Um pastor canadense acusado de atividades subversivas foi condenado nesta quarta-feira (16) na Coreia do Norte à prisão perpétua com trabalhos forçados, o último de uma série de missionários estrangeiros detidos por se intrometer nos assuntos do país, segundo autoridades.
Hyeon Soo Lim, nascido na Coreia do Sul, atuava em Toronto como pastor da Igreja Presbiteriana Coreana da Luz.
"O acusado Lim reconheceu todas as acusações apresentadas contra ele, entre elas a difamação viciosa de nosso sistema e de nossa suprema dignidade, assim como conspirar para derrubar o nosso Estado", indicou a agência oficial norte-coreana, KCNA.
Segundo a agência, o promotor havia pedido à Suprema Corte que pronunciasse a pena de morte, alegando que os crimes do pastor mereciam "a punição mais severa". Finalmente, o tribunal rejeitou sua recomendação.
Lim foi detido pelas autoridades norte-coreanas em janeiro depois de chegar da China. Segundo sua igreja em Toronto, estava no país em missão humanitária e já o havia visitado em várias ocasiões para trabalhar em orfanatos e residências de idosos.
Em agosto, a Coreia do Norte publicou um vídeo no qual Lim aparecia em uma missa na igreja Pongsu de Pyongyang confessando seus crimes diante de uma pequena congregação na qual também havia estrangeiros. "Cometi o pior crime de todos, insultar e difamar a dignidade e a dirigência da república", dizia Lim no vídeo.
Os cidadãos estrangeiros detidos na Coreia do Norte são obrigados, em geral, a confessar publicamente seus crimes, seguindo um roteiro muito elaborado, para obter eventualmente sua liberdade.
"O julgamento demonstrou novamente o destino miserável que pessoas como Lim aguardam, seguidores dos regimes americano e sul-coreano, que sem cessar tentam aniquilar nosso sistema socialista e difamam a suprema dignidade de nossa república sagrada", acrescentou a agência KCNA.
A condenação de Lim também ocorre depois do fracasso de incomuns negociações de alto nível entre as duas Coreias, que tinham por objetivo melhorar a relação bilateral.
Desconfiança com religiosos
O regime comunista de Pyongyang encara com muita desconfiança os missionários estrangeiros, embora autorize alguns a trabalhar em missões humanitárias.
Nos últimos anos vários religiosos cristãos foram detidos, em sua maioria americanos de origem coreana. Alguns puderam retornar, graças à intervenção de políticos americanos de primeiro nível.
A liberdade religiosa está contemplada na Constituição norte-coreana, mas na prática é inexistente. As atividades religiosas estão estritamente reguladas e limitadas a organizações reconhecidas pelo governo.
Os religiosos estrangeiros detidos na Coreia do Norte se expõem a elevadas penas de prisão, ou podem servir também de moeda de troca para obter concessões ou a visita de algum importante representante estrangeiro.
Assim, em novembro de 2014, Kenneth Bae, um cidadão americano de origem coreana, assim como Lim, foi libertado depois de ser condenado a 15 anos de trabalhos forçados.
Este missionário evangélico foi condenado por conspirar contra o regime norte-coreano. Foi libertado junto a outro americano ao término de uma missão secreta efetuada em Pyongyang pelo chefe da inteligência americana, James Clapper.
Um missionário sul-coreano detido na Coreia do Norte em outubro de 2013, Kim Jeong-Wook, cumpre atualmente uma condenação de prisão perpétua a trabalhos forçados.