Duas semanas – esta e a próxima – separam o eleitor das urnas da maior eleição nacional. Estão em jogo a Presidência da República, governadores de 26 Estados e o Distrito Federal, um terço do Senado e a renovação das assembleias legislativas de todo o território nacional. Na prática, o eleitor votará cinco vezes.
Com uma renovação: a identificação biométrica, sistema adotado para aperfeiçoar o voto eletrônico e por fim, de uma vez por todas, os eleitores fantasmas. Na reta final, numa leitura rápida, o PT, partido que está no poder, lidera a corrida presidencial, mas não leva no primeiro turno.
Se não houver um atropelo nos próximos dias, Dilma enfrenta a candidata do PSB, Marina Silva, no segundo turno que, segundo as pesquisas, é de uma tamanha imprevisibilidade, estando empatadas numericamente. A seu favor, Dilma conta agora com um guia eleitoral dez vezes maior do que o tempo de Marina.
No segundo turno, esse jogo se equilibra, o tempo passa a ser igual. Pela lógica, Marina ganha, porque terá um tempo que necessitava nesta fase inicial para mostrar ao eleitor suas propostas, suas ideias para o País. Com um minuto e meio, como ocorre agora, tem que fazer milagre para sua mensagem ser compreendida e aceita.
No plano estadual, as próximas pesquisas que sairão ao longo da semana mostrarão se há de fato uma tendência do eleitor pelo candidato do PSB, Paulo Câmara, ou se Armando Monteiro (PTB) conseguirá reverter a tendência de queda. Pela última pesquisa Datafolha, Câmara abriu seis pontos de vantagem sobre o adversário.
Como não há um terceiro candidato, tendo em vista que a soma dos postulantes nanicos só atinge um ponto percentual, a eleição em Pernambuco será decidida no primeiro turno. Brancos, nulos e indecisos, que hoje representam algo em torno de 22%, tendem a ser reduzidos nesta reta final.
Câmara e Armando farão um esforço concentrado para atrair o eleitorado indeciso. Tem muita gente que só costuma decidir o voto em cima da hora. Para estes, qualquer fato novo pesa. Sem esquecer que Armando e Câmara ainda se enfrentam em dois debates de televisão, um na TV-Clube e outro, o final, na Globo.
CRISE TUCANA – Terrível a situação do PSDB com o encolhimento da candidatura de Aécio Neves, que embora tenha crescido cinco pontos percentuais nas últimas pesquisas, não tem chances de chegar ao segundo turno. Se a presidente Dilma for reeleita, Marina Silva será a alternativa de poder para 2018. Se Marina vencer, quem assumirá a bandeira da oposição será o PT. Uma derrota em Minas deixará o partido ainda mais paulista.
Ficção sem qualidade – Tão logo tomou conhecimento de nota na coluna de Leandro Mazzini, reproduzida no meu blog, de que teria traçado um plano para detonar a candidatura de Paulo Câmara logo após a morte de Eduardo para assumir o posto, o governador João Lyra Neto enviou nota desmentindo o que classificou de “uma ficção da mais baixa qualidade”.
Transferência de votos – Para sobreviver, o tucano Aécio Neves terá que mostrar comando sobre o voto dos mineiros. Os analistas citam o exemplo do trabalhista Leonel Brizola no pleito de 1989. Fora do segundo turno, Brizola transferiu cerca de 100% de sua votação no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul para Lula, na disputa contra Collor. Aécio terá a mesma capacidade em Minas?
Cruzando os braços – Os candidatos a deputado de todos os partidos estão assistindo à cena inusitada nessa campanha não apenas no Estado, mas em todo o País: os prefeitos não estão indo para a rua pedir votos. A crise orçamentária implodiu o cumprimento de suas promessas. Eles temem a reação dos eleitores. Os melhores cabos eleitorais são os ex-prefeitos de oposição.
Bem na fita – Apesar de ter assumido a presidência da Amupe, o que é um tremendo abacaxi, pelo tempo demandado fora do município, o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), é um dos raros da atual safra no Estado que supera esse desgaste. Tem pesquisas em seu poder com 79% de aprovação. Seu sucesso está nas pequenas grandes obras. Já restaurou, equipou e ampliou cinco postos de atendimento médico nas comunidades carentes.
CURTAS
AGRONEGÓCIO – O Movimento dos Sem Terra vai usar o Dia da Ação Global Pelo Clima, no próximo domingo, para chamar a atenção da sua campanha: “Não Vote em Ruralistas”. O MST tem como objetivo reduzir o tamanho da bancada do agronegócio na Câmara.
PESQUISAS – Ao longo desta semana saem mais três pesquisas para o Governo do Estado. Estão em campo levantamentos do Ibope do Instituto Maurício de Nassau. Tem ainda registrada uma sondagem do Ipespe, em parceria com o Diário de Pernambuco.
Perguntar não ofende: Eleitor de Aécio vota em Dilma no segundo turno?