Em um ano em que as salas de cinema precisaram fechar por causa da pandemia de covid-19, oito filmes que chegaram às nossas telas impressionaram suficientemente os eleitores da Academia para competir pelo maior prêmio de Hollywood: o Oscar de melhor filme.
Os sucessos de bilheteria podem estar ausentes, mas uma variedade eclética de títulos integra a seleção: de uma esplêndida ode da Netflix à Era de Ouro de Tinseltown a um pequeno drama independente sobre imigrantes coreanos que ganham a vida em zonas rurais dos Estados Unidos.
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Confira a seguir os oito filmes que disputam o prêmio principal da Academia de Artes e Ciências de Hollywood, no próximo domingo (25):
- "Meu Pai" -
Protagonizado por Anthony Hopkins e adaptado pelo dramaturgo francês Florian Zeller de sua própria peça teatral, "Meu Pai" leva os espectadores a uma viagem assustadora pela demência.
O filme é ambientado em um apartamento londrino, onde o doente e obstinado pai Anthony (Hopkins) demite seu último cuidador, obrigando a filha, Anne (Olivia Colman) a procurar um substituto antes de ir para Paris.
Elogiado em sua estreia no festival de Sundance, em janeiro de 2020, o filme ganhou muitos admiradores, em particular pela atuação de Hopkins, embora não seja considerado um dos favoritos ao prêmio.
- "Judas e o Messias Negro" -
Em um ano com várias produções dirigidas e interpretadas por afrodescendentes, "Judas e o Messias Negro" foi o único filme que chegou à lista dos melhores da Academia.
Em uma guinada do filme biográfico tradicional, o longa conta a metade da história de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), o líder assassinado dos Panteras Negras, da perspectiva de William O'Neal (Lakeith Stanfield), o informante do FBI que o traiu.
Produzido por Ryan Coogler, diretor do filme de super-heróis da Marvel "Pantera Negra", a fita é ambientada na Chicago da década de 1960 e narra os esforços de Hampton para impulsionar os ativistas contra a violência policial.
Último filme a entrar na corrida do Oscar, pois estreou para a crítica em fevereiro, o filme causou sensação com seis indicações, embora não seja uma aposta certa.
- "Mank" -
Nenhum filme tem mais indicações ao Oscar este ano do que "Mank", de David Fincher, um drama em preto e branco financiado pela Netflix que dramatiza, e em boa medida romanceia, a realização do filme "Cidadão Kane".
Concebido como uma ode regada a álcool à Idade de Ouro de Hollywood, o filme apresenta quem é quem dos titãs do cinema da época, incluindo David O. Selznick, Louis B. Mayer e o próprio criador do filme, Orson Welles.
A narrativa se concentra no veterano roteirista Herman Mankiewicz (Gary Oldman), enquanto escreve o que para muitos se tornará o melhor filme de todos os tempos, enfrentando os barões dos estúdios e políticos corruptos.
Apesar de sua grande aceitação e das credenciais genuínas, "Mank" divide amargamente críticos e eleitores, e suas esperanças poderiam seguir o caminho de Rosebud (última palavra proferida por Kane e que aparece impressa em um trenó de sua infância consumido pelas chamas).
- "Minari" -
O diretor coreano-americano Lee Isaac Chung estava prestes a abandonar a carreira cinematográfica para se dedicar ao magistério quando filmou "Minari", baseado em sua própria infância.
Filmado em inglês e em coreano, "Minari" é, em muitos sentidos, uma história americana: imigrantes que tentam abrir espaço, neste caso cultivando verduras coreanas no Arkansas dos anos 1980.
O filme - que reúne atores dos dois lados do Pacífico, incluindo o astro de "Walking Dead" Steven Yeun e a veterana atriz sul-coreana Youn Yuh-Jung - se concentra nas relações familiares no lugar de questões de raça ou etnia.
Quase universalmente admirado, é possivelmente o filme que gera menos divisões entre os indicados ao melhor filme e poderia ser um vencedor inesperado graças ao sistema de votação preferencial e classificado, usado pela Academia.
- "Nomadland" -
É raro que um filme domine os festivais e continue sendo o favorito indiscutível meses depois no Oscar, mas "Nomadland", de Chloe Zhao, ainda não fraquejou nesta temporada de premiações.
Mistura atrevida de 'road movie', 'western', drama e documentário, "Nomadland" descreve uma comunidade de americanos idosos que vivem fora do sistema em furgões deteriorados após perderem tudo na crise financeira global.
O elenco, que inclui vários "nômades" da vida real, interpretando versões de si próprios, é protagonizado por Frances McDormand, que ajudou a dar vida ao filme como uma de suas produtoras.
Poucos analistas consideram que outro filme será capaz de evitar que "Nomadland" leve o Oscar de melhor filme, assim como estatuetas em várias outras categorias em que é indicado.
- "Bela Vingança" -
Com sua trilha sonora pop, o colorido figurino rosado e uma diretora pouco conhecida, "Bela Vingança" é um filme atípico.
Primeiro longa-metragem de Emerald Fennell, o filme narra as peripécias do abandono de Cassie (a indicada Carey Mulligan) da faculdade de medicina, enquanto planeja se vingar dos ex-colegas, responsáveis pelo estupro de sua melhor amiga.
A fita tem cinco indicações e pode ser o vencedor inesperado da estatueta de melhor filme, embora o sistema de votação único da categoria tenda a não favorecer títulos polarizantes.
- "Sound of Metal" -
A campanha de prêmios para "Sound of Metal" vem sendo concebida há tempos: o filme estreou no festival de Toronto em 2019 e gradativamente gerou um boca-a-boca que lhe rendeu seis indicações.
Isso já é por si só impressionante para um filme independente de baixo orçamento sobre um tema fora de moda e potencialmente deprimente: Ruben, um baterista (Riz Ahmed) sofre com a perda da audição enquanto luta contra a dependência química.
Ruben faz malabarismos entre o desejo de recuperar a audição com os custosos implantes e a paz que encontra em sua nova comunidade de surdos.
Entre os filmes que têm menos chances de ganhar o Oscar de melhor filme, "Sound of Metal" atraiu atenção significativa da comunidade de deficientes auditivos e poderia ganhar nas categorias técnicas, inclusive som.
- "Os 7 de Chicago" -
Com uma conjunção espetacular de elenco, diretor-roteirista e lançamento oportuno durante os protestos multitudinários que antecederam as polarizadas eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos, não há dúvidas sobre as credenciais deste filme para faturar o Oscar.
Steven Spielberg pediu a Aaron Sorkin que escrevesse um roteiro sobre os protestos contra a guerra do Vietnã em 1968 que sacudiram Chicago, a violência policial que provocaram e o estranho julgamento que se seguiu.
Por fim, Sorkin, criador da série "West Wing", também assumiu a função de diretor e incorporou grandes figuras como Mark Rylance e Frank Langella junto com bons atores mais jovens, como Sacha Baron Cohen e Eddie Redmayne.
Se algum filme é capaz de desbancar "Nomadland", "Os 7 de Chicago" é o que tem mais chances, após levar o prestigioso prêmio do sindicato dos atores de Hollywood.