O caminho para receber o diploma de bacharel em direito não é nada fácil. Desde o início do curso, os estudantes são expostos à realidade de que só poderão exercer a profissão após receberem a aprovação no Exame da Ordem dos Advogados (OAB). Motivo de alegria para muitos, a avaliação também causa bastante ansiedade e apreensão àqueles que não se saíram tão bem e acabaram sendo reprovados.
Assim, com o psicológico muitas vezes abalado pela sensação de que precisam corresponder às expectativas de familiares, amigos e professores em obter a aprovação de imediato no exame, além do próprio julgamento sobre o desempenho, muitos candidatos entram em um estado de autocrítica e desânimo que só tende a prejudicar ainda mais a preparação para as futuras tentativas.
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Em conversa com professores de direito que possuem experiência prática na preparação tanto em relação ao conteúdo, como no preparo psicológico de alunos que pretendem prestar a prova da OAB, o LeiaJá reuniu algumas dicas importantes para que os candidatos encontrem mais resiliência e motivação após descobrirem sua reprovação.
Não desistir é o primeiro mandamento
Após uma frustração, principalmente depois de meses e até mesmo anos estudando, é muito compreensível que cresça dentro do estudante um sentimento de desistência, contudo, para quem sonha em advogar e se tornar um excelente profissional, essa não deve ser nem mesmo uma alternativa. Para o professor de direito civil Rafael Ribeiro, a melhor estratégia é se reerguer e usar os conhecimentos adquiridos para estar mais seguro na próxima tentativa.
“Para quem infelizmente não conseguiu a aprovação, não é hora de desanimar, lembre-se que você deu muito duro para essa prova e que todo conhecimento adquirido não está perdido. Se essa é a primeira tentativa, mas infelizmente não passou, concentre-se na repescagem, agora você terá mais tempo para treinar as peças e certamente conseguirá a aprovação. O importante agora é não desistir e continuar seus estudos que dessa forma certamente a aprovação virá”, aconselha Rafael Ribeiro.
Em entrevista ao LeiaJá, o docente de direito civil Felipe Torres explica que a reprovação não pode ser responsável por definir o estudante. “O primeiro passo é nunca desistir, a prova acontece três vezes ao ano, então isso aumenta exponencialmente a probabilidade de se alcançar a aprovação. É uma prova que tem um grau de dificuldade elevado, não é à toa que muitas pessoas reprovam, mas se o estudante se organizar, ter uma boa dinâmica e agenda de estudo, as chances de aprovação serão potencializadas", explica.
Encontre motivação
Se sentir motivado após uma frustração não é tarefa fácil, porém é essencial para quem precisa encontrar folego para retomar os estudos e pretende fazer diferente no próximo exame. Para o advogado e professor de direito tributário Diógenes Teófilo, o candidato deve enxergar o resultado negativo como mais um aprendizado que servirá para aprimorá-lo até a aprovação.
“Como diria Paulo Coelho, 'imagine uma nova história para sua vida e acredite nela'. Só que essa história começa agora. Contemplar a beleza do esforço e da dedicação, que marca o caminho, tem tanto valor quanto arquitetar as possibilidades futuras. A vida, no direito, importa em constante atualização, o que só é possível se o estudo for compreendido como uma cultura assumida. As respostas às grandes perguntas dos clientes e dos concursos estão sendo forjadas neste momento, em que somos convidados a construir uma personalidade profissional e uma base sólida de conhecimento. Em um país com tantas desigualdades, como é o Brasil, dispor dos recursos necessários para caminhar é revolucionário”, esclarece.
Preparação psicológica
Estudar e absorver o máximo de conhecimento possível é essencial para passar na OAB. Contudo, nem sempre é discutido o quanto o equilíbrio mental é, sem sombras de dúvidas, um fator determinante para o exame e que merece bastante atenção, principalmente no momento pós reprovação, no qual o aluno poderá estar ainda mais inseguro de suas capacidades.
Para o professor de direito processual penal Victor Pontes, esse é um grande problema dos alunos da OAB. “Os candidatos estão normalmente com um estado psicológico abalado pelo fato de realizarem o exame no fim do curso e terem que lidar com uma pressão muito grande de todos os lados: ser aprovado na OAB, concluir a monografia de conclusão de curso, ter que lidar com a rotina de estágio, entre outros compromissos", explica.
Como caminho para contornar essa situação, Pontes indica a busca por orientação profissional. “Portanto, se necessário, o importante é buscar ajuda profissional para lidar com a ansiedade que precede o exame, sobretudo nos momentos mais próximos à prova. O que também pode ajudar o aluno a lidar com a ansiedade na hora da prova é a realização de simulados e exames anteriores para praticar a gestão do tempo, o que lhe dará mais tranquilidade por já ter treinado a realização do exame naquele ambiente", indica o profissional.
Avalie seus erros
Ninguém gosta de errar, principalmente na realização de uma prova tão importante para a carreira profissional. Entretanto, por mais que o acerto sempre seja o objetivo dos estudantes, buscar tirar aprendizados dos próprios erros é uma estratégia transformadora para alcançar a aprovação na OAB. Assim, ao LeiaJá, o professor Victor Pontes, destaca a importância de parar para avaliar seus erros e assim aprimorar seu modelo de preparação.
“Um passo importante para quem não passou na OAB é realizar uma análise dos erros na preparação para o exame. Muitos alunos costumam subestimar o exame por acharem que se trata de uma prova fácil e acabam não realizando a preparação adequada. No entanto, o exame conta com questões específicas de diversas disciplinas e a cada ano vem exigindo conhecimento mais aprofundado do aluno, o que acaba culminando num elevado índice de reprovação. Portanto, analisar e identificar os erros é essencial para aquele que acaba de ser reprovado no exame da ordem” explica.
O advogado e professor de direito tributário Diógenes Teófilo também destacou o quanto é valioso aprender com os próprios erros: “A segunda etapa do processo é a continuidade. Não se volta à estaca zero, como se convenciona dizer, pois o conhecimento não retrocede, ele é acumulativo e prospectivo. A comparação entre o gabarito oficial e a prova do candidato informará os assuntos que necessitam serem revistos com mais cuidado. Os erros são oportunidades, sempre. No mais das vezes, eles apontam para outras realidades, como são a atenção, a disciplina e a crítica. Competências importantes e que devem ser desenvolvidas.
Busque um novo método de aprovação
Se não deu certo da primeira vez, então deve ser a hora de aprimorar ou mesmo encontrar outros métodos de ensino. “Um estudo que não seja direcionado especificamente para a OAB, compromete o resultado, de modo que se deve buscar métodos específicos para o exame, que também se adequem à maneira como o aluno absorve melhor os conteúdos. Os cursos preparatórios, para os que possuem condições de fazê-los, são importantes nesse processo, já que dão esse norte especial ao aluno” esclarece Victor Pontes.
Segundo o docente de direito civil Felipe Torres, uma estratégia inteligente é priorizar as matérias mais primordiais e que mais caem nas provas. Escolher o que e como estudar é muito importante para conquistar a aprovação: “O estudante deve focar no fato de que a prova é composta por 80 questões e que você precisa acertar tão somente 50%, então priorize aquelas matérias que você tenha um melhor conhecimento. Tem algumas matérias, por exemplo, constitucional, civil, processo civil e ética, que são matérias importantes, independente do estudante gostar ou não, levando em consideração a grande quantidade de questões que elas abrangem.”, explica.
Na segunda fase, o professor sugere que o aluno escolha uma área para realização da prova que ele tenha observado certa facilidade de compreensão durante seus cinco anos de faculdade. Além disso, Felipe reforça a importância de desenvolver a confiança através dos estudos e da busca de uma preparação assertiva para o exame.