Um comunicado elaborado pela equipe de microbiologia do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) da Universidade de São Paulo (USP) foi publicado para tirar as dúvidas da população sobre a transmissão do novo Coronavírus por meio dos alimentos.
De acordo com os pesquisadores, mesmo sem histórico de contaminação direta pela comida, é de extrema importância a manutenção da higiene em pias, mesas e bancadas. Além disso, os especialistas alertam para a limpeza correta das mãos antes do manuseio de qualquer produto alimentício e para a lavagem de itens como frutas e hortaliças.
##RECOMENDA##“Em tempos de COVID-19, as recomendações de higiene e limpeza são as mesmas de sempre e devem ser seguidas criteriosamente. Bancadas, pias, louças e demais utensílios devem estar sempre limpos e secos, sem resíduos de alimentos. Geladeiras, freezers, fornos, fogão e demais eletrodomésticos devem ser limpos e higienizados com regularidade, com água, sabão e sanitizantes ou água sanitária. O mesmo vale para as paredes, chão e teto. Esses procedimentos evitam a presença dos microrganismos indesejáveis na cozinha, inclusive o coronavírus, e evitam a contaminação cruzada, ou seja, transferência de microrganismos de alimentos ou superfícies contaminados para alimentos não contaminados”, cita o texto assinado pelos professores Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco, Mariza Landgraf e Uelinton Pinto.
O FoRC recomenda que alimentos consumidos em geral crus, como as hortaliças, devem ter as folhas lavadas uma a uma sob água corrente. Após o procedimento, é indicado que os produtos fiquem imersos por 15 minutos em uma solução (um litro de água e uma colher de água sanitária que não contenha outras substâncias na composição). Na sequência, é necessário lavar novamente as folhas para retirar qualquer resíduo da solução desinfetante. Para vegetais não folhosos e frutas, o esquema deve ser o mesmo.
Os processos de cozimento e fritura de alimentos inativa o vírus que estiver contaminando o produto cru. O alerta dos especialistas é para que se evite requentar as refeições, pois o procedimento pode avivá-lo. As embalagens das compras e os locais de armazenamento como armários e geladeiras devem ser bem limpos.
Envólucros de pedidos em restaurantes que realizam entregas em domicílio devem ser higienizados no ato. Os pesquisadores explicam que a transmissão do novo coronavírus é feita por meio de secreções que saem de boca e nariz de quem esteja infectado, com ou sem sintomas.
O contágio também pode ocorrer pelo contato das mãos com superfícies contaminadas, no ato em que os dedos tocam os olhos. Ainda não há informações concretas sobre o tempo de persistência do vírus em objetos ou superfícies. Alguns cientistas trabalham com a hipótese de que a permanência em metal, plástico e vidro seja de até nove dias. Outros indicam tempos menores como 24 horas em papelão e três dias em metal ou plástico.
O contato com álcool etílico (62 a 71%), água oxigenada (0,5%) e cloro (0,1%) inativam o atual causador da pandemia em menos de um minuto. Ainda segundo os pesquisadores, os surtos anteriores causados por outros tipos de coronavírus (SARS-CoV e MERS-CoV) não registraram transmissão por meio dos alimentos.