A rede de lojas Havan começou a vender alimentos não perecíveis como arroz, feijão e macarrão para conquistar o status de atividade essencial e reabrir durante a pandemia. A rede de lojas de departamentos pertence ao empresário bolsonarista Luciano Hang e é conhecida por vender eletrodomésticos e utilitários para o lar.
Essa foi a estratégia encontrada por Hang para driblar os decretos estaduais de fechamento do comércio e continuar operando. A comercialização de itens da cesta básica, iniciada há cerca de duas semanas, foi endossada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que havia incentivado o empresariado a "jogar pesado".
##RECOMENDA##Contudo, o baixo estoque reforça o argumento de que o objetivo de Hang é forçar a abertura das lojas na tentativa de mostrar-se como hipermercado. Na unidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, foi contabilizado nas prateleiras apenas 20 pacotes de feijão, 18 de arroz, 12 garrafas de óleo, 21 de milho verde, 17 de ervilha, 12 de molho de tomate e cinco de salsicha, apontou apuração da Folha de S. Paulo realizada nessa segunda-feira (18). Já na loja virtual, os únicos itens de alimentação à venda são chocolates e café.
Das 143 filiais, apenas 16 estão fechadas nos estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Pará e Acre. O setor jurídico da Havan luta por liminares que concedam a reabertura, como ocorreu em Lorena e Araçatuba, localizadas em São Paulo. A mesma jogada foi tentada em Rio Branco, no Acre, e Vitória da Conquista, na Bahia, mas sem sucesso.
No município baiano, os diretores ignoraram o decreto da prefeitura e reabriram a unidade na última quarta-feira (13), mesmo após a recusa das autoridades públicas. Equipes da prefeitura foram ao local e interditaram a loja. Já no Acre, a unidade foi fechada pela Vigilância Sanitária no dia 1º de maio.
Outra forma de pressionar a retomada total das atividades nas lojas vem do protesto de funcionários. Mesmo em cidades de estados diferentes, as camisas e as mensagens estampadas são idênticas, assim como os gritos. Segundo a reportagem, uma funcionária que participou da manifestação ocorrida em Franca, São Paulo, disse que a movimentação espalhada pelo país tem apoio da empresa. A Havan não quis se pronunciar.
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