A Meta, casa matriz do Facebook, quer garantir a difusão de informação confiável em suas plataformas, populares na América Latina, e um acesso seguro a seu metaverso, afirmou seu presidente de Assuntos Globais, Nick Clegg.
Queremos "que quando nossos serviços forem usados em eleições e momentos de maior debate, tenhamos um papel responsável para garantir às pessoas acesso a informação autorizada", disse Clegg em entrevista à AFP em Los Angeles, onde participa da Cúpula das Américas.
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"E se observamos a forma como nossos serviços têm sido usados na América Latina durante a pandemia (...), o WhatsApp foi uma das formas mais importantes em que as pessoas encontraram acesso a informação confiável sobre onde poderiam conseguir uma vacina", avaliou.
"Trabalhamos com 'fact checkers' independentes na América Latina, trabalhamos no WhatsApp com muitos governos na região para ajudar as pessoas a encontrar informação confiável sobre a pandemia e eleições", explicou.
"Se as pessoas não se sentem seguras, não vão usar nossos aplicativos. É para a sociedade, mas também para nosso próprio interesse", acrescentou Clegg.
A AFP faz parte do programa de verificação digital da Meta em mais de 80 países e 24 idiomas. No âmbito deste programa, a Meta paga a cerca de 80 organizações, incluindo meios de comunicação e checadores especializados, em troca de usar suas verificações em Facebook, WhatsApp e Instagram.
Assim, o conteúdo qualificado como "falso" atinge um público menor. O usuário que tenta compartilhar essa publicação recebe um artigo explicando que o mesmo é enganoso e quem já a compartilhou recebe uma notificação com um link para a verificação. Nenhuma publicação é retirada das plataformas e os checadores de fatos são livres para escolher como ou o que averiguar.
- Metaverso -
Número três no comando da gigante californiana, Clegg avaliou que há grandes oportunidades para a América Latina com o metaverso, universo virtual onde é possível ter uma vida paralela, a grande aposta de Mark Zuckerberg.
"Vai beneficiar a América Latina porque haverá uma economia digital totalmente nova e as pessoas vão vender e comprar serviços e benefícios digitais que ainda não foram inventados. O potencial é enorme no continente", afirmou.
Mas ele não se arriscou a antecipar planos de investimentos. "Estamos em uma viagem, nas primeiras etapas desta viagem para o metaverso, e não posso dizer hoje exatamente como vamos investir no futuro", acrescentou.
Diferentemente das redes sociais atuais, onde uma publicação com ameaça ou assédio pode ficar no ar por horas antes de ser derrubada, com o metaverso isto poderá ser melhor controlado, explicou.
"No futuro seria muito diferente. Isso vai dar às pessoas muito mais controle, como controlar sua interação. Se eu não quero falar com você no futuro do metaverso, eu posso simplesmente sair do espaço de um momento a outro", como na vida cotidiana, quando não se quer interagir com alguém.
Um dos princípios "fundamentais" do metaverso "será a interoperabilidade".
Isso significa que "no futuro, se estamos falando no metaverso da Meta e queremos ir juntos ver um show no metaverso da Microsoft (...), podemos passar de uma parte a outra do metaverso", detalhou Clegg.
Por isso mantêm conversas com Microsoft, Google, Magic Leap, além de governos e especialistas, para estabelecer as regras, destacou.
"Que seja uma experiência que tenha liberdade de circulação de um metaverso para outro, mas também segurança. Esse equilíbrio entre liberdade e segurança é fundamental", explicou.
- A essência do WhatsApp -
Sobre o WhatsApp, outra ferramenta popular na região, Clegg disse que estudam a forma de monetizá-la, mas sem perder sua essência.
"Agora não monetizamos o WhatsApp muito em comparação com o Facebook e o Instagram porque não há publicidade da mesma forma", lembrou.
"Estamos tentando ver como as pessoas podem usar o WhatsApp para pagar" suas compras "sem trocar" o motivo pelo qual "as pessoas gostam de usar o WhatsApp, que é (ser) simples, privado, seguro", detalhou.
Outro dos objetivos da Meta, segundo Clegg, é garantir que as pequenas e médias empresas latino-americanas que usam suas plataformas para negócios continuem a fazê-lo sem contratempos.