Com o auxílio de aviões militares americanos, autoridades filipinas tentavam nesta segunda-feira (11) levar ajuda aos sobreviventes da passagem do tufão Haiyan, que deixou pelo menos 10 mil mortos no arquipélago e avançou para Vietnã e China.
Três dias depois do supertufão ter destruído cidades inteiras na região central das Filipinas, deixando áreas repletas de cadáveres, os sobreviventes estão sem comida, água e medicamentos. Ao mesmo tempo, as autoridades tentam evitar os saques.
Enquanto o país ainda faz o balanço da tragédia, outra tempestade se aproxima do arquipélago e ameaça provocar fortes chuvas na província de Leyte e em outras áreas devastadas pelo tufão Haiyan.
"Queremos que uma brigada organizada e coordenada retire os cadáveres, traga comida e acabe com os saques", disse Joan Lumbre-Wilson em um dos centros de desabrigados montados na cidade de Tacloban, a mais afetada.
"Já se passaram quatro dias. Queremos água e comida. Queremos que alguém nos ajude. Estamos física e emocionalmente esgotados. Há bebês e crianças que precisam de atenção", completou.
Apenas na província de Leyte, que tem Tacloban como capital, as autoridades mencionam 10 mil mortos. O balanço pode ser mais grave, pois muitas áreas ficaram isoladas e ainda não receberam ajuda humanitária, já que o tufão destruiu aeroportos, estradas e pontes.
Em Varsóvia, onde começou nesta segunda-feira a XIX conferência sobre o clima das Nações Unidas, a secretária-executiva para o clima da ONU, Christiana Figueres, disse que o tufão "é uma realidade que convida a refletir" sobre a mudança climática.
Marines chegam às Filipinas
Aviões militares americanos C-130 chegaram nesta segunda-feira a Tacloban com ajuda humanitária. Vários governos prometeram ajuda ante a devastação provocada por um dos tufões mais potentes já registrados.
A Austrália vai doar quase 10 milhões de dólares e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que as agências humanitárias da organização "responderão rapidamente para ajudar os necessitados". O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez um apelo sobre a urgência de levar ajuda às zonas de desastre, onde podem morar até quatro milhões de crianças.
"Estamos tentando levar urgentemente ajuda às crianças que estão sofrendo os efeitos desta crise", disse o representante do Unicef nas Filipinas, Tomoo Hozumi. "É muito difícil chegar às áreas mais afetadas. Mas estamos trabalhando contra o tempo", completou.
O trabalho de ajuda aos desabrigados pode ser prejudicado pela nova tempestade formada no Oceano Pacífico e que deve atingir na terça-feira a ilha meridional de Mindanao, para em seguida avançar na direção das ilhas centrais de Bohol, Cebu, Negros e Panay, todas já afetadas pelo Haiyan, afirmou o meteorologista Connie Dadivas.
Segundo o cientista, as áreas citadas, assim como a ilha de Leyte, começarão a sofrer com as chuvas ainda nesta segunda-feira.
Luta contra os saques
Em Tacloban, centenas de policiais e soldados filipinos foram mobilizados para evitar os saques, depois que grupos armados assaltaram um comboio da Cruz Vermelha no domingo. Além disso, homens roubaram aparelhos de televisão na cidade.
"Enviamos muitas unidades e, em caso de necessidade, enviaremos mais, não apenas a polícia, mas também o exército", disse ao canal ABS-CBN o porta-voz da Defesa Civil, Reynaldo Balido.
Após a passagem pelas Filipinas, o tufão Haiyan avançou para o Vietnã, onde deixou três desaparecidos. Cinco pessoas morreram durante os preparativos para a passagem do tufão, segundo a imprensa oficial.
Mais de 650 mil pessoas foram retiradas de suas casas de forma preventiva durante o fim de semana, mas já retornaram para casa, segundo o governo.
O tufão também atingiu o sul da China, com um balanço oficial de seis mortos. Segundo o ministério chinês de Assuntos Civis, 600 casas sofreram danos e 39 mil pessoas foram retiradas da ilha de Hainan.