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O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) do Centro de Artes e Comunicação (CAC), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lançou, nesta sexta-feira (11), o edital de seleção para o curso de mestrado e doutorado com ingresso em 2021. As inscrições começarão a partir do dia 5 de outubro por meio do envio da documentação exigida no edital para o e-mail selecao.ppgci@ufpe.br.

Ao todo, são oferecidas 25 vagas para o curso de mestrado e dez para o doutorado, além de duas vagas adicionais destinadas a servidores da UFPE nas seguintes linhas de pesquisa: “Memória da informação científica e tecnológica” e “Comunicação e visualização da memória”.

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Para o curso de mestrado exige-se graduação (bacharelado ou licenciatura) na área do programa ou áreas afins, e para o curso de doutorado, mestrado na área do de Ciência da Informação, ou áreas afins, realizados em instituições reconhecidas pela Ministério da Educação (MEC).

O processo seletivo será composto pela análise e defesa do pré-projeto de pesquisa, bem como análise curricular. O resultado final da seleção está previsto para ser divulgado no dia 30 de novembro. Confira outras informações através do edital do programa.

Nesta sexta-feira (11), termina o prazo de inscrição para o para os cursos mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em História (PPG História) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). As candidaturas devem ser feitas através do site do PPG História.

Há 34 vagas ao todo, sendo 16 de mestrado e 14 para doutorado, além de 2 vagas adicionais em cada curso para servidores da Universidade. As linhas de pesquisa disponíveis são Cultura e Memória; Mundo Atlântico e Relações de Poder; e Sociedade e Ambiente.

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Na seleção do mestrado, serão aceitas pessoas graduadas em história, ou áreas correlatas. No doutorado, é requisito ter mestrado realizado em instituições reconhecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). De acordo com o cronograma, o resultado será divulgado no dia 16 de novembro de 2020.

OCampus Recife da UFPE fica na Avenida Professor Moraes Rego, 1235, no bairro da Cidade Universitária. Para mais informações, acesse o edital de seleção completo, disponível no site do programa de pós-graduação

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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou a abertura de cursos de mestrado e doutorado do seu Programa de Pós-Graduação Profissional em Engenharia de Produção (PPGEP-PRO), Campus Recife. As inscrições deverão ser feitas de 3 a 24 de novembro através de formulário on-line a ser disponibilizado no site do PPGEP-PRO.

O mestrado oferece 27 vagas, enquanto no doutorado são 56. Há turmas com patrocinador, cujos custos serão divulgados pela secretaria do PPGEP-PRO mediante consulta do candidato ou empresa patrocinadora. O resultado da seleção será divulgado no dia 18 de dezembro. Para mais detalhes, acesse o edital disponível no Boletim Oficial da Universidade Federal de Pernambuco.

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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realiza processo seletivo por meio do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) 2021. Ao todo, são ofertadas 22 vagas, sendo 12 vagas para mestrado, oito para doutorado e duas vagas adicionais para servidores da instituição. 

As inscrições serão feitas exclusivamente por meio de um formulário eletrônico de 1º a 21 de outubro e o resultado da seleção será divulgado no dia 4 de janeiro do próximo ano.

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Análise curricular é uma das etapas da seleção dos cursos, cujas aulas serão realizadas no Recife. Para mais detalhes, consulte o edital no Boletim Oficial da UFPE

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Nesta quarta-feira (2), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou diretrizes de seu plano para retomada das atividades presenciais de seus campi em um documento que sintetiza planejamento e diretrizes elaborados pela administração central da instituição. “O documento, construído coletivamente, traz o conjunto de informações que devem orientar a evolução da retomada segura das atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como o funcionamento dos diferentes níveis de gestão da UFPE”, explica o coordenador do Grupo de Trabalho para Enfrentamento da Covid-19 (GT Covid-19) e vice-reitor, Moacyr Araújo.  

O plano elaborado pela universidade é dividido em oito fases enumeradas de zero a 7, que vêm sendo seguidos. Atualmente, a instituição está na fase de número 4 de seu plano e planejando as próximas etapas, que ainda não têm datas definidas. 

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Fases de retomada:

Fase 0: Ações emergenciais e estabelecimento inicial de parcerias para enfrentamento à Covid-19;

• Fase 1: Retomada das aulas da pós-graduação stricto sensu, Bloco Vida do Hospital das Clínicas e consolidação de novas parcerias estratégicas;

• Fase 2: Retomada das atividades não Covid-19 dos serviços de saúde;

• Fase 3: Retomada gradual de atividades não Covid-19 de laboratórios de pesquisa;

• Fase 4: Retomada das aulas da graduação de forma remota e dos estágios obrigatórios remotos e presenciais;

• Fase 5: Abertura gradual das clínicas-escola e laboratórios de ensino;

• Fase 6: Retomada das atividades administrativas de forma híbrida (remota e presencial); e

• Fase 7: Retomada de atividades regulares de ensino, pesquisa e extensão de forma híbrida (remota e presencial)

Para a fase 6 de retomada das atividades administrativas em modo híbrido, o GT Covid-19 está compilando todos os planos de retomada que foram solicitados aos diferentes setores que compõem a gestão universitária e elaborando um documento que descreverá as sequências de etapas para a implantação do sistema híbrido, que é a última etapa de retomada.

Na fase 7, será possível  realizar convenções e outros eventos, desde que utilizem protocolo para triagem do estado de saúde dos participantes, e apresentado previamente à Administração Central e seguindo outras regras sanitárias previamente definidas e consolidadas. 

“Embora esta fase represente o marco do retorno gradual das atividades presenciais, a Administração Central promoverá a continuidade de processos de ensino e aprendizagem e de trabalho remotos, e a sua combinação gradual com atividades presenciais, sobretudo as relacionadas a aulas práticas, laboratórios e clínicas-escola”, explica o documento, onde também são apresentadas as diretrizes de distanciamento social e utilização de equipamentos de proteção individual.

*Com informações da UFPE

A Pró-Reitoria para Assuntos Estudantis (Proaes), por meio da Diretoria de Assistência Estudantil (DAE), divulgou o resultado atualizado do Edital de Cadastro e Seleção de estudantes para inclusão digital no semestre suplementar 2020.3, após o período de modificação de matrícula que se encerrou na quinta-feira (27).

Pedidos de equipamentos eletrônicos

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Auxílio financeiro

Clique aqui para conferir a segunda lista dos pedidos deferidos por campus na modalidade auxílio financeiro. Além dos estudantes contemplados na primeira lista, mais 114 estudantes foram incluídos/as nessa segunda para recebimento do auxílio.

Destaque-se que, conforme o edital, a compra do equipamento deverá ter nota ou cupom fiscal no CPF do estudante beneficiado. Após a compra ou o recebimento do equipamento, o estudante terá 15 dias úteis para enviar a prestação de contas para o e-mail dae.proaes@ufpe.br.

Serão considerados equipamentos eletrônicos: tablets, notebooks, chromebooks, desktops, monitores e peças de computador (placa mãe, memória, HD, mouse, teclado, fone de ouvido).

Sistema Pergamum

Clique aqui para conferir a segunda lista dos pedidos deferidos na modalidade Sistema Pergamum. Os estudantes que foram contemplados via Sistema Pergamum receberão tablets e devem aguardar um novo comunicado através deste site sobre definição de local, data e horário para recebimento do equipamento.

Pedidos de concessão de dados móveis

Clique aqui para conferir a segunda lista dos pedidos deferidos por campus para concessão de dados móveis. A oferta de plano de dados móveis ocorrerá por meio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), em parceria com a Secretaria de Educação de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC). Os estudantes deverão aguardar a definição da RNP para início do cadastro e recebimento do benefício.

Pedidos indeferidos

Clique aqui para conferir a segunda lista de estudantes indeferidos por campus. Os indeferimentos ocorreram por não ter efetivado a matrícula no semestre 2020.3.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES – Os estudantes que se inscreveram como isentos do Restaurante Universitário, ingressantes pela lei de cotas e os de ampla concorrência e tiveram o seu pedido deferido para o edital de inclusão digital devem enviar autodeclaração de renda e os documentos comprobatórios para complementar as informações prestadas no ato da inscrição. O formulário ficará disponível para alteração e acréscimo de documentos até sexta-feira (4).

*Da assessoria de comunicação da UFPE

O Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2019, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que no ano de 2018 foram registrados 66.041 estupros no país, cerca de 180 crimes por dia. Isso significa uma alta de 4,1% em relação ao ano anterior, o mais alto índice desde o início da série histórica em 2007. As maiores vítimas, ainda segundo o anuário, são do sexo feminino (81,8%) e têm até 13 anos (53,8%), levando a um quadro em que no Brasil quatro meninas de até 13 anos são estupradas por hora.

Recentemente, o caso de uma menina de 10 anos que ficou grávida após ter sofrido abuso sexual do tio desde os 6 e teve seu nome exposto ao passar pelo procedimento de aborto legal tomou as manchetes do país e gerou muiuta comoção pelas pessoas. Situações assim, em que testemunhamos um caso de abuso sexual, nos lembram da importância de saber identificar e denunciar esse tipo de crime, mas também da necessidade de ensinar às crianças e adolescentes sobre o que é saudável ou abusivo na relação com adultos ou mesmo com outros jovens. 

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Nesse contexto, entra em cena a educação sexual nas escolas que, apesar de ser mal vista por alguns setores da sociedade, é apontada por especialistas como uma ferramenta importante e necessária para a saúde do desenvolvimento social de crianças e jovens quanto na identificação e prevenção de situações de abuso sexual. 

Educação Sexual: fatos e falácias

Maria do Carmo Gonçalo Santos tem 46 anos, dos quais 18 foram dedicados à carreira de professora no ensino superior. Doutora em educação, atualmente ela trabalha como professora e vice coordenadora do curso de pedagogia do Campus Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco e é enfática ao afirmar o papel emancipatório e as potencialidades da educação sexual para promover os direitos de crianças e adolescentes. 

“Numa abordagem emancipatória, podemos dizer que trata de entender a sexualidade como uma dimensão humana, da energia e potencialidade de cada um, cada uma. Falar da sexualidade não se limita, portanto, a falar de relação sexual, diz da condição humana, do seu pertencimento no mundo, na sociedade, sua construção cultural”, explicou a pedagoga.

Ao se falar em educação sexual, um dos maiores entraves para levar o debate à frente nas escolas costuma ser a resistência dos pais ou responsáveis pelos estudantes ou, por vezes, a própria gestão, pautada em um discurso e valores conservadores ou guiados por uma ideia de que falar sobre sexualidade induz precocemente à prática sexual. Essa ideia é rebatida pelos especialistas da área, e Maria do Carmo deixa claro que o objetivo da educação sexual nas escolas é outro. 

“Educação sexual nas escolas não é antecipação de relações sexuais, não é ensinar às crianças a realização do ato sexual, é educar para a compreensão de si, enquanto sujeito de direitos, do respeito para com o outro, a outra, nas relações sociais, considerando e valorizando as diferenças de classe, de raça, de etnia e de orientação sexual. Educação sexual é a possibilidade de preservar crianças e adolescentes de possíveis abusos. A educação sexual na escola pode trabalhar para a não submissão das crianças e adolescentes às relações de poder e violência que a nossa sociedade patriarcal, machista e sexista tem nos imposto. Por isso tanta resistência de setores de parte da sociedade, para que as transformações das relações de poder não aconteçam”, afirmou a professora.

Hugo Monteiro Ferreira, de 49 anos, tem 25 anos de carreira como professor e atualmente trabalha como coordenador do Núcleo do Cuidado Humano da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e lidera o Grupo de Estudos da Transdisciplinaridade, Infância e da Juventude (GETIJ). Para ele, educação sexual “nos ensina a proteção de nossa sexualidade, ao tempo que nos ensina como entender e respeitar a nossa sexualidade e a sexualidade alheia, entendendo sexualidade como um elemento fundamental à condição humana”. Ele também é autor do livro infantil “Antônio”, que conta a história de um menino que precisa sair de junto da mãe, porque ela precisava trabalhar, e passa a ser assediado por uma pessoa da sua própria família, retratada pela figura de uma mão malvada que o impede de fazer coisas de que o menino gostava. 

Questionado sobre a importância da promoção desses ensinamentos no espaço escolar, ele a definiu como “essencial”. “Pode advir reflexões sobre diversidade de gênero, sobre orientação sexual, sobre enfrentamento ao machismo, enfrentamento à homofobia, sobre como erradicar o bullying oriundo tanto do machismo como da homofobia, da transfobia, da misoginia. Pela orientação sexual, podemos aprender a como nos proteger da violência sexual, isto inclui diretamente a pedofilia. Quando aprendemos sobre sexualidade, sabemos sobre como se dá a vida e como cuidar da vida”, disse o professor. 

Nos debates sobre educação sexual nas escolas, é comum ver pessoas contrárias à ideia defenderem que a decisão de como educar os filhos no que diz respeito à sexualidade caberia à esfera privada e, portanto, deveria ser decidida em casa, exclusivamente pela família, e não pela escola. Posições assim, na visão de Hugo, são anti científicas e colocam os estudantes em risco. 

“A escola é uma instituição social com diversos papéis e um deles é colaborar para que sejamos livres. Logo, estudar a sexualidade é também nos ajudar na construção dessa liberdade tanto intelectual quanto afetiva, tanto intelectual quanto moral, tanto intelectual quanto espiritual. A escola é também espaço e tempo em que a sexualidade deve ser discutida, ensinada, tratada sob o viés científico. Isto é, é também papel da escola cuidar para que a criança e o/a adolescente aprendam que não se deve reduzir sexualidade à genitália. Esse discurso que tenta vincular a sexualidade exclusivamente à família, no meu ver, é perigoso e anti científico, pois nega as diversas funções da escola na formação da condição humana. Há perigos práticos. Por exemplo, os maiores índices de abuso estão na família. Se a criança e o adolescente não são orientados na escola, não sabem o que fazer”, afirmou o professor. 

A afirmação tem confirmação quando se observam as estatísticas. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), fornecidos pelo Ministério da Saúde e Tabulados pelo jornal Folha de São Paulo em 2019 com base em 1,4 milhão de notificações recebidas de 2014 a 2018, mostram que a cada dez crianças e adolescentes que são atendidos no serviço de saúde após sofrerem algum tipo de violência sexual, quatro já tinham sofrido esse tipo de agressão antes. Ainda de acordo com a pesquisa, a maior parte dos registros de violência sexual (72%), recorrentes ou não, aconteceu contra pessoas que tinham até 17 anos. Destes, destaca-se a violência sexual contra crianças de até 5 anos (18% das notificações) e de 6 a 11 anos (22% do total). Essas agressões ocorrem mais em casa (68%), e têm o pai (12%), o padrasto (12%) ou outra pessoa conhecida (26%) da criança como abusador.

Prevenção e identificação dos casos

Mas então o que é necessário para, dentro das escolas, ajudar a mudar essa realidade, prevenindo e identificando os casos de abuso sexual contra crianças e jovens? Para a professora e coordenadora do curso de pedagogia da UFPE, Maria do Carmo, tudo começa por um trabalho de formação de professores e continua com um processo de ganho de autonomia das crianças e adolescentes. 

“Não é só dizer onde os adultos podem e não podem tocar, quem pode e quem não pode, como vimos algumas postagens de leigos nas redes sociais, mas, sobretudo, ensinar às crianças que o corpo delas é delas. Na nossa cultura ocidental criou-se a ideias do corpo da criança como algo público que pode ser tocado por qualquer pessoa, na rua, por exemplo, há a prática de passar a mão sobre a cabeça das crianças elogiando, dizendo como são ‘bonitinhas’. Os meninos sofrem muitos abusos e violências também, inclusive, no espaço doméstico e também escolar para ter que provar que são ‘machos de verdade’. Tudo isso é abuso, é violação de direitos. A criança e o adolescente, a partir dessas compreensões, vão construindo sua autonomia e entendendo como um sujeito de direitos, que não podem ficar disponíveis aos desmandos e violências dos adultos. Isso não quer dizer desobediência, diz da autonomia delas para se compreenderem no mundo”, afirmou a pedagoga. 

No que diz respeito aos métodos que podem ser empregados por professores, psicólogos, pedagogos e pela equipe da escola para realizar o trabalho de educação sexual com os estudantes, o professor Hugo cita uma série de meios que podem ser utilizados para abordar o tema com os alunos. “A escola deve ser um espaço do diálogo, da escuta, da possibilidade de criação de vínculo de confiança. Nesse sentido, para que se ensine a prevenir, é essencial que existam momentos de escuta, momentos em que crianças e adolescentes possam falar sobre suas experiências, suas inseguranças, seus corpos, possam dizer os seus medos e as suas esperanças, os seus desejos e suas vontades. A escuta é a melhor estratégia para prevenção, porque ele está atrelada à fala. Nesse sentido, a escola pode realizar atividades como leitura de livros, assistência a filmes, palestras, feiras de conhecimentos, aulas-passeio e campanhas permanentes de educação sexual sobre temas como corpo, mente, mente e corpo, machismo, homofobia, transfobia, relacionamentos afetivos, abuso sexual, exploração sexual, e pedido de ajuda”.

No que diz respeito à prevenção de possíveis abusos sexuais, o professor Hugo esclarece que ela se dá por meio de um processo educativo de empoderamento das crianças e jovens. “Quando se estuda a sexualidade, se debate, discute, reflete sobre a identidade, sobre quem somos, o que somos, como vivemos e como convivemos, então se chega, ao meu ver, no autocuidado e no cuidado, logo se chega à autoestima, à autoproteção, se chega no diálogo sobre o corpo, sobre a mente, o corpo e a mente, o que é bom para nós, o que não é bom, quem pode tocar em nosso corpo, quem não pode, o que devemos fazer se alguém quer tocar em nossas partes mais íntimas sem a nossa permissão? Quando falamos sobre sexualidade, debatemos, estudamos, livramos a sexualidade da dimensão do erro, da culpa e a colocamos no âmbito da convivência e na convivência, quando alguém quer nos tocar, mas não queremos, podemos dizer que não queremos e quando não sabemos como dizer, podemos pedir ajuda para alguém. Em síntese, falaremos sobre sexualidade sem receio de que alguém nos condene, nos diga que é sujo, é ruim. Para mim, ensinar a proteção é ensinar que a sexualidade é algo que nos pertence e só deve ser partilhada com quem queremos. Se alguém tentar nos obrigar, então, é hora de pedirmos ajuda, de contarmos o que nos acontece, de denunciarmos. A prevenção é um processo de educação”, disse ele. 

Quando não é possível impedir que o crime ocorra e há uma criança ou jovem que sofreu ou está sofrendo abuso sexual, é importante que a equipe da escola esteja preparada para perceber os sinais de que há algo errado e saiba agir sem julgamentos para conseguir identificar adequadamente a situação e, em seguida, denunciar o crime às autoridades sem expor a vítima. Segundo a professora Maria do Carmo, os sinais que sugerem um possível abuso nunca aparecem isoladamente. 

“Uma conversa em espaço reservado, sem tom acusatório ou inquisidor ajudam à criança ou adolescente a narrar a situação, que muitas vezes envolve pessoas muito próximas e até parentes. As crianças que expressam medo irracional, dificuldades de sociabilização, verbalização de palavras que não fazem parte do seu vocabulário, com apelo sexual, e ou gestos relativos à violência sexual, bem como narrativas de situações reveladoras de abuso (geralmente usando apelidos para os órgãos genitais), dificuldades de concentração e de aprendizagem podem estar associadas a situações de abuso. Crianças que sofrem abuso há mais tempo podem expressar fobias, pânico, depressão com ideias de suicídio, ansiedade, dificuldades alimentares e tendência a uso de drogas”, disse ela. 

Para auxiliar a vítima e seus parentes, a escola ou outras pessoas que desconfiem ou saibam do problema têm meios de agir sem expor a criança, tomando cuidados, uma vez que, em muitos casos, é possível que a vítima more com o abusador.

“A gestão da escola, que precisa estar preparada pedagogicamente para lidar com a situação, pode acionar o Conselho Tutelar, que, geralmente, é a instância mais próxima da comunidade. Tem o CREAS (Centro Especializado de Assistência Social), que é o equipamento que acolhe criança e adolescente que sofreu violação de direitos, mas ainda tem vínculo familiar. Importante que a escola não tente fazer aproximação entre a vítima de violência e o suposto agressor. O principal é acolher e preservar a vítima. O disque 100 também é um serviço de atendimento à violação dos direitos humanos, recebe, analisa e encaminha denúncias de violações, inclusive, de crianças e adolescentes. Em alguns municípios há delegacias especializadas para casos de abusos contra crianças e adolescentes. Em Caruaru, por exemplo, a delegacia da mulher registra os casos, tendo em vista que a violência de gênero envolve também crianças e adolescentes. O Ministério Público e a Vara da Infância e Adolescência também são instâncias responsáveis pelas medidas cabíveis”, disse a professora.

Realidade local 

Para saber mais sobre como o tema é tratado nas escolas do estado, o LeiaJá procurou a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE), encaminhando questionamentos acerca do tema, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta reportagem. Também entramos em contato com a Secretaria de Educação do Recife cuja resposta obtida por meio de nota você confere na íntegra a seguir: 

Escolas do Recife contam com orientação de Grupo de Trabalho em Educação Sexual

O grupo dá suporte às unidades quanto à formação de professores, gestores, realização de seminários e fóruns sobre o tema

Desde 2015, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Educação do Município, mantém uma Política de Ensino (conjunto de orientações que auxiliam no planejamento, acompanhamento e avaliação das ações educativas) que dispõe sobre o currículo da Educação Infantil e Ensino Fundamental. O documento inclui em suas práticas pedagógicas a educação sexual. No universo escolar, o tema é concebido não só a partir da dimensão do sexo com caráter puramente biológico, fisiológico e anatômico, mas também a partir de sua dinâmica social e cultural. É necessário que se considere a sexualidade como um fenômeno global que envolve a existência do ser humano. 

A Secretaria conta com um Grupo de Trabalho em Sexualidade que orienta as Escolas com relação ao assunto, que é tratado a partir de três eixos como temas: corpo, diversidade sexual e Justiça de gênero. Os assuntos são abordados levando-se em consideração as idades e Anos dos estudantes de acordo com o nível de compreensão deles. De acordo com a Política de Ensino, a educação sexual deverá estar presente em todas as etapas e modalidades de ensino da rede municipal, que em sua atual estrutura compreende a Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens, Adultos e Idosos e Educação Especial.

A inserção dos conteúdos e da formação para uma educação não-sexista, anti-racista, não-homofóbica, não-lesbofóbica, não-transfóbica e laica deverá ocorrer com um olhar atento de educadoras/es para as diferenças, compreendendo que é “possível questionar todas as certezas” (Louro, 2003, pg. 42), assumindo riscos que venham desestabilizar crenças do passado e admitindo que transformações podem ocorrer lentamente, sendo um exercício de revisitações. Nesse sentido a construção de projetos político-pedagógicos na escola pode estar aberta a novas ideias, novos planejamentos e revisões, expandindo objetivos que não estão sendo alcançados.

Respostas às perguntas enviadas

1- As escolas da Rede Municipal do Recife desenvolvem ações e educação sexual dos alunos para prevenção de doenças, gravidez indesejada e abuso sexual? Quais? 

Resposta:  Há uma Política de Ensino da Rede Municipal de Recife que defende uma Educação Sexual com a finalidade de educar os/as estudantes para o respeito aos corpos, às vidas, às pessoas e os direitos e liberdades sexuais e humanos. Em síntese, a educação em sexualidade busca promover o bem viver e o bem-estar com a sexualidade, com responsabilidade e prazer. As questões também estão contempladas na Proposta Curricular das Ciências da Natureza

Em relação às Políticas da Rede há realização de Seminários, as Formações para Gestores, Coordenadores e Professores. A educação em sexualidade deve ser promovida pelo diálogo e escuta, com ações pedagógicas com as famílias, os/as estudantes e a comunidade, considerando a idade, as crenças e os saberes, pautados no conhecimento da ciência e das leis educacionais. É uma questão de todas as escolas e profissionais da educação. 

2- Quais cuidados são tomados nas escolas para identificar casos de estudantes que possam estar sofrendo abusos?

A principal orientação é assegurar o livre diálogo, a confiança das/os estudantes e uma relação de cooperação com as famílias. Manter uma relação próxima que favoreça perceber mudanças de comportamento, dinâmica familiar, alteração na aprendizagem e de aspecto emocional e físico.  Manter palestras, fóruns e oficinas com esse tema colaboram com a prevenção e identificação de casos. 

3- Uma vez que se perceba uma situação de abuso com um estudante, ocorrendo dentro ou fora da escola, quais são as medidas cabíveis para dar apoio ao aluno e sua família?

Registros dos fatos, proteção da vítima pelo sigilo, caso haja suspeita, sem incorrer na sua invisibilidade e omissão. Comunicação aos órgãos da rede de proteção. Buscar identificar a pessoa de referência, que seja responsável da pessoa em situação de abuso e acolher sem estigmatizar a pessoa. Garantir a frequência e permanência da criança ou jovem na escola. A denúncia deve ocorrer em sigilo, de forma institucional, no caso individual, sempre de forma anônima. 

4- Como é feita a orientação às famílias de estudantes no que diz respeito à educação sexual e prevenção ao abuso?

Faz parte da orientação presente na Política de Ensino e nas formações continuadas para o grupo docente/gestão escolar que a escola mantenha no calendário escolar palestras, fóruns e oficinas com esse tema, pois colaboram com a prevenção, identificação e denúncia de casos. 

5- Quais sinais podem ser percebidos quando uma criança ou jovem está sofrendo abuso sexual e como identificar o problema?

Depende da idade. São diversos, podendo apresentar as formas mais sutis como explícitas. No geral, apresentam múltiplos sinais, tais como: medo intenso, insegurança ao contato físico ou muito contato físico com pessoas que não tem familiaridade, agressividade ou apatia, distúrbios do sono, alimentar e na fala, marcas físicas, sinais de infecções sexualmente transmissíveis, choro ou euforia, acentuada sem causa, falta frequente as aulas, rejeição e pavor a determinadas pessoas do convívio. Nenhum comportamento isolado pode ser considerado uma prova ou indício de abuso.  

6- Uma vez percebendo uma situação de abuso, como a família, um colega ou outras pessoas próximas podem buscar ajuda? As escolas têm equipes de apoio para casos assim? 

O Grupo de Trabalho de Educação em Sexualidade – GTES acompanha as escolas que solicitam esse atendimento via ofício, sempre articulando ações com as redes de proteção. 

7- Durante a pandemia de Covid-19, ações de prevenção ao abuso sexual de crianças e jovens seguem sendo desempenhadas a distância pelas escolas?

Neste momento, ciente do crescimento das diferentes formas de violência no ambiente doméstico tem sido realizado a formação continuada com diversos setores da educação, através do Grupo de Trabalho de Educação em Sexualidade – GTES, com a finalidade de orientar as práticas pedagógicas para tratar desse assunto”.

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Nesta sexta-feira (28), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aprovou, por meio do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), uma resolução que permite a antecipação da colação de grau de estudantes dos cursos de enfermagem, farmácia, fisioterapia e odontologia, em decorrência do estado de calamidade pública ocasionado pela pandemia de Covid-19. A antecipação está em conformidade com o Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020 e a  Lei 14.040, de 18 de agosto de 2020.

Segundo a diretoria de Gestão Acadêmica, professora Kátia Cunha, “a UFPE entende que cada curso conhece o perfil dos estudantes, o percurso acadêmico vivenciado e os objetivos formativos da profissão específica, desta forma são os cursos que validam a qualidade acadêmica e profissional desenvolvida pelos estudantes. A resolução ratifica essa compreensão”.

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Caberá ao colegiado do curso, que é o órgão com poder decisório sobre cada graduação, determinar se é adequada ou não a antecipação da colação de grau dos estudantes que têm, no mínimo, 75% da carga horária de estágio concluída. 

Segundo o texto da resolução publicada no Boletim Oficial da UFPE, os cursos vão garantir que os estudantes cumpram, no mínimo, 75% da carga horária do internato, no caso de medicina, e dos estágios curriculares, para os alunos de enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Odontologia. “Os demais componentes curriculares obrigatórios são inegociáveis, ou seja, devem ser cumpridos na íntegra”, lembrou Kátia.

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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou os editais de seleção para os cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) para ingresso em 2021. As inscrições podem ser feitas até o dia 25 de setembro por meio de um formulário eletrônico

Ao todo, são oferecidas 30 vagas (20 de mestrado e 10 de doutorado) em dez linhas de pesquisa: Religião, sociedade e cultura; Família, gênero e saúde; Etnologia, etnicidade e processos identitários; Imagens, patrimônio, museus e contemporaneidade; e Poder, desigualdade e educação. 

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O resultado será divulgado no dia 6 de novembro. Para mais informações, confira os editais completos e seus anexos, disponíveis na página eletrônica do programa de pós-graduação

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Os estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) cadastrados no programa Santander Universidades poderão concorrer a um curso de inglês fornecido pelo banco e a um auxílio-permanência da universidade no valor de R$ 300 durante 12 meses, através de uma parceria entre a UFRPE e a instituição financeira. 

O curso, fornecido pela escola on-line English Live, terá duração de 30 dias, incluindo teste de nivelamento, acesso a rede de alunos, uma aula interativa e certificado a cada unidade concluída. Para participar, os estudantes interessados devem se inscrever através do site de bolsas do Santander até o dia 8 de setembro. 

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Também serão ofertadas, ao total, cinco bolsas para estudantes que se encaixem nos critérios da Pró-Reitoria de Gestão Estudantil (PROGESTI/UFRPE),  tenham sido classificados e não-contemplados no Programa de Apoio ao Discente (PAD) de 2019.2 e estejam em lista de espera. 

A seleção dos alunos pela UFRPE será feita de 9 a 15 de setembro e a divulgação do resultado está prevista para o dia 18 de setembro, no site da universidade. Para mais detalhes, acesse o site de bolsas do Santander.

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Ao todo, 2605 alunos serão contemplados com auxílio financeiro, recebimento de tablet via Pergamum ou dados móveis. Há ainda uma lista de 147 estudantes aguardando confirmação de matrícula, que devem aguardar seu resultado até o dia 31 de agosto, e 333 pedidos foram negados

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Auxílio Financeiro

Os alunos que estão na lista de contemplados com o auxílio financeiro e já estão cadastrados na Pró-Reitoria para Assuntos Estudantis (Proaes) devem receber o valor da primeira parcela até o final de agosto. Quem não tem cadastro devem informar seus dados bancários através do formulário disponibilizado pela universidade

A compra dos equipamentos eletrônicos (tablets, notebooks, chromebooks, desktops, monitores e peças de computador) adquiridos com o auxílio deve ser feita com o CPF do estudante beneficiado constando na nota fiscal, que precisa ser encaminhada para prestação de contas pelo endereço de e-mail dae.proaes@ufpe.br em até 15 dias úteis. 

Sistema Pergamum

Já os estudantes que estão na lista de contemplados com equipamentos eletrônicos através do Sistema Pergamum vão receber tablets e devem comparecer à Biblioteca Central do Campus Recife para receber o equipamento conforme especificado na lista de resultado. Os alunos que ainda não têm dia e horário marcado para o recebimento devem aguardar um novo comunicado no site da Proaes.

Dados Móveis

Quem foi aprovado para o recebimento de dados móveis, que será feito por meio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), em parceria com a Secretaria de Educação de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), deve aguardar a definição da RNP para início do cadastro e recebimento do benefício.   

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O Academic Ranking of World Universities 2020, lista de melhores universidades organizada pela consultoria chinesa Shanghai Ranking Consultancy e mais conhecida como “Ranking de Shangai”, classificou a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) como a melhor instituição do Nordeste brasileiro, na faixa de 13ª a 17ª melhor instituição do país. 

Analisando o cenário de recorte global, a Universidade aparece entre as posições 801 e 900, em um total de 2 mil analisadas pelo levantamento divulgado no último sábado (15). No ranking da região, a UFPE está empatada com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e à frente da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal do Ceará (UFC). Elas são as únicas que aparecem no ranking e todas as 22 universidades brasileiras listadas são públicas. A lista é liderada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, seguida pela Universidade de Stanford, no mesmo país. A terceira posição ficou com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido. 

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Os critérios considerados na análise foram a quantidade de ex-alunos e professores que venceram o Prêmio Nobel, número de pesquisadores mais citados, quantidade de artigos publicados nas revistas Nature e Science, tamanho da instituição, desempenho de pesquisa per capita e número de artigos indexados no Science Citation Index - Expanded e no Social Sciences Citation Index. 

Confira a posição das universidades brasileiras no ranking: 

101ª-150ª no ranking global e 1ª no ranking nacional

Universidade de São Paulo

301ª-400ª no ranking global e 2ª-3ª no ranking nacional

Universidade Estadual de São Paulo

Universidade de Campinas

401ª-500ª no ranking global e 4ª-6ª no ranking nacional

Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

601ª-700ª no ranking global e 7ª-8ª no ranking nacional

Universidade Federal do Paraná

Universidade Federal de São Paulo

701ª-800ª no ranking global e 9ª-12ª no ranking nacional

Universidade Federal de Santa Catarina

Universidade Federal de São Carlos

Universidade Federal Fluminense

Universidade de Brasília

801ª-900ª no ranking global e 13ª-17ª no ranking nacional

Universidade Federal de Goiás

Universidade Federal de Pernambuco

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Universidade Federal de Viçosa

Universidade Federal de Pelotas

901ª-1000ª no ranking global e 18ª-22ª no ranking nacional

Universidade Federal da Bahia

Universidade Federal do Ceará

Universidade Federal de Santa Maria

Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

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--> UFPE autoriza volta de alunos para Casas dos Estudantes

--> UFPE abre inscrições para novo curso de doutorado

As Casas de Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que permitiram que em torno de 30 alunos continuassem nos locais no início da pandemia da Covid-19, vão autorizar que mais pessoas voltem a ocupar as residências. Esses estudantes retornarão em virtude do semestre letivo sumplementar.

Os alunos que ficaram nas casas passaram por testes de Covid-19 na última sexta-feira (14) e os que chegarem também passarão pelo exame. De acordo com a UFPE, no início da pandemia, cerca de 400 universitários retornaram para as suas residências, entretanto, alguns que não tinham condições, continuaram nas casas universitárias. 

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Agora, a autorização dada pela instituição de ensino é para alunos que precisem retornar por motivos extraordinários, como os que residem em local sem acesso à internet ou alunos do estágio obrigatório. O novo semestre inicia na próxima segunda-feira (23).

Na última terça-feira (11), a professora do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e também primeira aluna surda da pós-graduação na mesma instituição de ensino defendeu com sucesso sua dissertação de mestrado “A categoria sintática predicativo na língua brasileira de sinais: um estudo descritivo”. 

“Estou muito feliz pela aprovação. A conquista não é só minha, mas de toda a comunidade surda, que ganha visibilidade e reconhecimento pela nossa universidade”, disse Lindilene à assessoria de comunicação da UFPE. Para ela, todos podem ingressar na pós-graduação sem se preocupar com diferenças entre ouvintes e surdos. “O importante é a gente consolidar a Libras como nossa língua natural”, afirmou a professora e agora mestra em um vídeo traduzido produzido pela UFPE e traduzido para português pelo servidor intérprete Roberto Carlos Silva dos Santos, do Departamento de Letras do Centro de Artes e Comunicação (CAC). 

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A dissertação de Lindilene foi orientada pelos professores Marcelo Sibaldo e Gláucia Nascimento. Segundo seu orientador, o tema abordado por ela faz uma descrição de um aspecto pouco discutido em estudos feitos sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras), e relata ter aprendido muito com sua orientanda. “Estudei Libras e aprendi muito com essa experiência. Ela sempre se mostrou muito empenhada em aprender, apesar de todos os desafios”, disse o professor, que considera a aprovação de Lindilene uma vitória de toda a universidade. 

A coorientadora, Gláucia Nascimento, considera a conclusão do mestrado de Lindilene um marco histórico. “É, ainda, uma vitória da comunidade surda, porque ganha em representatividade, num cenário do qual poucas pessoas surdas participam atualmente. Estudiosa e determinada, Lindilene nos deu a honra de fazer parte de uma história de difíceis lutas, mas de, felizmente, grandes vitórias”, disse ela. 

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--> UFPE faz nova retificação no edital de inclusão digital

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aprovou a criação do primeiro curso de doutorado de seu Campus Acadêmico do Agreste (CAA), na cidade de Caruaru: Educação Contemporânea. A instituição de ensino também aprovou a criação de um doutorado em Ciência da Computação no Centro de Informática (CIn) e um mestrado em Ensino de Geografia em Rede Nacional no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFHC), ambos no Recife. 

O novo curso no Campus do Agreste ofertará as linhas de pesquisa de Docência e Ensino e Aprendizagem, com foco no tema 'Educação e Diversidade,' que dará atenção especial a experiências educativas relacionadas à diversidade no âmbito escolar e fora dele. 

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“A criação do primeiro curso de doutorado do Centro Acadêmico do Agreste vem contribuir com o projeto de expansão de produção do conhecimento da UFPE, ao consolidar mais um espaço de formação de pesquisadores e docentes no interior do estado”, explicou a professora Conceição Nóbrega à assessoria de comunicação da Universidade. 

As inscrições para o doutorado em Educação Contemporânea começam na próxima segunda (17) e poderão ser feitas até o dia 8 de setembro. Para informações complementares, acesse o edital completo, disponível no Boletim Oficial da UFPE. 

Computação

O doutorado em Ciências da Computação, segundo a UFPE, “emergiu naturalmente da necessidade estratégica de pesquisa, desenvolvimento e aplicação de Tecnologias da Informação de forma integrada, acompanhando a postura proativa da UFPE em relação ao desenvolvimento da área de Tecnologia da Informação e Comunicação”. Ao todo, serão 41 professores trabalhando no curso, que contará com três linhas de pesquisa: Ciência de Dados, Computação Ubíqua e Sistemas de Informação. 

Geografia

O mestrado em Ensino de Geografia em Rede Nacional (ProfGeo), curso semipresencial realizado por instituições de Ensino Superior associadas em Rede Nacional, no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), será vinculado ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFHC), e coordenado pela Comissão Acadêmica Nacional, que possui como instituição coordenadora a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) do Rio Grande do Sul. Assim, a UFPE será uma instituição associada. 

O curso terá as linhas de pesquisa "Saberes e conhecimentos da Geografia no espaço escolar”, “Formação Docente em Geografia” e “As linguagens no ensino de Geografia”, com dez professores no corpo docente. O edital para a primeira turma será divulgado somente no próximo ano. 

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--> UFPE lança dois editais para programa de pós-graduação

Nesta terça-feira (11), o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), professor Alfredo Gomes, assinou um ato decretando luto oficial de três dias na instituição de ensino, em solidariedade aos familiares dos 100 mil mortos em todo o Brasil em decorrência da Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2). 

Até o momento, o país tem oficialmente cerca de 3 milhões de infectados pelo novo coronavírus e aproximadamente 2,2 milhões de pessoas se curaram da Covid-19. A média de novas mortes por dia, segundo o consórcio de veículos de imprensa, é de 1.022 óbitos. No mundo todo, a doença já infectou cerca de 20 milhões de pessoas, segundo a Universidade Jonhs Hopkins, e apenas três países - Estados Unidos, Brasil e Índia - concentram, juntos, metade desse número.

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--> UFPE celebra 74 anos nesta terça-feira (11)

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) abrirá as inscrições para o Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea (PPGEduC) do Centro Acadêmico do Agreste (CAA), no município de Caruaru. A abertura será na segunda-feira (17) e o prazo segue até 11 de setembro. 

São oferecidas 17 vagas (além de uma adicional para servidores ativos da instituição) e o ingresso será no ano de 2021. Para participar, é pré-requisito que os candidatos tenham graduação ou licenciatura em áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais aplicadas e Saúde por instituições reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC). 

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As linhas de pesquisa disponíveis, segundo a Universidade, são “Educação e Diversidade” e “Docência, Ensino e Aprendizagem”. O resultado da seleção será divulgado no dia 23 de novembro. Para mais informações, confira o edital completo no Boletim Oficial da UFPE.

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A pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2) que já causou mais de 101 mil mortes no Brasil, até o momento, obrigou a população a aderir ao isolamento social fechando, entre outros locais, espaços de educação presencial. Neste 11 de agosto de 2020, Dia do Estudante, LeiaJá traz a série "Estudante, você também é herói", com discussões sobre como a pandemia tem afetado os alunos brasileiros, incluindo uma análise de especialistas e membros de entidades de representação estudantil sobre como será o, ainda incerto, futuro dos discentes.    

Quadro negro e giz

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Assim que as aulas foram suspensas, surgiu logo uma grande preocupação com o ensino básico, seguida de uma questão extremamente complexa para resolver, envolvendo os estudantes secundaristas de todo o país, o funcionamento das escolas, os sistemas de seleção para as universidades e os calendários acadêmicos do ensino superior em 2021: o que fazer com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Rozana Barroso, afirmou que a entidade entrou fortemente na luta pelo adiamento da prova devido ao atraso de estrutura tecnológica das escolas públicas que deixa os estudantes de baixa renda em desvantagem. 

“A verdade é que as nossas escolas públicas em maioria no país não acompanham esse desenvolvimento da tecnologia. Não faz parte da nossa realidade uma sala de informática que tenha um computador, um professor valorizado. Na verdade, fazem parte salas ainda com quadro negro e giz. Precisamos falar da mudança urgente e necessária do perfil das nossas escolas públicas que precisam acompanhar o desenvolvimento da tecnologia, e o papel da educação no combate à desigualdade social, para assim a gente falar, por exemplo, dessa questão das aulas remotas. Nós temos hoje estudantes excluídos da plena cidadania, entendendo a internet como um direito humano do século XXI”, afirma Rozana. 

A desigualdade social, escancarada pela pandemia de Covid-19 junto à exclusão digital e perda de renda das famílias brasileiras, na visão de Rozana, que tem 21 anos e estuda em um cursinho popular pré-Enem para fazer faculdade de biomedicina, impedem vários alunos de ter acesso ao direito humano que é a educação e gera um aumento na evasão escolar. Os que insistem, segundo ela, tentam se virar dando todo tipo de jeito. 

 “Nós estamos tentando nos virar de diversas formas assim como aconteceu nas inscrições do Enem, quando os estudantes se inscreveram com wi-fi do vizinho, wi-fi da padaria, comprando chip para conseguir se inscrever. A UBES está com uma campanha também que é o 'Estudo Pra Geral', que é uma campanha de arrecadação para compra de apostilas preparatórias para o Enem, para distribuição dessas apostilas em cursinhos populares. O estudante continua resistindo, continua na luta, e nós, lutando contra a exclusão digital, como entidades estudantis, estamos tendo também como resposta”, diz a presidente da Ubes. 

Questionada sobre como enxerga o futuro da educação brasileira pós-pandemia, em um cenário no qual a inserção e disseminação forçada e a curto prazo do ensino remoto se fez necessária, Rozana afirma prever um futuro de muitas lutas em nome da defesa da escola e da educação como um todo. “Nós acreditamos que o descaso do governo Bolsonaro é objetivo. Nós acreditamos que se continuarmos por esse caminho, o nosso futuro depois da pandemia tende a ser pior ainda. O que os estudantes secundaristas estão fazendo na internet é revolucionário, nós estamos doando muito as nossas vidas para a luta", comenta Rozana. 

“Poderes públicos têm o dever de proporcionar internet gratuita”

Carlota Boto, de 58 anos, é professora titular de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e se mostra preocupada com a possibilidade de dispersão de estudantes, tanto no nível básico quanto no superior, uma vez que parte deles não consegue ter acesso a aulas remotas e até os que têm, segundo ela, sentem falta do ambiente de aprendizado. Lidar com esse cenário, na visão da professora, terá implicações a curto e longo prazo. 

“A curto prazo, isso vai implicar a necessidade de uma redistribuição dos conteúdos curriculares pelo menos nos próximos dois anos, de maneira que aquilo trabalhado neste ano venha a ser retomado em algum momento no próximo ano letivo. Para tanto é necessário também repensar os métodos escolares, levar os alunos a pesquisarem, a buscar acessar os espaços do conhecimento. A longo prazo, penso que essa experiência vai proporcionar um novo modo de recorrer aos recursos da internet. Os professores e alunos precisam interagir melhor com as ferramentas digitais que hoje estão à nossa disposição”, diz a docente.

O drama que vem da dicotomia entre a necessidade de retomar as aulas, ainda que remotamente, e a falta de acesso de parte dos alunos junto à busca de alternativas para que nenhum aluno fique para trás, também preocupa Carlota. “O ensino remoto é a menos má das soluções. Professores em todo o Brasil têm feito das tripas coração para dar tudo de si na organização dessas atividades remotas. Há muita coisa boa sendo produzida. Eu sou bastante otimista quando observo a inventividade com que os professores têm lidado com os desafios que enfrentam neste momento. Cada instituição está pensando seu próprio projeto pedagógico. Penso que as escolas e as faculdades têm discutido muito os modos de interagir com os estudantes. Não dá para ter uma régua e nivelar as soluções. O que é importante é que não se deixe nenhum aluno para trás. Ano letivo a gente recupera no próximo semestre. Mas as vidas das pessoas que se foram não voltam. Não tem cabimento o retorno neste ano, seria arriscadíssimo que voltássemos sem que haja expressa indicação disso por parte das autoridades da saúde”, diz a professora.

Questionada sobre sua maneira de encarar o futuro da educação após esse momento de entrada abrupta e, de certa forma forçada da tecnologia no ensino, a professora Carlota afirma que a educação e seus agentes terão que lidar com a presença tecnológica no processo pedagógico e as escolas públicas necessitam de investimentos para isso. “Eu penso que a educação do futuro terá de lidar com a tecnologia. A internet é um mundo a ser acessado na busca do conhecimento. Penso que os poderes públicos têm o dever de proporcionar internet gratuita às pessoas em todos os espaços. É preciso investir na escola pública. E isso passa pelas ferramentas digitais. O ensino do futuro se valerá dos meios remotos. Mas não será a distância. Isso é o que eu espero”, projeta.

Uma geração de profissionais perdida por falta do Estado

Iago Montalvão tem 27 anos, é estudante de economia da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Ele destaca os fortes impactos que a implementação das aulas remotas trouxe para os estudantes no nível superior de ensino por diversas razões, como falta de acesso de alunos de baixa renda, diálogo e tempo de preparação o suficiente para implementar o novo modelo. Ele também aponta para diferenças de tratamento dadas ao tema em diferentes redes de ensino. 

“Dentro das [universidades] privadas você tem essas que são grandes conglomerados de educação, universidades lucrativas que simplesmente de uma hora para outra enfiaram goela abaixo nos estudantes um tipo de ensino remoto que muitas vezes deu problema, que muitos estudantes não tinham as condições em casa, muitos estudantes não se prepararam para poder conseguir ter acesso a isso. Sem discussão, muito na linha dessas universidades manterem a linha da sua visibilidade enquanto instituição que não parou. Já nas públicas você teve muitas situações particulares. Você tem por exemplo a USP e a UNICAMP que no início já buscaram dar alguma assistência e auxílio aos estudantes, mas também tiveram pouco tempo para discutir como seria a transição para esse modelo remoto”, conta Iago.

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Iago também destaca as inúmeras dificuldades que são inerentes ao presente momento, uma vez que há muitas realidades de perfis diferentes de estudantes em jogo em universidades de todo o País. “Mas a grande encruzilhada é o seguinte: é como você conseguir dar garantia de que nenhum estudante seja prejudicado, porque você tem estudante que não consegue ter acesso nessas aulas a distância, e isso efetivamente. Você tem problemas inúmeros desde a falta de um computador, de uma internet, que é o mínimo, até gente que não tem um cômodo em casa para estudar, que tem barulho em casa, tem problemas com a família, enfim, tem de tudo e como solucionar esses problemas? É muito difícil você solucionar na totalidade. Mas por outro lado, como é que fica também essa questão do cronograma? Porque você tem estudantes que ingressariam agora e já estão com problemas, se você suspende o período letivo do ano todo como é que ficam os ingressantes do ano que vem?” questiona o presidente da UNE. 

Uma possível tentativa de solução citada por Iago é a criação de semestres excepcionais com regras acadêmicas mais flexíveis, como já vem sendo feito em algumas universidades públicas e institutos federais pelo país. “Você já tem assistência nos tempos normais, que é bolsa de permanência, bolsa alimentação, moradia estudantil, etc. Mesmo antes da pandemia já eram políticas insuficientes, a gente sempre lutou por mais verba para a assistência estudantil. Hoje a gente está vendo com mais evidência esses problemas, nesse momento você precisa urgentemente ampliar as políticas de assistência para garantir que a galera tenha acesso a esses bens materiais mínimos para conseguir ter acesso às aulas. Ao mesmo tempo, criar flexibilização de regras acadêmicas”, afirmou Iago. 

No que diz respeito ao futuro da educação e inserção das tecnologias pedagógicas, o presidente da União Nacional dos Estudantes alega que “a gente tem um governo que tem demonstrado constantemente desprezo pelas universidades públicas em uma tentativa de desmoralização". 

"Essa política liberal do governo de enfraquecer a universidade pública e expandir a universidade privada se dá muito pelo viés do EAD, porque é um tipo de ensino que na minha opinião, em determinadas situações, para determinados públicos, é importante. Por exemplo, você tem projetos nas universidades públicas em aldeias indígenas, pessoas que moram em lugares distantes, você tem consórcios como a própria Universidade Aberta do Brasil, que é um estilo de formação EAD para aquela pessoa que não pretende ter uma formação aprofundada na universidade presencialmente, tem dificuldade de deslocamento e prefere fazer uma aula a distância. Eu acho que é legítimo que você tenha esse tipo de modalidade de ensino a distância, desde que você garanta toda a estruturação necessária para que o EAD seja feito com qualidade", acrescenta Iago. 

De acordo com um levantamento realizado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), um em cada quatro estudante do nível superior no Estado de São Paulo está inadimplente, registrando um índice de 72,4% maior no mês de abril em relação a 2019 e um crescimento de 32,5% na evasão comparando também os meses de abril dos mesmos anos. Iago aponta para essa realidade de desistências dos cursos como um reflexo do momento de pandemia em que as pessoas se veem forçadas a desistir de seus cursos e cita algumas ações políticas desenvolvidas pela UNE no Congresso Nacional para tentar apoiar os estudantes universitários que, segundo ele, tentam resistir e se virar como podem.

“O que os estudantes têm feito é se desdobrar de várias formas. Galera assistindo aula pelo celular, uma reivindicação grande é que os professores gravem as aulas porque, às vezes, o pessoal não consegue acompanhar ao vivo, porque a internet cai. Agora o principal que a gente tem pautado, principalmente nas públicas, é para que tenha algum tipo de auxílio. Nós temos pautado muito isso no Congresso Nacional, é muito difícil porque o governo dá pouca atenção para essa área. Tem lá no Congresso Nacional um Projeto de Lei que é por mais recurso para assistência estudantil, tem um projeto de lei lá nosso que é o auxílio estudantil emergencial para os estudantes das [universidades] privadas pagarem as mensalidades e terem um auxílio para conseguir se manter nesse período, porque a renda caiu. Você está deixando de formar uma geração de profissionais que no futuro a gente vai sentir, aquilo que o MEC falou na propaganda do Enem, de uma geração de futuros profissionais seria perdida, na verdade já está sendo perdida por falta de assistência do Estado”, diz ele. 

Um novo tempo

Cacilda Soares tem 59 anos, é professora de ciências contábeis há 25 anos e atualmente trabalha como coordenadora do sistema Universidade Aberta do Brasil na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela iniciou a conversa sobre ensino remoto e a distância esclarecendo que essa não é uma modalidade nova de educação no Brasil, ao contrário do que muitas pessoas parecem acreditar: as primeiras experiências, de acordo com ela, datam de 1923. Nas décadas de 1960 e 1970, a televisão também foi utilizada para este fim e até hoje temos canais como, por exemplo, a TV Cultura e TV Escola. 

O problema, segundo a professora, é que o sistema de ensino formal passou à margem dessa realidade enquanto se mantinha no sistema presencial sem integrar a tecnologia nas salas de aula e de repente a pandemia de Covid-19 forçou essa junção de uma vez só. “O fato é que os cursos de ensino fundamental, médio e superior não conseguiram se adaptar ao uso desses recursos tecnológicos. Todos fomos educados no modo presencial, no modo analógico e de repente por conta de uma pandemia nos vemos obrigados a nos transformar em seres digitais. Isso dá um grande impacto em alguns, porque é como se já existisse paralelamente, mas se você estava de certa forma acomodado a viver no paralelo. Deixou de ser um paralelo e a realidade agora é essa. É uma quebra de paradigma sair do analógico para o digital da noite para o dia. Tem um choque muito grande nos usuários, aqueles que são responsáveis por preparar conteúdo, lecionar", opina Cacilda.

Ao ser inquirida sobre como enxerga futuro da educação após a pandemia e a disseminação desse modelo remoto de ensino, a professora revela não saber se haverá um momento após pandemia, uma vez que mesmo com vacina, ainda precisamos conviver com a gripe H1N1, por exemplo, mas, aponta que os alunos, professores e instituições terão que reaprender tudo para viver em um novo mundo permeado pela tecnologia. 

“O que será o ano que vem? Eu não sei. Não sei como é que vai ser 2021, saímos de um reveillon muito belo e que reviravolta foi essa no mundo em 2020? O que é 2020 na nossa vida? É um processo que não dá para você ter resposta do que vai ser o amanhã, vamos ter que nos reinventar a cada dia. Nosso papel na sociedade não mudou, eu sou professora, mas o que eu vou ter que fazer mais, o que vai ser exigido mais de mim? Eu já lido com tecnologia, mas e quem não lida? E quem está aprendendo agora? Eu vou reaprender, mas tem gente que vai aprender. É difícil imaginar quando vai ter uma volta, se vai ter uma volta. O que eu to vendo é uma reconfiguração da humanidade, do mundo, das relações humanas. Eu não me arrisco a falar de uma volta, porque acredito que do jeito que era, não volta, vai ser um novo tempo”, imagina a professora.

Confira, abaixo, as demais matérias do especial “Estudante, você também é herói”. Nossos repórteres mostram as rotinas de alunos, da educação infantil à pós-graduação, durante a pandemia do novo coronavírus:

--> Pequenos 'grandes' estudantes e o ensino remoto

--> Isolamento social e a ansiedade na preparação para o Enem

--> A perseverança de Ana e o carinho pela pedagogia

--> Pós-graduação sofre os efeitos da Covid-19

--> Formatura mais cedo: estudantes trocam aulas por hospitais

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou, nesta quarta-feira (5), um edital para inclusão digital de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O objetivo é auxiliar os alunos no acompanhamento das aulas do semestre suplementar 2020.3 e as inscrições serão abertas na próxima quinta (6) através de um formulário on-line até a quarta-feira (12).

A instituição de ensino fornecerá um pacote de dados através da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em parceria com a Secretaria de Educação de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), além de aparelhos eletrônicos ofertados em comodato (empréstimo gratuito). O resultado dos estudantes com inscrições validadas, assim como a lista da ordem de classificação prioritária, serão divulgados no dia 14 de agosto no site da Proaes

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Para concorrer, os estudantes devem ser beneficiários dos Programas de Assistência Estudantil vinculados à Pró-Reitoria para Assuntos Estudantis (Proaes), como Programa de Bolsa Nível, Programa Moradia, isentos dos Restaurantes Universitários; ter ingressado na UFPE nas vagas reservadas pela lei de cotas ou nas vagas de ampla concorrência e apresentar renda familiar per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio. 

Segundo a Universidade, o número de estudantes contemplados pelo edital de inclusão vai depender quantidade de vagas ofertadas pela RNP e Sesu/MEC para plano de dados e também do número de equipamentos eletrônicos disponibilizados pela UFPE para empréstimo.  

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--> UFPE abre seleção emergencial para curso de doutorado

Nessa terça-feira (3), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou um documento com regras para realização de estágios obrigatórios e não-obrigatórios nos cursos de graduação durante a pandemia de Covid-19, doença que já contaminou 2.817.473 pessoas e causou 96.326 mortes no Brasil.

As atividades de estágios não-obrigatórios devem ser realizadas, de preferência, remotamente com garantia de orientação. Segundo a Universidade, quando a concedente do estágio estiver entre os estabelecimentos com autorização de funcionamento, o aluno poderá desempenhar atividades presenciais, desde que não faça parte do grupo de risco da doença, listados no documento.  

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No caso dos estágios obrigatórios do semestre 2020.1, as atividades poderão ser retomadas de forma presencial ou remota, a depender de decisão do colegiado de cada curso. Novas ofertas de estágios obrigatórios podem ser efetuadas no semestre 2020.3, uma vez que o semestre 2020.1 segue suspenso. Em ambos os semestres, caso haja carga horária teórica, ela deve ser realizada de forma remota. 

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