Tópicos | 8 de março

 

 

##RECOMENDA##

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, nesta quarta-feira (8), que a mulher vítima de violência doméstica não precisa reiterar as acusações contra o agressor em uma audiência judicial. O caso foi julgado em função das comemorações do Dia Internacional de Mulher.  Os ministros analisaram a legalidade da audiência prevista no Artigo 16 da Lei Maria da Penha. A norma prevê a realização de uma audiência antes do recebimento da denúncia.

A dúvida estava na aplicação do dispositivo para reiteração das acusações perante o juiz ou somente no caso de pedido de retratação.  Ao julgar o caso, a Terceira Seção do STJ definiu que a audiência só deve ser realizada se a vítima manifestar o desejo de retirar as acusações. Além disso, os ministros definiram uma tese que deverá ser aplicada a todos os casos semelhantes que estão em tramitação na Justiça do país.

"A audiência prevista no Artigo 16 da Lei 11.340/2006 tem por objetivo confirmar a retratação, não a representação, e não pode ser designada de ofício pelo juiz. Sua realização somente é necessária caso haja manifestação do desejo da vítima de se retratar trazida aos autos antes do recebimento da denúncia", definiu o STJ. 

Maria da Penha

Durante a sessão, a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que deu nome à lei, foi homenageada pelo ministro Reynaldo Soares da Fonseca, presidente do colegiado. Ela participou dos trabalhos por videoconferência.

Na avaliação do ministro, a lei é a principal norma para punir a violência doméstica. "Essa violência não pode ser um problema só das mulheres. É um problema do poder público e da sociedade", afirmou.

 

 

 

No Brasil, as mulheres vivem, em média, sete anos a mais do que os homens, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais do que ter uma expectativa de vida maior, é fundamental garantir a longevidade saudável e os cuidados com a prevenção de doenças por meio da realização de exames de forma rotineira - fator decisivo para a manutenção da boa saúde. Isso porque muitas das doenças que afetam as mulheres apresentam chances de cura significativamente maiores quando descobertas no estágio inicial.

Câncer de mama, do colo do útero e de intestino, diabetes, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças da tireoide são algumas delas. Todas podem ser detectadas por meio de exames e tratadas com alto índice de sucesso se identificadas precocemente.

##RECOMENDA##

“Os exames de rotina variam de acordo com as diferentes fases da vida e dependem de vários aspectos como vida sexual, ocupação da paciente e relatos de sinais e sintomas. Além dos testes laboratoriais, a mamografia também é uma grande aliada da saúde feminina, já que é a principal maneira de descobrir o câncer de mama. É fundamental que os exames sejam solicitados por um médico, que é quem saberá interpretar os resultados e orientar a mulher da maneira correta, quando necessário.”, explica a médica patologista clínica e diretora de Marketing da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC), Annelise Wengerkievicz.

Exames que devem estar no radar das mulheres.

Colpocitologia oncótica (ou Papanicolau): indicado para o rastreio do câncer de colo de útero, doença que, atualmente, é a quarta causa de morte em mulheres no Brasil. O exame ajuda a detectar lesões precursoras ou câncer em estágio inicial no colo do útero e, com isso, potencializa muito o tratamento da paciente e aumenta as chances de cura. O procedimento deve ser realizado anualmente, mas sua frequência pode ser reduzida para a cada três anos após exames consecutivos com resultados negativos. Se a mulher tiver alguma condição que impacte em sua imunidade, o Papanicolau precisa ser feito com periodicidade mais curta, entre 6 e 12 meses.

Pesquisa de HPV de alto risco: o exame foi incluído recentemente nas recomendações de rastreio do câncer de colo do útero. Alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV) configuram como a principal causa deste tipo de câncer e o procedimento apresenta uma sensibilidade superior ao Papanicolau, ajudando a detectar mais casos da doença. Outra vantagem é que nos casos de resultado negativo, a periodicidade de realização do exame pode ser bastante reduzida, mas sempre com orientação médica.

Sorologia para hepatite e HIV: as duas doenças podem levar longos períodos para causar sintomas e suas consequências são graves (no caso da hepatite, em especial os tipos B e C). Por isso, é muito importante que a paciente receba o diagnóstico precocemente para poder iniciar o quanto antes o tratamento e ter uma boa qualidade de vida. Esses testes são feitos com coleta simples de sangue.

Glicemia de jejum e dosagem de colesterol e triglicerídeos: os três exames são fundamentais para detectar algumas das maiores causas de adoecimento e morte de mulheres, como o diabetes, as doenças cardiovasculares e o AVC. Todos esses testes são realizados por meio de coleta simples de sangue e a idade em que a mulher precisa começar a realizá-los e a periodicidade dependem das condições da paciente, de quais doenças ela já tenha recebido diagnóstico ou mesmo de seu histórico familiar.

TSH: indicado para detectar o hipertireoidismo, que é o excesso de função da tireoide, e o hipotireoidismo, condição que causa o funcionamento insuficiente da glândula. É feito por meio de coleta de sangue.

Pesquisa de sangue oculto nas fezes: os casos de câncer de intestino vêm crescendo entre as brasileiras e esse exame ajuda a diagnosticar a doença. A indicação é que seja realizado anualmente a partir dos 45 anos.

Primeira mulher a ocupar o cargo de vice-prefeita da história do Recife, Isabella de Roldão foi uma das convidadas da cerimônia de abertura da Semana da Mulher da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Bastante exaltada na sua chegada no evento, Isabella reforçou durante o seu discurso a importância das mulheres permanecerem na vida pública, apesar de todas as dificuldades enfrentadas no meio político, majoritariamente composto por homens, e de conciliar com as diversas atribuições diárias.

"Primeiro eu gostaria de desejar um feliz oito de março para todas as mulheres que constroem a nossa cidade e o nosso estado. A mulher brasileira é feita de coragem. Sabemos o quão desafiador é para as mulheres entrarem na política. Entrar na política já é difícil e permanecer é um ato ainda maior de resistência", ressalta Isabella.

##RECOMENDA##

Para a vice-prefeita do Recife, o grande despertar da data de hoje é conscientizar as meninas e mulheres a se interessarem cada vez mais pela política. "Sempre que posso, incentivo as mulheres a aprenderem mais sobre política. Por exemplo: eu adoro receber crianças no meu gabinete e ontem recebi um grupo de estudantes de 10 anos. Fiz questão de inspirar as meninas a entrarem na política, afinal, são essas crianças que irão construir nosso futuro." 

Abrindo o evento, o presidente da Alepe, Álvaro Porto, ressaltou o papel da Assembleia na luta pelo direito feminino. "Hoje é o dia que o mundo inteiro reverencia e celebra as conquistas femininas. A Assembleia Legislativa de Pernambuco se coloca como uma aliada na luta pela ampliação desses direitos." Também discursaram sobre o tema as deputadas estaduais Rosa Amorim e Dani Portela, presentes na solenidade que contou ainda com a palestra da jornalista e cientista política, Priscila Lapa.

Encontro com as secretárias da Prefeitura 

Depois do evento na Alepe, a vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, participou de um almoço com as secretárias e ex-secretárias da Prefeitura do Recife, em celebração à data. Participaram do encontro Ana Paula Vilaça, Luciana Albuquerque, Ana Rita Suassuna, Glauce Medeiros, Cinthia Mello e Adynara Gonçalves, além das ex-secretárias Eduarda Médicis e Erika Moura.

*Da assessoria 

 Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8), várias prefeituras no estado de Pernambuco irão oferecer, por meio de suas secretarias, diversos serviços para o público feminino. Algumas prefeituras estenderão a programação durante todo o mês de março.

O LeiaJá reuniu as principais informações sobre as ações organizadas pelos municípios, confira:   

##RECOMENDA##

Paulista

Data: 8 de março

Local: Clube Municipal do Nobre 

Horário: das 9h às 16h

Serviços: mamografia, citologia para mulheres de 25 a 64 anos, avaliação de saúde bucal, consulta clínica, atualização da caderneta de gestante, testes rápidos e avaliação odontológica 

Data: 8 de março 

Local: Paulista North Way

Shopping Horário: das 14h às 17h

Serviços: bem-estar e cuidados da beleza feminina 

Jaboatão dos Guararapes

Data: 8 de março 

Local: Teatro Samuel Campelo, no centro do município

Horário: a partir das 18h Atividades: ação em homenagem ao dia e apresentações culturais 

Data: 8 de março

Local: Parque da Cidade

Horário: a partir das 8h Atividades: palestras e atrações culturais   

Ipojuca

Data: 8 de março

Local: Rua do Comércio

Horário: das 9h às 16h

Serviços: Manicure, designer de sobrancelhas, maquiagem, massagem, retirada de RG, Atendimento do PROCON, atendimentos com nutricionistas, atendimento jurídico, testes rápidos, práticas corporais, consultoria de negócios de marketing, parcelamento de dívidas do MEI, acupuntura, corte e escova de cabelo, entre outros serviços.

Moreno

Data: 8 de março

Local: Praça da Bandeira, localizada na região central do município

Horário: a partir as 8h

Serviços: serviços de beleza (manicure, designer de sobrancelha, cabeleireira), de saúde (atendimento odontológico, exames rápidos, orientações gerais) e de assistência social (CADÚNICO, Criança Feliz, Bolsa Família, Creas) 

Araçoiaba

Data: 8 de março

Local: na praça da Escola Maria Gayão Pessoa Guerra, região central do município

Horário: a partir das 8h

Serviços:  fisioterapia, aferição de pressão e distribuição de brindes.

Caruaru

Data: 8 de março

Local: Estação Ferroviária de Caruaru

Horário: das 7h às 21h

Serviços: oficina de cerâmica, oficina de xilogravura, orientações sobre saúde e qualidade de vida, orientações jurídicas, entre outros 

Data: 9 de março

Local: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)

Horário: das 14h às 16h

Atividades: roda de diálogo sobre o protagonismo jovem feminino.    

Garanhuns

Data: 8 de março

Local: Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM)

Horário: das 9h às 11h

Atividades: palestra com o tema Direito das Mulheres 

Petrolina

Data: 8 de março

Horário:  a partir das 8h

Local: Parque Josepha Coelho, no bairro Maria Auxiliadora

Serviços:  exames preventivos, inserções de DIU, mamografias, palestras, oficinas e cursos.

Data: 9 de março

Local: Centro de Referência da Mulher

Horário:  a partir das 14h Serviços: 

Inserção de DIU 

Data: 10 de março

Local: Centro de Referência da Mulher 

Horário: 8h às 12h e das 14h às 18h

Serviços: Mutirão de Mamografias e Preventivos 

Data: 20 de março

Local: Secretaria Executiva da Mulher

Horário: a partir das 14h

Serviços: Curso de Designer de Sobrancelha e Empreendedorismo no meio digital   

Carpina

Data: 8 de março

Local: Praça Joaquim Nabuco, no centro da cidade

Horário: a partir das 18h

Local: Praça Joaquim Nabuco, no centro da cidade

Serviços: atendimento médico, ultrassom de mama, coleta de BK, atendimento nutricional, teste rápido de hepatite e HIV, teste de Covid-19, vacinação, consulta ao Cadastro Único, corte de cabelo, além da realização da Feira de Artesanato e outros serviços 

Goiana

Data: 8 de março Local: concentração na Praça Duque de Caxias

Horário: a partir das 8:30h

Atividades: haverá uma caminhada para conscientizar a população do município sobre a importância do mês das mulheres.

Ilha de Fernando de Noronha 

Data: 8 de março

Local: auditório da USF Dois Irmãos 

Horário: das 9h às 12h e das 14h às 16h

Serviços: designer de sobrancelha, maquiagem, escova e corte de cabelo, aferição de pressão, avaliação nutricional, exame citopatológico preventivo, acupuntura, palestras e sorteio de brindes.

Data: 8 de março

Local: Canto Mãe Coruja

Horário: das 9h às 12h e das 14h às 16h

Serviços: designer de sobrancelha, maquiagem, escova e corte de cabelo, aferição de pressão, avaliação nutricional, exame citopatológico preventivo, acupuntura, palestras e sorteio de brindes.

Data: 10 de março

Local: concentração na Praça do Trinta

Horário: às 7h

Atividades: corrida e caminhada em homenagem ao mês da mulher. 

*Por Guilherme Gusmão

O Senado Federal aprovou nesta terça-feira (7) o Projeto de Lei nº 3.878/20, de autoria do deputado Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM), que estabelece uma reserva de 10% das vagas do Sistema Nacional de Emprego (Sine) para mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar. O objetivo da proposta é incentivar as mulheres vítimas de violência a ingressarem no mercado de trabalho.

A norma aprovada deve garantir o acesso prioritário e facilitado das mulheres vítimas de violência doméstica, além de assegurar o tratamento sigiloso das informações sensíveis envolvendo a condição da vítima para protegê-la da revitimização. Caso as vagas prioritária não sejam preenchidas, poderão ser transferidas para outras mulheres em geral ou destinadas ao restante do público do Sine.

##RECOMENDA##

Segundo o parecer da relatora, senadora Augusta Brito (PT-CE), a proposta visa dar a chance de a mulher que está em situação de violência doméstica conseguir sua autonomia financeira, "dando-lhe a oportunidade de romper com laços que a mantêm subjugada a um lar violento".

O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em outubro de 2021 e agora segue para sanção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O enfrentamento à violência contra a mulher foi a pauta do programa apresentado pela primeira-dama Janja Lula da Silva junto a apresentadora Lua Xavier nesta terça-feira (7), que foi exibido nas redes sociais da esposa de Lula e nas do próprio presidente.

Na véspera do Dia Internacional da Mulher, o "Papo de Respeito" recebeu a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, que orientou as mulheres sobre como identificar e como agir em situações de violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial, bem como os locais que as mulheres podem ir em busca de ajuda.

##RECOMENDA##

A ministra ainda lembrou a importância da rede de apoio às mulheres vítimas de violência e pontuou que o apoio do Estado não figura entre o principal ponto de apoio buscado pelas mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

"A vítima procura em primeiro lugar a mãe, depois uma amiga e em quinto lugar vem a polícia. Nós precisamos mudar isso", disse a ministra.

No Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta quarta-feira (8), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai inaugurar uma sala de defesa dos direitos da mulher, com atendimento psicológico e jurídico para vítimas de violência.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (7) pela deputada Renata Souza, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.  Para Renata, os números de feminicídios no estado do Rio são alarmantes.

##RECOMENDA##

“De acordo com o Instituto de Segurança Pública [ISP], houve aumento de 22% nos casos em 2022 em comparação ao ano anterior. No estado do Rio, 103 mulheres foram vítimas de feminicídio no ano passado”, disse a parlamentar.  Segundo a deputada, é preciso aumentar o orçamento para políticas públicas destinadas à mulher no estado.

“Orçamento significa prioridade do governo para um determinado tema”, disse Renata, ao participar de audiência pública sobre os crescentes casos de feminicídio, na sede do Legislativo fluminense, no centro da cidade.

A coordenadora da Rede de Observatórios em Segurança Pública, Silvia Ramos, disse que, no ano passado, o estado do Rio registrou aumento de 45% nos casos de violência contra a mulher. “O que temos é o retrato de uma catástrofe civilizatória. Há muito trabalho pela frente em prevenção dos casos, em elucidação e punição dos crimes”, afirmou a pesquisadora.

A presença feminina tem importante contribuição no mundo da tecnologia e inovação, embora o mercado ainda tenha a predominância de profissionais do sexo masculino. Para além de personalidades como Bill Gates, Elon Musk, Steve Jobs e Mark Zuckerberg, o mundo tech também é marcado por mulheres com feitos imprescindíveis para o desenvolvimento do que existe atualmente como Ada Lovelace, considerada a primeira pessoa a programar na história da humanidade, e Grace Hopper, conhecida como "A Rainha da Computação", "Rainha da Codificação", "Vovó COBOL", entre outros.

Segundo dados do relatório UN Women’s Gender Snapshot 2022, as mulheres ocupam apenas 2 em cada 10 empregos em ciência, engenharia e tecnologia da informação e comunicação globalmente, representando apenas 16,5% dos inventores associados a uma patente. A necessidade de proteger os direitos de meninas e mulheres em espaços digitais, bem como a violência baseada em gênero facilitada pelo ambiente on-line, foi escolhido pela ONU Mulheres como tema central para o Dia Internacional das Mulheres este ano, intitulado “Por um mundo digital inclusivo: inovação e tecnologia para a igualdade de gênero”.

##RECOMENDA##

No mercado de trabalho, a participação de mulheres ocupando cargos de liderança passa por avanços, porém, de modo geral, segundo a pesquisa, no atual ritmo de mudança, a paridade não será alcançada por mais 140 anos. Dentro do setor de tecnologia e inovação, ainda persiste uma grande lacuna de gênero. Embora as mulheres representem 33% da força de trabalho nas 20 maiores empresas globais da área em 2022, apenas uma em cada quatro está em posições de liderança. O estudo “Women in Tech 2022", realizado pela BairesDev, diz que as candidatas do sexo feminino no setor representaram uma média de 41% do total no período 2020-2021, um aumento de 400% em relação aos 5 anos anteriores.

Cristina Boris, diretora e sócia fundadora da Lanlink, empresa integradora de tecnologia da informação com atuação nacional, analisa as mudanças no segmento a partir da própria experiência de carreira. Formada em Ciência da Computação em 1988, iniciou o curso em uma turma com apenas quatro mulheres. Dessas, somente duas concluíram a graduação, contando com ela. Hoje, em 2023, Cristina dirige uma unidade na sua empresa em que 42% dos colaboradores são mulheres. 

“A tecnologia tem aberto espaços de maior interesse das mulheres na área de dados e programação, onde elas se destacam por serem mais detalhistas. Além disso, hoje, nem todas as aplicações necessitam de conhecimento muito aprofundado de programação, é possível trabalhar com soluções que programam para você, desde que defina exatamente o que deseja entregar ao usuário e, nessa parte de entender o outro, somos muito fortes”, explica.

Visionária, embora sem muitas referências de mulheres na computação durante sua época de escola, a afinidade com a matemática foi determinante para a aproximação com a tecnologia.

“Sempre gostei de matemática e fui para a computação porque era a área mais promissora que tinha a matemática como base”. Ao mesmo tempo em que os números a conectou com o segmento, para Cristina Boris, a matemática também é um fator que distanciava as mulheres da computação, já que o cálculo como base levava a uma percepção de área mais árida.

“Entendo que as mulheres gostam de profissões que tratam de pessoas, tanto é que, na área de TI, as mulheres acabam indo mais para as áreas de análise de sistemas e programação, que possui como clientes os usuários, enquanto os homens gostam mais das áreas ligadas ao hardware e suporte, porque são muito curiosos com o que acontece na retaguarda”, afirma.  Em um mercado com tantas oportunidades de crescimento, Cristina Boris, diretora da Lanlink, destaca a importância da diversidade para os processos de inovação, e que ainda é necessário que mais mulheres se interessem pela tecnologia e busquem as qualificações para alcançar cargos antes ocupados, majoritariamente, por homens.

“Um dos principais fatores para a mudança é ter maior disponibilidade de candidatas mulheres no setor tecnológico. Para incentivar essa mudança de paradigmas, nós privilegiamos mulheres sempre que dois profissionais estão ‘empatados’ num processo seletivo. Ainda temos muito a percorrer, mas acredito que estamos num bom caminho na busca por diversidade e paridade de gênero”, pontua.   De acordo com a empresa Catho, a média nacional de mulheres em empresas de TI é de 21%, já no mercado de programação de TI é de 12%. Com mais de 34 anos de história, a Lanlink tem duas mulheres entre os oito diretores, 33% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres e, em geral, 22% dos colaboradores são mulheres. 

Ações inclusivas 

Confira projetos que incentivam a participação de mulheres na área de tecnologia:  InfoPreta (https://infopreta.com.br) - a empresa de manutenção de computadores tem o objetivo de inserir pessoas pretas, LGBTQI+  e mulheres no mercado de tecnologia; PrograMaria (https://www.programaria.org) - visa empoderar meninas e mulheres por meio da tecnologia; Elas programam (https://elasprogramam.com.br) - criado pela engenheira Silvia Coelho para incluir mais mulheres no mercado de tecnologia, promovendo diversidade e equidade de gênero nas organizações.  Sobre a Lanlink 

Com o objetivo de ajudar os clientes a impulsionar seus negócios por meio da tecnologia, a Lanlink é uma empresa provedora de tecnologia da informação com 34 anos de atividade no Brasil. Em uma trajetória marcada por soluções e parceiros de excelência, conta com o apoio de mais de 1030 colaboradores e mais de 950 certificações técnicas em diversas tecnologias, além de sua operação ter certificado ISO 20.000-Gestão de Serviços de TI e ISO 37001- Sistema de Gestão Antissuborno.

Eleita pela 5ª vez uma das melhores empresas para trabalhar no Ceará e a 6ª na categoria de grandes empresas pelo prêmio GPTW- Great Place to Work. Atua em todo território nacional com centenas de organizações públicas e privadas no desenvolvimento de estruturas de TI, Dados e Inteligência Artificial, Produtividade, Automação e Suporte Individualizado com ferramentas inovadoras e garantindo a segurança nos processos corporativos. Entre os parceiros estão os fabricantes mundiais líderes em tecnologia: Microsoft; IBM; Oracle; Lenovo; Huawei, entre outros. 

*Da assessoria 

Mulheres do MST ocupam o Derby nesta segunda (6) em acampamento para o 8 de março A programação conta com a realização de palestras e oficinas ligadas às temáticas de gênero, raça e com foco na Reforma Agrária Popular A partir desta segunda-feira (6), cerca de 500 mulheres do Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), de diversas regiões de Pernambuco, estarão acampadas na Praça do Derby para a mobilização do Dia Internacional de Luta das Mulheres, o 8 de Março.

O acampamento faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que é organizada anualmente pelo MST em todo Brasil, e este ano tem como mote a frase “O agronegócio lucra com a fome e a violência. Por terra e democracia, mulheres em resistência!”.

##RECOMENDA##

Vindas de várias partes do estado, as mulheres sem terra chegarão ao Recife a partir da manhã da segunda-feira e só retornarão às suas cidades ao fim do Ato Unitário do 8 de Março, na quarta-feira (8), que é realizado por diversos movimentos e diversas organizações populares. A programação do acampamento conta com a realização de palestras e oficinas ligadas às temáticas de gênero, raça e com foco na Reforma Agrária Popular.

“No campo ou na cidade, nós mulheres somos violentadas por esse sistema capitalista, que traz consigo o conservadorismo, a misoginia, a homofobia e o racismo. Vamos estar organizadas e acampadas em todas as capitais do país para denunciar o agronegócio, que é o causador da fome, e pautar a Reforma Agrária Popular que produz comida saudável para a mesa do povo brasileiro”, explica Maria Aparecida Pereira da Silva, da Direção Nacional e do Setor Estadual de Gênero do MST.

O MST constrói a luta pela vida das mulheres e se soma ao 8 de Março nas diversas regiões do país com as suas pautas, denunciando as violências do agronegócio e a necessidade de uma Reforma Agrária Popular para o Brasil e de uma expansão da Agroecologia. Da Direção Nacional do Setor de Gênero do MST, Lucineide Freitas lembra que o agronegócio, apesar de “toda campanha publicitária na construção de uma imagem de ‘pop’”, se estrutura na violência contra a natureza, o povo e a democracia.

“Quando as mulheres denunciam essa violência do agro-golpe-tóxico-negócio, elas pautam a necessidade de um modelo de desenvolvimento do campo diferente, que possibilite a produção de alimentos saudáveis pela agroecologia, que enfrente a violência contra a natureza e as questões ambientais, e que projete territórios livres de violência através de relações sociais e humanas emancipadas”, explica Lucineide sobre as as reivindicações das mulheres sem terra neste 8 de Março.

A data, apesar de ter o foco nas mulheres, representa a abertura do calendário da luta por direitos do povo brasileiro e se tornou uma data imprescindível para evidenciar as pautas que impactam diretamente a vida das mulheres e de muitas famílias no país. SERVIÇO Acampamento das Mulheres Sem Terra para o 8 de Março em Pernambuco (Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra 2023) De 6 a 8 de Março Na Praça do Derby (Recife-PE)

*Da assessoria 

Iza decidiu celebrar o ‘Dia da Mulher’ prestando uma homenagem às mulheres de sua família. Com uma série de fotos em que várias delas aparecem vestidas de branco e unidas, a cantora se declarou e disse que foi delas que saiu tudo o que ela prendeu nesta vida. 

Reunida com as suas familiares, Iza fez uma bonita declaração de amor demonstrando todo seu orgulho por cada uma daquelas mulheres. A cantora também revelou que aprendeu tudo o que sabe com elas e aproveitou para celebrar outras mulheres neste dia de luta. “Reuni todas as mulheres da minha família pra registramos o quanto essa rede de apoio que me trouxe até aqui é poderosa. São mães, avós, filhas, educadoras, jornalistas, artistas. Elas são tudo e me ensinaram que eu podia ser o que eu quisesse. Feliz dia pra aquelas que devem ser celebradas todos os dias”. 

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Nos comentários, o público se mostrou comovido e elogiou bastante a cantora. “Que família mais linda!!!”; “Esse é o brasil que eu quero”; “Lindas demais”: “Que maravilhosidade!”: “Que lindoooo, gerações de mulheres rainhas, deusas e amorosas. Puro poder divino “; “Que lindo isso”; “Aiii que ensaio mais lindo e poderoso”. 

Só este ano, o Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa (CIAPPI), programa vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) de Pernambuco, recebeu 223 denúncias de violência contra idosos. Do total, que soma os contatos pelo canal nos meses de janeiro e fevereiro, 159 foram contra mulheres idosas. Ao ser comparado com o mesmo período de 2021 — que registrou 97 queixas com 74 vítimas do sexo feminino — o aumento soma 114.86%.

As mulheres lideram a lista de negligência, violência financeira, verbal, psicológica e abandono, de acordo com a análise de dados do programa. Essas violações, segundo o levantamento, ocorrem, em sua maioria, no ambiente familiar.

##RECOMENDA##

“É de fundamental importância o registro das denúncias, seja por parte de um familiar, de um vizinho, de um amigo, pois essa é um tipo de violência silenciosa em que a vítima, muitas vezes, não tem a consciência do abuso, daí a importância da denúncia para estimular a sensibilização da população para que a vítima seja devidamente acompanhada”, alerta o secretário de Justiça e Direitos Humanos em exercício, Eduardo Figueiredo.

Para realizar a denúncia de violações contra pessoas idosas, a população pode entrar em contato com o CIAPPI pelo telefone (81) 3182-7649, das 9h às 14h (horário especial durante a pandemia) ou pelo e-mail ciappi2016@gmail.com.

As vendas aumentam no Dia Internacional da Mulher. Flores, chocolate, pelúcias em formato de coração. Apesar do apelo comercial, a data não tem nada com romance, afirma a socióloga e doutora em Antropologia Rachel Abreu. “O 8 de março é muito celebrado pela sociedade de consumo capital, mas na sua origem nada há de romantismo, e sim marca a força, luta e conquistas de relações igualitárias das mulheres e em busca de respeito em várias esferas da sociedade”, afirmou. Em conversa sobre as conquistas femininas, Rachel Abreu falou das origens da comemoração, expectativas para o futuro e da visibilidade da mulher na política.

Qual é o objetivo principal dessa comemoração?

##RECOMENDA##

Essa data é resultado de um caminho de luta por igualdade. O Dia Internacional da Mulher tem como principal objetivo relembrar as batalhas enfrentadas pelas mulheres durante toda a história e dar foco às demandas por direitos que foram e que ainda são negados nos dias atuais. Esse dia é marcado por mobilizações em todo o mundo em prol dos direitos das mulheres, por coletivos, por grupos de debates e discussões sobre a relação entre homens e mulheres. A gente está falando de uma relação de gênero que é assimétrica, que não é igualitária, que é desigual e o tempo todo nós estamos buscando por um processo igualitário de visibilidade, respeito e justiça social para mulheres.

O que pode ser feito para conseguir a igualdade entre gêneros?

Isso é um processo que a gente tende a alcançar a partir do debate sobre a violência contra a mulher, a falta de respeito, a objetificação do corpo da mulher, o feminicídio. Temos vários elementos para pensar as relações de poder. Isso tem que estar em pauta na educação para que a gente possa ter mentalidades desconstruídas para termos práticas sociais diferenciadas no futuro. Vivemos em uma sociedade que tem o passado de relações assimétricas de gênero para analisar, um presente que é resultado desse passado e um futuro a alcançar, que vem a partir das prevenções do que a gente não quer que se repita.

No cenário atual, com aumento dos casos de violência doméstica devido ao isolamento social, como a senhora vê a importância do dia 8 de março no combate à violência contra mulher?

As restrições impostas pela covid-19 foram estabelecidas para manter a quarentena, com objetivo de ficarmos em casa e nos proteger e proteger os nossos. Muitas mulheres ficaram no alvo de seus algozes, sofrendo agressões físicas, psicológicas, simbólicas e vários outros tipos de violência. Esse cenário também dificulta o acesso dessas mulheres às redes de proteção e aos canais de denúncia. As estatísticas da segurança pública mostram esse aumento nos números e ainda tem casos que não chegam à tona para a grande sociedade. A data 8 de março é emblemática para que não esqueçamos quem são essas mulheres. Ser mulher no Brasil é um estado de alerta permanente. A realidade da mulher negra, indígena, homoafetiva, com deficiência física e outras deve ser visibilizada e respeitada, todos os dias, não somente em datas festivas.

Qual o papel dos homens nessa balança desigual e como conscientizá-los sobre a luta feminina?

Culturalmente, nós fomos educados a pensar e esperar e ter expectativa diferenciada para meninos e meninas a partir do sexo biológico. A sociedade traz uma educação e socialização em que a mulher está para o privado, para as emoções, família, sensibilidade, fragilidade e que os homens estão para o público para guerra, trabalho, rua e força. Isso é uma construção de poder. O homem já nasce empoderado. A mulher tem que construir o seu empoderamento. Esse modelo de socialização atribui valores distintos e assimétricos na vivência em sociedade, gerando relações desiguais e de violência. A sociedade precisa dialogar e entender como essas relações de poder se impõem e é necessário que esse debate esteja também partindo para os homens, que se dialogue com os eles sobre essa questão, para entender que a desigualdade não é natural, não é normal, é uma construção de relações de poder a partir do gênero, que manifesta uma potencialidade de violências que precisam ser percebidas, discutidas e desconstruídas. 

A senhora percebe mudanças na forma como a mulher é vista atualmente?

Sim. Hoje, a mulher chega ao mercado de trabalho e assume liderança de gestão, assume espaços de trabalho que antes eram eminentemente da área do homem e isso incomoda porque passa a ser uma ameaça para sociedade que se ergue a partir do patriarcado, a partir do machismo. Hoje, a mulher constrói a sua autonomia, identidade, exerce a sexualidade. A gente tem também mudanças na representatividade política. As últimas eleições mostram como as mulheres estão trazendo a representatividade política. Muitas mulheres se elegeram nas últimas eleições e isso é importante porque são mulheres que estão lá que sabem dessa cena feminina desigual e que podem lutar pelos nossos direitos. Essas mulheres (eleitas) entusiasmam outras mulheres a participar da política, da discussão e do debate.

O que a senhora espera para o futuro? Acredita que alcançaremos a igualdade total entre mulheres e homens?

A sociedade está em transformação. Espero que dias melhores possam vir, que a visibilidade, a justiça, o respeito para as mulheres possam vir a partir de toda essa movimentação que nós o tempo todo fazemos, trazendo esse tema para a roda de debate. Essa discussão não é somente acadêmica, ela tem que sair dos muros da universidade e ir para rodas de conversa, para o meio familiar. Ela tem que sair para o campo social e político para que a gente alcance a visibilidade e o respeito que as mulheres devem ter na sociedade brasileira.

Por Sarah Barbosa.

 

 

 

 

 

Ainda quando se imagina quem comanda um clube de futebol, a imagem costuma ser a de um homem com mais de 50 anos e de semblante sério, típico cartola dos tempos passados. No Brasiliense isso não é assim. O time da capital federal ganhou no mês passado a Copa Verde e é presidido por uma jovem de 24 anos que já se vestiu de mascote, pintou o cabelo para celebrar conquistas e é amiga dos jogadores. Luiza Estevão dirige há cinco anos o clube e neste Dia Internacional da Mulher é um exemplo do quanto elas ganham cada vez mais espaço no futebol, num caminho sem volta.

Luiza assumiu em 2016 o time criado em 2000 pelo pai, o ex-senador Luiz Estevão. Apesar de ter cinco irmãos mais velhos, foi ela a escolhida para cuidar do Brasiliense. "Meu pai sempre viu que eu tinha jeito para enxergar o jogo e para entender de gestão. Eu virei diretora do clube aos 19 anos. Antes disso, já pensava em atuar no futebol", disse ao Estadão.

##RECOMENDA##

Atualmente, ela está no cargo de vice-presidente do Brasiliense e cursa o último semestre da faculdade de Psicologia. O pai, Luiz Estevão, está afastado do futebol desde 2016 após condenação por fraude na construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, acusado de desviar R$ 169 milhões na execução da obra da sede do tribunal na década de 1990. Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar por causa da covid-19. Ainda assim, o vínculo entre o ex-senador e o clube é tão relembrado no futebol que causa situações curiosas.

Anos atrás, um time foi utilizar a estrutura do Brasiliense para treinar. Um dirigente chegou ao local e, ao encontrar Luiza no comando, perguntou pelo pai dela: "Cadê o homem do clube?". Bem humorada, a dirigente respondeu: "O homem do clube sou eu". Em fevereiro, a equipe estava em Belém para disputar a final da Copa Verde contra o Remo e quem encontrava a delegação geralmente se confundia. Os cumprimentos de "bom dia, presidente" não eram para Luiza, mas sim para algum homem ao seu lado.

Bem humorada, a cartola do Brasiliense não se sente ofendida por essas situações. "No começo, eu enfrentei mais preconceito. Não tanto por ser mulher, mas por ser jovem. Alguns achavam que eu era uma criança. Não foi fácil. Dentro do clube, sempre tive muito respeito e consegui também mostrar meu trabalho e valor", afirmou. Desde que assumiu o cargo, a equipe conquistou dois títulos.

Luiza acompanha todos os treinos do time e viaja sempre com o elenco para os jogos. Após o título da Copa Verde, ela entrou na brincadeira com o elenco. Os atletas jogaram a dirigente para o alto na comemoração de campo e fizeram com que Luiza topasse um desafio. Para comemorar o título, alguns jogadores mudaram a cor do cabelo. A vice-presidente aceitou descolorir também algumas de suas mechas.

"Algumas vezes, tentei ser uma dirigente séria, mas não posso fingir que tenho 50 anos e sou ranzinza. Eu gosto de brincar e isso ajuda a ser mais próxima dos jogadores e a ter resultados. Costumo dizer que eu e o elenco somos crianças que ainda gostam de jogar bola", comentou a dirigente. Bastante ativa nas redes sociais, ela até já vestiu a roupa de jacaré, a mascote do clube de Brasília.

O trabalho no Brasiliense faz Luiza receber várias mensagens de outras garotas interessadas no futebol. Algumas sonham até mesmo em ser dirigentes. Na opinião dela, o segredo para um clube ter sucesso é pagar os jogadores em dia, ter coesão no trabalho e nas decisões e fazer contratações certeiras. Ela garante que seu pai não apita nada em sua gestão.

Um dos jogadores trazidos recentemente para o Brasiliense é admirador do trabalho da dirigente. O atacante Zé Love foi campeão da Copa Libertadores pelo Santos ao lado de Neymar e defende o time da capital desde 2019. "O futebol não está mais como antigamente, tão machista. Hoje se abriu o leque", disse o jogador de 33 anos. "A Luiza tem idade próxima à de vários jogadores, então isso facilita a convivência. Ela está sempre muito presente nos treinos, conversa com todos. Por ser jovem, se dá muito bem com os atletas e dá liberdade para todos nós", explicou Zé Love.

Os atletas recém-chegados demoram a se acostumar com a presença de uma mulher no comando. Mas é assim que é. Alguns até se sentem intimidados em falar palavrões ou fazer brincadeiras na presença da cartola. Porém, logo se soltam e entendem que no entender dela, um ambiente de liberdade é mais positivo para o futebol. Tira a pressão também.

Revelado pelo Fluminense, o volante Radamés está há três anos no Brasiliense e afirma que se um dia quiser trabalhar em outro time, Luiza tem capacidade para fazer uma boa gestão. "Há muito preconceito no futebol. As pessoas até podem duvidar da Luiza, mas quem convive com ela, vê como ela trata as pessoas e é correta. Ela consegue se impor sem ser 'durona' e é capaz de gerir de maneira simples um clube que tem 35 jogadores homens. Ela é muito equilibrada e inteligentíssima", disse. O Brasiliense é sediado em Taguatinga (DF). O time disputa o Campeonato Brasiliense e a Série D do Campeonato Brasileiro.

Na manhã desta segunda-feira, 8 de março, data que se comemora o Dia Internacional da Mulher, mulheres da ocupação Maria Caroline de Jesus do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) protestaram na BR-101, no Barro, Zona Oeste do Recife. O ato começou por volta das 6h e as manifestantes reivindicavam ampla vacinação, renda básica e moradia.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o protesto aconteceu no km 72, da BR-101, próximo à estação do Barro. Haviam cerca de 30 pessoas do MTST no local que interditaram a rodovia nos dois sentidos com pneus e cartazes. A manifestação já foi encerrada e a rodovia liberada às 7h15.

##RECOMENDA##

Em suas redes sociais, o MTST enfatizou que o dia 8 de março é um dia de luta para as mulheres e fez críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). “Em meio a maior crise sanitária do Brasil, a população está à mercê da política de morte do governo Bolsonaro. MTST, a luta é pra valer!”, escreveu.

Por muito tempo, boa parte da população feminina ficou estacionada em apenas um estilo de vida: crescer, casar, ter filhos e ser dona de casa. Mesmo que de maneira lenta, esse cenário mudou e através da troca de informações e conhecimentos, as mulheres vêm conquistando independência em diversos âmbitos da vida, em especial a financeira. Mas isso não quer dizer que as responsabilidades com a casa e família ficaram para trás, e sim que cada vez mais mulheres buscam acrescentar, em sua rotina, negócios que resulte em uma grana extra e até em uma renda para se manter. 

As transformações sociais e econômicas têm provocado mudanças no perfil do empreendedor brasileiro que atualmente, além de homens adultos, engloba jovens e mulheres. Mônica Salgado, profissional da área de estética com especialização em depilação à cera, relata que empreende desde o ano de 2015 e essa carreira tem gerado mais que um lucro adicional.

##RECOMENDA##

 “Tudo iniciou com um curso gratuito oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Atuo na área de depilação à cera com atendimento domiciliar por ainda não ter focado em abrir negócio físico, mas também pela flexibilidade de poder fazer meus próprios horários e não ficar presa ao trabalho, além de dar o mesmo nível de atenção aos meus familiares. O máximo que cheguei a lucrar foi em média R$ 1.500 e o mínimo R$ 500, a lucratividade é bem relativa, vai de acordo com a quantidade de clientes”, revela Mônica. A profissional ainda comenta que optou por empreender pelo fato de ter sido na mesma fase em que esteve grávida e não queria parar de trabalhar e nem ser ausente no crescimento do filho. 

Levantamento realizado pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora, na pesquisa “Empreendedorismo no Brasil: Um recorte de gênero”, mostra que mulheres procuram predominantemente abrir um negócio pela flexibilidade de horário e por necessidades, enquanto homens são motivados por renda extra e vocação. Esta diferença entre necessidade e oportunidade tem grande influência sobre a estruturação do negócio e suas chances de sucesso.

O último levantamento nacional em relação ao quantitativo de mulheres empreendedoras, realizado pelo instituto, foi em agosto de 2019 e identificou que 59% das mulheres que empreendem são casadas e 52% têm filhos. A pesquisa ainda mostra que a maioria delas inicia um negócio depois dos 30 anos de idade.

Além de serviços com atendimento a domicílio e feitos por conta própria, existem diversos negócios em que mulheres se unem para iniciar um empreendimento, como é o caso do estúdio 'Medusa Body Art', localizado na Rua José de Alencar, Edifício Ambassador, nº 44, 8º andar, bairro da Boa Vista, área central do Recife. Composto por quatro mulheres e fundado pela Body Piercer Hadassa Quirino, o ambiente oferece serviços de aplicação de piercing e tatuagens.

[@#video#@]

As tatuagens são feitas por Eduarda Oliveira, Bruna Nascimento e Sarah Bernardes. “Na maioria das vezes os estúdios que se aplicam tatuagens são compostos por homens, mas com o passar do tempo, mais mulheres começaram a se interessar por esse mundo e buscaram entender um pouco mais de como funciona essa arte. Já cheguei a ouvir ‘Nossa, eu não confiaria em uma mulher me tatuanto’. Mas hoje em dia percebo que a procura de homens pelo meu trabalho é bem razoável.” comenta Bruna Nascimento, uma das sócias do espaço.

Medusa Body Art foi inaugurado há cerca de três anos. A chave para o negócio iniciar foi pelo fato da co fundadora Hadassa Quirino sentir a necessidade de sair do ambiente em que trabalhava onde a maioria dos funcionários era de homens. “No meu antigo ambiente de trabalho não sentia que minha opinião valia alguma coisa, a minha voz não tinha vez. Muitas vezes, chegavam conversas um pouco chatas, não falavam diretamente para mim e essas pequenas coisas foram virando uma grande bolha, e foi aí que coloquei na minha cabeça que queria um estúdio formado apenas por mulheres”, relata a profissional. 

Esses e outros fatos ocorrem constantemente de diferentes formas na vida da mulher presente no mundo dos negócios. É uma luta diária e que a sociedade ainda busca se reeducar a entender que o sexo feminino é capaz de ter sucesso e conseguir o que realmente quer com as próprias ideias, esforços e conhecimentos. 

“Em comparação aos homens, as mulheres começam a empreender bem mais cedo, isso ocorre porque existe um empreendedorismo por necessidade, então acaba que elas iniciam um negócio mais jovens, muitas vezes atendem a domicílio e com carga horária de trabalho menor, por ter outras atividades para cumprir”, destaca a economista Sylvia Siqueira. 

O LeiaJá entrou em contato com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para saber o quantitativo no Brasil e especificamente no Estado de Pernambuco de mulheres que empreendem. O último levantamento realizado pela instituição foi no ano de 2018.

De acordo com os dados informados, o país contou com 9,3 milhões de mulheres empreendedoras, em que 1.255,1 milhões trabalhavam empregadas e as outras 8,1 milhões por conta própria. Já para o Estado de Pernambuco, a pesquisa apontou 380,4 mil empreendedoras, em que 43,9 mil são empregadas e 336,5 mil trabalhavam por conta própria.  

A mulher na nossa sociedade corre risco de morte e quem diz isso são dezesseis milhões de brasileiras. Esse é o número de mulheres com 16 anos ou mais que sofreram algum tipo de violência em 2018, no Brasil. O dado vem de uma pesquisa recente - divulgada em 2019 - feita pelo Datafolha, em parceria com a FioCruz e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento expõe como ainda estamos longe um sistema realmente seguro para quem é do sexo feminino.

 Porém, em tempos de conquistas tecnológicas importantes, o crescimento de startups que buscam soluções para enfrentar esse dado começa a aparecer e a tomar - ainda que em pequenos goles - força. É o caso de iniciativas recifenses como a NINA, o Mete a Colher e o - ainda embrionário - HEAR. Apesar de distintos, os três projetos foram criados com um objetivo: ajudar usuárias em situação de risco a encontrarem soluções para sair de cenários de assédio e violência.

##RECOMENDA##

 Uma NINA no ônibus

CEO da NINA, Simony César/ Foto: Júlio GomesFilha de uma ex-cobradora de ônibus, Simony César cresceu ouvindo histórias de assédios em coletivos. Ao entrar na universidade, no curso de publicidade e propaganda, teve a sensibilidade de enxergar no ambiente acadêmico a oportunidade de fazer algo pelas mulheres personagens da rotina de sua mãe, que ao entrar em ônibus da Região Metropolitana do Recife sofriam algum tipo de violência nos coletivos. Assim, nasceu a ferramenta NINA.

 "Eu venho de uma família que tem vários operadores na área de transporte, mas sempre na condição de empregados e não de tomadores de decisão. Quando eu entrei na universidade, um dos meus primeiros estágios foi em uma grande administradora de frotas ônibus e esse passou a ser meu dia a dia também. Acho que isso foi alimentando essa coisa da impotência. Enquanto usuária e agora rodoviária, eu me sentia tão impotente quanto. As leituras que eu fazia na universidade, de você cumprir o seu papel social, talvez tenham me dado mais coragem de iniciar a pesquisa", conta a CEO da NINA, que conseguiu transformar a ideia em uma empresa e está entre os brasileiros mais influentes com menos de 30 anos, de acordo com Forbes.

 A ferramenta criada por Simony ainda não funciona na capital pernambucana, mas faz a diferença no aplicativo “Meu ônibus Fortaleza”, no Ceará. Para as cearenses que usam a tecnologia, ela serve como um botão de denúncia tanto para quem sofre quanto quem presencia situações de assédio nos coletivos, paradas ou terminais de ônibus.  "A gente queria entender o contexto da mulher 'fortalezense' no ir e vir do transporte público. Elas (as mulheres) não confiavam no sistema que ofereciam, que era o número do sindiônibus ou da polícia", afirma Simony.

 A CEO explica que, quando a usuária ou a vítima, faz a denúncia estando dentro do coletivo, os agentes da NINA localizam esse transporte e de imediato notificam a companhia, que tem até 72 horas para encaminhar as imagens do trajeto para a Polícia Civil. “A NINA tem muito essa questão da mulher cearense agora saber o que ela faz. A gente fez entrevistas com as usuárias (sobre o funcionamento do app) e a frase recorrente era "foi a primeira vez que eu sabia o que fazer", conta.

[@#video#@]

 É preciso ouvir

Tratando outros tipos violência estão o aplicativo veterano Mete a Colher e o ainda embrionário Hear. O primeiro surgiu em 2016 e é fruto da iniciativa de mulheres empreendedoras recifenses que queriam desmistificar o ditado "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher". O resultado foi uma rede de apoio que ajuda vítimas a saírem de relacionamentos abusivos oferecendo informações, assessoria jurídica e um dos mais importantes atos de acolhimento, a escuta. 

 "A gente ainda pensou em fazer um botão de denúncia, mas quando começamos a entender todos os processos de violência doméstica, quais eram as dificuldades, percebemos que um dos grandes problemas é que as mulheres não tinham uma rede de apoio entre as próprias mulheres", explica Renata Albertim, uma das fundadoras do aplicativo. Ela afirma que, na época, as participantes da startup viram que o apoio e o acesso à informação eram uma demanda mais urgente para as vítimas, que possuem diferentes perfis e que nem sempre sabem o qual atitude tomar mediante à violência.

 "Fazer uma denúncia é complicado. Não são todas as mulheres que querem denunciar. Existem dois lados, dois perfis. A que demora mais um pouco e a que vai de imediato. A gente acredita que enquanto rede de apoio, nós somos uma porta de entrada”, conta. Para ela, quando uma vítima entra para relatar um problema, mesmo que ela ainda não saiba exatamente que o que está sofrendo, é um indício que alguma coisa não está bem. “Aqui ela vai começar a conversar, a se entender e em algum momento a gente espera que ela se fortaleça um pouco. Costumamos dar orientações que há delegacias, pontos de referências, mas não existe um caminho único para a denúncia”, reflete.

 Qual é o panorama da violência contra mulher no Brasil?

E não há mesmo. De acordo com a pesquisa da FioCruz, apenas 10% das mulheres que sofreram algum tipo de violência doméstica, em 2018, relataram ter buscado uma delegacia da mulher após o episódio. Por mais que o cenário ideal seja o aumento das buscas por ajuda, 52% das vítimas alegam não ter feito nada, repetindo o mesmo resultado da pesquisa realizada dois anos antes. A tendência, infelizmente, é piorar.

 Desde dezembro de 2018, o Brasil possui um Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, aprovado pelo Conselho Nacional homônimo e válido por dez anos. Na teoria, o Plano estabeleceu que o Ministério da Justiça e da Segurança Pública deve dispor de recursos financeiros, além daqueles previstos no orçamento da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, para induzir a implementação de estratégias que reduzam todas as formas de violência contra a mulher. Porém, em fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro informou que não pretende reforçar o orçamento para a área.

 Entre 2015 e 2019, o orçamento da Secretaria da Mulher do governo federal diminuiu de R$ 119 milhões para R$ 5,3 milhões, de acordo com a própria Câmara dos Deputados. O problema é que, no ano passado, os registros de feminicídios cresceram no país, com uma alta de 12% nos assassinatos de mulheres, contra uma queda de 6,7% nos homicídios dolosos do gênero.

Na edição de 2019 do Atlas da Violência, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados de 2017, há um indicativo de que houve um crescimento dos homicídios femininos. No Brasil, em 2017, aconteceram cerca de 13 assassinatos por dia. Ao todo, 4.936 mulheres foram mortas, o maior número registrado desde 2007. Considerando o período de dez anos, os estados em que esse número aumentou foram Rio Grande do Norte, seguido por Ceará e Sergipe (107,0%). Pernambuco segue no meio da lista.

É importante ressaltar que, entre o número de feminicídios, o maior índice de violência está entre as mulheres negras e pardas. Enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras teve crescimento de 4,5% entre 2007 e 2017, a taxa de homicídios de mulheres negras cresceu 29,9%. 

As mulheres negras são 66% de todas as mulheres assassinadas no país em 2017. Do total de homicídios contra mulheres, 28,5% ocorrem dentro da residência, segundo a pesquisa do Ipea. Ao que tudo indica, os números estão diretamente ligados a casos de feminicídios íntimos, que decorrem de violência doméstica.

  Inteligência artificial usada para prevenir

Startups e grandes corporações começaram a aplicar softwares de Inteligência Artificial para prevenir abusos. E é aí que entra o, ainda embrionário, projeto HEAR. Depois de vivenciar a violência doméstica dentro da sua própria casa, o analista de sistemas Lincon Ademir trouxe, para dentro de sua pesquisa de mestrado, a ideia de criar um app que não apenas registra os pedidos de socorro das vítimas, mas os escuta em tempo real. 

 Com uma equipe compostas por pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFPE), ele dá os últimos passos para o lançamento do HEAR, um aplicativo que deve ouvir em tempo real se uma mulher sofre algum tipo de violência no ambiente doméstico e assim pedir por ajuda. A premissa da ferramenta é, assim com o Mete a Colher, funcionar como uma rede de apoio, em que, outras usuárias próximas geograficamente à vítima, possam comprovar o bem-estar da mulher - literalmente - batendo na porta na hora que forem acionadas. De acordo com a professora Ana Paula Furtado, essa seria uma forma de prevenir a violência antes que ela, de fato, seja consumada. 

 Sobra intenção, mas falta verba

[@#podcast#@]

Além de lidar com a dor dos casos de assédio e violência, essas startups ainda sofrem com outra dificuldade: a falta de interesse de investidores para seus projetos. Tanto a NINA quanto o Mete a Colher e o HEAR dependem de editais públicos, cada vez mais escassos, ou de empresas interessadas em investir em seus projetos que precisam - acima de tudo - estar ligados à políticas públicas. 

 A solução encontrada por Renata Albertim foi a criação de outra plataforma, chamada TINA, feita para ajudar empresas a orientar suas funcionárias em casos de violência doméstica. "Como a gente é uma startup, somos um negócio e não estávamos encontrando uma forma de gerar receita com o aplicativo. Nosso app é gratuito e está disponível para todas as mulheres, mas a gente ainda precisa pagar funcionários para manter a aplicação. Trabalhar com tecnologia é bem caro", diz a empreendedora. 

  “Infelizmente, hoje, embora a gente utilize Inteligência Artificial, não existe investimento. Empresas privadas não entram porque não existe retorno para elas. É puramente social. Então o trabalho é a pesquisa de editais”, afirma Lincon. Para ajudar a fomentar o mercado local e mudar um pouco o cenário descrito pelo analista de sistemas, o Banco do Nordeste inaugurou, no último mês de fevereiro, um Hub de Inovação no Porto Digital - polo de tecnologia -, localizado no bairro do Recife.  

 A intenção da instituição é apresentar novas iniciativas para seus investidores e assim ajudar a colocar para frente ideias importantes como as criadas por Simony, Lincon e as mulheres do Mete a Colher. E, quem sabe, fazer parte de uma mudança sociocultural envolvendo a diminuição deste tipo de violência.

O dia 8 de março marca no calendário a celebração do Dia Internacional da Mulher. Comumente lembrado por desejos de parabéns, mensagens em tom de homenagem e pelo recebimento de flores, esse dia vem sendo reivindicado para o resgate de seu sentido original, de luta pelos direitos das mulheres, uma pauta feminista. Desconhecido por alguns, visto com receio por outros, o feminismo vem conquistando espaço na esfera de debates públicos e redes sociais nos últimos anos, influenciando pessoas e pautando questões políticas. 

Neste dia 8 de março, o LeiaJá preparou uma reportagem ouvindo pesquisadoras e militantes feministas para explicar o que é o feminismo e como ele influencia mulheres, homens, debates públicos, projetos de lei e o pensamento social como um todo, pela perspectiva de quem tem o protagonismo desse movimento e está no centro da questão: as mulheres.

##RECOMENDA##

Nas palavras de Liana Lewis, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que está desenvolvendo pesquisas sobre autoritarismo com recortes de raça, gênero e classe social, o feminismo pode ser entendido como “um movimento e escola de pensamento que denunciam que as relações de gênero são relações de poder e não são naturais, ou seja, são construídas e reproduzidas social e historicamente”. 

Ela continua explicando que o feminismo “denuncia e luta contra as formas de opressão que mantém as mulheres em lugar de subalternidade em relação aos homens” e que a principal ideia do feminismo é opressão de gênero como ponto central de denúncia e formulação de sua teoria e ações. Entre as principais premissas do feminismo, segundo a professora, estão as ideias do protagonismo feminino através do lugar de fala e a sororidade, que é definida como uma “união de mulheres que compartilham os mesmos ideais e propósitos, caracterizada pelo apoio mútuo evidenciado entre essas mulheres”, segundo o dicionário online Dicio. 

“Importante também é o lugar de fala que implica que nossas ideias e posições no mundo são determinados pelas maneiras como somos construídos socialmente (gênero, raça, sexualidade, classe, religião, etc). Sororidade é um conceito que funciona como modo de coesão através da empatia e identificação. Aqui é colocada a necessidade de compreendermos as várias formas de opressão a que as mulheres estão submetidas com o intuito de construir estratégias coletivas de libertação”, afirma Liana. 

Origem e expansão do movimento

De acordo com a professora e pesquisadora, a origem do feminismo está nos Estados Unidos do século XIX, quando mulheres operárias começam a fazer reivindicações por melhores condições de trabalho e tratamento igualitário em relação aos colegas de trabalho do sexo masculino. “Neste início então aconteceu uma forte articulação entre a questão de classe e gênero. A questão do sufrágio (voto) universal também acompanhou estas primeiras discussões, pois nesta época, o direito de voto na maioria dos países ocidentais era restrito aos homens brancos”, explica a professora Liana. 

A partir daí, o movimento ganhou força e se espalhou tanto pelos Estados Unidos como por outros países da Europa, América Latina, Ásia e África. Nesse processo de expansão, as ideias e formas de agir do movimento também foram passando por mudanças e transformações ao longo do tempo.

“O feminismo, nos seus primórdios, se restringiu à questão de gênero, tomando este conceito como universal, ou seja, partiu do princípio de que todas as mulheres eram submetidas a formas semelhantes de dominação. Ao longo dos anos, especialmente a partir das demandas das mulheres negras, existe uma compreensão de que gênero se articula com outras categorias tornando esta opressão ainda mais violenta e profunda”, explana a especialista.

Transformações e correntes de pensamento

Com essas transformações, surgiram novas linhas de pensamento e correntes dentro do feminismo. “Temos, por exemplo, o feminismo socialista, o feminismo negro, o feminismo africano, o feminismo queer, que articula a questão de gênero com sexualidade. Ou seja, ele se complexifica e se torna plural à medida em que os grupos identificam formas diversas de opressão de gênero”, afirma. 

Há, ainda, o feminismo interseccional, que busca formular uma luta conjunta, atendendo às particularidades de cada grupo de mulheres em seus contextos sociais e pautas específicas. Laeticia Jalil é professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), trabalha com temas ligados à Sociologia Rural, Feminismo e Agroecologia e na sua visão, a busca por um feminismo que contemple a diversidade feminina e não apenas uma hegemonia branca de classe média é um ponto positivo para o movimento. 

“O conflito não deve ser evitado pois somos plurais, há relações de poder, a gente tem que ter atenção para não reproduzir o modus operandi de quem nos oprime. É legítimo que indígenas não se sintam representadas só por brancas. O mesmo para as negras. Eu vejo isso como um amadurecimento do movimento, como capacidade de incorporar críticas e ampliar sua ação. Na prática, as mulheres se reconhecem como feministas num processo coletivo, mesmo com as particularidades de cada mulher”, diz a professora. 

Patriarcado, machismo e suas consequências

Laeticia também pontuou que a sociedade é pautada na cultura patriarcal, e o machismo é uma das expressões dessa característica. Questionada sobre como o machismo se expressa, ela informa que diversas questões que perpassam a criação de homens e mulheres criam desigualdades nas relações de gênero. 

“Nas expressões de poder, a menina aprende que ela é feita para cuidar, de rosa, casinha, panelinha. O menino é acostumado a ser agressivo, ir para a rua jogar bola, e isso vai se naturalizando na construção desses sujeitos e ocupamos o mundo de um jeito totalmente diferente dos homens. Hoje, quando olhamos para espaços de poder, no congresso, quanto por cento das legisladoras são mulheres? Os números de feminicídio têm aumentado, homens acham que têm o direito de mandar na mulher e isso se coloca desde o menino até o adulto”, explica a especialista.

A maior consequência dessa lógica social machista, para Laeticia, é a falta de acesso das mulheres a direitos básicos. “As mulheres são mais pobres, têm menos acesso à moradia digna, escolha da maternidade, (não têm) direito ao aborto seguro e legal. As mulheres são as mais pobres da sociedade num sentido não só de recursos financeiros mas de acesso a direitos”, diz ela. Questionada sobre a importância do dia 8 de março para o movimento feminista, a professora Laeticia indica que a data marca uma ação política para mobilizar a sociedade sobre os diversos temas que marcam as vidas das mulheres. 

“O 8 de março vem reafirmar que as mulheres são diversas, que temos que ir para as ruas e queremos um mundo justo a partir das mulheres para todo mundo. Ele tem uma função lúdica, de beleza, de cor, música, o feminismo ousa nas formas de diálogo, mas a sociedade reage porque as pautas são questionadoras da ordem vigente. O 8 de março é importante para confraternizar, se fortalecer e construir alternativas a partir das diferentes realidades”, explica a docente.

Ativistas pela vida das mulheres

Para entender o feminismo de forma ampla, tão importante quanto entender quais são as suas pautas e princípios é conhecer o dia a dia de quem está na militância pelos direitos das mulheres e em busca do patriarcado na sociedade, ouvindo as mulheres que participam ativamente de coletivos e movimentos sociais pautados no feminismo. Dani Portela é advogada, historiadora e foi candidata ao Governo do Estado de Pernambuco pelo PSOL nas últimas eleições. Ela conta que suas primeiras indignações começaram no ambiente familiar. 

“Quando se reuniam, a minha família se dividia. Homens de uma lado, conversando, bebendo, e as mulheres ficavam preparando a comida, o que servir, conversando sobre filhos, casa, novela, assuntos que nunca me interessaram muito. Eu era aquela menina que estava me interessando pelo assunto dos homens, que geralmente falavam em política”, diz.

Seu contato com o feminismo começou através de leituras feitas em sua adolescência e se aprofundou a partir dos 18 anos de idade, na universidade de história, ao entrar em grupos de estudo de gênero. “Começo a estudar questões de gênero, violência e poder. Fiz isso na história, na pré-história quando fui para a arqueologia e segui fazendo isso quando no futuro me tornei advogada, estudando a perspectiva da Lei Maria da Penha, pensando em outra lógica quando o feminismo busca no direito uma solução para essas desigualdades”, relembra.

Tornar-se mãe foi o que fez, segundo Dani, o seu feminismo ganhar corpo, especialmente por ter tido uma menina. “No primeiro ano da minha filha eu fiquei impactada com a quantidade de panela, vassoura, cozinha, brinquedos considerados de menina que ela recebeu”, recorda. As dificuldades enfrentadas para retornar ao trabalho após ser mãe também trouxeram uma nova perspectiva para Dani sobre as desigualdades de oportunidades. 

[@#video#@]

Carmem Silvia Maria da Silva tem 55 anos, é educadora, socióloga e trabalha no SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia. Ela também é militante do Fórum de Mulheres de Pernambuco, movimento local da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). Sua trajetória de militante começou cedo, ainda aos 14 anos no movimento contra a carestia (inflação) e seguiu para o movimento estudantil quando ela entrou na universidade. Foi nesse momento, através de bibliografias às quais teve acesso durante seu curso, que ela começou a ter contato com as ideias feministas. 

“Só vim me reconhecer mesmo como feminista na medida em que eu tive participação ativa no movimento, que é cerca de uns 15 anos atrás, ao entrar no Fórum de Mulheres de Pernambuco e passar a atuar como feminista. Até então eu dizia ‘eu gosto do feminismo, eu compreendo o feminismo, leio sobre o feminismo’, mas quando a gente passa a atuar coletivamente no movimento como feminista, aí é que realmente a gente passa a se reconhecer. A militância no movimento feminista foi fundamental para esse reconhecimento”, conta Carmem. 

Questionada sobre as razões de muitas mulheres ainda não se reconhecerem como feministas ou terem resistência ao termo, Carmem aponta o desconhecimento e preconceitos como principais motivos. “Por muito tempo foi disseminado um preconceito contra mulheres feministas, colocadas como mulheres que querem dominar os homens, que não se cuidam no sentido de se adaptar ao padrão de beleza. Tem aumentado o número de feministas, você vê hoje muitas jovens, adolescentes feministas. Isso se deve ao crescimento do movimento, ao crescimento do debate na internet. Quando um movimento é contra o sistema, logicamente o sistema faz tudo contra ele e faz tudo para que mais mulheres não cheguem nele, enquanto a gente faz tudo para que mais mulheres se engajem nas nossas lutas”, afirma.

Na visão de Carmem, o machismo é uma atitude preconceituosa que oprime as mulheres em um sistema de dominação patriarcal, capitalista e racista. “A nós é imposto o trabalho doméstico, de cuidados, e os homens são liberados disso. No mercado de trabalho nós temos menos direitos e salários menores. A nós é imputada uma condição de vulnerabilidade na vida urbana. O Estado Brasileiro define que não podemos interromper uma gravidez indesejada, isso é um controle sobre o corpo. A violência, a divisão do trabalho, o controle sobre nosso corpo e a determinação de que mulheres não devem ocupar espaços de poder são os principais problemas aos quais nós mulheres estamos submetidas nesse sistema”, defende.

Carmem explica que, em sua visão, a definição de quais sãos as pautas mais urgentes para as mulheres depende de onde elas vivem e o que mais as afeta. Já a nível nacional, ela afirma que “a gente tem uma luta grande por mais mulheres nos espaços de poder na esfera da organização do poder de Estado e no Legislativo". "A gente tem uma luta grande pela legalização do aborto, que hoje é crime e a luta contra a violência é sempre atual”, acrescenta.

A importância de levar as ideias feministas às ruas e lutar pelas pautas coletivamente, de forma organizada, foi destacada por Carmem como sendo um meio necessário para alcançar mudanças sociais efetivas. “Feminismo não é um estado de espírito, um modo de se vestir nem é como você conversa no bar. Pode te dar uma filosofia que ajude a te definir, mas é fundamentalmente um projeto social que luta coletivamente. É importante não se deixar dominar por esse individualismo do neoliberalismo próprio do ‘cada um por si e as deusas por todas’, a gente precisa estar em movimento, lutando juntas para confrontar os poderes que causam nas nossas vidas”, acredita Carmem.

Mônica Oliveira tem 51 anos e é assessora parlamentar do mandato coletiva Juntas (PSOL) na Assembleia Legislativa de Pernambuco, bem como é assessora de finanças da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco. Sua militância começou aos 15 anos de idade, no grupo de jovens da ala progressistas da pastoral da juventude da igreja católica e no conselho de moradores do Alto de Santa Terezinha, no Recife, passando depois pelo movimento de cristãos universitários, pela filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e chegando ao movimento negro. A militância feminista começou no final dos anos 90 e início dos 2000, por meio de um grupo de trabalho chamado Omnira, que é uma palavra Iorubá para mulher.

“Nos anos 70 e 80, até nos anos 90, as mulheres negras faziam grandes enfrentamentos dentro do movimento feminista clássico, porque nesse período o feminismo mantinha um discurso de que as mulheres eram todas iguais e vivenciavam as mesmas opressões. As mulheres negras afirmavam que nós não éramos iguais, porque o fato de as mulheres negras enfrentarem o patriarcado, o sexismo e as desigualdades de classe, enfrentarem também o racismo. Isso tensionava muito o movimento feminista, eram confrontos bastante difíceis que as mulheres negras enfrentavam”, conta ela. Mônica explicou que, além dos enfrentamentos dentro do feminismo, no âmbito do movimento negro também havia luta pelo reconhecimento das pautas das mulheres contra o patriarcado. 

“Esses enfrentamentos foram fundamentais para que o movimento feminista hoje se afirme como um movimento anti racista, levou alguns anos para que as mulheres negras conseguissem afirmar sua posição em torno disso. Existe uma teórica chamada Bell Hooks que dizia que o que nos une não é que nós sofremos as mesmas pressões, o que nos une é a luta contra as opressões. O que nos une enquanto mulheres, negras e brancas”, afirma.

Quando questionada sobre qual é, hoje, a situação da mulher negra brasileira, Mônica destaca os indicadores sociais que mostram, por meio de dados, que as mulheres negras são o segmento social mais marginalizado no país. “Estamos nas piores condições do ponto de vista da renda, do ponto de vista do emprego, somos maioria nas ocupações precárias, nos empregos informais, não tem direito trabalhista, não tem direito a salário digno. Ocupamos os piores índices no ponto de vista da saúde se você pega indicadores como mortalidade materna, mais de 60% são mulheres negras”, exemplifica.

Segundo Mônica, o feminismo negro tem questões que são particularmente importantes para o contexto em que vivem essas mulheres. “Sem sombra de dúvida o enfrentamento à violência contra a mulher é uma pauta fundamental para as mulheres negras, pois somos as que mais sofrem violência doméstica, feminicídio e violência sexual. As políticas de segurança públicas são uma agenda fundamental. A política de segurança do Brasil tem determinado aquilo que a gente chama de genocídio da juventude negra, a atuação policial é altamente marcada pelo racismo, isso afeta a vida das mulheres negras pois são nossos filhos, maridos, irmãos, que são assassinados. A guerra às drogas é uma pauta importante para nós pois as autoridades ao invés de desbaratar o tráfico, continuam prendendo pequenas pessoas que não têm grande significado”, destaca.

Mônica continua citando a luta contra o empobrecimento, o desemprego e desmonte dos programas sociais que, segundo ela, “afeta diretamente a população mais pobre, a população negra, e aí as mulheres são afetadas porque elas sustentam suas famílias, mais da metade das famílias sustentadas por mulheres no Brasil são sustentadas por mulheres negras”.     

Liana Cirne é advogada, professora da Faculdade de Direito do Recife, da UFPE, militante feminista e pré-candidata à vereadora do Recife. Seu processo de reconhecimento como feminista começou na infância, crescendo em uma família muito machista e começando a se indignar com situações que lhe eram negadas por ser menina. 

O primeiro contato com ideias feministas veio através de livros que ela escolhia na biblioteca que frequentava. “As pessoas tinham uma visão equivocada e preconceituosa do feminismo e por muito tempo eu era a única feminista do grupo e as outras tinham preconceito. Foi muito importante e libertador. O feminismo definiu muito quem eu sou, eu não seria quem sou nem estaria onde estou se não fosse o feminismo”, acredita.

Tornar-se militante foi um processo orgânico, segundo Liana, através de sua atuação como professora universitária. “A posição de professora nos demanda várias mãos e as alunas chegam com muitas dificuldades, seja por ser mãe, por falta de estímulo da família. Em pleno séc XXI há gente que quer que as filhas não estudem. Para muitas mulheres, estudar é um ato de insubordinação”, revela.

A militância de Liana se conectou com a política após sua participação em alguns movimentos sociais e, nessa trajetória, os direitos das mulheres são uma bandeira de reivindicação. “O feminismo me acompanha, pois como em todos os espaços em que a mulher está, o machismo impera na política. E também é um espaço privilegiado para buscar mudar isso e minar o machismo que ainda impera. Isso não é possível sem a participação de mulheres comprometidas com o feminismo interseccional. Temos que pensar em mulheres diversas. Isso vale para a professora, empregada, balconista, dona de casa, para todas”, comenta.

Os espaços de educação, em especial as universidades, são citadas por muitas mulheres como um meio através do qual o conhecimento sobre o que é o feminismo e sua importância chegou em suas vidas. Liana, que tem 23 anos de carreira como professora, enxerga a maior escolarização das mulheres e o acesso às universidades como uma ferramenta de empoderamento feminino. 

“A universidade permite que a gente se reinvente. Quando a mulher vem para a universidade em uma área que ela escolheu, tem o direito de sonhar em ser uma profissional bem sucedida, uma mulher independente. A dependência econômica muitas vezes é a principal causa de prisão da mulher a uma relação tóxica por não ter dinheiro para sair de casa, manter os filhos. Esse movimento de romper um relacionamento tóxico sem independência é muito mais difícil. Quando ela vem para a universidade, abre-se para ela a oportunidade de sonhar com um futuro melhor”, finaliza professora.

[@#galeria#@]

Em pleno Dia das Mulheres, que será comemorado na próxima sexta-feira (8), uma concentração de mulheres pretendem ocupar as ruas do centro do Recife unidas pelo mote: "Marielles: livres do machismo, racismo e pela previdência pública". Com concentração prevista para às 14h na Praça do Derby, área central da capital pernambucana, as mulheres saírão às ruas por volta das 16h contra as medidas adotadas no governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Antes de saírem em passeata, serão realizadas rodas de diálogos sobre cinco temas: contra o racismo, pela vida das mulheres, contra a reforma da previdência, em defesa da autonomia dos próprios corpos e pela vereadora do Rio de Janeiro assassinada, Mariele Franco.

##RECOMENDA##

As organizadoras do ato chamam a atenção para o último levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública junto com o Instituto Datafolha em 2018. De acordo com o estudo, a cada hora 536 mulheres sofreram agressão física, somando 4,7 milhões de vítimas apenas no ano passado.

Liliana Barros, integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco diz que "nesse atual governo, as mulheres negras são as principais vítimas do feminicídio e do fascismo que está tomando conta do nosso país. E é por isso que neste 8 de Março estaremos nas ruas juntas trabalhando nosso autocuidado e dizendo não a essa onda de fascismo, de racismo e de retrocessos.”

As organizadoras do evento garantem que o ato "marcará o início de um ano que promete ser de muitas mobilizações frente a um governo que adota posturas fundamentalistas, que ameaça os direitos da população mais pobre e que coloca as mulheres em situações de ainda mais vulnerabilidade".

Serviço

O que: Ato do Dia Internacional da Mulher – “Marielles: Livres do Machismo, do Racismo e Pela Previdência Pública”

Quando: sexta-feira, 8 de março, a partir das 14h

Onde: Praça do Derby, região central do Recife

A cultura machista que permeia a sociedade brasileira nos “ensina” desde muito cedo que no mundo há coisas que se destinam apenas a homens ou a mulheres, começando pela cor do quartinho do bebê, passando por dar carrinhos aos meninos e boneca às meninas e culminando, muitas vezes, na escolha da área de estudos e atuação no mercado de trabalho. 

Profissões que envolvem altos riscos ou exigem habilidades como força, afinidade com ciências exatas e condicionamento físico muitas vezes são vistas como masculinas, o que reduz o número de mulheres que se interessam por esse tipo de trabalho e decidem exercê-lo. O trabalho com forças de segurança como exército e polícia, por exemplo, ainda é visto como algo a ser desempenhado por homens, havendo assim uma diferença de gênero notável quando se observa quantas mulheres atuam nos efetivos dessas instituições.

##RECOMENDA##

Neste Dia Internacional da Mulher, data marcada pela luta feminina pela igualdade de direitos, LeiaJá fez uma entrevista com Manoela Correia de Carvalho, que é 2º Sargento da Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE) para entender como é o dia a dia de mulheres policiais e quais são os desafios enfrentados pelas policiais em uma sociedade machista. 

Incentivo do pai, medo da mãe

Manoela tem dois filhos e 34 anos, dos quais 13 foram dedicados à PM. Por incentivo de seu pai, que também é militar e via na filha habilidades que poderiam ser interessantes na carreira policial, Manoela foi estimulada a fazer o concurso da polícia ainda bem cedo, aos 18 anos, ingressando na corporação como Soldado. 

“Fiz concurso público com 18 anos, logo que eu terminei o Ensino Médio. Eu estava estudando para o vestibular, então não tive dificuldades com a parte intelectual, na de saúde também não, e como eu já praticava esportes, não tive dificuldades de ser aprovada nos testes físicos”, contou ela, que praticava vôlei e também já fez treinos de natação, mas nem pensava em si mesma como policial.

Foi já depois de ser aprovada no concurso público, durante o curso de formação de oficiais, que Manoela começou a entender exatamente como seria o trabalho na Polícia Militar e, segundo ela, a primeira reação foi de estranheza. “Senti a mudança de ambiente, do mundo civil para o mundo militar. É uma cultura totalmente diferente, mas com o tempo você vai criando um carinho pela profissão. Tudo termina recaindo sobre a polícia, a gente consegue ajudar as também com dificuldades sociais, e isso me causou uma afinidade pela profissão”, explicou a Sargento.

No que diz respeito ao restante da família, Manoela explicou que por sempre ter tido uma personalidade tranquila e divertida, o restante da família estranhou um pouco a sua escolha por não ver nela o perfil do que se imagina de uma pessoa que trabalha na polícia. A mãe de Manoela, por sua vez, sempre demonstrou preocupação e muito medo com a segurança de sua filha durante missões operacionais de patrulhamento. De acordo com ela, sempre que conta que vai para uma atividade operacional, ouve de sua mãe frases como “Ai, meu Deus, tenha cuidado”, especialmente depois de ter tido filhos. 

Pioneirismo nas Unidades Especializadas

Ao longo de sua carreira, Manoela já passou por vários setores da polícia, entre unidades administrativas e operacionais, tendo feito parte, por exemplo, da Cavalaria, do Colégio Polícia, da Rádio Patrulha e, atualmente, do setor de comunicação, além de ter integrado o efetivo das Forças Armadas durante a missão das Olimpíadas Rio 2016 em Brasília e no Rio de Janeiro. 

A Sargento explica que a PM tem 193 anos, mas que só 35 anos atrás começou a aceitar mulheres, que a princípio só atuavam em tarefas administrativas ou nos batalhões de trânsito. Atualmente, de acordo com Manoela, apenas cerca de 20% do efetivo da Polícia Militar de Pernambuco é composto de policiais femininas, apesar de os editais de concurso público não separarem as vagas ofertadas por sexo.

Para ela, o que faz com que o número de mulheres policiais continue sendo menor, mesmo que esteja em crescimento, é o machismo presente na sociedade brasileira que faz com que muitas mulheres nem considerem trabalhar em profissões que exijam força e apresentem certos riscos, por não achar que podem. "Com certeza isso afasta o interesse, uma vez que não há barreiras, mas ao longo dos concursos a gente está vendo que vem aumentando o número de mulheres entrando na corporação à medida em que vai se tentando desmistificar essa questão, mas que isso atrapalha, atrapalha sim", disse Manoela. 

A Cavalaria foi a primeira unidade em que Manoela atuou, e também a primeira unidade de polícia especializada a aceitar mulheres. “A minha turma foi a primeira com policiais femininas na Cavalaria, as unidades especializadas não tinham mulheres, hoje a maioria está tendo. Uma das meninas foi selecionada para lá por engano, acharam que o nome dela era masculino e quando ela se apresentou o comandante disse ‘Ah, foi um engano, você é mulher e está aqui, vamos mandar você de volta’ mas o subcomandante sugeriu tentar, ela disse que tinha interesse e ele disse que chamaria mais seis mulheres para formar um pelotão feminino e eu fui uma dessas. O batalhão teve que ser reformado para ter instalações femininas, isso deu um pontapé inicial”, contou ela, que atualmente atua no setor de comunicação durante a semana e reforça o efetivo em finais de semana, feriados e grandes eventos. 

A presença de mulheres nos efetivos policiais, para Manoela, além de benéfica é também necessária, uma vez que a habilidade de resolução de conflitos com a razão e com estratégia antes do uso da força traz muitos ganhos ao serviço. Além disso, ela explica que unidades que têm mulheres estão mais preparadas para atender a diferentes tipos de ocorrências, e usou um exemplo da época em que ela atuava na Cavalaria. Confira: 

[@#video#@]

“É preciso estar mais preparada que os homens”

Manoela explica que quando vai sair para alguma missão operacional, é preciso chegar mais cedo para colocar o fardamento, se armar, colocar os equipamentos de proteção individual mais adequados à missão do dia, se preparar fisicamente, conferir sua escala para sair e então oferecer o serviço de segurança. A escala, a depender da ocasião, pode enviar os policiais a vários lugares da Região Metropolitana do Recife (RMR) ou até mesmo para o interior do Estado, em épocas como o período de festas juninas, semana santa e eleições, por exemplo.  

Manoela explica que na rua o exercício do trabalho policial não tem diferenças para os homens e para as mulheres, mas que é preciso que as policiais femininas estejam sempre mais atentas durante as missões, pois o machismo faz com que muitas vezes os suspeitos se sintam mais à vontade para reagir contra elas. 

“Uma vez fizemos um cordão de isolamento, tinha homens passando e um deles quando viu um elo formado por duas mulheres, tentou passar por ali pelo fato de serem mulheres, aí o capitão ouviu e interviu. Acontece de tentarem reagir contra nós por ver a mulher como mais fraca, mas como temos o mesmo treinamento, a gente se impõe dentro da autoridade legal que exercemos. Quando estou dando aula em curso de formação, sempre digo às alunas que elas têm que estar sempre mais preparadas que os homens porque às vezes o criminoso pensa duas vezes em reagir a um comando de um policial homem, mas quando vê uma mulher pensa em reagir enxergando uma suposta facilidade. Tem que estar preparada e ligada porque se vier uma reação, com certeza vai vir para nós”, explicou a policial. 

Cuidados Institucionais

A 2º Sargento Manoela explica que há algumas peculiaridades a respeito do trabalho das policiais femininas que precisam ser observadas pela instituição para garantir o bem estar tanto das trabalhadoras como também de suas famílias em certos casos. 

Ela explica que é necessário que haja uma sensibilidade para “Adequar o local da escala para um local onde tenha banheiro e onde na missão não passe muitas horas em pé para policiais menstruadas ou que sofrem com TPM. Uma gestante não pode estar em atividade operacional porque é um serviço perigoso, uma lactante não pode ser empenhada para missões longe do bebê, etc. Tem que ter esse tipo de sensibilidade e tentamos regulamentar tudo por meio de portarias”, explicou ela. 

LeiaJá também 

--> Mulheres boas no que fazem 

--> Dia da Mulher é marcado por manifestações em todo o mundo

--> Luta e resistência: por um 8 de março de reflexão coletiva

--> Mulheres e a luta pela igualdade no esporte

Neste 8 de março as mulheres de várias regiões do Estado ocupam praças e ruas pelo fim da violência e pela garantia de direitos. Em Recife, mulheres que fazem parte de 30 coletivos, organizações, fóruns e redes feministas estarão reunidas na Praça 13 de Maio para dialogar sobre diversas lutas e sair em marcha com palavras de ordem, faixas e performances. A concentração começa a partir das 13h, no Centro do Recife. 

Segundo informações levantadas pelo coletivo organizador do ato, juntamente com a Secretaria de Defesa Social (SDS), no ano de 2017, em Pernambuco, houve 2.134 vítimas de estupro e mais de 300 casos de homicídios de mulheres; foram 33.188 casos de violência doméstica e familiar. 

##RECOMENDA##

A programação prevê Rodas de Diálogo sobre 10 Eixos Temáticos para representar as diversas lutas que travam no seu dia a dia: Contra o Racismo; Pelo Fim da Violência contra as Mulheres; Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista; Pelo Direito a Creches; Contra o Fundamentalismo; Contra o Encarceramento das Mulheres e por uma Nova Política de Drogas; Pela Descriminalização do Aborto; Pelo Direito à Água, Terra e Moradia; Mulheres, Organização e Participação Política, Contra a LBTfobia. Em seguida, às 16h30, as mulheres saem em caminhada pela Rua do Hospício, Av. Conde da Boa Vista até a Praça do Derby, onde haverá apresentação cultural com artistas locais.

As mobilizações foram convocadas como uma Paralisação Internacional de Mulheres. Essa movimentação tem avançado em larga escala, demonstrando a força organizativa das mulheres em todo o planeta, como uma resposta ao contexto de perda de direitos e ameaças à vida e à liberdade das mulheres que tem se espalhado em todo o mundo. No Brasil as manifestações acontecerão em todas as capitais brasileiras e em inúmeros municípios do interior dos Estados. 

Caminhada das Mulheres reivindica direitos e o fim da violência no Cabo

"Nossa luta por direitos não para: por mim, por nós, pelas outras", é o lema da caminhada das mulheres do Cabo de Santo Agostinho, que acontecerá nesta quinta-feira (8), com a concentração marcada para as 14h, na Praça do Jacaré, no Centro da Cidade. O ato vai percorrer as principais ruas do município, em direção à Praça da Estação; "reivindicando as perdas dos direitos e os retrocessos no campo da política vivenciado nesses últimos dois anos pelo Governo Federal", segundo assegurado pelas organizadoras. 

De acordo com o Centro das Mulheres do Cabo (CMC), no município cerca de 73 mulheres sofreram estupro e 12 mulheres foram assassinadas de janeiro a dezembro de 2017. "Estamos nas ruas para dizer que não aceitamos o assédio, a banalização da violência e a perda de direitos atuais. Além disso, temos uma política de segurança deficitária, pois torna a mulher refém de toda uma sociedade machista, patriarcal e misógina, por isso, estamos nas ruas para dizer que nossa luta não para", afirmou Nivete Azevedo, que é a coordenadora geral do CMC e uma das mobilizadoras da ação. O evento contará com transporte gratuito para diversas comunidades da região.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando