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Novas conversas atribuídas aos procuradores membros da força-tarefa da Lava Jato, divulgadas nesta terça-feira (27), sugerem que eles ironizaram a morte da esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, o luto do petista e divergiram quanto aos pedidos de Lula, quando já estava preso, para ir ao enterro do irmão, Genival Inácio da Silva (Vavá), e do neto, Arthur Araújo Lula da Silva.  

Os diálogos foram expostos em reportagem do UOL, a partir das mensagens recebidas pelo site The Intercept Brasil que vêm sendo publicadas por diversos veículos de comunicação do país desde 9 de junho.

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No dia 24 de janeiro de 2017, quando Marisa Letícia sofreu um AVC Hemorrágico e foi internada, no grupo do Telegram Filhos do Januário 1, Deltan Dallagnol diz: "Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal". O procurador Januário Paludo responde: "estão eliminando as testemunhas". 

Já na véspera da confirmação da morte encefálica, 2 de fevereiro, a procuradora da República Luara Tessler diz que Lula faria uso político da perda da esposa. "Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização", disse. E, no dia seguinte, com a morte anunciada oficialmente, Jerusa Viecili pergunta: "Querem que eu fique pro enterro?"

Em 4 de fevereiro de 2017, de acordo com a reportagem, é compartilhado um link com nota da colunista da Folha de São Paulo, Mônica Bergamo, sobre a agonia vivida por Marisa desde a condução coercitiva de Lula, determinada pelo juiz Sérgio Moro. E Luara Tessler refuta: "Ridículo... Uma carne mais salgada já seria suficiente para subir a pressão... Ou a descoberta de um dos milhares de humilhantes pulos de cerca do Lula". 

Logo em seguida, na mesma conversa, Januário questiona a causa da morte de Marisa Letícia. "A propósito, sempre tive uma pulga atrás da orelha com esse aneurisma. Não me cheirou bem. É a segunda morte em sequência", diz, sem pontuar qual seria a primeira morte. 

Um pouco mais tarde, Laura Tessler cita trecho do discurso de Lula no velório e Deltan observa: "bobagem total... Ninguém mais dá ouvidos a esse cara". 

O tema volta ao grupo no dia seguinte, quando o procurador Antônio Carlos Welter diz que "a morte da Marisa fez uma martir [sic] petista e ainda liberou ele pra gandaia sem culpa ou consequência política".

"O safado só queria passear"

De acordo com a reportagem, os procuradores também divergiram sobre os dois pedidos de Lula para deixar da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. O primeiro para o velório do irmão, Vavá, que morreu em 29 de janeiro, e o segundo em 1º de março, com a morte do neto Arthur. 

Assim que o procurador Athayde Ribeiro Costa compartilha no grupo Filhos do Januário 3 a notícia da morte de Vavá, Deltan Dallagnol observa: "Ele vai pedir para ir ao enterro. Se for, será um tumulto imenso".

Athayde responde fazendo uma ressalva para repercussão negativa de uma eventual proibição. "Mas se nao for, vai ser uma gritaria. e um prato cheio para o caso da ONU [Organização das Nações Unidas]", diz. 

Em seguida, o procurador Orlando Martello afirma que é "uma temeridade ele sair. Não é um preso comum. Vai acontecer o que aconteceu na prisão". E acrescenta: "A militância vai abraçá-lo e não o deixaram voltar. Se houver insistência em trazê-lo de volta , vai dar ruim!!".

Por outro lado, o procurador Diogo Castor destaca: "tem que deixar o cara sair. Eh [sic] muito grave você não poder enterrar um irmão. Mas, enfim, respeito opiniões contrárias". "Eu também acho que tem que autorizar a saída", reforça Athayde. A discussão segue entre os procuradores até a Polícia Federal alegar que não tem condições de atender ao pedido de Lula por risco de "fuga ou resgate" do ex-presidente e, porque, o efetivo estava empenhado nos resgates dos atingidos pelo rompimento da Barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. 

No chat, Antônio Carlos Welter concorda com a PF, mas diz acreditar que Lula tinha o direito de ir ao enterro do irmão. "Eu acho que ele tem direito a ir. Mas não tem como". Januário Paludo responde: "O safado só queria passear e o Welter com pena". Na ocasião, Lula chegou a recorrer da decisão, mas quando foi autorizado o irmão já havia sido enterrado.

Em 1º de março, o quadro se repete. No grupo Filhos do Januário 4, a procuradora Jerusa Viecili compartilha a notícia da morte de Arthur, de 7 anos, e diz: "Preparem para nova novela ida ao velório". Desta vez, Lula foi autorizado pela Justiça e foi ao enterro do neto em uma aeronave cedida pelo governo do Paraná.  

No velório, o ex-presidente afirmou que Arthur havia sofrido bullying na escola por ser seu neto. "Fez discurso político (travestido de despedida) em pleno enterro do neto, gastos públicos altíssimos para o translado, reclamação do policial que fez a escolta... vão vendo", analisou, no aplicativo de conversa, a procuradora Monique Cheker. 

À reportagem, os procuradores da Lava Jato e do Rio de Janeiro citados nas conversas não se manifestaram sobre o assunto.

O procurador Diogo Castor de Mattos pagou por um outdoor, que foi instalado na saída do aeroporto de Curitiba, enaltecendo a Lava Jato e chegou a confessar a atitude para o corregedor-geral do Ministério Público, Oswaldo Barbosa, mas este omitiu a informação do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) evitando assim uma punição ao procurador. 

As informações são do site The Intercept Brasil que publicou, nesta segunda-feira (26), novas trocas de mensagens de membros da força-tarefa da Lava Jato e, inclusive, áudios de conversas entre eles. 

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De acordo com a reportagem, as mensagens apontam que o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, intermediou conversas com Oswaldo Barbosa visando proteger o colega procurador e o corregedor disse a Dallagnol que iria suspender apurações e manter o caso em segredo. É papel do corregedor-geral enviar informações suspeitas para o CNMP que fiscaliza promotores e procuradores de todo o país. 

O outdoor mostrava nove procuradores da Lava Jato e dizia: “Bem-vindo à República de Curitiba. Terra da Operação Lava Jato, a investigação que mudou o país. Aqui a lei se cumpre. 17 de março – 5 anos de Operação Lava Jato — O Brasil Agradece”. Na época, advogados acionaram o CNMP questionando o princípio da impessoalidade e a autoria da peça.

Apesar de ter confessado ter pago a propaganda, Castor de Mattos pediu afastamento da força-tarefa em 5 de abril, sob a justificativa de doença, e como a confissão não foi apresentada ao CNMP, o questionamento dos advogados foi arquivado.

Em conversa privada no dia 28 de março deste ano,  Oswaldo Barbosa pede para que Deltan verifique a autoria do outdoor porque está “repercutindo muito”. O chefe do grupo diz que acredita ser questionável que eles apurem e pontua: “fique à vontade aí para buscar a informação”. Dallagnol também pede que seja publicizada qualquer apuração para desmentir notícias que atribuem a Lava Jato o outdoor. 

De acordo com o site, os dois chegaram a se falar depois e, desta vez, houve um detalhamento sobre a confissão de Diogo Castor de Mattos. 

Depois, em 5 de abril, Deltan envia a íntegra de um ofício que ele encaminhou para o corregedor-geral com o afastamento e a confissão de Diogo para os demais procuradores da força-tarefa no grupo Filhos de Januário 1.

“Senhor Corregedor, Cumprimentando-o, dirijo-me a V. Exa. para informar, em nome dos colegas que integram a força-tarefa da operação Lava Jato, que o procurador Diogo Castor de Mattos, afastado nesta data por razão psiquiátrica, comunicou aos procuradores que custeou com recursos próprios, por iniciativa de um amigo do seu relacionamento particular, a publicação de outdoor com imagem e mensagem de reconhecimento dos trabalhos da Lava Jato, nesta cidade, em março deste ano…” 

Depois disso, segundo a reportagem, Deltan pede que o assunto seja abafado e surgem os áudios. 

O primeiro a falar, em 7 de abril de 2019, é o procurador Orlando Martello: “Ele pediu para sair, mas se ele não pedisse, teria a nossa decisão de que ele deveria sair. O que ele fez foi uma certa traição. Falando para nós aqui. Ele traiu o grupo ao fazer uma coisa sem comunicar a todos. Então ele sairia de qualquer forma... Agora depende da repercussão que isso tiver, Se não tiver repercussão nenhuma nada obsta que lá na frente ele retorne. Agora se ele não saísse espontaneamente, ele seria obrigado a sair. Ou então eu sairia”. 

Em outra gravação, o procurador Paulo Galvão diz que Castor de Mattos prestou as informações “espontaneamente” à corregedoria. Já o procurador Julio Noronha, pondera que, se a força-tarefa justificasse a saída de Castor de Mattos apenas pela questão de saúde, estaria sendo “conivente além do necessário com a situação”.

Até este domingo (25) apenas um áudio das mensagens de Telegram entre integrantes da Lava Jato vazadas havia aparecido nas reportagens do site The Intercept. Mas, segundo o jornalista Leandro Demori, novas mensagens de voz serão reveladas nesta segunda (26).

“Amanhã (segunda) ao meio-dia tem Vaza Jato ao vivo no nosso canal do YouTube. Reportagem nova com áudios exclusivos. Inscreva-se, ative o sininho e fique em shock (sic)”, disse Demori no twitter.

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No dia 9 de julho,  o The Intercept vazou conversa de Deltan Dallagnol e membros da força-tarefa a respeito da guerra jurídica que houve em torno de uma entrevista de Lula daria ao jornal Folha de S. Paulo. No áudio, Dallagnol comemorava  o veto do Supremo Tribunal Federal ao pedido de entrevista feito pelo periódico.

A expectativa criada pela revelação dos áudios chegou a ser discutida em uma comissão da câmara, quando a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) cobrou que Glenn Greenwald revelasse as mensagens de voz. O jornalista disse a ela que a mesma se arrependeria do pedido.

Glenn ainda disse que a parte mais importante dos vazamentos ainda não estava no ar. "Eu tenho certeza, porque eu conheço o material que estamos trabalhando, que os materiais mais bombásticos e importantes ainda não foram publicados, mas serão em breve. Tem muitas revelações graves. Essas seis semanas que começamos a publicar foram muito pouco tempo para um acervo deste tamanho. Então, com certeza, vai ter muito mais revelações muito graves no futuro", afirmou em entrevista ao Metrópoles no final de julho.

A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba preferiu fazer manobras para que grandes bancos com atuação no Brasil firmassem acordos ao invés de instaurar investigações sobre acusações de envolvimento das instituições financeiras com o escândalo de corrupção. É o que apontam as novas mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil através do El País, nesta quinta-feira (22). 

As conversas registradas no aplicativo Telegram entre procuradores da força-tarefa aconteceram em 2016, após alguns bancos serem citados em delações premiadas. No dia 16 de outubro daquele ano, por exemplo, o procurador Roberson Pozzobon alertou aos colegas de profissão: “O Banco, na verdade os bancos, faturaram muuuuuuito com as movimentações bilionárias dele”. 

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Na ocasião, segundo a reportagem, Pozzobon se referia às movimentações financeiras do empresário e lobista Adir Assad, condenado por lavagem de dinheiro, acusado de envolvimento em diversos escândalos de corrupção, incluindo o da Petrobras. Os procuradores, naquele momento, já tinham a informação de que Assad havia aberto uma conta no Bradesco nas Bahamas para lavar dinheiro “a rodo”. E Compliance Officer, setor responsável por fazer o banco cumprir normas legais, chegou a alertar o Bradesco em 2011 sobre algo errado naquela conta, mas Pozzobon disse que o Bradesco nada fez. 

Apesar da informação, ainda em 2016, foi criado um arquivo de “Ideias e Metas FTLJ 2017_2018”, enviado em um dos chats dos procuradores. No documento, em que aparece objetivos a serem cumpridos, o item bancos aparece com a descrição de acordos “a título de indenização por lavagem de dinheiro e falhas de compliance”.

Atingir os bancos com investigações, de acordo com a matéria, na ótica dos procuradores causaria o chamado "risco sistêmico", conceito financeiro que supõe um possível efeito dominó para a economia.  

Em 21 de outubro de 2016, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, enviou uma mensagem para o grupo Filhos de Januário 1 sugerindo a instalação de um Inquérito Civil Público (ICP) que averiguaria falhas de compliance dos bancos. Na conversa, ele diz que a intenção era de “pintar tempestade na portaria”.

“CF, em relação aos bancos e falhas de compliance, Orlando, Paulo e eu pedimos pro Douglas instaurar ICP e pediremos infos pros bancos. A ideia é pintar tempestade na portaria e mandar ofício pedindo infos sobre investigações internas que tenham feito etc., para incentivá-los a virem para a mesa negociar. Vc será o responsável pelos ICPs, como nosso especialista em compliance, mas conte comigo pro que precisar”, diz a mensagem [mantida com a grafia enviada] de Dallagnol para o procurador Carlos Fernando Lima. 

“Bradesco, Itaú, Credit suisse e Banco Paulista de SP (só paulista para dar esse nome mesmo... banco paranaense do Paraná nca vi rsrsrs)”, acrescentou. 

A reportagem aponta também que, apesar dessa conversa ter acontecido em 2016, apenas em maio deste ano que a Lava Jato chegou de fato à primeira instituição bancária. No dia 8 daquele mês, foram presos três executivos do Bancos Paulista, acusados de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta para beneficiar a Odebrecht. 

Outro fato curioso, levantado pelo El País, é que além da morosidade da Lava Jato atingir os bancos, em outubro de 2018 Deltan esteve fazendo uma palestra paga pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre prevenção e combate a lavagem de dinheiro, pela qual recebeu R$ 18.088 líquidos, quase seu salário daquele mês: R$ 22.432. 

Além disso, em 2018, os procuradores chegaram a cogitar o rompimento das negociações do acordo de delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. A proposta apresentava uma narrativa complexa sobre sua relação com poderosos, como Joseph Safra (Banco Safra), Pedro Moreira Salles (na época, do Unibanco), Lázaro Brandão e Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), dentre outros.

Por meio de nota, a força-tarefa de Curitiba disse que "é de conhecimento público que as forças-tarefas Lava Jato no Paraná e no Rio de Janeiro já adotaram diversas medidas de persecução criminal em face de integrantes de instituições financeiras, incluindo diretores e gerentes de bancos e corretoras". O texto ainda observou que o grupo "não reconhecesse as mensagens que lhe têm sido atribuídas. O material é oriundo de crime cibernético e sujeito a distorções, manipulações e descontextualizações". 

O procurador Deltan Dallagnol tentou usar o prestígio que conquistou como coordenador da força-tarefa da Lava Jato para fazer lobby com ministros do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), do Supremo Tribunal Federal (STF) e senadores para tentar emplacar seu aliado, o procurador regional da República Vladimir Aras, como o novo procurador-geral da República (PGR).

É o que sugerem as mensagens reveladas pelo site UOL, nesta sexta-feira (16), a partir dos diálogos enviados para o site The Intercept Brasil. De acordo com a reportagem, conversas entre Deltan e Aras apontam que o procurador se engajou pessoalmente na campanha em favor do aliado, apesar de, as vezes, ponderar ter receio de que sua eventual interferência viesse a público. "Bom ficamos na sombra", chegou a dizer a Aras.  

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O texto aponta que eles iniciaram as articulações ainda durante a campanha, quando Moro era juiz federal e já especulado como alguém próximo ao então eventual presidente. Em 11 de outubro, entre o primeiro e segundo turno, Aras disse a Deltan: "Fala com Moro sobre minha candidatura à PGR. Com Bolsonaro eleito, vou me candidatar". 

Em resposta, Deltan questiona: "Pra ter contexto, qual objetivo de falar com ele agora? Ver o que ele acha?" E Aras, por sua vez, observa que é necessário "ter continuidade na PGR" e pondera já ter falado com Moro. "Ele disse que sou bom candidato, mas achava que era requisito ser sub. Ele já tem prestígio agora. Onyx será Casa Civil. Ele vai ser ouvido pelo presidente na indicação", diz Vladimir Aras.

"Conseguimos articular sua indicação. Temos várias pessoas pra chegar lá. Várias pessoas que se associaram a nós na luta contra a corrupção e que estarão por perto dele", asseverou Dallagnol, logo em seguida. 

Segundo a reportagem, as articulações foram intensificadas em fevereiro. "Delta, boa noite. Você poderia me apresentar ao [Luís Roberto] Barroso e ao [Edson] Fachin? Preciso de aliados no STF", pede Aras. "Posso sim, claro. Provavelmente em março vou prai [sic] pra dar uma aula magna em uma faculdade com o dia livre e marcamos com eles", sinalizou o procurador chefe da Lava Jato. 

Depois, em 5 de abril, Vladimir Aras conseguiu uma audiência com Edson Fachin, chegou a pedir que antes Deltan desse uma força, mas o amigo disse não ter o contato do ministro do STF e optaram por aguardar um encontro posterior de Deltan com Fachin para falar sobre o assunto e o envio de uma mensagem para outra pessoa intermediária. E para Aras encontrar Barroso em um encontro promovido pelo jornal Estado de São Paulo. 

A matéria também relata que Deltan enviou um email para ministros do STF dizendo que Vladimir Aras "é um colega sério e ponderado, tem excelente capacidade de diálogo, é comprometido com o Estado de Direito e qualificado para o cargo" e ainda afirmava que, "se indicado, fará um grande trabalho na Procuradoria-Geral".

No Senado, o contato com Eduardo Girão (Pode-CE), com quem Deltan marcou um encontro sigiloso. Girão teria proposto um plano de conversas para os dois com  20 senadores influentes, como Eduardo Braga (MDB-AM), Humberto Costa (PT-PE) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). 

Deltan se mostra empolgado com a ideia: "nesse colégio, a metade vai aderir bem. Alguns talvez nem compense a visita...Mas é aquela coisa; fechar o cerco!”

Outro lado 

Por meio de nota, a força-tarefa da Lava Jato disse que é permitido aos procuradores "incentivar colegas a se candidatarem", "fazer contatos" e "encampar iniciativas para a escolha dos melhores candidatos". Além disso, destacou que tem defendido a lista tríplice "sem manifestar apoio a determinado candidato". O ministro da Justiça, Sergio Moro, Vladimir Aras e Eduardo Girão não se manifestaram sobre as conversas.

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, recusou-se a receber um prêmio ao lado do hoje presidente Jair Bolsonaro (PSL) e de "outros radicais de direita" em 2016. É o que revelam conversas divulgadas nesta quarta-feira (14) pelo UOL, a partir das mensagens recebidas pelo site The Intercept Brasil. 

O prêmio foi o "Liberdade 2016", concedido no Fórum Liberdade e Democracia, organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de São Paulo. 

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Segundo a reportagem, em mensagem publicada no grupo do Telegram Filhos do Januário 1 no dia 5 de outubro, que reúne procuradores que atuam na Lava Jato, Deltan disse que havia sido convidado para receber a premiação e considerava positivo o convite para a Lava Jato, mas preferia que a equipe toda fosse reconhecida pela instituição. 

"Vou receber porque me parece positivo para a Lava Jato, mas vou pedir para ressaltarem de algum modo, preferencialmente oficial, que entregam a mim como símbolo do trabalho da equipe", destaca Dallagnol.

Dias depois, um dos assessores da força-tarefa aconselha o procurador a evitar a participação no evento para não ter a imagem associada com a do então deputado federal. 

"Você vai mesmo no evento deles neste sábado? Com Bolsonaro como palestrante? Por favor, repense... Tudo o que você e a força-tarefa não precisam é serem 'associados' ao Bolsonaro. É a mesma coisa que receber prêmio do Foro de BSB. Estou quase implorando", argumenta o assessor, que não foi identificado pela reportagem.

"Péssimo isso aí", responde Deltan, já sugerindo, em seguida, os argumentos que o assessor deve utilizar para justificar sua ausência. "Imprevisto. Mil desculpas", recomenda ao assessor, acrescentando que ele poderia ver se o promotor Roberto Livianu poderia receber a premiação em seu lugar e ponderar que ele gostaria de escrever uma mensagem em nome da força-tarefa para agradecer a honraria. "Diz que não costumo cancelar, apenas quando não consigo fazer diferente (estou me sentindo mal com o cancelamento ainda rs... mas manda ver)", ainda observa Deltan.

Na madrugada do dia 20 de outubro, o procurador avisou no grupo Filhos de Januário 1 sobre a desistência e justificou que não iria porque na programação tinha políticos com perfil "muito de direita": "com Jair Bolsonaro como um dos vários palestrantes e com homenagem a um vereador de SP [Fernando Holiday, do DEM-SP] que foi um dos líderes do impeachment".

Roberto Livianu recebeu o prêmio em nome de Deltan Dallagnol no dia 22 de outubro. 

Em resposta ao site, promotor disse que os procuradores da Lava Jato pediram que ele recebesse o prêmio por dificuldade de agenda. Além disso, afirmou também que  não viu Jair Bolsonaro ou Fernando Holiday na plateia. Holiday, por sua vez, mostrou-se surpreso pelo fato de Deltan ter cancelado a ida ao evento por causa de sua participação, apesar de ter ressalvas sobre as mensagens vazadas.

Já a Lava Jato disse não reconhecer a legitimidade das conversas divulgadas, mas mesmo assim considerou que evita a "participação direta de seus membros em eventos que possam gerar, ainda que indevidamente, a vinculação do trabalho técnico feito na Lava Jato a bandeiras ideológicas e político-partidárias".

A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, utilizou seu perfil oficial no Twitter neste sábado (9) para criticar comportamentos do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

Hoffmann fez menção ao trabalho desempenhado pelo site The Intercept, do jornalista Glenn Greenwald, que desde o último mês de junho vem vazando conversas comprometedoras de membros do Governo Federal e da Operação Lava Jato.

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“Moro faz de tudo para desqualificar o escândalo que envolve seu nome e dizer que a #VazaJato é por causa do Lula. Ele está preso injustamente, Deltan (Dallagnol, procurador da Lava Jato) disse que não havia provas”, argumentou a petista. 

A deputada também opinou sobre a tarefa de Moro na Lava Jato. “As revelações são para mostrar que Sergio Moro foi chefe da operação, prejudicou a economia e se cacifou como político”, complementou Hoffmann.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou que escondeu uma doação à caridade feita com um valor que, segundo ele, foi pago com o valor que recebeu de uma palestra efetuada em 2016. 

Moro falou sobre o assunto no Twitter após, nesse domingo (4), o site The Intercept Brasil e o jornal Folha de São Paulo apontarem que em setembro de 2016 ele fez uma palestra remunerada e não cumpriu a  obrigação de informá-la ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, embora tenha registrado outras participações em eventos. Regra aprovada no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em junho daquele ano obriga o registro de atividades classificadas como de “docentes”. 

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Ao rebater a informação de que teria omitido a informação e ter classificado a palestra como “bem organizada e bem paga” em uma das mensagens trocadas com o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, Moro disse que o fato de ter dado o cachê para uma entidade financeira para não soar autopromoção. 

“Em 2016 não fui totalmente sincero. Escondi a doação à caridade decorrente da palestra, pois achei que poderia soar como inadequada autopromoção. Escusas agora pela revelação, mas preciso dela contra falsos escândalos. Há outras doações, mas os fatos importam mais do que a publicidade”, justificou.

De acordo com a reportagem da Folha de São Paulo, o ex-juiz recebeu entre R$ 10 mil e R$ 15 mil pela palestra.

Em resposta ao jornal, Moro disse que não relatou a palestra remunerada por “puro lapso” e que o valor foi doado para a entidade beneficente Pequeno Cotolengo, que cuida de pessoas com deficiência.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) questionou, neste sábado (3), o fato de, segundo ela, membros de órgãos fiscalizadores e de justiça cometerem atos de corrupção para combater o mesmo crime. Na avaliação da petista, isso só acontece no Brasil.

“Só na república bananeira comete-se atos de corrupção para combater a corrupção. Criminosos usaram a toga para fraudar eleições e locupletarem-se do poder”, escreveu a petista no Twitter.

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Apesar de não citar nomes, o comentário foi seguido da hashtag “VazaJato” e a parlamentar se referia as denúncias que surgiram após mensagens trocadas pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, e procuradores da força-tarefa da Lava Jato, entre eles Deltan Dallagnol, foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil. 

As mensagens sugerem que houve interferência de Moro nas investigações do escândalo de corrupção. O ministro nega a legitimidade das mensagens e qualquer irregularidade. 

A deputada estadual de São Paulo, Janaína Paschoal (PSL), saiu em defesa, nesta quinta-feira (1º), do chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que aparece, de acordo com troca de mensagens divulgadas pelo site The Intercept, fazendo questionamentos sobre uma reforma feita com a participação da OAS na casa do atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e incentivando uma espécie de cerco contra o ministro em 2016. 

Na avaliação de Janaína, que foi uma das autoras do pedido que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), não há irregularidades na conversa que teria sido protagonizada por Dallagnol. 

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“Não sei se os diálogos, publicados hoje, conferem com a realidade. Mas se conferirem, não vislumbro neles qualquer ilegalidade. Muito ao contrário, os procuradores apenas estavam buscando averiguar possíveis irregularidades, graves irregularidades”, observou.

A parlamentar disse também que “os jornais deveriam estar preocupados em apurar o que os procuradores buscavam esclarecer e não criar a sensação de que eles estariam a transgredir”.

“Já que, apesar das prisões dos hackers, as conversas interceptadas seguirão sendo publicados, penso que o mérito dessas conversas deveria ser analisado com mais cautela. Queriam o que? Que os procuradores ignorassem potenciais ilicitudes perpetradas por um alto magistrado?”, indagou Janaína, em publicação no Twitter.

Presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal Gleisi Hoffmann (RS) afirmou, nesta segunda-feira (29), que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi um “grande cabo eleitoral” do presidente Jair Bolsonaro (PSL). 

“Grave, muito grave! Moro divulgou uma delação de Palocci que tinha questionamento do Ministério Público, não tinha conteúdo de prova, mas fez para causar confusão política às vésperas das eleições. Isso prova que Moro foi um grande cabo eleitoral de Bolsonaro”, argumentou, em publicação no Twitter.

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A exposição da parlamentar petista diz respeito a uma reportagem desta segunda do jornal Folha de São Paulo, baseada no conteúdo de mensagens trocadas no Telegram por procuradores da Lava Jato e o ex-juiz recebido pelo site The Intercept Brasil. 

A matéria aponta que o agora ministro considerava frágeis as provas da delação premiada de Antonio Palocci.  No acordo, o ex-ministro acusou os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, de cometerem crimes de corrupção. Mesmo considerando “difícil de provar”, segundo conversas trocadas por procuradores, o conteúdo da delação foi divulgado por Moro no dia 1º de outubro de 2018, às vésperas das eleições. 

Lula foi o principal fiador da campanha de Fernando Haddad, que o substituiu na disputa depois que o ex-presidente foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Haddad terminou a disputa em segundo lugar e foi para o segundo turno contra Bolsonaro, mas perdeu o pleito.

O site Metrópoles publicou nesta sexta (26) uma longa entrevista com o fundador do The Intercept, Glenn Greenwald. O jornalista afirmou que "os materiais mais bombásticos" dos diálogos entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro ainda não foram publicados. Ele ainda afirmou que vem sendo ameaçado de morte constantemente e que considera a série de reportagens atual mais perigosa que as revelações do caso Snowden.

Questionado pelo Metrópoles, Greenwald revelou que novas matérias do seu site sobre os diálogos vazados vão revelar informações ainda mais importantes do que as que já foram ao ar. "Eu tenho certeza, porque eu conheço o material que estamos trabalhando, que os materiais mais bombásticos e importantes ainda não foram publicados, mas serão em breve. Tem muitas revelações graves. Essas seis semanas que começamos a publicar foram muito pouco tempo para um acervo deste tamanho. Então, com certeza, vai ter muito mais revelações muito graves no futuro", afirmou.

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Apesar de ter revelado que recebeu as conversas de uma pessoa que hackeou os celulares de autoridades, Gleen não confirmou se as pessoas presas pela Operação Spoofing, da Polícia Federal, são as suas fontes. "No passado, nós reportamos com materiais fornecidos por fontes que também foram presas. Nós não sabemos se os caras que eles prenderam eram nossas fontes, e obviamente não vamos comentar nada sobre isso. Mas, se eles são ou não, não tem nenhuma consequência para nossa reportagem, que está continuando", disse o jornalista.

Glenn Greenwald falou também sobre as ameaças que vem recebendo e da "perseguição" do Ministro da Justiça Sérgio Moro. "Estamos recebendo o tempo todo ameaças de morte bem detalhadas, bem sérias. Não é o tipo de ameça que se recebe todo dia quando você é figura pública: 'Oh, espero que você morra' ou 'Vou te matar', mas com muitos detalhes, com dados pessoais", falou. "Sergio Moro está usando a linguagem para criminalizar nosso jornalismo. Sempre nos chama de “os aliados dos hackers”, criando essa teoria que participamos do crime. Ele está fazendo isso de propósito. Isso é uma ameaça grave quando está vindo do ministro da Justiça, que tem o poder para investigar, espionar, monitorar, processar", completou.

Entre outras coisas - a entrevista completa você vê no Metrópoles - Gleen ainda fez questão de confirmar que não houve nenhum tipo de pagamento pelas conversas vazadas que chegaram ao The Intercept. "Obviamente não pagamos nada. Até mesmo o suspeito, que a PF prendeu ontem e acusou de ser nossa fonte – e nós não estamos confirmando – mesmo no depoimento dele, ele confirmou o que estamos falando o tempo todo. Que a fonte passou a informação de forma anônima, sendo que, antes disso, nunca falou comigo e que a informação foi obtida sem qualquer pagamento, sem nada. Simplesmente passaram a informação e recebemos. É o que temos sempre falado", ressaltou.

Apesar de ter conquistado um dos prêmios mais importantes do jornalismo mundial, o Pulitzer, o jornalista Glenn Greenwald foi alvo de um comentário negativo do deputado federal Carlos Jordy (PSL) quanto ao seu desempenho profissional.

O parlamentar fez uma série de trocadilhos para sugerir que o jornalista estaria, agora, tendo que fugir de autoridades policiais para não prestar esclarecimentos sobre episódios envolvendo hackers. 

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“Dos mesmos criadores de ‘Se hackear, não tuíte’, um filme estrelado por Glenn ‘Verdevaldo’: ‘prenda-me se for capaz’. A história de um jornaleiro mequetrefe que pagou pra ver desafiando a justiça e, agora que a conta chegou, foge desesperadamente. Hoje, na Sessão Pavão”, escreveu Jordy.

Greenwald é casado com o deputado federal David Miranda (PSOL) e editor e fundador do The Intercept Brasil, site responsável pelos polêmicos vazamentos envolvendo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e outros membros do governo.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) ironizou as publicações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, rebatendo as novas conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil, através do jornal Folha de São Paulo

Moro, que está de licença do comando do ministério até esta sexta-feira (19), usou o Twitter para se defender e criticar as mensagens divulgadas, e o senador, por sua vez, alfinetou o ex-juiz perguntando se era ele mesmo tuitando nas férias ou um ataque hacker.

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“Foi um hacker de novo ou é mais uma tuitada sua no meio das férias?! Não se preocupe! Vá curtir a sua viagem com a família, porque essas mensagens divulgadas são tudo montagem, né?”, indagou o senador ao ministro. 

Antes disso, Humberto classificou as novas revelações como “mais uma denúncia grave” contra Sérgio Moro e reforçou a tese de que o ministro precisa “ser demitido e punido”. 

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As novas conversas apontam que o ex-juiz responsável pela Lava Jato na primeira instância em Curitiba teria interferido nas negociações do acordo de delação da Camargo Corrêa e seus executivos. O ministro, contudo, diz que não reconhece a veracidade das mensagens.

O chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, é um dos palestrantes em um evento para empreendedores que vai acontecer na capital paranaense. Além dele, a cantora Anitta também compõe o elenco dos que vão palestrar no encontro que está cobrando ingressos a R$ 650 - o mais barato na pré-venda. A informação é da revista Veja. 

De acordo com a reportagem, o evento também conta com opções de ingresso “VIP Unissex” por R$ 800. Segundo a programação, Dallagnol vai falar sobre “A Ética nos Negócios em um Mundo Sob Pressão”, enquanto Anitta falará sobre sua carreira como uma startup. As palestras estão marcadas para outubro deste ano.

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As palestras ministradas por Dallagnol estão sendo analisadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público. O Conselho vai apurar se Deltan e o procurador Roberson Pozzobon usaram seus cargos para lucrar como palestrantes. 

Conversas de dezembro de 2018 reveladas pelo site The Intercept Brasil, através do jornal Folha de São Paulo, sugerem que Dallagnol teria feito um plano para, com a fama adquirida por comandar a Lava Jato, atrair o recebimento por palestras.

“As palestras e aulas já tabeladas neste ano estão dando líquido 232k [R$ 232 mil]. Ótimo… 23 aulas/palestras. Dá uma média de 10k [R$ 10 mil] limpo”, teria dito à sua mulher, com quem chegou a cogitar a criação de uma empresa para esse fim.

Em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, também lamentou a baixa presença de senadores, em especial do partido do governo, que, segundo ele, o atacam virtualmente mas não compareceram para debater.

“Eu gostaria muito de discutir frente a frente essas acusações falsas que eles estão espalhando quando não estou presente e esta é uma oportunidade para discutir essas acusações na minha cara, para examinar se elas são falsas ou verdadeiras, mas infelizmente eles não estão aqui para fazer isso”, disparou.

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Greenwald foi convidado pela CCJ, a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para falar sobre os vazamentos de conversas entre o ex-juiz e atual ministro Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, e outros procuradores, pelo aplicativo Telegram.

O jornalista contou que recebeu as informações de uma fonte que não quer ser revelada e ressaltou que a Constituição Federal e o Código de Ética dos Jornalistas garantem o sigilo. “Eu li a Constituição brasileira que protege e garante exatamente o que estamos fazendo e confio muito nas instituições brasileiras para aplicar e proteger esses direitos. O clima que o ministro está tentando criar é de uma ameaça à imprensa livre”, disse.

Vencedor do prêmio Pulitzer por ter revelado, em 2013, um sistema de espionagem em massa dos EUA com base em dados vazados por Edward Snowden, Glenn Greenwald, destacou que à época sua credibilidade não foi posta em xeque. “Pelo contrário, vim ao Senado e todo mundo nos parabenizou porque todo mundo aqui no Brasil conseguiu perceber porque essa reportagem era tão importante. Ninguém ameaçou a gente naquela época, e que deveríamos ser investigados ou presos. Pelo contrário, fomos premiados”, destacou.

Com informações da Agência Senado

O jornalista Glenn Greenwald participa nesta quinta-feira (11) da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), no Senado, para debater o vazamento de conversas de membros da força-tarefa da Lava-Jato. O membro do The Intercept Brasil destacou que não irá recuar de seu trabalho.

"Não temos medo nenhum", afirma Greenwald sobre uma possível investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre seus dados. 

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Segundo Greenwald, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, recusou negar a existência de uma investigação do Coaf porque gostaria de deixar os jornalistas do Incerpt "com medo". Ele também ressaltou que há um movimento global para "criminalizar o jornalismo e jornalistas".

O subprocurador-geral do Ministério Público no Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, solicitou, via medida cautelar, que o Coaf suspenda uma investição sobre Greenwald, caso ela exista. 

Lembrando o caso de Edward Snowden, que vazou documentos secretos mostrando a dimensão da operação de espionagem dos Estados Unidos, Greenwald ressaltou que o então procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, negou qualquer ação para publicar ou perseguir os jornalistas envolvidos na publicação.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político e professor da Universidade Veiga de Almeida Guilherme Carvalhido afirma que a investigação é "possível represália" contra o trabalho Greenwald. 

Carvalhido ressalta que caso não exista um processo contra o jornalista do Intercept, o objetivo é "uma intervenção direta para tentar calar ou reduzir a atividade jornalística dessas pessoas. Infelizmente isso é muito comum no Brasil e em várias partes do mundo".

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Da Sputnik Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou ter ordenado qualquer investigação por parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil. O ministro respondeu a requerimento do Tribunal de Contas da União (TCU), que pediu esclarecimentos à pasta sobre possíveis investigações da situação financeira do jornalista.

Em ofício encaminhado ao TCU, Guedes informou não ter conhecimento sobre “os fatos noticiados nos autos”, referindo-se à investigação do jornalista. O ministro informou que o Coaf tem autonomia técnica para abrir investigações sem seu conhecimento, mas negou ter emitido qualquer ordem nesse sentido.

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“[O signatário] não tomou parte de nenhuma questão relacionada aos fatos e situações ali descritos [possível investigação de Greenwald], não havendo, por conseguinte, orientado ou determinado nenhuma providência por parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras em eventuais investigações levadas a efeito, atinentes à representação citada”, destacou Guedes no ofício.

Em ofício separado assinado eletronicamente, o presidente substituto do Coaf, Jorge Luiz Alves Caetano, informou que o órgão não se pronuncia sobre “casos concretos”, sob a alegação de manutenção de sigilo fiscal. Ele não respondeu se a Polícia Federal chegou a pedir investigação nem se o Coaf começou a monitorar as movimentações financeiras de Greenwald.

“Na hipótese ora figurada, é importante reiterar que tanto intercâmbio porventura iniciado pela Polícia Federal quanto eventual RIF [Relatório de Inteligência Financeira] disseminado seguiriam cobertos pelo sigilo imposto pela Constituição Federal e pelas leis do País, ressalvadas as estritas hipóteses de quebra de sigilo. Por essa razão ao longo de vinte anos de existência, o Coaf não se pronuncia sobre caso concreto, tampouco acerca de matérias e especulações jornalísticas ou de qualquer natureza”, escreveu Caetano.

Entenda o caso

Na noite de sexta-feira (5), o ministro do TCU Bruno Dantas deu prazo de 24 horas para que o ministro da Economia prestasse esclarecimentos ao órgão, porém só hoje chegaram as notificações. Segundo o ministério, o primeiro pedido foi enviado diretamente ao Coaf e foi entregue ontem (8) às 15h, enquanto o segundo pedido, endereçado ao ministro Paulo Guedes, foi recebido também ontem (8) às 15h25. A pasta tinha se comprometido a responder aos dois requerimentos em 24 horas.

O Intercept Brasil tem divulgado trocas de mensagens atribuídas a procuradores da Lava Jato e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, então juiz que comandava as ações da operação em Curitiba.

O despacho de Dantas foi baseado na representação do subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado, para apurar supostas irregularidades no Coaf, que estaria verificando, a pedido da Polícia Federal, movimentações atípicas que poderiam estar relacionadas à invasão dos celulares de agentes públicos envolvidos com trabalhos da Lava Jato. “A motivação dessa investigação teria sido, mediante perseguição e abuso de poder, intimidar o jornalista”, diz o documento.

Conforme a argumentação do Ministério Público de Contas e do ministro do TCU, se confirmada, a investigação do Coaf poderia caracterizar "grave desvio de finalidade" no dispêndio de recursos públicos. “Por óbvio, isso nada tem a ver com a prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo”, diz Bruno Dantas. No despacho, o ministro também tinha pedido esclarecimentos ao presidente do Coaf, Roberto Leonel de Oliveira.

 

O recesso de cinco dias do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, tem dado o que falar no mundo político. O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) usou o Twitter, nesta segunda-feira (8), para fazer um alerta para eventuais ofensivas que podem ocorrer no período contra os jornalistas que estão escrevendo as reportagens que revelam as mensagens trocadas por Moro e o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, através do Telegram que dão a ideia de que o ex-juiz interferiu em investigações da operação. 

“Em meio à #VazaJato, o ministro da Justiça vai tirar licença para ‘tratar de assuntos particulares’. Estamos de olho para que o recesso não seja uma coincidente senha aos subordinados para ofensivas contra jornalistas”, salientou Túlio Gadêlha.

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Na semana passada, por exemplo, surgiu rumores de que a Polícia Federal teria pedido ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que investigasse as movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil. O Tribunal de Contas da União deu um prazo de cinco dias para o governo se manifestar sobre a eventual investigação.

O afastamento do ministro das atividades da pasta foi publicado no Diário Oficial da União desta segunda. De acordo com o despacho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o afastamento será de 15 a 19 de julho, “para tratar de assuntos particulares”.

Nova reportagem publicada neste domingo (7) pelo site The Intercept sugere que procuradores da Lava Jato teriam se articulado para vazar informações de  uma delação da Odebrecht – que estava sob sigilo de justiça – para a oposição venezuelana.  A ideia teria partido, segundo as mensagens publicadas, do então juiz Sérgio Moro.

As mensagens vazadas do Telegram, de agosto de 2017, mostram que o objetivo dos procuradores era enfraquecer o já combalido governo de Nicolás Maduro. 

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Sérgio Moro: “Talvez seja o caso de tornar pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?” (sic)

Deltan Dallagnol:  “Naõ dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontãnea [à Venezuela] e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público” (sic)

Segundo o The Intercept, a Lava Jato tinha poucos interlocutores na Venezuela, então teria recorrido à ex-procuradora-geral Luísa Ortega Díaz, destituída de seu cargo por ser vista como uma ameaça a governo Maduro. Moro teria enviado a mensagem a Deltan (acima) sugerindo a abertura das informações da Odebrecht no mesmo dia em que a Assembleia Constituinte venezuelana aprovou o afastamento de Ortega.

De acordo com as conversas vazadas pela reportagem, alguns procuradores chegaram a alertar para os eventuais riscos da atitude.

Paulo Galvão: “Vejam que uma guerra civil lá é possível e qq ação nossa pode levar a mais convulsão social e mais mortes” (sic)

Athayde Ribeiro Costa: “Imagina se ajuizamos e o maluco manda prender todos os brasieliros no territorio venezuelano”

As preocupações teriam sido amenizadas pelo procurado Deltan Dallagnol, um dia depois

Deltan:  “PG, quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgir.” (sic)

Os procuradores teriam então decidido abrir as delações para a oposição venezuelana. Tanto que semanas depois, Ortega Díaz divulgou vídeos das delações em seu site.

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