Por mais que outros assuntos ganhem foco no discurso dos presidenciáveis, a pauta econômica não deixa de ser um dos principais focos dos que pretendem assumir o comando do Palácio do Planalto. Com o país saindo de uma crise financeira que afetou os serviços básicos, estudiosos apontam que os postulantes precisam garantir a confiança do eleitorado - independente da classe econômica - neste setor para um bom desempenho nas urnas.
##RECOMENDA##A pouco menos de dois meses do início da campanha, o LeiaJá reuniu as principais propostas econômicas já anunciadas pelos pré-candidatos à Presidência da República.
Mesmo preso por condenação na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue liderando as intenções de votos quando aparece nas pesquisas. Antes de ser detido, ele já havia anunciado que pretende criar um Fundo de Desenvolvimento e Emprego, promover um “aumento real” do salário mínimo e do seguro-desemprego, corrigir a tabela do Imposto de Renda e ampliar o crédito para estimular o consumo. O programa de governo do líder petista está sendo construído sob a batuta do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), mas ainda não há mais detalhes sobre como ele deve guiar o ambiente de desenvolvimento econômico do país.
Na liderança quando Lula não está entre os presidenciáveis, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) não esconde o despreparo diante de assuntos econômicos. Entretanto, ele vem aderindo as ideias liberais do economista Paulo Guedes, tentando se afastar a postura polêmica de que os militares defendem políticas estatizantes. Em seus discursos recentes, Bolsonaro já começou a pontuar que pretende privatizar parte das estatais, mas discorda da venda da Petrobras e dos bancos federais. Ele também vem pregando um enxugamento do Estado e uma reforma imediata da Previdência.
A atualização das regras previdenciárias também está na lista das prioridades econômicas da ex-senadora Marina Silva (Rede). A presidenciável também acredita que é preciso resgatar a política econômica que esteve em vigor desde o início do Plano Real, recuperar o superávit primário, sem prejuízo dos investimentos em programas sociais, e controlar a inflação. Além disso, Marina também apoia a autonomia operacional para o Banco Central (BC). Em 2014, o plano de governo dela era favorável à independência da entidade financeira.
Já o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), descarta a autonomia do BC. Em um eventual governo, o pedetista disse que o comando da instituição será liderada por um acadêmico que não poderá ter passado pelo sistema privado. Para ele, também o Banco Central deveria ter metas para inflação e emprego. Ciro ainda é a favor de uma reforma fiscal e de um novo desenho previdenciário e tributário. Entre as mudanças na tributação, ele apoia a transferência da carga tributária das compras de produtos básicos, medicamentos e eletricidade para outras áreas, incluindo heranças e riquezas.
A reforma tributária também é indispensável para o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). Contudo, visto como um dos preferidos pelo mercado brasileiro, o tucano ele não pretende aumentar impostos sobre grandes fortunas. Alckmin pretende, caso eleito, criar um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), como tributo único, para substituir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o Imposto Sobre Serviços (ISS), o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Além disso, Alckmin também é a favor da revisão previdenciária e defende a privatização da Eletrobras, mas contra a do Banco do Brasil e da Petrobras.
A pauta econômica também é o foco central do pré-candidato do MDB ao comando do Palácio do Planalto, Henrique Meirelles. O ex-auxiliar do presidente Michel Temer (MDB) defende a manutenção das iniciativas já tomadas enquanto ele era ministro da Fazenda, e pontua que o enxugamento dos gastos públicos é um dos meios para a retomada do crescimento do país e a resolução do problema do déficit fiscal elevado. Meirelles também já disse que, caso seja eleito, pretende efetivar a reforma da Previdência e adotar medidas que ampliem o emprego e a renda dos trabalhadores.
Na disputa pelo Podemos, o senador Alvaro Dias prometeu que vai rever o limite de teto de gastos, sem eliminar a política adotada por Temer. Dias pretende ainda realizar a reforma tributária, para ampliar a oferta de emprego e tributar mais a renda e menos o consumo. Já quanto à tributação de heranças e investimentos financeiros, o presidenciável não definiu o alinhamento.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), está na lista dos que não fez grandes anúncios no campo econômico, mas é contra a privatização da Petrobras e do Banco do Brasil, porém é favorável a venda da Eletrobras.
No campo da esquerda, a pré-candidata do PcdoB ao pleito, deputada Manuela D’Ávila é a favor de uma reforma tributária progressiva com a cobrança de impostos dos mais ricos e a isenção de tributos sobre o consumo de produtos considerados de primeira necessidade. A comunista deixou claro que deseja fazer referendos para revogar medidas adotadas por Temer, como a reforma trabalhista. Ela não descartou a discussão em torno de uma reforma da Previdência e disse que para combater o déficit econômico do país é preciso investimentos públicos em políticas públicas e sociais que têm como centro diminuição de desigualdade.
Na corrida presidencial representando o PSOL, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) pretende revogar o teto limite para os gastos públicos implementado pelo presidente Michel Temer. Além disso, ele também já informou que deseja fazer o mesmo com a reforma trabalhista. No âmbito da Previdência, é a favor da cobrança da dívida das grandes empresas como solução ao déficit no setor. Boulos ainda quer aumentar o imposto de renda nas faixas mais ricas da população e revogar isenções que considera indevidas.
Do outro lado, apresentando-se como liberal no campo econômico, o pré-candidato pelo Partido Novo, João Amoêdo, também já se mostrou favorável à privatização e à redução da atuação do Estado. Amoêdo pretende manter o teto de gastos adotado pelo atual governo e comunga do pensamento que defende a necessidade das reformas da Previdência e tributária. Para acabar com o déficit das contas públicas, o presidenciável quer o fim de desonerações para alguns setores da economia, além da simplificação dos tributos, "principalmente sobre o consumo".
Uma “privatização radical”, incluindo a Petrobras, está entre as propostas do empresário Flávio Rocha (PRB), para a área economica. Ele defende que a venda de estatais permitirá "reduzir bastante" o tamanho do Estado para algo entre 20% e 25% do Produto Interno Bruto (PIB). O presidenciável ainda quer a adoção de uma programação orçamentária com base zero e a efetivação da reforma da Previdência. da Previdência.