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O percentual de pessoas que convive com múltiplas doenças crônicas é 50% maior entre as pessoas pretas do que entre as brancas, mostra Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil). A pesquisa, que acompanha a saúde de 15 mil adultos e idosos, é conduzida desde 2008 por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade de São Paulo (USP) e das universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), do Espírito Santo (Ufes), da Bahia (UFBA) e do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo o estudo, para cada grupo de dez brancos, participantes do estudo, com seis ou mais doenças crônicas, havia 13 pessoas pardas e 15 pretas. A pesquisa mostra, no entanto, que são as mulheres as mais afetadas pela condição classificada como multimorbidade, com seis ou mais doenças crônicas. Nesse grupo, 9,7% das mulheres são pretas, enquanto 5,7% brancas. Entre os homens brancos, o índice ficou em 3,6% e em 2,3% para os homens pretos.

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Em relação às doenças que afetam mais as pessoas pretas, está a diabetes mellitus, que, conforme o estudo, atinge 27,7% dessa população. Para as pessoas brancas, o percentual fica em 16,6% e para as pardas, 19,9%. Os números são relativos aos anos de 2008 e 2010.  A hipertensão apresentou uma incidência de 48,3% entre as pessoas pretas, 37,1% entre as pardas e 31,1% entre as brancas.  As doenças renais crônicas afetavam 11,1% dos participantes negros, 9,2% dos pardos e 7,9% dos brancos.

O boletim do Elsa elaborado a partir do recorte racial afirma que as diferenças observadas são resultado do racismo na sociedade brasileira, que “determina experiências de discriminação ao longo da vida, produzindo e mantendo desigualdades socioeconômicas (como na escolaridade e na renda), moradia, acesso a bens e serviços”.  A escolaridade é um dos dados que explicita essas diferenças. As mulheres brancas participantes da pesquisa têm um índice de 68% com acesso ao ensino superior. Para as mulheres pretas, o percentual fica em 30%, e para os homens pretos, 23%.

O Gerdau Transforma 2023, programa de capacitação e mentoria para o empreendedorismo da Gerdau em parceria com a Agência Besouro de Fomento Social, oferta formação online e gratuita para pessoas autodeclaradas pretas e pardas, entre os dias 21 e 27 de novembro.

A iniciativa é destinada a inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade social no mercado de trabalho por meio do empreendedorismo, desenvolvendo habilidades a partir de ferramentas de gestão para, assim, gerenciar o próprio negócio. Os interessados podem lançar candidaturas, até 17 de novembro, através do site do programa.

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Além da capacitação, os alunos terão apoio de consultores especializados em negócios por 90 dias, um período de incubação para que consigam colocar em prática tudo o que aprenderam no curso. Durante esse tempo, eles irão se reunir semanalmente com os professores por meio de encontros online para tirar dúvidas e buscar ajuda no desenvolvimento dos empreendimentos. 

“Acreditamos que o empreendedorismo tem um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa. O Gerdau Transforma ajuda a capacitar empresários informais e autônomos transformando ideias e sonhos em um negócio rentável, dessa forma empoderamos pessoas e moldamos um futuro melhor”, reforça Paulo Boneff, líder de responsabilidade social da Gerdau.

Do dia 11 ao dia 16 de setembro, acontecerá na Concha Acústica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a 12ª edição do Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (Copene). O evento irá reunir intelectuais, professores, pesquisadores, e estudantes de diversas instituições acadêmicas de todas as regiões do Brasil e da América Latina.

O Copene contará com apresentações artísticas e shows de artistas como Jorge Riba + Isaar e convidados: Maciel Salú, Bione, Orun Santana, Valdir Afonjah, Gabi do Carmo e Odalita Alves. O evento será realizado de forma remota, mas também terá atividades presenciais. Sessões temáticas, mesas redondas, minicursos e oficinas serão realizadas virtualmente.

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O encontro do Fórum Nacional de Articulação de Psicólogos/as Negros/as e Pesquisadores/as (ANPSINEP), a reunião do Fórum Nacional de Professores/as Africanos/as no Brasil e o Fórum de Educação Básica serão presenciais.

As apresentações culturais serão abertas ao público, gratuitas e presenciais.

Na quarta-feira (14), às 18h30, haverá a apresentação do Afoxé Oyá Alaxé, em sua sede no Pátio de São Pedro, no bairro de Santo Antônio, no centro de Recife. Nesse mesmo local, no dia 15, às 19h, o Grupo Bongar faz seu show com a participação de Pirão Bateu, Xambá das Yabás e Afoxé Oyá Alaxé.

O encerramento, no dia 16, fica por conta do Afoxé Alafin Oyó, que fará uma apresentação às 16h em sua sede, no bairro do Carmo, em Olinda.

Não é necessário se inscrever no evento para curtir as apresentações.

O congresso é uma iniciativa da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as. Realizado de dois em dois anos, esta edição do Copene conta com a correalização do Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (Conneabs) e da rede de universidades pernambucanas composta pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Pernambuco (UPE, Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e Instituto Federal do Sertão Pernambucano - IF Sertão.

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Por Joice Silva, com informações de assessoria

Pretos e pardos representam a maioria dos inscritos confirmados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), pretos são maioria na versão impressa, enquanto partos dominam as candidaturas do Enem digital.

Na modalidade impressa, o número de pretos com inscrições confirmadas totaliza 1.434.820. em seguida, estão os que se autodeclaram brancos (1.360.923), pardos (391.666), amarelos (63.114), não declarados (61.903) e indígenas (19.140).

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Já no Enem digital, a maioria dos inscritos se autodeclaram pardos (27.408). Em seguida, estão os brancos (25.324), pretos (8.937), não declarados (1.508), amarelos (1.443) e indígenas (446).

Veja também: São Paulo é o estado com mais inscritos no Enem 2022

Pela terceira vez, o projeto #AmpliaEnem vai pagar a taxa de inscrição, no valor de R$ 85, para estudantes pretos, pardos e indígenas inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. Os interessados têm até 23 de maio para realizar o cadastro por meio de formulário on-line.

Pessoas que desejam ser um apoiador da campanha podem se cadastrar também, através de formulário on-line. O apoiador será responsável pelo pagamento de uma ou mais inscrições do Enem. Em 2020, o Movimento Amplia beneficou cerca de 100 estudantes. Já em 2021, 835 inscrições foram confirmada por meio da iniciativa. Na edição de 2022, a meta é de 1000 estudantes.

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Neste 20 de novembro, a população preta do Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, considerado importante para o combate ao racismo e as diversas opressões que esse povo sofre. A data escolhida é em homenagem a Zumbi dos Palmares, uma das principais lideranças pretas do Brasil, que deu a vida contra a escravidão.

Mas como nossos representantes têm atuado para fortalecer essa luta atualmente? Na última quinta-feira (18), um projeto de Lei do senador Paulo Paim (PT), que tipifica a injúria racial como racismo, foi aprovado por unanimidade no Senado Federal. A matéria agora segue para análise da Câmara dos Deputados.

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A aprovação da matéria ocorre após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, em outubro deste ano, que o crime de injúria racial não prescreve. Na ocasião, os ministros da Corte entenderam que casos de injúria podem ser enquadrados criminalmente como racismo, conduta considerada imprescritível pela Constituição. 

Paim, ressaltou a importância da votação do projeto para o enfrentamento ao racismo. "A população brasileira é composta por 56% de pretos e pardos, ou seja, 120 milhões de brasileiros. A grande maioria é pobre, todos nós sabemos. O racismo estrutural é uma realidade. Está no olhar, nos gestos, nas palavras, na violência, no ódio", afirmou.

A cientista política e advogada Tassiana Oliveira, 36 anos, ressalta a importância de se ter políticos pretos, como é o caso do senador Paulo Paim, engajados na luta antirracista. No entanto, ela destaca a sub-representação desse povo. 

Para se ter uma idéia, dos 513 deputados em exercício, 89 deles se declaram pretos. No Senado, a diferença é ainda mais gritante: dos 64 senadores, 17 são pretos. No recorte por gênero, essa realidade consegue ser pior. Existem 11 mulheres pretas na Câmara dos Deputados e nenhuma no Senado.

Esses números estão longe de representar a realidade étnica do Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que 55,8% dos brasileiros se declaram como pretos ou pardos - enquanto brancos representam 43,1% da população. 

“A ciência política diz que, se a gente tem um número maior de pessoas representando as mais diferentes cores ou gêneros da sociedade no Legislativo, a gente tem melhores leis. No entanto, o que a gente precisa ter cuidado é que essa representação precisa ser substantiva, se não a gente teria casos como a do presidente da Fundação Palmares (Sérgio Camargo), que é uma pessoa racista em uma fundação que foi criada para lutar contra o racismo”, detalha. 

Pernambuco

Em Pernambuco, dos 49 deputados estaduais, apenas 14% deles se autodeclaram negros. No entanto, maioria (5) ainda se declara parda, apenas os deputados Doriel Barros (PT) e Juntas codeputadas (PSOL) se declaram realmente pretos.

Robeyoncé Lima, uma das codeputadas das Juntas, detalha que quando se associa a perspectiva da raça também com o gênero, se encontra mais dificuldade. "Não é somente a dificuldade de acesso no contexto local, é também a dificuldade de acesso no cenário nacional. A gente vem cada vez mais enfrentando dificuldade por conta do conservadorismo, de como arrumar estratégias para ocupar esses espaços".

Na luta contra o racismo, as juntas conseguiram aprovar na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe) a lei que impede qualquer forma de discriminação no acesso aos elevadores dos edifícios públicos ou privados e comerciais ou residências por causa da raça, sexo, cor, origem, condição social, profissão, idade, deficiência, doença não contagiosa e religião.

“A gente tem o Estado brasileiro que nega a existência do racismo, mas a gente fica o tempo todo batendo na tecla para que esse debate seja levado em questão. Infelizmente a gente tem feito um debate de quase 400 anos do povo negro, sem nenhuma reparação histórica que chegue ao ponto de compensar toda essa humilhação e constrangimento que aconteceu por mais de quatro séculos”, diz Robeyoncé. 

A codeputada salienta ainda que, para fomentar a luta pela igualdade, as Juntas tem apresentado diversos projetos de lei em relação à temática. “No que toca à questão do desencarceramento da população preta, da violência obstétrica com recorte racial, da própria questão do acesso à saúde no contexto da pandemia. São temáticas que a gente vem abordando de maneira transversal, com a perspectiva da raça”, detalha.

Preocupação com a Lei de Cotas para 2022

Em 2022 a Lei de Cotas, sancionada em 2012, que determina a reserva de 50% das vagas das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) a estudantes de escolas públicas, negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência irá completar 10 anos. Segundo consta na Lei, o programa de reserva de vagas deve ser revisto no prazo de dez anos de publicação da norma.

Na Câmara dos Deputados há uma proposta tramitando para que essa revisão seja transferida para 2032. No entanto, possíveis mudanças na lei são vistas como necessárias pelos parlamentares. 

A cientista política Tassiana declara uma preocupação com a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já declarou várias vezes publicamente ser contra as cotas, trabalhar para acabar com o programa. 

“Existe a preocupação de que essa norma seja extinta. Mas como é um ano eleitoral, pode ser que o governo deixe para lá, não se preocupe agora, deixando para 2023. Mas, mesmo assim, só se vier alguém mais progressista que a gente pode descansar. Se Bolsonaro renovar o seu mandato, a gente tem a possibilidade que essa lei seja extinta”, fala Tassiana.

A estudiosa complementa que “a luta negra brasileira tem muitas décadas. Nós hoje somos filhos e filhas daqueles que lutaram por esses espaços que a gente está ocupando. Mas essa luta ainda não acabou. Esse governo nos mostra que se a gente dormir, algo pode acontecer e a gente perder tudo ou muita coisa”, pontua.

O secretário estadual de Saúde André Longo afirmou nesta quinta-feira (5), que o processo de vacinação de Pernambuco está sendo bem democrático. "A gente tem buscado dar acesso. Inclusive, o governo fez uma parceria com a Uber para que as pessoas que não tinham acesso à vacina tenham suas corridas disponibilizadas", garantiu o secretário.

A declaração de Longo vai de encontro ao que foi constatado pelo LeiaJá. Usando o Recife, capital pernambucana, como parâmetro, foi verificado a disparidade no número de pessoas brancas e pretas que já foram imunizadas. Segundo atualização da Secretaria de Saúde na última terça-feira (3), cerca de 195.659 pessoas declaradas brancas concluíram o esquema vacinal, 174.410 declarados pardos também foram vacinados. Por outro lado, só 48.851 pessoas declaradas pretas foram imunizadas.

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O secretário estadual de Saúde revelou que vai procurar a Prefeitura do Recife para ver esta situação e saber se precisará tomar alguma medida para a diminuição dessa disparidade. "Se é preciso fazer um trabalho de agente comunitário da saúde, que é a busca ativa, isso tudo pode ser aperfeiçoado e nós vamos buscar o Recife e outros municípios para ver a questão desse perfil", assegura André Longo.

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Com a pouca quantidade de postos de vacinação na periferia - apontada em reportagem do LeiaJá - a prefeitura do Recife afirmou que têm disponibilizado transporte gratuito aos centros do 'Plano Vacina', por meio de parceria com aplicativos de transporte. Porém, as informações sobre o uso desses ‘vouchers’ não são claras. Falta mais transparência sobre quem foi beneficiado e quantas viagens doadas foram utilizadas.

Questionada pelo LeiaJá, a prefeitura do Recife afirmou que são duas as parcerias que estariam ajudando no transporte para locais de vacinação. Segundo a gestão municipal, a parceria com a Uber - firmada pelo Governo de Pernambuco - seria para facilitar o deslocamento das cidadãos comuns para os pontos de vacinação, enquanto que a parceria com a 99 Táxi seria para voluntários que atuam nos pontos de imunização.

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Nossa equipe também tentou informações para detalhar os números e entender a efetividade destas parcerias na busca pela imunização de moradores de periferia. A prefeitura informou ao LeiaJá que “dados sobre a quantidade de viagens devem ser apuradas com a empresa”.

E o que diz a 99?

A 99 Pop explicou que doou aproximadamente 20 mil vouchers ao Recife no valor unitário de R$ 30. Entretanto, afirmou que não detém os números finais da iniciativa e enfatizou que a responsabilidade sobre a logística e o destino final das doações é da prefeitura do Recife.

"Em Recife, no caso do transporte de profissionais da saúde, as corridas doadas auxiliam no deslocamento até os centros de imunização”, pontuou a 99 em nota.

E o Uber?

Moradores do Recife e também das cidades de Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Camaragibe também teriam sido beneficiados por vouchers da Uber, que firmou parceria com o Governo de Pernambuco.

O LeiaJá buscou a empresa para obter dados das viagens gratuitas ofertadas à capital. A plataforma comunicou que doou 120 mil códigos de R$ 25 para o “público idoso” dos cinco municípios do Grande Recife.

Perguntada sobre o quantitativo de corridas realizadas, a Uber respondeu que não abre os dados de quanto já foi utilizado em viagens. "A empresa só divulga o dado geral de doação que é de 480 mil viagens", afirmou.

A Uber detalhou que as viagens são doadas diretamente aos governos e o uso fica a critério de quem recebeu.

Os vouchers da Uber estão sendo usados?

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco não especificou as corridas feitas na capital e informou que esses dados são de responsabilidade do Uber.

O órgão afirmou que o aplicativo não doou determinado número de corridas, e sim, cupons com o desconto total de R$ 200 mil no serviço.

Na época do anúncio, o apoio foi descrito pelo secretário Geraldo Julio como essencial para avançar com a campanha estadual.

"De fevereiro para cá, já foram feitas 3.337 viagens, o equivalente a R$ 39.033 dos R$ 200 mil. Ou seja, foram utilizados apenas pouco mais de 20% da doação", estimou a secretaria em nota.

Desencontro de informações

O próprio material de divulgação da parceria com a Uber apresenta divergência, ao apontar que foram garantidas "7.500 viagens gratuitas de ida e volta". Neste caso, o número de corridas disponibilizadas pelo preço de cada cupom ficaria em R$ 187.500, menos do que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico afirma ter recebido.

Sem considerar as áreas em que a Uber não costuma atender e as limitações na estrutura dos bairros mais vulneráveis, o material da parceria chega a acrescentar que "é muito importante que o local de vacinação escolhido para fazer o transporte seja o mais perto possível da residência do idoso. Assim, ninguém se prejudica e todo mundo se imuniza".

Vacina em casa

A Secretaria de Saúde afirmou também que pessoas acamadas estão sendo visitadas por enfermeiros e técnicos de enfermagem para a aplicação em domicílio. Segundo a prefeitura, 9.254 pessoas receberam uma dose em casa. Destas, 6.938 concluíram o esquema de proteção com as duas doses ou com a dose única da Janssen.

Sem plano para pontos de vacinação em periferias

Por hora, sem intenção de expandir os pontos para áreas de difícil acesso, a prefeitura do Recife entende que descontos em restaurantes, lanchonetes e em outros estabelecimentos, pode fazer com que a população mais carente receba as duas doses.

Para incentivar a conclusão do esquema vacinal, criou o Passaporte Recife Vacina, com os benefícios garantidos aos que já foram imunizados contra a Covid-19.

Total de vacinados no Recife

Ao todo, 1.237.614 pessoas estão aptas ao imunizante na capital, mas só 422.827 pessoas tiveram o esquema vacinal garantido. Dados atualizados pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) mostram que o Recife acumula 145.838 casos e 5.067 mortes relacionadas à pandemia.

Os locais de vacinação contra a Covid-19 no Recife funcionam todos os dias, das 7h30 às 18h30, mediante agendamento.

Os centros informados pela Prefeitura são:

- Sest Senat (Porto da Madeira)*;

- Porto Digital (Bairro do Recife);

- Unicap (Boa Vista)*;

- Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Dois Irmãos*;

- Parque de Exposição de Animais, no Cordeiro;

- Unidade de Cuidados Integrais (UCIS) Guilherme Abath, no Hipódromo;

- Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro*;

- Ginásio Geraldão, na Imbiribeira*;

- Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), na Tamarineira*;

- Parque da Macaxeira, na Macaxeira*;

- UPA-E do Ibura;

- UniNassau, nas Graças.

*representam pontos híbridos que atendem como centro e drive-thru.

Os locais exclusivos na modalidade drive-thru são:

- Fórum Ministro Artur Marinho - Justiça Federal de Pernambuco (Avenida Recife), no Jiquiá;

- Juizados Especiais do Recife, na Imbiribeira;- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária;

- Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Bairro do Recife;

- BIG Bompreço de Boa Viagem;

- BIG Bompreço de Casa Forte;

- Carrefour (Torre).

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou, nesta terça-feira (23), dados relativos ao perfil dos 5.783.357 inscritos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Segundo o balanço, "47% são pardos; 34,7% são brancos; 13,3% são pretos; 2,2% são amarelos; 0,7% são indígenas e os demais optaram por não informar".

Os estudantes declaram seu perfil racial no ato de inscrição. Além disso, por meio da Página do Participante, os candidatos podem votar as datas de aplicação da prova.

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Gênero e faixa etária

Seguindo a tendência dos últimos anos, o Enem tem mais mulheres: elas são 60% das inscrições. No que diz respeito à idade, mais da metade dos estudantes tem até 20 anos, seguida pelo grupo de até 18 anos de idade, que corresponde a 40,6% dos participantes. 

No entanto, uma mudança foi percebida: enquanto outras edições costumavam ter índices baixos de pessoas mais velhas, o Enem 2020 registrou 12.982 inscritos acima dos 60 anos. 

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Nesta quinta-feira (4), diversos perfis no Twitter e Instagram dedicados a expor estudantes que supostamente fraudaram o sistema de cotas universitárias em instituições de ensino do país inteiro surgiram fazendo denúncias. O ato, que se mostrava uma atitude bem intencionada para assegurar o direito de quem busca acesso ao ensino superior, no entanto, pode levar a erros e linchamentos virtuais, como o que aconteceu com a jovem indígena Larissa Sá, de 19 anos, que cursa o segundo semestre de medicina na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e foi injustamente exposta como fraudadora de cotas para indígenas pelo perfil @fraudadorcotaPE. 

A estudante mora na cidade de São José do Belmonte, em Pernambuco. Ela é do povo Atikum Umâ e frequenta a Aldeia Logrador, no município de Carnaubeira da Penha, no mesmo estado. Em entrevista concedida ao LeiaJá, ela contou que tem registro na Fundação Nacional do Índio (Funai), entre outros documentos que comprovam sua etnia.

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Na manhã desta quinta-feira, Larissa se deparou com diversas ofensas que não entendeu de imediato ao abrir o Instagram, e conta que foi informada do que estava acontecendo no Twitter por seus amigos. 

“Alguns amigos estavam me mandando prints do Twitter, e lá era muito pior, eu estava no chão, as pessoas que estavam me julgando tinham aquela visão estereotipada de indígena de 1500. Comecei a me defender, uma menina me respondeu dizendo que podia me ajudar, mandou minha exposição para um twitter chamado @indiodeiphone e as pessoas começaram a me apoiar. Eu acho que comecei a receber apoio de pessoas que pensam igual a mim e começou a ficar tudo bem”, contou ela.

Perguntada sobre como enxerga os ataques que sofreu no contexto da sociedade hiperconectada, em que as pessoas são facilmente expostas e ficam sujeitas a demonstrações de ódio virtual, Larissa disse ver perigo na exacerbação do contato com a vida de todos, mas também alguns pontos positivos.  “Eu acho que o perigo está nesse poder exacerbado de todo mundo ter contato com a vida de todo mundo, com tudo que se passa. É ruim com a vida da pessoa que é ‘linchada’ como também é bom porque muitos assuntos importantes vêm à tona. Esse linchamento que aconteceu comigo também serviu para dar visibilidade a um assunto pouco falado. Isso também fez com que eu criasse coragem e a partir de hoje eu sou outra pessoa para poder falar acerca desse assunto”, afirmou a jovem. 

Fraudes e comissões de verificação  

Esta não é a primeira vez que Larissa sofre preconceito devido à forma como as pessoas imaginam que um índio deva ser. Esse problema fez com que a jovem tivesse que passar no vestibular duas vezes e entrar na Justiça contra a universidade quando não foi reconhecida como indígena pela comissão de verificação em sua primeira aprovação. Ela conta que, na equipe que a entrevistou para realizar a verificação de autodeclaração, nenhum dos avaliadores era indígena.

“Passei na UFMA em outro campus e fui fazer minha matrícula, fui na banca avaliadora, não me deram certeza, voltei para minha cidade. Saiu outra lista de espera e tinha outra pessoa na vaga que era ocupada por mim. Pensei que tinha aberto outra vaga, mas disseram que minha vaga tinha sido indeferida. Informaram que a banca tinha concluído que eu não era indígena. Comecei a chorar, minha mãe pegou o telefone e a mulher no telefone disse que a vaga foi indeferida porque a banca achou que eu não era indígena. Minha mãe perguntou com base em quê; ela disse que não sabia dizer, que só estava passando a informação e não podia fazer nada por nós”, contou Larissa, que processou a instituição de ensino, mas nunca obteve uma resposta adequada e precisou voltar ao pré-vestibular por mais um ano. 

Ao ser aprovada novamente, Larissa não teve ânimo de contar às pessoas sobre o feito. Quando foi novamente à entrevista para verificação de autodeclaração de sua origem indígena, ela sentia apenas medo. “Aquelas pessoas não eram indígenas e uma pessoa que não passa aquilo na pele não pode julgar outra. Como você indefere a matrícula de alguém porque você acha que ela não deve estar ali? O erro começou na representatividade” afirmou a estudante.

Larissa nasceu com os cabelos escuros e gosta de pintá-los de loiro, mas conta que antes de ir à entrevista chegou a pensar em mudar a cor dos fios. “Eu pensei que não valia a pena, que as pessoas têm que me aceitar. O sangue indígena corre nas minhas veias, o indígena não tem que provar fenotipicamente quem ele é. Isso é uma coisa que já me afetou muito, mas hoje em dia eu sinceramente não ligo mais”, disse ela. 

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O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, voltou a criticar o movimento negro, o qual disse ser a "escória maldita" que abriga "vagabundos". Além disso, Camargo chamou o líder negro Zumbi dos Palmares, que dá nome a fundação, de "filho da pu** que escravizava pretos".

As declarações foram feitas durante uma reunião com dois servidores, no dia 30 de abril, e um áudio de toda a conversa foi vazado ao Estadão. O presidente da Fundação Palmares apontou ainda que o seu afastamento da instituição pelo Tribunal Regional da 5ª Região foi um ato de censura pelas suas opiniões nas redes sociais, sempre contra o movimento negro e os movimentos de esquerda.

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"Esses filho da put* da esquerda não admitem negros de direita. Vou colocar aqui o meta para todos os diretores, cada um entregando à esquerda. Quem não entregar esquerdista vai sair. É o mínimo que vocês têm que fazer", disse.

O Estadão aponta ainda que Sérgio Camargo se referiu a uma mãe de santo pejorativamente como "macumbeira", além de assegurar que os terreiros não terão verba. "Macumbeiro não vai ter nenhum centavo", disse o presidente da Fundação.

Ainda na reunião do dia 30 de abril, Sérgio declarou que a Defensoria Pública da União (DPU) era um órgão "totalmente aparelhado e de esquerda". Essa declaração acontece porque a DPU está com recurso no Supremo Tribunal de Justiça para que o presidente da Fundação Cultural Palmares seja retirado do cargo. 

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Por Juliana Mamede

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou um vídeo ensinando os estudantes que pretendem concorrer às vagas oferecidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) o que é e como disputar uma oportunidade por meio do sistema de cotas para pretos e pardos. 

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Na publicação, que é apresentada pelos próprios estudantes da UFPE, o vídeo mostra os jovens explicando o que são as cotas. Na narrativa, uma das estudantes salienta o que é o sistema. "O sistema de cotas é um instrumento de reparação histórica, que tem como objetivo instituir políticas públicas de reparação a pessoas indígenas e a pessoas com características fenotípicas negras", disse a discente Amanda Myrtes, no vídeo.

O tutorial revela que para concorrer às vagas reservadas para pretos e pardos, o candidato deve fazer a autodeclaração no ato de inscrição do Sisu 2020. Aqueles que desejam concorrer às vagas reservadas a candidatos indígenas devem apresentar o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI).

O vídeo explica, ainda, que quando um candidato se autodeclara preto ou pardo, é preciso validar essa informação a partir do processo que avalia o fenótipo dele, ou seja, as características visíveis da pessoa, como a cor da pele, formato do rosto, textura do cabelo, entre outros.

O conteúdo reforça que essa autodeclaração será analisada por uma comissão que irá considerar apenas os aspectos fenotípicos do candidatos, não serão considerados outros critérios. Os critérios que definem raça e cor utilizados pela UFPE são os mesmos do IBGE. 

No dia da matrícula, haverá uma sala com a Comissão, destinada àqueles que solicitem o direito a essas vagas. Cada comissão possui três membros, esses membros possuem vivência na luta pelos direitos das pessoas negras. Será considerado preto ou pardo aquele candidato que for reconhecido por pelo menos dois dos membros da Comissão de Heteroidentificação.

O não comparecimento ou indeferimento da validação da autodeclaração como pessoa preta ou parda implicará na eliminação do candidato no processo seletivo. “Nesse caso, mesmo que o candidato atinja a pontuação necessária para ser aprovado em ampla concorrência, o seu processo seletivo de ingresso na Universidade permanecerá em estado de eliminação”, acrescenta Amanda, no vídeo. 

 Além disso, durante o processo de avaliação pessoal pela Comissão, não será permitida a utilização de adereços como chapéus, bonés e óculos escuros. Maquiagem e bronzeamento artificial não devem ser realizados antes dessa avaliação. 

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A taxa de desemprego entre os brasileiros que se declaram brancos (9,2%) permaneceu significativamente abaixo no terceiro trimestre da taxa de desocupação dos autodeclarados pretos (14,9%) e pardos (13,6%).

A taxa de desemprego média global no período foi de 11,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 19.

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No terceiro trimestre de 2019, a população desempregada totalizou 12,515 milhões de pessoas.

A participação dos pardos foi de 52,5%; a dos brancos, 34,0%; e a dos pretos, 12,7%.

Adotando o sistema de cotas étnico-raciais pela primeira vez na história, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aumentou para 38% a quantidade de alunos autodeclarados pretos ou pardos na instituição. O número é resultado da política de inclusão social adotada em 2019, que, além de aceitar as cotas raciais, conta com vestibular voltado para pessoas indígenas, para medalhistas de olimpíadas educacionais e ações afirmativas para alunos de escola pública.

Segundo a instituição de ensino, o curso que em primeira chamada aprovou mais alunos autodeclarados pretos ou pardos foi letras - noturno, com 78,1%. O curso com menos declarados foi Música-composição, com 29% e o curso mais concorrido, medicina, teve percentual de 56,4%. Apesar do incentivo para povos indígenas, apenas 2,1% deles foram convocados para os as 3,3 mil vagas na primeira chamada. Alunos de escolas públicas correspondem a 48,7% dos aprovados.

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"Boa parte dos aprovados desse segmento não precisou utilizar das cotas, pois teve nota para passar na ampla concorrência”, afirmou José Alves de Freitas Neto, coordenador da Comvest, o sistema de ingresso da Unicamp. A porcentagem de alunos pretos e pardos por curso pode ser conferida no site da instituição.

Confira tabela com porcentagem de aprovados abaixo:

*Com informações da assessoria de imprensa

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Como forma de arrecadar dinheiro para realizar ações do Coletivo de Juventude Negra do Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (Cedenpa), a festa AFROnto é também reconhecida pelas pessoas como um ato político. Na última segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra, o evento realizou sua edição de um ano, na Casa Cultura e Bar do Jamaica, localizado na Praça do Carmo, na Cidade Velha.

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Criado a partir da necessidade de produzir festas e proporcionar à comunidade negra um espaço de valorização da cultura negra e periférica, por meio da música, arte, representatividade e resistência, o AFROnto reúne jovens negros da cidade. "Tivemos a ideia de fazer o AFROnto porque temos muita carência de festa preta na cidade, então a gente pensou em fazer uma festa de preto para preto pra contemplar todo mundo. A gente reúne Djs, cantores, produtores pretos em uma festa", explica a coordenadora do evento, Gabriela Ribeiro.

Emerson Caldas, 19, estudante, avalia o AFROnto como uma boa iniciativa, enfatizando que o evento é uma forma de fortalecimento para pessoas negras. "As festas em Belém têm um público majoritariamente branco, e as pessoas negras em determinados locais, como boates e casas de festas, são geralmente marginalizadas ou hostilizadas. Não é apenas violência física, muitas vezes é um olhar ou um tratamento. Festa como o AFROnto é um fortalecimento para pessoas negras", enfatizou Emerson.

Durante o evento, o estudante de Artes Visuais Isaias Machado grafitou um desenho em alusão ao Dia da Consciência Negra, homenageando o último líder do Quilombo de Palmares, Zumbi dos Palmares, e a mulher dele, a também líder Dandara. "Eu tentei mostrar não só Zumbi, mas também uma mulher que sempre esteve junto dele. Às vezes quando falamos do negro a gente só coloca homens pretos na frente da história, e é bom lembrar que existem mulheres à frente também. Dandara é um exemplo disso", contou Isaias.

O cantor e ator Jeff Moraes se apresentou no evento e enfatizou a importância do evento como uma ocupação de um espaço público por jovens negros que têm a sua cultura e cor marginalizados pela sociedade. "O AFROnto pra mim é um ato político, muito além de ser uma festa, porque é uma ocupação preta em um espaço público. Ocupamos o bar, mas olha só a rua ocupada por arte e gente preta", enfatizou Jeff. "A gente tem a nossa música, arte e cor sendo marginalizadas pelas instituições e pela sociedade, então o AFROnto pra mim é uma afronta a essa sociedade racista, pra essa sociedade que tenta embranquecer Belém do Pará, porque aqui reafirmamos que Belém é uma cidade de gente preta", completou. Veja vídeo abaixo.

Por Ariela Motizuki.

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O deputado Jean Wyllys (Psol) utilizou sua rede social, nesta sexta-feira (5), para falar sobre as prisões brasileiras. O parlamentar afirmou que, em 20 anos, a população carcerária do país cresceu mais de 450% sendo, segundo ele, a quarta maior do mundo. Wyllys também disse que a maioria deles são "jovens, pobres e pretos".

"A maioria desses presos são jovens, pobres e pretos, quase a metade são presos provisórios e ao menos um de cada quatro está na prisão por infração à legislação sobre drogas", escreveu.

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O parlamentar também contou que, pressionada pela comunidade internacional, o presidente Michel Temer (PMDB) prometeu para a ONU reduzir, até 2019, o número de encarceramentos em 10%. “Só não esclareceu como. Por enquanto, a única forma de redução da população carcerária que esse governo permitiu é através de chacinas nos presídios”, disparou.

Jean ainda declarou que Temer precisa se abrir sobre o debate da legalização das drogas. "E mudar as políticas econômicas e sociais que aumentam a desigualdade, a exclusão e a violência. Aliás, o governo golpista poderia começar colocando sua base reacionária e conservadora para votar projetos de lei excelentes nesse sentido que já tramitam no parlamento, inclusive alguns de minha autoria. Se não, a promessa na ONU não passará disso: mais uma promessa que o Brasil será incapaz de cumprir", enfatizou.

Em uma outra publicação, o deputado defendeu mais uma vez a regulamentação do comércio da maconha "para fins medicinais e recreativos". "O tráfico, que é diferente da ação de quadrilhas do crime organizado, é um crime sem vítima. Ninguém está se sentindo lesado na cadeia de compra e venda, logo não faz sentido para mim alocar recursos públicos em uma guerra racista que mata anualmente mais de 30 mil jovens e não detém a circulação das substâncias. É muito melhor que estes recursos sejam investidos na educação, no transporte ou na ciência", argumentou.

"Eu nasci em uma das incontáveis periferias pobres do Brasil onde a única face presente do estado é a polícia. Meu pai era um homem negro e alcoólatra. Mas eu tenho a certeza que não o perdi para droga – legal – que fazia uso. Eu o perdi para pobreza. E essa noção não é só minha, é coletiva. As pessoas marcharão pela legalização nesse primeiro sábado de maio", contou o psolista.

Rio de Janeiro – Levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mostra que as vagas reservadas nas universidades federais para estudantes pretos, pardos e indígenas cresceram em 2013.

Em 2012, as instituições destinaram 9,5% das vagas para alunos pretos, pardos e indígenas, participação que saltou para 19,6% este ano. Como resultado, o número de vagas reservadas a esse perfil de estudante subiu de 13.392 para 37.028.

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As destinadas a alunos de baixa renda e de escolas públicas passaram de 16.777 para 21.608. Se comparadas, as cotas raciais avançaram quatro vezes mais que as sociais.

A Lei 12.711 define que, até 2016, as instituições federais de ensino devem reservar 50% das vagas para estudantes pretos, pardos, indígenas, de baixa renda e formados em escolas públicas. O número de cotas para pretos, pardos e indígenas é estipuladas conforme o tamanho dessa população em cada estado.

"A lei federal vence, assim, uma resistência histórica das universidades a atribuir cotas específicas para pretos, pardos e indígenas e a suposição de que as cotas sociais seriam suficientes para a inclusão desses grupos, uma vez que eles pertencem às classes sociais mais pobres", conclui o levantamento.

"Embora a política anterior também seja bem-sucedida, ela ainda tinha o desvio de usar outros princípios de ações afirmativas. Necessitava uma correção e que todas as universidades adotasse", defendeu o professor de Ciência Política e participante da elaboração do levantamento, João Feres.

Na Região Sul, as universidades federais ultrapassaram a meta destinada à população preta, parda e indígena, com 17,7% das vagas reservadas ante 10,5% previstos até a implantação total da lei. Outras regiões se aproximaram da meta, mas ainda não a atingiram. O Sudeste reserva 18%, com a previsão de 22%; e, no Centro-Oeste, a fatia das cotas raciais está em 24,3%, quatro pontos atrás dos 28,5% esperados.

No Norte e no Nordeste, onde a população preta, parda e indígena é maior, as metas ainda estão mais longe de serem cumpridas. Enquanto na primeira região ainda é necessário avançar de 17% para 37,8%, na segunda, a taxa precisa crescer de 21,6% para 34,8%. Apesar disso, os percentuais das cotas raciais esperados para este ano, com a aplicação gradual da lei, foram superados em todas as regiões.

Para Feres, é preciso garantir agora o fechamento do ciclo, com a matrícula e a permanência dos estudantes nas universidades. "O importante é a gente ver se de fato as pessoas estão se matriculando e se o ciclo se fecha, porque esse estudo mostra as vagas oferecidas, mas não mostra se elas foram preenchidas ou não".

O levantamento aponta ainda que as cotas reservadas nas universidades federais com conceito 3, dentro do Índice Geral de Cursos das Instituições (IGC), passaram de 9,1% para 25,3%, de 2012 a 2013. As instituições com conceito 5 vêm logo depois, com uma evolução de 18,3% para 27% do total de vagas. As com conceito 4, que são maioria, saltaram de 24,5% para 32,2%.

O índice de cursos prevê uma escala de notas de 1 a 5, sendo 1 e 2 considerados insatisfatórios. Em relação às vagas destinadas para alunos pretos, pardos e indígenas de 2012 para 2013, o percentual subiu de 8,8% para 13,9% do total de vagas entre as universidades de conceito 5, o menor registrado. As universidades com conceito 4 saltaram de 10,2% para 20,3%. As com conceito 3 foram as que mais evoluíram: de 6,7% para 20,5%, assumindo a primeira posição.

"As universidades com conceito cinco eram as mais resistentes a adotar qualquer tipo de ação afirmativa. Como foram obrigadas, elas partiram do pouco e criaram só o que a lei manda, enquanto as de conceito quatro partem de patamares mais altos e criam até mais", explica João Feres.

A situação praticamente se inverte quando analisadas as cotas para alunos de escolas públicas e de baixa renda. As universidades com conceito 3 elevaram o percentual de 2,3% para 4%, enquanto as com conceito 4 reduziram a participação, de 14,1% para 11,4%. As universidades com conceito 5, neste caso, foram as que mais aumentaram o número de vagas, de 9,6% para 13%.

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