O epidemiologista e ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, tem monitorado a situação da Covid-19 em Pernambuco e avalia que o estado segue em uma fase de desaceleração da doença. Apesar da perspectiva otimista, o especialista também prevê um novo aumento de casos daqui a três semanas.
Oliveira destaca a diferença nos números referentes à trigésima semana epidemiológica, em meados de julho, para os registros de agora. Na semana 30, Pernambuco apresentava 83 casos por 100 mil habitantes, para os casos leves. Atualmente, o número está em 13 para cada 100 mil habitantes. Ou seja, houve uma redução de 84%.
##RECOMENDA##Em relação aos casos graves, a queda foi de 93% e nos óbitos, 95%, na comparação do mesmo período. Oscilações ainda podem acontecer e a tendência geral é de baixa. O médico também menciona que oscilações são possíveis, por características da região.
“Em Pernambuco, daqui a três semanas, deve haver, possivelmente, um novo aumento. Existem características locais que apresentam este padrão. É natural que isso ocorra, não quer dizer que está piorando. O motivo de preocupação vem pelo fato das pessoas estarem relaxando nas medidas de prevenção. O fato de termos uma redução no número de casos não significa que a gente possa deixar de usar máscara, fazer aglomerações. Temos que manter todos os procedimentos”, esclareceu.
Para o epidemiologista, não há nenhuma alteração no padrão epidemiológico local, mas também pede que seja feita uma avaliação mais precisa das informações no estado e menciona a necessidade de testagem.
Oliveira lembra que a doença permanecerá entre a população por mais algum tempo, e que, em conformidade com o Plano de Convivência de Pernambuco, que é adaptável à movimentação da Covid-19, medidas mais restritivas podem ser retomadas, como ao exemplo de alguns países europeus, que retomam o "lockdown" em outubro. No entanto, ele não acredita que a realidade do Brasil possa ser comparada à da Europa, que entra agora em um outono de clima frio rigoroso e possível aumento nos casos de infecção respiratória.
André Longo, secretário de saúde de Pernambuco, defende que as “flutuações” durante o processo de convivência com o vírus estão dentro do controle. “Até agora, essas oscilações estão dentro de um patamar de controle. Como nós estamos num patamar mais baixo, as flutuações passam a ser notadas com maior repercussão. Não há tendência clara ainda de aumento caracterizado, nem de uma segunda onda. Dessa forma, não podemos tomar medidas por essa impressão, e precisamos analisar tendências em períodos maiores. Por enquanto, há apenas um conjunto de indicadores que são avaliados e monitorados diariamente”, disse o gestor estadual.