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O ministro Alexandre de Moraes, presidente da segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para o dia 17 deste mês, o julgamento da denúncia contra o senador Aécio Neves (PSBD-MG), que alega o recebimento de R$ 2 milhões em propina, por parte do tucano, em conversa gravada pela Polícia Federal (PF) com o empresário Joesley Batista.  

De acordo com a denúncia, que foi apresentada pelo então procurador Rodrigo Janot, há mais de 10 meses, Aécio solicitou a Joesley Batista, R$2 milhões em propina, em troca de sua atuação política.

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Aécio afirmou que a quantia dizia respeito a um empréstimo pessoal, sem nenhuma contrapartida em favor ao empresário, e negou qualquer irregularidade no pedido.

Também são alvos da denúncia a irmã do senador, Andrea Neves, e seu primo Frederico Pacheco, acusados por corrupção passiva.

Em nota divulgada nesta terça-feira (10), o advogado de Aécio, Alberto Toron, afirmou que o senador é vítima de “uma situação forjada e arquitetada por criminosos confessos”, e enfatizou não haver irregularidades no pedido do parlamentar. “As provas revelam que o empréstimo pessoal feito ao senador não envolvia dinheiro público ou, como reconheceu a própria PGR, qualquer contrapartida. Assim, inexiste crime ou ilegalidade na conduta do senador”.

A Segunda Turma do STF é composta pelos ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Marco Aurélio Mello, relator do caso.

Por Fabio Filho 

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal prorrogação de prazo, por 60 dias, de inquérito que investiga o senador Aécio Neves (PSDB) por supostas propinas de R$ 50 milhões da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. Neste período, a chefe do Ministério Público Federal quer, entre outras diligências, que a PF procure por registros e indícios de encontros do parlamentar com o delator Marcelo Odebrecht. O batalhão da PM de Minas responsável pela guarda do Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governo de Minas, já informou que não tinha controle entradas e saídas em 2008, quando teriam ocorrido tratativas, de acordo com colaboradores.

Neste inquérito, delatores da Odebrecht afirmam que o tucano teria defendido os interesses da empreiteira nas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio. Os ex-executivos dizem que repasses eram acertados com o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, aliado do tucano. A maioria dos depósitos teria sido feita em uma conta em Cingapura controlada por Alexandre Accioly, empresário amigo de Aécio, que é dono da rede de academias Bodytech. Aécio, Dimas e Acciolly foram chamados pela PF a depor nos dias 29 e 30 de março.

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Com o fim de concluir as oitivas e outras diligências pendentes, Dodge pediu ao ministro Luiz Edson Fachin, relator do inquérito, na última terça-feira, 13, para que prorrogue o prazo para conclusão das investigações por mais 60 dias.

A PF e Raquel querem saber mais detalhes sobre encontros entre Marcelo Odebrecht e Aécio Neves no período de 2008, quando as supostas tratativas para os repasses teriam sido realizadas. O delator relatou que o valor foi acertado com o tucano em uma reunião no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador de Minas, em maio daquele ano, quando Aécio ainda era governador. Pelo combinado, segundo Marcelo, a Odebrecht teria que pagar R$ 30 milhões e a Andrade Gutierrez, R$ 20 milhões.

 

A pedido da PF, a Polícia Militar de Minas tentou, sem êxito, identificar registros de entrada e saída do Mangabeiras em 2008. O coronel da PM Giovanne Gomes da Silva informou ao delegado da PF, por meio de ofício, que 'de acordo com as informações de policiais militares que exerciam a função de guarda do Palácio das Mangabeiras no ano de 2008 não havia livro de controle ou registro de entrada/saída de pessoas por parte dos militares do Batalhão de Polícia de Guardas'.

O Batalhão é responsável, na PM de Minas, pela segurança da Cidade Administrativa, do Palácio das Mangabeiras, e dos Palácios da Liberdade.

Diante da conclusão da PM, Raquel quer alternativas. "Por outro lado, embora nãoexistam registros de entrada no Palácio das Mangabeiras, é possível que o encontro entre Marcelo Odebrecht e Aécio Neves conste da agenda oficial do então Governador de Minas Gerais ou ainda que a Odebrecht tenha o registro de voo do colaborador Marcelo Odebrecht a Belo Horizonte. Assim, solicita-se que a autoridade policial diligencie nesse sentido".

Perícia

A procuradora-geral também pede 'a análise da representação para acesso às equipes de investigação dos dados integrais dos sistemas de comunicação ("Drousys") e contabilidade paralela ("Mywebday") do grupo Odebrecht' e 'a realização de perícia sobre os sistemas, bem como a produção de informações policiais e relatórios a respeito dos dados encontrados; além das oitivas do Senador Aécio Neves, de Dimas Toledo e Alexandre Accioly'.

No âmbito do inquérito Dodge ainda aponta como pendentes respostas 'acerca da homologação dos acordos de colaboração e/ou leniência dos executivos da Andrade Gutierrez e suas oitivas' e registros da entrada do delator da Odebrecht Henrique Valladares na sede da empresa.

Defesa

O advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio, informou, por meio de nota, que o senador sempre se colocou à disposição das autoridades para prestar todas as informações solicitadas e é o maior interessado em que tudo seja esclarecido, o que mostrará a absoluta correção dos seus atos.

Segundo o advogado, o processo de implantação da usina de Santo Antônio era de responsabilidade do governo federal do PT, e não do governo de Minas.

"O próprio Marcelo Odebrecht afirmou, em depoimento, que ele (Aécio) 'nunca teve uma conversa para mim de pedir nada vinculado a nada'. E ainda: 'ele (Aécio) nunca cobrou nada'", diz a nota.

Finaliza dizendo que "prorrogação de prazos e realização de oitivas são atos normais e previsíveis em qualquer inquérito".

O procurador Athayde Ribeiro Costa, membro da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse nesta sexta-feira (9) que o ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal Antonio Palocci foi o porta-voz do governo federal no recebimento de propinas, destinadas ao PT e ao MDB, de construtoras que atuaram na obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, construída a partir de 2011.

De acordo com o procurador, Palocci foi quem direcionou ao ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal, Antônio Delfim Netto, 10% da propina, ou R$ 15 milhões, paga pelas empreiteiras. Segundo as investigações do Ministério Público Federal, Delfim chegou a receber R$ 4 milhões do montante.

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“Antonio Palocci foi o porta-voz do governo federal, então deputado federal, para direcionar os pedidos de propina, parte ao PT e parte ao MDB [então PMDB]. Em um segundo momento, Palocci pediu para que 10% do valor de 1% do contrato fosse direcionado a Antônio Delfim Netto, que corresponderia a quantia aproximada de R$ 15 milhões”, disse Athayde em entrevista coletiva.

Delfim Netto foi alvo hoje da Operação Buona Fortuna, na 49ª fase da Lava Jato, que cumpriu dez mandados de busca e apreensão no estado de São Paulo e Paraná. O empresário Luiz Appolonio Neto, sobrinho do ex-ministro, também foi alvo da ação. O MPF apontou que pagamentos também eram feitos em dinheiro vivo e em depósitos a empresas de Appolonio Neto.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Delfim Netto seria destinatário de R$ 15 milhões do Consórcio Norte Energia (formado pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli), por meio de contratos fictícios de consultoria. Além dos 10% remetidos a Delfim, o consórcio teria enviado propina aos partidos PMDB e PT. De acordo com o MPF, cada um dos partidos recebeu 45% dos valores.

O grupo de empresas pode ter sido favorecido no leilão de concessão de Belo Monte por agentes do governo federal. O Ministério Público usou informações obtidas pelos acordos de leniência firmados com a Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht, além da quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico. No caso da Odebrecht, os pagamentos direcionados a Delfim Netto vinham com o codinome professor.

A defesa de Delfim Netto, representada pelos advogados Ricardo Tosto e Jorge Nemr, sócios do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, informou em nota que o cliente não ocupa cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo. "Os valores que [Delfim Netto] recebeu foram honorários por consultoria prestada”.

Já a defesa de Luiz Appolonio Neto, representada pelo advogado Fernando Araneo, do mesmo escritório que representa Delfim, refuta "veementemente" as acusações e esclarece que a vida profissional do cliente "sempre foi pautada pela legalidade".

A defesa de Antonio Palocci foi procurada, mas não se manifestou até o momento.

Em vídeo divulgado neste sábado, 3, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, criticou a inclusão do presidente Michel Temer no inquérito que apura um suposto pagamento de propina de R$ 10 milhões pela Odebrecht para o PMDB. Segundo delatores, o negócio teria sido acertado no Palácio do Jaburu, quando Temer era vice-presidente. Estavam no mesmo encontro os atuais ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha e da Secretaria-Geral, Moreira Franco.

"O constituinte foi claro ao estabelecer, na nossa Constituição, que o Presidente da República não pode ser investigado por questões eventualmente acontecidas anteriormente ao início de seu mandato", afirmou Marun. "O presidente pode sim ser acusado, investigado, processado. Mas, se forem questões externas ao mandato, somente após o encerramento do mesmo."

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Essa cautela, acrescentou, foi tomada para "não permitir que questões menores ou acusações mal intencionadas pudessem prejudicar o normal funcionamento das instituições." Ele atacou a inclusão de Temer no processo, dizendo que se baseou em "interpretações criativas", que "vilipendiam e alteram" o sentido da Constituição.

"Penso que decisões como essas, de inclusão do presidente Temer num inquérito por fato eventualmente acontecido anteriormente ao seu mandato, se constituam em flechas que tentam nos atingir nesse momento sublime em que finalmente superamos a recessão e conseguimos fazer com que o País voltasse a crescer."

O ministro relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, incluiu Temer no rol de investigados nesse processo a pedido da Procuradoria-Geral da República. Em julho do ano passado, pouco antes de passar o posto para a atual ocupante, Raquel Dodge, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que não diminuiria o ritmo das investigações por estar em final de mandato. "Enquanto houver bambu, lá vai flecha", disse. Janot denunciou Temer por corrupção passiva no caso JBS.

Dois policiais civis e um suposto agente de unidade de ressocialização de adolescentes foram presos por cobrarem propina a um proprietário de oficina mecânica em Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR). De acordo com a polícia, o trio disse ter encontrado irregularidade na oficina e só não prenderia o comerciante se houvesse pagamento.

Inicialmente, o grupo pediu a quantia de R$ 6 mil. O proprietário, entretanto, alegava não ter condições de fazer o pagamento. O valor foi reduzido para R$ 2 mil e, por fim, R$ 1 mil.

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A vítima procurou a polícia e informou que os policiais afirmavam ser da Delegacia de Paulista. Ao visualizar as fotos dos comissários de tal delegacia, o homem prontamente reconheceu um dos chantagistas, identificado como Cláudio. Também foi descoberto que o carro em que estavam no dia da abordagem era uma viatura descaracterizada da polícia. 

A prisão em flagrante ocorreu na segunda-feira (5), em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paulista. No momento do pagamento, o comerciante entregou apenas R$ 250, prometendo pagar a segunda parte em uma futura ocasião. Os três homens vão responder por extorsão, podendo pegar até 10 anos de prisão mais multa.

 

Foi deflagrada na madrugada desta quarta-feira (29) uma operação para desarticular uma quadrilha, formada em sua maioria por policiais civis e militares, que pedia ou mesmo exigia dinheiro para liberação de carros e mercadorias roubadas, fazendo com que as vítimas fossem duplamente lesadas.

A Operação 'BIS IN IDEM' está sendo executada por 60 policiais e visa cumprir quatro mandados de prisão temporária, 11 mandados de busca e apreensão e ainda a condução coercitiva de um policial militar. A maioria dos mandados está sendo cumprida em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Mais detalhes sobre o caso serão revelados ainda na manhã desta quarta em uma entrevista coletiva no Grupo de Operações Especiais (GOE).

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O empresário argentino Alejandro Burzaco, ex-presidente da empresa Torneos Y Competencias, disse nesta terça-feira que a Rede Globo foi uma das empresas que pagaram propinas para vencer a concorrência por direitos de transmissão de competições internacionais, como a Copa América. A declaração foi feita durante depoimento no Tribunal do Brooklin, em Nova York, no julgamento do ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Burzaco foi ouvido como testemunha de acusação no processo. Ele é um dos investigados no escândalo da Fifa e se declarou culpado. Além da Copa América, a investigação da Justiça norte-americana também apura corrupção na compra dos direitos da Copa Libertadores e do torneio Copa do Brasil.

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Além da Globo, Burzaco também a Fox Sports americana, a Televisa mexicana, a Mediapro espanhola, além da Traffic, empresa do brasileiro J. Hawilla.

Procurada pela reportagem do Estado, a Rede Globo respondeu por meio de nota e negou qualquer ato ilícito. "Sobre depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina", diz o texto.

"Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos. Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige", continuou a nota da emissora.

Marin está preso desde 27 de maio de 2015. Inicialmente, ficou em uma prisão na Suíça. Transferido para Nova York, cumpre prisão domiciliar em seu apartamento na 5ª Avenida. Ele é acusado de recebimento de propina na negociação dos direitos da Copa do Brasil e da Copa América.

O prefeito interino de Bayeux Luiz Antônio Alvino (PSDB) aparece em um vídeo divulgado nesta terça-feira (24) pedindo suposta propina a um empresário da cidade. O grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba (MPPB), está apurando o caso. Nas imagens, o prefeito alega que o dinheiro seria utilizado para pagar a imprensa para publicar vídeo que comprometeria Berg Lima.

"Os 'caba' da mídia, sabe quanto um 'caba' de um portal quer? Pra poder republicar uma matéria, é R$ 1 mil conto. Já 'pensasse'? Tem 16 portais em Bayeux, você vai gastar R$ 16 mil em Bayeux", relatou Luiz Antônio em trecho do vídeo.

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O vídeo foi gravado no dia 4 de julho deste ano, no dia anterior ao que o prefeito Berg Lima foi preso. O Gaeco publicou uma nota informando que o gestor está sendo investigado há mais de um mês e que os crimes cometidos pelo atual prefeito, Luiz Antônio Alvino, não anulam os delitos praticados pelo prefeito afastado, Berg Lima.

O Gaeco ainda diz em nota que o caso se trata de uma guerra política entre grupos adversários. "Os fatos investigados e que tiveram como alvo o ex-prefeito da cidade [Berg Lima], réu em ação penal, jamais tiveram qualquer relação com as supostas "negociatas" divulgadas nesta terça-feira. O que inegavelmente aflora, com a divulgação deste vídeo, é uma guerra política em correntes adversárias tendo em perspectiva as eleições de 2018".

Segundo informações do G1Paraíba, o advogado do prefeito interino, Fábio Andrade relatou que "O prefeito Luiz Antônio não tem nada a ver com a prisão de Berg Lima, essa ilação é completamente despropositada. Essa conversa foi uma especulação feita entre duas pessoas que conversavam sobre a política de Bayeux, uma conversa absolutamente normal na política. Se falou que o prefeito poderia ser afastado, porque em Bayeux todo mundo já sabia que o prefeito vinha sendo investigado por irregularidades e perguntado sobre isso o Luiz Antônio se manifestou. Poderia ser q ele (Berg Lima) fosse cassado, fosse afastado, e naturalmente quem iria assumir era Luiz Antônio".

Em nota, o advogado de Berg Lima, Raoni Vita, aponta que o vice-prefeito teria buscado dinheiro junto a empresários para pagar por publicações de reportagens em veículos de comunicação da Paraíba com intuito de prejudicar politicamente Berg Lima. "Isso é uma demonstração cabal de tentativa de flagrante preparado ilícito, por força de Súmula do STF", explica Raoni Vita.

O ex-deputado Pedro Corrêa (ex-PP) afirmou que propinas de R$ 1 milhão oriundas do suposto caixa de seu partido junto à Diretoria de Abastecimento da Petrobras à campanha de Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado, em 2010, foram acertadas "no fio do bigode". A presidente do PT e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, são réus por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no STF.

Pedro Corrêa teve sua delação homologada em agosto de 2017 pelo ministro do Supremo Edson Fachin. O ex-parlamentar, condenado a 30 anos na Lava Jato e a 7 anos e 2 meses no Mensalão, é testemunha de acusação em processo contra Gleisi. Ele depôs no dia 19 de setembro.

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O ex-deputado confessou ter sido um dos políticos que se beneficiavam de esquemas de corrupção na Petrobras. Ele relata que o falecido deputado José Janene (PP) e o doleiro Alberto Yousseff eram os arrecadadores do PP. A "conta" de propinas do partido na Patrobras era alimentada por desvios de contratos da Diretoria de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto Costa, que também é delator e corrobora com a versão de Corrêa.

Quando Janene esteve doente, em 2010, Pedro Corrêa alega que somente Yousseff passou a prestar contas para os políticos que recebiam propinas no PP. Ele diz que o doleiro "arrecadava, "mostrava" e os políticos faziam "a distribuição para os diversos parlamentares, inclusive para ajudar uns mais necessitados, outros menos necessitados".

"Então isso, em 2010, Alberto Youssef, numa das reuniões para prestar contas, ele tinha dito que tirou um milhão de reais do caixa do partido, a mando de Paulo Roberto Costa, para entregar ao ex-ministro Paulo Bernardo, de quem eu tinha sido companheiro", alega.

O ex-deputado relata que chegou a reclamar com o ex-diretor da estatal "porque o PT tinha a Diretoria de Serviços" e o PP enfrentava "dificuldade grande de fazer a campanha, para terminar a campanha do partido".

"Então fui reclamar de Paulo Roberto, e ele então me disse que tinha sido uma determinação da presidente Dilma, que mandou que ele ajudasse a Senadora Gleisi Hoffmann, e, por isso, ele mandou que se entregasse um milhão de reais. E, na verdade, a Senadora foi eleita e, logo depois, em janeiro, foi Ministra da Presidente Dilma", afirma.

O ex-parlamentar, no entanto, relata que não restaram provas documentais sobre os supostos acertos.

"Não ficava nada, nada. O trabalho da política e sempre no "fio do bigode", por isso que a prova do político e mais complicada, porque e sempre o que você tem, que, embora se diga que a pior das provas seja a prova testemunhal, mas e a maneira que tem de juntar a prova, varias testemunhas pra saber que o fato existiu. Porque, na verdade, não tinha escrito nada".

Defesas

 

A senadora Gleisi Roffmann negou irregularidades por meio de sua assessoria de imprensa.

"A defesa já restabeleceu a verdade com relação a essas acusações infundadas e levianas. Por não existirem fatos concretos e plausíveis que respaldem tais delações, elas só podem alimentar a atenção da imprensa novamente por interesses políticos e com o intuito de perseguir o PT, seus dirigentes e suas lideranças. O PT tem mais de 22% da preferência popular de acordo com as recentes pesquisas de opinião; o Presidente Lula, que parte agora em caravana pelo interior de Minas Gerais, quase 40% das intenções de voto para a Presidência da República, se as eleições fossem hoje, e novas filiações aumentam a cada dia junto aos diretórios do PT e pela internet. Somos mais de 1,8 milhão de filiados em todo o País. Mais uma vez, o PT representa a esperança do povo em reverter os estragos feitos pelo golpe no Brasil."

Dilma

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou em depoimento que a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) não participou da manutenção de Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras. A assessoria de Dilma tem dito que Pedro Corrêa mentiu em delação premiada.

"A Senadora Gleisi era Ministra Chefe da Casa Civil em 2011, no momento em que eu demiti o senhor Paulo Roberto Costa da Diretoria de Abastecimento da Petrobras. Ela, nesse momento, ela era simplesmente Ministra-Chefe da Casa Civil. E quem decide quem demite ou quem nomeia e a relação entre a diretoria da Petrobras e a presidência. E óbvio que ela não participou da contratação do senhor Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento, porque isso, se eu não me engano, remonta a 2003, ou 2004 ou 2005 - eu não lembro bem -, não era eu Presidente da Republica."

O senador Magno Malta (PR), conhecido pelas duras críticas que faz a outros políticos envolvidos em esquemas de corrupção, terá que se explicar sobre trocas de e-mails que denunciam que ele teria se beneficiado com R$ 100 mil de propina [caixa 2] para a disputa majoritária de 2014. A denúncia foi feita pelo jornal Folha de S.Paulo. 

De acordo com a reportagem, a comprovação foi feita por meio de trocas de mensagens entre o presidente da cozinha Itatiaia, Victor Penna Costa, fabricante de móveis de cozinha do país, com o senador. A data seria do dia 8 de setembro de 2014. Malta também teria viajado no avião particular da empresa em 2012 e 2013. 

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Também estariam envolvidos, além de Penna Costa, seu filho Daniel, então gerente financeiro, e um assessor chamado Hugo Gabrich. Nas conversas, o assunto era o pagamento de R$ 400 mil para a “consultoria” de Gabrich, no entanto com os impostos inclusos o valor passaria para R$ 575 mil. 

Do valor que restou, R$ 75 mil de impostos ficaria para a Vix Consulting, que emitiu a nota, de Gabrich. Em outro e-mail escrito pelo presidente da Itatiaia revela: “Os outros 100.000 são para compensar a retirada em dinheiro de R$ 100.000 do Malta. Não sei como foi contabilizado (a saída desse valor da empresa)", escreve o presidente da Itatiaia.

Outro correio eletrônico, enviado no dia 8 de julho de 2014, também cita Magno. Gabrich fala sobre o cenário político do Espírito Santo e menciona candidatos “viáveis” ao governo. Ainda cita a mulher do senador, Lauriete, que não disputaria a reeleição para deputada federal. "Não tenho dinheiro para todos. Não posso dar mais para deputado estadual que para senador”, teria respondido o presidente. 

Após o senador Aécio Neves (PSDB) sair vitorioso na votação da Casa, podendo reassumir o seu mandato, o também senador Lindbergh Farias (PT) protestou. Ele disse que, se fosse com um petista, o resultado seria diferente. “A gente fica vendo o grau de seletividade que existe neste país. Quando é contra alguém nosso, da esquerda, ligado ao PT, é um escândalo”, criticou. 

Lindbergh também falou que houve uma mobilização gigantesca da base do governo para dar a vitória ao tucano. “Para eles, não tem nada. Malas de dinheiro não significam nada. Em nenhum dos dois casos: no caso de Aécio, ele pediu R$ 2 milhões, a Polícia Federal fez o monitoramento entregando R$ 500 mil para o primo dele. O do Temer a mesma coisa: foram R$ 500 mil para Rocha Loures [ex-deputado federal], impressionante". 

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O parlametar ressaltou que contra o ex-presidente Lula vale tudo. “Vale condenar sem provas, não é o caso de Aécio Neves e o caso do Temer porque eles estiveram juntos. Estou querendo registrar isso aqui. A seletividade como eles estão se protegendo em uma articulação gigantesca aqui dentro e vão tentar salvar o mandato do Temer. Eu quero trazer aqui o meu mais veemente o meu protesto”, reiterou.

A Operação Lava Jato e seus desdobramentos colocam em xeque legislações aprovadas no Congresso Nacional durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. São 29 medidas provisórias com suspeita de terem sido elaboradas ou alteradas na conversão para lei por pressão de empresas mediante o pagamento de aproximadamente R$ 625,1 milhões em propina.

Além das MPs, há três projetos de lei e dois decretos presidenciais, um deles de Michel Temer, citados nas investigações.

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Em valores corrigidos, a soma é resultado de um levantamento feito pelo Estado com base nos acordos de delação premiada homologados pelo Supremo Tribunal Federal, nas denúncias oferecidas pela Procuradoria-Geral da República e nos relatórios produzidos pela Polícia Federal. O montante pode representar apenas uma parte da corrupção, uma vez que nem todos os pagamentos supostamente realizados a deputados e senadores estão discriminados e relacionados à votação acertada.

As investigações também não determinaram ainda quanto exatamente o País deixou de arrecadar em impostos com a aprovação dessas leis - a maioria delas concedeu incentivos a setores da economia a partir de isenções tributárias temporárias. O que se sabe, por meio de dados coletados nos sites da Câmara dos Deputados e do Senado, é que a previsão de renúncia fiscal assumida pelo governo em somente dez MPs sob suspeita foi de R$ 165 bilhões - maior do que o rombo no Orçamento deste ano, de R$ 159 bilhões.

Porém, de acordo com o economista Gustavo Fernandes, professor do Departamento de Gestão Pública da FGV-SP, essa conta não pode ser classificada de forma simplista como prejuízo para o País. "É difícil dizer que não saiu nada de bom das políticas de incentivo concedidas por meio de MPs agora sob suspeita. Por outro lado, está claro que esse investimento feito pelo governo custou caro e pode até ser questionado judicialmente", diz.

A União dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), por exemplo, finaliza um levantamento das normas ainda vigentes para ingressar com uma ação na Justiça pedindo a anulação das leis e o ressarcimento aos cofres públicos. Especialistas apontam que, para evitar essas práticas suspeitas, o Brasil precisa regulamentar o lobby e evitar a criminalização da política.

Propina - O mesmo levantamento ainda mostra que há pelo menos 27 políticos citados, investigados ou acusados em esquema suspeito de pagamento por legislações. A lista inclui o presidente Michel Temer, os ex-presidentes Lula e Dilma, a cúpula do PMDB no Senado - os senadores Romero Jucá, Renan Calheiros e Eunício Oliveira -, além do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha. Todos negam participação em irregularidades.

Em sua delação, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, listou 15 iniciativas supostamente compradas - duas delas (a MP 252/2005 e o PL 32/2007) sequer foram aprovadas, apesar de a empresa ter pago propina, segundo ele, durante o processo de debate. "As contribuições eleitorais eram medidas, definidas e decididas de acordo com a relevância dos assuntos de nosso interesse defendidos pelo parlamentares", disse Melo Filho à PGR.

As MPs sob investigação foram apresentadas entre 2004 e 2015, com destaque para o ano de 2012, que teve oito das propostas suspeitas (veja quadro nesta página). A medida mais cara, de acordo com delações de executivos da Odebrecht, foi a MP 627, de 2013. A empresa teria pago R$ 100 milhões, em valores da época (o equivalente a R$ 129 milhões atualmente), para ver aprovada uma alteração nas regras de tributação sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior. Propina que, segundo Marcelo Odebrecht, virou caixa 2 para a campanha de reeleição de Dilma.

Condenações - Algumas investigações já renderam denúncias da PGR e até condenações. Em maio do ano passado, a Justiça Federal condenou nove pessoas pela compra de duas MPs, a 471, de 2009, e a 512, de 2010. Os lobistas considerados líderes do esquema receberam penas por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Transformadas posteriormente em leis pelo então presidente Lula, ambas concederam incentivos fiscais ao setor automotivo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

No mês passado, o petista virou réu no caso da MP 471. Segundo o Ministério Público Federal, o PT, via Lula, recebeu R$ 6 milhões pela edição da norma, acusação contestada por sua assessoria.

Na semana passada, uma das legislações sob investigação, o Decreto 9.048/2017, conhecido como Decreto dos Portos, rendeu ao presidente Michel Temer uma convocação para depor. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para ouvi-lo no inquérito que apura suposto favorecimento a uma empresa que atua no Porto de Santos, em São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Investigações conduzidas pelo Ministério Público de Andorra apontam que a Odebrecht apresentava políticos latino-americanos a bancos com os quais ela tinha relações especiais no principado. O objetivo é que eles abrissem, nessas instituições, contas que seriam usadas para receber dinheiro de propina em troca de contratos públicos em seus respectivos países.

Documentos confidenciais do processo em andamento em Andorra revelam que o esquema foi identificado e envolveu políticos do Peru, Panamá, República Dominicana e Equador. Ao jornal O Estado de S. Paulo, investigadores não descartam que o mesmo sistema tenha sido utilizado para depósitos em outros países.

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O acordo de leniência fechado pela Odebrecht em dezembro de 2016 no Brasil, EUA e Suíça revelou como a construtora pagou propinas em diversos mercados latino-americanos, com esquema que o próprio Ministério Público da Suíça chamou de "altamente profissional".

De acordo com o MP de Andorra, o "grupo Odebrecht era cliente da entidade bancária Banca Privada de Andorra (BPA), além de ter apresentado outros clientes ao banco". Os documentos revelam que a empresa intermediou a abertura de contas de "diversas pessoas politicamente expostas", uma categoria conhecida como PEP e que exige dos bancos saber a origem dos recursos depositados nas contas secretas.

"O objetivo era de que abrissem contas bancárias com o BPA para efetuar os pagamentos desde o grupo Odebrecht", constata a procuradoria, que ainda aponta para uma estratégia deliberada de esconder os "beneficiários finais das empresas" mantidas pela Odebrecht.

Para operar a partir de Andorra, a empresa criou duas companhias de fachada: a Lodore Foundation e a Klienfeld. Apenas em uma conta da Klienfeld, um total de US$ 99,9 milhões teriam sido movimentados pela Odebrecht.

No dossiê, documentos do Ministério Público Federal no Brasil também avaliam as descobertas das autoridades de Andorra. Num deles, os procuradores brasileiros apontam que "existem indícios de que se trata de vantagens ilícitas, uma vez que, na mesma linha do relato da autoridade de Andorra, não foram informadas ou identificadas causas econômicas para esses pagamentos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Conhecido como "homem da mala", o lobista Jean Marie Weber recebeu um credenciamento de último minuto para o evento que garantiu a eleição do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Há 10 anos, tribunais na Suíça o apontaram como o homem que pagou propinas em um esquema montado por João Havelange, ex-membro do COI e ex-presidente da Fifa.

O Estado, naquele evento de 2009, foi o único jornal brasileiro convidado para a cerimônia de abertura do Congresso do COI, em Copenhague, na Dinamarca. No local, cerca de 100 membros eleitores da entidade circulavam na presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do rei Juan Carlos, da Espanha, e das equipes de cada cidade candidata para receber os Jogos de 2016.

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Enquanto o evento se desenrolava na ópera, com música e discursos, a reportagem foi testemunha de como Jean Marie Weber circulava pelo local que, horas depois, seria o palco da vitória do Rio de Janeiro. Hoje, o processo está sob investigação e procuradores da França e Brasil suspeitam de um amplo esquema para a compra de votos.

Em seu livro Omerta, de 2014, o jornalista britânico Andrew Jennings levantava suspeitas de que o Rio de Janeiro teria comprado votos no COI para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

A base da acusação era justamente o envolvimento de Jean Marie Weber em Copenhague. O operador havia sido apontado pela Justiça suíça por ser a pessoa que fazia pagamentos de propina a cartolas de todo o mundo e que fechava acordos secretos em sintonia com João Havelange, nos anos em que o brasileiro era presidente da Fifa. Weber também foi o homem que o então chefe da Adidas nos anos 70, Horst Dassler, estabeleceu para intermediar os negócios e até ajudar a eleger Havelange em 1974 como presidente da entidade máxima do futebol. Sua gestão nos bastidores do esporte o valeram o apelido de "bagman" (homem da mala).

Em 2009, no evento do COI, tanto Jean Marie Weber quanto João Havelange estavam uma vez mais no mesmo local. "João convenceria um número suficiente de membros do COI e Jean Marie Weber distribuiria o dinheiro", indicou o britânico. Andrew Jennings, porém, não traz provas de que o dinheiro teria sido pago nem quem teria recebido.

"Havelange sabia o preço de todos os membros do COI", apontou o livro, citando o fato de que o dirigente esteve envolvido no esporte por 46 anos e que havia "atuado por décadas" ao lado de Jean Marie Weber.

Ainda de acordo com o livro e com as apurações do jornalista, Jean Marie Weber, mesmo apontado pela Justiça suíça como tendo feito parte do esquema de corrupção dentro da Fifa, ganhou uma credencial do COI com direito a permanecer dentro do hotel Marriott, onde estavam os membros do Comitê que votariam para escolher a sede de 2016. Já os jornalistas ficaram do lado de fora do hotel.

"Ele (Jean Marie Weber) conhecia a todos, especialmente os membros mais antigos que faziam parte da entidade. E isso era uma entrada a propinas para as cidades candidatas", escreveu Andrew Jennings. "Isso nunca acabou. A única mudança é que os negócios eram feitos de forma mais discreta". Em 2008, por exemplo, Weber fez parte do comitê de marketing da Confederação Africana de Futebol (CAF, na sigla em inglês), liderada na época por Issa Hayatou.

CREDENCIAMENTO - Por meses, Andrew Jennings buscou saber do COI o motivo pelo qual Jean Marie Weber havia obtido um credenciamento para o evento. Mas uma resposta apenas foi dada em 8 de janeiro de 2010, três meses depois da votação. Na resposta, a assessoria de imprensa da entidade aponta que acredita que Weber foi "credenciado de último minuto, entre milhares de credenciais para o Congresso".

No e-mail de 8 de janeiro de 2010, o COI admite que esse credenciamento "não deveria ter ocorrido". Ainda assim, a entidade afirma que "não vê motivos para abrir uma investigação sobre o que, na pior das hipóteses, foi um erro administrativo". "Entretanto, está claro que os procedimentos fossem seguidos, Weber não teria sido credenciado e tomaremos medidas para garantir que ele não seja credenciado de novo para eventos no COI", garantiu.

AUSÊNCIAS - A polêmica sobre o Rio de Janeiro será, nesta semana, transferida para Lima, no Peru, onde o COI realiza a sua reunião anual a partir desta quarta-feira. Neste fim de semana, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, garantiu à agência Inside the Games que irá "tomar as medidas cabíveis" contra os membros cujos nomes forem identificados pela Justiça do Brasil e França.

Procuradores admitiram ao Estado que vão estar observando quais dirigentes da entidade evitarão fazer a viagem até Lima. Um deles, porém, anunciou neste domingo que está renunciando a seu cargo no Comitê Executivo do COI. Trata-se do irlandês Pat Hickey, que chegou a ser detido no Rio de Janeiro em 2016 sob a suspeita de fazer parte de um esquema de venda de ingressos.

Por mais de um ano, Patrick Hickey manteve o seu cargo no COI e insistiu que era inocente. Agora, optou por deixá-lo. Ao explicar para a imprensa, a entidade indicou que o gesto do irlandês teve como meta "proteger o COI e garantir que os interesses dos Comitês Olímpicos Nacionais sejam representados no Conselho".

O fim de semana ainda foi marcado no COI pela chegada de mais uma carta do dirigente brasileiro Eric Maleson, principal testemunha no caso de compra de votos do Rio-2016. Na carta, ele chama a atenção de Thomas Bach ao "comportamento de pessoas dentro do COB" e alerta ao alemão de que já havia enviado tais advertências "há muitos anos". "O mundo poderá julgar de forma dura nossa Família Olímpica pelas ações de nossos líderes esportivos. Mas quero garantir que eu e meus colegas apoiamos o estado de direito e o código de ética", insistiu.

Em resposta às acusações de que teria recebido propina travestida de doação num esquema envolvendo contratos da Petrobras, o PMDB afirmou em sua defesa que o processo que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o partido pretende desestabilizar a legenda, "notadamente" por ter entre os seus membros o presidente Michel Temer.

O processo em questão, de relatoria do ministro Luiz Fux, tem como base os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, que lançaram suspeitas de irregularidades em doações eleitorais em benefício do PMDB.

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"O objetivo desta representação não aparenta outro senão o de desestabilizar o PMDB nacional, notadamente por ser o partido do qual é filiado o atual presidente da República", diz a manifestação do PMDB, obtida pela reportagem.

"Aqui cabe destacar que o PMDB se encontra envolvido com uma agenda positiva de mudanças na sociedade brasileira que visam à modernização, ao progresso e ao desenvolvimento em várias frentes de atuação, com medidas que por alguns podem até ser vistas como antipopulares, mas que certamente estão conduzindo o País para o retorno do crescimento", prossegue o partido, utilizando argumento semelhante ao do presidente na ação contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

PT e PP também são investigados no TSE com base em acusações dos mesmos delatores - esses processos podem levar à suspensão dos repasses do Fundo Partidário por um ano e, eventualmente, à extinção das siglas.

Nos três casos, o vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, pediu a inclusão de provas colhidas na ação da chapa Dilma-Temer, entre elas depoimentos de delatores da Odebrecht. Dino também pediu que fossem acionados o juiz federal Sérgio Moro e o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, para que compartilhassem informações.

Segundo o PMDB, o processo foi instaurado com base em "fatos totalmente abstratos" e "argumentos genéricos". "Não há prova de eventual abuso do poder econômico, político ou mesmo fraude, especialmente porque os pedidos formulados na AIJE 1943-58 (ação contra a chapa Dilma-Temer) foram julgados totalmente improcedentes", sustenta o partido.

Sobre as acusações de Paulo Roberto Costa, a respeito de um "eventual auxílio em dinheiro" feito por parte do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e pessoas indicadas por ele, o partido afirmou ao TSE que, "em que pese o senador ser filiado ao PMDB, este fato, por si só, não indica que Sua Excelência tenha qualquer poder de representação do partido".

"Muito pelo contrário, nos termos do art. 35 do Estatuto partidário, cabe ao presidente do partido a sua representação", sustenta o PMDB, atualmente presidido pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) declarou, em anexo de sua delação premiada, que o atraso no pagamento de uma superpropina de R$ 53 milhões para conselheiros do Tribunal de Contas do Estado motivou a paralisação de obras da Copa 2014. Segundo ele, a relação entre o governo e o TCE era de 'muitas pressões e extorsões' em troca de apoio aos programas do Palácio Paiaguás - sede do Executivo estadual -, especialmente as obras da Copa do Mundo, como a do MT Integrado.

"O colaborador se recorda que, no segundo semestre de 2012, foi procurado pelo então presidente do TCE MT, o conselheiro Noveli, com a notícia de que ele e os conselheiros Sérgio Ricardo, Valter Albano, Antonio Joaquim e Valdir Teis queriam receber valores para garantir o bom andamento das citadas obras", diz o anexo que Silval entregou à Procuradoria-Geral da República no âmbito do acordo de colaboração.

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"Após essa reunião no Palácio Paiaguás 'se reuniram mais duas vezes, oportunidade em que após negociarem ficou acordado pelo pagamento de R$ 53 milhões para que o TCE não atrapalhasse os andamentos dos programas de governo'. Silval disse que 'tem ciência de que esse valor foi distribuído entre os conselheiros'.

Para esse pagamento, o conselheiro Novelli, sempre segundo o delator, exigiu que ele assinasse 36 notas promissórias no valor total de R$ 53 milhões, a serem pagas em 18 meses. "Duas notas venciam em cada um dos 18 meses, sendo uma no valor aproximado de R$ 1.150.000,00 e outra no valor de R$ 2.800.000,00, sendo que o conselheiro Novelli dizia ao colaborador que precisava das notas promissórias para comprovar para os demais conselheiros que tinham a garantia do pagamento das propinas."

Em uma dessas reuniões, relata o ex-governador, o próprio conselheiro Novelli 'sugeriu que os pagamentos de parte das propinas poderiam ocorrer através da empresa Gendoc, pois segundo Novelli ele conhecia o responsável pela empresa, e se o Executivo aderisse através de suas secretarias uma licitação vencida pela Gendoc, a Gendoc devolveria para Novelli 50 % dos valores pagos pelo Executivo'.

Silval contou sobre um encontro com o responsável pela empresa Gendoc, 'acreditando que tenha sido no ano de 2012, ao lado da Arena Pantanal, sendo tal pessoa chamada de Waldisney'.

O encontro foi motivado, ele diz, 'por um problema em um dos pagamentos para o TCE, pois o combinado no inicio era que Waldisney devolvesse o dinheiro para Pedro Nadaf, que, por sua vez, ficaria responsável em fazer a entrega para o TCE'.

Nesse encontro com Waldinsey o colaborador pediu para ele efetuar o pagamento diretamente para Novelli sem intermediários do Executivo, tendo Waldisney concordado, oportunidade em que ele começou a repassar 50% dos valores recebidos do Executivos para Novelli.

Segundo o ex-governador, Pedro Nadaf - então secretário da Casa Civil - e ele eram responsáveis em contatar Novelli após o Executivo efetuar os repasses para a Gendoc. "Com os pagamentos Novelli ia devolvendo as notas promissórias assinados pelo colaborador, sendo que algumas vezes Pedro Nadaf pegava as promissórias, outras vezes era o próprio colaborador quem as pegava de Novelli. Acredita que foi repassado da Gendoc para Novelli o montante aproximado de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, sendo que o colaborador, ao verificar as adesões da Gendoc, pode precisar o valor."

Silval disse que 'se recorda' de ter repassado para Novelli o montante de R$ 2 milhões em cheques dados por Genir Martelli, 'não se recordando o colaborador se eram cheques da pessoa física ou jurídica, mas sabendo que os valores dos cheques eram em torno de R$ 50 mil cada cheque, totalizando um montante de aproximado de 40 cheques entregues a Novelli'.

O peemedebista afirma que a entrega foi feita por ele em mãos para Novelli em seu próprio gabinete no Palácio Paiaguás.

Em 2014, segue o relato de Silval, ainda faltava pagar aproximadamente R$ 30 milhões da propina devida ao Tribunal de Contas do Estado, 'oportunidade em que Pedro Nadaf sugeriu que fizessem a desapropriação do bairro Renascer'.

Nadaf negociou o retorno de 50% - cerca de R$ 16 milhões - com o advogado da empresa que recebeu os valores da desapropriação e ele mesmo - secretário da Casa Civil - 'passava tudo para o conselheiro Novelli, tendo sido repassado dessa desapropriação o valor de R$ 15 milhões de reais para o TCE, pois R$ 1 milhão o colaborador lembra de ter ouvido que a empresa que recebeu da desapropriação teria repassado para o deputado federal Carlos Bezerra em razão de ter intermediado a negociação, pois teria sido Carlos Bezerra quem teria apresentado o advogado da empresa na Casa Civil para Pedro Nadaf'.

"Se recorda que no ano de 2014 houve um atraso nos pagamentos das propinas no TCE, oportunidade em que foi procurado pelo conselheiro Sérgio Ricardo (hoje afastado da Corte) no gabinete do colaborador, tendo Sérgio Ricardo cobrado nesse encontro o pagamento das propinas combinadas com o conselheiro Novelli", segue a delação de Silval.

"Nesse encontro o colaborador reclamou com Sérgio Ricardo da pressão que estava sofrendo do TCE pois já havia pago uma boa parcela da propina combinada, sendo que alguns dias após essa reclamação o próprio conselheiro Sérgio Ricardo paralisou as obras do MT Integrado", afirma Silval.

Após a paralisação das obras Silval, segundo seu próprio relato, agendou 'de maneira insistente uma reunião com o conselheiro Novelli, sendo que nessa reunião reassumiu o compromisso de pagar as propinas combinadas anteriormente até o final do ano de 2014, o que acabou acontecendo, sendo que até o final de 2014, foi quitado o montante de R$ 53 milhões, ficando pendentes 4 promissórias que não foram entregues ao colaborador, equivalentes a 2 meses de pagamento'.

"Que para quitar o restante da divida com o TCE, ficou ainda combinado entre o colaborador e o conselheiro Novelli que o Executivo suplementaria o orçamento do TCE em R$ 35 milhões, para que os conselheiros conseguissem retirar em torno de R$ 15 milhões devidos de propina, que a suplementação começou em junho ou julho de 2014, terminando em dezembro de 2014, sendo que os conselheiros iriam com essa suplementação conseguir retirar as propinas em nos serviços a serem executados pelo TCE."

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta quinta-feira (24), 14 pessoas por crimes cometidos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Trata-se da 17ª ação penal proposta no âmbito da Operação Zelotes e, desta vez, os alvos são executivos do Grupo Gerdau, além de advogados e ex-conselheiros do tribunal administrativo.

Segundo as investigações, a prática criminosa ocorreu entre 2011 e 2014, período em que o grupo econômico teve cinco Procedimentos Administrativos Fiscais (PAFs) analisados no tribunal. A empresa discutia a anulação de débitos que, em valores atualizados, chegariam a R$ 4 bilhões. Como contrapartida, o grupo liderado por José Ricardo Silva teria acertado o recebimento de R$ 40 milhões em vantagens indevidas. A ação penal inclui informações e provas fornecidas pelo ex-conselheiro Paulo Roberto Cortêz, que fez acordo de colaboração premiada com o MPF.

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Na ação penal, os procuradores da República Frederico Paiva e Hebert Mesquita descrevem o funcionamento do esquema que, de acordo as investigações, teve três fases: a contratação simulada de empresas por meio das quais foi viabilizado o pagamento da propina; a manipulação dos processos na chamada câmara baixa e a ação de conselheiros e lobistas com o propósito de direcionar os julgamentos para a 1ª turma da Câmara Superior, para que fossem “sorteados” ao então conselheiro José Ricardo.

Esquema - Na denúncia, a ser analisada na 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, os procuradores frisam que o esquema foi montado para esconder a ligação do então conselheiro do Carf com o grupo empresarial se repetiu no caso dos processos que discutiam questões internas (manobras tributárias adotadas para reduzir o valor a ser pago em impostos) e externas ( cobranças por sonegação de impostos sobre lucros de subsidiárias da empresa no exterior).

Ao explicar a estratégia adotada para garantir os pagamentos indevidos, o MPF menciona que o grupo envolvido nas irregularidades praticadas no Carf sempre teve preferência por contratar a empresa SGR Consultoria Empresarial, cujo principal sócio é José Ricardo da Silva – um dos denunciados. No entanto, como ele era conselheiro do tribunal administrativo, nesse caso, a opção, para mascarar o vínculo, foi firmar contratos com as empresas Planeja Assessoria Empresarial e Alfa Atenas Assessoria Empresarial. Além disso, para esconder o verdadeiro propósito, a descrição do objeto foi feita de forma genérica.

Para o MPF, chama a atenção o fato de o documento prever de forma expressa a possibilidade de subcontratação de escritórios de advocacia, o que, na avaliação dos investigadores, tinha o objetivo de “estabelecer mais uma camada de disfarce para evitar a descoberta dos ilícitos pelos órgãos de controle”. Assim como em outros casos já denunciados na Operação Zelotes, os contratos firmados previam o pagamento apenas em caso de êxito.

Com a análise de documentos e outros materiais apreendidos a partir de determinação judicial, foi possível comprovar o verdadeiro propósito dos contratos, bem como os reais destinatários dos valores a serem pagos pelo grupo econômico. Os investigadores encontraram, por exemplo, cópias de contratos firmados entre a Gerdau e as duas empresas de consultoria no escritório da SGR.

Na ação, o procurador destaca que a contratação simulada e os pagamentos de vantagens indevidas foram autorizados pelo diretor jurídico da Gerdau, Expedito Luz, e viabilizados pelo consultor jurídico e consultor de contabilidade da empresa, Marco Antônio Biondo e Fernando Schineider, respectivamente. “O fato de as empresas Planeja e Alfa serem meras intermediárias, composta por duas pessoas absolutamente desqualificadas para efetivos serviços, sem as mínimas condições de atuar ostensivamente, era perceptível por qualquer pessoa alfabetizada, o que dirá de dois experientes e preparados empregados de primeiro escalão de uma das maiores siderúrgicas do mundo”, afirma um dos trechos da denúncia.

Para os investigadores, os atos praticados pelos envolvidos configuram os crimes de corrupção nas modalidades ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro. Os pedidos de condenação foram separados pela atuação em cada um dos procedimentos.

Confira a lista de denunciados:

José Ricardo Silva

João Batista Grunginski

Edison Pereira Rodrigues

Bruno Pandovan

Dorival Pandovan

Paulo Roberto Cortez

Valmir Sandri

Valmar Fonseca de Menezes

Sílvio Guatura Romão

Ezequel Antônio Cavalari

Marco Antônio Briondo Pereira Matos

Raul Fernando Sheider

Expedito Luz

Amador Outerelo Fernandez

A Procuradoria da República em Brasília e a Polícia Federal reabriram uma investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre um suposto pagamento de propina que ocorreu durante o "Mensalão".

Após uma acusação feita pelo publicitário Marcos Valério durante um depoimento à PF em 2012, de que Lula sabia e foi beneficiado por um pagamento feito pela Portugal Telecom ao Partido dos Trabalhadores (PT) no valor de US$ 7 milhões, os policiais começaram a investigar a acusação. A abertura do caso, de fato, ocorreu em 2013.

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No entanto, em 2015, a PF informou que não era possível rastrear o dinheiro que teria sido usado para quitar dívida eleitorais do partido e o processo foi arquivado. Porém, no início do ano passado, um juiz da 10ª Vara Criminal Federal de Brasília discordou do relatório e, quando isso acontece, é preciso que o caso seja reavaliado pela Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria-Geral da República.

Os procuradores então revisaram o processo e concordaram que, devido aos fatos novos que surgiram, a investigação deve prosseguir.

Em nota, a assessoria de Lula se manifestou sobre o caso e disse que as acusações foram "investigadas por três anos". "Ambos os Ministérios Públicos de Portugal e do Brasil pediram o arquivamento delas por total falta de provas. Não há nada, portanto, que justifique a reabertura dessa investigação agora", escreveram os assessores do ex-presidente.

O Mensalão investigou o pagamento de "mesadas" para que parlamentares aprovassem medidas e projetos enviados pelo Executivo nas votações da Câmara dos Deputados e do Senado.

Valério foi um dos condenados no caso a 40 anos de prisão.

Foi mantida na 4ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região a condenação de dois réus acusados de oferecer R$ 200 para um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dizendo ser o "dinheiro do guaraná", após ter o veículo autuado por estar com o lacre da placa rompido. O motorista e o dono do veículo foram condenados a dois anos de reclusão.

O caso aconteceu no posto da PRF em Sertânia, Sertão de Pernambuco, no dia 11 de novembro de 2014. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Severino José da Silva dirigia um caminhão trator com o lacre da placa de semirreboque rompido, além de estar com autorização especial de trânsito vencida.

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Ao saber da situação, o motorista entrou em contato com Enoque Manoel de Souza, dono do automóvel. Segundo depoimentos do agente que fez a abordagem e de outro colega que testemunhou o fato, o proprietário teria combinado com o motorista de entregar o "dinheiro do guaraná" no valor de R$ 200 para o policial que fez a abordagem.

O motorista foi autuado em flagrante no momento em que fez a proposta. A Justiça Federal condenou os dois pelo crime de corrupção ativa. Eles entraram com recurso na segunda instância, sob a alegação de que o crime não existiu e que o dinheiro teria sido oferecido a pedido do próprio agente. O recurso foi indeferido.

Preso na Operação Cobra, fase 42 da Lava Jato, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine pediu propina ao empreiteiro Marcelo Odebrecht 'na véspera de assumir a presidência' da estatal, afirma o Ministério Público Federal. Bendine assumiu o cargo em 6 de fevereiro de 2015.

Na ocasião, a Lava Jato estava próxima de completar um ano. A fase ostensiva da investigação foi deflagrada em março de 2014.

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A solicitação de propina, afirma a força-tarefa da Lava Jato, foi feita por Bendine e por um de seus operadores financeiros também ao executivo Fernando Reis, da Odebrecht.

Segundo o Ministério Público Federal, 'as indicações são de que o pedido foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato'.

A pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná, a Justiça expediu e a Polícia Federal cumpre, na manhã desta quinta-feira, 27, três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão em nova fase da Lava Jato.

Os focos principais desta operação são, além de Aldemir Bendine, operadores financeiros suspeitos de operacionalizarem o recebimento de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht em favor do ex-presidente da Petrobras.

O principal alvo desta nova fase esteve à frente do Banco do Brasil entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e foi presidente da Petrobras entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016.

"Há evidências indicando que, numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial", diz a Procuradoria.

Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil.

De acordo com o Ministério Público Federal, em decorrência deste novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal petrolífera, a Odebrecht, conforme depoimentos de colaboradores, informações colhidas em busca e apreensão na 26ª fase da Lava Jato (operação Xepa) e outras provas de corroboração, optou por pagar a propina de R$ 3 milhões. O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Já neste ano de 2017, um dos operadores financeiros que atuavam junto a Bendine confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil. Todavia, a investigação revelou que a empresa utilizada pelo operador financeiro era de fachada.

Além disso, não foi apresentado nenhum material relativo à alegada consultoria e não foi explicado o destino de valores, a forma oculta do recebimento, a ausência de contrato escrito para serviços de valor milionário e o motivo da diminuição do valor de tais serviços, que inicialmente seriam, conforme reconhecido pelo próprio operador, de R$ 17 milhões, para R$ 3 milhões.

Buscando dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. Há indícios que a documentação também foi produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investigações.

"A colaboração premiada dos executivos da Odebrecht foi o ponto de partida das investigações. A partir daí, a investigação se aprofundou e revelou estreitos vínculos entre os investigados e permitiu colher provas de corroboração dos ilícitos narrados", diz a força-tarefa.

Dentre as diligências efetuadas estão análise de ligações telefônicas, identificação junto a hotéis de reuniões secretas, descoberta mediante análise de cartões de crédito de encontros em restaurantes, colheita de comunicações ocultas por aplicativos de celular que eram destruídas em tempo pré-determinado para apagar os vestígios de crimes, bem como exame de anotações que apontam para pagamentos de despesas de hospedagem em favor de familiares de Aldemir Bendine.

Para o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, "é incrível topar com evidências de que, após a Lava Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira. Os crimes recentes são a prova viva de que a prisão é necessária para frear o ímpeto criminoso de um esquema que vem desviando bilhões há mais de década".

"Há quem fale que as investigações contra a corrupção têm que acabar, mas casos como esse deixam claro que os criminosos não vão parar. Pregar o fim da Lava Jato é defender a liberdade para os ladrões do dinheiro público prosseguirem. Se queremos um Brasil com menos corrupção, é preciso ir até onde eles foram e estão dispostos a ir", disse a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili.

"Preocupa a todos nós o arrefecimento do investimento na Lava Jato pela direção da Polícia Federal", destacou o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa no MPF/PR. "Das últimas sete operações da Lava Jato, seis foram pedidas pelo Ministério Público. É preciso preservar o trabalho da Polícia Federal nas investigações. O Ministro da Justiça e o Delegado-Geral têm poder e a consequente responsabilidade sobre o tamanho do efetivo, que foi reduzido para menos de metade", completou.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

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