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De olho nas exigências de transição energética no planeta, o Brasil espera exercer um papel de protagonismo na COP28, cúpula climática da ONU que acontece entre 30 de novembro e 12 de dezembro, em Dubai.

Em Riad, na Arábia Saudita, antes de seguir para os Emirados Árabes Unidos, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse que o governo brasileiro vai aproveitar a ocasião para promover as "grandes potencialidades" do país em fontes renováveis.

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"Nós estamos indo para a COP para protagonizar a transição energética justa e inclusiva e queremos defender que ela seja obrigatória, como disse o papa Francisco, para que possamos proteger o planeta e gerar oportunidades de emprego e renda, combater a desigualdade e fazer a inclusão social", declarou.

Silveira apontou "potencialidades" do Brasil nos biocombustíveis para descarbonizar a matriz energética dos transportes, nas energias solar e eólica e no hidrogênio verde, aposta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para "reindustrializar" o país.

O presidente também já está na Arábia Saudita e participará da COP28.

*Da Ansa

Sessenta e três agentes sociais de diferentes campos de atuação assinaram na segunda-feira, 24 de abril, a Carta de Apresentação do Fórum Permanente pelo Protagonismo Amazônida. O documento, divulgado nas redes sociais, é um marco no andamento das atividades do fórum, que iniciou suas reuniões neste ano, em Belém, e atualmente conta com integrantes de todos os Estados da Região Norte.

O grupo defende o protagonismo dos sujeitos amazônidas no pensar e agir sobre a Amazônia e reivindica uma ruptura com o modelo neoextrativista em busca de novas alternativas de existência na região. O Fórum Permanente pelo Protagonismo Amazônida é uma ação coletiva que integra agentes das áreas da educação, direito, comunicação, pesquisa, artes, política, movimentos sociais, saúde, meio ambiente, economia, cultura, serviço social, gestão, comércio, empresarial, relações internacionais, urbanismo, entre outros, explica a Carta de Apresentação.

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Além da atuação concentrada em defesa do protagonismo dos amazônidas, um dos objetivos do Fórum é a "coprodução de saberes e elaboração de estratégias que atendam a importantes demandas coletivas e que expressem a pluralidade das Amazônias", de acordo com o documento. Organizada em grupos de trabalho interdisciplinares, a iniciativa também se propõe a elaborar propostas de desenvolvimento socioambiental que permitam a preservação da Amazônia e a manutenção da oferta de emprego e renda na região.

O Fórum inicou debates sobre a possibilidade de realização, em Belém, da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30). "Compreendemos a importância da comunicação na atualidade e desenvolvemos estratégias para sustentar debates qualificados acerca da região em diferentes esferas de discussão pública, especialmente ações de conscientização socioambiental", reforça a Carta de Apresentação.

"O protagonismo é fundamental para que as experiências de sujeitos amazônidas, alternativas ao capital, passem a pautar o ciclo de políticas públicas, dominado historicamente por formas de pensamento hegemônicas e grupos de pressão políticos e econômicos internacionais e de outras regiões do Brasil", argumenta o grupo, compromissado com o fortalecimento da democracia, defesa dos direitos humanos, intensificação de iniciativas de economia solidária e combate à miséria, violência e racismo.

LEIA A CARTA DE APRESENTAÇÃO

Protagonismo amazônida, uma condição fundamental.

Somos força coletiva que defende o protagonismo dos sujeitos amazônidas no pensar e agir sobre a região. O Fórum reúne agentes sociais que reivindicam uma ruptura com o modelo neoextrativista e buscam novas alternativas de existência na Amazônia.

Os componentes desta iniciativa atuam em diferentes campos: educação, direito, comunicação, pesquisa, artes, política, movimentos sociais, saúde, meio ambiente, economia, cultura, serviço social, gestão, comércio, empresarial, relações internacionais, urbanismo, entre outros. Oferecendo contribuições de suas áreas, mas em perspectiva holística, os participantes passaram a dialogar em reuniões desde o início de 2023 para a coprodução de saberes e elaboração de estratégias que atendam a importantes demandas coletivas e que expressem a pluralidade das Amazônias.

O que defendemos

O Fórum Permanente pelo Protagonismo Amazônida assume uma herança de resistências a opressões em suas diferentes manifestações na região desde o início da exploração colonial. São mais de 500 anos de lutas em contraposição a modelos econômicos contrários à vida e que têm provocado danos irreversíveis em um dos biomas mais complexos do Planeta.

Defendemos que o atual modelo capitalista não promove desenvolvimento e que a economia deve ser vista como movimento propulsor de bem-estar, liberdade, preservação e segurança. O protagonismo é fundamental para que as experiências de sujeitos amazônidas, alternativas ao capital, passem a pautar o ciclo de políticas públicas, dominado historicamente por formas de pensamento hegemônicas e grupos de pressão políticos e econômicos internacionais e de outras regiões do Brasil.

Nossos compromissos

Enfatizamos nosso compromisso com o fortalecimento da democracia, da defesa dos direitos humanos, da vida e diversidade, da economia solidária; a concentração no combate à miséria, pobreza, violências, racismo, desigualdades sociais e incorporação de saberes amazônidas. Observamos, de forma interseccional, os problemas que afetam a Amazônia, especialmente as juventudes das zonas urbanas e do campo – consideramos fundamental o incentivo à participação política e ao protagonismo de jovens de comunidades e povos tradicionais, indígenas, afrodescendentes, LGBTQIA+ e movimentos culturais das periferias.

Compreendemos a importância da comunicação na atualidade e desenvolvemos estratégias para sustentar debates qualificados acerca da região em diferentes esferas de discussão pública, especialmente ações de conscientização socioambiental e relativas à possibilidade de realização, em Belém-PA, da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30). Reunido em grupos de trabalho interdisciplinares, o Fórum se concentra na elaboração de propostas de desenvolvimento socioambiental que possibilitem a preservação do bioma Amazônia e a manutenção da oferta de emprego e renda.

Por uma visão crítica do protagonismo

Desde o processo de colonização até hoje, os residentes na Amazônia tiveram, quando muito, papéis subordinados e meramente operacionais na implementação de modelos econômicos presididos pela cultura, lógica e interesses de quem não reside nesta região/continente. Da extração das “drogas do sertão” à mineração, passando pela borracha, ouro, grandes projetos, soja, pecuária extensiva etc., o gigantesco manancial de recursos extraídos não significou geração de riqueza local. Nem como qualidade de vida para a população e sequer como formação bruta de capital.

Há explicações científicas, históricas, políticas, econômicas para esse processo, mas precisamos, como amazônidas, protagonizar em larga escala movimentos e mobilizações que pautem modelos de desenvolvimento para a nossa região; modelos que sejam amadurecidos e negociados entre amazônidas, sem exclusão da escuta de tudo que possamos ter de conhecimentos.

Aí está o que entendemos como protagonismo. A determinação, inclusive psicológica, de assumir a responsabilidade, sem qualquer tutela, pela escolha do modelo de desenvolvimento econômico, social, cultural, ambiental, político etc. para o lugar em que vivemos e onde geramos todas as riquezas e insumos necessários para uma vida digna. Sem xenofobia, nem qualquer isolamento. Apenas soberania e democracia para firmar uma nova postura de sociedade. Não há paz onde há miséria e injustiça. Que a riqueza material da Amazônia se harmonize à grandeza de seu povo.

SIGNATÁRIOS

1 João Claudio Tupinambá Arroyo - Coordenador de Mestrado (Unama), pesquisador em economia solidária e membro do IHGP.

2 Ida Pietricovsky de Oliveira - Especialista em comunicação do UNICEF em Belém.

3 Ana D'Arc Martins de Azevedo - Doutora em Educação e pesquisadora em comunidades tradicionais. Professora da UNAMA e Uepa.

4 Gabriella Florenzano - cantora, cineasta, jornalista, pesquisadora e professora. Doutoranda em Ciência e Tecnologia das Artes pela Universidade Católica Portuguesa, coeditora do Portal Uruá-Tapera.

5 Mário Tito Barros Almeida - Doutor em Relações Internacionais, pesquisador em soberania e segurança alimentar, servidor público federal Incra, Economista, Filósofo e Teólogo.

6 Hans Costa - Doutorando e mestre em Ciências da Comunicação. Professor e coordenador dos cursos de Comunicação Social da UNAMA.

7 Alberto Teixeira da Silva - sociólogo, doutor em Ciências Sociais, professor aposentado da UFPA e técnico em gestão ambiental (temporário) da Semas.

8 Márcia Corrêa - Jornalista.

9 Rodrigo Tobias - Pesquisador e doutor em saúde pública da Fiocruz Amazônia.

10 Rita Soares - jornalista, mestre em Ciência Política (PPGCP/UFPA), diretora da Jambo Estratégias em Comunicação.

11 Fátima Lucia Carrera Guedes - Graduada em Ciências Sociais, mestra em Política e Desenvolvimento Sustentável, doutora em Ciências Sociais (Política de Cultura), atriz (amador), professora.

12 Rosemiro Canto Filho - sociólogo, advogado, procurador federal da Advocacia Geral da União - AGU.

13 Carlos Augusto Pantoja Ramos - Engenheiro Florestal, mestre em Ciências Florestais/UFRA e estudante de doutorado no INEAF/UFPA.

14 Manoel Gomes de Sousa - Bancário, bacharel e licenciado em Ciências Sociais (Unama), especialista em Políticas Públicas (UNICAMP), Docência do Ensino Superior (Unama), mestre em Governo e Políticas Públicas (FLACSO).

15 Júlia Borges - Pesquisadora, criada em Belém (PA), bacharel em Relações Internacionais (UNAMA). Licenciada em Geografia e mestra Políticas Sociais (UENF). Professora credenciada da UFF na Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de Territórios e Saberes (TERESA).

16 Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira - Professor e psicólogo.

17 Antonio Maués - Professor Titular do ICJ/UFPA.

18 Antônio Comaru - Engenheiro civil e professor de Gastronomia.

19 Fernanda Cabral - Estudante de Comunicação Social (Publicidade e Propaganda), mulher amazônida, LBT, militante do coletivo Juntos!, militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), construindo a setorial Ecosocialista do PSOL.

20 Raiana Siqueira - Antropóloga, mestra em Sociologia e Antropologia, doutoranda em Desenvolvimento Sustentável (NAEA/UFPA), militante ecossocialista e do PSOL.

21 Patrick Paraense - Um publicitário preto na Amazônia, diretor de estratégia da Troika Inteligência Política.

22 João Silva - Mestre em Sociologia, pesquisador decolonial e interseccional da Amazônia litorânea brasileira, com enfoque cotidiano nos territórios do Pará e do Amapá. Poeta.

23 Paulo Miranda - Cineasta.

24 Fernando Sette Câmara - Fotógrafo e designer. Trabalha com imagem há mais de 12 anos, cobrindo o Pará e suas belezas. Há 9 anos lançou o livro "Espia o Pará". Há 7 anos mantém o projeto Expedição Pará.

25 Vânia Beatriz Vasconcelos de Oliveira - Comunicóloga, mestre em Extensão Rural, pesquisadora em Educomunicação na Embrapa.

26 Diego Pereira Santos - Doutorando em História da América e da África na Universitat de Barcelona e o professor dos cursos de História da Universidade Estadual do Pará (UEPA) e da Universidade da Amazônia (UNAMA).

27 Maíra Evangelista de Sousa - Jornalista, doutora em Comunicação e Informação (UFRGS) e professora dos cursos de Comunicação Social e do Programa de PósGraduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) da Universidade da Amazônia (UNAMA).

28 Ivana Oliveira - Doutora em Ciências Socioambientais (NAEA/UFPA), Professora titular dos cursos de Comunicação Social e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) da Universidade da Amazônia (UNAMA).

29 Franssinete Florenzano - Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Abrajet, do IHGP e do IHGTap.

30 Aldenor Araújo Júnior - Jornalista, chefe de gabinete da Prefeitura de Belém.

31 Cristina Serra - Jornalista e escritora.

32 Paulo Nunes - Poeta e pesquisador da Universidade da Amazônia, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará - IHGP.

33 Fernando Arthur de Freitas Neves - Professor da Universidade Federal do Pará.

34 Gilzely Medeiros de Brito Cavalcante - Advogada, ativista socioambiental e empreendedora social.

35 Thiago Almeida Barros - Doutor em Comunicação, Linguagens e Cultura, jornalista e professor.

36 Manoel de Christo Alves Neto - Psicólogo, mestre em Educação, funcionário público estadual, professor na UNAMA. Poeta, membro fundador da Academia Curuçaense de Letras, Artes e ciências (ACLAC).

37 Jarbas Vasconcelos

38 Pilar Ravena de Sousa - Advogada e professora da UNAMA.

39 Ursula Vidal - Jornalista, documentarista, ambientalista e Secretária de Cultura do Pará.

40 Hilton Pereira da Silva - Professor do Programa de Pós-graduação em Antropologia e do Programa de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia da UFPA.

41 Geyza Alves Pimentel - Professora - UFRR.

42 Cyntia Meireles Martins - Professora - Ufra/PPAD-UNAMA.

43 Paulo Miranda - Cineasta.

44 Simão Farias Almeida - Líder do grupo de pesquisa Mídia, conhecimento e meio ambiente: olhares da Amazônia (Universidade Federal de Roraima).

45 João Ramid Brarymi Borges - Jornalista - DRT 590 Pa.

46 Nirvia Ravena - professora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA).

47 Padre José Ivanildo de O. Melo.

48 Márcio Moreira - Jornalista, poeta, cantor e compositor.

49 Caetano Scannavino.

50 Vânia Maria Torres Costa - Jornalista e professora da Facom e PPGCOM/UFPA.

51 Jorge Panzera - Militante político da luta social, presidente estadual do PCdoB no Pará e presidente da Imprensa Oficial do Estado do Pará.

52 Edmilson Rodrigues - Arquiteto e professor. Prefeito de Belém-PA.

53 Claudio Puty - Economista. Secretário de Gestão da Prefeitura de Belém-PA.

54 Lívia Duarte - Deputada estadual pelo PSOL.

55 Giselle Arouck - Economista e gastróloga. Professora mestra da UNAMA e Uepa. Pesquisadora dos alimentos étnicos da Amazônia.

56 - Jacqueline Cunha da Serra Freire - Professora da Faculdade de Formação e Desenvolvimento do Campo (Fadecam-UFPA). Vice-presidente da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa (AILPcsh).

57 Fábio Tozzi - Doutor em Medicina. Ativista e defensor do SUS. Desenvolve modelos de saúde para populações tradicionais adaptados à realidade amazônica.

58 Antônio José - Professor doutor, jurista, imortal da APL e do IHGP.

59 Ana Cláudia Pinho - Promotora, jurista, garantista.

60 Kalynka Cruz - professora, diretora da Faculdade de Comunicação da UFPA, pesquisadora em Cibercultura.

61 José Carlos Lima - Assessor da presidência do BNDES e do PV no Pará.

62 Eulina Rodrigues - Professora mestra, criminalista, docente da UNAMA.

63 Priscila Tupinambá - Servidora na SEIRDH.

Da Redação do LeiaJá Pará.

 

A compositora Thayssa Menezes desfilou neste ano pela primeira vez sem a identificação "Compositor", no masculino, em suas costas. Isso só foi possível porque ela chegou à presidência da ala dos compositores da Acadêmicos do Cubango, na Série Prata do carnaval carioca, e pediu que o óbvio fosse considerado: mulheres também podem ser compositoras de sambas-enredo.

"Existem pouquíssimas, de se contar com os dedos da mão, mulheres ocupando esse lugar, e, então, nós somos masculinizadas. As mulheres nas alas dos compositores têm que vir com roupas masculinas, porque os carnavalescos têm um parâmetro de que essa ala é masculina. Eu, na minha ala, neste ano, mandei fazer a camisa escrito compositores", disse.

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A mudança de poucas letras e muito significado é um exemplo de uma série de questionamentos levantados nos últimos anos sobre o domínio de homens e brancos em uma festa com forte herança de tradições matriarcais e africanas. Abertas as notas dos jurados do Grupo Especial neste ano, personalidades negras e ativistas antirracistas ecoaram outro tema, “onde estão os negros e os saberes ancestrais na avaliação do carnaval?”

"O carnaval está vivendo uma insurgência negra, que está voltando a reivindicar essa essência, esse fundamento, de olhar para a escola de samba como um terreiro, de reivindicar esse matriarcado negro que estava na construção do que a gente entende como escola de samba", explica Thayssa, que também é pedagoga e pesquisadora do carnaval.

"Eu encaro essa insurgência como resultado de um conjunto de políticas públicas que aconteceram, como a Lei de Cotas e a garantia do ensino da cultura africana e afro-brasileira dentro das escolas. A gente está vivendo agora as pessoas fruto dessas políticas públicas sendo inseridas no carnaval", disse.

A pesquisadora aponta que homens brancos são a grande maioria nas presidências, direções e outros postos de comando das escolas de samba, e também acabam controlando o que é considerado a concepção artística da festa, que está nas mãos do carnavalesco.

"A figura do carnavalesco, que é a figura dessa pessoa que é imbuída de conhecimento, que vem da faculdade de Belas Artes trazer a arte erudita mesclada com a popular para essa comunidade, é a figura do homem branco", avalia. Ela vê como lugares esperados para as mulheres negras aqueles marcados pelo bailado, como a porta-bandeira, a passista e a baiana.

"Esses lugares que as mulheres ocupam são vistos como lugares hierarquizados de forma menor. É como se as mulheres ocupassem a base da pirâmide. Não que exista um valor menor para a baiana. A baiana é uma das maiores figuras dentro da escola de samba. A gente valoriza e respeita, mas a gente também quer estar em outros espaços", defende.

Apesar desse domínio branco e masculino, Thayssa destaca avanços que vêm quebrando esse paradigma, como o carnavalesco André Rodrigues, da Beija-Flor, que propôs com o enredo deste ano uma revisão da história do Brasil, para recuperar o papel dos negros e outros grupos excluídos na Independência e outros processos históricos.

"Esse discurso não é novo, já existia nas conversas nas escolas de samba, mas como contradiscurso. Mas quando a gente tem dentro dessa figura do carnavalesco uma pessoa preta que vai reivindicar isso, não como contradiscurso, mas como o próprio discurso do enredo, isso é ganho muito grande", comemora. "O que a gente tem conseguido aos poucos é muito caro. E acho que não tem volta. É daí pra frente".

Autoestima

Se homens negros já são raros no posto de carnavalesco, mulheres negras são ainda mais. Nascida em Nilópolis, na Baixada Fluminense, Winnie Nicolau é uma pioneira no cargo, assinando o carnaval na Pimpolhos da Grande Rio, escola mirim do carnaval carioca.

"Passei por uma montanha de emoções juntas, de me tornar uma pessoa que representa outras, de ser a primeira pessoa a fazer aquilo, de ter uma responsabilidade como pessoa preta carregando isso. Mas eu vi que eu entreguei. Abri essa porta para que viessem outras mulheres pretas", disse.

No desfile concebido por Winnie, transbordou sua experiência de vida como mulher preta. A escola contou a história do livro O Pequeno Príncipe Preto, de Rodrigo França, que trabalha a autoestima e o afeto de uma criança preta.

"Eu joguei tudo que eu vivi, porque já fui essa criança que precisou ter a autoestima reforçada por causa do meu cabelo, do meu nariz, do tom de pele. Por ser retinta, o bullying era muito mais cruel", disse. "Eu procurei jogar toda a minha trajetória desde quando eu era criança até hoje, e como eu quero que uma criança hoje seja tratada, já que sou mãe de uma menina negra e tia de um menino negro. Apliquei tudo isso dentro do desfile e deu super certo".

Winnie vê seu pioneirismo como uma possibilidade de levar transformação não apenas ao carnaval, mas aos componentes das escolas de samba que estão em contato com o enredo e podem sair da avenida fortalecidos por ele. E como sua escola é uma agremiação mirim, são as crianças da comunidade que ela busca inspirar.

"Falar para a minha filha é fácil. Hoje o meu papel é falar fora de casa, para trazer uma autoestima. Se você não tiver nem a autoestima, a gente está fazendo o que o sistema quer, que é matando o que tem dentro daquela criança desde pequeno para se tornar o adulto que eles querem, inerte, de baixa autoestima, e que não se reconhece como pessoa preta e não sabe se posicionar socialmente. Meu papel hoje é quebrar isso", disse.

Ausência

A ausência das mulheres em posições decisórias na história do carnaval não quer dizer que elas tenham ficado de fora da construção do que são os desfiles das escolas de samba. A jornalista e doutora em Memória Social Bárbara Pereira, pesquisadora do carnaval, conta que o apagamento das mulheres vem desde a fundação das escolas de samba, processo em que tiveram atuação decisiva.

"Em muitas escolas, as fundadoras ficaram de fora das atas de fundação, só os homens assinaram. As mulheres que estavam ali fazendo de tudo para que as escolas existissem não estão nas atas. E quando você olha a trajetória, desde os anos 30 até hoje, o número de mulheres como presidente de escola é pífio perto dos homens", disse. "As escolas de samba reproduzem o machismo que existe na sociedade. Hoje há uma certa desconstrução, entre muitas aspas, mas as escolas continuam sendo machistas. Os papéis de homens e mulheres desde o começo dos desfiles estão definidos como os papéis sociais. O papel de poder é o do homem".

Bárbara cita que há exceções, como a presidente da Imperatriz Leopoldinense, Cátia Drummond, ou a carnavalesca Rosa Magalhães, mas, mesmo nesses casos, elas estão cercadas por homens em outras posições decisórias.

"É um universo predominante masculino", define. "O dia que tiver uma escola de samba em que a presidente é mulher, a carnavalesca é uma mulher progressista, a enredista é mulher, a diretora de barracão é mulher. Enfim, um conjunto feminino, de fato, no topo da pirâmide da escola de samba, não estou dizendo que tudo seria diferente, mas a gente nunca experimentou isso, uma escola tendo essencialmente decisões femininas", defende.

Autora do livro Trajetórias e Memórias de Passistas do Carnaval Carioca, a pesquisadora discorda de quem aponta machismo na exposição dos corpos femininos na Marquês de Sapucaí, afinal, o carnaval é a festa da sensualidade. Para Bárbara, o machismo está no fato de esse ser o único lugar de visibilidade que é esperado delas.

"Não critico a mulher que recebe essa visibilidade. Ela tem que existir, porque a mulher tem que estar onde ela quiser. Se a mulher quer estar em frente à bateria seminua, beleza. Só que os outros espaços das escolas de samba deveriam ser ocupados pelas mulheres também. É o que eu não consigo ver quando olho a trajetória do carnaval. Não vejo avanço nesse sentido", reclama.

Entre as poucas mulheres que chegaram à presidência de uma escola no Grupo Especial está Elizabeth Nunes, a primeira mulher que presidiu a Acadêmicos do Salgueiro, entre 1986 e 1988. Seu trabalho é reconhecido como responsável por tirar a escola de um período de crise.

"Luxo e requinte passaram a ser marca da escola que, através de sua administração, passou a conquistar lugar de destaque entre as escolas de samba", diz nota de pesar assinada pelo presidente do Salgueiro, André Vaz, após a morte da ex-presidente, em 2020.

A filha de Elizabeth, a cantora Liesbeth Nunes, disse que sua mãe tinha um profundo envolvimento com a comunidade, colaborando em tarefas diárias do barracão e da quadra, ao mesmo tempo em que fazia a ponte entre a comunidade do Morro do Salgueiro e o público e artistas da roda de samba que ela organizava na zona sul.

"Ela já era muito querida no Salgueiro, e as mulheres já mandavam muito no Salgueiro. Elas sentavam com a diretoria e decidiam as coisas, mesmo sem ter cargo", conta Liesbeth, que lembra que sua mãe não se intimidou por ser a primeira mulher a presidir a escola. "As pessoas não contavam que uma mulher seria presidente. E minha mãe era mão de ferro, minha mãe mandava, dava ordem pra homens, brigava, era exigente no barracão. Minha mãe foi amada e odiada. Agora, a maioria do morro só fala bem dela, que aquele tempo era o tempo bom do Salgueiro".

A cantora lembra que mesmo o fato de sua mãe ser bonita, bem relacionada com artistas e poderosa no mundo do samba, não impediam que ela fosse questionada como mulher em uma posição de poder. "O que aconteceu foi que muitos homens passaram a ter muita inveja dela, queriam acabar com ela. Ela foi invejada 24 horas. Ela fala que não sofreu [machismo], mas ela não dura muito tempo na presidência mesmo tendo 40 anos de escola. Ela preparou toda a escola para ser campeã. Ela fez toda a cama e tiraram ela quando o Salgueiro saiu da lama".

Além do legado na agremiação tijucana, Elizabeth deixou o samba como herança para a filha, que trava suas próprias batalhas para marcar seu lugar como intérprete e compositora no carnaval das escolas de samba. Em sua ala de compositores no Salgueiro, ela disse que são sete mulheres e 200 homens.

"Na disputa de samba-enredo, que hoje em dia é milionária e tem que chegar chegando, e os puxadores são homens, é raridade uma mulher. Eu já puxei, mas já ouvi que mulher cantando não tem nada a ver, que tem que ser um homem", disse, acrescentando que já disputou com suas composições em várias escolas e cantou no carro de som neste ano nos desfiles do Salgueiro, Anil e Estácio de Sá.

"Pra vir uma mulher puxando o samba na avenida, eu não sei quando vai acontecer. A gente já vê puxando ao lado do homem, mas sendo a puxadora mesmo [intérprete principal], eu não consigo nem imaginar. Só uma escola muito atrevida e corajosa para fazer isso, porque eles têm medo de perder ponto. A mulher participa, mas nunca é a puxadora oficial. Até porque para a mulher ser a puxadora oficial, tem que ser no tom dela e o restante tem que vir atrás dela. Hoje ela tem que cantar no tom do homem".

Gêneros em debate

A reivindicação de espaço na estrutura das escolas de samba passa também por um conflito entre as estruturas ancestrais concebidas no desfile e os questionamentos ao binarismo de gênero, ainda sem soluções simples. As regras do desfile na Sapucaí, por exemplo, exigem que apenas mulheres estejam na ala das baianas, que tradicionalmente homenageia as mães de santo, e a performance do casal de mestre-sala e porta-bandeira se dá com o termo casal contemplando apenas homem e mulher. Da mesma forma, passistas performam coreografias masculinas e femininas em seu samba no pé, seguindo a tradição dos malandros e cabrochas que marcavam a boemia dos tempos em que nasceu o carnaval moderno no Rio de Janeiro.

O pesquisador Rodolfo Viana ouviu e observou, em seu trabalho de doutorado, os dilemas enfrentados por passistas gays nas escolas de samba. Ele pondera que, de maneira geral, as manifestações populares brasileiras estilizam e encenam práticas facilmente reconhecidos por qualquer pessoa que assista, como a sedução do homem à mulher, o que se dá também nas quadrilhas juninas e nas danças tradicionais do norte do Brasil.

"Os festejos têm um código de comportamento em que parece que só existe a vida heterossexual para uma performance. E aí mora um grave conflito com os tempos atuais, que divide opiniões, gera desconfortos, tretas e reprodução de preconceitos. Na minha pesquisa, escolhi olhar para a prática da tradição e para os tempos em que vivemos e discuti ‘quem disse que malandro precisa ser macho?’. Pois é isso que é esperado do homem passista, independente da orientação sexual. É a hora que a tradição vira uma exigência para cumprir uma regra arbitrária de gênero, que nem de perto quer saber de ter um bamba do samba se parecendo com uma bicha".

A colisão entre a tradição dos passistas e a diversidade sexual é um tema sensível nas escolas, disse o pesquisador, já que passistas gays não "têm como desinstalar de seus corpos a manifestação de sua homossexualidade". Viana argumenta que a tradição busca eternizar o malandro macho, mas deveria ter espaço também para a bicha malandro, com Madame Satã como uma referência.

"Imagino essa figura tão poderosa da Lapa, que duvido que o Seu Zé [Pilintra] não tiraria o chapéu em gesto de respeito. Ou seja, o mundo do carnaval brasileiro é criativo demais e vai respondendo os próprios dilemas da tradição que esse mesmo mundo inventou. Isso não é conciliação, é inteligência popular que busca saídas para um futuro, onde, de fato, a liberdade seja vivenciada por todo mundo".

E sob os holofotes da Marquês de Sapucaí, uma das posições que recebe maior destaque da imprensa é a rainha de bateria, que algumas escolas reservam a passistas da comunidade, mas grande parte entrega a “famosas”. Também nesse lugar, começam a surgir novidades, como o rei de bateria, posto que o maquiador Juarez Souza ocupou pelo segundo ano seguido na Acadêmicos de Niterói. Este ano, pela primeira vez, ele veio sozinho à frente da bateria da escola.

"Eu vim bem seguro com a minha escola, porque conheço todos. Eu me senti abraçado. O público que está assistindo, na minha visão, quer ver o espetáculo, e eu acho que quando você entrega o que o público quer ver, o gênero fica secundário. Em nenhum momento vi alguém fazendo caras e bocas, algum tipo de preconceito", disse Juarez, que foi acompanhado de perto pelo marido e pela mãe. "Meu marido me dá muito apoio, está sempre comigo desde quando a gente começou. Quando desfilei de destaque, ele que amarrou meu costeiro. Ele me dá o maior apoio e fica mais nervoso que eu, às vezes", disse.

Componente de escolas de samba há 13 anos, Souza conta que já foi passista, já desfilou em ala, já foi destaque e até sonhava em ser rei de bateria, mas não achava que um dia isso seria possível. Esse, aliás, é um sonho secreto de muitos homens passistas, revela.

"Acreditava que era impossível pelo preconceito. Mas a partir do momento que você vê um homem à frente da bateria, ou uma trans, como foi na Unidos de Padre Miguel, isso abre uma porta para várias pessoas sonharem. Eu acho que ali é um lugar de sambista. Não importa se é homem cis, homem trans, homem gay, homem hétero, mulher cis, mulher trans. É um lugar para quem é apaixonado pelo samba", afirma.

 

A primeira-dama, Janja Lula da Silva deu os primeiros recados do que deverá ser sua atuação no governo de Lula (PT) pelos próximos quatro anos. Feminista e bem relacionada com artistas e políticos da esquerda, ela já disse que quer ressignificar o papel da esposa do presidente e começou a fazer isso desde a posse do petista no último domingo (1).

Na posse de Lula, Janja rejeitou o tradicional vestido e usou um terninho de alfaiataria, que além de privilegiar o trabalho da estilista brasileira Helô Paiva e utilizar elementos da nossa natureza por ter tingimento natural com caju e ruibarbo, passou a ideia de uma roupa de trabalho. 

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A cerimônia de posse, que contou com muitas ideias e organização de Janja, a subida na rampa de Lula com pessoas da sociedade civil escolhidas a dedo pela representatividade, foi idealizada pela mulher do presidente. A entrega da faixa por essas pessoas e passada por uma mulher negra também foi decisão dela. 

Feminista, ainda na cerimônia de posse, ela que esteve o tempo todo ao lado de Lula durante os cumprimentos das autoridades internacionais, se afastou e ficou atrás do vice-presidente Geraldo Alckmin (PT) e ao lado da esposa dele, Lu Alckmin para não apertar a mão do representante iraniano. A atitude assinala sua insatisfação diante das prisões violentas contra às mulheres do Irã por protestarem pela morte de mulher presa por mau uso de véu. 

Com uma agenda cheia neste início de mandato, Lula não tem conseguido acompanhar todas as posses dos líderes dos ministérios e tem cabido a primeira-dama participar dos atos para prestigiar os novos ministros. Cumprindo assim um papel de protagonismo e atuação desde o início do governo do petista. 

Socióloga, a presença de Janja com um gabinete ao lado do de Lula no Palácio do Planalto, a expectativa é que ela mesmo sem cargo oficial, vá ajudar em questões que o presidente não tenha familiaridade e que ela tem forte atuação, tais como: as questões relativas à violência contra a mulher, racismo, na área da Cultura que ela transita com muita facilidade e no combate à fome, pauta que ela já afirmou que se empenhará junto ao marido. 

O novo governo está só começando e os olhos da classe política e da sociedade estão bem voltados para a atuação da nova primeira-dama.

Todo mundo deve estar sabendo que a seleção brasileira de futebol masculino estreou na Copa do Mundo do Qatar, na última quinta-feira, dia 24, com dois dois gols de Richarlison. Neymar Jr., por sua vez, teve um protagonismo um tanto quanto diferente.

Pois é, o craque do Paris Saint' Germain sofreu uma falta dura no pé durante a partida que acarretou em sua saída no segundo tempo do jogo. Mas o que realmente chamou a atenção foi que com a substituição, Neymar já sentou no banco de reserva bem chateado com a situação.

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Minutos depois, a transmissão já mostrou que o pé do camisa dez da seleção estava absurdamente inchado, o que começou a gerar dúvidas nos seguidores se ele vai conseguir mesmo continuar jogando os próximos jogos. Após o final do jogo, Neymar Jr. fez questão de ir até as redes sociais fazer uma publicação e revelou que a estreia foi difícil.

Jogo difícil, mas era importante ganhar. Parabéns equipe, primeiro passo dado… Faltam seis.

Vale lembrar que o médico da seleção brasileira anunciou que Neymar Jr. realmente sofreu um entorse no tornozelo, que começaria o tratamento e que seria ainda melhor avaliado para saber se as condições são favoráveis para os próximos jogos.

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Um dos partidos de direita que mais cresceram nas eleições deste ano, o União Brasil, fruto da fusão do DEM com o PSL, iniciou as negociações para se tornar o fiel da balança na coalizão em que o presidente eleito, qualquer que seja ele, terá de costurar com o Congresso a partir de 2023.

A legenda é aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), mas condiciona o apoio à sua reeleição ao cargo, em fevereiro, a um acordo para manter o comando da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), as mais cobiçadas, e aumentar o seu poder.

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A CMO deve se consolidar como o "coração" do orçamento secreto - mecanismo revelado pelo Estadão -, controlando a indicação de emendas parlamentares para redutos políticos dos congressistas. Na CCJ, por sua vez, transitam todos os projetos.

Na prática, ter o comando dessas comissões garante interferência na pauta e nas verbas negociadas durante as votações. A cúpula do Congresso condiciona o avanço da agenda de reformas à manutenção do orçamento secreto, com o qual o governo barganha emendas parlamentares para obter apoio de deputados e senadores.

Na quarta-feira passada, Lira se reuniu com a bancada do União Brasil e foi aplaudido após defender o orçamento secreto. De acordo com deputados que participaram do encontro, realizado na Câmara, Lira afirmou que o mecanismo é "transparente" e defendeu seu aperfeiçoamento para evitar que ele seja revogado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Para o presidente da Câmara, o orçamento secreto representa a independência e a autonomia do Congresso em relação ao Executivo. Na reunião com os parlamentares do União Brasil, Lira também mencionou o número de deputados da Casa para dizer que 513 cabeças pensam melhor do que a de alguns ministros. "Ninguém é criança para imaginar que o Congresso vai abrir mão (do mecanismo)", afirmou o deputado Danilo Forte (União Brasil-SP), ao comemorar o aceno de Lira.

No encontro, integrantes da legenda concordaram que não era o momento de fechar apoio formal a um novo mandato do atual presidente da Câmara. Argumentaram que é preciso aguardar o segundo turno da eleição presidencial e também negociar a distribuição dos espaços na Casa.

CARGOS

"À exceção de um candidato próprio do partido à presidência da Câmara, Lira tem nossa simpatia, a minha, pessoalmente. Ele foi muito correto conosco no cumprimento dos acordos, reconhecendo os espaços que tínhamos direito", afirmou o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara.

Para Elmar, o partido pode ficar com apenas uma das comissões - CMO ou CCJ -, se tiver o controle da liderança do bloco ou da federação. Nesse caso, o Progressistas de Lira ficaria com a outra comissão. Uma ala do União Brasil, no entanto, não quer abrir mão dos colegiados que controla hoje, sob o argumento de que, com o atual presidente da Casa, o Progressistas já teria o principal cargo na Casa. "Não é só apoiar o Lira porque o Lira está lá. É fechar com o Progressistas, mas dentro de uma circunstância de diálogo. O partido vai querer pelo menos manter o que tem hoje ou aumentar", disse Forte.

Durante a conversa de parlamentares do União Brasil com o presidente da Câmara, o ex-ministro e deputado federal eleito Mendonça Filho (União-PE) defendeu a valorização da bancada e destacou que o partido não vai ser uma legenda de "um dono só". Foi um recado ao presidente nacional da legenda, Luciano Bivar, que acumulou divergências com integrantes da sigla durante as eleições estaduais pernambucanas.

Além das comissões, o partido também quer relatorias de projetos estratégicos que serão votados na próxima legislatura. A pauta ainda não foi definida e dependerá dos acordos com quem for eleito presidente. O consenso é de que a legenda vai defender a aprovação das reformas tributária e administrativa, a manutenção do poder do Congresso sobre o Orçamento, além de rejeitar a pauta de costumes.

"Para a governabilidade de um governo Lula, por exemplo, é melhor ter a CCJ presidida pelo Progressistas ou pelo União Brasil do que pelo PL, com alguém ligado ao Bolsonaro, que venha a travar as pautas importantes", disse o deputado Junior Bozzella, vice-presidente do União Brasil em São Paulo.

FEDERAÇÃO

O partido abriu negociação para uma fusão com o Progressistas de Lira, mas descartou essa opção no momento porque o estatuto do novo partido, oriundo da fusão entre DEM e PSL em outubro de 2021, proíbe outra formação como essa dentro do prazo de cinco anos. A alternativa discutida internamente é criar uma federação partidária, uma espécie de coligação que deixaria os dois partidos vinculados durante quatro anos no Congresso, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais.

O modelo da federação é visto com ressalvas, pois demanda um acordo das duas legendas em todos os Estados e municípios, forçando uma única composição nas eleições municipais de 2024. Dessa forma, líderes dos dois partidos têm avaliado a formação de um bloco partidário na Câmara e no Senado, formato já previsto no regimento das duas Casas.

Há pouco mais de quatro anos, durante debate na RedeTV!, a reação do então deputado Jair Bolsonaro a pautas classificadas como feministas foi o assunto mais comentado ao fim do embate. Assim como no encontro promovido pela Band neste domingo, o candidato ficou visivelmente incomodado ao ter seu comportamento em relação às mulheres confrontado ao vivo. Em 2018, pela adversária Marina Silva (Rede). Anteontem, pelas senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União). Em comum, a defesa da paridade de gênero e o fim da violência política contra as mulheres.

Ontem, entre avaliações de quem perdeu ou ganhou mais com o debate, um consenso entre especialistas: o combate à discriminação feminina praticada publicamente se incorpora agora às temáticas mais relevantes da eleição presidencial. Após o encontro, conforme levantamento da Torabit, empresa parceira do Estadão na criação da ferramenta Monitor de Redes Sociais, entre o meio-dia de domingo e o meio-dia de ontem, Simone e Soraya ganharam protagonismo, recebendo 10,9% e 10,3% das menções no mesmo período, se colocando à frente de Ciro Gomes (6,6%) e Luiz Felipe d’Avila (2,8%) - Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 33,8%, e Bolsonaro (35,58%) lideraram.

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De acordo com a cientista política Graziella Testa, da FGV-SP, essa tendência se deve ao preparo das mulheres. "Esses temas já estavam nos planos das campanhas, mas o preparo mostrado tanto pela Vera Magalhães (jornalista atacada por Bolsonaro) como pela Simone Tebet resultou não apenas no deslize de Bolsonaro, mas na dificuldade pública de os candidatos homens lidarem com essas questões."

Segundo Graziella, há um embaraço de se conversar de igual para igual. "É hora de eles (candidatos à Presidência) entenderem de fato quais são suas questões e o que precisam fazer para não transparecer tanto essa falta de familiaridade em estar de igual para igual com uma mulher no âmbito público", afirmou.

A agressividade e o destempero demonstrados especificamente pelo presidente diante de temas que envolvem 52% da população - e do eleitorado -, são, na visão da advogada Sheila de Carvalho, uma prova de que essa é uma prática deliberada do presidente.

"Ele (Bolsonaro) joga para um nicho de apoiadores que acredita que as mulheres são inferiores e que podem ser domadas sob uma perspectiva de violência. Assim como outros políticos, ele ainda não entendeu que a agenda de mulheres não é transversal ou identitária, mas estrutural, assim como o racismo", disse a especialista em direitos humanos e integrante da Coalizão Negra.

A reação das redes bolsonaristas reforça a fala de Sheila. Não foram poucos os perfis no Facebook e no Instagram que comemoraram a resposta dada por Bolsonaro a Vera Magalhães - "Você deve dormir pensando em mim" - ou atacaram Soraya ao relembrar o apoio dado por ela em 2018 a Bolsonaro. Agora, a senadora virou "traíra".

Fora da bolha, a violência política transmitida pela TV teve outras nuances: a risadinha de Ciro Gomes (PDT), as escolhas dos candidatos homens na ordem das perguntas (deixando as candidatas para o final) e a falta de entendimento de Lula sobre paridade nos ministérios. "Não se trata de uma questão de meritocracia", disse Sheila.

DESAFIO

Para o cientista político Antonio Lavareda, ao escolher falar para seu nicho, Bolsonaro tende a aumentar a diferença que existe em seu eleitorado quando se trata dos apoios entre homens e mulheres. "Um dos desafios da campanha tem sido avançar no segmento feminino, expondo cada vez mais, por exemplo, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Mas episódios como o de ontem só reforçam esse gap."

Lavareda disse que a campanha de Bolsonaro e as demais terão de incorporar de forma mais vigorosa a temática feminina em seus discurso.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais que nos outros dias, neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é importante ressaltar a ausência da representatividade feminina e preta em cargos de poder, como no legislativo e no Executivo, ainda que tenha tido um avanço da ocupação dessas cadeiras após o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL). Desta forma, a liderança na luta por moradia de Caranguejo Tabaiares, Sarah Marques, explicou que a mulher preta periférica teve que sair do protagonismo dentro da comunidade e ir para a rua.

"A gente precisou ir para a luta porque não tinha ninguém que nos representasse no legislativo e nem no Executivo, quando a Prefeitura se aliou ao poder imobiliário e quis tirar a nossa moradia. A comunidade de Caranguejo Tabaiares é localizada na Ilha do Retiro, Zona Oeste do Recife.

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Para Sarah, a representação de mulheres pretas e periféricas na política significa uma possível mudança de mundo. "Só sabe lutar por comida quem passa fome. Só sabe lutar por melhor distribuição de renda quem deixa os filhos com fome para ir à luta. Essa representatividade feminina é muito importante, porque nós vivemos a cidade de outro jeito, de outras formas, seja na segurança pública, na forma de andar na cidade, que é diferente da forma dos homens. As dores das mulheres negras sendo representadas no legislativo, executivo e judiciário transforma o mundo. Só nós sabemos a dor de uma cidade esquecida", salientou.

Mesmo sendo 52,5% do eleitorado, as mulheres negras têm apenas 15% das vagas no parlamento brasileiro nas eleições de 2018 e 2020. 

"Sempre estamos em duas cidades: uma pavimentada e organizada, e uma esquecida. Sejam cidades que tenham quilombolas, favelas, aldeias, que nessa parte somos as mulheres negras que chefiam as famílias com pouco dinheiro", disse. 

Marques declarou que não é de agora que as mulheres entenderam a importância e necessidade de entrar na política, "sempre tivemos nas discussões". "Mas a gente nunca era quem representava. Aqui no Brasil a última que ousou ser mais protagonista foi Marielle, e eles a mataram para calar outras vozes mas, na eleição seguinte, conseguimos eleger muito mais mulheres negras no parlamento. A gente tá ousando ser protagonista mesmo com toda ameaça. É importante que nossas meninas e meninos das comunidades vejam que as mulheres não protagonizam apenas seus lares, temos condições também de sermos protagonistas na política, nas discussões e na execução de política", ressaltou. 

Questionada se o partido político interfere na atuação política, Sarah foi direta: "as alianças dos partidos não são o que representam as mulheres negras, as faveladas". "Às vezes a formação do partido é de uma linha que não vai de encontro com as nossas pautas. Quando as mulheres têm condições de serem protagonistas da sua própria história, de bancar a sua vida de outras formas, ela consegue mexer na política sem ser apenas partidária. Mas é preciso ter mulheres dentro dos partidos, mulheres negras, que tenham firmeza, já que muitas siglas não seguem a nossa linha de defesa por sermos mulheres negras periféricas". 

Ela chamou atenção para o olhar não apenas para as mulheres intelectuais, mas para todas elas. "Os partidos precisam olhar para as mulheres negras e periféricas, não só as intelectuais, que estão nas universidades ou fizeram universidade, mas as que levantam cedo para varrer a sua casa, defender seu território. Na pandemia, por exemplo, mulheres negras fizeram a frente de combate à fome, à Covid-19, e muita gente só se alimentou na pandemia porque elas estavam de frente a essas discussões", pontuou. 

Com a morte de Bruno Covas, o MDB assume pela primeira vez, no período democrático, o comando da Prefeitura de São Paulo. Ricardo Nunes (MDB), que concorreu como vice do tucano nas eleições de 2020, agora exerce o posto. Isso significa que o partido vai comandar o quinto maior orçamento do Brasil, que supera 24 Estados.

O MDB nunca teve muita expressão na capital paulista. Durante a ditadura militar, o então PMDB teve dois prefeitos biônicos, que eram nomeados pelos governadores após ratificação da Assembleia Legislativa: Francisco Altino Lima, que ficou no cargo por 57 dias em 1983, e Mário Covas, avô de Bruno, prefeito entre 11 de maio de 1983 e 31 de dezembro de 1985.

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O cargo de prefeito de São Paulo dá visibilidade nacional ao titular. Os três antecessores de Covas na função, João Doria (PSDB), Fernando Haddad (PT) e Gilberto Kassab (PSD) são hoje nomes relevantes no País e têm influência na eleição presidencial de 2022.

Em 2020, o MDB conquistou o maior número de prefeituras no País (784). A legenda também detém o comando da maior quantidade de capitais (5).

Ano passado, a sigla venceu com Sebastião Melo, em Porto Alegre (RS); Maguito Vilela, em Goiânia (GO); Dr. Pessoa, em Teresina (PI); Arthur Henrique, em Boa Vista (RR) e Emanuel Pinheiro, em Cuiabá (MT). Maguito, porém, morreu de covid-19 e não chegou a assumir o cargo, que é exercido por Rogério Cruz (Republicanos).

Apoio

O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), declarou que a legenda vai dar todo o suporte possível para Ricardo Nunes administrar a capital paulista. Baleia afirmou estar bastante triste com a morte de Bruno Covas e lembrou que exerceu junto com ele o mandato de deputado estadual, além de sempre estarem dentro do mesmo grupo político na cidade.

"Ricardo Nunes terá todo o apoio do partido para manter toda a equipe, que está fazendo um belo trabalho na capital, buscando executar o plano apresentado por Bruno e por ele na campanha", afirmou o presidente do MDB ao jornal O Estado de S. Paulo, procurando desfazer a ideia de que o partido vá aproveitar a chegada ao poder em São Paulo para ampliar seu espaço no primeiro e segundo escalões do governo municipal.

Baleia reproduziu o tom adotado pelo próprio novo prefeito, que tem falado em "continuidade" da gestão.

O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), adotou o mesmo raciocínio. "A expectativa é que o prefeito, assumindo em uma adversidade dessa, deverá dar uma linha de continuidade", afirmou o deputado. "Nunes tem uma sintonia muito grande com o prefeito Bruno, logicamente imprimindo seu estilo. Não há o que comemorar, muito pelo contrário. A consequência no cenário (o MDB no cenário nacional), isso aí o tempo dirá dentro do trabalho que ele fizer lá." 

É da comunidade de Chão de Estrelas, no bairro Campina do Barreto, Zona Norte do Recife, que saem as frequências da TV Cambinda. Pela internet, o veículo de comunicação  criado no Centro Cultural Cambinda Estrela, tem a missão de “movimentar a favela” e levar tudo de bom que acontece nela, através de seus próprios moradores, para todo o mundo. Com uma programação de entrevistas e lives, a TV dá protagonismo aos artistas e membros da comunidade, além de levar informação e cultura aos espectadores. 

Criada em 2017, a TV Cambinda integra as ações do Centro Cultural Cambinda Estrela - instituição que promove atividades formativas e assistência social aos moradores de Chão de Estrelas e comunidades do entorno. Com uma equipe formada por jovens moradores do local, a TV nasceu da necessidade de levar informação, promover cultura e, sobretudo, enfrentar o racismo e outras mazelas sociais através da comunicação. 

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O protagonismo e a representatividade norteiam toda a produção do veículo, desde a formação de sua equipe - que atualmente conta com cerca de cinco pessoas -, até a escolha das pautas e convidados. Em entrevista ao LeiaJá, a cineasta, fotógrafa, produtora, diretora e apresentadora da TV Cambinda, Rafaela Gomes Vieira, explicou como funciona o trabalho. “Nossas pautas são elaboradas a partir de temas previamente estudados em conjunto com todo o corpo de produção. As entrevistas dão visibilidade a mestres, mestras, detentores da cultura afro, professores, estudantes, pesquisadores, mães, pais, comunidade preta. Ou seja: mostra as pessoas que constantemente são invisibilizadas e que narram suas histórias que a sociedade tende a esconder”.

Rafaela (camisa amarela) é quem conduz as entrevistas na TV Cambinda. Ao seu lado, DJ Rasta Flávia (esquerda), Luiz Carlos (Banda Capim Santo) e Glaucilene Ribeiro, assistente de produção (ponta direita) Foto: Cortesia

Já o público alvo da TV são todos aqueles que queiram aprender mais sobre a comunidade e suas ações, além de conhecer melhor sobre artistas pretos e seus trabalhos. A internet possibilita um largo alcance da programação do veículo, algo que acabou se intensificando por conta da pandemia do novo coronavírus. “Com a situação de calamidade da saúde com a COVID-19, demos continuidade à TV de forma remota. Por meio de lives, onde eu, na vez de apresentadora, dialogava com os entrevistados que estavam em suas casas. Assim, não perdemos o pique da TV Cambinda”, diz Rafaela. Agora, com o afrouxamento da quarentena, as atividades do grupo estão voltando de forma presencial, aos poucos e com atenção a todos os protocolos de segurança necessários. 

Em 2020, o projeto foi aprovado no Fundo Brasil de Direitos Humanos, edital que, em parceria com a Open Society Foundations (OSF), destinou recursos para apoiar iniciativas que promovam o enfrentamento ao racismo. Com esse auxílio, a TV Cambinda vai promover uma série de entrevistas com artistas negros como Luiz Carlos da Banda Capim Santo; DJ Rasta Flávia; Banda Abulidu; a poetisa, escritora e pedagoga Joaninha Dias e a mestra em educaçao pela UFPB,  Sandra Maria da Silva, entre outros. Eles falarão sobre maternidade e infância pretas, musicalidade e identidade periféricas, além de outros temas. 

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Toda a programação pode ser vista nos canais da TV Cambinda nas redes sociais. O orgulho e o prazer de dar voz e vez à comunidade, podem ser vistos também durante as entrevistas. Rafaela sintetiza o que é fazer parte dessa iniciativa. “É muito bom; cada momento, cada entrevista, cada tema abordado nos traz momentos únicos, vivências extraordinárias!”.

Arthur Lira (PP-AL) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados para o biênio (2021-2022). A sua vitória, consagrada na última segunda-feira (3), está sendo vista como o fortalecimento de Jair Bolsonaro (sem partido), principal fiador de sua campanha, e do Centrão - que retoma o protagonismo no Congresso Nacional. 

A cientista política Priscila Lapa debateu com o repórter Jameson Ramos sobre esses fortalecimentos e como vai ser a agenda da Câmara nas próximas semanas, além da ‘quebra de braço’ pelos poderes.

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Confira

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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que as dificuldades do ano de 2020 não impediram que a Câmara liderasse as principais pautas. “Encerramos um ano que foi muito difícil para os brasileiros e, especialmente devido à pandemia, muito desafiador para o Parlamento. Isso não impediu, no entanto, que a Câmara dos Deputados exercesse um protagonismo e liderasse as principais pautas em um momento crucial no país”, afirmou ele em suas redes sociais.

“Ao lado dos 512 deputados, aprovamos a PEC da Guerra, que deu todas as condições orçamentárias para que o poder público enfrentasse a Covid-19. Além da aprovação do auxílio emergencial e de outros projetos na área da Saúde, capitaneados pela Câmara e pelo Senado Federal”, prosseguiu.

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Maia lembrou que, no meio da pandemia, os deputados aprovaram o novo Fundeb, que considera um marco na qualidade da educação pública brasileira.

“Foi um período difícil, mas de reafirmação da importância das instituições democráticas. Não podemos retroceder. O Brasil em 2021 precisará de uma Câmara forte, independente e que continue a ser uma fortaleza na defesa da democracia em nosso país”, disse.

Orçamento de 2021

Maia disse que analisou com a equipe da Câmara o Orçamento de 2021 enviado pelo governo ao Congresso. “Sem a aprovação da PEC emergencial, só existe uma forma de cumprir o teto de gastos: acreditar que o governo federal enviou a o projeto de lei orçamentária com superestimativa nos valores encaminhados para a Previdência.”

*Da Agência Câmara de Notícias

 

Quando o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva deixou a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, em 8 de novembro do ano passado, lideranças partidárias avaliavam que, fora da prisão, ele poderia ajudar a organizar a oposição contra o presidente Jair Bolsonaro. Seis meses depois, porém, o petista não encontrou o protagonismo político que tinha no passado, mantém pouca interlocução com outros setores da oposição e praticamente não tem diálogo com segmentos da sociedade fora da esquerda.

Acostumado a tomar algumas das principais decisões do partido, Lula foi confrontado recentemente em uma escolha do PT em Pernambuco e não atuou para resolver impasse em torno da candidatura para a prefeitura de São Paulo.

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"A libertação de Lula não despertou qualquer nova energia no partido", avalia o cientista político Carlos Melo, do Insper. "Lula preso tensionava muito mais com a política do Brasil do que agora", disse. De novembro para cá, o petista não se reuniu nem com antigos aliados, como os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do PSB, Carlos Siqueira.

O ex-presidente José Sarney (MDB) e outros antigos parceiros políticos já reclamaram a interlocutores do que chamam de isolamento de Lula. Presidentes de centrais sindicais que não são ligadas ao PT também criticam a postura. "Ele está bastante recluso, contido, acho até que por orientação dos advogados. Não está aquele Lula de antigamente", disse Lupi, que foi ministro do Trabalho.

Para Siqueira, os sinais de que Lula teria uma atuação menos ampla foram dados logo em seu primeiro discurso após deixar a prisão, quando defendeu que o PT lance candidatos próprios em todas as grandes cidades. "Podia ter sido um discurso de unidade da esquerda mas foi um exclusivista, pensando no PT", disse ele.

Exceções nas agendas de Lula são encontros com Guilherme Boulos (PSOL), líderes de movimentos sociais e acadêmicos para debater questões como economia e saúde.

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, afirmou que começou a articular encontros de Lula com os presidentes das outras siglas antes da pandemia e deve retomar as conversas. Para ela, a atitude de Lula não mostra isolamento, mas, sim, um novo posicionamento político.

O ex-presidente passou um ano e meio preso, após ser condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. O processo já chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reduziu a pena a 8 anos e 10 meses. Na quarta-feira passada, o Tribunal Regional Federal da 4ª. Região (TRF-4), manteve a condenação do petista a 17 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro na investigação do sítio de Atibaia.

Partido

Nos últimos seis meses, o ex-presidente se dedicou a resolver questões familiares e ao relacionamento com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, com quem está morando.

Também têm tomado tempo de Lula as disputas internas do PT. No início do ano, ele participou de uma reunião para arbitrar a disputa entre quem defende o apoio a João Campos (PSB-PE) e à deputada Marília Arraes (PT-PE) na candidatura à prefeitura do Recife.

Segundo relatos, Lula tentou impor o nome de Marília mas foi confrontado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que defende aliança com o PSB.

Também não tem se esforçado para evitar a indicação de Jilmar Tatto como candidato do PT a prefeito de São Paulo. Para lideranças petistas, são sinais de que Lula hoje depende mais do PT do que o partido depende dele, ao contrário do que ocorreu nos últimos 40 anos.

Lula tem intensificado as transmissões ao vivo pela internet e entrevistas a rádios e jornais regionais e veículos do exterior. Com relação às próximas eleições, auxiliares dizem Lula não descarta novas alianças para fora da esquerda, mas não está disposto e não vê condições para repetir a ampla conciliação com empresários e partidos políticos que o ajudou a se eleger em 2002.

Os termos seriam outros. Um dos motivos é a adesão de grande parte da elite ao bolsonarismo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, marca a luta por direitos iguais entre homens e mulheres. Durante muito tempo, a mulher foi subjugada na sociedade, educada para o casamento, servir ao marido, cuidar dos filhos e ser dona do lar. Hoje, com a construção do protagonismo feminino, assumindo profissões consideradas “masculinas”, elas mostram que lugar de mulher é onde ela quiser.

Segundo a antropóloga Rachel Abreu, com a Lei do Divórcio em 1977, o fim último que era o casamento não se sustenta mais, e a mulher começa ter a emancipação e ser inserida no mercado de trabalho. “Nos dias atuais, o panorama de profissões é abrangente. As mulheres estão indo cada vez mais longe e conquistando patamares inimagináveis”, diz a antropóloga. “Mulheres são jogadoras de futebol, dirigem coletivos, estão em gestão de empresas, em cargos altos, na construção civil e na ciência, espaços que antes eram predominantemente masculinas”, complementa.

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Luísa Dias Barros, geóloga, é a primeira mulher assumir a gestão do curso de Geologia da Universidade da Amazônia – UNAMA. Segundo ela, nas décadas de 1960 a 1980 havia poucas mulheres no curso de geociências, uma em cada turma. “Na minha geração, os comentários machistas são menores. Atualmente, por exemplo, nós temos a primeira mulher paraense na Agência Nacional de Mineração como gerente e a Associação Brasileira de Mulheres na Geociência”, afirma.

“A maioria das mulheres sente-se reconhecida por ocupar cargos predominantemente masculinos. É gratificante estar nesse posto mostrando que não é questão de gênero e, sim, de postura profissional. Acho legal servir de exemplo para meninas”, declara a geóloga.

De acordo com dados do estudo “Estatística de gênero: indicadores sociais das mulheres do Brasil”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres trabalham, em média, três horas a mais por semana que homens. Apenas 39,1% dos cargos gerenciais são ocupadas por elas – e o número diminui ainda mais conforme aumenta a faixa etária.

“Ser mulher e trabalhar com futebol masculino é ter sempre que fazer duas vezes mais. Produzir duas vezes mais, estudar duas vezes mais, fazer aquela foto diferente, ter um olhar mais sensível para então conseguir um destaque e ser reconhecida. No meu início foi assim, ninguém acreditava no meu trabalho. Demorei a encontrar alguém que quisesse pagar pelas minhas fotos”, declara a fotografa Talita Gouvêa.

“Já sofri vários tipos de preconceito e comentários machistas, que me deixavam para baixo, mas sempre procurava reerguer a cabeça. Fico feliz por ter vencido barreiras e conseguido trabalhar como frentista sendo uma profissão dominada por homens”, afirma a frentista Herica Nunes.

“É extremamente importante discutir sobre relações de gênero. Não é questão de força, e sim de justiça social. Assim como homens podem desempenhar atividades muito bem, as mulheres também”, reitera Rachel Abreu.

Para a tatuadora Samantha Marques, as críticas machistas sobre o estilo de desenho e traço mais “grosseiro para uma mulher” que trabalha sempre vão existir, mas ela procura absorver apenas as construtivas. “Sinto orgulho por tudo o que conquistei e a minha maior inspiração são outras mulheres artistas, seja de tatuagem ou não”, afirma. "Para o dia 8 de março, desejo mais empatia entre as mulheres, sejam elas cis, trans… Mais sororidade, que possamos nos apoiar e crescer sem pisar umas nas outras. Que as pessoas no geral vejam que mulher não é um objeto de posse. Que sejamos respeitadas em nossas escolhas.”

Por Amanda Martins.

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O Clube Carnavalesco Misto Elefante de Olinda nunca deixou de desfilar durante os seus 68 anos existência. É o que seus dirigentes garantem, tanto os antigos, quanto os novos. Mas a agremiação teve seus percalços ao longo dessas quase sete décadas. O dono do ‘Hino de Carnaval de Olinda’ passou um tempo devagar, sem arrastar multidões pelas ladeiras e com o brilho do passado um pouco apagado.O fôlego veio com uma nova geração de foliões que deu um up grade no clube, lançou o bloco no mundo digital e atraiu o público jovem. “Eu lembro da minha mãe falando: ‘olha, o Elefante não é qualquer agremiação, tem que levar a sério’”, recorda Anax Botelho, 30 anos, um dos recentes membros da diretoria.Ele e seus amigos abraçaram essa ideia em 2017. “O Elefante é um nome forte. Tem o hino oficial do Carnaval de Pernambuco e precisava de ajuda”, conta Célio Gouveia, 25 anos, outro dirigente novato. Mas apesar de a diretoria crescer e se renovar, tudo isso foi pensado sem se esquecer das tradições. “Não existe um novo Elefante. É o mesmo bloco desde 1952. O que existe é o fluxo do Carnaval. Uma geração entra e outra sai”, esclarece Anax.Presidente há 25 anos, João Trindade deu a benção e elogia o empenho dos novos parceiros. “Um trabalho ótimo de um grupo de jovens que gostam do clube. Não vieram com interesses estranhos. Tenho mais de 80 anos, eu sei quem presta e quem não presta, o cheiro vem de longe”, garante.SedeA casa de João Trindade, no bairro do Varadouro, Olinda, serve de base do bloco, mas o mandatário luta há tempos por uma sede. Como o clube possui o título de “entidade de utilidade pública”, Seu João espera que as autoridades, algum dia, deem o reconhecimento merecido. “Tem vários imóveis se acabando em Olinda que serviriam. Seria um espaço para expor tudo que temos, chamar os turistas e desenvolver atividades sociais, como oficinas”, declara.AgendaAlém da redes sociais (Twitter, Facebook, Instagram), o pessoal mais novo administra também as fontes de renda. Para isso, eles retomaram um antigo evento (a prévia batizada de Trote do Elefante) e criaram novos, como o Baile Encarnado, ocasião em que a camisa oficial é lançada. Nas festas, todas gratuitas, são vendidos mini estandartes, copos e bebidas para levantar o dinheiro que coloca o bloco na rua. O Trote acontece no dia 8 de fevereiro, às 19h, na Praça do Carmo. O bloco desfila no domingo de Carnaval, às 17h, saindo do Largo do Guadalupe. Nesse vídeo especial, Seu João, Anax e Célio nos contam um poudo da história do Elefante e comentam a respeito do momento de sucesso.

A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que foi reeleita neste domingo (24) presidente nacional do PT, afirmou em discurso no início da noite que o partido quer ter protagonismo nas eleições de 2020, inclusive com a costura de alianças.

"Queremos Lula presidente novamente", disse no encerramento do 7º Congresso Nacional da sigla, que na Casa de Portugal, em São Paulo. "A luta que a gente quer é a do campo democrático, nas ruas, o povo vai combater os retrocessos", afirmou, criticando a política econômica de Jair Bolsonaro, que segundo ela, retira direitos do povo.

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Gleisi disse ainda que o PT quer a anulação da condenação de Lula e provar sua inocência. "Queremos a prisão de Sergio Moro pelas barbaridades que cometeu", disse ao falar do ex-juiz da Operação Lava Jato e agora ministro da Justiça.

"A extrema direita está indo conversar com o povo e temos que fazer o contraponto", afirmou ela, ressaltando que o PT precisa "ir nas vilas" e conversar com as pessoas.

Entre 2013 e 2016 o nome da oposição no país era: Aécio Neves da Cunha. Um tucano que estava sempre nos holofotes da imprensa, fazia duros discursos contra a então presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado e foi um dos articuladores do processo de impeachment da petista. 

O quadro mudou em meados de 2017, quando ele apareceu em gravação pedindo uma propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. A partir daí, uma derrocada marcou a carreira política do mineiro. Ainda naquele ano, ele teve o mandato suspenso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), mas retomou as atividades em um curto período de tempo.

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Já em abril de 2018, Aécio virou réu em uma ação penal pela prática de corrupção passiva e obstrução de Justiça no caso dos R$ 2 milhões, que ele alega ser um pedido de empréstimo e não de propina. Além disso, o tucano é investigado em, no mínimo, outras seis ações que tramitam no STF e na Justiça de Minas Gerais. 

As acusações pesaram, Aécio saiu do papel de protagonista de discursos ácidos e, inclusive, deixou de ser o candidato natural do tucanato para as eleições de 2018. Sua estadia constante nas manchetes por implicações em casos de corrupção o levaram não só a deixar de lado os planos para ocupar o Palácio do Planalto, como também não concorrer à reeleição no Senado e postular uma vaga na Câmara dos Deputados

Agora, como deputado federal, ele está tentando voltar a ativa sem a pecha de investigado por corrupção. Apesar dos curtos e quase imperceptíveis 13 discursos feitos na Câmara, o tucano primeiro, saiu vitorioso de um processo que pedia sua expulsão do PSDB e depois, com a poeira sobre o caso da JBS em baixa, conseguiu a relatoria de um projeto que o coloca em evidência e demanda articulação com prefeitos de todo o país. 

Aécio é o relator em uma comissão especial na Câmara da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza deputados e senadores a repassarem recursos de emendas individuais diretamente para Estados e municípios, sem a necessidade de nenhum tipo de convênio ou instrumento similar com um órgão público intermediário.

Com isso, o deputado federal mineiro, que muitos indagavam sobre seu paradeiro - já que não estava mais entre os holofotes, está tentando galgar de volta espaços deixados de lado, mas isso não quer dizer que ele esteve longe das articulações nos bastidores da política. Inclusive, no dia da votação da reforma da Previdência no Senado, ele apareceu na Casa Alta e travou conversas com o presidente Davi Alcolumbre (DEM).

Autor da proposta de reforma tributária, o líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), diz que há hoje no cenário político uma "conspiração" a favor da aprovação da mudança do sistema tributário brasileiro. Baleia Rossi afirma que a proposta não é "anti-Guedes", numa referência ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

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É mais fácil o projeto passar na Câmara começando do zero?

Tem menos interferência no mercado. Temos hoje um Parlamento 50% renovado. É razoável imaginar que esses novos deputados queiram debater um projeto de tamanha magnitude. Vamos respeitar muito as ideias do Hauly (ex-deputado Luiz Carlos Hauly, ex-relator da reforma tributária). Agora, é importante começar do zero.

Por que não esperar a proposta do Executivo?

Estive na semana passada em uma palestra com o Marcos Cintra (secretário especial da Receita Federal), e ele disse que é absolutamente natural e correto haver protagonismo do Legislativo na reforma tributária. Temos 30 anos de debate. Os fatores políticos hoje são convergentes e favoráveis.

Muitos veem a sua PEC uma proposta 'anti-Guedes'.

Claro que não é 'anti-Guedes'. Pelo contrário, temos que fazer a quatro mãos: o Parlamento e o governo. Uma pauta dessa magnitude não anda se não houver diálogo e convergência com o governo.

Não tem briga?

Não tem e fomos muito corretos. Aprovamos o projeto na CCJ em maio e esperamos exatamente para que o Parlamento não usasse a reforma tributária para atrapalhar a da Previdência. Então, tivemos esse zelo, esse cuidado. Se você perguntar hoje para um deputado se ele prefere votar tributária ou previdência, todo mundo vai querer a primeira.

A proposta do Cintra prevê três etapas. Um delas conversa com a do senhor e as outras duas, não. Como fazer um modelo convergente?

Em todas entrevistas, o presidente Bolsonaro afirma que a reforma tributária é prioridade. O Cintra elogia a proposta. Ele faz só uma ponderação: a de que será mais difícil a aprovação política na Câmara e no Senado porque a reforma unifica também os impostos estaduais e municipais. Mas o fato de ser oriunda do Parlamento também teve um facilitador na própria CCJ. Nós conseguimos praticamente unanimidade na admissibilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após quase quatro meses desde que deu posse a dois terços da Casa, o Senado ainda não conseguiu encabeçar uma grande pauta nacional. Em um período de fortes embates entre o governo e o Congresso, os senadores ficaram à margem. Nem mesmo a revisão do chamado pacto federativo, anunciada como uma pauta que o Senado tocaria enquanto a Câmara vota a reforma da Previdência, terá a Casa como protagonista. Os seis pontos escolhidos por governadores como prioritários para reorganizar a distribuição de recursos entre União, Estados e municípios estão com tramitação mais avançada, só que na Câmara.

Na semana passada, a votação de medidas provisórias escancarou o protagonismo da Câmara e colocou os senadores como "carimbadores" das articulações dos deputados. A medida provisória (MP) que abre o setor aéreo para o capital estrangeiro foi enviada ao Senado no último dia da validade e, mesmo com os senadores discordando do texto que saiu da Câmara, aprovaram como estava para evitar que caducasse.

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O mesmo deve acontecer com a MP da reforma administrativa. Na próxima terça-feira, 28, a medida será analisada pelos senadores sob apelos de não se mexer no texto para evitar que o governo seja obrigado a recriar ministérios. "É muito ruim que esta Casa vá, aos poucos, se transformando em uma carimbadora da Câmara", disse o líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA).

O cenário surpreendeu senadores de primeiro mandato. "Junto com vários colegas estou me sentindo simplesmente um espectador. Todo o protagonismo está na Câmara", lamentou o senador Oriovisto Guimarães (Pode-PR). Mais experiente, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), prevê que, até o encaminhamento da reforma da Previdência ao Senado, a Casa não conseguirá protagonismo com outras pautas.

O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), por sua vez, contesta a existência de um "apagão" no Senado. Segundo ele, os senadores têm exercido um papel de moderador nas crises que envolvem a Câmara, o Judiciário e o Executivo. "O Senado tem tido um papel muito relevante, agora nós não podemos impedir a Câmara de represar até, além do razoável, votação de medida provisória e reforma da Previdência", disse.

Levantamento

Ao completar cem dias à frente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) encomendou estudo que apontou "recorde" na apreciação de propostas em plenário em relação ao início de legislaturas anteriores, com 71 proposições votadas. Na lista está a aprovação do projeto que torna impositivo o pagamento de emendas de bancada - votação iniciada na Câmara.

O "recorde" foi recheado com propostas que vão da destinação de emendas a Estados e municípios à realização de sessões de homenagem, o que levantou questionamentos. "Sob um aspecto de circunstâncias concretas para o País eu estou vendo que está devagar demais, muito lento", avaliou o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP).

Senador de primeiro mandato, Alcolumbre derrotou o experiente Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pelo comando da Casa, mas quem votou no alagoano diz que dificilmente o Senado teria perdido protagonismo com ele no comando, "para o bem ou para o mal". Alcolumbre até tentou. Criou uma comissão para acompanhar a reforma da Previdência - em dois meses, o grupo fez uma audiência pública e recebeu uma sugestão - e outra para revisar a legislação penal. "Acho que o que está sendo feito é serviço perdido porque, quando chega lá, a Câmara engaveta e aprova o deles", disse a senadora Juíza Selma (PSL-MT). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O termo “nova política” tem sido habitualmente utilizado para classificar a atuação do governo Jair Bolsonaro (PSL) tanto pelos próprios integrantes da gestão, inclusive o presidente, quanto por aliados. Mas essa inovação na forma de fazer política no país realmente existe? Bolsonaro tem a praticado em seu governo? E o que é a nova política?

De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Adriano Oliveira, a nova política “é uma categoria inexistente” no Brasil. “Existe o desejo dela ser criada, mas é impossível de ser criada porque é refratária às práticas tradicionais da política”, considerou, dando como exemplo as articulações comuns para a formação de um presidencialismo de coalizão, com a distribuição de cargo e emendas parlamentares.

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Na ótica de Oliveira, “se quiser entender a nova política como a ausência de corrupção, é louvável, mas não podemos desconsiderar a negociação política, a busca por espaço de poder e de recursos para atender o eleitorado”.

Para o estudioso, no governo Bolsonaro, o que se chama de nova política é o evidenciamento unitário do presidente. “A nova política não existe no governo Bolsonaro. O que eu vejo é uma espécie de nova política para trazer Bolsonaro para o pedestal. E, de cima desse pedestal, ele guiar as ações do governo sem dialogar como Congresso. Isso significa, portanto, que a nova política, nada mais é para Bolsonaro, do que estar no poder sem ser cobrado e questionado”, disse.

A falta de uma definição concreta para o termo “nova política” também foi apontado pelo cientista político e pesquisador do Observatório do Poder, Arthur Leandro. “Na verdade o slogan nova política é basicamente um rótulo; foi criado a partir das condições concretas com que os grupos políticos que apoiaram o presidente Jair Bolsonaro durante sua campanha usaram para tentar identificar e vender o conjunto de ações que o governo promove”, salientou.

“Na verdade, não existe um objeto concreto claramente observável e distinto das regras clássicas da análise política que possa ser identificado como sendo essa nova política. O que existe basicamente é um slogan da análise dos acontecimentos identificada com algumas condições do exercício de poder que não representa uma mudança das regras do jogo”, completou.

O estudioso também explicou o que seria a nova política do governo Bolsonaro. “O fato de que o presidente governa sem o apoio de um grande partido e é de um partido que apenas se tornou grande numericamente com a eleição dele”, destrinchou Leandro, lembrando que o presidente, até o momento, não conseguiu consolidar uma base de apoio no Congresso.

A ausência de uma definição concreta do que seria a nova política, a partir de estudos da área, também dificulta a possibilidade de elencar quem seriam seus verdadeiros protagonistas. Até a própria gestão de Bolsonaro tem dado sinais de que está se rendendo às tradicionais práticas de articulação. Nos bastidores, a expectativa é de que na próxima semana o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), apresente aos presidentes dos partidos uma lista de cargos que as legenda, que fizerem parte da base no Congresso, poderão ocupar em troca do apoio governista.

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