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Forças aliadas dos Estados Unidos capturaram neste domingo o maior campo de petróleo do grupo extremista Estado Islâmico. As forças democráticas Sírias lideradas pelos curdos disseram que estão no controle total do campo Al-Omar.

O Estado Islâmico passou a deter Al-Omar em 2014, quando o grupo varreu grandes áreas na Síria e no vizinho Iraque. A estimativa é de que a produção do campo seja de cerca de 9 mil barris um dia, sendo uma fonte importante de receita para os extremistas.

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Depois de três anos de afastamento forçado por causa da invasão dos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), o adolescente Ali Salem aguarda com ansiedade em uma escola de Mosul, para fazer uma prova de inglês.

Ele saiu muito cedo do campo de refugiados internos de Haj Ali, a 60km. Enquanto espera, dá uma última olhada nas anotações de três anos atrás.

"Na noite de 10 de junho de 2014, soubemos que o EI havia tomado a cidade. Era véspera da minha prova de matemática, mas as aulas foram interrompidas", lembra o jovem, diante do colégio Hikma, no oeste de Mosul.

"Estou agora com 18 anos, e perdi três anos por culpa do EI. Fico feliz por termos retornado ao colégio e por poder fazer estas provas, porque elas irão definir a minha vida", assinala.

Ante a situação inédita dos 300 mil alunos da província de Niniveh, cuja capital é Mosul, autoridades decidiram submeter os mais jovens a testes de coeficiente de inteligência, para determinar a série em que irão entrar, e exames de conhecimento para os estudantes do ensino médio.

- 'Esqueci tudo' -

No bairro de Mansur, perto de um prédio derrubado por um bombardeio aéreo, outro aluno aguarda com ansiedade para fazer a mesma prova de inglês.

"Esqueci tudo, e consegui as fotocópias de apenas um capítulo, quando podem cair questões sobre todo o livro", lamenta Mahmud Abdel Nafaa, que tem a mesma idade que Ali.

Ele aguarda a abertura da escola Amal, enquanto empregados trabalham no reparo dos bueiros e da calçada, destruídos pelos bombardeios.

"Estou muito feliz por retornar ao colégio, mas também ansioso, porque, se eu não passar, serei transferido para o horário noturno", comenta.

"As aulas noturnas são um problema, porque só acontecem duas vezes por semana", diz o jovem, morador do bairro de Sumud, oeste de de Mosul, cidade cortada pelo rio Tigre.

O sistema escolar iraquiano impõe aulas noturnas aos alunos cuja idade supera a que corresponde ao plano de estudos.

No oeste de Mosul, devastada por combates que terminaram em 10 de julho, estas provas antecedem o início do ano letivo, em novembro. No leste, onde a violência terminou seis meses antes, as aulas foram retomadas em outubro.

O balanço é desolador: das 600 escolas de Mosul, apenas 210 estão em funcionamento no leste, e 100 no oeste.

- Colégios proibidos -

Em seu escritório, o diretor geral do Ministério da Educação para a província de Niniveh tem muito trabalho pela frente.

As aulas foram retomadas parcialmente em maio e junho, quando ainda havia explosões e bombardeios no outro lado da cidade.

Sob o domínio do EI, os jihadistas se apropriaram de muitas escolas, onde ensinavam religião e técnicas de combate, e fecharam quase todas as demais.

O diretor da escola Zubayda, no leste de Mosul, teve que permanecer em casa por três anos. "Neste bairro de Daret al-Hamam, só uma escola ficou aberta", sob a supervisão dos jihadistas, lembra Mohamed Ismail.

"Alguns dos meus colegas trabalharam com eles porque concordavam com suas ideias, ou por imposição. Os alunos eram todos filhos de jihadistas, franceses, russos, chechenos", afirma.

Enquanto as crianças se divertem no pátio da escola Zeitun, Yusef Razwan, 6, folheia seu primeiro livro de leitura. "Brincar em casa é chato. Prefiro estar aqui", conta, com um sorriso.

Pelo menos 60 pessoas morreram neste sábado (2) em bombardeios e combates entre as tropas governamentais sírias e o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na província central de Hama, informou a organização não governamental (ONG) Observatório Sírio de Direitos Humanos.

No total, 21 soldados das fileiras governamentais e seus aliados morreram, enquanto 38 membros do Estado Islâmico também morreram, segundo a ONG.

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Os combates se intensificaram após a explosão de três carros-bomba do EI em um contra-ataque ao Exército sírio, que fez uma ofensiva contra os jihadistas na região nos últimos dias.

O Estado Islâmico conseguiu reconquistar dois povoados, além do setor ocidental da localidade de Oqairabat, considerado um reduto na área e que foi tomado horas antes pelos soldados governamentais, com o apoio das forças russas e outros aliados sírios e estrangeiros.

Nos últimos dez dias de ofensiva na região morreram 40 civis, entre eles sete menores e sete mulheres, e 100 ficaram feridos pelos intensos bombardeios aéreos e o lançamento de mísseis, de acordo com a mesma fonte.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou, nesta sexta-feira (25), que mais de 34 soldados das forças governamentais da Síria e de milícias aliadas foram mortos pelas últimas 24 horas pelas mãos do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na província de Al Raqqa, no nordeste da Síria. 

De acordo com as informações, um deles foi decapitado pelos jihadistas, enquanto 12 combatentes do EI morreram em enfrentamentos rivais, nos quais também foram registrados feridos em ambos os lados, mas o número ainda é desconhecido.

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O grupo terrorista publicou fotografias das vítimas, nas quais é possível ver vários soldados mortos em uma área desértica. Os radicais também mostraram a suposta decapitação de um dos soldados do governo sírio, além de imagens do ataque com veículos blindados que lançaram contra as forças sírias.

Segundo o OSDH, este é o maior contra-ataque contra as tropas sírias em Al Raqqa, onde estavam avançando e tinham conquistado várias localidades no sudeste da província, em tentativa de se aproximar no limite com a vizinha Deir ez Zor, que é controlada pela Organização para a Libertação do Levante, o antigo braço sírio da Al Qaeda.

Nesse ataque, o EI recuperou terreno na região entre as localidades de Ganim al Ali e Al Sabja, situadas perto do rio Eufrantes.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, repetidamente alega que o terrorismo islâmico é a maior ameaça à segurança doméstica. Mas a marcha de supremacistas brancos, neonazistas e simpatizantes da ultradireita em Charlottesville no último sábado (12) trouxe à tona um problema que pode ser muito maior para os norte-americanos.

De acordo com dados compilados pelo Nation Institute e pelo Center for Investigative Reporting e publicados em 22 de junho, simpatizantes da extrema direita cometeram quase o dobro de ataques em solo norte-americano do que extremistas islâmicos entre os anos de 2008 e 2016.

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O relatório contabilizou um total de 201 incidentes terroristas domésticos no período, sendo que 115 deles foram cometidos por seguidores de ideologias de direita, tanto os chamados defensores da "supremacia branca" quanto militantes patrióticos e neonazistas.

Outros 63 foram motivados por ideologia política teocrática aventada por grupos como o Estado Islâmico (EI). Dezenove casos registrados no período foram cometidos por organizações de extrema esquerda, incluindo ativistas do meio ambiente, de direitos humanos e anarquistas.

Esses atos da extrema direita são, em sua maioria, episódios de violência e agressão, que geram mortos ou feridos, e vandalismo de propriedades públicas ou privadas. Dos 63 episódios de terrorismo islâmico identificados pela pesquisa, 75% deles foram frustados pela polícia, ou seja, não ocorreram, e apenas 13% provocaram mortes. Entre os casos de ataques da extrema direita, apenas 35% conseguiram ser prevenidos, o que totaliza 79 mortes no período (índice de fatalidade em 30%) e comprova uma falta de atenção do sistema de segurança para este problema.

Nos atentados islâmicos, o balanço é de 90 vítimas - número maior apenas devido ao tiroteio em Fort Hood, no Texas, que deixou 13 mortos e 32 feridos em 2009.

"Os EUA são a pátria do fundamentalismo, que nasceu no território americano no século 20 e se espalhou pelo mundo, inclusive para o Oriente Médio. Mas, nos EUA, esse fundamentalismo criou uma ponte ideológica-política", disse o historiador e especialista em Relações Internacionais Sidney Ferreira Leite, da Faculdades Belas Artes.

"Usualmente, vemos homens brancos que começam a atirar contra as pessoas na rua, ou grandes atentados como o de Oklahoma", afirmou, referindo-se ao ataque de 1995 cometido pelo ex-soldado neonazista Timothy McVeigh que deixou 168 mortos e 850 feridos.

A ONG Southern Poverty Law Center (SPLC), que monitora grupos de ódio nos EUA, contabiliza 917 organizações extremistas, de direita ou esquerda, em atividade hoje no país. Elas se dividem em vários níveis e segmentos, como os supremacistas brancos (que acreditam na superioridade da raça branca e são xenófobos), a Ku Klux Klan (que ficara famosa no século 19 e é extremamente racista) e os neonazistas (que tentam resgatar a ideologia nazista da raça ariana, do antissemitismo, da xenofobia e da homofobia). Do outro lado, há os separatistas negros. Dos 917 grupos de ódio em atividade nos EUA, 130 seguem a KKK, 99 são neonazistas, 100 são nacionalistas e 43, neoconfederados.

O grupo SITE, liderado pela especialista em contraterrorismo Rita Katz, criou há dois anos uma página dedicada somente à investigação de ideologias extremistas de direita ou esquerda. Desde março, Katz vem chamando a atenção para o fenômeno nos Estados Unidos. De acordo com ela, os movimentos extremistas de nacionalistas brancos são tão perigosos atualmente quanto o grupo Estado Islâmico.

"Nacionalistas brancos não são indivíduos isolados. Eles compõem comunidades organizadas que recrutam, incitam e propagam mensagens de ódio como qualquer movimento extremista", disse a especialista em um artigo.

Trump demorou dois dias para condenar os organizadores da marcha em Charlottesville, que terminou com três mortos e vários feridos e, mesmo assim, criticou "os dois lados" - a extrema direita e os civis que saíram às ruas para conter a manifestação.

Além de ser acusado de incentivar os episódios de violência provomendo a ideologia de "Americans First", Trump perdeu mais apoio ainda dentro do Partido Republicano.

O presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, disse que a "supremacia branca é repulsiva" e que "não pode haver ambiguidade moral" na mensagem passada por Trump. "Nós devemos ser claros", afirmou.

"Trump tem um novo problema dentro do conjunto de prolemas que ele mesmo ajudou a criar. Ele instiga essas ações de violência, que já existiam, mas que agora são como uma bolha que estoura", disse o analista de Relações Internacionais.

Militantes do grupo extremista Estado Islâmico (EI) estão desenvolvendo sua própria plataforma de mídia social para evitar repressões à segurança em suas comunicações e propaganda. A iniciativa online foi descoberta durante uma operação contra o extremismo na internet, realizada na semana passada, segundo o serviço europeu de polícia Europol.

Como o EI continua a usar a mídias sociais para recrutar membros e inspirar ataques, empresas de internet, como o Facebook e Google, estão sob pressão constante na Europa e nos EUA para combater o material extremista e dificultar que grupos terroristas se comuniquem através de serviços criptografados.

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No entanto, a Europol disse que o EI está criando seu próprio serviço, respondendo à pressão das agências de inteligência, das forças policiais e do setor de tecnologia. Esta seria uma maneira de despistar órgãos do governo que procuram por terroristas, e ainda garantir que seus integrantes possam se comunicar, distribuir propagandas e recrutar novos membros.

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As forças iraquianas em Mossul libertaram uma menina yazidi de 11 anos, sequestrada e vendida como escrava pelo grupo Estado Islâmico (EI) em 2014, anunciou nesta sexta-feira (21) a polícia federal. No verão de 2014, o EI massacrou a comunidade yazidi ao conquistar o Monte Sinjar, e sequestrou centenas, talvez milhares, de mulheres, que foram vendidas como esposas para jihadistas ou transformadas em escravas sexuais.

A menina, sequestrada em seu povoado natal de Kosho no sul de Sinjar, foi libertada na quinta-feira pelas forças de segurança iraquianas no distrito de Tanek, na zona oeste e Mossul, informou Raed Shaker Jawdat, comandante da polícia federal. "Aqueles que sequestraram essas crianças são monstros", declarou o general Jaafar al-Baatat em um comunicado, acompanhado de um vídeo em que a menina aparece em uma delegacia de polícia no sul de Mossul.

Nas imagens, a menina aparece silenciosa, cercada por policiais que tentavam tranquilizá-la. A deputada yazidi Vian Dakhil, que revelou os abusos cometidos pelo EI, disse à AFP que a vítima foi sequestrada quando tinha oito anos de idade, com sua mãe e irmãs. "Primeiro, foi levada para Tal Afar e depois vendida em Mossul", informou, acrescentando que duas de suas irmãs tinham sido vendidas em Raqa, reduto do EI na Síria, onde ainda se encontram.

De acordo com Dakhil, as outras duas irmãs da criança e a mãe foram compradas do EI, um método utilizado pelas autoridades e organizações yazidis para libertar as mulheres desta comunidade, e vivem atualmente na Alemanha.

Cerca de 3.000 yazidis ainda estariam nas mãos dos extremistas.

Mais de 30 pessoas morreram e 50 ficaram feridas em um ataque contra um hospital militar de Cabul, no Afeganistão, realizado hoje (8) pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). O Ministério da Defesa do Afeganistão confirmou o atentado, cometido por um quatro jihadistas ligados ao EI que invadiram o hospital vestidos de médicos e carregando armas e granadas. O porta-voz ministerial, Dawlat Waziri, disse que os quatro foram mortos pela polícia.

"O ataque terminou somente quando as forças de segurança afegãs entraram no edifício com o apoio de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e mataram os quatro militantes armados", informou. O alvo do atentado foi o princial hospital militar do Afeganistão, o Sardar Mohammed Daoud Khan, que conta com 400 leitos.

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O presidente do país, Ashraf Ghani, em um discurso por ocasião do Dia Internacional da Mulher, comentou o ataque, dizendo que os afegãos testemunharam "um atentado terrorista que viola todos os valores de direitos humanos". "Em todas as religiões, os hospitais são locais intangíveis. Esse ataque a um hospital é um atentado a todos os afegãos e a todas as mulheres", criticou. 

Em mais um vídeo divulgado pelo Estado Islâmico (EI), crianças recrutadas são filmadas enquanto matam três homens. Segundo o jornal The Sun, as imagens foram capturadas em um parque abandonado em Deir ez-Zor, na Síria. 

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A menor das crianças é filmada atirando em um homem com uma pistola. Já outra corta a garganta do prisioneiro com uma longa faca. O vídeo ainda exibe o treinamento dos meninos com rifles e os mostra erguendo a bandeira com o distintivo do grupo extremista.

Acredita-se que as vítimas façam parte do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Uma delas ainda fala com a câmera antes de ser assassinada.

O vídeo foi divulgado no último domingo (8). O recrutamento de crianças faz parte das estratégias do Estado Islâmico. 

A Procuradoria de Turim abriu um inquérito para investigar a difusão via internet de material de propaganda do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

A hipótese é de "recrutamento com finalidade de terrorismo internacional" para aumentar o número de pessoas dispostas a cometer atos de violência.

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O caso nasceu após indicações da Polícia Postal, que, com a ajuda de tradutores de árabe, monitorou redes sociais e descobriu fotos e vídeos ligados à jihad, incluindo imagens de decapitações e torturas de prisioneiros.

Alguns dos perfis investigados seriam ligados a um pequeno grupo de pessoas - no máximo meia dúzia - residentes na Itália. Em dezembro de 2015, também em Turim, um marroquino de 20 anos foi condenado a 24 meses de prisão por ter difundido na web um documento em apoio ao EI.

A Itália é um potencial alvo do grupo jihadista, já que integra a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e abriga o Vaticano, lar do catolicismo.

A diretora do portal "SITE", que monitora as atividades dos extremistas na internet, Rita Katz, informou que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI, ex-Isis) tinha dado "instruções" para realizar ataques em mercados de Natal. Um caminhão "invadiu" um local do tipo nesta segunda-feira (19) em Berlim.

Katz ainda lembra que o EI reivindicou o atentado ocorrido em Nice, em 14 de julho deste ano, que teve mecanismo semelhante.

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Um caminhão invadiu uma área reservada para as festividades pela queda da Bastilha. Mas, na França, havia um terrorista que saiu atirando contra as pessoas que estavam no local. 

Vítimas da escassez de alimentos e energia elétrica, centenas de milhares de habitantes de Mossul vivem agora sem água, uma situação "catastrófica", de acordo com as Nações Unidas, na segunda maior cidade do Iraque, onde as forças do governo enfrentam os extremistas.

"Cerca de meio milhão de civis, que já lutam para se alimentar a cada dia, agora estão privados de água potável", advertiu nesta quarta-feira a coordenadora das operações humanitárias da ONU no Iraque, Lise Grande.

Esta escassez "terá consequências catastróficas para crianças, mulheres e famílias" que permaneceram na cidade, advertiu em um comunicado enviado à AFP.

O sistema de distribuição de água da cidade foi danificado nos combates conduzidos há seis semanas pelo exército, apoiados por uma coalizão internacional, para derrubar o grupo Estado Islâmico (EI) de seu último grande reduto iraquiano.

Nos bairros da zona leste de Mossul, onde as unidades de elite iraquianas recuperam gradualmente o controle, os moradores afirmam não ter mais água corrente há dias, forçados a recorrer a poços artesanais.

"Não temos mais água ou eletricidade, bebemos água de poço, mas isso não é suficiente", relata Mohamed Khalil, de 25 anos, um morador do distrito de al-Khadraa recentemente libertado.

"A água é a coisa mais importante. Não tomamos mais banho, pegamos piolhos e nossas casas estão sujas", acrescentou Iman Baker, de 34 anos, mãe de três filhos instalada em um bairro cujo controle foi retomado no dia anterior pelas forças armadas.

Desde o início da ofensiva em Mossul, em 17 de outubro, mais de 70.000 pessoas fugiram do conflito, mas mais de um milhão de pessoas ainda vivem na grande metrópole do norte do Iraque, incluindo 600.000 nos bairros do leste.

'Desastre sanitário'

"Corremos o risco de um desastre humanitário e sanitário", adverte Abdelkarim al-Obaidi, membro de uma ONG local. "As pessoas são forçadas a beber água de poços que não é segura para consumo".

O hospital de Gogjali, na saída leste de Mossul, começa a ver chegar "casos de diarreia e cólicas intestinais, especialmente em crianças, devido à água contaminada" consumida na cidade, informou uma fonte médica.

Abu Ali, um morador da zona leste de Mossul, espera o retorno da água corrente "antes da eclosão de epidemias". Segundo ele, "algumas pessoas vão se abastecer no rio Tigre", que corta a cidade em duas.

Certos habitantes culpam a falta de água aos ataques aéreos da coalizão liderada por Washington, que teriam danificado o aqueduto da margem ocidental do Tigre.

Basma Bassim, do conselho municipal de Mossul, sugere que o EI cortou intencionalmente o fornecimento de água dos distritos do leste, onde as forças iraquianas estão avançando.

"Estão em curso esforços para fornecer tanques de água para áreas que foram tomadas" dos extremistas, assegura.

A falta de água potável soma-se a uma escassez de alimentos. Para se abastecer de alimentos, a maioria das famílias da zona leste de Mossul conta com a distribuição organizada pelas autoridades iraquianas.

"Algumas pessoas estocaram rações secas, mas os estoques começam a faltar, e não há água, nem eletricidade, nem óleo para os aquecedores", explica Natik, de 54 anos, que vei buscar uma cesta básica durante a distribuição de alimentos no bairro de Khadhraa.

Até agora, as forças iraquianas enviaram mensagens para a população de Mossul, instando-a a ficar em casa e não procurar cruzar a linha de frente.

Mas a presença de centenas de milhares de civis no coração da cidade reduz a capacidade das forças do governo de recorrer a armas pesadas contra os 3.000-5.000 extremistas que lutam em Mossul.

Eles foram torturados, forçados a cuspir em um crucifixo ou se converter ao islamismo. Mas um grupo de cristãos iraquianos milagrosamente sobreviveu a mais de dois anos sob o jugo do grupo extremista Estado Islâmico (EI). Quando os extremistas islâmicos invadiram a planície de Nínive, no norte do Iraque, em 2014, eles obrigaram os cristãos a escolher entre se converter, sair ou morrer. Cerca de 120.000 deles fugiram.

Atualmente, as forças iraquianas assumiram grande parte da região, e aqueles que não tiveram a oportunidade de fugir, mas que sobreviveram, testemunham os dois anos de privação e isolamento. Ismail Matti tinha 14 anos quando o EI entrou na sua cidade de Bartalla, a leste de Mossul. Ele aguardava a chegada de parentes para fugir com sua mãe doente, Jandar Nasi, mas ninguém veio.

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Então eles tentaram fugir, mas foram impedidos duas vezes pelos extremistas, que os colocaram na cadeia em Mossul. "Havia muitos xiitas na cela ao lado da nossa. Eles pegaram um, atiraram em sua cabeça e jogaram seu corpo na frente de nós", relata. "Eles avisaram minha mãe que o mesmo destino me aguardava se nos recusássemos a nos converter. Portanto, a gente se converteu", lembra Ismail, agora acolhido em um abrigo administrado pela Igreja católica em Erbil, capital do Curdistão iraquiano.

Após a prisão, a mãe e seu filho voltaram para Bartalla e, em seguida, foram enviados para o vilarejo de Churikhan, a oeste de Mossul. "Todos os nossos vizinhos eram do Daesh", relata, usando a sigla em árabe para o EI. "Eles vinham verificar se eu respeitava a sharia (lei islâmica)". "Se eles vissem que eu não tinha ido para a mesquita para orar, poderiam me chicotear".

Ismail saía às vezes para pedir alimentos a pessoas simpáticas, mas sua mãe era mantida em clausura. Hoje, Jandar reluta em falar sobre esses dois anos, mas elogia a ajuda de seu filho. "Ele, Deus e Maria nos salvaram da morte. Nós estaremos sempre juntos", sussurra.

Dois anos sem sair

Zarifa Bakoos Daddo, de 77 anos, quase não saiu de casa em Qaraqosh, que era a maior cidade cristã no Iraque. Ela abrigava uma amiga idosa, Badriya. "Durante todo esse tempo nós não vimos nossas famílias, apenas esses caras", os jihadistas, diz a viúva analfabeta. "Os mais velhos tranquilizava-nos dizendo que éramos como irmãs para eles, mas os jovens eram hostis".

Zarifa e Badriya foram detidas brevemente em Mossul, onde dividiram cela com mulheres divorciadas ou viúvas. Antes de serem levadas para Qaraqosh. "Um dia, um deles veio pedir dinheiro e ouro. Ele colocou a arma em minhas costelas, ameaçando", lembra Zarifa. Ela deu os US$ 300 que tinha e sua amiga 15 quilates de ouro. "Outra vez foi um jovem de 20, 21 anos, que veio nos dizer que devíamos nos converter. Eu disse que ele tinha a sua fé e nós a nossa".

Então, "ele ordenou que eu cuspisse numa reprodução da Virgem Maria e num crucifixo. Eu me recusei, mas ele me obrigou. Todo esse tempo, falei com Deus em meu coração para lhe dizer que era contra a minha vontade", afirma, emocionada. "Eu sabia que Deus tinha me ouvido porque quando o homem tentou queimar a imagem da Virgem, o isqueiro não funcionou", disse Zarifa, provocando o riso de sua família ao ouvir a sua história.

Quando as forças iraquianas entraram em Qaraqosh no final de outubro, as duas mulheres permaneceram em casa durante os combates. Elas foram encontradas por soldados vários dias depois da tomada da localidade.

O reencontro com seus entes queridos fazem esquecer seus tormentos. Zarifa, cuja primeira língua é o siríaco, até vê uma vantagem nesses dois anos sob a lei dos jihadistas lei. "Meu árabe melhorou com o contato com eles."

O Parlamento Europeu decidiu nesta quinta-feira atribuir o Prêmio Sakharov 2016 de direitos humanos às yazidis Nadia Murad e Lamiya Alji Bashar, resgatadas das mãos do grupo extremista Estado Islâmico, informaram fontes coincidentes antes do anúncio oficial do premiado.

Os grupos parlamentares socialista e liberal propuseram os nomes destas duas mulheres, que se converteram em símbolos da comunidade yazidi depois de viver um inferno durante seu sequestro pelo EI.

Este grupo extremista sequestrou milhares de jovens no Iraque para convertê-las em escravas sexuais.

Outras duas personalidades também estavam na disputa do prêmio que reconhece a defesa dos direitos humanos: o jornalista opositor turco Can Dündar e o líder histórico dos tártaros da Crimeia Mustafa Dzhemilev, exilado em Kiev desde que a Rússia anexou em 2014 esta península do Mar Negro, controlada até então pela Ucrânia.

O presidente da Eurocâmara, Martin Schulz, e os líderes das difrentes bancadas políticas concordaram nesta quinta-feira em conceder o prêmio às duas mulheres, informaram diversas fontes à AFP.

Os eurodeputados reconhecem desde 1988 o compromisso na defesa dos direitos humanos com o prêmio, que tem o nome do cientista soviético dissidente Andrei Sakharov. A cerimônia oficial está marcada para 14 de dezembro em Estrasburgo, nordeste da França.

O blogueiro saudita Raef Badaoui, preso em seu país por "insultos", recebeu em 2015 o prêmio.

Após chegar a um acordo de cessar-fogo na Síria, Estados Unidos e Rússia estão trabalhando em cooperação para combater o grupo Estado Islâmico e movimentos ligados a al-Qaida na Síria, de acordo com novas informações obtidas neste sábado depois de mais uma maratona de reuniões entre o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler russo, Sergey Lavrov, realizadas para definir o papel dos dois países para acabar com o complexo conflito na Síria.

O cessar-fogo, previsto para começar na próxima segunda-feira (12), dependerá do cumprimento do trato tanto por forças russas que têm apoiado o presidente sírio Bashar al-Assad, como por grupos rebeldes que vinham recebendo suporte dos EUA, além do apoio de potencias regionais como Turquia, Irã e Arábia Saudita, ligadas direta ou indiretamente aos conflitos no país nos últimos cinco anos e meio.

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"Acreditamos que o acordo tal qual está concebido - se implementado e cumprido - tem potencial para trazer um momento de mudanças, um divisor de águas", declarou Kerry após ele e Lavrov terem definido os detalhes das ações. "É apenas o começo de nossas novas relações, afirmou Lavrov em relação aos EUA.

Com o acordo, EUA e Rússia pretendem interromper os conflitos em território sírio de modo que o processo de paz mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), há muito tempo suspenso, seja retomado. Para tanto, Washington precisa persuadir rebeldes sírios a romper com o Fath al-Sham, grupo associado à al-Qaida até então conhecido como Frente Nusra e que tem sido confundido com forças apoiadas pelos EUA. Já Moscou deverá pressionar o governo de Assad a suspender todas as ofensivas contra a oposição armada em áreas específicas, que não foram detalhadas.

Se o cessar-fogo for cumprido durante uma semana e a entrega de ajuda humanitária, sem restrições, for feita em locais em conflito, o próximo passo será EUA e Rússia compartilharem informações e coordenarem novas ações com o objetivo de combater tanto o Estado Islâmico como a Frente Nusra. Além disso, forças aéreas e terrestres de Assad também ficariam proibidas de combater alvos do Fath al-Sham, restringindo-se apenas a ações contra o Estado Islâmico.

"Após sete dias, vamos criar um centro onde ambos os países terão seus militares separando opositores moderados e terroristas. Ataques conjuntos serão realizados em seguida aos acordos contra esses terroristas", disse Lavrov.

Kerry detalhou outros passos que governo e rebeldes deverão adotar dentro do acordo, como a retirada de zonas desmilitarizadas e a permissão do trânsito de civis e ajudas humanitárias, especialmente em Aleppo.

Para alguns observadores, o acordo carece de mecanismos de implementação. Em teoria, a Rússia pode ameaçar agir contra grupos rebeldes que venham a romper com o acordo. Mas se forças de Assad bombardearem alvos da oposição, é pouco provável que os EUA adotem qualquer medida, dado a posição contrária de Obama a alimentar uma guerra civil.

O acordo entre EUA e Rússia se dá apenas um ano após o presidente dos EUA, Barack Obama, ter criticado Putin pela intervenção militar da Rússia na Síria, designada, na avaliação de oficiais dos EUA, a manter Assad no poder e atingir forças oposicionistas moderadas. Já a Rússia se irritou com a ajuda financeira e militar concedida pelos EUA a grupos que se misturaram com a Frente Nusra (agora Fath al-Sham) durante os conflitos. Kerry declarou que seria "sábio" de parte das forças de oposição se separar completamente da Nusra, pelo que foi elogiado por Lavrov.

O nível das negociações entre os EUA e a Rússia desagradou diversos líderes de segurança nacional em Washington, incluindo o secretário de Defesa Ash Carter o diretor de Inteligência Nacional James Clapper. Após o anúncio feito em Geneva, o secretário do Pentágono Peter Cook declarou endossar a iniciativa e advertiu que "estará observando de perto a implementação do acordo nos próximos dias". Fonte: Associated Press.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse há pouco que uma criança com idade entre 12 e 14 anos foi a autora do ataque suicida a uma festa de casamento de uma família curda no sábado, na cidade Gaziantep, sul da Turquia. A informação foi divulgada ao vivo em rede nacional, em frente à prefeitura de Istambul.

Até o momento, autoridades do país dizem que ao menos 51 pessoas foram mortas e em torno de 100 ficaram feridas no atentado. Os noivos não correm risco de morte e estão sob cuidados médicos, segundo a agência estatal de notícias Anadolu. A irmã e o tio do noivo estavam entre os mortos.

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Erdogan atribuiu o ataque ao grupo terrorista Estado Islâmico. A Turquia tem sido abalada por uma onda de ataques desde o ano passado reivindicados pelos rebeldes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ou pelo Estado Islâmico.

Mais cedo, Erdogan afirmou que não havia "absolutamente nenhuma diferença" entre o Estado Islâmico, rebeldes curdos ou o movimento liderado pelo clérigo Fethullah Gulen, que vive nos Estados Unidos (a quem o governo turco atribui a tentativa de golpe do mês passado), classificando os três como terroristas. Gulen nega qualquer envolvimento com a tentativa de golpe.

Mais cedo, um porta-voz do Partido Democrata do Povo (HDP, na sigla em inglês), que apoia os curdos, condenou o ataque e também culpou o Estado Islâmico pelo atentado. "Condenamos e amaldiçoamos aqueles que promoveram este ataque, assim como as forças e a ideologia por trás de suas ações", disse o HDP em comunicado. O partido sugeriu ainda que o ataque teria ocorrido em reação ao planos do HDP de negociar um fim ao conflito de três décadas entre militantes curdos e forças do governo, anunciados horas antes do ataque.

Autoridades de todo o mundo condenaram o atentado. A chanceler alemã Angela Merkel declarou em telegrama de condolências enviado ao governo turco que a Alemanha continua do lado da Turquia na "luta contra o terrorismo". "Uma vez mais, homens, mulheres e crianças inocentes são vítimas da violência covarde e pérfida. Condeno este ataque nos mais fortes termos", declarou a chanceler no documento.

O embaixador dos EUA na Turquia também condenou o "ataque bárbaro" e prometeu que o país "continuará a trabalhar de forma próxima à Turquia para derrotar a ameaça comum (aos dois países), o terrorismo". Os governos da Suécia, Grécia, França, Catar, Jordânia e Bahrein também condenaram o ataque.

O papa Francisco fez hoje pela manhã prece silenciosa pelas vítimas do ataque, acompanhado de centenas de turistas e fiéis presentes na praça São Pedro, e pediu "a paz para todos". Fonte: Associated Press.

O Twitter suspendeu 235 mil contas que promoviam o terrorismo desde fevereiro, anunciou a empresa em um post no blog nesta quinta-feira (18). A companhia disse que também ampliou a equipe que trabalha na sinalização de tais conteúdos, e afirma ter feito progressos em impedir que estas pessoas acessem novamente a plataforma. Ao todo, mais de 360 mil contas foram desligadas por este motivo.

"Também colaboramos com outras plataformas sociais, compartilhando informações e melhores práticas para a identificação de conteúdos terroristas", explicou o Twitter. O microblog ressalta, no entanto, que não existe um algoritmo mágico para identificar este tipo de conteúdo, mas que está investindo constantemente em tecnologias para facilitar o processo.

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Além disso, a equipe de política pública global da rede social expandiu sua parceria com organizações que trabalham para combater o extremismo violento online. O Twitter diz que trabalha com entidades respeitadas como Parle-moi d'Islam (França), Imams Online (Reino Unido), Wahid Foundation (Indonésia) e True Islam (EUA) para capacitar vozes não governamentais contra tais práticas.

As informações foram divulgadas pelo Twitter num momento em que o processo de suspensão de contas do microblog foi posto em xeque pela crítica pública. Uma ação recente argumentou que a empresa forneceu uma plataforma para o grupo Estado Islâmico (EI) crescer e angariar membros. O processo, no entanto, favoreceu a rede social ré, afirmando que o Twitter não pode ser responsabilizado pela atitude de seus usuários tóxicos. 

Tell Ajaja é um dos sítios assírios mais ricos da Síria, mas durante a passagem dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) por este local, estátuas milenares foram destruídas, além de baixos-relevos que não haviam sido desenterrados.

O EI já devastou um patrimônio inestimável na Síria e no Iraque. No caso concreto do sítio de Tell Ajaja, controlado por eles durante dois anos, conseguiu ser libertado em fevereiro de 2016 quando grupos curdos expulsaram os extremistas da maior parte da província de Hasake.

Localizado no alto de uma colina e a centenas de quilômetros da fronteira com o Iraque, Tell Ajaja oferece um espetáculo desolador. Ainda longe do local, é possível observar os restos dos objetos destruídos e grandes buracos no chão, resultado dos roubos, como constatado pela AFP.

Apesar de a maioria dos tesouros de Tell Ajaja, descobertos no século XIX, estarem em museus sírios e no exterior, os extremistas e outros criminosos levaram indícios ainda desconhecidos.

"Foram encontrados objetos desconhecidos, como estátuas e colunas. Muitas coisas foram perdidas", lamenta Mamun Abdulkarim, chefe das Antiguidades sírias.

"Mais de 40% de Tell Ajaja foi destruída ou roubada pelo EI", afirma Jaled Ahmo, diretor de Antiguidades de Hasake. "Os túneis perfurados destruíram níveis arqueológicos inestimáveis", testemunhas da história econômica, social e política da época.

Páginas da História destruídas

Em 2014 apareceram fotos de extremistas destruindo a marteladas estátuas do primeiro e segundo milênios pertencentes ao patrimônio assírio, divulgado sobretudo no Iraque e na Síria, onde ocorre uma guerra devastadora desde 2012.

"Com escavadeiras esses bárbaros destruíram páginas da História da Mesopotâmia", destaca Abdulkarim. "Em dois ou três meses reduziram a nada o que teria necessitado 50 anos de trabalhos arqueológicos", acrescenta.

Fotos publicadas no site das Antiguidades mostram objetos danificados ou roubados em Tell Ajaja: baixo-relevos com inscrições em alfabeto cuneiforme, leões e animais alados - inclusive o "lamassu" -, criaturas com cabeça humana e corpo de touro, e leão com asas de águia, cujo objetivo era a defesa contra os inimigos.

A Assíria, com sua capital Nínive (atualmente no Iraque), foi um poderoso império do norte da Mesopotâmia. A arte assíria é particularmente célebre por seus baixo-relevos que recriam cenas de guerra.

"Tell Ajaja ou a antiga Shadicanni era uma das principais cidades assírias." no território sírio atual, explica Sheijmus Ali, da Associação para a Proteção da Arqueologia Síria (APSA).

"O EI transformou a colina em zona militar", conta à AFP um morador do local sob o pseudônimo de Jaled, que acrescenta: "ninguém tinha direito de entrar sem autorização".

Contrabando para a Europa

"Verdadeiras hordas de homens armados entravam acompanhados de traficantes de objetos arqueológicos", assegura outro habitante, Abu Ibrahim.

Tell Ajaja era conhecida como Tell Araban na época islâmica. Mas, lamentavelmente, "as camadas mais altas que se remontam a essa era também foram arrasadas", afirma Jaled Ahmo.

Inúmeros vestígios foram contrabandeados através da vizinha Turquia para a Europa, segundo Abdulkarim, que alertou a Interpol.

Desde sua ascensão militar em 2014, o EI devastou muitos sítios mesopotâmicos no Iraque (Hatra e Nimrud) e na Síria, alguns classificados como patrimônio mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Na Síria, mais de 900 monumentos ou sítios arqueológicos foram afetados, seriamente danificados ou destruídos pelo regime, pelos rebeldes ou extremistas, segundo a APSA.

O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade por dois ataques em um campo de petróleo e uma estação de gás no Iraque neste domingo, os quais deixaram ao menos quatro mortos.

Quatro homens-bomba atacaram o campo de petróleo de Bai Hassan , um dos maiores da região de Kirkuk e que produz mais de 175 mil barris por dia. Três dos autores do ataque morreram, um deles conseguiu escapar. Um incêndio começou poucas horas depois que o primeiro homem se explodiu, destruindo dois tanques.

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Mais cedo no domingo, outro grupo de militantes invadiu uma estação de compressão de gás a cerca de 30 quilômetros de Bai Hassan. Eles mataram quatro funcionários da companhia estatal North Oil Co. e destruíram o local com explosivos, segundo reportaram autoridades iraquianas.

O ataque foi o primeiro na área desde que o grupo extremista começou a tomar porções do Iraque em 2014. Os campos estão fechados e a polícia trabalha para desarmar outros sete explosivos improvisados plantados no local pelos autores dos ataques.

Forças iraquianas enfrentaram o grupo extremista em uma série de batalhas desde o final do ano passado. O exército prepara agora uma ofensiva para retirar o Estado Islâmico de Mosul, a segunda maior cidade iraquiana. Após algumas derrotas, o Estado Islâmico voltou a recorrer a algumas táticas de guerrilha, aumentando o número de ataques suicidas contra civis em Bagdá e outras regiões do país. Fonte: Dow Jones Newswires.

A reivindicação do atentado de Nice pelo Estado Islâmico (EI) é "ambígua", mas até agora este grupo extremista nunca assumiu a autoria de ataques de forma "oportunista", asseguram especialistas.

Através de sua agência Amaq, a organização informou que um de seus "soldados" realizou, na quinta-feira à noite, o atentado no qual morreram 84 pessoas, inclusive 10 crianças, nesta cidade da Riviera Francesa.

O massacre foi uma "resposta aos chamados feitos para atacar cidadãos dos países da coalizão que lutam" contra o EI no Iraque e na Síria, acrescentou o comunicado.

A reivindicação "é ambígua e não especifica se (o atentado) foi ordenado ou apenas inspirado nos chamados para atacar a França, feitos pelo EI", destacou Yves Trotignon, ex-analista dos serviços de inteligência franceses, a DGSE.

David Thomson, especialista em extremismo islâmico, reforçou que no geral o grupo faz uma distinção entre "soldados" e "simpatizantes" em suas reivindicações.

Neste caso, "a mensagem é um pouco contraditória", afirmou Thomson, pois apresenta o assassino de Nice como um "soldado", o que leva a crer que ele jurou lealdade ao grupo, mas acrescenta que ele agiu "em resposta aos chamados" do EI.

Em 2014, o porta-voz oficial da organização, Abu Mohamed Al Adnani, pediu aos seus simpatizantes que utilizem qualquer meio disponível, como "veículos", para matar "infiéis" americanos e europeus.

"Nunca" uma reivindicação falsa

Thomson disse que, embora o EI não tenha ordenado necessariamente o ataque de forma direta, até agora nunca fez uma reivindicação falsa.

Este especialista destacou que "várias vezes (o grupo) teve a possibilidade de reivindicar a autoria de um ataque que não cometeram, por exemplo, o acidente com o avião da Egyptair", que caiu no Mediterrâneo em maio.

"Mas não o fizeram, embora as autoridades egípcias tenham evocado a pista islamita", prosseguiu.

Thomson também mencionou outras reivindicações do grupo.

No caso de um ataque "incentivado por sua propaganda, não fazem uma reivindicação clara", explicou.

"Por exemplo, depois do ataque em San Bernardino", na Califórnia (EUA) em dezembro, quando um casal de muçulmanos matou 14 pessoas, o EI simplesmente "cumprimentou" os atacantes, aos quais descreveu como "simpatizantes".

"Quando há uma reivindicação, na maioria dos casos, depois do comunicado, apresentam provas - fotos ou vídeos - que permitem estabelecer um vínculo entre o terrorista e a organização", acrescentou Thomson.

Para Thomson, o caso de Nice "poderia ser similar ao de Magnanville", o assassinato em junho de um policial e sua companheira na residência do casal, na região parisiense.

O assassino do casal, o extremista Larossi Abballa, "minutos antes de passar à ação, pediu aos seus contatos do Facebook que prevenissem as brigadas midiáticas do EI".

A organização posteriormente reivindicou o ataque, cometido por um "combatente do Estado Islâmico".

Embora o atacante de Nice, Mohamed Lahuaiej Buhlel, não estivesse fichado pelos serviços de inteligência, seu perfil "não exclui que seja um jihadista", concluiu Thomson.

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