. 

Na noite da última segunda-feira (27), três caminhões foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco. Os veículos tinham saído de Sergipe e a mercadoria seria entregue na Paraíba.

Juntos, os caminhões somaram 123,8 toneladas de carga acima do limite permitido, o que sobrecarrega o sistema de freios e suspensão, aumentando o risco de colisões graves nas rodovias. A apreensão foi realizada por uma equipe de fiscalização na Unidade Operacional de Serra Talhada, que abordou os três veículos.

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Após consultas, foi constatado que o primeiro caminhão transportava 32,7 toneladas de carga em excesso, enquanto o segundo estava com 37,2 toneladas acima do permitido. Já o último levava 53,8 toneladas de excesso.

A PRF emitiu autuações pelas irregularidades e encaminhou os veículos para o pátio. No local, será realizado o transbordo da mercadoria excedente.

A ceia de Ano Novo se aproxima, mas você já se recuperou dos excessos nas confraternizações e na noite de Natal? A nutricionista Amanda Campos deu algumas orientações para curtir a festa da virada sem que seu organismo entre em 2023 todo desregulado. 

Antes de pensar em reduzir os danos depois de abusar da bebida alcoólica e dos pratos da ceia, é importante se preparar durante o dia. Água é a principal aliada em todos os processos, seja antes, durante ou depois da comemoração. Além de manter o organismo hidratado, ela ajuda a eliminar toxinas. 

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A nutricionista recomenda que a rotina de sono e alimentação seja mantida para que o corpo tenha os aportes necessários para conter os exageros. Nada de pular o almoço ou esquecer da janta com o pensamento de comer mais na ceia. "Quando chegar a noite, e essa pessoa não pulou nenhuma refeição, ela não vai estar com muita fome e não vai exagerar na ceia. Porque a conta chega", destacou.

Atenção ao equilíbrio

Com a mesa liberada, lembre-se que o equilíbrio é a chave. "A pessoa não precisa se privar de comer o que gosta, até porque a nutrição está fortemente ligada ao prazer da alimentação e aos momentos especiais. Ela só vai precisar tomar alguns cuidados. Ter atenção em relação a quantidade de bebida e da comida, sabendo que o exagero vai gerar desconforto", observou. 

Para a alimentação, opte por ovos de codorna, frutas secas, castanha, queijos leves, lentilha e as partes magras da proteína animal, como o peito. Amanda também alertou para os drinks e lembrou dos seus efeitos danosos. "O álcool é irritante, vai lesionar algumas mucosas. Ele também tem papel diurético, então é bem importante tentar se manter hidratado", reforçou. 

Importância de ingerir fibras

Caso você não tenha se controlado, a aposta para 1º de janeiro é beber água de coco para repor as perdas de eletrólitos. Também é interessante evitar repetir os pratos gordurosos da ceia. Uma boa dica é começar 2023 com frutas in natura ricas em água, como melancia, laranja e melão. Sucos também estão liberados, mas as fibras da fruta inteira vão ajudar a recuperar o organismo mais rápido e auxiliar no trânsito intestinal. 

Sem enjoo pós-festa

Para os efeitos da ressaca, a nutricionista recomenda chá ou suco com hortelã e gengibre. “Eles vão aliviar bastante a sensação de enjoo. Como o álcool é irritante, esses alimentos vão reestabelecer a saúde intestinal, pois vão trabalhar nessa cicatrização e gerar conforto para aquela pessoa que está vomitando ou com muita vontade de vomitar”, indicou.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante participação no Simpósio Cidadania Cristã, nessa terça-feira (5), em Brasília, afirmou que, no Brasil, há excesso de universidades e criticou ações educacionais de governos anteriores ao de Jair Bolsonaro (sem partido), que também participava do evento. 

"O alicerce na educação, que é o meu tema hoje, é a alfabetização. Como é que se pode imaginar alguém construir uma casa começando pelo telhado? Quando eu falo em universidade, que foi democratizada, como se conta por aí, encheram de telhados, esqueceram do alicerce. O que nós temos hoje: jovens que são analfabetos funcionais, não entendem o que leem”, disse, na ocasião.

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E continuou a tecer críticas: “Meninos que chegam para fazer engenharia que não sabem fazer uma regra de três. Essa é a situação, esse é o quadro”. O titular da pasta, mais uma vez, atribuiu a qualidade educacional ao governo do Partido dos Trabalhadores (PT).

Ribeiro ressaltou o resultado obtido no Programa Nacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que serve como parâmetro da educação básica, para acusar o PT de "colocar a educacão pública brasileira em um nível tão ruim". 

Após a operação truculenta que deixou dois homens com a visão comprometida, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou que a Polícia Militar (PM) evite novos excessos, sobretudo o emprego de armas letais e não letais, no próximo ato contra o presidente Jair Bolsonaro marcado para o sábado (19).

Na orientação, o promotor Westei Conde y Martin Júnior ressalta os "nefastos resultados" causados pela PM na tentativa de dispersar a manifestação pacífica do último dia 29. Ele classificou a atuação dos agentes de segurança pública como "ilegal e arbitrária".

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Vale destacar que a vereadora e líder da bancada do PT na Câmara do Recife, Liana Cirne, foi ataca com spray de pimenta no rosto e deixada desacordada na Ponte Princesa Isabel por policiais do Batalhão de Choque.

Outra indicação do MPPE para o próximo ato foi que os policiais utilizem a identidade funcional "em local visível no uniforme operacional e nos coletes balísticos por parte de todo efetivo".

O promotor lembra que o dever da Polícia é preservar a ordem pública, mas não pode omitir direitos pessoais, como o direito à vida, à liberdade, à integridade física e psicológica, bem como à liberdade de expressão, manifestação do pensamento e de reunião pacífica em locais abertos.

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O excesso de exposição às telas por crianças e adolescentes tem se tornado objeto de estudo de diversos pesquisadores. Devido ao contexto pandêmico, o uso acentuou-se de maneira significativa e pode gerar sérios problemas.

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Estudos ao redor do mundo, como o produzido pelo Instituto Nacional da França e conduzido pelo neurocientista Michel Desmurget, comprovam que esse uso exagerado de tecnologias e plataformas digitais gera como consequência a dependência tecnológica.

Em entrevista para o portal Correio Braziliense, o psiquiatra Fábio Aurélio afirma que esse excesso no uso dos recursos tecnológicos pode causar, sim, um vício comportamental, gerando uma compulsão pelo uso desses dispositivos e afetando a qualidade de vida do indivíduo.

Segundo a psicóloga Rafaella Rego, esse recurso não pode ser a única fonte de aprendizado, principalmente no contexto do ensino remoto, para que a exposição às telas não seja ainda mais acentuada.

A presença de atividades fora do ambiente digital é um fator essencial, que contribui para a melhoria das relações de crianças e adolescentes com a tecnologia, principalmente nesse processo de adaptação com maior tempo em casa. Para  Rafaella, é interessante que esse indivíduo esteja em movimento, faça atividades que demandem dele a saída do quarto, onde geralmente se passa maior parte do tempo, no qual não há uma variabilidade comportamental. “É muito importante colocar esse jovem, essa criança em movimento”, afirma a psicóloga.

A iniciativa dos pais ou responsáveis em incentivar e proporcionar essas atividades é determinante, e foi o que aconteceu na rotina familiar de Cleudenice Torres, empresária e mãe de duas filhas, Jamille (16 anos) e Maria Clara (9 anos). Como passam o dia em casa, a mãe encontrou, como alternativa para não deixar as filhas por muito tempo expostas às telas, atividades que pudessem ser realizadas dentro do domicílio, tais como: tocar um instrumento musical, desenhar, ler, além de jogos de tabuleiro, que, segundo a empresária, já era uma atividade que faziam antes da pandemia.

Segundo a professora doutora Maíra Evangelista, que pesquisa há 10 anos sobre comunicação digital, os dispositivos móveis e as tecnologias estão presentes em basicamente todas as atividades cotidianas e a tendência é aumentar, mas é preciso controlar o tempo que a criança e o adolescente fazem uso desses dispositivos digitais, e deve haver a fiscalização por parte dos pais e responsáveis.

Na rotina familiar da casa de Carolina Santos, atendente e mãe de Carlos (8 anos) e Maria Isis (5 anos), eles buscam ter esse controle do tempo que os filhos passam em frente às telas. “Depois das 18 horas é o horário que eles ficam mais no celular, TV etc.”, afirma a mãe. Carolina destaca, também, que os pais procuram realizar outras atividades com os pequenos. “Buscamos brincar e interagir com eles, compramos um dominó, jogos educativos e eles brincam muito com pai”, finaliza.

 Por Painah Silva e Dinei Souza.

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De acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicado nesta segunda-feira (domingo, 16, no Brasil), trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta o risco de morte por doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.

Esta primeira análise global da perda de vidas humanas e danos à saúde associados a longas horas de trabalho chega enquanto a pandemia de Covid-19 acelera mudanças que podem aumentar a tendência de se trabalhar por mais horas.

No entanto, o estudo, publicado na revista Environment International, não se refere à pandemia, mas a anos anteriores. Os autores sintetizaram dados de dezenas de pesquisas com centenas de milhares de participantes.

“Trabalhar 55 horas ou mais por semana representa um grave perigo para a saúde”, destaca a médica María Neira, diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS. “É hora de todos nós - governos, empregadores e trabalhadores - finalmente reconhecermos que longas horas de trabalho podem causar mortes prematuras”, acrescenta.

O estudo conclui que trabalhar 55 horas ou mais por semana está associado a um aumento de 35% no risco de acidente vascular cerebral (AVC) e um aumento de 17% no risco de morte por doença isquêmica do coração, em comparação com uma pessoa que trabalha entre 35 e 40 horas semanais.

A OMS e a OIT estimam que 398 mil pessoas morreram de derrame cerebral e 347 mil de doenças cardíacas em 2016 por terem trabalhado pelo menos 55 horas por semana.

Entre 2000 e 2016, o número de óbitos por doenças cardíacas relacionadas a longas jornadas de trabalho aumentou em 42%, enquanto no caso dos AVCs o crescimento foi de 19%.

A maioria das mortes registradas se refere a pessoas de 60 a 79 anos, que trabalhavam 55 horas ou mais por semana quando tinham entre 45 e 74 anos.

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Estudos da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) indicam o perigo da chamada nomofobia (medo de estar desconectado) em indivíduos que passam muito tempo na frente das telas. O excesso de internet impacta negativamente na vida dos indivíduos, gerando problemas como ansiedade e depressão, e exige a “desintoxicação virtual”, ou seja, um momento distante das tecnologias.

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Os jovens são os mais afetados, pois é o grupo que mais está ativo na internet. A estudante Amanda Albuquerque, de 18 anos, é uma dessas jovens que passam bastante tempo nas redes sociais. Ela admite que isso afeta sua vida de forma negativa, deixando-a ansiosa. 

Como a maioria dos jovens de sua idade, a estudante está ativa nas principais redes sociais, como Instagram, Facebook e TikTok, as quais ocupam grande parte do dia dela. “Às vezes, eu checo as horas que eu passo (no celular), e geralmente são muitas horas. Boa parte nas redes sociais”, diz a estudante.

Para a publicitária Tamires Virgílio, especialista em Marketing Digital, a tecnologia oferece diversos benefícios para estudos e negócios, principalmente pelo grande leque de conteúdos e pela interatividade proporcionada, desde que esse uso não se torne prejudicial. “Se eu começo a ter prejuízos, seja ele qual for, seja prejuízo de sono, de descanso de convivência família, relacionamentos, é porque a rede social está ocupando aquele espaço maior do que ela deveria”, alertou.

Nas redes sociais, os usuários mostram o que é conveniente para si. É idealizada uma vida perfeita e, consequentemente,projetado o mesmo ideal aos espectadores. Assim, comportamentos fora desse padrão são julgados e considerados inválidos, caracterizando então o “cancelamento”.

De acordo com Tamires, esse não é um fenômeno novo. “O cancelamento é um reflexo modernizado dos hábitos da sociedade de querer expelir o que ela recrimina”, comenta. “Eu jogo pedra naquilo que também me afeta. Não há uma racionalização”, acrescentou.

Segundo a profissional de marketing, é necessário aprender a impor limites nos meios digitais. “Um dos pontos é sempre voltar para este pensamento: não esquecer que é uma vida virtual, a rede social é como uma vitrine. Uma das saídas é tentar equilibrar. Deixar de consumir um conteúdo que faz mal, substituir por conteúdos que façam bem. Equilibrar lendo um livro, vendo um filme ou não fazendo nada”, sugeriu Tamires.

“A gente ainda acha que tudo deve ser consumido, ainda estamos aprendendo a lidar com as novas mídias. Uma das formas é ficar em alerta no que está sendo consumido na internet e como eu me sinto em relação a isso”, enfatizou a publicitária.

A partir do uso exacerbado dos mecanismos tecnológicos, essa frequência pode comprometer o bem-estar, contribuindo para o surgimento de estresses diários. Para a psicóloga Christiane Macedo, especialista em Neuropsicologia e Avaliação Psicológica, o uso excessivo das mídias digitais pode desencadear estresse e ansiedade, mas não somente por esse aspecto. “É um conjunto de fatores que acarretam esse estresse ou essa ansiedade, quando você não tem o meio tecnológico para usar. Por exemplo, em alguns momentos o WhatsApp fica fora do ar, as pessoas ficam desesperadas e começam a baixar o Telegram, porque elas precisam estar em conectividade com alguém, sendo que às vezes essa necessidade não é tão grande”, afirmou.

Em relação à saúde mental, Christiane comenta que as relações sociais foram afetadas pelo confinamento, gerando indivíduos introspectivos. Com a utilização diária das plataformas digitais, o direcionamento é relacionado apenas aos próprios interesses do usuário, que já não conta como prioridade manter vínculos sociais, resultando em aspectos antissociais. “Isso, mentalmente falando, não é bom, porque nós somos seres que vivemos em sociedade. A gente precisa compartilhar emoções, a gente precisa compartilhar experiências, e, presencialmente, isso é muito bom. Só que a gente constatou agora, com o período da pandemia, que não pode aglomerar, não pode se reunir. Então, é muito complicado”, declarou.

Para evitar o uso exagerado dos meios digitais, a profissional recomenda que haja mudança de hábito, sendo fundamental uma autoavaliação para perceber o que de fato é necessário e que merece o esforço para estar usando o meio digital. “Diminuir o uso e desligar o celular para carregar, não deixar carregando ligado e desligar os dados móveis para que você não fique tentado a usar”, propôs a psicóloga.

Por Gabriel Pires, Vitória Reimão e Painah Silva.

 

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Com o passar dos anos, o acesso à tecnologia se tornou cada vez mais fácil e muitos se utilizam dela diariamente para várias finalidades, seja para trabalhar ou estudar, como também para momentos de lazer e diversão. Porém, em alguns casos, o consumo excessivo de internet pode gerar a chamada dependência digital, que é caracterizada pela extrema necessidade que uma pessoa tem de estar o tempo inteiro conectada a qualquer tipo de aparelho eletrônico pelo prazer instantâneo causado.

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De acordo com especialistas, algumas causas associadas à dependência digital são a depressão, dificuldade de interação com outras pessoas, problemas de autoestima, entre outros. A utilização excessiva dos aparelhos tecnológicos também pode fazer com que os usuários adquiram a nomofobia – medo irracional de ficar longe do celular e eletrônicos no geral.

Médicos também apontam que o uso abusivo de tecnologias pode causar insônia e dores nas costas, nas mãos, nos punhos, no pescoço e outras inflamações no corpo, humano devido à repetição de movimentos.

A psicóloga Carolina Fernandes associa a dependência digital ao fato de vivermos em uma sociedade imediatista. Segundo ela, as gerações mais novas, crianças e adolescentes, vão crescendo com a necessidade de que as coisas aconteçam e sejam resolvidas o mais rápido possível. O celular é um dos maiores responsáveis por isso.

“Tudo, absolutamente tudo, a gente já consegue resolver na palma da mão pelo celular. Esse é um dos motivos da dependência digital. Cada vez mais os meios digitais favorecem para que a gente não perca tempo e que as coisas aconteçam mais rápido”, observa Carolina.

A psicóloga diz que outra possível causa é a mudança de rotina. As crianças, explica, estão tendo acesso a tablets, computadores, aos canais do YouTube na internet cada vez mais cedo e isso acaba mantendo-as em casa. “A rotina dos pais da nossa sociedade é muito diferente da rotina de antigamente. Pais passam mais tempo na rua, a criança passa mais tempo na escola, com babá, com outro membro da família e, querendo ou não, também por causa da violência que a gente vive atualmente que é muito maior do que a violência de antigamente”, esclarece. 

Carolina diz que é possível identificar que o vício se torna algo fora do normal e disfuncional quando uma criança, um adolescente ou um adulto passa muito tempo fazendo uso de mídias sociais e de ferramentas digitais, a ponto de atrapalhar a sua rotina, e quando se sente irritado ao ficar sem elas. “Quando você começa a perceber que aquilo vira uma parte essencial na vida desse sujeito, já é um sinal de alerta”, informa.

A psicóloga também fala que a dependência digital pode afetar o estilo de vida de alguém a partir do momento em que a pessoa passa a preferir o cenário digital ao real, substituindo um pelo outro. “Ambiente sociais, pessoas reais e espaços em que você vai conversar 'olho no olho' perdem o sentido e essa pessoa prefere o estilo de vida em que ela conversa pelo celular”, explica.

Carolina afirma que, apesar de vivermos em uma sociedade extremamente digital e a nossa vida girar em torno disso, existe a possibilidade de transformar o uso excessivo dos meios digitais e plataformas virtuais em algo mais funcional. A psicóloga também alerta, em casos de crianças e adolescentes que ainda estão em processo de formação da personalidade, que os pais podem ajudar nessa fase de construção sendo referência para os filhos dentro de casa. No momento que surgirem os primeiros sinais de relação disfuncional com os meios digitais, orienta, é válido ligar o sinal de alerta e procurar ajuda.

“Acredito que inicialmente é muito pelo espelho mesmo que essa criança vê qual a referência que ela tem do uso dos meios digitais. Quando um pai ou mãe percebe um comportamento disfuncional do seu filho, a ajuda nesse processo é procurar terapia, um psicólogo que possa acompanhar essa criança e também encontrando meios de ressignificar o tempo dela”, complementa Carolina.

A dependência na juventude

Brena Patrícia Viana, 22 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, conta como a relação com o mundo digital teve impacto na vida dela desde muito cedo. “Já fui ter celular a partir da pré-adolescência em diante. O uso da internet, ter redes sociais, ter uma dependência já foi mais na minha adolescência para a juventude por questões de estudos e outras necessidades”, revela.

Brena diz que percebeu que o consumo da internet era algo fora do normal quando a rede caía, quando ia para algum lugar sem acesso a ela ou quando ia passar muito tempo sem usá-la e ficava preocupada por causa disso, sentindo-se dependente da internet. “Mesmo que não fosse pra postar algo ou necessariamente pra falar com alguém, se comunicar. Era uma questão de realmente estar ultrapassando os limites, de ficar com o comportamento totalmente diferente por não ter internet, achar entediante”, conta.

A estudante relembra que já teve a experiência de ficar ansiosa ao ir para locais onde não teria acesso às redes. “Acabo mexendo no celular sem ter no que mexer, começo a olhar arquivos, fotos, vídeos, músicas. Mas você tem aquela dependência e você está mexendo mesmo sem ter o acesso à internet. Tem um lado bom, porque acabo tentando focar em outras coisas, tipo a leitura ou alguma outra coisa que tire aparelhos eletrônicos do caminho”, diz.

Brena destaca o período da pandemia como o momento em que mais se sentiu prejudicada e com o emocional afetado pelo uso excessivo de tecnologias. Por estar em casa, mesmo que tivesse outros afazeres, passou a estar ainda mais ativa nas redes sociais. “Fui percebendo que o excesso de informações, principalmente com a quantidade de fake news, me deixou completamente mal a ponto de ter crises de ansiedade, medo e vários transtornos por causa do uso da internet. Eu não estava sabendo equilibrar e fazer aquilo ser bom, procurar coisas boas”, explica.

Brena conta que, para contornar o vício, costuma organizar os horários que vai precisar para estudar ou para fazer trabalhos e que busca alternar os momentos em que faz o uso do celular durante o dia. A estudante também revela que tenta focar em outras coisas que não envolvam a internet, como a leitura.

“Claro que hoje, com a pandemia, dependo muito dos aparelhos eletrônicos pra ter acesso aos estudos, mas eu procuro outras formas para estudar que eu não tenha que usar nenhum dos dois (celular e internet). Então ler alguma coisa que for acrescentar, fazer outra coisa como arrumar a casa, o guarda-roupa, alguma coisa que tire totalmente do foco e deixe o celular de lado ao ponto de não precisar pegar nele pra fazer algo que vai me distrair”, complementa.

Os benefícios e malefícios da era digital

Wendel Castro, professor e coordenador dos cursos de computação da UNAMA - Universidade da Amazônia, explica que existem vários estudos indicando que os vícios tecnológicos tiveram início a partir do surgimento da internet, principalmente com o "boom" dos smartphones, e estão muito associados à presença das pessoas no meio digital e ao medo que elas têm de se sentirem excluídas digitalmente.

O professor cita a Organização Mundial da Saúde (OMS) que reconheceu, em junho de 2018, o vício em jogos, ou "gaming disorder", como um dos transtornos que afetam a saúde mental. Ele explica que os usuários da internet são sempre estimulados, de alguma forma, a estarem jogando ou a criarem redes sociais que podem ser divulgadas, curtidas e compartilhadas. “Isso vai pro ego das pessoas e faz com que elas fiquem viciadas nas informações, nas vidas das pessoas, dos famosos, o que estão fazendo, o que estão comendo”, complementa.

Wendel comenta que a internet em si é uma das maiores criações de todos os séculos e tem muitas vantagens, como a informação, conhecimento e aprendizagem. “Antigamente nós precisávamos ir a uma biblioteca pra achar um livro. Hoje nós conseguimos através de uma pesquisa, uma palavra-chave, buscar todos os livros possíveis. Teríamos que nos deslocar pra assistir aula, hoje a gente consegue assistir aula e cursos pelo YouTube”, exemplifica.

O professor também cita como benefícios da era digital a conectividade, o compartilhamento e a rapidez da comunicação, além da facilidade que as pessoas têm para realizar as coisas através da internet. “O vender e ganhar dinheiro também são benefícios voltados para a internet, onde as pessoas estão utilizando suas redes sociais como loja virtual”, diz.

Apesar de existirem inúmeras vantagens, Wendel alerta para os malefícios que vão além da dependência digital, como a invasão de privacidade, informações soltas devido ao aumento de popularidade em redes sociais, dados compartilhados de maneira muito mais rápida e que acabam deixando as pessoas cada vez mais expostas, entre outros. “Quando estou tendo acesso a tudo, esse tudo pode fazer com que eu tenha muitas vulnerabilidades”, complementa.

O professor também comenta como a própria tecnologia pode intervir no uso excessivo dela e que existem sites, programas e aplicativos de intervenção para tratar transtornos e vícios. “Existem, dentro desses sites, intervenções para educar essas pessoas em relação a tudo que elas estão vivendo de uma forma menos invasiva, menos agressiva e permitem que os clientes consigam acessar informações sobre o que eles estão passando, sintomas, distúrbios, e vão ter um diagnóstico, uma estratégia pro tratamento como um todo”, explica.

Wendel finaliza dando destaque para os sites e aplicativos que auxiliam as pessoas no tratamento de outros vícios, como o alcoolismo, por exemplo. “Temos hoje em dia essa intervenção terapêutica com um suporte mais humano em que, através de uma rede social, através de um feedback no e-mail, videochamada ou uma mensagem instantânea, conseguem estar conversando com essas pessoas – então a tecnologia ajuda mais uma vez nisso”, diz.

Por Isabella Cordeiro.

 

Enquanto a vacina contra a Covid-19 não chega para toda a população, quem continua firme no isolamento social tenta manter a forma com exercícios físicos em casa. Porém, o excesso ou desempenho inadequado podem ter efeito reverso e causar complicações em quem pratica. 

O alerta é do cirurgião vascular Calogero Presti, que explica que o controle na frequência dos exercícios é fundamental para evitar lesões de músculos, tendões e articulações - e até mesmo fraturas ósseas de estresse e tendinites.

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“Exercício físico saudável, em geral, é aquele moderado, em dias alternados para a recuperação muscular, habitual e com frequência de três a quatro vezes por semana”, destaca o médico, que também é membro do Conselho Superior da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular. 

O especialista pontua que antes de iniciar qualquer tipo de treinamento físico é aconselhável que o paciente com doença vascular se submeta a um exame clínico e cardiológico para detectar e avaliar possíveis comorbidades. Pois, caso seja necessário, o preparador físico, em conjunto com um médico, pode aconselhar o treinamento mais adequado para cada situação.

Doenças vasculares, como as varizes, pedem atenção especial durante a prática esportiva. No caso de pacientes com insuficiência venosa crônica, há dificuldade de retorno sanguíneo ao coração quando a pessoa se encontra parada, em pé ou sentada. 

“Os exercícios mais indicados nessa situação são aqueles que promovem a contração e alongamento dos músculos das pernas, em especial as caminhadas, exercícios em esteira ou com bicicleta. A natação e a hidroginástica são particularmente úteis, pois facilitam o retorno venoso pela atenuação da gravidade quando dentro d’água, além de fortalecerem e alongarem os músculos”, orienta Presti. 

Exercícios físicos intensos também podem causar rabdomiólise, ou seja, necrose muscular. Na maioria dos casos, ela ocorre quando o paciente inicia ou reinicia o treinamento físico sem a supervisão de um educador. “O exercício excessivo pode produzir edema das células musculares das extremidades e, como consequência, a necrose dos músculos em graus variáveis, o que ocasiona liberação da mioglobina (proteína muscular) no sangue”, informa.

Grandes quantidades de mioglobina no sistema circulatório podem causar depósitos nos túbulos renais, o que pode gerar insuficiência e mau funcionamento dos órgãos. Em casos extremos, hemodiálise, perda dos rins ou até mesmo o óbito são possíveis, explica o médico.

Exercícios em casa

Qualquer estímulo a atividades físicas de vida diária como jardinagem, limpar e arrumar a casa, lavar louça, arrumar armários, subir e descer escadas e dançar aumentam o gasto calórico, mantêm a atividade muscular, evitam a obesidade e diminuem a depressão durante o distanciamento social, aconselha o especialista.

“Os pacientes com doenças vasculares periféricas se beneficiam muito dos exercícios aeróbicos, sendo aconselhável caminhadas de 30 a 40 minutos 3 a 4 vezes por semana ao ar livre. O exercício aeróbico pode ser realizado na mesma frequência, com esteira ou bicicleta ergométrica em casa.”

Segundo o médico, para os que permanecem em home office é aconselhável interromper o tempo de permanência no computador, intercalando 15 minutos de atividade física a cada 30 minutos de trabalho, movimentando os braços, as pernas, respirando livremente, andando ou fazendo alongamento.

“Quanto aos exercícios recomendados por seu médico ou educador físico, não exagere na quantidade, intensidade e duração. A alta intensidade e o tempo de recuperação muscular e cardiovascular insuficientes podem ser prejudiciais ao sistema cardiovascular, à imunidade, provocar lesões musculares, articulares e tendinites”, completa o médico.

Outra orientação do especialista é manter-se bem hidratado durante os exercícios e evitar fazê-los em ambientes quentes e pouco ventilados. Em caso de desconforto durante o exercício, como cansaço excessivo, falta de ar, dor torácica e tonturas, interrompa os exercícios e procure orientação médica.

“A prática de exercícios físicos deve ser interrompida de imediato na presença de sintomas relacionados à Covid-19 como febre, falta de ar, tosse seca e perda do olfato ou paladar”, destaca o médico.

No contexto da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e do isolamento imposto para conter a disseminação da Covid-19, aumentou o uso das plataformas online de videoconferência como forma de manter o contato social entre as pessoas. Mas o excesso de encontros virtuais acabou produzindo uma espécie de “fadiga do zoom”, segundo identificou a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Para mostrar o impacto das videoconferências na saúde mental dos brasileiros, a ABP realizou a primeira pesquisa sobre o tema no período de 14 de agosto a 21 de novembro. A sondagem revela a elevação das queixas de pacientes sobre o excesso de trabalho por videoconferências nos últimos cinco meses, recebidas por 56,1% dos psiquiatras associados da ABP entrevistados. 

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“Os pacientes relataram que a “fadiga do zoom” é um fato na vida delas, que elas de fato aumentaram o trabalho via teleconferência e adoeceram, precisaram de ajuda”, disse à Agência Brasil o presidente da ABP, Antonio Geraldo da Silva.

O levantamento foi feito junto aos psiquiatras associados da ABP que atendem no Sistema Único de Saúde (SUS), no sistema privado e suplementar, e mostrou também que 63,3% deles perceberam um aumento de prescrição de psicotrópicos (remédios controlados) para tratar pessoas que tinham a queixa de excesso de trabalho por videoconferência. Os médicos associados da ABP notaram ainda a elevação de 70,1% da necessidade de prescreverem psicoterapia para seus pacientes também com essa fadiga.

Fato novo

“É uma situação nova, é um fato novo. Mas estamos percebendo que há um cansaço das pessoas em usar a videoconferência, porque ela retira de você toda privacidade, aumenta sua carga de trabalho e sua carga de descanso fica comprometida e isso é, realmente, adoecedor”, disse Silva. 

De acordo com o presidente da ABP, as pessoas passaram a trabalhar em casa e os horários rotineiros foram rompidos. “Os chefes passaram a entender que as pessoas estão disponíveis 24 horas”. No teletrabalho, muitas vezes, as pessoas entram em uma videoconferência às 8h e saem somente ao meio-dia”, disse Silva. “Houve uma perda dos limites relacionais”.

Na avaliação do presidente da ABP, o cuidado com a saúde mental da população deve ser abrangente e direcionado a todos para haver uma mudança de pensamento e comportamento. Enfatizou que as preocupações com a onda de consequências à saúde mental derivadas da pandemia permanecem com tendência ascendente. 

Segundo Silva, a agenda da saúde mental “é urgente e será um dos pilares para o bom enfrentamento às demais consequências trazidas pela pandemia. A saúde mental é a chave para enfrentarmos o cenário atual e seus desdobramentos”.

A ABP estima que há 50 milhões de pessoas com algum tipo de doença mental no Brasil. O país engloba o maior número de pessoas com casos de transtornos de ansiedade do mundo. São cerca de 19 milhões de casos, que correspondem a 9% da população. Além disso, o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo e o primeiro na América Latina em pessoas com quadros depressivos.

Filtro

Na avaliação do psiquiatra Jorge Jaber, da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio de Janeiro (Aperj), o excesso de informações pode provocar um certo cansaço mental. Ele recomenda que as pessoas utilizem um filtro, uma seleção das fontes, buscando instituições tradicionais para obter conhecimento ou tirar dúvidas.

Sobre prescrição de remédios, Jaber vê uma tendência comum nos pacientes psiquiátricos de conseguir mais receitas do que seria necessário. Neste momento de pandemia, ele atribui esse movimento a três fatores: o custo muitas vezes inacessível das consultas; a redução da capacidade do atendimento público aos pacientes psiquiátricos; e o receio do paciente de não ter o remédio à mão, em um momento de crise.

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A vitamina D tem a função de regular o metabolismo ósseo no corpo humano. É uma poderosa arma para o bom funcionamento de sistemas como o cardiovascular e nervoso. Apesar de essencial, o excesso representa um risco à saúde. 

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O que fazer com as milhares de toneladas de batatas ou leite que não forem vendidas na Europa durante os dois meses de confinamento, em um contexto de comoção social e de ameaça de crise alimentar em alguns países do sul?

Com todos os restaurantes e cantinas fechados, parte da matéria-prima destinada a esses setores foi enviada aos supermercados, mas uma grande quantidade ainda não foi consumida, apesar do aumento nas compras de alimentos pelos confinados em casa.

Um dos casos mais emblemáticos é o das batatas: 450.000 toneladas de excedente na França, o maior exportador mundial deste tubérculo e fornecedor de gigantes industriais como o grupo canadense McCain, cujas fábricas estão localizadas no norte da França, Holanda e Bélgica.

Com a crise da Covid-19, existem "entre 3 e 4 milhões de toneladas de batatas sem processar na Bélgica, Holanda, Alemanha e França", estima o Grupo Interprofissional da Batata (GIPT).

As montanhas de batatas devem desaparecer antes da próxima colheita. Caso contrário, "existe o risco de haver depósitos silvestres... na natureza, vetores de focos infecciosos de doenças fúngicas ou contaminação por fermentação", explica à AFP Bertrand Ouillon, delegado do GIPT.

A indústria gostaria de poder redirecionar seus estoques para a fabricação de alimentos para o gado. "Se pudesse haver ajuda pública para o transporte, poderia ser de fato uma ajuda indireta aos agricultores que agora passam apuros", sugere.

- "A crise láctea na Europeia ameaça a África Ocidental" -

Na semana passada, Oxfam e uma dezena de associações de agricultores ou de solidariedade alertaram sobre os riscos de uma "grave crise" para o mercado lácteo na África Ocidental.

Isso se deve ao armazenamento de leite em pó decidido pela Comissão Europeia para aliviar os produtores de leite europeus que não sabem o que fazer com seu leite, manteiga ou queijo.

Entre 2018 e 2019, as exportações de leite em pó da UE para a África Ocidental aumentaram 19%, e agora representam 20% das exportações mundiais da UE, segundo as associações.

Os produtores de leite da África Ocidental tentam desesperadamente ampliar sua produção local para apoiar a agricultura, reduzir a emigração e combater a violência.

No entanto, surge uma solução para os milhares de hectolitros de vinho excedentes nos três principais países produtores do mundo, Itália, França e Espanha: os produtores de vinho pediram e obtiveram permissão de Bruxelas para destilar uma parte... para fabricar álcool em gel.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) está acompanhando as investigações do assassinato do policial militar André José da Silva, morto durante confronto com criminosos em Santa Cruz do Capibaribe, Agreste de Pernambuco. O órgão também investiga "possíveis excessos" cometidos por policiais pernambucanos durante ação em conjunto com a polícia da Paraíba no dia seguinte ao assassinato do policial, em que oito suspeitos foram assassinados em solo paraibano.

O PM André José da Silva estava a serviço do 24º Batalhão da Polícia Militar (BPM) no dia 2 de julho a bordo de uma viatura. Durante as rondas, houve uma investida contra um estabelecimento comercial. Em intensa troca de tiros, André José da Silva foi morto e o sargento Moacir Moreira da Silva ficou ferido.

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Os mortos na Paraíba foram identificados como Marcela Virgínia Silva do Nascimento, 32 anos; José Pedro Agostinho da Silva, 30; Manoel José de Lima, 37; Adson Berigue de Lima, 29; José Adson de Lima; idade não informada; Reniere Alves de Souza; 32; Wedy Souza Vieira, 22; e um adolescente de 17 anos. Andson Berigue de Lima era vereador em Betânia, município do Sertão pernambucano. A Polícia Militar de Pernambuco afirma que o grupo foi baleado após atirar contra a equipe policial.

Chamou a atenção na operação policial a forma como os corpos foram tratados. Eles foram jogados em pilhas em cima de caçambas de picapes, visíveis para a população, que fez registros e, de maneira geral, celebrou a ação policial. 

De acordo com o MPPE, está havendo intercâmbio de informações com o Ministério Público da Paraíba (MPPB). O objetivo é fornecer o subsídio necessário para auxiliar na elucidação dos fatos relacionados à morte do grupo de oito pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato do policial.

O Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH-PB) emitiu uma nota pública repudiando a postura dos policiais. Segundo o texto, o tratamento dado ao ocorrido foi um "espetáculo macabro de manipulação e exibição de cadáveres, em total desacordo com as regras de conduta da atividade policial, excedeu todas as raias da legalidade".

Nesta terça-feira (4), durante audiência sobre a reforma da Previdência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar sobre a suspensão de concursos públicos. Guedes afirmou que a medida será tomada por consequência do “inchaço” da máquina pública e que os governos anteriores contrataram servidores em excesso, aos quais destinaram aumentos salariais “ferozmente”.

Para o ministro, os governos anteriores nomearam servidores demais, destinando-lhes, “ferozmente”, aumentos salariais. "Nas nossas contas, 40% dos funcionários públicos devem se aposentar nos próximos cinco anos. Em vez de admitir militantes nossos, vamos deixar a máquina ficar mais eficiente através de digitalização", comentou Guedes.

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Governo não falou sobre possíveis concursos em 2020. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Sem mencionar detalhes como o tempo em que os concursos ficariam suspensos, o ministro aposta que a máquina pública se tornará mais produtiva com a “digitalização” dos processos e a redução da burocracia. No mês de abril, o governo Bolsonaro apresentou o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020, que não menciona a realização de novos concursos públicos.

O tamanho das porções de comida servidas em restaurantes populares contribui para o aumento da obesidade. A conclusão é de um estudo que pesou e mediu o valor calórico de uma refeição completa, em cinco países: Brasil, China, Finlândia, Gana e Índia. Excetuando a refeição chinesa, o volume calórico por prato feito (PF), como se diz no Brasil, chega a ser, em média, 33% maior do que a de um lanche de fast food (comida rápida).

O consumo das porções servidas em restaurante populares fornece entre 70% e 120% das necessidades calóricas diárias para uma mulher sedentária, cerca de 2 mil quilocalorias (kcal).

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“Os profissionais da área da saúde que lidam com pessoas obesas estão muito preocupados em orientar a população para não comer fast food, mas, na hora que vai ver a refeição completa, ela também está exagerada”, afirma a pesquisadora brasileira Vivian Suen, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

O trabalho, coordenado pela Tufts University e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi publicado no British Medical Journal.

Na média, os fast foods ofereciam refeições com 809 calorias, enquanto as servidas à la carte (que constam do cardápio), 1.317 kcal. A pesquisadora alerta que o resultado não indica que o fast food é uma refeição mais saudável, pois não foi analisado cada nutriente, mas chama a atenção para o PF, que poderia ser uma refeição equilibrada e que, na verdade, está contribuindo para o ganho de peso.

Além da quantidade de comida oferecida pelos restaurantes em uma única refeição, também foram percebidos preparos que fazem aumentar o ganho calórico. Vivian cita como exemplo o arroz, que comumente está brilhante, indicando cozimento com excesso de óleo.

“O estudo não focou na qualidade, mas podemos dizer que tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo, essa alimentação não é saudável. Precisa prestar atenção nesse prato feito, que é uma refeição completa, mas que não está sendo saudável”, alertou. Os dados mostram que 94% os pratos à la carte e 72% dos servidos em fast foods continham mais de 600 kcal, mais que o consumo energético por refeição recomendado pelo Sistema de Saúde Pública da Inglaterra (NHS).

O estudo mediu as calorias de 223 amostras de pratos populares e de 111 refeições escolhidas aleatoriamente à la carte e de fast foods de restaurantes de Ribeirão Perto (Brasil), Pequim (China), Kuopio (Finlândia), Acra (Gana) e Bangalore (Índia). Eram considerados restaurantes que ficam a um raio 25 qiuilômetros de cada centros de pesquisa.

Conforme as medições, o tradicional PF brasileiro, com arroz, feijão, frango, mandioca, salada e pão, tem 841 gramas e 1.656 kcal. O clássico ganês fufu, com carne de bode e sopa, tem 1.105 gramas e 1.151 kcal. O típico prato indiano biryani de carneiro tem 1.012 gramas e 1.463 kcal.

Organismo resiste

A obesidade é considerada uma epidemia global pela OMS. Estima-se que 1,9 bilhão de adultos tenham sobrepeso, dos quais 600 milhões estão obesos. “Diabetes, colesterol aumentado, aumento do triglicerídeos, pressão alta, tudo isso que a gente sabe que acompanha a obesidade quando ela se torna uma doença crônica”, destaca Vivian.

A pesquisadora explica que as porções exageradas têm efeito no chamado mecanismo compensatório. “São pessoas que não conseguem compensar numa refeição seguinte o que ela comeu antes. O organismo do obeso desenvolve defesas contra perda de peso."  Segundo Vivian, a pessoa obesa perderia a percepção para regular a quantidade de comida necessária para a refeição subsequente.

Outro problema é que o organismo de pessoas obesas cria resistência à perda de peso. De acordo com a pesquisadora, que há casos descritos na literatura médica em que, à medida que se reduz a ingestão calórica, a pessoa em tratamento começa a gastar menos calorias. “Parece que o organismo, a partir de certo peso, tenta manter o peso que tinha antes. Ninguém sabe explicar ainda como é que isso realmente funciona.”

Vivian diz que o melhor é prevenir o ganho de peso. “Se você vai a um desses restaurantes em que a porção é excessiva, divida. Não coma tudo. E tente, dentro daquilo que existe disponível, escolher as opções mais saudáveis. Depois que a pessoa ganha peso é muito difícil perder”, recomenda a pesquisadora, que aconselha ainda mudanças no ato de comer, como mastigar devagar e dar mordidas menores na comida.

Com mais de 13,5 mil pedidos até o dia 20 deste mês, o número de habeas corpus apresentados ao Supremo Tribunal Federal (STF) bateu recorde em 2018. Os dados confirmam uma tendência de crescimento desse instrumento constitucional, que já havia dobrado de 2016 para 2017, ao ultrapassar a marca de 11 mil. Como a Corte não consegue dar conta de todos os casos - apenas um quarto deles já passou por todas as etapas de tramitação -, a maioria acaba sendo analisada de forma monocrática, quando a sentença é dada isoladamente por um dos 11 ministros da Corte, sem passar pelo colegiado.

Especialistas apontam para uma espécie de conflito entre a Corte mais alta do País e as outras instâncias do Poder Judiciário. Para Ivar Hartmann, professor da FGV-Rio e coordenador do projeto Supremo em Números, muitos magistrados de instâncias inferiores tomam decisões contrárias a precedentes abertos pelo STF. Isso faz com que a defesa dos réus recorra à última instância por entender que os ministros podem lhes conceder o habeas corpus, medida prevista na Constituição de 1988 para impedir violência ou coação no direito de ir e vir, seja por ilegalidade ou abuso de poder.

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"Esse fator é um gatilho. Mas o causador principal é a lógica do sistema Judiciário brasileiro, que é uma lógica de revisão incessante de decisões", diz Hartmann. "Ou seja, ainda que exista o descumprimento de decisões do Supremo, a saída para isso certamente não é que o próprio Supremo revise todos esses casos. Não é sustentável."

Para lidar com a demanda gigantesca, os ministros acabam recorrendo às decisões monocráticas, sem passar pelas turmas. Foram concedidos neste ano 642 habeas corpus, o equivalente a cerca de 5% dos recebidos pelo STF. Dentre eles, quase todos foram decididos por apenas um ministro individualmente - 568, ante 74 debatidos pelas turmas. Em termos porcentuais, 88,5% de monocráticas e 11,5% de decisões colegiadas.

Foi o caso de decisão anunciada em setembro pelo ministro Gilmar Mendes, que mandou soltar o ex-governador do Paraná Beto Richa, a mulher do político e outras 13 pessoas, todos acusados de irregularidades em licitações públicas. Gilmar argumentou que havia "indicativos de que tal prisão" teria "fundo político" (Richa foi candidato ao Senado pelo Paraná, mas não foi eleito). Outros políticos também bateram à porta do Supremo neste ano.

Há dez anos, essa relação era quase inversa. Enquanto 78,5% das decisões passaram por discussão na Corte, apenas 21,5% foram baixadas por um só juiz.

Marco Aurélio

A decisão monocrática, porém, não é uma exclusividade do habeas corpus. A liminar do ministro Marco Aurélio que suspendia as prisões após condenação em segunda instância é um exemplo disso. Monocrática, ela antecipava, antes do veto do presidente Dias Toffoli, o eventual efeito de Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) que será discutida só em abril de 2019 pelo plenário.

"É um fenômeno inevitável. Não é possível 11 ministros ou duas turmas decidirem sempre colegiadamente esse volume. Enquanto não mudarem as regras do sistema, o ministro vai continuar decidindo monocraticamente porque não tem alternativa", afirma Hartmann.

O excesso de pedidos também já foi criticado por integrantes do Supremo. Durante sessão em abril passado, o ministro Luís Roberto Barroso disse que a Corte não deveria funcionar como uma "quarta instância" de análise de todas as ordens de prisão do país, mas sim se concentrar em processos que tratem de questões constitucionais. "Está completamente desarrumado o sistema de habeas corpus no Brasil", disse ele à época. "Não é papel de nenhuma corte constitucional no mundo julgar 10 mil habeas corpus por ano. É inexplicável, não há sentido nisso."

Num contexto de decisões dos tribunais inferiores que vão contra precedentes do Supremo, o excesso de decisões individuais dos ministros em habeas corpus tem ainda outra explicação, diz o professor Thiago Bottino, também da FGV. "Se devem ao fato de que as ilegalidades eram manifestas e já deviam ter sido corrigidas pelos tribunais inferiores. E, por serem questões já decididas de forma reiterada pelo STJ e STF, não há necessidade de gastar tempo de julgamento nos órgãos colegiados."

Histórico

O montante de habeas corpus recebidos pelo Supremo nem sempre foi tão grande. Até o início dos anos 2000, nenhum ano pós-redemocratização havia batido a marca de mil pedidos. Em 1990, primeiro ano com dados registrados pelo tribunal no seu portal de transparência, chegaram apenas 91. O número é mais de 130 vezes menor do que o de 2018.

Esse excesso de processos, na visão dos especialistas, faz com que o STF perca tempo com revisões e deixe de agir como uma Corte constitucional e definidora de teses. "O grande número de processos atrapalha o tribunal. Sobretudo porque gasta tempo 'corrigindo' as 'decisões erradas' dos tribunais de segunda instância", diz Bottino.

No universo de habeas corpus que chegaram ao Supremo, mais de 100 pedem a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância na Lava Jato, segundo dado do jornal O Globo. Não é preciso integrar a defesa de um preso para apresentar o pedido de HC. No entanto, é comum o Tribunal julgar apenas os enviados pelos advogados.

HCs protegem políticos

Apesar de a maioria dos pedidos de habeas corpus ser de réus desconhecidos, vários políticos, para além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recorreram neste ano no Supremo Tribunal Federal.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, foi preso no dia 29 de novembro por supostamente integrar esquema que desviou recursos de obras no Estado. Dez dias depois, o ministro Alexandre de Moraes negou o habeas corpus impetrado pela defesa.

Quem teve mais sorte foi o ex-governador do Rio Grande do Norte Fernando Freire, que em setembro recebeu decisão favorável de Gilmar Mendes - o ministro foi quem mais deu HCs em 2018, com 190 concessões. Freire é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso conhecido como Máfia dos Combustíveis e continua preso por ter sido condenado em segunda instância em outras ações.

Gilmar negou um pedido de liberdade solicitado por outro ex-governador: Sérgio Cabral, do Rio, que teria iniciado o esquema do qual Pezão faria parte, de acordo com o Ministério Público.

Também do Rio, o ex-governador Anthony Garotinho recebeu em outubro uma decisão favorável do ministro Ricardo Lewandowski, que permitiu a ele aguardar em liberdade julgamento no qual é acusado de formação de quadrilha - ele teria pago propina a delegados para facilitar a exploração de jogos de azar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma viga de ferro caiu sobre um caminhão na Avenida Guarulhos, 2420, na cidade da Grande São Paulo que leva o mesmo nome. O acidente ocorreu nas proximidades da Rodovia Dutra, na manhã desta terça-feira (5). De acordo com a Polícia Militar, o caminhão teria batido no limitador de altura e, depois, a estrutura teria caído sobre o veículo.

Informações preliminares da PM indicam que o motorista teve ferimentos graves no braço, recebeu os primeiros socorros e foi levado a um hospital. O fluxo de veículos no entorno da Avenida Guarulhos, na altura do número 2.420, foi interditado. Até às 7h, não havia previsão de liberação.

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Outro caso

Em 20 de novembro, a juíza Adriana Nolasco da Silva, de 46 anos, morreu após o carro em que estava ser atingido por um bloco de concreto que caiu do viaduto Fepasa, na Avenida do Estado, região central de São Paulo. A tragédia foi provocada pela colisão de um caminhão com excesso de altura contra a ponte por onde passa uma linha de trem, próxima à estação da Luz.

A ponte tem placa indicando altura de 4,30 metros. Uma perícia feita pelo Instituto de Criminalística (IC) constatou que o caminhão media 4,46 metros, ou seja, 16 centímetros acima do limite indicado no viaduto. Os peritos detectaram ainda um desnível de 15 centímetros no trecho do asfalto que fica debaixo da ponte.

O resultado da autópsia do estudante americano Davis Allen Cripe, de 16 anos, que sofreu uma arritmia em sala de aula final de abril, aponta que o rapaz morreu após ingerir uma alta quantidade de cafeína em um curto intervalo de tempo. 

O jovem teria "virado" um café latte, um refrigerante Diet Mountain Dew e um energético no intervalo de duas horas antes de sofrer uma arritmia em sala de aula. O incidente aconteceu no dia 26 de abril, na Carolina do Sul, Estados Unidos. 

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Gary Watts, o legista do caso, participou de uma coletiva na segunda-feira (15) onde esclareceu que Cripe morreu por um problema cardíaco induzido por cafeína, que teria causado a arritmia. Durante uma arritmia, o coração não bombeia sangue suficiente para o corpo e o déficit de fluxo sanguíneo afeta o cérebro, coração e demais órgãos vitais. 

De acordo com a autópsia, o rapaz não sofria de qualquer problema cardíaco e não foram encontradas outras drogas no organismo de Cripe. 

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