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Após mais de dois anos de investigação do Ministério Público do Rio, o senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia se dá no âmbito do Caso Queiroz, como ficou conhecido o processo das "rachadinhas" supostamente praticadas pelo filho do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Além de Flávio, foi denunciado o ex-assessor Fabrício Queiroz, apontado como operador do esquema, e outros 15 ex-assessores. O MP fala ainda em apropriação indébita.

A reportagem ainda apura quais ex-assessores também foram denunciados. Caso a Justiça aceite a denúncia, o filho de Bolsonaro e seus ex-assessores virarão réus. A Promotoria ajuizou a denúncia no dia 19 de outubro, mas, como o desembargador relator estava de férias, a peça só chegou a ele nesta terça-feira (3).

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Queiroz está atualmente em prisão domiciliar. Ele chegou a passar menos de um mês detido em Bangu, na zona oeste do Rio, mas conseguiu ir para casa por meio de habeas corpus. O ex-assessor foi encontrado numa casa de Frederick Wassef, ex-advogado de Flávio, em Atibaia, São Paulo - o que foi considerado, junto com mensagens obtidas pelo MP, provas de que o grupo buscava se esconder das investigações.

Na denúncia apresentada à Justiça, o MP amarra uma série de informações que já haviam sido oferecidas ao longo da investigação. Tudo gira em torno de Flávio Bolsonaro ter supostamente se apropriado do dinheiro público da remuneração de seus assessores e, depois, praticado a lavagem desses recursos por meio da organização criminosa.

Desde o início do ano surgiam rumores de que a denúncia estava prestes a ser apresentada, dado o nível de embasamento das provas que o MP elencou ao longo da investigação. No entanto, uma série de imbróglios judiciais, envolvendo principalmente o foro do senador, prorrogaram o andamento do caso.

Antes da denúncia, o processo estava nas mãos do subprocurador-geral de Justiça e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins. Quem tocou quase toda a investigação, contudo, foi o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc).

O MP apura, desde 2018, o suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de Flávio. Assessores repassariam seus salários ao chefe por meio de Queiroz, o operador. Ao longo das apurações, a Promotoria revelou ainda uma série de indícios de que o senador e ex-deputado teria "lavado" dinheiro por meio de imóveis e de uma franquia da rede Kopenhagen.

Entenda abaixo o porquê dos três crimes citados na denúncia:

Peculato - É o desvio de dinheiro público. Ou seja, seria a essência da "rachadinha": ao repassarem seus salários, os assessores estariam praticando o crime, assim como seus chefes. Ao longo da investigação, o MP mostrou uma série de dados das quebras de sigilo bancário e fiscal que apontaram saques em dinheiro e transferências bancárias dos funcionários para Queiroz.

Lavagem de dinheiro - Aqui, nem todos os assessores devem ser enquadrados. Flávio e Queiroz, porém, tem na lavagem um ponto-chave. Como seriam o "autor intelectual" e o operador do esquema, respectivamente, eles teriam agido para lavar o dinheiro supostamente desviado dos cofres públicos. Isso supostamente se deu por diferentes formas, no caso do senador: transações imobiliárias com dinheiro vivo e supostas fraudes em declarações da sua franquia da rede Kopenhagen, por exemplo. Queiroz também teria colaborado para isso ao pagar contas da família de Flávio, como mensalidades da escola de suas filhas e plano de saúde.

Organização criminosa - Ao participarem todos do suposto esquema de "rachadinha", Flávio, Queiroz, os ex-assessores e demais aliados se enquadram no que o MP considera uma organização criminosa. Em casos como esse, costuma-se apontar uma pessoa (Flávio, no caso) como "autor intelectual" dos crimes praticados pelo grupo, além de um operador (Queiroz).

O Ministério Público do Rio (MP-RJ) e a Polícia Civil realizam operação, nesta terça-feira (20), para cumprir mandados de busca e apreensão no inquérito que investiga possível prática de 'rachadinha' em gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A ação ocorre em endereços no Rio e em Niterói.

As investigações ocorrem sob sigilo, e em função disso o MP-RJ não forneceu detalhes sobre quem seriam os alvos da operação desta terça. Segundo o jornal O Globo, a ação mira o ex-deputado estadual Pedro Augusto (PSD) e outros três assessores. Atualmente, Pedro Augusto é 1º suplente do PSD do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados.

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A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ), em conjunto com a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), e a Polícia Civil, por meio do Departamento Geral de Combate à Corrupção e ao Crime, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD).

O Estadão pediu posicionamento ao ex-deputado Pedro Augusto e aguarda retorno.

Outro caso

Filho do presidente Jair Bolsonaro, o atual senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) também é alvo de investigação por "rachadinhas" - entrega de parte do salário, pelos assessores, ao parlamentar ou algum aliado.

Ele é investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, em suposto esquema do qual faria parte seu então assessor parlamentar Fabrício Queiroz, demitido em 2018, quando surgiram os primeiros indícios de irregularidade no gabinete de Flávio na Alerj. Queiroz está em prisão domiciliar no Rio de Janeiro.

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou o senador Flávio Bolsonaro e seu ex assessor parlamentar quando exercia a função de deputado estadual do Rio do Janeiro, Fabrício Queiroz, nesta segunda-feira (28) no inquérito das "rachadinhas", como o caso ficou conhecido. 

Tudo começou após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, identificar uma movimentação atípica de cerca de um milhão de reais na conta de Queiroz. Desde então se desencadeou a investigação que já levou Queiroz à prisão, após o sigilo financeiro de 106 pessoas ser quebrado em abril de 2019. 

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Vale ressaltar que Fabrício ficou foragido por um mês, mas acabou encontrado, após denúncias, em um sítio do advogado de Flávio na época, Frederic Wassef, também amigo e considerado um 'conselheiro' do clã Bolsonaro. 

De acordo com o jornal O Globo, o processo ainda não foi recebido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro devido a problemas no envio remoto. Caso a situação persista, o processo deverá ser entregue ainda esta semana diretamente no tribunal.  

O deputado Marcelo Freixo se posicionou sobre o tema e celebrou a denúncia: "URGENTE! Flávio Bolsonaro e Queiroz são denunciados pelo Ministério Público por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. A casa está caindo!".

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MP-RJ) realizaram uma operação de busca e apreensão, nesta quarta-feira (9), em endereços ligados ao PM reformado Ronnie Lessa e ao ex-vereador Cristiano Girão (sem partido). Os dois são investigados por um duplo homicídio ocorrido em 2014.

Ronnie Lessa já está preso acusado de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. O caso investigado agora não teria relação com esse crime.

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A operação desta quarta tenta elucidar o assassinato do ex-policial militar André Henrique da Silva Souza e da companheira dele, Juliana Sales de Oliveira. O crime aconteceu na Gardênia Azul, na zona oeste do Rio. André Henrique era apontado como um dos líderes de uma milícia que atua na região, e sua morte teria sido motivada por disputa territorial.

A reportagem tenta contato com a defesa dos acusados. O espaço está aberto para manifestações.

A investigação que apura o esquema de rachadinhas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) indica que um ex-assessor da família Bolsonaro, o cabelereiro Márcio Gerbatim, fez movimentações bancárias atípicas e sacou todo o salário que recebeu em dois anos. No gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) entre abril de 2008 e abril de 2010, e nomeado pelo então deputado Flávio Bolsonaro (Republicanos) entre 2010 e 2011, o ex-assessor foi casado com Márcia Aguiar, atual companheira de Fabrício Queiroz.

Além da quebra de sigilo bancário do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) teve acesso às contas de ex-assessores, como Gerbatim, que migrou do gabinete do vereador para o de Flávio em 2010, onde ficou até 2011. Carlos também é investigado por supostas rachadinhas e nomeações fantasmas, um de seus assessores morava em Minas Gerais, de acordo com O Globo.

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Enquanto esteve com Carlos na Câmara dos Vereadores, Gerbatim recebeu R$ 89.143,64 pelo Banco do Brasil. Durante o período, o total de créditos na conta foi de R$ 93.422,91 e o registro de saques somam R$ 90.028,96 em espécie. De acordo com o Estadão, o cabelereiro nem chegou a ter crachá de identificação enquanto assessorou o vereador.

Gerbatim recebia o salário no dia 5 de cada mês e se apressava para retirar o dinheiro do banco. No dia 1º de maio de 2008, o ex-assessor recebeu R$ 3.014,59 e, já no dia seguinte, fez dois saques de R$ 400 e R$ 500. No terceiro dia, retirou mais R$ 2.070.

A movimentação estranha se repete em julho, quando recebeu R$ 4.210 e, no mesmo dia, sacou todo o valor. Em agosto, ganhou R$ 3.077 e retirou no mesmo dia até mais que o recebido, R$ 3.099. Em fevereiro de 2009, recebeu R$ 3.318 e sacou R$ 3.169 em espécie. 

O próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a depositar R$ 10 mil para Gerbatim, em 9 de junho de 2010. Após dois dias, o nomeado efetuou um pagamento de R$ 10 mil na Real Veículos Comércio e Serviços. Questionada, a empresa não soube informar sobre a compra. No dia 30 de outubro de 2008, Bolsonaro já lhe havia transferido R$ 100.

Em dezembro de 2018, o ex-assessor parlamentar afirmou que trabalhou como motorista de Flávio, mas negou a entrega de parte dos salários que caracteriza a rachadinha.

A Rede Sustentabilidade pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que dê preferência de julgamento à ação movida pelo partido contra a decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) que concedeu foro privilegiado ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das 'rachadinhas'. A nova petição foi anexada aos autos após a defesa do filho do presidente pedir ao Conselho Nacional do Ministério Público a troca de investigadores que conduzem as apurações.

A ação da Rede está sob relatoria do decano, ministro Celso de Mello, que em julho enviou o caso diretamente para análise do plenário. Devido ao recesso do Judiciário, o processo ficou parado até o início deste mês, e ainda não tem data para ser julgado, pois aguarda manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

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Segundo a Rede, a tentativa de troca de investigadores do caso das rachadinhas deriva de 'interpretação inconstitucional' dada pela decisão do TJRJ. A defesa de Flávio alega que, como o processo saiu da primeira para a segunda instância, o caso das rachadinhas não poderia mais ser investigado pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate à Corrupção (Gaecc), que lidera as apurações desde o começo.

"O que se vê, portanto, Excelência, é que a interpretação inconstitucional dada pelo TJRJ ao 'foro privilegiado' quando do julgamento do caso do Sr. Flávio vem causando alguns efeitos práticos nas investigações, como tentativa de mudança de promotores e maneira de condução do caso", afirma a Rede.

Nos autos, a defesa de Flávio Bolsonaro defendeu o foro privilegiado como medida para evitar 'pressões de juízes solitários', que podem ser contaminados por 'influxos e pressões'.

A ação da Rede é um dos dois processos que correm no Supremo contra o foro privilegiado dado ao senador no caso das 'rachadinhas'.

O Ministério Público do Rio, responsável pelas investigações, apresentou reclamação à Corte e o caso está nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Antes do recesso, o relator pediu informações ao TJRJ e parecer da PGR antes de tomar qualquer medida no caso.

O Ministério Público do Rio de Janeiro ajuizou, na segunda-feira (10), uma ação civil pública para obrigar a Fundação Getulio Vargas (FGV) a destituir seu presidente, Carlos Ivan Simonsen Leal, e outros cinco dirigentes. Todos são acusados da suposta prática de atos ilícitos quando da contratação da instituição, pelo governo fluminense, para assessorar na privatização do Banco o Estado do Rio (Berj), iniciada em 2006 e concluída alguns anos depois. Procurada, a FGV disse estranhar a iniciativa do MP, que considerou "arbitrária" e com possíveis "consequências gravíssimas".

De acordo com a ação, a FGV recebeu do Estado R$ 28.646.611,79 pelo serviço. Para estabelecer o valor das ações do Berj, a direção da fundação subcontratou um banco privado, ao qual destinou parte do que recebeu no contrato, em valores superfaturados, sem correspondência os serviços contratados.

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Na operação, a instituição bancária teria feito pagamentos ilícitos de R$ 6 milhões a integrantes do governo estadual, à época comandado por Sérgio Cabral Filho (MDB).

O ex-governador foi preso em 2017 e já foi condenado a quase 300 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, em diferentes processos. Ainda segundo a ação, outra parte dos recursos foi destinada aos dirigentes da FGV. O dinheiro teria chegado a eles, segundo o MP, por meio de pagamentos a pessoas jurídicas em seus nomes ou por intermédio de empresas subcontratadas.

A ação foi apresentada à Justiça pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção do Ministério Público (GAECC/MPRJ) e pela 3ª Promotoria de Justiça de Fundações. Os promotores argumentam que a FGV ainda é conduzida com os mesmos propósitos da época das supostas irregularidades.

Haveria, segundo os promotores, sistemática captação de dinheiro público para distribuição disfarçada de lucros na entidade. Isso seria vedado por lei em fundações de direito privado como a FGV.

"Nada sugere a alteração de posturas na condução da entidade, tampouco a mudança do padrão de comportamento, segundo o qual seus subordinados atuam em abuso da personalidade jurídica da FGV, em desvio de finalidade, de forma a exercerem sistematicamente influência junto a agentes políticos para captação de recursos públicos", explica o MP-RJ.

O inquérito civil que serviu de suporte para a ação civil pública foi instaurado após o Ministério Público Federal no Rio, por meio da força-tarefa da Lava Jato, investigar, na Operação Golias, um dirigente do banco acusado de envolvimento no caso.

De acordo com a delação de Carlos Miranda, um dos operadores do esquema de Cabral, o governo contratou a FGV, mediante dispensa de licitação, para encobrir a contratação da instituição bancária, cuja subcontratação seria um compromisso da FGV.

As investigações apontaram uma série de ilícitos cometidos durante o processo. Eles foram do direcionamento da licitação, ainda em 2006, e passaram pela adoção de cláusula de êxito e pela adição da venda do direito de exploração do processamento da folha de pagamentos dos servidores até o ano de 2013.

O que diz a FGV

Em nota, a FGV não abordou especificamente as acuações e afirmou que não foi citada em relação a nenhuma ação ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Rio. Informou ainda que "estranha tal informação já que, se for verdade, trata-se de medida por demais arbitrária, que causará danos irreparáveis e consequências gravíssimas a uma instituição reconhecida mundialmente pela sua competência e que, além de sempre ter atendido a todas às solicitações do MP-RJ, possui projetos sociais, educacionais e governamentais, inclusive relacionados à segurança nacional, que serão afetados de forma incalculável".

Sérgio Cabral

Também por meio de nota, a defesa de Cabral afirmou que "o ex-governador é colaborador da Justiça com acordo celebrado com a Polícia Federal e homologado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele vem esclarecendo todos os fatos e está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento".

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e a mulher dele, Fernanda, foram intimados nessa quinta-feira (2). pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) a prestarem depoimento durante a próxima semana na investigação sobre o esquema de "rachadinha", a devolução do salário de assessores que supostamente vigorava no gabinete de Flávio enquanto ele era deputado estadual no Rio.

O Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), do MP-RJ, agendou o depoimento de Fernanda para segunda-feira (6). Já o senador deve escolher entre a segunda ou a terça-feira (7), conforme preferir. A defesa do senador afirmou que essas datas são "uma sugestão" do MP.

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O Gaecc investigava o caso desde abril de 2019, mas na semana passada o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) decidiu conceder foro especial ao senador e enviou o caso para a segunda instância. Desde então, o titular da investigação passou a ser o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem.

Como o Gaecc atua na primeira instância, a defesa de Flávio Bolsonaro alega que o grupo não tem poderes para seguir no caso e agendar depoimentos. Mas, em nota, o MP-RJ esclareceu que "a chefia institucional delegou aos promotores de Justiça do Gaecc/MP-RJ os poderes para prosseguir nas investigações até seu termo final".

Segundo o órgão, "o Gaecc/MP-RJ atua em auxílio ao promotor natural que, no caso, por conta do decidido pela Terceira Câmara do TJ-RJ em recente habeas corpus, passou a ser o procurador-geral de Justiça". A nota ressalta que o caso segue sob sigilo e que "as investigações seguem seu curso normal, sem paralisações desnecessárias por conta de mudanças de competência jurisdicional".

Em 22 de junho, os advogados Luciana Pires e Rodrigo Roca, que assumiram a defesa de Flávio Bolsonaro em substituição a Frederick Wassef, pediram ao MP-RJ para que o senador preste depoimento, alegando que é um direito dele esclarecer pessoalmente os fatos.

Mas os advogados afirmam que, em função da decisão do TJ-RJ, o órgão competente para tomar o depoimento de Flávio é o Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim) da Procuradoria-Geral de Justiça. Em nota divulgada nesta quinta-feira, a defesa do senador afirmou que "causa espanto que o Gaecc insista em colher depoimento dos investigados".

A defesa pediu que o grupo do MP-RJ informe se tem designação para agendar os depoimentos. Segundo os advogados, apenas depois dessa informação (e caso o grupo realmente tenha poder para agendar os depoimentos) a data será marcada.

A operação Anjo, que prendeu o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, também fez, na manhã desta quinta-feira (18), buscas em um endereço em Bento Ribeiro, na Zona Norte do Rio. O imóvel, segundo a TV Globo, é vizinho a uma casa que consta na relação de bens do presidente Jair Bolsonaro. 

O endereço alvo das buscas é Alessandra Esteves Marins, que trabalha para Flávio. Inicialmente, a informação era de que a ação policial teria acontecido no imóvel declarado por Bolsonaro como seu e que foi usado por anos como escritório político e comitê de campanhas eleitorais, mas a casa, na realidade, pertence a Alessandra.

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Alessandra é lotada no escritório de apoio do senador que fica no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A assessora já trabalhou com Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e está entre os investigados pela suspeita de "rachadinha" - o desvio dinheiro dos salários dos funcionários públicos.

De acordo com o G1, na manhã de hoje o presidente deixou o Palácio da Alvorada em um comboio em alta velocidade e não parou para falar com apoiadores, como faz rotineiramente. 

A ação policial deflagrada nesta quinta é capitaneada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e apura um suposto esquema de rachadinha no gabinete de Flávio na Assembleia do Rio de Janeiro, onde ele foi deputado estadual até 2018.

*Com a Agência Estado

Segundo a Subprocuradoria-geral de Justiça de Assuntos Criminais de Direitos Humanos do Ministério Público do Rio há elementos de provas que indicam, 'de forma veemente', o envolvimento do juiz João Luiz Amorim Francio, da 11ª Vara de Fazenda Pública, em um esquema de venda de sentenças e direcionamento de nomeações de peritos mediante pagamento de propina. A informação consta em pedido encaminhado ao órgão especial da Corte fluminense que culminou na operação Erga Omnes no dia 24 de abril.

Na representação, a subprocuradoria aponta ainda suposto envolvimento do secretário do magistrado Marcus Vinicus Farah Noronha, do advogado Joel Fernandes Pereira da Fonseca e do empresário Nelson Sequeiros Rodriguez Tanure, no esquema de corrupção que caracterizou como 'sofisticado'.

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Na Erga Omnes, 'vale para todos' em português, o Ministério Público e a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Rio cumpriram 22 mandados de busca e apreensão contra residências, empresas e escritórios de advocacia de 18 investigados. Além de Amorim, o juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial também foi alvo da operação.

A representação do MP-RJ pelas medidas cautelares indica que a investigação teve como base um processo administrativo conduzido pela Corregedoria-Geral de Justiça e ainda informações prestadas pelo perito Charles da Fonseca William, que foi preso em dezembro de 2019 na Operação Expertus e denunciado dias depois. Segundo a Promotoria ele teria recebido ao menos R$ 4,9 milhões em propinas de empresas de ônibus do Rio de Janeiro para produzir laudos favoráveis às companhias e interceder em benefício do setor, em casos em que era assistente técnico.

Segundo a subprocuradoria, o processo administrativo em questão foi instaurado após relatório da Divisão de Fiscalização Judicial constatar 80% das perícias realizadas na 11ª Vara de Fazenda Pública da Capital foram concentradas em apenas quatro peritos, sendo que os mesmos 'são beneficiados com honorários em valores arbitrados em valores muito acima da média'.

Já as informações de William entraram no radar dos investigadores após buscas da Expertus encontrarem em endereço do perito um documento da Corregedoria do Tribunal de Justiça, indicando 'vazamento da existência da investigação de natureza administrativa e a articulação dos envolvidos em manobras tendentes a obstruir os trabalhos investigativos'.

Questionado sobre a obtenção do relatório, William afirmou que o mesmo 'lhe foi entregue pessoalmente pelo magistrado João Amorim, oportunidade em que ordenou, em tom ameaçador, que caso fosse indagado, não deveria dizer nada que pudesse lhe comprometer'.

Na representação, o MP do Rio afirma que, segundo depoimento do perito, Amorim teria convidado William para atuar perante a 11ª Vara de Fazenda Pública da Capital, condicionando 'as suas nomeações ao pagamento de 10% dos valores brutos recebidos em cada perícia à título de propina'.

O documento diz ainda que a partir do final de 2014, início de 2015, o percentual pago por Charles aumentou para 20%, sendo que os outros 10% eram entregues a Marcus Vinicus Farah Noronha, secretário e homem de confiança do magistrado, segundo a subprocuradoria.

Os investigadores indicam que os pagamentos tiveram início em 2007 e somente se encerraram com a prisão de Charles William em dezembro de 2019.

Além das propinas para nomeações, o perito afirmou ter intermediado, por sua empresa de contabilidade, a venda de duas sentenças de João Amorim em favor de uma empresa integrante do Grupo Econômico Docas S.A. Segundo a representação, João Amorim teria acertado pagamento de R$ 330 mil por uma das decisões e R$ 1,35 milhão pela outra.

Após as intermediações, o perito diz que informou a Amorim que não continuaria a ajudá-lo com a venda de sentenças, 'oportunidade em que foi avisado pelo magistrado que perderia a 'preferência' nas suas nomeações e que seria substituído por Marco Antônio dos Reis Gomes', registra a subprocuradoria.

A representação enviada ao TJ-RJ registra ainda que Marco Antônio é o segundo perito mais nomeado junto a 11ª Vara de Fazenda da Capital, com mais de 170 nomeações.

Assim, segundo a subprocuradoria, há 'sérios indícios de que os mesmos ilícitos praticados entre Charles William e João Amorim, continuam ocorrendo, mas agora com o perito Marco Antônio e sua empresa de contabilidade'.

Charles William afirmou ainda em sua delação premiada que teria sido 'aconselhado' pelo próprio Marco Antônio, na presença do juiz Fernando Viana a não tentar nomeações perante a 7ª Vara Empresarial da Capital, pois aquela seria 'a sua área'.

Ainda segundo delação, em encontrou posterior nos arredores do fórum, Marco Antônio teria afirmado que 'entregava 50% dos valores recebidos pelas perícias feitas perante a 7ª Vara Empresarial da Capital ao irmão do magistrado Fernando Viana, que seria fiscal de rendas em Niterói e estaria afastado de suas atividades profissionais em razão de um envolvimento em um escândalo de corrupção'.

COM A PALAVRA, OS INVESTIGADOS

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com os investigados, sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Defensoria Pública do Estado denunciam em ação civil pública ajuizada na última sexta-feira, 17, o colapso iminente do sistema de saúde do Rio. As instituições afirmam que a ocupação dos leitos de UTI da cidade já chega a 93,9% da capacidade e pedem que Estado e município desbloqueiem 155 leitos de tratamento intensivo para pacientes com covid-19. Os governos negam que faltem leitos.

Os números foram levantados com base em dados do Sistema Nacional de Regulação (SISREG), sistema online que o Ministério da Saúde põe à disposição de Estados e municípios para gerenciamento e operação das centrais de regulação.

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De acordo com o pedido de liminar encaminhado à Justiça do Rio, o Estado e o Município destinaram à capital fluminense 749 leitos de UTI para tratamento do coronavírus. Isso inclui os hospitais de campanha, cuja inauguração está prevista apenas para o dia 30. Desses leitos, 287 estão nos hospitais estaduais e municipais da cidade e 155 ainda não entraram em operação ou estão sendo utilizados para outros fins. Os leitos bloqueados estão previstos no Plano de Contingência à Covid-19 e já deveriam estar em funcionamento. O MP-RJ e a Defensoria solicitam que o desbloqueio seja feito em cinco dias. Caso a medida não seja adotada, a ação requer que sejam requisitados leitos ociosos e disponíveis na rede privada.

A lista de unidades de saúde com leitos bloqueados inclui o Hospital Estadual Anchieta, o Hospital Municipal Ronaldo Gazola, o Hospital Universitário Pedro Ernesto, o Hospital das Clínicas (IESS) e o Instituto Estadual do Cérebro. A ação também pede que as administrações estadual e municipal não relaxem o modelo atual de distanciamento social até que os leitos estejam disponíveis.

Governos

Procurada, a secretaria de Estado da Saúde do Rio (SES) informou que, atualmente, a taxa de ocupação nas unidades da rede estadual é de 60% em leitos de enfermaria e 74% em leitos de UTI. Há dez dias, as taxas eram de 41% e 63%, respectivamente. A secretaria diz ainda que abriu, nos últimos 45 dias, 548 novos leitos exclusivos para pacientes infectados pela covid-19 em todo o Estado do Rio, incluindo as unidades citadas na ação civil pública. Outros 2 mil leitos serão inaugurados em hospitais de campanha.

Já a secretaria municipal de Saúde do Rio informou que 313 leitos exclusivos foram abertos para o atendimento de covid-19 nas unidades da rede municipal, sendo 109 de UTI. Outros 500 leitos estão sendo abertos no hospital de campanha, no Riocentro - 100 deles de UTI.

A Prefeitura disse ainda que a abertura de mais leitos de UTI depende de equipamentos, como 806 respiradores comprados antes da pandemia para reequipar as unidades de saúde municipais. Por dificuldades na chegada desses equipamentos, o prefeito Marcelo Crivella negociou um avião do governo federal para buscá-los entre os dias 27 de abril e 27 de maio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público do Rio trabalhou em colaboração com os investigadores da Bahia para capturar Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, que foi morto na manhã deste domingo (9). Em resposta a perguntas feitas pela reportagem, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) afirmou que monitorava há mais de um ano "a rede de proteção e os possíveis paradeiros" do miliciano. Ao descobrir que ele poderia estar na Bahia, pediu ajuda ao MP daquele Estado.

A nota também explica que o MP do Rio tinha conhecimento da operação desta manhã, ao mencionar que foi o Gaeco da Bahia quem obteve na Justiça a autorização. "Em razão do local do fato, as circunstâncias da morte do foragido da Justiça serão apuradas pelas estruturas locais com atribuição, conforme determina a lei", disse o órgão fluminense.

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Capitão Adriano era apontado como o chefe do Escritório do Crime, grupo miliciano que atua na zona oeste do Rio. Ele estava foragido desde janeiro de 2019, quando foi deflagrada a operação Os Intocáveis, que prendeu integrantes da milícia.

Apesar de ele não ser considerado envolvido na morte da vereadora Marielle Franco, o grupo é citado na investigação.

Outro caso emblemático no qual Adriano é citado é o que investiga a suposta "rachadinha" no gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio. A mãe e a ex-mulher do miliciano trabalhavam para Flávio, que já homenageou o ex-policial militar com a Medalha Tiradentes, mais alta honraria da Assembleia Legislativa (Alerj).

Nessa investigação do MP, os promotores afirmam que Adriano se beneficiava do dinheiro supostamente desviado dos cofres públicos por meio da "rachadinha".

O Big Brother Brasil 20 mal começou, mas já está dando o que falar por aí. O delegado e deputado estadual Bruno Lima surgiu revoltado no Instagram após se deparar com bate-papo entre Mari Gonzalez e Felipe sobre zoofilia na tarde do último domingo (26). Em vídeo, Bruno afirmou que irá acionar o Ministério Público do Rio de Janeiro sobre o caso.

"Sobre esse episódio no BBB, no qual duas pessoas batem papo sobre zoofilia, nossa equipe já está estudando as medidas legais, ver o que a gente pode fazer para não ficar só na teoria. Provavelmente vamos fazer uma representação no Ministério Público do Rio de Janeiro para apurar tais fatos. Zoofilia é crime, não é normal, não! Queria ver eles fazendo um resgate de um animal que foi estuprado e eles dizerem que é normal", declarou ele, que é conhecido por ser defensor das causas dos animais.

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Os confinados normalizaram a prática, que é considerada crime em alguns lugares do Brasil. Nas redes sociais, vídeos de Mari dizendo que para muita gente zoofilia é normal causou revolta.

"Para gente é anormal, mas para muita gente não é. E tudo bem também a pessoa querer comer um animal, tudo bem", declarou a sister. Felipe concordou com a colega de confinamento e afirmou que seus funcionários falam abertamente sobre o assunto e confirmam a prática com cabras.

No Twitter, os internautas ficaram indignados e acusaram os brothers de apologia à zoofilia: "Sei lá, só queria falar uma coisa: Não existe sexo entre homem e qualquer animal, o nome disso é estupro. Zoofilia é crime, não é normal, nem ok um homem estuprar um animal inocente que só tem relação com outros por instinto de reprodução. Não é normal, é desumano, sujo...", disse uma.

"Gente, zoofilia é crime, quem pratica isso não é doente, é criminoso, não tem como passar pano pra isso, isso não deveria nem ser comentado e de uma forma tão natural assim, é repugnante!", disse outra.

"Não Mari, sexo com o animal é anormal para todo o mundo. Quem faz isso é nojento e podre. Zoofilia é crime!", disse um terceiro.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) interpelou nesta terça-feira (12) o ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann a prestar esclarecimentos sobre uma afirmação que, segundo o jornal O Globo, foi feita por ele a um amigo a respeito da investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco, ocorrida em 14 de março de 2018.

Nota publicada por um colunista de O Globo às 14h25 desta terça afirma que "Jungmann, que era ministro da Segurança Pública quando Marielle Franco foi executada, disse a um amigo que, dado o nível de comprometimento da Polícia Civil e do Ministério Público estadual no Rio de Janeiro, não há a menor possibilidade de o caso ser solucionado se a investigação não for federalizada".

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O MP-RJ reagiu e, em nota divulgada à noite, comparou a afirmação a uma "atitude leviana", que "não vem acompanhada de qualquer elemento de convicção". "Considerando a gravidade do comentário, o Ministério Público decidiu indagar formalmente Jungmann em que consiste o 'comprometimento' das instâncias locais que estaria a embaraçar a investigação e que justificaria a propalada federalização. Só assim será possível dissipar qualquer aura de leviandade e permitir que se apure e puna quem esteja atuando à margem da lei", conclui a nota.

O ofício que, segundo o MP-RJ, foi encaminhado a Jungmann é assinado pelo procurador-geral de Justiça do Estado do Rio, Eduardo Gussem. O documento repete termos da nota, afirmando que "com o propósito de dissipar qualquer aura de leviandade e permitir que se apure e puna quem esteja atuando à margem da lei, sirvo-me do presente para indagá-lo formalmente a respeito do alegado 'comprometimento' das instâncias locais que estaria a embaraçar a investigação e que justificaria a propalada federalização da apuração do homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes".

O embate entre o MP-RJ e Jungmann e outros defensores da federalização da investigação desse crime é antiga. A nota do MP-RJ relembra que "já no dia seguinte à prática do duplo homicídio a então Procuradora-Geral da República instaurou procedimento preparatório com esse objetivo" (de federalizar a investigação), embora essa mudança "tenha por pressuposto a inércia das instituições locais". "Não poderia estar configurada qualquer inércia" apenas um dia após o crime, afirma o MP-RJ. "O resultado dessa pouco inspirada iniciativa foi a sua suspensão pelo Conselho Nacional do Ministério Público".

Jungmann foi ministro da Segurança Pública de fevereiro de 2018 a 1º de janeiro de 2019, durante a gestão do então presidente Michel Temer (MDB). Segundo a nota do MP-RJ, em diversas entrevistas sobre o fato, Jungmann repetiu que a federalização era necessária para que a Polícia Federal pudesse colaborar com as investigações. "Foram inúmeras as tentativas de explicar ao ex-ministro que a Polícia Federal não depende de qualquer formalidade ou autorização para investigar infrações penais 'relativas à violação a direitos humanos, que o Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais', conforme a lei 10.446/2002. Enfatizou-se, na ocasião, que essa atuação seria muito bem-vinda pelo MP-RJ, esclarecendo-se, na oportunidade, que tal investigação em nada se confundia com o deslocamento de competência para a Justiça Federal", segue o MP-RJ.

A instituição afirma ainda que, no momento em que o então ministro defendia a federalização, a segurança pública no Estado do Rio de Janeiro estava sob intervenção federal, e o gabinete de intervenção poderia requisitar o apoio de quaisquer órgãos da administração pública federal para a elucidação do crime.

Resposta

A reportagem não conseguiu localizar o ex-ministro Raul Jungmann na noite desta terça-feira, para que se pronunciasse sobre a medida adotada pelo MP-RJ.

O Ministério Público do Rio (MP-RJ) afirmou na tarde desta quarta-feira, 30, que quem autorizou a entrada de Élcio Vieira de Queiroz no condomínio em que moram Ronnie Lessa e o presidente Jair Bolsonaro foi o próprio Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco. Élcio é quem teria dirigido o carro durante o ato do crime.

As promotoras do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) explicaram que, apesar de o porteiro do prédio ter dito, em depoimento no início deste mês, que a autorização para Élcio entrar no condomínio no dia do crime teria sido dada por alguém da casa de Bolsonaro, planilhas e áudios comprovam que foi o próprio Lessa.

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"(O porteiro) mentiu. Pode ser por vários motivos. E esses motivos serão apurados. O fato é que as ligações comprovam que quem autorizou foi Ronnie Lessa", afirmou Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco.

Apesar de a declaração do porteiro conter, em tese, alegações falsas, o depoimento foi enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 10 de outubro, junto com as planilhas e os áudios. Isso porque a simples menção ao presidente Jair Bolsonaro, deputado federal à época do crime, já faz com que seja necessário subir o caso, por causa do foro privilegiado.

O áudio do interfone do condomínio foi cruzado com outro áudio de Lessa pelo MP, a fim de comprovar que aquela era sua voz. Além disso, o horário batia com o que constava na planilha de entrada no Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio.

"Todas as pessoas que prestam falsos testemunhos podem ser processadas", disse Sibilio. "Se ele esqueceu, se ele mentiu... qualquer coisa pode ter acontecido. Ele pode esclarecer. Simples assim."

O caso estava em sigilo até esta quarta-feira, 30. Mas, segundo as promotoras, o vazamento de informações e o fato de os réus presos Lessa e Élcio já terem prestado depoimento fizeram com que as informações fossem tornadas públicas. Elas convocaram uma coletiva de imprensa para fornecer as informações.

Na coletiva, o MP também divagou sobre a hipótese de que o governador Wilson Witzel teria tido acesso ao depoimento do porteiro. Bolsonaro o acusou de ter vazado o relato para o prejudicar.

Outro ponto comentado pelas promotoras foi a suposta ordem dada pelo ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão, acusado de integrar milícia, de ordenar o crime. O inquérito da Polícia Federal o aponta como mandante. O MP do Rio, porém, disse que na investigação estadual "não há nenhuma prova concreta que envolva o Domingos Brazão no crime."

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou que o Estado que não quer o controle do Judiciário é "fascista e policialesco". A fala do ministro foi exposta depois que ele atendeu ao pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e suspendeu todas as investigações criminais do país que usem dados de órgãos de controle, como base para investigações, sem que a medida seja autorizada judicialmente. 

A decisão de Toffoli foi da segunda-feira (15). Ministro foi duramente criticado pela medida. 

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"Só não quer o controle do Judiciário quem quer Estado fascista e policialesco, que escolhe suas vítimas. Ao invés de Justiça, querem vingança", declarou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada nesta quinta-feira (18). 

A defesa de Flávio reclamou no STF que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) havia quebrado o sigilo bancário do senador, antes da decisão judicial, por ter obtido dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). 

A suspeita que pesa sobre o filho de Jair Bolsonaro é de que ele teria ficado com parte do salário de seus funcionários na época em que era deputado estadual fluminense. Os rumores surgiram a partir da movimentação atípica registrada pelo Coaf de R$ 1,2 milhão nas contas do seu ex-assessor Fabrício Queiroz durante um ano.  

A decisão de Toffoli paralisou a apuração do MP-RJ sobre Flávio Bolsonaro. O presidente do STF, contudo, nega se posicionado para beneficiar o filho do presidente. 

“É uma defesa de todos os cidadãos, pessoas jurídicas e instituições contra a possibilidade de dominarem o Estado e, assim, atingirem as pessoas sem as garantias constitucionais de respeito aos direitos fundamentais e da competência do Poder Judiciário”, observou. “Nenhuma investigação está proibida desde que haja prévia autorização da Justiça”, acrescentou.

Na entrevista, Toffoli ainda questionou: “Qual seria a razão de não pedir permissão ao Judiciário? Fazer investigações de gaveta? 'Prêt-à-porter' contra quem desejar conforme conveniências?”. E, por fim, ressaltou: “Não se faz Justiça por meio de perseguição e vingança sem o controle do Poder Judiciário”.

A Justiça do Rio de Janeiro aceitou uma denúncia do Ministério Público (MP-RJ) contra o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, mais conhecido como Ferreirinha e a advogada Camila Lima Nogueira. Eles são acusados de tentar obstruir as investigações da polícia sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2017. 

A denúncia foi apresentada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime (Gaeco), do MP-RJ, que confirmou a aceitação da denúncia. O processo segue em segredo de justiça e não há detalhes sobre a decisão que foi tomada nessa sexta-feira (12). 

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Ferreirinha passou a ser visto como suspeito após um relatório da Polícia Federal sobre as investigações do caso Marielle que comprovaram obstrução de justiça. O policial era segurança e motorista de Orlando Curicica, apontado como chefe de uma das milícias que atuam no Rio.  

O PM foi preso no fim de maio durante uma operação da Polícia Civil e do MPRJ para desarticular tal o grupo. Em depoimento, Ferreirinha disse que a morte de Marielle teria sido tramada por Curicica e o vereador Marcelo Sicilliano (PHS).

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) considerou que o laudo de exame de voz do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), anexado ao processo de apuração do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, coincide com o parecer técnico da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) sobre o caso, que identifica como sendo do soldado Marlon Campos Reis, um dos denunciados no crime, a voz do homem que ligou para outro policial fingindo ser o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como Catatau. A ideia era atribuir ao tráfico de drogas a responsabilidade pelo desaparecimento do pedreiro, torturado e morto em 14 de julho de 2013 por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.

Segundo o ministério público, durante a ligação o soldado faz supostas ameaças e diz que já botou o Boi na sua conta. Boi era o apelido de Amarildo. Um laudo da Polícia Civil descartou a versão inicial de que a voz seria do traficante Catatau. Para o MP-RJ, o laudo reforça as provas apresentadas até agora, pelo órgão, sobre o desaparecimento do pedreiro.

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Análise da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia da CSI, que comparou as vozes dos 34 policiais militares citados no processo, descobriu que Marlon foi o autor da ligação, acompanhado do soldado Vital. Com o telefone monitorado, eles foram a Higienópolis fazer a ligação. A interceptação dos celulares particulares dos dois também identificou que eles estavam na mesma Estação de Rádio Base da ligação.

Dentre as coincidências encontradas no laudo do ICCE e na análise da CSI, o MP-RJ apontou a pronúncia da palavra "nove", indicando total identificação na comparação de vozes. A análise indicou ainda que “a fala questionada indicava a possibilidade de disfarce da voz do falante”.

O laudo do ICCE, destacou também que os exames periciais foram realizados por meio de comparações fundamentais nas características linguísticas e sociolinguísticas, bem como de outros elementos informativos obtidos a partir dos áudios questionados e a relação deles com o réu. “Foram avaliadas também as características acústicas dependentes do locutor, obtidas da voz do suspeito e da voz questionada”, indicou.

Conforme o MP-RJ, o processo do caso Amarildo, que tramita na 35ª Vara Criminal, ingressará na fase de alegações finais. A denúncia do órgão contra 25 policiais, por tortura, foi encaminhada à Justiça em outubro de 2013. Entre os denunciados, oito foram na modalidade omissiva, 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acionou a prefeitura do Rio e o governo estadual fluminense pelo repasse de quase R$ 10 milhões para a realização do evento de hipismo Oi Athina Onassis International Horse Show, nas edições de 2009, 2010 e 2011, e pede a imediata devolução do montante aos cofres públicos. A verba foi injetada na competição através do Instituo Superar, que se intitula, em sua página na internet, "uma associação sem fins econômicos que tem como objetivo promover a inclusão de crianças e adolescentes em situação de risco social".

Entre os réus estão o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o secretário de Estado da Casa Civil, Regis Fichtner, acusados de improbidade administrativa. Na ação civil pública movida pelo MPRJ, é pedido o bloqueio dos bens dos réus no valor dos R$ 10 milhões que devem ser retornados ao município e ao Estado. Além da suspensão dos direitos políticos dos citados por oito anos. Com relação ao Instituto Superar, cobra-se o pagamento de multa e a proibição de firmar contratos com o poder público por cinco anos.

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O Athina Onassis se realiza anualmente no Rio e a edição deste ano acontecerá no fim de outubro, na Arena Olímpica de Deodoro, que será um dos palcos dos Jogos Olímpicos em 2016. Desde de 2009, a competição recebe verba pública da prefeitura através da Riotur, a empresa municipal de turismo. Naquele ano, foram repassados R$ 2 milhões ao Instituo Superar, mesma quantia destinada ao evento no ano seguinte, em ambos os casos sem licitação.

O Instituto e a prefeitura argumentaram que o Athina Onassis beneficiaria atletas paraolímpicos pela possibilidade de "estabelecerem contatos com patrocinadores". O MP destaca que o hipismo não está entre os esportes paraolímpicos.

Na ação contra o Estado, os promotores pedem a devolução de R$ 6 milhões, referentes aos repasses anuais de R$ 2 milhões entre 2009 e 2011, através da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Lazer, em pagamentos também feitos ao Instituto Superar, organização fundada em 2007. O governo do Estado disse, em resposta à reportagem, que não tem conhecimento da ação e que se manifestará quando for oficialmente citado.

Nas duas ações civis, o MPRJ argumenta que o Athina Onassis é um evento particular, organizado para a obtenção de lucro e que, portanto, não poderia receber verba pública para sua organização. No texto, os promotores da 7ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital destacam que o preço de uma mesa para assistir à competição era de R$ 16 mil.

Com a venda de ingressos, a organização da competição hípica arrecadou mais de R$ 1,15 milhão em 2009, e R$ 1,078 milhão em 2010. Ao frisar que "por meio de verbas públicas custeou-se evento fechado, realizado num dos clubes mais privativos da alta sociedade carioca, a Sociedade Hípica Brasileira", o MP aponta "retornos de mídia" de R$ 22 milhões em 2009, R$ 41 milhões em 2010 e R$ 48 milhões em 201.

Ao Estado a assessoria do prefeito Eduardo Paes informou que ele não foi notificado e que não irá se pronunciar até tomar conhecimento da denúncia. O Instituto Superar também foi procurado, mas não respondeu às mensagens enviadas por e-mail.

A organização do Athina Onassis alegou que "todos os recursos públicos destinados à realização do evento, nas edições de 2009, 2010 e 2011, foram devidamente aprovados e utilizados dentro do que estabelece a lei."

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