Tópicos | ciência

Um integrante do movimento antivacina no norte da Itália se converteu à ciência após ter parado na terapia semi-intensiva por causa da Covid-19.

Lorenzo Damiano era um dos líderes dos negacionistas em Treviso, província da região do Vêneto, um bastião da ultradireita italiana, e havia participado de manifestações contra as vacinas anti-Covid, mas acabou contraindo a doença durante uma viagem a Medjugorje, na Bósnia-Herzegovina.

##RECOMENDA##

O vírus o fez passar uma semana internado na unidade de terapia semi-intensiva do hospital de Vittorio Veneto, algo que acabou mudando sua ideia sobre os imunizantes. "Depois desse período, tenho agora outra visão do mundo e vou me vacinar", disse Damiano a jornais vênetos.

O ex-antivax tem 56 anos e chegou a fundar o movimento "Nuremberg 2", que propõe processar os responsáveis pelo "grande esquema de um vírus criado de propósito" - o nome faz referência ao Tribunal de Nuremberg, que julgou líderes nazistas após a Segunda Guerra Mundial.

Além disso, afirmava que "a vacina não vem de Deus". "Estarei pronto o quanto antes, quando Deus quiser, para fazer o mundo inteiro saber o quão importante é seguir a ciência coletivamente. Às vezes, é preciso passar por uma porta estreita para entender as coisas como elas são. Vacinem-se todos", acrescentou.

Mais de 84% do público-alvo já está completamente vacinado na Itália, porém mais de 6 milhões de pessoas não tomaram sequer a primeira dose, o que deixa espaço para o coronavírus continuar se disseminando.

A recente alta nos casos no país já fez o governo instituir um certificado sanitário para acesso a praticamente todas as atividades, incluindo locais de trabalho, e antecipar a terceira dose das vacinas para todos os adultos. 

Da Ansa

Os cientistas dizem que demonstraram o que muitas pessoas que tiveram a sorte de crescer com suas avós sempre souberam: as mães de nossos pais têm fortes instintos parentais e são predispostas a se preocupar, profundamente, com seus netos.

Um novo estudo divulgado na Royal Society B na terça-feira (16) é o primeiro a fornecer uma visão neural deste precioso vínculo intergeracional.

Usando imagens de ressonância magnética funcional, os pesquisadores da Emory University, no estado americano da Geórgia, escanearam os cérebros de 50 avós expostas a imagens de seus netos, que tinham entre três e 12 anos de idade.

Como forma de controle, também viram fotos de crianças desconhecidas, de um pai adulto do mesmo sexo que seus netos e de um adulto desconhecido.

"As áreas do cérebro que estão envolvidas na empatia emocional foram capturadas, e também as áreas do cérebro que estão envolvidas na simulação e na preparação de movimentos motores", disse à AFP James Rilling, antropólogo e neurocientista que liderou o estudo.

"Quando veem as fotos dos netos, elas sentem realmente o que o neto está sentindo. Então, quando a criança está expressando alegria, elas sentem aquela alegria. Quando a criança está expressando sofrimento, elas sentem esse sofrimento", acrescentou.

As mesmas regiões motoras do cérebro também são ativadas nos cérebros das mães, e acredita-se que estejam relacionadas ao instinto de segurar, ou de se aproximar, e interagir com uma criança.

Já quando as avós viam imagens de seus filhos adultos, houve uma ativação mais forte de regiões cerebrais relacionadas à empatia cognitiva - que busca entender o que uma pessoa está pensando, ou sentindo, e por que, sem muito envolvimento emocional.

Isso, de acordo com Rilling, pode estar relacionado à aparência fofa das crianças, que os mais jovens de muitas espécies compartilham para ativar respostas de cuidado.

- Primeiro do tipo -

Ao contrário de outros primatas, os humanos são "criadores cooperativos", o que significa que as mães recebem ajuda para criar seus filhos.

Rilling, que já havia conduzido estudos semelhantes sobre pais, quis voltar sua atenção para as avós para explorar uma teoria antropológica conhecida como a "hipótese da avó".

Essa hipótese estabelece que a razão evolutiva, pela qual as mulheres humanas tendem a viver uma vida longa - muito além de seus próprios anos reprodutivos -, é para fornecer bem-estar para seus filhos e netos.

Evidências que sustentam essa hipótese foram encontradas em sociedades que incluem os Hadza, um grupo de caçadores-coletores do norte da Tanzânia. Nele, as avós alimentavam seus netos com tubérculos nutritivos.

O efeito também foi observado em outras espécies, como elefantes ou orcas, que, como os humanos - mas ao contrário da grande maioria dos mamíferos -, também passam pela menopausa.

"Esta é realmente a primeira olhada no cérebro da avó", disse Rilling, explicando que os estudos com varreduras cerebrais em pessoas mais velhas geralmente se concentram na investigação de doenças como Alzheimer.

As avós, da região de Atlanta, na Geórgia, e de origens econômicas e raciais diversas, também preencheram uma série de questionários.

E as avós que relataram maior desejo de se envolver nos cuidados tiveram maior atividade nas regiões cerebrais de interesse.

Finalmente, ao comparar este novo estudo com os resultados de seu trabalho anterior com os pais, Rilling descobriu que, em geral, as avós ativavam regiões relacionadas à empatia emocional e à motivação de forma mais intensa.

A cientista garantiu, no entanto, que essa descoberta é apenas uma média e não se aplica, necessariamente, a todos os indivíduos.

Rilling também entrevistou cada uma das participantes para ter uma ideia dos desafios e recompensas de ser avó.

"De forma consistente, o desafio que mais surgiu foi a divergência de opiniões com os pais sobre a forma de criar os netos, seus valores e a luta constante em seu manter afastada sobre essas questões", disse.

Pelo contrário, e "com isso a gente brinca, mas muitas delas falaram como se pode retribuir aos netos, porque não é um trabalho de tempo integral".

Muitas avós sentiram que podiam estar mais presentes agora que estão aliviadas da pressão, em termos de tempo e de finanças, que sentiam quando estavam criando seus próprios filhos.

"Muitas delas disseram que gostavam mais de ser avós do que de serem mães", completou.

Desgostoso por ser obrigado a furar o teto de gastos em meio ao ápice da crise econômica, o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria dito em reunião nesta terça-feira (26) que o ministro da Ciência e Tecnologia (MCTI), Marcos Pontes, é "burro". 

Irritado, também teria criticado o mau uso do dinheiro público e se questionado sobre o que ele próprio estaria fazendo no cargo. Segundo a Folha de S. Paulo, Guedes rebatia a contestação de integrantes da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, que ainda tentam reaver os R$ 600 milhões retirados da pasta.

##RECOMENDA##

Com a presença de deputados da base e oposição, ele disse que alguns ministros deixam os recursos disponíveis parados. O economista ainda apontou que Pontes vive no 'espaço', não entende de gestão, e se for para devolver o dinheiro, não negociaria com o ministro astronauta, apenas com os assessores técnicos.

Ainda no momento das críticas, Guedes se queixou de um fundo enviado à Ciência para investimento, que na verdade, foi usado para 'foguetes', quando disparou contra Pontes: "burro". 

Outros ministros apontados como maus administradores foram Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e Onyx Lorenzoni, do Trabalho e Previdência. Por outro lado, citou Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, bom exemplo de bom uso dos recursos públicos.

Um pescador encontrou um pedaço de vômito de baleia flutuando em uma praia no sul da Tailândia, no Sudeste asiático, e agora o episódio inusitado pode lhe render cerca de R$ 7,5 milhões. Narong Phetcharaj, que geralmente ganha cerca de R$ 1.200 por mês com a pesca, estava voltando para a costa quando viu um objeto estranho sendo empurrado por correntes na praia de Niyom, na província de Surat Thani. 

Ao se aproximar, ele percebeu que a massa tinha a mesma textura cerosa e aparência de vômito de baleia, e a arrastou para longe da praia - acreditando que sua descoberta poderia valer algum dinheiro. Phetcharaj mais tarde levou o objeto a especialistas da Universidade Prince of Songkla para que o testassem e os resultados provaram que era âmbar cinza genuíno. A descoberta pesa quase 30kg e é bastante rara. 

##RECOMENDA##

O âmbar cinzento - ou vômito de baleia - é considerado um tesouro marinho e ouro flutuante por causa de um álcool inodoro que é extraído para fazer a essência do perfume durar mais. Phetcharaj disse ao britânico Daily Mail que “nenhum dos aldeões jamais viu ou tocou um âmbar-gris real de baleia antes, por isso todos estavam felizes”. 

Ele manteve o vômito de baleia enrolado em uma toalha por segurança e escondido em uma caixa de papelão antes de informar seus parentes sobre a descoberta. Antes de o âmbar gris ser testado na universidade, ele examinou o objeto primeiro em casa, imitando o que havia visto no noticiário sobre o vômito de baleia. 

Pedaços queimados do caroço pareceram confirmar que a substância era realmente âmbar gris, pois derreteu rapidamente. Phetcharaj disse: “Estou tão animado que não sei o que fazer. Pretendo vender o âmbar gris porque já recebi um certificado que prova que é real. Se eu conseguir um bom preço, vou parar de trabalhar como pescador e dar uma festa para meus amigos”. 

O pedaço sólido tem um cheiro desagradável no início, mas depois que a mucilagem seca, ele desenvolve uma fragrância doce e duradoura, o que o torna um ingrediente procurado na indústria de perfumes. Em fevereiro deste ano, trinta e cinco pescadores no Iêmen mudaram suas vidas após encontrar inesperadamente £ 1,1 milhão em vômito de baleia na carcaça de um cachalote. 

O achado foi descoberto depois que um grupo de pescadores foi alertado sobre uma carcaça de cachalote flutuando no Golfo de Aden por um pescador de Seriah. 

O Ministério da Economia diminuiu em 87% o encaminhamento de verbas para o setor de ciência e tecnologia neste ano - a queda foi de R$ 690 milhões para R$ 89,8 milhões. A perda do dinheiro com outras áreas frustrou pesquisadores, que já contavam com o recurso em 2021. Especialistas temem que projetos de pesquisas em diferentes áreas, como a da saúde, possam ser afetados.

Em sua decisão, o ministério alega que a proposta de orçamento para 2022 aumentará consideravelmente os recursos para projetos de pesquisa. O pedido de corte feito pela área econômica da gestão Jair Bolsonaro foi revelado pela colunista Míriam Leitão, do jornal O Globo. Em 25 de agosto, o governo enviou ao Congresso o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 16, que abria um crédito suplementar de R$ 690 milhões para o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações no orçamento deste ano.

##RECOMENDA##

Do montante total, R$ 34,578 milhões iriam para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e os R$ 655,421 milhões restantes seriam destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) - que apoia os programas e projetos prioritários de desenvolvimento científico e tecnológico nacionais.

Entidades - entre elas a Academia Brasileira de Ciências, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e Andifes, que reúne os reitores das universidades federais - reagiram à medida. Em nota, os acadêmicos fazem um apelo pela reversão do corte pelos parlamentares e dizem que "está em questão a sobrevivência da ciência e da inovação no País".

Em ofício assinado pelo ministro Paulo Guedes e enviado nesta quinta-feira, 7, à Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso, o governo decidiu dividir os recursos que iriam integralmente para ciência e tecnologia com outros seis ministérios.

Na nova formatação, já aprovada nesta quinta pelos parlamentares, os recursos projetos de ciência e tecnologia caíram de R$ 655,421 milhões para apenas R$ 7,222 milhões - ou seja, apenas 1,10% da proposta original. Da proposta original de R$ 34,578 milhões para a produção de radiofármacos, o governo aumentou para R$ 82,577 milhões.

A fabricação de remédios para câncer pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), conforme revelou o Estadão, chegou a parar em setembro por falta de recursos. Esses medicamentos atendem entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas no País.

No ofício do Ministério da Economia desta semana, a pasta alega que outro projeto - o PLN18, que ainda tramita no Congresso - destina mais R$ 18 milhões ao FNDCT neste ano. A equipe de Guedes também argumenta que, dos R$ 104,7 milhões orçados para ações do fundo em 2021, apenas R$ 87,4 milhões foram empenhados até agora.

"Para o ano de 2022, o Projeto de Lei Orçamentária Anual prevê a alocação total dos recursos do FNDCT em suas ações finalísticas, no montante de R$ 8,467 bilhões, sendo metade destinada às despesas primárias e metade às financeiras. No caso das despesas primárias, isso significa um acréscimo de R$ 3,723 bilhões, ou 729,9%, em relação ao PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) 2021", acrescentou o Ministério da Economia.

No fim das contas, o maior beneficiário das mudanças no PLN16 foi o Ministério do Desenvolvimento Regional, que irá receber R$ 252,2 milhões, seguido pela Agricultura e Pecuária com R$ 120 milhões, o Ministério das Comunicações com R$ 100 milhões. A Educação recebeu R$ 50 milhões e a pasta da Cidadania ficou com outros R$ 28 milhões.

A solicitação da Economia foi negociada para atender a interesses de deputados e senadores, que pediram o deslocamento da verba para outras áreas, conforme apurou o Broadcast Político. O projeto foi aprovado na quinta-feira, 7, pelo Congresso. O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), foi o relator da proposta e avalizou o acordo. No relatório, ele afirmou que as alterações foram promovidas para atender a "acordos" firmados na Comissão.

Duas perguntas para Renato Janine Ribeiro*

*Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-ministro da Educação

 

Quais são as principais áreas e projetos afetados pelo corte de verbas?

O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) é o mais afetado. Principalmente por dois pontos: pelos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), que não são exatamente institutos, mas projetos das universidades para desenvolver pesquisa nas áreas de saúde, engenharia, exatas em geral, humanas... São institutos aprovados pelo MCTI. A verba deles, que estava atrasada, agora vai ser prejudicada com o corte.

O outro ponto é o edital universal. Em geral, quando se abre uma oferta de auxílio, o CNPq faz editais ou chamadas de dois tipos: por edital específico, quando se quer favorecer estudos de saúde pública, produção de vacina ou violência pública, por exemplo, ou por meio de um edital universal, que é aberto a todas as áreas de conhecimento e precisa ter uma equipe de doutores para avaliar.

Depois de muito tempo, um edital universal foi aberto e dependia de R$ 250 milhões. Em vez disso, vai ter R$ 50 milhões, é um corte muito grande. O edital ficou aberto no mês de setembro e foi inclusive um edital rápido, já que há uma obrigação de gastar o dinheiro no edital até o fim do ano, senão o recurso é perdido.

Antes, não se perdia recurso no caso do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT, porque o que "sobrava" de um ano para outro permanecia no fundo. Mas o governo federal aprovou a Emenda Constitucional nº 109, que faz com que tudo que sobre, mesmo que seja do FNDCT, vá para o pagamento da dívida. Então, há uma forte chance do dinheiro do FNDCT ser perdido se não for usado. E o edital universal está com risco de ficar sem fundo.

O corte de verbas ainda pode ser revertido?

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que reúne 165 entidades científicas de diferentes áreas de conhecimento, a Academia Brasileira de Ciências (ABC), entre outras instituições, estão se mobilizando para isso. O baque na área é muito grande. A gente sente que o Ministério da Economia faz tudo que pode para tirar dinheiro do MCTI. Como quer desenvolver a economia de um país sem ciência e tecnologia?

Sem ciência e tecnologia não há desenvolvimento econômico. Isso é tão importante que até a CNI (Confederação Nacional da Indústria) está conosco, também lutando pelo FNDCT. É um momento realmente difícil. Falta dinheiro e ao mesmo tempo falta priorização. Se o Brasil tivesse investido mais dinheiro na vacina, por exemplo, teríamos vacinado a população mais rápido. Teríamos inclusive vendido vacinas ao exterior. (Colaboraram Roberta Jansen e Ítalo Lo Re)

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aprovou a criação do novo curso de bacharelado interdisciplinar em ciência e tecnologia (BICT), como também, das formações complementares de bacharelado em matemática aplicada e em ciência de materiais, a serem ofertados pelo Centro Acadêmico do Agreste (CAA), localizado na cidade de Caruaru.

Neste primeiro momento, serão oferecidas, para a primeira entrada, 40 vagas. Por meio da assessoria, o professor e diretor do CAA, Manoel Guedes, explica o novo bacharelado da instituição: “É um curso que possui estrutura curricular tanto de caráter generalista, com componentes nas áreas de ciência, tecnologia, saúde e humanidade, quanto com propósito profissional, especialmente nas áreas de Ciências e Tecnologia”.

##RECOMENDA##

Além disso, o bacharelado pretende atender alunos da região com interesse nas áreas de tecnologia e ciências, a fim de suprir as demandas da indústria da região. As atividades do curso têm previsão para iniciar no semestre 2022.1.

Nesta sexta-feira (3) é celebrado em todo o Brasil o Dia Nacional do Biólogo. A data foi instituída em memória ao dia em que a profissão foi regulamentada, em 3 de setembro de 1979, quando também  foi criado o Conselho Federal de Biologia (CFBio). De acordo com o órgão, cerca de cinco mil novos profissionais se formam em cursos de licenciatura e bacharelado em ciências biológicas todos os anos no país.

Este é o caso de Carlos Stênio, biólogo com formação pela Universidade Guarulhos (UNG) e autor do livro “Diário de um Biólogo: Diversidade”. Ele afirma que há pessoas que pensam que biólogos são apenas aqueles que trabalham com animais, porém, vai muito além disso. “Existem biólogos em sala de aula, em campo, em laboratórios produzindo vacinas [contra a Covid-19, por exemplo], fazendo educação ambiental, e arriscando suas vidas salvando animais nas queimadas da Amazônia e Pantanal”, esclarece.

##RECOMENDA##

Vale lembrar que não é de hoje que os profissionais da área da biologia contribuem com seu trabalho para o mundo, como os milhares de profissionais importantes que estão realizando divulgações científicas e lutando contra o negacionismo no Brasil. Stênio conta que existem diversas figuras do passado, que foram responsáveis por moldar gerações com suas descobertas. “Desde Charles Darwin [1809 – 1882], que apresentou sua teoria da seleção natural e marcou a história da ciência no mundo, até Louis Pasteur [1822 – 1895], que foi responsável pela redução da mortalidade e a criação da primeira vacina contra a raiva [vacina antirrábica]”, relembra o biólogo.

Essas grandes referências reforçam que a Biologia é uma profissão muito ampla. Segundo o especialista, nesta profissão é possível trabalhar com animais, lecionar  em escolas e faculdades, realizar contribuições em laboratórios, salvar o meio ambiente, ser escritor, redator e até roteirista de filmes e desenhos animados. “As pessoas precisam conhecer todas as vertentes da ciência. A melhor forma de criar possíveis cientistas é mostrando que a biologia é uma área necessária, importante, que tudo na sua vida depende dela, que vai muito além de trabalhar apenas com animais”, explica.

Por conta das diversas opções no mercado de trabalho no campo da biologia, existem inúmeros exemplos curiosos de produções de cinema e desenhos que tiveram o auxílio desses profissionais. “Atualmente, é bem comum biólogos produzirem filmes, como por exemplo, o live-action de ‘Rei Leão’ [2019] ou ‘Procurando Dory’ [2016] da Pixar. Além disso, há também Stephen Hillenburg, biólogo marinho, criador do desenho Bob Esponja. Biologia é o estudo da vida. Você estuda basicamente tudo: rochas, fósseis, animais extintos, corpo humano, flores e etc. Por isso é uma área com milhares de possibilidades”, admite o biólogo.

Relevância de uma data histórica

Stênio conta que no atual cenário de pandemia, a profissão de biólogo está em voga e gera comentários, mas nem sempre foi assim, já que a ciência possui pouca valorização no Brasil. “A relevância dessa comemoração é principalmente para mostrar que estamos aqui, lutando pela ciência e combatendo fake news diariamente. Mesmo com a baixa valorização e essa moda de negacionismo científico, com pessoas duvidando da ciência, deixando de se vacinar, espalhando notícias falsas pelo WhatsApp. Atualmente, é mais um grito de resistência do que uma comemoração”, finaliza o biólogo.

 

 

Procedimento comum entre as mulheres, o congelamento de óvulos permite que o sonho de ser mãe possa esperar mais um pouco. Já o congelamento seminal vai além, pois o sêmen congelado pode ficar armazenado por décadas, aguardando para a paternidade se tornar realidade.

“Há alguns anos as pessoas estão adiando a paternidade e a maternidade, principalmente focando na parte profissional e até mesmo na qualidade de vida, acham que podem adiar um pouco para ter os filhos e isso é muito comum. Os casais que nos procuram serão pais muito mais velhos que foram nossos pais e isso é uma tendência da sociedade em geral”, observa o médico especialista em urologia da Huntington Medicina Reprodutiva, Guilherme Wood.

##RECOMENDA##

No entanto, para a maioria dos homens que optam pelo congelamento seminal, o procedimento é uma opção para preservar a qualidade dos espermatozóides antes de uma cirurgia complexa, para aqueles que têm alguma doença ou, mais comumente, e para os que realizarão um tratamento de câncer, explica Wood.

“A maioria dos homens que fazem o congelamento seminal são aqueles que vão passar,  por exemplo, por um tratamento de câncer e que sabe que terá piora da qualidade do sêmen depois do tratamento, ou pacientes que vão passar por alguma cirurgia”.

No caso do publicitário Fábio Fernandes, de 46 anos, ele descobriu uma varicocele [dilatação das veias que drenam o sangue testicular devido à incompetência das válvulas venosas, associada ao refluxo venoso] ao tentar ter mais um filho com a segunda esposa. “Tive uma filha em 2005 no primeiro casamento. Em 2011 casei novamente e a partir de 2017 tentamos engravidar. Já nos primeiros exames descobrimos uma varicocele não tratada. Descobrimos que eu tinha uma azoospermia atípica”.

Ele fez duas cirurgias de varicocele, em 2017 e em 2019. “O resultado foi ótimo, permitiu o congelamento de um sêmen de excelente qualidade, mas nesse período não fizemos congelamento de óvulos e agora seguimos com dificuldades, provavelmente pela idade da minha esposa, que tem 38 anos hoje”, relata. Fábio considera importante conscientizar os homens sobre o congelamento. “A  exemplo do que tem sido feito com as mulheres em relação aos óvulos, os urologistas muitas vezes não esclarecem aos homens os riscos de infertilidade de uma varicocele no início”, lamenta o publicitário.

No momento, Fábio e a mulher têm dois embriões congelados, e estão avaliando se seguem tentando ter mais ou se partem para a implantação. “O material segue congelado e é preparado como "stand by", ou seja, uma reserva a cada tentativa de fertilização que fazemos. Nas cinco feitas até agora o sêmen à fresco segue dentro dos parâmetros normais, então a reserva congelada não precisou ser utilizada”.

Na opinião do paciente, é importante conscientizar os homens sobre a fertilidade masculina. “Acho de maior interesse público, como o nosso caso, é que médicos e pacientes têm que estar mais conscientes da necessidade de discutir o congelamento dos gametas de pessoas, casadas ou não, que desejam ser mães e pais um dia. A falência da produção de óvulos é programada, mas a dos espermatozóides também pode acontecer,  por uma "simples" varicocele, stress térmico ou por outros fatores que a ciência não domina”.

Diferenças entre o congelamento de óvulos e de sêmen

O médico Guilherme Wood ressalta as diferenças entre o congelamento de óvulos e de sêmen. “As mulheres têm um relógio biológico que é implacável, porque elas já nascem com os óvulos semi prontos, vamos dizer assim, e eles vão amadurecendo a cada ciclo menstrual. E em cada ciclo, ela está perdendo óvulos que ficarão mais velhos e vão diminuindo em quantidade. Quando ela passa dos 37, 38 anos, a fertilidade dela cai com muita velocidade e vai se tornando cada vez mais difícil conseguir engravidar tanto naturalmente e até mesmo por tratamento de reprodução. E quando chega a menopausa, ela não vai mais conseguir engravidar com óvulos próprios”, pontuou Wood.

Nos homens, é muito diferente, o médico detalha. “Os homens produzem espermatozóides durante toda a vida, a não ser que haja um problema testicular, ou outra causa, mas se não houver nenhum problema, um homem de 90 anos continua produzindo espermatozóides todos os dias, então ele é capaz de alcançar um gestação na mulher”.

O que não significa que a qualidade seminal seja a mesma sempre, frisa o médico. “A maioria dos trabalhos científicos diz que a partir dos 45 anos começa a ter mais risco de algumas doenças neurológicas nos filhos de pais mais velhos, como autismo e esquizofrenia. Não é um aumento muito relevante, mas existe sim esse risco aumentado em filhos de pais que tem mais de 45 anos”.

Um dos estudos mais recentes, “Efeito da idade paterna nos defeitos congênitos da prole: uma revisão sistemática e meta-análise”, indicou que a idade paterna está associada a um aumento moderado na incidência de anomalias urogenitais e cardiovasculares, deformidades faciais e distúrbios cromossômicos.

Idade para congelar o sêmen

Ainda não é comum os homens congelarem sêmen por serem jovens, completa o especialista. “Diferentemente das mulheres, que cada vez mais optam por congelar os óvulos quando estão chegando numa idade em que elas ainda não querem engravidar, mas querem preservar sua fertilidade, nos homens isso é muito menos definido. Mas sabemos que a partir dos 45, 50 anos, a maioria dos trabalhos científicos mostra que pode haver um maior risco de doenças associadas a filhos de pais mais velhos”, frisou.

Esse corte por idade para os homens é bem mais alto do que para as mulheres, já que para elas  o recomendável é congelar óvulos até 35 anos. “Geralmente o congelamento seminal é feito por motivo de doenças, mas se fosse para pensar numa data específica eu diria que 40 a 45 é a época ideal para congelar o sêmen, pensando em ter filhos com sêmen mais jovem”, recomenda o médico.

Custos

Os homens que desejam realizar o congelamento seminal precisam desembolsar cerca de R$3 mil para o procedimento e depois R$100 mensais para manter o material genético congelado. Ainda assim, o procedimento tem o custo bem menor que o congelamento de óvulos, que custa cerca de R$ 15 mil (valor para estimulação ovariana, coleta e congelamento), além do valor de manutenção dos óvulos congelados, cerca de R$ 1000 por ano.

“O congelamento de sêmen não é um procedimento caro, ao contrário do congelamento de óvulos que envolve medicações caras e procedimentos cirúrgicos para coleta dos óvulos. A coleta de sêmen é muito fácil, é uma coleta realizada por masturbação. A taxa do congelamento seminal varia em torno de R$3 mil e a mensalidade cerca de R$ 100 por mês para manter esse sêmen congelado. O sêmen congelado se preserva por décadas, temos amostras seminais muito antigas que já foram descongeladas e que mantém sua qualidade”, considera o especialista.

As amostras de sêmen são criopreservadas - mantidas em solução crioprotetora - em containers de nitrogênio líquido à 196ºC negativos e permanecem armazenadas por tempo indeterminado.

Na avaliação de Wood, a procura por congelamento seminal é igual entre casais homoafetivos  e heteroafeitvos. “Não reparo essa demanda maior entre homoafetivos. Porém o tratamento dos casais homoafetivo é bem mais complexo quando são dois homens, porque envolve uma terceira pessoa, o casal vai precisar de um útero de substituição, que é o nome mais correto para a barriga de aluguel, então vai ser preciso uma mulher que vai gestar esse filho,  é um tratamento que é muito mais caro e trabalhoso para este casal do que quando é um casal homoafetivo feminino”.

Legislação

No Brasil, segue-se a RDC 23/2011,  e as normativas do Conselho Federal de Medicina, que atualizou recentemente as normas para utilização das técnicas de reprodução assistida no Brasil.

De acordo com a legislação vigente no Brasil, os homens que desejam congelar, ou mesmo doar seus espermatozóides, devem passar por uma bateria de testes para marcadores de doenças infecto-contagiosas.

“É obrigatória a realização de uma triagem sorológica que inclui, por exemplo, hepatite B e C, HIV, HDLV, [entre outros]. Esses pacientes também fazem a sorologia para o vírus Zika, que ainda está vigente. É feita essa triagem e aqueles indivíduos que têm uma triagem negativa passam pela coleta dos espermatozoides. O congelamento dos espermatozóides geralmente utiliza a técnica de nitrogênio liquido”, detalhou o chefe do Departamento de Infertilidade Masculina da Sociedade Brasileira de Urologia Seccional de São Paulo, o urologista Sandro Esteves.

Pacientes que querem congelar para preservar seus espermatozóides tem que fazer as sorologias obrigatórias pela RDC 23, “mas é só para a rotina de armazenamento”, explicou o urologista Guilherme Wood. “As amostras de pacientes com sorologia positiva são tratadas de forma diferente, elas são armazenadas em tanques separados”, completou o especialista.

Esteves ressaltou que a RDC não limita a idade do paciente que queira congelar seu próprio sêmen. “Não tem um limite de idade quando o paciente quer congelar sêmen, mas sabemos que homens com mais de 45 anos têm um queda na qualidade dos espermatozoides, inclusive queda na qualidade do material genético que poderia aumentar o risco de desfechos adversos, inclusive alguns estudos indicando um potencial risco de defeitos na prole”, reforçou o urologista.

Uma equipe internacional de cientistas liderada por um acadêmico da Universidade de Harvard, EUA, anunciou em comunicado nessa segunda-feira (26) que buscará o espaço por evidências que possam representar "civilizações tecnológicas extraterrestres".

O Projeto Galileu é liderado por Avi Loeb, professor de ciências do Departamento de Astronomia da universidade, e o objetivo da empreitada é usar inteligência artificial para estudar dados de pesquisas astronômicas. Essa abordagem permitiria a detecção de viajantes interestelares, estruturas construídas por extraterrestres e fenômenos aéreos não identificados (UAP, na sigla em inglês).

##RECOMENDA##

"A ciência não deve rejeitar possíveis explicações extraterrestres por causa do estigma social ou preferências culturais que não conduzem ao método científico de investigação imparcial e empírica", declarou Loeb.

"Agora devemos 'ousar olhar através de novos telescópios', tanto literalmente quanto figurativamente", complementou.

Loeb sugeriu anteriormente que os humanos já encontraram exemplos de tecnologia alienígena, depois que um estranho objeto cósmico, Oumuamua, passou pela Terra em 2017, e foi identificado como um cometa ou asteroide. Em 2020, o cientista afirmou que poderia se tratar de um equipamento explorador do espaço criado por tecnologia alienígena.

"Podemos apenas especular se Oumuamua pode ser explicado por explicações nunca vistas, ou esticando nossa imaginação para Oumuamua talvez sendo um objeto tecnológico extraterrestre, semelhante a um raio de luz muito fino ou prato de comunicação, o que se encaixaria muito bem nos dados astronômicos", disse Loeb.

O Projeto Galileu parece se inspirar no Oumuamua, já que o trabalho se concentrará particularmente na busca e exame de "objetos interestelares semelhantes ao Oumuamua".

Da Sputnik Brasil

As crianças têm um risco “extremamente baixo” de doenças graves, hospitalização e morte por Covid-19, de acordo com as análises mais abrangentes de dados de saúde pública, conduzidas por pesquisadores da Universidade de Londres, Universidade de Bristol, Universidade de York e Universidade de Liverpool. Os resultados preliminares, publicados em três novos estudos pré-impressos, serão submetidos ao Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCVI) do Reino Unido, ao Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC) e à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com isso, os pesquisadores podem conseguir informar a política de vacinação e proteção para menores de 18 anos em todo o mundo. Os estudos não analisaram o impacto da Covid a longo prazo.

##RECOMENDA##

Durante os primeiros 12 meses da pandemia (até fevereiro de 2021), 25 menores de 18 anos no Reino Unido morreram de Covid-19, de acordo com dados de saúde pública analisados por cientistas das três universidades. No mesmo período, 5.830 crianças foram internadas no hospital com o vírus, 251 na UTI, constataram os estudos, que ainda não foram avaliados por pares.

A matemática equivale a um risco absoluto de morte por Covid-19 de um em 481.000, ou aproximadamente dois em um milhão. No geral, os pesquisadores concluíram que as crianças têm um risco “extremamente baixo” de doença e morte por Covid-19 e, embora crianças com graves problemas de saúde pré-existentes corram um risco ligeiramente maior, este é muito menor do que em adultos.

A Dra. Elizabeth Whittaker, uma das pesquisadoras do Imperial College London, disse que era “tranquilizador” os resultados refletirem o que é visto em hospitais: “vemos muito poucas crianças gravemente doentes”.

O pesquisador sênior, Professor Russel Viner, da University College London, disse esperar que as descobertas influenciem as políticas de vacinação e quarentena em crianças em todo o mundo, e que um dos estudos sugeriu que os riscos que as crianças enfrentam com uma interrupção da escolaridade e eventos sociais podem superar os da Covid. 19

Os estudos não analisaram o efeito do Covid longo em crianças, que pode causar sintomas debilitantes durante meses ou anos após uma infecção.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lança, nesta segunda-feira (5), o edital de bolsas de residência em iniciação profissional na área de gestão aplicada a projetos educacionais. O auxílio é de R$ 1.400 por 12 meses, período de execução do projeto.

Os interessados terão até o dia 9 de julho para realizar a inscrição. Segundo o edital, o projeto é voltado para graduados a partir de julho de 2018 nos cursos de psicologia, pedagogia, jornalismo, direito, história, letras/português, ciência da computação e sistemas de informação.

##RECOMENDA##

São seis vagas no total para atuar nos seguintes frentes: Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da UFRRJ, junto à Prograd, em apoio ao desenvolvimento de projetos institucionais; na gestão de projetos educacionais em direitos humanos; junto à Editora Universitária (Edur); e projetos voltados para coleta, análise e visualização de indicadores de produção acadêmica.

O processo seletivo será feito em duas etapas após as inscrições. Primeiro ocorrerá uma classificação com base em análise curricular, nos dias 19 e 20 de julho. A segunda etapa da seleção será uma entrevista no formato virtual, que será agendada nos dias 26 e 27 do mesmo mês.

O resultado dos aprovados está previsto para ser divulgado no dia 30 de julho, e o início das atividades remotas será no dia 9 de agosto. Os interessados em participar do processo devem enviar toda a documentação exigida no edital para o e-mail secretariaproext@gmail.com, com cópia para editais.proext.2019@gmail.com.

Cerca de 200 mil brasileiros mortos pela Covid-19 poderiam ter sido salvos se o país tivesse adotado políticas realmente efetivas de controle ao vírus. Pesquisadores ouvidos na CPI da Covid apontam que quase metade dos óbitos são decorrentes da falta de testagem, uso adequado de máscara, respeito às medidas restritivas e outras ações cientificamente comprovadas contra a pandemia.

"O Brasil tem 2,7% da população mundial e, desde o começo da pandemia, o país concentra praticamente 13% das mortes por Covid-19 no mundo [...] no dia de ontem, 33% das mortes por Covid-19 no planeta Terra aconteceram num país que tem 2,7% da população mundial. Portanto, é tranquilo de se afirmar que quatro em cada cinco mortes pela doença no Brasil estão em excesso, considerando o tamanho da nossa população", disse o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal.

##RECOMENDA##

Para o especialista, a proporção de mortes no Brasil deveria ser em torno de 105,3 mil casos. Hallal explica que morreram 2.345 pessoas a cada um milhão de habitantes no Brasil, enquanto a mesma taxa fica abaixo de 500 em todo o mundo. Atualmente, o Brasil acumula 513.474

"Essa é uma análise diferente da anterior e chega exatamente à mesma conclusão: quatro de cada cinco mortes foram evitadas se estivéssemos na média mundial. Não é se estivéssemos com um desempenho maravilhoso, como a Nova Zelândia, Coreia [do Sul] e Vietnã ", garante.

A médica e diretora-executiva da ONG Anistia Internacional Jurema Werneck expôs um estudo com metodologia diferente para reforçar a denúncia pela falta de compromisso com o combate à pandemia no Brasil. A pesquisa assinada pelas universidades Estadual e Federal do Rio de Janeiro junto com a Universidade de São Paulo (USP) feita através de projeções estatísticas indica que, no mínimo, 120 mil mortes poderiam ser evitadas.

O cálculo feito no estudo "Mortes Evitáveis ​​por Covid-19 no Brasil" não considerou a falta de leitos, materiais hospitalares como oxigênio, logo os próprios cientistas sugerem que o número pode ser ainda maior. "A gente poderia ter salvo as pessoas se uma política efetiva de controle, baseada em ações não farmacológicas, tinha sido implementada", rebateu.

Outra pesquisa produzida entre o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) e a Vital Strategies, aponta que, até o último dia 10, o Brasil poderia ter evitado 282.673 óbitos. O índice é 67% superior ao que era esperado, levando em consideração o histórico de mortalidade dos últimos cinco anos.

"O que muda o perfil de mortalidade de um país? Isso acontece em desastres naturais ou epidemias. Não existem outras possibilidades", questiona a epidemiologista Fátima Marinho, assessora sênior da Vital Strategies.

O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar o bloqueio ilegal de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (FNCDT) pelo governo, após reportagens do Estadão sobre o tema. Ao sancionar o Orçamento de 2021, o presidente Jair Bolsonaro desrespeitou uma lei complementar aprovada semanas antes pelo Congresso e contingenciou R$ 5 bilhões do fundo, o que prejudica até pesquisas sobre a covid-19.

Há duas representações em curso no TCU sobre o assunto. Uma formulada pelo subprocurador-geral junto ao TCU Lucas Rocha Furtado, e a outra pelo deputado federal Aliel Machado (PSB-PR). Na primeira, o subprocurador pede que a Corte apure "a ocorrência de ilegalidade na execução do orçamento da União (...) relativamente ao contingenciamento de recursos do FNDCT", e quais seriam os responsáveis pela eventual ilegalidade.

##RECOMENDA##

O subprocurador também pede que a Corte determine ao Ministério da Economia a liberação imediata do dinheiro bloqueado, uma vez que a demora pode inviabilizar a aplicação dos recursos para o financiamento de projetos de pesquisa. O procurador responsável pelo caso na Corte de Contas é Rodrigo Medeiros de Lima, e o relator é o ministro Aroldo Cedraz.

Diferentemente do que o nome sugere, o Tribunal de Contas não é parte do Poder Judiciário: ele faz o controle externo do governo federal, fiscalizando a aplicação de recursos - incluindo os repassados a Estados e municípios.

O objetivo do Fundo de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia é financiar projetos de pesquisa. Nos últimos tempos a maior parte de seus recursos foi alocada na "reserva de contingência". Em julho passado, várias entidades da área se juntaram para mudar a situação e conseguiram que fosse aprovada a Lei Complementar 177, que proibiu o Executivo de colocar dinheiro na "reserva de contingência". Quase um mês depois, porém, Bolsonaro ignorou a nova lei e sancionou o Orçamento com os R$ 5 bilhões retidos.

Em resposta ao Estadão, o Ministério da Economia reconheceu o problema e disse que o dinheiro será liberado, mas não deu prazo. Até agora, o governo enviou ao Congresso dois projetos de lei liberando parte do dinheiro. A maior parte da verba (R$ 1,88 bilhão) foi alocada para o financiamento de projetos de desenvolvimento tecnológico de empresas privadas. O restante (R$ 415 milhões) vai financiar testes de vacinas contra a covid-19.

"Se olharmos para a cronologia, este item do Orçamento (os R$ 5 bilhões em reserva de contingência) é ilegal. E o Executivo vai ter de resolver ao longo do ano", disse o analista do Senado Leonardo Ribeiro, especialista em contas públicas. E o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, também considera o bloqueio ilegal. "Quando tanto se fala sobre a importância da ciência, o orçamento desse setor é o pior dos últimos anos."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Universo está se expandindo continuamente desde sua origem. Esse movimento é impulsionado por uma força conhecida como energia escura, que leva esse nome porque suas propriedades ainda são uma pergunta em aberto para a Cosmologia. Agora, a ciência ganha um aliado que pode oferecer respostas: o radiotelescópio Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations (Bingo), coordenado pela Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e cientistas de Europa e China.

Quando concluída, a estrutura do Bingo será composta por dois pratos gigantes, cada um com cerca de 40 metros de diâmetro, que receberão radiação do céu e projetarão seu espectro em uma série de detectores metálicos, chamados cornetas. A previsão é de que a primeira comece a operar este mês na cidade de Aguiar, no sertão da Paraíba, onde o radiotelescópio será montado. A versão completa do experimento, no entanto, teve sua construção afetada pela pandemia e deve ser finalizada só em 2022.

##RECOMENDA##

Cerca de 80% das peças que compõem o Bingo são da indústria brasileira, diz o professor do Inpe Carlos Alexandre Wuensche. O instituto concentra praticamente toda a instrumentação astronômica do País em sua Divisão de Astrofísica, e é responsável por coordenar a construção do radiotelescópio. "As únicas peças que importamos são componentes eletrônicos que o País não produz."

Com financiamento de R$ 13 milhões, repassados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Bingo se distingue de outros radiotelescópios por se concentrar na época em que a energia escura se tornou predominante no espaço, explica o professor Elcio Abdalla, do Instituto de Física da USP e coordenador-geral do projeto. "A expansão do Universo depende fundamentalmente da energia escura, que começou a se desenvolver há alguns bilhões de anos, e é exatamente esse período que estamos observando", diz.

'Miolo'

Para compreender esse fenômeno, os cientistas vão buscar pistas em um tipo específico de radiação que permite enxergar as oscilações acústicas de bárions, mencionadas no acrônimo em inglês do projeto. "Se o cosmo fosse um pão, nós estaríamos estudando o miolo para saber quais ingredientes foram utilizados na preparação", compara João Alberto de Moraes Barretos, doutorando que integra a equipe.

O "miolo", seguindo a analogia, são as oscilações bariônicas. São elas que devem ser detectadas pelas antenas gigantes na Paraíba. Ao investigá-las, os pesquisadores querem descobrir a natureza do setor escuro do Universo. A grosso modo, sabe-se que elas foram influenciadas pela energia escura, mas não se conhece, de fato, o que é essa energia. "Ela é prevista teoricamente, e queremos entendê-la por meio das marcas que deixou nas oscilações bariônicas", afirma Wuensche. O Bingo pretende ser o primeiro radiotelescópio do mundo a empregar essa técnica.

Uma das etapas fundamentais do processo é o mapeamento da distribuição de galáxias no Universo. Isso porque os locais onde há mais concentração de matéria são os que apresentam a maior quantidade de átomos de hidrogênio neutro, o principal componente de tudo o que é visível no espaço. As oscilações acústicas de bárions, por sua vez, vêm "impressas" no espectro de emissão desses átomos.

"O diferencial do Bingo em relação a outros experimentos internacionais é que ele se propõe a calcular o espectro desta emissão no comprimento de onda de 21 centímetros, onde as oscilações bariônicas são observáveis", explica Larissa Santos, professora do Centro de Gravitação e Cosmologia da Universidade de Yangzhou, na China. "Desse modo, temos uma ideia da história da evolução do Universo, e de como ele está se expandindo".

Citada na apresentação do projeto à Fapesp, uma das motivações é a formação de engenheiros e técnicos com as habilidades necessárias para que, no futuro, o País tenha profissionais capazes de construir sistemas de radioastronomia no chamado "estado da arte". Segundo Abdalla, essa é uma das razões que tornam o intercâmbio de informações tão importante.

Em outra frente, a Universidade Federal de Campina Grande, parceira no experimento, faz a divulgação científica do Bingo em escolas da região de Aguiar. Coordenadas pelo professor João Rafael dos Santos, as atividades de extensão incluem palestras e aulas de Ciências, Astronomia, Astrofísica e Cosmologia aos alunos da rede pública.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

[@#galeria#@]

A interrupção das atividades escolares de caráter presencial impôs a 4,2 milhões de estudantes brasileiros do Ensino Médio uma série de desafios para dar prosseguimento aos seus estudos. Entre jovens negros, indígenas, mulheres, moradores do campo e trabalhadores, os desafios da última etapa da Educação Básica frente à pandemia são ainda atravessados pelas especificidades de cada contexto e condição vivida.

##RECOMENDA##

Tanto a gestão escolar quanto os educadores estão vivenciando desafios contínuos para fortalecer os laços dos estudantes com a escola ainda que a distância, procurando manter o vínculo escolar a fim de reduzir os riscos de evasão e abandono. Nesse contexto, a Escola Estadual Rio Caeté resgatou o projeto do Clube de Ciências R3C, criado em 2017, com o intuito de aproximar os alunos que gostam de química e incentivá-los à profissão de ciência.

Coordenado pelo professor de Química Eduardo Vieira, o clube tem como objetivo incentivar o ensino da ciência, aproximando o aluno da experimentação científica e do método científico. Como orientador do projeto, Vieira observa que os alunos são uma janela aberta para o conhecimento.

Segundo o coordenador, a mudança de postura é aparente. Talvez por representarem um grupo seleto, observa, os alunos se sentem mais valorizados. “As médias nas outras disciplinas não mudaram, porém em química, física e biologia houve uma melhora, o interesse nas inscrições para o vestibular também. O resultado acredito que seja uma notória mudança, não de nota, mas de perspectiva por parte dos alunos”, destacou.

No início do ano passado, 32 alunos do Ensino Médio estavam inscritos no projeto. Porém, pela falta de recursos para acomodá los, este ano o professor precisou ser mais seletivo, e no momento 13 alunos estão ativos no clube, os demais aguardam processo seletivo para entrar. Em decorrência da pandemia de covid-19, as novas inscrições tiveram que ser adiadas.

Atualmente, o canal no Youtube, a página do Facebook e o grupo de Whatsapp se mantêm ativos para não quebrar o vínculo. O espaço do laboratório se tornou virtual e as manifestações e atividades são divulgadas no canal R3C Clube de Ciências. “O canal se tornou tão divulgado que agora estamos investindo em uma rádio web que funcionará em horários definidos, pois será tudo ao vivo. A rádio web está criando um grande entusiasmo nos alunos”, afirmou.

A diretora da escola estadual, Madalena Monteiro, afirma também que depois do clube, e com o auxílio do professor, os alunos têm outra visão da disciplina que antes era tão temida e hoje são apaixonados e dedicados. “Eu fico muito feliz em ver nossos alunos participando de olimpíadas, ações educativas, mas principalmente aprendendo ciências na prática, de forma prazerosa e ainda incentivando os colegas.”

Desafios do ensino remoto

Um levantamento feito pelo site UOL, entre agosto e setembro de 2020, com 5.580 estudantes, professores, pais e/ou responsáveis e dirigentes de instituições de ensino públicas e privadas do país, mostra que 60,5% dos estudantes participam de quase todas as atividades oferecidas pela escola na pandemia, mas 72,6% consideram que o estudo remoto é pior em comparação com as aulas presenciais. A opinião é compartilhada por parte dos pais e responsáveis, com 51,5%.

Os estudantes também relatam outros problemas no formato, como sobrecarga e saudade da rotina escolar. Para 82,6% dos alunos, a falta do contato presencial com amigos afeta os estudos e a aprendizagem. Para 58,3% deles, a escola manda muitos materiais e eles relatam que não estão dando conta de estudar.

Aluna do ensino médio de rede pública estadual, Izabelly Correia de Oliveira, de 16 anos, participou da pesquisa. Ela disse que teve crises de ansiedade no início de março com o fechamento das escolas. "Recorri aos cursos on-line e pré-vestibular para manter os estudos, tive apoio da minha família e de professores para não desistir", conta

Para ela, a maior dificuldade em relação às aulas remotas está em manter a concentração. "O mais difícil é entender quando é momento de assistir à aula e não fazer outra coisa. Tentar organizar minha rotina de estudos e também não dispersar durante as atividades. Além disso, lamento que muitos colegas não tenham computador. Alguns conseguiram receber fascículos impressos com conteúdos das aulas para fazer as atividades. Foi uma adaptação para todos nós", descreveu a estudante.

Ainda no que se refere às atividades remotas, 29,2% dos estudantes entrevistados disseram ter dificuldade em conexão com a internet, por causa do sinal das operadoras. Para 10,8% deles, não ter dispositivo próprio ou precisar compartilhá-lo com outros integrantes da casa afeta o estudo e a aprendizagem durante o período da pandemia. Já em relação ao acesso à internet, 63,5% responderam ter banda larga ilimitada e 25,8% utilizam de terceiros.

Por Larissa Silva.

Uma parceria entre diversas universidades públicas no Nordeste fará o lançamento do UniVERciência, programa exibido em TV aberta e na internet, com o objetivo de divulgar novas descobertas do meio científico acadêmico. O evento de inauguração do programa será neste sábado (22), às 10h, transmitido pelo canal da TVE Bahia no YouTube, com a participação de representantes das instituições parceiras.

Ainda haverá, a partir das 14h30, no mesmo canal, a transmissão do primeiro episódio. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE) fazem parte da união com outras 18 instituições públicas de ensino superior dos nove estados do Nordeste. No canal da TV Universitária da UFPE (TVU), novos episódios serão exibidos todas as terças, às 20h30, a partir do dia 25 de maio.

##RECOMENDA##

Já no canal da UPE, os conteúdos serão retransmitidos, de forma simultânea, diretamente da grade da TVE Bahia. Ainda haverá reexibição dos programas em dias e horários alternados, nas segundas-feiras às 20h, e quartas-feiras, às 7h30. O primeiro episódio abordará as atividades realizadas por pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, e da Universidade Federal do Ceará (UFC), no combate à Covid-19.

A UEFS desenvolveu o Portal Geocovid Brasil, que monitora dados sobre a evolução da pandemia do novo coronavírus no País, a partir do uso de recursos de geotecnologias com inteligência artificial. A primeira temporada terá 15 episódios de aproximadamente 26 minutos de duração, que poderão ser assistidos em diferentes plataformas digitais.

A TVE Bahia será responsável pela produção, articulação, exibição e distribuição do Univerciência. Os conteúdos produzidos pelas universidades parceiras terão apresentação, produção e edição final da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, pela TV Uesb.

O governo da Alemanha e a Organização Mundial da Saúde (OMS) uniram forças e anunciaram nesta quarta-feira (5) a criação de um centro global para o combate a epidemias e pandemias, com sede em Berlim.

O "hub" de inteligência deve iniciar o seu funcionamento até o final deste ano e terá como objetivo reunir instituições governamentais, acadêmicos e o setor privado.

##RECOMENDA##

"Com sede em Berlim, o centro da OMS será um centro global que trabalhará com parceiros de todo o mundo para impulsionar a inovação do tema da pandemia", explicou o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, durante coletiva de imprensa virtual.

A conferência também contou com a presença da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do ministro alemão de Saúde, Jens Spahn.

Durante a divulgação, Merkel elogiou o papel da OMS na liderança do combate contra a pandemia de Covid-19 e disse esperar que o centro de inteligência permita a criação de ferramentas para que os países se preparem para emergências futuras.

"A análise apurada e rigorosa de dados sanitários é de importância fundamental, para evitar danos maiores causados por futuras pandemias", disse ela.

Segundo a líder alemã, o local irá coletar "os dados para preparar as análises certas e para promover o conhecimento, que não poderia ser alcançado rapidamente por todos por conta própria".

Na apresentação do novo hub também foi destacado que o centro pretende ser uma plataforma que permite a todos os cientistas do mundo analisar dados e desenvolver modelos para melhor avaliar os riscos das emergências sanitárias. Os resultados dos estudos serão compartilhados com outros países.

O ministro da Saúde alemão referiu-se ainda sobre a necessidade de colaboração dos países-membros da OMS para garantir a eficácia do projeto.

"Este centro será tão bom quanto todos o permitirmos que ele seja. Todos devemos participar ativamente na sua configuração", enfatizou Spahn.

Para ele, é preciso "identificar o risco de epidemia e pandemia o mais rápido possível, onde quer que ocorra no mundo. Para isso devemos fortalecer o sistema de observação global com melhor coleta de dados e análise de risco".

O orçamento do projeto ainda não foi divulgado, mas o diretor-executivo do Programa de Emergências da OMS, Michael Ryan, confirmou que haverá um aumento de funcionários da OMS para integrarem o novo centro.

Da Ansa

Cidades ferrenhamente bolsonaristas, que elegeram, em 2018, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com 50% ou mais dos votos válidos, destacam-se entre os 5.570 municípios brasileiros como as mais vulneráveis à infecção ou morte por Covid-19. Nos municípios onde o presidente teve mais da metade dos votos no segundo turno das últimas eleições, o risco de infecção foi 299% e o de mortes, 415% maior do que nos municípios onde ele perdeu a eleição. O foco do estudo é mostrar os efeitos fatais do negacionismo na população, diante da crise na Saúde.

Os dados constam em nova pesquisa, publicada em 28 de abril, por estudiosos do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Universidade de Toronto, no Canadá, e do Ibmec, intitulada “Os efeitos desastrosos dos líderes na negação: evidências da crise do COVID-19 no Brasil”.

##RECOMENDA##

Quando o escopo filtra as localidades onde o chefe do Executivo obteve mais de 70% dos votos no segundo turno, o resultado é pior: chega a 567% a mais a chance de se infectar e a 647% o risco de ir a óbito, do que em uma cidade onde ele teve menos de 30% dos votos. Isso equivale a sete vezes mais mortes nas cidades onde Bolsonaro ganhou com ampla margem.

“O Sr. Jair Bolsonaro é o arquétipo de um líder em negação. O atual presidente do Brasil fez uma sequência de discursos para televisão e rádio minimizando a gravidade da pandemia COVID-19. O conteúdo das comunicações do Sr. Bolsonaro minimizou os efeitos da doença, desconsiderou a importância do distanciamento social e estimulou a adoção de tratamentos sem comprovação científica de eficácia”, diz o documento, assinado pelos professores Sandro Cabral, Nobuiuki Ito e Leandro Pongeluppe.

Os cientistas organizaram um painel de dados dos 5.570 municípios com observações diárias de 25 de fevereiro de 2020 a 18 de fevereiro de 2021 sobre o número de infecções confirmadas e o número de mortes devido à Covid-19. Eles verificaram o que aconteceu após cinco discursos realizados por Bolsonaro, transmitidos abertamente por redes de TV e rádio de 6 de março de 2020 a 8 de abril de 2020. Foram usados também dados do Tribunal Superior Eleitoral sobre as eleições de 2018.

No arquivo de pesquisa, as cidades que lideram a lista não são identificadas, mas os gráficos confirmam as informações já divulgadas em 2018, que identificam maior concentração de votos a favor do presidente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O LeiaJá conversou com Sandro Cabral, professor do Insper/UFBA, que afirmou que ele e os colegas de trabalho optaram por “não estigmatizar as cidades e suas populações” através da pesquisa. O pesquisador também dá mais detalhes sobre o artigo.

“Nós escolhemos esses discursos porque, apesar dele (Bolsonaro) estar se comunicando todos os dias, ele fala para uma bolha. Fala em uma live particular semanal, no Twitter ou nos grupos do WhatsApp, por onde ele também se comunica somente para os seus seguidores. Escolhemos os discursos de TV porque assim, ele fala para o Brasil inteiro. Assim a gente sabe o impacto daquela mensagem de uma forma ampla, independente de se tratar de um município bolsonarista ou não”, aponta Cabral sobre a seleção dos discursos.

Também segundo o especialista, nas 52 primeiras semanas não houve nenhum discurso, depois de abril, sobre a pandemia. Após esse período, Bolsonaro se pronunciou nacionalmente no feriado de 7 de setembro e no Natal. O presidente comenta assuntos cotidianos sobre a Covid à imprensa ou aos seguidores nas redes sociais. Seu último discurso nacional foi em março deste ano, com uma leve mudança de tom, mas ainda marcado por sinais da desinformação e do negacionismo, sempre mencionando os entraves econômicos.

“Criamos um falso dilema entre economia e saúde, que são vistos como antagônicos, quando não são. Pelo contrário, preservar a saúde é preservar a economia. Se fossemos dar um valor à quantidade de mortos, de vidas perdidas que temos, quanto isso não acumularia? O prejuízo econômico das vidas abreviadas, sem falar no sofrimento das famílias. Nosso problema maior se concentra em uma ação descoordenada (do Governo Federal), em priorizar o que não é prioridade”, continua o co-autor do artigo.

O professor explica ainda que, nessas cidades em que as pessoas apoiaram, majoritariamente, Bolsonaro, os prefeitos, se não são governistas, mesmo que sejam da oposição, são mais suscetíveis à abertura do comércio e às flexibilizações, por pressões administrativas ou mesmo da própria população. Além disso, há também os que fazem parte da bolha negacionista, que se opõem ao uso de máscaras e defendem a economia em primeiro lugar, o que respinga em eleitos e não eleitores do presidente.

“A gente espera uma articulação central, um Governo Federal que nos mande sinais, mas se dele nós recebemos sinais contrários à contenção do vírus, dá nisso: 400 mil mortos, estamos empilhando corpos”, articula, por fim, Sandro Cabral, reafirmando também que a doença tem o poder de nos isolar do resto do mundo, pois quem sofre com as sanções diplomáticas são os brasileiros.

“Com o posicionamento do Brasil, nós sofremos as sanções. Barreiras sanitárias para o país, voos cancelados, relações ruins com outros líderes. O mundo pode querer se proteger e se isolar da gente”, conclui.

Na manhã desta terça-feira (4), o primeiro ministro da Saúde a enfrentar a pandemia no Brasil, o ortopedista Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), abriu as oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado. A investigação avalia possíveis omissões do Governo Bolsonaro no enfrentamento ao vírus e o uso de recursos da União por Estados e municípios.

Na condição de testemunha, Mandetta fez uma breve explanação sobre o início da pandemia no período em que esteve à frente da pasta, entre o dia 1º de janeiro de 2019 e 16 de abril de 2020. Ele lembra que, através da Secretaria Executiva, manteve diálogo com Estados e municípios, promoveu reuniões diárias na tentativa de comprar insumos, montou uma escala entre servidores para atender ao fuso-horário chinês e orientou todo sistema em relação à testagem e disponibilidade de leitos.

##RECOMENDA##

Sem máscaras já no começo da pandemia

“Todas nossas orientações foram assertivas, foram feitas pela ciência", ressaltou o ex-ministro, que pontuou que o repasse de medicamentos era monitorado pelo Serviço de assistência especializada (SAE) para evitar a briga judicial de Estados pela divisão dos insumos adquiridos.

"Nós ficamos quase a zero no Brasil de máscara. Não havia nem para a rede privada. Nosso sistema ficou extremamente vulnerável e próximo do colapso mesmo sem ter casos de Covid, naquele momento, em número suficiente", recorda ao comentar ainda sobre o início da pandemia, entre fevereiro e março, quando o mercado foi absolvido 'fúria de aquisição' de Estados Unidos e do mercado Europeu.

Questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre a testagem em massa, que jamais ocorreu no Brasil, o médico aponta que acionou a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) para reverter a falta de capacidade de compra do país. "No mês de março, nós iniciamos toda aquisição com 24 milhões de testes. Não adianta comprar o teste, tem que processar de maneira automatizada [...] disparamos o processo de aquisição com todas as dificuldades, mas isso só foi assinado o recebimento dos testes [quando] já era o ministro Teich e depois soube que essa estratégia não foi utilizada. Essa era, de maneira muito clara, a nossa estratégia para diminuir o índice de transmissão”, respondeu.

O caminho era a Ciência

Na sua visão, a estratégia adotada pela primeira gestão da Saúde na pandemia não foi encorpada após sua demissão. "Tínhamos um caminho, tínhamos claramente que iríamos testar, bloquear o máximo de contágio e tratar, via tensão primária, e ampliar nosso atendimento na rede hospitalar. Nós não tomamos nenhuma medida que não tenha sido pela Ciência e é isso que é recomendado. Agora, a posteriori vimos parar muitas coisas e não colocar outras no lugar, a testagem é uma delas", apontou.

Ele verificou a disparada de preços de produtos fundamentais para os leitos, principalmente dos respiradores, e culpou a competição interna pela situação. Sem dispositivos no mercado, Mandetta diz que o Ministério "pacificou" a questão ao estimular a indústria nacional a produzir os respiradores no próprio território. "O Brasil foi o país que comprou respiradores pelo valor mais baixo do mundo e os entregou 100%. Isso não impede dos governadores e prefeitos tentarem comprar através de representantes, coisa que o Ministério da Saúde também tentou", acrescenta.

Nenhuma vacina foi oferecida

Sobre a demora na negociação de vacinas, o médico relatou que não chegou a criar um protocolo de aquisição pois os imunizantes ainda estavam nas fases iniciais de testagem e só foram oferecidos após sua saída. "Na minha época não foi oferecido, mas eu rezava muito para que fosse. Teria ido atrás delas como um prato comida. A gente sabia que a saída era pela vacina".

"O SUS é o melhor sistema para aplicar as vacinas, basta tê-las. Nós temos histórico de mega campanhas de vacinação [...] o SUS é muito bom, basta colocar os insumos. Nós nunca tivemos dificuldade em abastecê-lo", intercedeu pelo Sistema Único de Saúde.

O ex-ministro ainda é ouvido por senadores e os trabalhos da CPI seguem nesta terça (4) com a participação do sucessor da pasta, Nelson Teich, às 14h. O terceiro gestor, o general Eduardo Pazuello, estaria agendado para esta quarta (5), mas alegou uma gripe para não responder aos senadores. Na quinta (6), deve ser a vez do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antônio Barra Torres, participarem da comissão.

*Conteúdo em atualização

Neste sábado (17), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, comemorou a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Na publicação feita em seu perfil no Twitter, o magistrado defendeu a Ciência e o SUS.

Sem distinguir o fabricante, Gilmar informou que recebeu o imunizante nessa sexta (16), em Brasília. "Parabenizo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal que tem trabalhado intensamente pelo avanço da imunização na capital", escreveu.

##RECOMENDA##

Ao fim da publicação, o ministro deixou as hashtags #VacinaParaTodos e #VivaOSuS, após afirmar que a Ciência salva vidas.

[@#video#@]

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando