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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou na noite desta quinta-feira (1°) acordo de não persecução penal (ANPP) firmado entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e deputado federal Silas Câmara, réu na Ação Penal (AP) 864, em que responde pela prática da chamada "rachadinha".

No acordo, o parlamentar se comprometeu ao pagamento de multa de R$ 242 mil em até 30 dias. No julgamento da ação penal pelo Plenário, Barroso havia votado pela condenação no crime de peculato a uma pena de 5 anos e 3 meses de prisão, mas a análise do caso foi suspensa por pedido de vista conjunto dos ministros André Mendonça e Dias Toffoli. Na ocasião, o ministro Barroso ressaltou que, considerando a pena proposta, a prescrição ocorreria a partir de 2 de dezembro de 2022.

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O ministro ressaltou que entende não ser cabível acordo nesses moldes após o recebimento da denúncia, mas que, a um dia da prescrição, o procedimento "se apresenta como a via mais adequada para minimizar os prejuízos ao erário”.  Silas Câmara foi acusado pela PGR pelo desvio de recursos da Câmara destinados ao pagamento de assessores, em 2000 e 2001, e por ter nomeado como servidores públicos empregados que prestavam serviços particulares.  Leia a íntegra da decisão.

*Do STF

Um ex-vereador de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), é suspeito de desviar R$ 8 milhões através de um esquema de ‘rachadinha’ que está sendo investigado pela Polícia Civil e foi alvo de uma operação deflagrada nesta quinta-feira (10).

A "Operação Compartilhado", instaurada em setembro de 2020, chegou à fase de autuações com 20 mandados de busca e apreensão, além de sequestro de bens e bloqueios bancários. As medidas foram cumpridas nos municípios de Ipojuca e Gravatá, no Agreste de Pernambuco. 

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O objetivo da mobilização policial foi desmontar um esquema criminoso na Casa José Gomes de Vasconcelos, e que se dava pelos crimes de peculato (roubo ou desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro. Cerca de 130 agentes da Diretoria Integrada Especializada (Diresp), da Delegacia de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Deccor) e do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) fizeram parte da operação conjunta.

As investigações contemplam indícios de corrupção da legislatura anterior da Câmara Municipal, correspondente ao período 2017-2020. De acordo com o delegado Diogo Victor, da Deccor, a atividade criminosa consistia em um esquema de "rachadinha", ou seja, desvio dos salários de assessores e servidores, e subtraiu cerca de R$ 8 milhões dos recursos públicos. O ex-vereador envolvido no crime não teve o nome divulgado, mas foi informado que 14 pessoas estariam envolvidas na ação.

“Se instaurou uma organização criminosa no gabinete de um ex-vereador. O chefe do gabinete e os assessores especiais faziam o recolhimento de grande parte do salário. Os servidores ficavam com apenas 10% e os outros 80% a 90% eram repassados à organização, que em seguida adquiria bens. Carros, terrenos, casas de praia. Então foi necessário cumprirmos esses mandados de busca e apreensão, e os bloqueios, no valor de R$ 8 milhões, que foi o prejuízo efetivamente causado ao patrimônio”, detalhou Diogo Victor. 

Ainda de acordo com o responsável pela operação, esses servidores eram funcionários fantasmas, que não registravam ponto de trabalho e nem compareciam à Câmara ou realizavam serviços de atendimento às demandas das comunidades em Ipojuca. Diogo esclareceu ainda que a autuação feita em Gravatá foi contra um empresário da região que financiou a campanha do vereador, e para ser “ressarcido” (o que não é legal), aceitou um cargo na Casa de vereadores. A função, porém, não era exercida.

O governador de Alagoas e candidato à reeleição Paulo Dantas (MDB) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso ao inquérito que levou ao seu afastamento do cargo até o final do mandato.

A investigação corre em sigilo no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na quinta-feira, 13, a Corte Especial do STJ decidiu, por 10 votos a 2, manter a decisão da ministra Laurita Vaz que mandou afastar o governador.

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A sessão foi transmitida ao vivo, mas o processo continua correndo em segredo de Justiça. Relatora da investigação, a ministra disse que há dados sensíveis que não podem ser divulgados.

Na manifestação enviada ao STF, a defesa do governador alega que pediu acesso aos autos do processo antes do julgamento, mas até o momento não tem conhecimento das acusações, o que na avaliação dos advogados fere o direito de defesa.

"A defesa se fez presente na sessão extraordinária, em julgamento que durou quase 5h, sem que fosse permitido a realização de sustentação ou mesmo a realização de um esclarecimento de fato", reclamam os advogados Cristiano Zanin, Valeska Teixeira Martins, Maria de Lourdes Lopes, Eliakin Tatsuo e Guilherme Queiroz Gonçalves.

A defesa afirma que o caso é urgente, porque o governador é favorito na eleição e foi afastado sem acusação formal.

O emedebista é investigado sob suspeita de operar um esquema de contratação de funcionários fantasmas para desvio de salários, a chamada "rachadinha", quando era deputado estadual. A investigação mira pelo menos 93 nomeações de servidores em cargos comissionados na Assembleia Legislativa de Alagoas, que recebiam até R$ 21 mil. Os investigadores estimam que os supostos desvios podem chegar a R$ 54 milhões. Dantas nega irregularidades e diz que o inquérito tem motivação política.

O afastamento é cautelar, para preservar a investigação e evitar desvios. A medida não afeta a candidatura do governador à reeleição.

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), foi afastado por 180 dias após determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por um desvio de R$ 54 milhões em um suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa. 

A investigação apura os supostos desvios de recurso público desde 2019. Os valores teriam sido usados para pagar dívidas pessoais e adquirir bens para a família do gestor. Ao todo, 31 mandados são cumpridos pela Polícia Federal na Assembleia Legislativa, na sede do governo, na casa de Dantas e de alguns familiares, e no hotel em São Paulo onde ele está hospedado após o afastamento.  

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Foram apreendidos R$ 110 mil em espécie na casa do governador, R$ 14 mil com ele no hotel e R$ 150 mil na casa de um cunhado. O STJ também determinou o sequestro de R$ 54 milhões em bens. 

A investigação indica que, além de Dantas, a principal beneficiária do esquema era a esposa, a prefeita da cidade de Batalha, Marina Thereza Dantas. A irmã do gestor também é investigada. O grupo é suspeito de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. 

 Paulo Dantas é candidato à reeleição. No primeiro turno, o candidato saiu na frente com 34,05%. Ele disputa o cargo no segundo turno com Rodrigo Cunha (União), que recebeu 27,16% dos votos. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou a rachadinha como uma prática comum em Brasília e se recusou a falar se adotou o esquema em seu gabinete na Câmara, quando era deputado federal.

"É uma pratica meio comum, concordo contigo, meio comum isso aí", disse o presidente durante entrevista ao podcast Cara a Tapa, de Rica Perrone. O jornalista perguntou a Bolsonaro se ele ia "sobrar" se alguém gritasse "pega rachadinha!". A resposta do presidente foi evasiva. "Aí não vou falar disso. Eu sou suspeito para falar de mim, não tem servidor meu falando que... denunciando."

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Filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi apontado pelo Ministério Público do Rio como chefe de uma organização criminosa que atuou no gabinete no período em que foi deputado da Assembleia Legislativa do Estado, entre 2003 e 2018. A estimativa é que tenham sido movimentados cerca de R$ 2,3 milhões no esquema.

A rachadinha envolve uma devolução de parte do salários de funcionários do gabinete em benefício do parlamentar. O policial militar da reserva Fabrício Queiroz é apontado como pivô do caso desde dezembro de 2018, conforme o Estadão revelou. No ano passado, o nome do presidente da República voltou a circular no caso. A ex-cunhada de Bolsonaro, Andrea Siqueira Valle afirmou que o irmão, André Siqueira Valle, foi demitido do cargo de assessor do então deputado federal porque se recusou a repassar o valor.

Na entrevista, Bolsonaro citou partidos de esquerda que teriam no estatuto a obrigação de devolução dos salários por parte de funcionários comissionados no Legislativo para abastecer o fundo partidário. "Tenho informações, uns fazendo legalmente, legalmente entre aspas, no estatuto, outros fazem o por fora", disse o presidente.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu a anulação da denúncia por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro oferecida contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no inquérito das rachadinhas.

O procurador-geral de Justiça do Rio, Luciano Mattos, comunicou ao Tribunal de Justiça do Estado que, com a anulação de quase todas as provas obtidas na investigação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a denúncia ficou insustentável.

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O chefe do MP fluminense defendeu, no entanto, que o inquérito pode ser reiniciado a partir do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentações atípicas do ex-assessor Fabrício Queiroz. O documento revelado pelo Estadão deu o pontapé na investigação.

Cabe ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio dar a palavra final sobre o pedido do Ministério Público. O caso deve ser julgado na próxima semana.

As provas reunidas durante mais de dois anos de investigação foram anuladas porque os ministros do STJ usaram a tese dos mandatos cruzados, pela qual um político mantém o foro privilegiado se assumir um novo cargo que também dê direito à prerrogativa, e concluíram que o caso não poderia ter sido processado em primeira instância. Deputado estadual até 2018, Flávio foi eleito senador naquele ano e emendou os mandatos.

Outro conjunto de provas foi anulado pela Segunda Turma do STF em novembro do ano passado. Os ministros derrubaram relatórios de inteligência financeira produzidos com base em pedidos específicos do MP e os dados obtidos a partir desses documentos. Apenas o primeiro alerta do Coaf foi considerado regular, por ter sido gerado espontaneamente.

Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL) e mãe de Jair Renan, afirmou ser vítima de chantagem do antigo funcionário da família, Marcelo Nogueira dos Santos.

Segundo mensagens divulgadas pela revista Veja, Nogueira declarou possuir provas do esquema de rachadinha investigado pelo Ministério Público do Rio e pretende torná-las públicas caso não receba o valor solicitado. As ameaças, declarou Ana Cristina à revista, têm como objetivo prejudicar o ex-marido: "Tentam me atingir, mas o verdadeiro alvo é o presidente".

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A mãe de Jair Renan afirmou temer por sua vida, já que ele conhece os hábitos da família. "Estou com medo. Ele viveu nesta casa. Quem me garante que não pegou uma chave para poder entrar? Quem me garante que, se ele tentar me matar e o Renan entrar no meio, ele não mate o Renan também?", disse ela à Veja.

Em uma das mensagens, Nogueira pede a Ana o valor de R$ 200 mil para acabar com a disputa em torno da falta de pagamento de direitos trabalhistas pelo período em que prestou serviços na casa da advogada. Ana, entretanto, afirmou que tudo foi pago ao ex-funcionário. "Esse caso não é uma briguinha, é uma relação de amor e ódio. Antes de sair, ele já tinha avisado que ia botar a boca no trombone. Ele quer me matar e quer dinheiro. Disse para começar com R$ 200mil reais. Em outras conversas, falou em 1 milhão, 2 milhões", afirmou.

Durante os 14 anos em que trabalhou para a família, Marcelo Nogueira chegou a atuar como assessor do Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) entre 2003 e 2007 e como caseiro de Ana até 2021.

Em setembro de 2021, o ex-funcionário acusou a advogada de ser a comandante do esquema de rachadinha no gabinete de Flávio na Assembleia do Rio e de replicar o mecanismo no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo ele, Ana ficava com pelo menos 80/% dos salários dos funcionários. A declaração foi feita ao UOL.

Em uma outra mensagem trocada entre Marcelo Nogueira e amigos, diz a revista, o ex-funcionário expõe a possibilidade de atentar contra a vida de Ana e de Jair Renan. "Estou seguindo todos os passos dela. Estou me organizando para ir atrás e acabar com a vida dela, nem que seja a última coisa que faço da vida. Vou morrer, mas entro para a história", escreveu ele.

Para Ana, o ex-funcionário "não tem mais nada a perder na vida" e seria capaz de cometer uma violência contra ela e o filho. "Pelo que eu conheço ele é capaz de me matar, sim, matar o Renan e depois se suicidar. Ele até já deu um tiro proposital no pé do filho depois de uma briga".

À Veja, Nogueira afirmou que tem em mãos as provas, mas que está aguardando o "momento estratégico" para apresen­tá-las. Segundo o ex-caseiro, o seu objetivo é inviabilizar a campanha eleitoral de Ana em 2022. A advogada pretende concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Nogueira também negou que esteja chantageando a ex-patroa. "Se eu tivesse que chantagear, não seria por essa mixaria. Meus áudios, meus vídeos certamente valem muita grana. Mas eu não sou um desses", disse. Sobre o valor de R$ 200mil solicitados, o ex-funcionário explicou que se refere a direitos trabalhistas que não foram pagos.

A denúncia da viúva do ex-Policial Militar Adriano Nóbrega, Júlia Lotufo, ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), feita em março de 2021, não foi usada para retomar as investigações do caso das rachadinhas. Em uma ligação interceptada, ela confirmou que Danielle Nóbrega, ex-esposa de Adriano, era funcionária fantasma do gabinete de Flávio Bolsonaro (PL).

Na interceptação telefônica, Júlia diz que Danielle foi nomeada no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) por 11 anos.

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"Ela foi nomeada por 11 anos. Onze anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês para o bolso dela. E agora ela não quer que ninguém fale no nome dela? [...] Bateram na casa dela porque a funcionária fantasma era ela, não era eu", apontou a viúva de Adriano Nóbrega, que chegou a ser condecorado por Flávio enquanto esteve preso.

Conforme o Uol, mais de um ano depois de anexar a prova ao processo, a a Procuradoria Geral de Justiça do Rio (PGJ-RJ) não utilizou essa nem outras provas que reforçam os indícios de rachadinha praticada pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tinha Fabrício Queiroz como operador do esquema.

Uma escuta telefônica feita pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, há dois anos, mostra uma irmã do ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, acusando o Palácio do Planalto de oferecer cargos comissionados em troca da morte do ex-capitão. 

No conteúdo, Daniela Magalhães da Nóbrega afirma a uma tia, dois dias após a morte do irmão numa operação policial na Bahia, que ele soube de uma reunião envolvendo seu nome no Palácio, e do desejo que se tornasse um “arquivo morto”. 

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“Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome de Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo”, contou, em gravação autorizada pela Justiça. 

Morto em 9 de fevereiro de 2020, Adriano passou mais de um ano foragido sob a acusação de comandar a maior milícia do Rio de Janeiro. Ele também era suspeito de envolvimento no esquema da “rachadinha” no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa Fluminense. 

A gravação faz parte das escutas realizadas pela polícia no âmbito da Operação Gárgula, que miraram o esquema de lavagem de dinheiro e a estrutura de fuga de Adriano. 

A polícia ouviu conversas de familiares, amigos e comparsas de Adriano por mais de um ano. Daniela, por sua vez, não é acusada de envolvimento nos crimes do irmão.  

A conversa sobre o Planalto foi feita com a tia dois dias depois da morte do irmão, num suposto confronto com policiais militares no interior da Bahia. Desde aquele dia, a família suspeita de uma execução para “queima de arquivo”, o que não foi comprovado até o momento. 

“Ele falou para mim que não ia se entregar porque iam matar ele lá dentro. Iam matar ele lá dentro. Ele já estava pensando em se entregar. Quando pegaram ele, tia, ele desistiu da vida”, afirmou Daniela. Pouco depois, a tia comenta com Tatiana, outra irmã de Adriano: “Daniela sabe de muita coisa, hein?”.

As suspeitas pela morte do ex-PM foram levantadas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), dias após a ocorrência na Bahia. Ele e Flávio defenderam uma perícia independente para analisar o caso. 

A atuação de Bolsonaro foi alvo de elogio de Tatiana em uma outra conversa. “Ele foi nos jornais e colocou a cara. Ele falou: “

‘Eu estou tomando as devidas providências para que seja feita uma nova perícia no corpo do Adriano’. Porque ele só se dirige a ele como Adriano, capitão Adriano”. 

Ela também sugere que a ordem para matar o irmão foi do ex-governador Wilson Witzel. “Foi esse safado do Witzel, que disse que se pegasse era para matar. Foi ele”, pontuou. 

Foi possível analisar pelas escutas que, na avaliação da família de Adriano, ele era acusado de integrar uma milícia apenas para vincular o presidente aos grupos paramilitares. Tatiana, por sua vez, enfatiza ao negar a acusação feita ao irmão, a quem classifica como bicheiro. “Pessoal cisma que ele era miliciano. Ele não era miliciano, não. Era bicheiro. Querem pintar o cara numa coisa que ele não era por causa de coisa política porque querem ligar ele ao Bolsonaro. Querem ligar ele a todo custo ao Bolsonaro”. 

“Aí querem botar ele como uma pessoa muito ruim para poderem ligar ao Bolsonaro. Já disseram que foi o Bolsonaro quem assassinou. Quando a gente queria cremar, diziam que a família queria cremar rápido porque não era o Adriano. Uma confusão”. 

O vínculo de Bolsonaro com Adriano é desde 2005, quando, num discurso na Câmara dos Deputados, Bolsonaro criticou a condenação do então tenente da PM pela morte de um flanelinha numa operação policial. 

Em 2007, a então mulher do ex-PM, Daniella Mendonça, foi empregada no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio. Já em 2016, foi a vez do próprio Adriano assumir um cargo no mesmo lugar. As duas são acusadas de envolvimento no caso da “rachadinha”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) confessou, nessa quinta-feira (24), que a ex-secretária parlamentar Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí, nunca esteve em Brasília, apesar de ter sido registrada como funcionária de seu gabinete na Câmara dos Deputados.

"Não precisa interrogar a Wal não, e nem a mim. Eu estou confessando, ela nunca esteve em Brasília. Ela tomou posse por procuração", disse Bolsonaro na tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais. "Eu fiz isso a vida toda. E a Wal ganhava o equivalente a R$ 1.500 por mês, já somado o auxílio- alimentação", acrescentou.

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Na terça-feira, o Ministério Público Federal entrou com ação de improbidade administrativa contra o presidente e Wal por manutenção de funcionário fantasma, já que a ex-secretária ficou por 15 anos lotada no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro sem nunca ter pisado em Brasília, e ressarcimento de recursos públicos.

De acordo com o chefe do Executivo, a prática, no entanto, é comum. "Abre então processo em cima de toda a Câmara e todo o Senado", disparou o presidente contra o Ministério Público.

Após confirmar que irá disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, Fabrício Queiroz sonha com o apoio da família Bolsonaro. "Se eu tiver o apoio deles, com certeza serei o deputado mais votado do Rio de Janeiro", disse.

Em entrevista ao Estadão, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL) confirmou que ainda não conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) ou com os seus filhos sobre essa possibilidade de apoio. Vale lembrar que Eduardo Bolsonaro (PSL), que foi o deputado federal mais votado do país em 2018, deve tentar a reeleição pelo Rio de Janeiro.

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Queiroz, que ainda não se filiou a nenhum partido, declarou na entrevista que se aproximou do PTB, mas não descarta se filiar a outro partido. A sua única exigência é que seja uma sigla conservadora. Inclusive, ele assegura que conta com um grande apoio de várias páginas de direita nas redes sociais.

Rachadinhas

Fabrício Queiroz foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em 2020, acusado de ter desviado salários de assessores no gabinete do então deputado Flávio BolsonaroEle foi preso preventivamente em junho do mesmo ano e passou pouco menos de um mês na cadeia. Ele teve a liberdade concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Previsto para ser lançado no próximo mês, o livro de Sergio Moro sobre o período como ministro da Justiça revela que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) traiu o combate à corrupção. Com detalhes sobre seu pedido demissão, ele explica que um dos motivos foi a restrição para investigar o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) nas denúncias das rachadinhas.

"Agora, com os fatos, é fácil concluir que errei", avaliou o ex-juiz da Lava Jato após um ano e meio ao lado do presidente.

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Durante seu período no Executivo, ele diz que percebeu que o discurso anticorrupção não passou de uma proposta para conquistar votos. "No governo, descobri que a promessa de combate à corrupção era falsa. Como o compromisso com a economia liberal é irreal".

Entre as pautas de maior foco do Governo, ele percebeu que muitos esforços eram direcionados para ‘despetizar’ o Executivo. “Nada pior do que conduzir um governo motivado por ideologia ou revanchismos", percebeu.

Sem liberdade para investigar Flávio Bolsonaro

Moro lembra que Bolsonaro havia recomendado que ele não tentasse reverter a suspensão dos processos abertos com os dados Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização prévia. A determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, interrompeu a investigação contra o filho do presidente durante quatro meses.

“Na conversa com Bolsonaro a respeito do tema, fui, porém, orientado a me manter distante da questão. 'Se não vai ajudar, então não atrapalhe', ele me disse. Por uma questão pessoal, o presidente pedia a mim que ignorasse aquela séria ameaça ao sistema nacional de prevenção à lavagem de dinheiro”, escreveu.

"Não entrei no governo para proteger quem quer que fosse", afirmou Moro, que comentou sobre os ataques decorrentes da demissão. "Fui acusado de traição, mas não entrei no governo para servir a interesses pessoais", pontuou.

Indicação ao STF seria falsa

Ele nega a alegação do presidente de que abandonou o cargo por não ter sido indicado ao STF. "Bolsonaro não manteve a palavra nem sob o combate à corrupção, quanto mais a uma indicação ao STF", sugeriu.

Embora mantenha uma postura contra o STF, além de ter o filho favorecido na decisão de Toffoli, Bolsonaro também teria se aproximado do ministro Gilmar Mendes durante a pandemia.

"O STF, ao contrário do que diz Bolsonaro, nunca impediu o Governo Federal de combater a pandemia ou seus efeitos. O STF só proibiu o presidente de atrapalhar as ações dos Estados e municípios", criticou o ex-juiz.

Começo da crise

Ele já havia pensado em sair da gestão no primeiro ano de mandato, quando Bolsonaro não acatou os pedidos de Moro para vetar medidas do pacote anticrimes, como o juiz de garantias.

“Com aquela recusa do presidente em realizar os vetos solicitados, minhas ilusões quanto ao real compromisso dele com o combate ao crime e à corrupção de desfizeram por completo”, reconheceu.

Já em janeiro de 2020, o chefe também teria ameaçado retirar a pasta da Segurança Pública do ministério da Justiça, o que fez Moro dar um ultimado: "se a pasta fosse dividida, não continuaria no governo de jeito algum".

Troca no comando da Polícia Federal

Arrependido de ter aceitado o convite feito por Paulo Guedes dias antes do segundo turno, Moro conta que chegou a ceder à pressão de Bolsonaro para trocar o comando da Polícia Federal (PF) do Rio de Janeiro, onde o filho era investigado. "A polícia Federal não é polícia política", definiu.

O ex-ministro chegou a pedir que o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, indicasse outro nome para gerir a superintendência. O caso acabou com Valeixo pedindo demissão.

“Conversei reservadamente com Maurício Valeixo para verificar se haveria alguma forma de atender ao novo pedido de Jair Bolsonaro. Eu não devia ter feito isso, mas resistir a cada nova investida do presidente me causava desgaste e fazia com que eu perdesse tempo que poderia estar mais bem direcionado. Valeixo voltou a discordar daquele pedido e reforçou que era melhor mesmo sair do comando da PF”.

Pré-candidato a 2022

Fora do Governo Federal, Moro se mudou para os Estados Unidos, onde prestou serviços para a iniciativa privada. De volta ao Brasil, ele aceitou o convite de filiação do Podemos para concorrer à Presidência em 2022 e começa a viajar pelo país em eventos de lançamento do livro. No próximo domingo (5), o pré-candidato deve desembarcar no Recife.

O desembargador que era responsável pelo processo das rachadinhas de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) viajou com a comitiva presidencial a Dubai ao lado do próprio senador. Marcelo Buhatem, que atualmente é o presidente da Associação Nacional de Desembargadores (Andes), já havia condecorado Jair Bolsonaro (sem partido) em abril deste ano.

O desembargador foi um dos acompanhantes que Bolsonaro escolheu para a terceira viagem a Dubai em menos de dois meses. A comitiva está hospedada no luxuoso hotel cinco estrelas Habtoor Palace, com diárias de até R$ 81 mil.

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Representantes do Brasil em Dubai

Além da primeira-dama Michelle e dos filhos Flávio e Eduardo (PSL-SP), Bolsonaro é acompanhado por Magno Malta, que sequer possui cargo político; pelo vereador Nikolas Ferreira (PRTB); pelo deputado Hélio Lopes (PSL-RJ); pelo assessor Célio Faria Júnior e pelo chefe do chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), general Heleno.

Um time de ministros também viajou com o presidente, são eles a da Agricultura, Tereza Cristina; o da Defesa, Braga Netto; o do Turismo, Gilson Machado; e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

Após a passagem em Dubai, Bolsonaro desembarcou no Bahrein, onde foi recebido pelo rei Hamad Bin Isa Al Khalifa.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime contra o também senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), pedindo apuração de suposto esquema de "rachadinha" ligado ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça da casa legislativa.

Vieira diz que o pedido de apuração não tem como objetivo "acusar indevidamente quem quer seja", mas "garantir a célere coleta de provas, considerado o histórico de lenta ou nenhuma apuração de fatos graves envolvendo autoridades".

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"Ainda que se deva evitar o julgamento precipitado e prevalecendo o princípio da presunção de inocência, ante a vigência do inciso LVII do artigo 5º da Carta da República, é indispensável a imediata apuração dos fatos narrados", registra o documento.

O pedido tem como base uma reportagem publicada pela revista Veja segundo a qual seis mulheres teriam atuado como "funcionárias fantasma" no gabinete do ex-presidente do Senado, repassando seus salários. A notícia-crime pede que o caso seja remetido à Procuradoria-Geral da República e que sejam colhidos os depoimentos das testemunhas.

De acordo com a reportagem assinada pelo repórter Hugo Marques, as seis servidoras teriam de receber salários de R$ 4 mil a R$ 14 mil por mês, mas assim que eram admitidas, tinha de abrir uma conta no banco e entregar o cartão e a senha a "uma pessoa de confiança" do senador. Elas recebiam apenas uma gratificação, diz a reportagem. Ainda segundo o texto, o esquema teria funcionado entre janeiro de 2016 e março de 2021.

Em nota divulgada na sexta-feira (29), Alcolumbre afirmou que "vem sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes", citando a denúncia de suposta rachadinha em seu gabinete. "Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem. Tomarei as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos", afirmou.

No mesmo texto, Alcolumbre mencionou "orquestração por uma questão política e institucional da CCJ e do Senado Federal". O senador está no centro do imbróglio da sabatina de André Mendonça, indicado do presidente Jair Bolsonaro para ocupar a vaga em aberto no Supremo Tribunal Federal desde julho, quando o ex-decano Marco Aurélio Mello aposentou a toga.

O ex-assessor do gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), Fabrício Queiroz, resolveu sanar a curiosidade do povo brasileiro que passou os últimos 18 meses perguntando-se: ‘onde está Queiroz’. Desde que teve liberdade concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em março deste ano, ele vem compartilhando, pelo Instagram,  momentos descontraídos ao lado da família, em churrascos com frutos do mar e bebidas alcóolicas. 

Fabrício Queiroz foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em 2020, acusado de ter desviado salários de assessores no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro. Ele foi preso preventivamente em junho do mesmo ano e passou pouco menos de um mês na cadeia, tendo recebido o direito à prisão domiciliar. Há pouco mais de seis meses, a mesma Corte lhe garantiu a liberdade. 

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Reprodução/Instagram

Desde então, o ex-assessor do filho do presidente Bolsonaro tem compartilhado, com os seguidores do Instagram, um dia a dia descontraído e leve ao lado da família. Nas publicações, é possível ver Queiroz aproveitando churrascos, refeições com frutos do mar e bebidas como whisky.

No twitter, os internautas têm comentado com deboche sobre as aparições de Queiroz. “Nesse quesito, a justiça brasileira mostrou-se realmente imparcial. ela solta bandido de todos os espectros políticos”; "Não era esse cara que tinha câncer e pediu prisão domiciliar por isso?”; “Não tava com câncer esse miserável? Agora que stf soltou já está bom de novo?”; “Eles zombam de nossa cara. Mas mais ainda dos otários que vão às ruas defendê-los”.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, mantém em seu gabinete na Câmara três assessores investigados pelo Ministério Público do Rio no caso das "rachadinhas" - crime de peculato por desvio de salários.

Os três tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça em maio e recebem salários acima de R$ 10 mil. O MP do Rio suspeita que eles participem de esquema de funcionários "fantasmas", nomeados apenas para repassar os vencimentos a Carlos, sem dar expediente.

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Um dos investigados é Jorge Luiz Fernandes, chefe de gabinete do parlamentar. O Ministério Público apura se a mulher de Fernandes, Regina Célia Sobral, foi nomeada apenas para fazer parte do suposto esquema. Ela teve remuneração líquida de R$ 13,3 mil no último mês. O marido recebeu R$ 23,4 mil. Segundo o MP, há indícios de que Regina nunca tenha trabalhado de fato para o mandato.

Fernandes é uma das quatro pessoas destacadas como peças-chave das apurações, ao lado de Guilherme Henrique de Siqueira Hudson, da segunda ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, e do próprio Carlos. O casal Fernandes e Regina Célia entrou na lista de assessores do vereador no início de 2001 - ele assumiu a chefia de gabinete em 2018. O MP suspeita que a prática de "rachadinha" tenha ocorrido desde o primeiro mandato de Carlos, eleito pela primeira vez em 2000.

Outro investigado é suspeito de ter colocado familiares no suposto esquema. Edir Barbosa Góes consta como assessor de Carlos desde 2008 - hoje com salário líquido de R$ 16,9 mil. Em depoimento aos promotores, ele alegou que coordenava um núcleo integrado por sua própria família. O grupo seria responsável por distribuir "informativos" e receber demandas da população em Santa Cruz, bairro da zona oeste, desde 2001. Ele indicou a mulher e dois filhos para vagas na assessoria do mandato antes mesmo de começar a trabalhar formalmente no gabinete.

Sobre um dos filhos de Góes há na investigação o que, para o MP, é um forte indício de que ele não dedicava seus dias ao trabalho de assessor de Carlos. Durante mais de um ano em que esteve nomeado, ele manteve simultaneamente dois outros empregos, um deles em Itaguaí, município da região metropolitana, a 73 quilômetros do Rio. Os cargos públicos no Legislativo exigem o cumprimento de 40 horas semanais de trabalho e proíbem funções incompatíveis com essa demanda.

'Núcleos'

As duas famílias são parte da suposta estrutura que o MP do Rio diz ter detectado no gabinete de Carlos. O esquema foi dividido pela Promotoria em "núcleos", identificados por sobrenomes e com mais de um integrante da mesma família. São seis no total, incluindo os Fernandes e os Góes. Eles se somam às famílias Gerbatim, Martins, Duarte e Valle.

A família Valle é encabeçada por Ana Cristina Siqueira Valle. Então madrasta de Carlos, ela ficou no gabinete entre 2001 e 2008 e chegou a chefiá-lo. Segundo o MP, há indícios de que possa ter mantido um esquema de recolhimento dos salários de seus sete parentes empregados pelo vereador naquele período.

Carlos não é o único filho de Bolsonaro investigado por suspeitas por desvios de salários de servidores. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita pelo mesmo motivo.

Procurado, o gabinete de Carlos não se pronunciou até a conclusão desta edição. Os outros citados não foram localizados pela reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na madrugada desta terça-feira (21) a ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Ana Cristina Siqueira Valle, fez uma publicação nas redes sociais ironizando sua convocação para depor na CPI da Covid-19. Apontada como uma “peça-chave” para entender a atuação de um suposto lobista da Precisa Medicamentos, ela questionou se estava sendo chamada para o que classificou de “CPI do Lula”.

A comissão decidiu convocar Ana Cristina para esclarecer o teor das mensagens trocadas com Marconny Albernaz, que compareceu ao plenário na última quarta-feira (15). Em seu depoimento, Albernaz, suspeito de atuar como lobista da Precisa Medicamentos na negociação sobre a compra da vacina indiana Covaxin, disse que conheceu Ana Cristina através do intermédio de Jair Renan Bolsonaro, fruto do casamento dela com o atual chefe do Executivo.

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Embora tenha negado qualquer envolvimento com a ex-esposa do presidente, mensagens obtidas pela CPI sugerem que Ana Cristina pode ter trabalhado pela nomeação de figuras indicadas por Marconny no Governo Federal. O possível lobista fazia parte de movimentos simpáticos ao bolsonarismo, a exemplo do “Vem Pra Rua” e outras organizações da direita “anticorrupção”.

Ana Cristina Siqueira Valle também é investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Atual assessora parlamentar em Brasília (DF), ela é indicada como a operadora financeira do esquema de “rachadinha” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Em decorrência deste caso, Ana Cristina teve a quebra do sigilo bancário autorizada pela Justiça nesta semana.

 

A Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal da assessora parlamentar Ana Cristina Siqueira Valle, durante o período em que esteve casada com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ela é investigada no inquérito sobre a prática de “rachadinha” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). As informações são da Folha de S. Paulo.

Segundo a Folha, a suspeita dos promotores é a de que o vereador mantinha um esquema semelhante ao anteriormente atribuído ao senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), seu irmão, já acusado de liderar uma organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e apropriação indébita.

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O papel de Ana Cristina, neste caso, teria ligação com o que Fabrício Queiroz supostamente fazia no gabinete de Flávio, como operador financeiro da “rachadinha”, um esquema em que o parlamentar fica com a maior parte do salário dos funcionários. Durante os últimos 20 anos, ao menos sete parentes da assessora parlamentar foram registrados como funcionários de Carlos.

A determinação da Justiça permite que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) tenha acesso a dados bancários de Ana Cristina desde maio de 2005 até maio de 2021. Bolsonaro e ela oficializaram o divórcio em junho de 2008, em um processo litigioso com acusação de furto e relato de patrimônio não-declarado do casal a partir de 2007.

Em meio a separação, a ex-mulher do atual presidente relatou que ele chegava a alcançar uma renda mensal de R$ 100 mil. Para isso, Bolsonaro, até então deputado, que recebia R$ 26,7 mil como parlamentar e outros R$ 8.600 como militar da reserva, precisaria de uma “renda extra”, cuja origem não foi especificada.

 

Uma decisão unânime do Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicada na última quinta-feira (9), definiu que a prática de “rachadinha” – a apropriação de parte do salário de servidores pelos políticos que os nomearam – configura enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público.

Com a decisão, Maria Helena Pereira Fontes (PSL), candidata a vereadora do município de São Paulo (SP) em 2020, teve o registro de candidatura cassado e foi condenada à inelegibilidade por oito anos. O relator do processo foi o ministro Alexandre de Moraes.

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A candidata foi processada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por ter, desde janeiro de 1997, obrigado funcionários comissionados a entregar para ela parte da remuneração que recebiam, sob pena de exoneração. De acordo com o órgão, com a prática ilícita da “rachadinha”, a política teria acumulado R$ 146,3 mil em vantagem patrimonial.

O julgamento teve início no dia 8 de abril, quando o relator, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que a condenação criminal de Maria Helena, em ação civil pública, contém todos os elementos necessários para caracterizar a inelegibilidade da alínea “l” do inciso I do artigo 1º da Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar nº 64/1990).

Segundo o ministro, houve na conduta praticada pela política ato doloso de improbidade administrativa, com enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio do município de São Paulo (SP).

A análise do caso havia sido interrompida por pedido de vista do ministro Luis Felipe Salomão, solicitado em sessão por videoconferência em abril deste ano. Salomão apresentou o seu voto no Plenário Virtual. Os ministros acompanharam o entendimento do relator sobre a questão.

*Do site do TSE

O ministro Jorge Mussi, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou mais um pedido do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) para interromper o inquérito das rachadinhas.

O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro acionou a Corte depois que o Tribunal de Justiça do Rio autorizou o seguimento do processo. O argumento é que o próprio STJ anulou a quebra do sigilo do senador, medida que subsidiou a denúncia oferecida contra ele, o que segundo sua defesa coloca em xeque todo o caso.

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Em sua decisão, Mussi disse que o recurso foi enviado fora do prazo. Isso porque a defesa apresentou o pedido em um processo já encerrado no STJ.

"O presente pedido foi apresentado após o trânsito em julgado. Eventual descumprimento do acórdão proferido nestes autos deve ser impugnado pelos meios processuais adequados, mediante o ajuizamento de reclamação constitucional ou a impetração de habeas corpus. Assim, diante do exaurimento da prestação jurisdicional por esta Corte Superior de Justiça, nada há a prover", escreveu.

Denunciado em novembro do ano passado pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa, Flávio Bolsonaro é acusado pelo Ministério Público do Rio de comandar um esquema de desvio de salário de funcionários que trabalhavam em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Estado durante os mandatos como deputado estadual.

O caso voltou a andar depois que o MP pediu à Justiça do Rio a validação das provas que não têm relação direta com a quebra de sigilo anulada pelo STJ, o que na prática garantiu sobrevida à denúncia, embora mais enfraquecida.

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