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Presos de seis presídios do Equador mantêm 57 guardas penitenciários e policiais retidos em protesto contra operações de segurança da força policial nas prisões, informou na quinta-feira (31) a entidade reguladora das penitenciárias (Snai).

Em meio a um dia violento devido às explosões de dois carros-bomba em Quito, a entidade afirmou em comunicado que sete policiais e 50 agentes penitenciários "estão retidos em seis centros de privação de liberdade", sem entrar em mais detalhes.

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Mais cedo, o ministro do Interior, Juan Zapata, havia declarado que todos os guardas estavam retidos na prisão de Cuenca, onde os detentos protestam desde quarta-feira (30) devido à pressão policial.

"Este incidente seria uma resposta dos grupos criminosos às intervenções da força policial nos centros penitenciários do país, cujo propósito é a apreensão de objetos proibidos que são usados em atos violentos", informou o Snai.

Na quarta-feira, centenas de soldados e policiais realizaram uma operação de busca por armas, munições e explosivos em uma prisão na cidade andina de Latacunga, no sul do Equador, uma das principais do país e cenário de frequentes massacres entre detentos que causaram mais de 430 mortes desde 2021.

As hipóteses sobre os reféns têm mudado ao longo do dia. Inicialmente, o órgão estatal responsável pelas prisões (Snai) afirmou que se tratava de uma retaliação pela "intervenção" das forças de segurança. Posteriormente, as autoridades indicaram que a retenção é um protesto contra a transferência de detentos para outras prisões.

"Estamos preocupados pela segurança de nossos funcionários", disse Zapata durante uma coletiva de imprensa em Quito.

De acordo com o Snai, "Uma série de ações estão sendo tomadas para recolocar a ordem no sistema penitenciário" com o apoio de militares e policiais.

Gangues ligadas ao tráfico de drogas travam uma guerra pelo poder e usam as prisões como centros de operações. Diante dos confrontos violentos entre as organizações aliadas a cartéis mexicanos e colombianos nas prisões, o presidente Guillermo Lasso decretou em 24 de julho o estado de exceção em todo o sistema penitenciário por 60 dias, o que permite a presença militar nas prisões.

De segunda a sexta-feira, o jovem *Cauã, de 24 anos, colore dezenas de desenhos. É uma forma, segundo ele, de trazer cores para sua própria vida, uma vez que “o mundo do crime é obscuro”. Em folhas de papel ofício, capricha nos traços e em cada ponto dos personagens que, aos poucos, ganham forma e cor. “Aqui eu distraio a mente, esqueço dos problemas e sonho em me tornar um desenhista profissional”, diz.

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Roupas, personagens de desenhos animados, super-heróis e animais. *Cauã arrisca-se em desenhar praticamente qualquer figura, mas hesita em colocar no papel o que seria um desenho alusivo ao sentimento de liberdade. Ele cumpre pena há quatro anos no Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. “Não sei quando vou sair, não dá para sentir a liberdade”, fala. Enquanto vive entre grades e muros, o detento dedica boa parte da sua rotina às aulas de desenho com foco em moda, uma das 25 capacitações profissionais e educativas realizadas na própria unidade prisional.

Entre presídios de Pernambuco, o PIG se destaca pela ausência de incidentes violentos nos últimos dois anos, como rebeliões e mortes, e principalmente pela série de atividades de qualificação promovidas para os detentos. De acordo com a supervisora administrativa e coordenadora das oficinas, Maria das Graças Silva, as atividades têm uma proposta profissionalizante, porém focam ainda mais na possibilidade de reabilitação social dos presidiários. O curioso, sobretudo, é que a grande maioria dos cursos ocorre em um corredor que serviria, teoricamente, para conter rebeliões.

Segundo Maria das Graças, por meio do espaço, policiais poderiam acessar os corredores que dividem os pavilhões do Presídio de Igarassu para atuar em eventuais rebeliões ou motins. No entanto, o espaço de 160 metros estava desativado e com problemas estruturais; nos últimos anos não precisou ser utilizado para conter conflitos entre os detentos. “Nós precisávamos de um local mais adequado para realizar nossas oficinas, então, juntamente com a diretoria do PIG, resolvemos reformar e transformamos no ano passado esse espaço em um ambiente de aprendizado social e de qualificação profissional. Temos, ao todo, mil reeducandos participando das atividades; temos o curso de desenho voltado para moda, oficina de unha e gel, corte e costura, informática, eletricista, terapia ocupacional, e outras inúmeras atividades”, explica Maria das Graças.

Antes de ser detido e cumprir pena no PIG, *Lucas, de 34 anos, era desenhista. Em 2017, foi convidado pela direção da unidade prisional para desenhar e pintar o espaço que, posteriormente, se tornaria um ambiente voltado exclusivamente para atividades educativas. Encheu o espaço de cor e deu um ar diferente do passado. “Pintei todo esse espaço e recebi o convite para dar aulas de desenho. Montei a turma, vi quem tinha interesse, e abracei quem sabia e quem não sabia desenhar, para aperfeiçoar o desenho ou começar da base”, relembra *Lucas.   

No curso de desenho voltado para moda conduzido por *Lucas, turmas de diferentes pavilhões do PIG são atendidas por dia, cada uma com mais de dez participantes. Eles aprendem técnicas de desenho e pintura, além de receberem dicas sobre criação de modelos de roupas e estampas. “Quando sei que vou ter a oportunidade de estar aqui, acordo bem e tento passar o melhor para eles. Vai chegar o tempo de a gente ir para rua e se eles têm algum dom, é melhor botar para fora. Aqui eles podem criar modelos de roupa, marcas e estampas, e um dia poderão criar suas próprias empresas para vender os modelos”, conta o professor de desenho.

Outra opção de capacitação é o curso de unha e gel. Durante as aulas, os participantes ainda aprendem técnicas de manicure e discutem como poderão criar seus próprios negócios quando ganharem a liberdade. “Aprendi aqui que tenho que ser rápida aplicando a unha, o cliente gosta de rapidez e de um serviço de qualidade”, relata *Márcia, uma das participantes do curso. Metros depois, cerca de 20 computadores são utilizados nas aulas de informática, que abordam desde conceitos básicos e uso de programas do Pacote Office até dicas de digitação.

*Carlos, detido no Presídio de Igarassu há cinco meses, era professor de artes marciais quando estava em liberdade e hoje conduz as aulas de informática. “Sempre gostei de ensinar e aqui é uma oportunidade para eu ocupar a mente e falar da palavra de Deus para os rapazes. Hoje mesmo eles estão produzindo texto e a gente percebe frases que falam de Jesus. Eles também falam da vida deles e das famílias”, comenta *Carlos, enquanto acompanha os demais reeducandos na utilização dos computadores.

Um dos alunos do curso de informática se chama *Márcio, 25. Ele está detido no PIG há oito meses. O rapaz confessa que já conhece vários procedimentos na área de computação, mas prefere participar das atividades. “Sair do pavilhão já é uma vitória. Aqui temos a oportunidade de ter mais conhecimento. Quero procurar um trabalho quando sair do presídio, estou arrependido do que fiz e agora o jeito é cumprir toda a pena”, conta o reeducando.

Já as aulas de corte e costura são realizadas pelo detento *Caio, que cumpre pena em Igarassu há quase sete anos. O curso tem cerca de três meses e possui três turmas por dia, cada uma com um quantitativo de cinco a dez alunos. O rapaz aprendeu as técnicas enquanto trabalhou na empresa de costura da sua família e hoje compartilha o aprendizado com os demais presidiários. “Minha função é passar o que aprendi aos alunos, fazendo bolsas, pochetes e outras coisas mais simples. Assim, pelo menos eles têm alguma coisa para fazer e podem pensar em algo para trabalhar na liberdade. Como estão ocupados, eles dispensam os pensamentos negativos”, frisa *Caio.

De acordo com *Francisco, um dos alunos do curso de corte e costura, a capacitação abre uma visão empreendedora. “Nunca trabalhei com corte e costura, eu trabalhava com transporte. Aqui estou aprendendo a manusear as ferramentas e a fazer bolsas, lapiseiras, pochetes e outros objetos. Até comecei a pensar em atuar com isso quando sair daqui. Acho importante porque a direção sempre nos incentiva a participar das oficinas e isso nos motiva a estar aqui, acompanhando as aulas”, diz *Francisco, enquanto manuseia uma máquina de costura.

Acompanhe no vídeo a seguir mais detalhes das aulas realizadas no PIG:

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Segundo o diretor do Presídio de Igarassu, Charles Belarmino, os cursos promovidos para os detentos ajudam a diminuir os problemas da unidade. Desde o início das atividades, o número de indisciplinas, tais como brigas, porte de celular, uso de faca, entre outras, caiu de 573 para 314 registros. O PIG conta com 3.463 reeducandos, mas, oficialmente, tem capacidade para apenas 566. "A gente tem notado uma mudança muito positiva. Tem gente aqui que quer mudar de vida e agora estão tendo a oportunidade por meio dos cursos", finaliza o diretor.  

A presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, inspeciona nesta segunda-feira (8) pessoalmente o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde ocorreram pelo menos três rebeliões desde o início do ano.

No primeiro dos motins, na Colônia Agroindustrial do Complexo, nove detentos morreram, dois dos quais decapitados, e 14 ficaram feridos. Segundo informações da Superintendência Executiva de Administração Penitenciária de Goiás (Seap), a confusão foi motivada por disputas entre alas controladas por facções criminosas rivais. 

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A viagem de Cármen Lúcia foi marcada após relatório encaminhado à ministra pelo presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Gilberto Marques Filho. Na semana passada, por ordem da presidente do STF, o desembargador inspecionou o local e constatou o estado de descontrole do estado sobre o complexo prisional, que abriga um número de presos três vezes maior do que sua capacidade, além da situação precária das instalações, com recorrentes cortes de água e energia.  

Entre as principais reclamações dos presos, muitos dos quais sem acesso a advogados, está a demora na análise de seus processos. Estima-se que muitos dos detentos já poderiam ter sido beneficiados com progressão de pena ou liberdade condicional, reduzindo a superlotação. Sobre a questão, o TJ-GO alega falta de pessoal e de recursos para analisar os mais de 12 mil autos que se acumulam na Vara de Execuções penais responsável pela prisão.

A criação de uma força-tarefa formada por membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e Justiça criminal está entre as ações emergenciais sugeridas para lidar de imediato com a situação no Complexo Prisional de Aparecida de Goiás, cujos problemas chegaram a ser alertados após inspeção do CNJ em novembro do ano passado, bem como em outros relatórios datados de 2015. 

Embora simbólica, a visita de Cármen Lúcia a Goiânia coloca pressão sobre autoridades locais, para que lidem com a crise com maior eficiência. Ela se reúne esta manhã com o presidente do TJ-GO e outras autoridades do estado. Não está confirmado se o governador Marconi Perillo participará da reunião. Além de Goiás, ela deve visitar, esta semana, presídios no Paraná. 

Transferências 

Por ordem da Justiça Federal, que acatou pedido feito em ação civil pública pela seção goiana da Ordem dos Advogados do Brasil, o estado de Goiás prometeu iniciar esta semana a transferência de presos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia para unidades prisionais indicadas pelo governo federal. Somente 400 detentos, capacidade original da Colônia Agroindustrial, devem permanecer na unidade de regime semiaberto.  

O estado também anunciou que acelera a conclusão de cinco unidades prisionais para acolher os presos. Também na semana passada, a Defensoria Pública de Goiás conseguiu que a Justiça estadual autorize que 105 presos que fugiram da Colônia Agroindustrial durante o motim, supostamente com medo de morrer, continuem a cumprir suas penas em prisão domiciliar, até que a situação no presídio seja normalizada. 

Policiais civis da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) prenderam na manhã deste domingo (7), em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, Stephan de Souza Vieira, conhecido como BH. 

Ele estava sendo procurado desde que fugiu do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em novembro de 2017, e é apontado pelas autoridades policiais goianas como o principal responsável pelas rebeliões em presídios do estado. 

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Segundo a Polícia Civil do Rio, Stephan é apontado como líder de uma facção criminosa que atua em Goiás e é investigado por dezenas de homicídios em Goiás, na disputa territorial com outras facções. 

A polícia informou que ele foi encontrado em um apartamento no bairro de Vila Nova. No local, foram apreendidos aparelhos de telefone celular, joias, dinheiro e cadernos com a movimentação do tráfico de drogas.

A ação ocorreu em apoio a policiais civis do estado de Goiás e cumpriu um mandado de prisão expedido pela Justiça de Goiás.

Dentro de onde deveria existir ordem, o horror. Cenas de barbárie: decapitações, "churrasco" com carne humana e inúmeros mortos que, após um tempo, se tornam estatística. Desde o início do ano, o sistema prisional brasileiro volta a dar sinais claros de sua insustentabilidade. Rebeliões em presídios como o de Alcaçuz, em Natal-RN, e o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus-AM, evidenciaram, mais uma vez, as enormes deficiências do processo penintenciário do país. Sem reeducação e abarrotados em celas, os detentos se animalizam a cada dia. Há saída? Para a cientista política Ana Maria de Barros, professora do mestrado de Direitos Humanos da Universidade Federal de Pernambuco, é possível pensar, sim, na ressocialização. Entretanto, antes de tentar mudar o preso, é emergencial reestruturar o próprio sistema e as próprias cadeias.  

LeiaJá: Ao longo de seus estudos, voltados ao processo de ressocialização dos presidiários, você trabalha sob a égide de uma "educação penitenciária" como possibilidade de mudança de perspectivas. Ainda é possível pensar este tipo de ressocialização no Brasil ou isso é, como muitos afirmam, utópico?

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Ana Maria de Barros: Em primeiro lugar, precisamos compreender que o sistema penitenciário brasileiro não é voltado para a ressocialização. Nós passamos da ditadura para a democracia; dentro do processo de redemocratização, o sistema prisional não foi repensado. Nossas prisões são herdeiras de toda a cultura da ditadura, de torturas, grandes violações de direitos humanos. É possível, sim, ressocializar, mas é necessário o Estado assumir o sistema. As prisões não são comandadas pelo Estado, mas pelos criminosos. O Brasil tem masmorras medievais onde seres humanos são jogados para viver em condições mínimas de cidadania, higiene. É possível pensar no processo de ressocialização desde que o país apresente uma proposta concreta de política pública que supere a vigente hoje. 

LJ: O preso de hoje é mais difícil de "contornar" e tentar ressocializar do que aquele de 20 anos atrás?

ANB: Hoje a população carcerária é muito jovem e muito grande. Quanto mais jovem é o preso, mais complicado é a internacionalização de normas. O problema carcerário caminha lado a lado com o problema de saúde pública. É urgente refletir sobre o crack. Hoje o moleque, ainda muito novo, tem crise de abstinência lá dentro (das prisões). Há 20 anos, a média era de presos adultos. Esse "novo preso", em geral, já é oriundo de outras unidades, das Funases, já vêm com essas marcas, é mais difícil de ressocializar. Eles têm acesso às armas muito mais facilmente. Então é necessário pensar na educação desse jovem, mas pensar na periferia, na escola pública, na educação integral. Projetar o futuro destes jovens. Com o vazio do Estado, eles são recrutados pelo crime muito cedo. O criminoso chega antes do Estado na vida desses jovens. 

LJ: Uma discussão que é preciso levar em consideração é a arquitetura prisional. O modo como estas unidades são construídas contribuem para essa cultura do crime e reincidência de episódios violentos?

ANB: A arquitetura prisional brasileira é herdeira do modelo bélico português e espanhol, quando velhos mosteiros e conventos eram transformados em prisões. É falha. Nos Estados Unidos, há um outro modelo de penitenciárias, quase feitas em círculo, onde do centro é possível controlar os outros espaços. Mesmo assim, é insuficiente, pois há situações de violência. Não basta vigilância física, é necessário haver vigilância eletrônica. Também é fundamental separar os criminosos por delito. Quem praticou roubo, latrocínio, estelionato, estupro. E ainda tratamos presídio e penitenciária como a mesma coisa; não é bem assim. O presídio é para quem ainda não está cumprindo pena. Penitenciária é para quem já foi julgado. Aqui no Brasil é tudo junto. Então tem que haver intervenção, uma revisão arquitetônica, sim.

LJ: Diante de tanta barbárie, parcela da população brasileira se vê indignada e brada: "bandido bom é bandido morto!". Muitos criticam os direitos humanos. Na sua concepção, isso é fruto de uma visão distorcida do que, de fato, são esses direitos humanos?

ANB: Direitos humanos são todos os direitos inerentes à pessoa humana. À vida, à liberdade, à comunicação; é o direito de ir e vir, de liberdade ideológica, de agora eu estar tendo essa conversa com você. Desde a época da escravização negra, das lutas de classe, violência contra as mulheres, a estrutura penal brasileira serviu para desrespeitar a vida. No período ditatorial, o sistema penitenciário funcionava para matar e fazer desaparecer os presos políticos. Os direitos humanos denunciavam as torturas nesta época. Então essa ideologia que denigre os direitos humanos vem daí. Em 98, a Anistia Internacional publicou um relatório intitulado "Eles nos tratam como animais", sobre o sistema prisional brasileiro. Estamos no século XXI e ainda temos este estado de barbárie. Direitos humanos não é direito de bandido. Agora é repensar o que já deveria ter sido feito há 30 anos. 

LJ: Nas últimas rebeliões, tanto nas redes sociais como na mídia tradicional, vimos uma enxurrada de imagens sobre os massacres. A cobertura da imprensa inflama ou impulsiona estes motins?

ANB: Vivemos numa sociedade do espetáculo. Não só a mídia; os motins acontecem online, transmitidos para os smartphones. Acompanhamos corações sendo arrancados, pessoas violentadas, assassinadas. A crítica que nós fazemos à mídia é ela não dar espaço às boas experiências. Casos que precisam ser apresentados para a população entender. O cidadão comum está muito assustado. Vivemos uma crise na segurança pública em que todos nós temos medo de sair, não sabemos se vamos voltar. É um tema que envolve a sociedade como um todo.

LJ: Podemos vislumbrar um cenário melhor nos próximos anos?

ANB: Como está, não acredito que vá ter grandes mudanças. Daqui a dez, 20 anos, talvez. Nossa classe política é muito corrupta, não querem perder voto e isso interferere na realidade prisional. Acredito que a sociedade civil organizada tem muito mais poder para exigir e conquistar as mudanças necessárias do que as forças políticas tradicionais que aí estão.

Em uma tentativa de abrandar a atual crise, o presidente Michel Temer determinou ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que a pasta conclua a construção de cinco presídios federais em até um ano.

A implementação dos estabelecimentos prisionais está prevista no Plano Nacional de Segurança Pública anunciado por Temer no dia 5. De acordo com o presidente, a ideia é dividir as vagas pelas cinco regiões do País. Até o momento, apenas o Rio Grande do Sul teve a confirmação de que será um dos Estados contemplados.

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De acordo com auxiliares palacianos, para dar celeridade à construção dos presídios, Temer solicitou ao ministério que siga o modelo adotado pelo Espírito Santo, em que as edificações são feitas por módulos. O governador do Estado, Paulo Hartung, conversou com Temer nos últimos dias sobre os benefícios desse tipo de construção. Na conversa foi lembrado que o levantamento de um presídio, de forma tradicional, pode levar até cinco anos. Ao acelerar a construção de novos centros de detenção, o Executivo também espera que os governos estaduais tomem providências no mesmo sentido.

Um encontro entre Temer e os governadores dos 26 Estados e do Distrito Federal está previsto para quarta-feira (18), no Palácio do Planalto. Na ocasião, os chefes dos executivos estaduais deverão assinar os compromissos estabelecidos no Plano Nacional de Segurança Pública. O gesto é considerado apenas como político e simbólico, uma vez que na véspera Alexandre de Moraes deve fechar o texto em reunião com os secretários de Segurança estaduais.

Entre as medidas que devem ser assinadas nesta quarta-feira está um acordo de integração entre o governo federal e os estaduais no sentido de facilitar a troca de informações sobre a realidade prisional e criminal em cada uma das localidades. Na análise de integrantes do governo envolvidos nas discussões, a falta de dados é um dos principais complicadores para se tirar do papel ações de médio e longo prazo na área de segurança.

Mais encontros

A discussão sobre a atual crise do sistema penitenciário também fez parte de encontro realizado entre o presidente Michel Temer e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Brito na segunda-feira (16), em Brasília. O ex-ministro é amigo de Temer há mais de três décadas e foi cotado, no início do governo, para assumir a Justiça. Na segunda-feira, o presidente ainda se reuniu com Alexandre de Moraes, ocasião em que o ministro relatou a situação da Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Apesar das críticas de vários setores, o ministro contaria com "todo apoio do presidente", que consideraria sua gestão como "boa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em sua primeira blitz em presídios, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, desistiu, em outubro, de uma visita à Penitenciária de Alcaçuz. A ministra foi alertada de que uma eventual ida ao local colocaria em risco a sua segurança, porque a prisão já estaria "fora de controle", conforme o jornal O Estado de S. Paulo apurou.

De acordo com o CNJ, Alcaçuz tinha 1.803 presos em regime fechado, mas apenas 620 vagas em outubro, quando a ministra iniciou a maratona de inspeções em penitenciárias. Apesar da insistência de Cármen, autoridades potiguares desaconselharam a sua ida à penitenciária, sob a alegação de que presos já haviam derrubado paredes e tinham até explosivos.

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Cármen optou por visitar a penitenciária federal de Mossoró, o Centro de Detenção Provisória de Parnamirim e a Penitenciária Estadual de Parnamirim, município a 14 km de Natal. Escoltada por agentes do Grupo de Operações Especiais, a ministra considerou "muito ruins" as condições dos presídios estaduais. "O número de presos provisórios é muito grande, em condições absolutamente degradantes", disse na ocasião.

Agentes penitenciários do Rio Grande do Norte relataram à reportagem as duras condições de trabalho enfrentadas diariamente: servidores trabalhavam ao lado de esgoto a céu aberto, pagavam do próprio bolso o uniforme e a instalação de sistema de vigilância interna, e a distribuição de absorventes a presas dependia de doações de instituições de caridade. "A situação dos presídios é calamitosa em todo o País", reconheceu à época o secretário da Justiça e da Cidadania, Wallber Ferreira.

Além do Rio Grande do Norte, Cármen visitou o complexo da Papuda, no Distrito Federal, e o Presídio Central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde também constatou problemas como superlotação e falta de funcionários. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autoridades de segurança do Rio Grande do Norte estimam que 28 das 32 unidades prisionais do Estado sejam dominadas pelo Sindicato do Crime (SDC), facção aliada ao Comando Vermelho e alvo de um ataque no sábado que deixou 26 mortos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal. Os assassinatos poderiam desencadear uma reação nas outras cadeias onde a minoria é de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) ou de detentos considerados neutros.

Ser minoria não impediu que membros do PCC articulassem o ataque de sábado e voltassem a participar de motins na segunda-feira (16), em Alcaçuz. Presos ligados ao Sindicato do Crime também subiram no teto dos pavilhões com bandeiras onde se lia "Queremos paz, mas não iremos fugir da guerra". Na estrutura, picharam nomes de aliados como a Okaida, da Paraíba, o Primeiro Grupo Catarinense, de Santa Catarina, e o Comando Vermelho, do Rio.

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Agentes penitenciários ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que a situação na unidade continuava tensa na segunda-feira, com a possibilidade de reação do Sindicato e a resistência de integrantes do PCC em serem transferidos.

Segundo a presidência do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado, somente o presídio Rogério Coutinho Madruga - no mesmo terreno de Alcaçuz e de onde partiram os detentos envolvidos com as mortes -, a cadeia de Paus dos Ferros, a de Caraúbas e um pavilhão na unidade Mário Negócio, em Mossoró - esses três no interior -, têm maioria do PCC.

"Não imaginávamos que eles teriam a ousadia de atacar no presídio em que não têm maioria. Agora, o risco fica ainda mais intenso", disse Vilma Batista, presidente do sindicato dos agentes.

O cenário de descontrole é ratificado pelo juiz de Execuções Penais de Natal, Henrique Baltazar Vilar dos Santos. "O Estado até então só tinha controle dos muros de Alcaçuz. Dentro, quem mandava já eram os presos. Agora a situação piorou e se repete nas demais unidades."

Para o procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Rinaldo Reis, a possibilidade é grande de novos confrontos. "Não tenho nenhuma dúvida de que essa guerra não acaba aqui. Não estou profetizando, mas apenas observando que todos os ingredientes estão postos para isso", disse. "As mortes são extremamente graves, mas não posso dizer que foi uma surpresa. O sistema penitenciário, não só daqui como de outros Estados, está em ruínas."

Separação

A divisão de facções por presídios diferentes começou no Estado em 2015, depois de uma série de rebeliões. Em junho daquele ano, a já frágil relação entre SDC e PCC foi rompida com a morte do detento Alexandre Teodósio, o Pelelê, membro da facção de origem paulista que, segundo o Ministério Público Estadual, desencadeou uma sequência de atos de violência, com assassinatos de lado a lado, dentro e fora das cadeias.

Segundo promotores que investigaram as organizações, o SDC foi fundado em 27 de março de 2013 por uma dissidência do PCC. A compreensão do grupo era de que o estatuto vigente até então era aplicado com excessivo rigor - como o tratamento com inadimplentes com a contribuição mensal -, além da insatisfação com a obrigação de prestar contas a detentos de outros Estados. O grupo paulista acabou compartilhando a expertise de métodos de atuação criminosa, "capacitando os presos potiguares quanto ao funcionamento desse tipo de organização". O governo do Estado não comentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após o motim que durou 14 horas, mães, mulheres e filhos choravam do lado de fora da maior penitenciária do Rio Grande do Norte, enquanto aguardam notícias sobre mortos e feridos. De mãos dadas, em círculos, elas rezavam e se desesperavam.

Mulher de um dos presos do pavilhão 4, Natalia Melo, de 30 anos, contou que foi uma das últimas pessoas a sair sábado (14), da visita. Segundo ela, estava tudo calmo até então. "Foi a gente sair que começou isso. Não tenho notícia do meu marido. Ninguém passa informação e ninguém dos direitos humanos veio nos ajudar", lamentou Natalia. Antônio Neto, de 30 anos, cumpre pena por tráfico de drogas e homicídio. Apesar das trocas de mensagens e telefonemas com os presos, na noite de sábado, ela ainda não sabia se o marido está vivo.

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As mulheres chegaram ao presídio assim que a notícia da rebelião se espalhou. Como a cadeia estava sem luz e a polícia cercava o local, elas foram mantidas longe por segurança. A polícia temia uma fuga em massa.

A angústia aumentou quando homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar, do Grupo de Operações Especiais dos Agentes Penitenciários e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na unidade para retomar o controle. Elas temiam uma nova matança.

"Estou desesperada, meu filho está machucado. Levou uma pedrada na cabeça, mas conseguiu fugir do pavilhão onde começou a rebelião. Tenho medo que ele morra. Ele fez 20 anos há poucos dias, dentro dessa penitenciária", afirmou Cristiane da Silva, mãe de Josimar da Silva Firmino, preso por tráfico.

Arredores

O comandante-geral da PM do Rio Grande do Norte, coronel André Azevedo, disse que nenhuma ocorrência relacionada à rebelião em Alcaçuz foi registrada na região. "Tivemos uma madrugada tranquila."

O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Morais, marcou uma reunião, para o próximo dia 17, com os secretários estaduais de Segurança Pública para debater sobre a crise do sistema penitenciário. Em pauta, as medidas imediatas para garantir a segurança pública nos estados. 

Entre as principais iniciativas está a criação de 27 núcleos de inteligência e o cronograma de execução dos recursos federais liberados no final do ano passado. 

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Neste domingo (8), o governo autorizou ajuda federal aos estados do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. As autorizações atendem a pedidos feitos pelos governos relacionados ao sistema prisional,(Plano Nacional de Segurança). 

Cerca de 100 agentes da Força Nacional de Segurança começam a atuar neste sábado (28) nas unidades prisionais do Ceará para apoiar a estabilização do sistema penitenciário após a série de rebeliões que deixaram 18 mortos no último fim de semana.

O efetivo chegou na quinta-feira (26) à noite e deve dar suporte à Polícia Militar e aos agentes penitenciários durante a recuperação dos espaços físicos das unidades danificadas em decorrência das rebeliões. O prazo de permanência das tropas, estabelecido em portaria do Ministério da Justiça, é de 15 dias, que podem ser prorrogados.

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Durante todo o dia, a cúpula da segurança do governo do estado esteve reunido com o comando das tropas para definir a atuação dos agentes. Inicialmente, eles ficarão apenas no entorno das unidades prisionais. Além da Força Nacional, também chegaram ao Ceará agentes penitenciários cedidos por alguns estados brasileiros.

Neste sábado, uma das primeiras atividades das tropas será apoiar as visitas nas unidades. De acordo com a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), garantir a visitação aos internos faz parte do plano de estabilização.

Fuga

Na terça-feira (24), o governador Camilo Santana atribuiu a série de rebeliões do fim de semana passado à suspensão das visitas, determinada pelo comando de greve dos agentes penitenciários do estado.

Conforme a secretaria, 22 presos estão foragidos. Eles fugiram do Centro de Execução Penal e Integração Social na madrugada de quarta-feira (25). O local é uma nova unidade prisional que está com construção em processo de finalização e recebeu detentos ameaçados de morte por outros internos no fim de semana.

O Conselho Penitenciário do Estado do Ceará (Copen) emitiu hoje (27) nota pública em que critica a gestão do sistema penitenciário. Segundo o texto, o governo do estado é negligente ao não realizar projetos de médio e longo prazo que promovam melhorias no sistema e que os detentos são tratados com descaso, como se os presídios fossem “grandes depósitos de lixo.”

“No último fim de semana, o sistema prisional implodiu. Entretanto, tratava-se de catástrofe anunciada. Os cárceres brasileiros, em especial o do estado do Ceará, são verdadeiras bombas-relógio, que são disparadas com a mínima faísca”, acrescentou a nota. 

Copen

A nota critica ainda a decisão do Sindicato dos Agentes e Servidores do Sistema Penitenciário do Ceará (Sindasp-CE), que iniciou uma greve da categoria no sábado (21), mesmo diante da decretação de ilegalidade do movimento pela Justiça. Para o Copen, a paralisação contribuiu para agravar a situação.

O colegiado também se coloca à disposição “como interlocutor para propor soluções que importem, imediatamente, em redução de danos e em projetos de médio e longo prazos para o sistema carcerário cearense.”

O presidente do Sindasp-CE, Valdemiro Barbora considerou injusta a crítica do Copen ao movimento grevista. Segundo ele, a categoria está em um limite que não consegue trabalhar por causa do pouco efetivo de agentes e da superlotação. “Esse episódio ocorreu devido a fragilidade e falta de investimento nas penitenciárias, porque houve outras greves e nada disso aconteceu. Não temos como trabalhar em um equipamento para 900 pessoas que abriga 2 mil.”

O Copen é vinculado à Sejus e presidido pela promotora de Justiça Camila Gomes Barbosa. O governo do estado informou que não comentará a nota.

A Secretaria de Justiça e Cidadania do Ceará (Sejus) confirmou, nesta terça-feira, 24, mais quatro mortes de detentos decorrentes da série de rebeliões ocorridas no final de semana nas unidades prisionais da Região Metropolitana de Fortaleza. Com isso, o número de mortos chegou a 18. As tropas da Força Nacional devem chegar à cidade nesta quarta.

De acordo com a Sejus, todas as mortes foram decorrentes dos conflitos entre internos ocorridos no sábado e domingo. Desses 18, dez corpos serão identificados por exame de DNA.

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No fim da segunda, uma rebelião foi registrada na Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima. Policiais militares e agentes penitenciários entraram na unidade para fazer a contenção e, de acordo com o governo cearense, ninguém ficou ferido.

Ao longo desta terça, nenhuma unidade registrou conflitos. Em algumas delas, os próprios internos estão fazendo a limpeza das estruturas após os conflitos.

A Sejus confirmou a transferência emergencial de internos para o Centro de Execução Penal e Integração Social, nova unidade prisional do Complexo Itaitinga II, que está com 95% das obras finalizadas. "A medida teve como objetivo resguardar a integridade física desses internos, visto que eles foram ameaçados por outros internos", informa o órgão por meio de nota.

A pasta negou que tenha ocorrido interrupção no fornecimento de água e de comida e assegurou que assistentes sociais estão na entrada dos complexos e nos prédios da Secretaria oferecendo apoio aos familiares.

Contato

Alguns presos estão se comunicando com os parentes por meio de celulares, prática vetada no interior das unidades e com punição prevista em lei.

Nas conversas reproduzidas por redes de televisão locais, os detentos confirmam que a revolta começou porque a visita das mulheres foi cancelada por conta da greve dos agentes penitenciários. "O problema do Carrapicho (como é conhecida a unidade prisional de Caucaia) e da CPPL (Casa de Privação Provisória de Liberdade) é que os agentes não deixaram entrar visita", diz um dos presos.

Também pelo celular, eles afirmaram que foram transferidos da CPPL 4 para outra penitenciária que ainda está em construção. "Não tem onde nos colocar. Nós estamos num canto e, de uma hora para outra, nos colocaram na CCPL 5. Vamo morrer de fome, sem água. Tamo dormindo no cimento, não tem comida e nem água. Tão matando a gente aos poucos", afirma outro preso.

As rebeliões nas unidades prisionais do Ceará já deixaram ao menos 14 detentos mortos, segundo informações da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado. As mortes aconteceram, segundo a pasta, durante conflitos entre os próprios presos. Na segunda-feira (23), o ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, atendeu a pedido do governador Camilo Santana (PT) e autorizou envio de homens da Força Nacional para combater a crise.

De acordo com Santana, foi montado um gabinete de crise, que está funcionando desde a manhã de sábado. O governador afirmou que acompanha pessoalmente todos os trabalhos desse grupo.

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"Solicitei no domingo o apoio da Força Nacional de Segurança, no sentido de garantir a estabilidade nos presídios, especialmente durante a recuperação das instalações, que foram destruídas por conta das rebeliões", disse o governador.

"Lamento profundamente o que vem acontecendo em nossas unidades prisionais e não medirei esforços, junto com nossas forças de segurança, para que haja a estabilidade do sistema penal o mais rápido possível. Minha determinação é para que todas as medidas necessárias para isso sejam tomadas", acrescentou Santana.

As rebeliões nas unidades começaram no sábado, quando parentes foram impedidos de visitar os presos por causa de uma greve dos agentes. Ainda no sábado, o governo estadual cedeu e resolveu ampliar de 60% para 100% a gratificação por serviço de risco, que será feita de forma escalonada até 2018. Os agentes aceitaram, mas a instabilidade nos presídios ainda continua.

Dentre os detentos mortos estão homens que respondiam por latrocínio, tráfico, furto, roubo, homicídio. Seis corpos ainda aguardavam identificação por especialistas da perícia forense.

A Secretaria de Justiça informou ainda que uma operação de policiais e agentes penitenciários identificou ontem um túnel na unidade Agente Luciano Andrade Lima. Não há confirmação oficial de fugas. Nesta unidade estava Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, um dos líderes do furto de R$ 164 milhões do Banco Central, cometido há mais de 10 anos.

Desde o fim de semana, equipes da secretaria e do Departamento de Arquitetura e Engenharia estão avaliando os danos causados nas unidades prisionais. "Ainda hoje (ontem), iniciam os reparos em uma das unidades danificadas. Não houve interrupção no fornecimento de água nem comida. Assistentes sociais estão na entrada dos complexos oferecendo apoio aos familiares", informou a pasta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na profunda e preocupante crise que o Estado vive desencadeada no sistema presidiário, o governador Paulo Câmara (PSB) cancelou a sua agenda pública, se recolheu ao gabinete refrigerado e não deu um pio. Pernambuco, pelo menos até o momento, não sabe, portanto, o que o governador pensa sobre o momento.

Para a linha de frente, escalou secretários e o comando da Polícia. Existem medidas e propostas do Governo? Sim, mas não explicitadas pelo chefe maior do Estado. Mas não seria aconselhável esperar comportamento diferenciado de Câmara, porque seu estilo é diferente do ex-governador Eduardo Campos.

Eduardo, ao contrário de Câmara, teria ido para a linha de frente desde o primeiro momento, enfrentando inclusive a mídia. Era seu estilo, agressivo, aguerrido e corajoso. E deu certo! Nas grandes crises, ninguém sangrou porque ele esteve o tempo inteiro no seu comando.

Falando, ouvindo, agindo e até dando o murro na mesa. Um grande político ou gestor se forja nas mais temíveis adversidades. Todo o ambiente é favorável ao forte; de um modo ou de outro ele o ajuda a cumprir a missão que se impôs e a conseguir ir porventura mais além das barreiras marcadas.

Voltaire, pensador francês, dizia que não existem grandes conquistadores que não sejam grandes políticos. “Um conquistador é um homem cuja cabeça se serve, com feliz habilidade, do braço de outrem”, ensinou ele. Esta lição provavelmente tenha levado Eduardo a ser agressivo na ação, diferente do seu sucessor.

Porque, convenhamos, Eduardo foi forjado na política. Câmara, na área técnica. São poucos os políticos que tinham o manejo da política como Eduardo. Num momento de uma crise como esta, ele usava a sua sabedoria política para vencer todas as barreiras. Eduardo fazia assim, porque ouvia pouca gente.

O que valia, de fato, para ele, era o seu feeling. Já Paulo, ouve muita gente, até pela pouca experiência política. Ao escrever “O Príncipe”, Maquiavel desejava guiar os governantes, alertando-os sobre as armadilhas da selva política, esta mesma selva que vive, hoje, Paulo Câmara.

Um príncipe, seguindo os preceitos de Maquiavel, não devia medir esforços nem hesitar, mesmo que diante da crueldade, se o que estivesse em jogo fosse a integridade nacional e o bem do seu povo.

Câmara age sem falar, tomando decisões em cima do conjunto do que pensa seus assessores mais próximos. Não sabe que as pessoas de sucesso na gestão pública são aquelas que sabem reconhecer a necessidade de provocar, em vez de esperar para se adaptarem ao que os outros dizem ou pensam.

COM UCHOA– Integrante da bancada de oposição na Assembleia, o deputado Romário Dias (PTB) vê um cenário favorável para a reeleição de Guilherme Uchoa (PDT) e garante que, independente de surgir um candidato para bater chapa, vota com Uchoa. “Mas esta discussão que observamos, hoje, pela mídia está equivocada”, alerta.

Até o PT chia– O PSDB parece ter razão quando diz que a presidente Dilma traiu seus eleitores. Petistas estão aderindo a esta linha política. O marido da deputada Maria do Rosário (PT-RS), Eliezer Pacheco, usou as redes sociais para lançar seu grito de guerra: “Não foi nisso que nós votamos.

A política é diabólica– A carta do deputado Alberto Feitosa (PR) apelando para o presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), renunciar, tem lá suas razões: abrindo mão da reeleição, Uchoa passa o comando da Casa para o PSB, o que abriria a possibilidade de o PR disputar a Primeira-Secretaria. Com quem? Com o próprio Feitosa. É a política do olhando do umbigo para baixo.

Chá de cadeira– O prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB), aguarda há mais de 20 dias uma audiência pedida ao governador Paulo Câmara (PSB) para resolver broncas no município que dependem diretamente do Estado. Mas nem um e-mail o Palácio manda ao prefeito justificando as razões da demora ou dificuldades de recebê-lo.

Aumento excluído– Sobre o comentário de ontem, o ex-secretário estadual de Imprensa, Ivan Maurício, esclarece que em nenhum momento o ex-governador João Lyra (PSB) negociou percentuais de aumento de salários com a Polícia Militar para pôr fim à greve do ano passado. “Todos os itens em implicavam em despesas de pessoal foram excluídos da pauta por ordem dos impedimentos da legislação eleitoral em vigor”, garantiu.

CURTAS

FIAT– De volta a Pernambuco, o ministro Armando Monteiro, do Desenvolvimento, visita, hoje, a fábrica da Fiat em Goiana e depois almoça com a direção da montadora. Já o senador eleito Fernando Bezerra, em campanha para governador, visita a usina Pumaty, em Joaquim Nabuco.  

CUSTÓDIA– O prefeito de Custódia, Luiz Carlos (PT), garante que os servidores da ativa estão com seus salários em dia. Ressalta, entretanto, que há atraso com os aposentados, mas apenas de um mês, dezembro, com data marcada para pagamento: próximo dia 30.

Perguntar não ofende: Quando o governador vai sair da reclusão? 

Silêncio absoluto do chefe do Executivo, Paulo Câmara (PSB-PE) diante das rebeliões. Coincidentemente ou não, desde a última segunda-feira (19) -, dia que deu início as reivindicações dos presos no complexo do Curado, Zona Oeste do Recife, e posteriormente, na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá -, o governador não realiza agenda pública e nem posta ações ou articulações nas redes sociais.

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Para não ficar tão ‘afastado’ do público que o segue, o socialista ou sua equipe trocou apenas a foto de perfil, na página oficial do Facebook. Entretanto, levando em consideração que, normalmente, os usuários das redes sociais publicam imagens no perfil, figurando a situação atual, parece que o governador atualmente parace ‘sorrir’ com os últimos acontecimentos.  

Estratégia coerente ou não, Câmara demonstra mais uma vez que conta com uma equipe experiente e leal - conforme pronunciamento realizado durante lançamento do novo secretariado -, para atuar de forma técnica e política em sua gestão.

Diferente, do líder do Executivo, o vice-governador, Raul Henry (PMDB-PE) adota outra postura. O peemedebista postou recentemente, em sua página do FaceBook, atuações para pleitear recursos para financiar a construção do Centro Integrado de Ressocialização (CIR).

A troca de acusações entre a oposição -, liderada por Silvio Costa Filho (PTB-PE), com a gestão atual do governador Paulo Câmara (PSB-PE) parece não ter fim. Esta situação se intensificou, na manhã desta quarta-feira (21), após as rebeliões nos presídios de Barreto Campelo e no Complexo Prisional do Curado, nos últimos dias

Depois da primeira nota, encaminhada à imprensa, pelo deputado estadual, Silvio Costa Filho, afirmando que há fragilidade nas políticas públicas do Estado, resultou na insatisfação de Waldemar Borges (PSB-PE). O socialista respondeu que a oposição que “surfar nos problemas dos complexos”. Dando continuidade e ainda não satisfeito, Silvio Costa Filho disparou, enfatizando que não ficará calado.

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Em nota, Borges respondeu reforçando suas colocações e relembrando da passagem de Silvio Costa Filho, pelo Governo. Confira na íntegra o texto:

Nota de Waldemar Borges ao líder da oposição, Silvio Costa Filho

“O deputado Silvio Costa Filho parece que se esqueceu rápido da sua passagem pelo Governo, mais precisamente pela Secretaria de Turismo, quando teve de enfrentar a fúria oposicionista.

O Governo Paulo Câmara tem o maior respeito pela oposição, pois a nossa história, a história da Frente Popular, é de defesa intransigente dos valores democráticos e da liberdade.

Mas é fato que o líder da oposição é realmente um “surfista da desgraça alheia”, pois não existe uma só iniciativa que o governador Paulo Câmara – em apenas 20 dias de Governo – não tenha tomado para solucionar de forma definitiva os problemas do sistema prisional, que, repito, não são exclusivos de Pernambuco, conforme reportagens da própria Imprensa nacional.

Ciente da importância dessa questão,o Governo do Estado, por meio do secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, determinou:

a) Conclusão e entrega do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, com previsão para 3.126 (três mil cento e vinte e seis) vagas;

b) Construção do Complexo Prisional de Araçoiaba – Obra conveniada com DEPEN/MJ, com capacidade para 1.940 vagas masculinas e 814 vagas femininas, totalizando 2.574 (duas mil, quinhentos e setenta e quatro) vagas

Prazo: 24 meses a contar do inicio das obras

Investimento: R$ 129.660.000,00 (cento e vinte e nove milhões e seiscentos e sessenta mil reais) sendo 82 milhões através de captação por convênio)

c) Reforma e ampliação do COTEL;

Prazo: 180 (cento e oitenta) dias

Investimento: R$ 4.200.000,00 (quatro milhões e duzentos mil reais)

d) Reforma e ampliação do Complexo do Curado;

Prazo: 180 (cento e oitenta) dias

Investimento:R$ 8.420.000,00 (oito milhões quatrocentos e vinte mil reais)

e) Ampliação do número de equipamentos de monitoramento eletrônico dos reeducandos;

Prazo: a definir data para publicação

Investimento: R$ 5.900.000,00 (cinco milhões e novecentos mil reais).

Esta semana, novas medidas foram comunicadas para o Complexo Prisional do Curado:

- Melhoria do acesso das famílias, com a instalação de banheiros químicos, retirada de lixo e entulhos que estavam na área externa. Outras intervenções terão continuidade para melhorar as condições de atendimento aos familiares).

- Contratação imediata de 20 advogados para atuação nos processos de execução penal dos detentos do Complexo Prisional do Curado (com sentença).

- Instalação de câmera na área externa para acompanhar a entrada dos visitantes, evitando qualquer situação de constrangimento no acesso à unidade.

- Abertura de processo administrativo para apurar possíveis irregularidades cometidas por funcionários públicos envolvidos em atos de violência ou corrupção.

- Melhoraria da qualidade da comida, com revisão de cardápio e melhoria da qualidade dos produtos fornecidos pelas empresas, que devem ser entregues nas unidades até às 10h.

- Continuidade do cronograma de revistas nas unidades prisionais. O Estado não admitirá a utilização de qualquer objeto que possa ser utilizado como arma, ou em desconformidade com a legislação.

- As revistas serão executadas por uma equipe especializada.

- Não será permitido qualquer ato ou tentativa de violência por parte de servidores do Estado contra os reeducandos.

- Apuração do homicídio do sargento da Polícia Militar e do reeducando assassinados no tumulto do dia 19/01, bem como do detento baleado.

- Reabertura de uma rádio para dar informações aos reeducandos sobre as medidas implementadas e em execução.

- No dia de visitas não haverá interrupção da entrada de familiares no horário de almoço.

- As visitas deste final de semana estarão mantidas e serão fiscalizadas pela equipe da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos

- Realizar reunião com o Tribunal de Justiça até a sexta-feira a fim de tratar e implementar medidas conjuntas para agilização processos penais.

Um Governo que anuncia um conjunto de medidas dessa dimensão demonstra compromisso com a melhoria das condições do nosso sistema prisional. Se isso é “ausência de medidas”, conforme alega o deputado, ele precisa urgentemente rever seus conceitos.

 

Até agora, o deputado Silvio Costa Filho não apresentou uma proposta sequer, se restringindo a repetir um discurso vago, genérico e, reitero, um discurso para a plateia. Nosso Governo vai corrigir os problemas do sistema prisional, com a garantia da manutenção da ordem e o respeito aos direitos humanos. Essa é a determinação do governador Paulo Câmara."

Após três dias de rebeliões nos presídios de Barreto Campelo e no Complexo Prisional do Curado, o atual governador do Estado de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB-PE) parece preferir permanecer nos bastidores. Contrapondo a atitude do principal líder do Executivo, o vice-governador Raul Henry (PMDB-PE) “deu o ar da graça” nas redes sociais. Em sua página oficial, no Facebook, o peemedebista declarou que esteve na última terça-feira (21), em fortaleza para pleitear recursos para financiar a construção do Centro Integrado de Ressocialização (CIR).

Confira o post:

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Além de Raul Henry, o secretario da Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico se pronunciou, oficialmente, representando o Governo, na última terça (21) também. O gestor da pasta apresentou as ações que deverão ser realizadas nos próximos meses para readequar o sistema prisional

Pela primeira vez desde que a rebelião no Complexo do Curado começou, há três dias, o Secretário de Ressocialização, Coronel Eden Vespaziano falou com a imprensa. Ele disse que passou todos estes dias dentro da Unidade Prisional e que uma das alas do antigo Aníbal Bruno já foi normalizada. A visita desta quarta (21) teria como objetivo viabilizar uma conversa entre o juiz da 1ª Vara de Execuções Penais,  Luiz Rocha, e uma comissão de presidiários para tentar acabar com o problema.

Segundo Vespaziano, as conversas têm evoluído para o final da rebelião. “A parte principal já está sendo tratada. Haverá um mutirão para resolver as pendências judiciais”, afirmou o secretário.

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O Coronel também falou as armas usadas pelos presidiários no motim, que já resultou em pelo menos três mortes e 72 feridos (nas duas penitenciárias). “Muitas armas já foram retiradas e vamos continuar as revistas”, prometeu.

Armas de fogo – Não apenas os facões e outras armas brancas artesanais estão sendo vistas nos presídios. Segundo uma fonte da polícia, que preferiu não se identificar, foram encontradas dois revólveres calibre 38 na quadra do pavilhão B da Barreto Campo, em Itamaracá, e outro do mesmo calibre no pavilhão A do presídio de Igarassu.

Com informações de Jorge Cosme

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos divulgou, nessa terça-feira (21), uma nota com o balanço da situação dos presídios onde ocorreram rebeliões nos últimos dois dias. Ao todo, 72 reeducandos ficaram feridos e três pessoas morreram nos confrontos, incluindo um sargento da Polícia Militar.

Conforme a nota, baseada em dados da Secretaria Executiva de Ressocialização, na Penitenciária Barreto Campelo 27 detentos ficaram feridos. Três precisaram ser encaminhados para os Hospitais Miguel Arraes e Restauração, além de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas todos com quadro de saúde estável e fora de risco.

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Já no Complexo Prisional do Curado, somente nessa terça-feira, 15 internos do Presídio Frei Damião de Bozzano tiveram ferimentos; quatro deles foram encaminhados para unidades de saúde do Recife. No Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (JJALLB), houve a morte do detento Mário Antonio da Silva, de 52 anos, além do atendimento a um reeducando ferido superficialmente a facadas.

Na segunda-feira (19), 29 internos do Presídio ASPE Marcelo Francisco de Araújo (PAMFA) haviam ficado feridos; seis continuam em observação, um no Hospital da Restauração e cinco no Otávio de Freitas. No mesmo dia também ocorreram a morte do sargento Carlos Silveira do Carmo e do reeducando Edvaldo Barros da Silva Filho.

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Em protesto à morte do sargento Carlos Silveira do Carmo, assassinado nesta segunda-feira (19) em rebelião no Complexo Prisional do Curado, vários policiais fazem carreata por vias da zona norte do Recife. Mais de 20 viaturas seguiram em marcha lenta do Parque da Macaxeira, nesta terça (20), passando pela Avenida Norte, em Casa Amarela. O destino é a Praça do Vasco da Gama, onde os policiais descerão das viaturas e baterão continência.

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Os veículos são do 11º Batalhão, a maioria das Patrulhas do Bairro que atendem localidades como Dois Irmãos, Guabiraba, Macaxeira, Morro da Conceição e Bomba do Hemetério. Nem a Secretaria de Defesa Social (SDS), nem a Associação Pernambucana de Cabos e Soldados (ACS-PE) sabiam da mobilização, quando questionadas pela reportagem do LeiaJá. 

 

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