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Na última sexta-feira (10), a Amazon anunciou a mais nova atualização de software disponível para os dispositivos Kindle, que tem como objetivo melhorar a interface, a distribuição do conteúdo na página inicial e configurações mais rápidas. O update 5.13.7 já está liberado para os dispositivos a partir da 8ª geração, Kindle Paperwhite a partir da 7ª geração e para Kindle Oasis.

De acordo com a empresa de Jeff Bezos, os usuários que possuem o dispositivo vão poder utilizar as configurações mais usadas com apenas um toque, como a ativação do modo avião, ou até mesmo o ajuste de brilho, e assim não será mais necessário trocar de tela ou interromper a leitura. Vale lembrar que a atualização pode ser feita manualmente, ou automaticamente durante as próximas semanas.

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Já nos aspectos referentes à interface do Kindle, a nova atualização vai trazer uma melhor distribuição dos elementos visuais e estará mais limpa, o que permite uma navegação mais fluida do usuário. Além disso, o dispositivo agora está com respostas mais rápidas aos comandos e melhor navegação pelas telas e, até o fim do ano, o Kindle ainda pode receber outras adaptações e recursos, como novos filtros e barra de rolagem interativa.

A história do Kindle começou quando Jeff Bezos pensou que poderia investir em um dispositivo portátil, que pudesse ser usado por apenas uma das mãos, sem a necessidade de conexão com internet. Assim, a primeira versão do Kindle chegou ao mercado em 2007, com uma espécie de teclado físico embutido mas, ao longo dos anos, novas versões passaram a ser disponibilizadas aos consumidores, e agora, o dispositivo já está em sua 10ª geração.

Por Thaiza Mikaella

 

 

O Projeto InConto Marcado, que promove o incentivo à leitura por meio do teatro e da educação, inicia atividades de sua primeira etapa no estado do Rio de Janeiro no dia 15 de setembro, com a abertura das inscrições para a Oficina Online de Teatro para Professores, voltado a educadores das seis cidades onde o projeto vai circular.

As inscrições podem ser feitas no site do projeto no dia 15 de setembro. No dia 22, será relançado o primeiro episódio do espetáculo Plantou Palavra, Colheu Poesia, totalmente reformulado, prevendo-se o lançamento dos cinco episódios restantes até o fim de outubro.

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Criado pela produtora, educadora e atriz Daniele Yanes, que viveu quando menina, na televisão, a personagem Narizinho, do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, o Projeto InCanto Marcado será realizado em duas etapas: online e presencial. Daniele criou o projeto em Fortaleza (CE), onde morava, em 2010, e ganhou o Prêmio Funarte de Circulação Literária, além de quatro edições do Edital Mecenas das Artes do Ceará. Foram montados então dois espetáculos baseados em obras da literatura brasileira e contos Fio Após Fio e Brejo das Flores, que passaram por mais de 25 cidades do interior cearense.

“Até hoje, as duas ações do projeto, que são o espetáculo e as oficinas, têm sido direcionadas às escolas da rede pública de ensino. É o foco do projeto”, afirmou Daniele à Agência Brasil. Nos últimos dez anos, o InConto Marcado percorreu 30 cidades do Ceará e quatro cidades do Tocantins, com patrocínio da Enel e da Lei do ICMS.

Segundo Daniele, o projeto “bebe” em algumas das fontes mais tradicionais da arte brasileira, como o teatro mambembe, a contação de histórias e a literatura. O resultado é uma abordagem multidisciplinar, onde a literatura, o teatro e a educação unem forças para encantar pessoas de todas as idades. Desde a sua criação até hoje, o InConto Marcado atingiu um público total acima de 35 mil espectadores, além de mais de 1.600 professores capacitados nas oficinas de teatro.

Estreia

Esta é a primeira vez que o projeto vem para o Sudeste. A peça é gratuita, com classificação etária livre, a partir de 5 anos, e a estreia será em Petrópolis, região serrana do estado, no dia 5 de novembro. Daniele Yanes traz a terceira montagem do grupo, com a peça Plantou Palavra, Colheu Poesia, baseada no livro do mesmo nome da escritora cearense Socorro Acioli, que homenageia os poetas e artistas do sertão, em especial Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, que foi um poeta popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro.

“A gente traz um boneco do Patativa em tamanho natural. É uma peça com muita poesia e musicalidade. Nesse momento tão delicado de pandemia, estamos fazendo esse esforço para levar a peça nessas seis cidades com segurança e responsabilidade e a oficina também de teatro para os professores”, destacou Daniele.

Exercícios práticos

As oficinas serão realizadas nos formatos online e presencial. Elas envolvem propostas de exercícios práticos com respiração, trabalho vocal e corporal, que os professores podem fazer para ter uma habilidade maior na hora de se comunicar com o aluno e transmitir conteúdo. “Através do teatro, a gente quer ajudar os professores a terem mais facilidade de se expressar e se comunicar.”

Em cada município, as secretarias de Educação vão selecionar 80 professores para participar das oficinas virtuais. Quando as oficinas ocorrerem presencialmente, em novembro, o número será reduzido para 30, escolhidos entre os professores que mais se destacarem, explicou Daniele. “Vai ser em novembro, no mesmo momento em que a gente estiver nas cidades.”

As oficinas em Petrópolis serão no dia 4 e o espetáculo, no dia 5 de novembro. “E assim vai ocorrendo em todos os seis municípios. Na circulação toda, a gente faz essas duas ações. Uma etapa presencial da oficina, que fecha o ciclo, e a apresentação da peça”. No Rio de Janeiro, o espetáculo tem trilha original do multi instrumentista carioca Carlos Malta e do poeta e ator baiano Rodrigo Sestrem. Além da peça, a trilha faz parte dos seis episódios que serão lançados durante a turnê do projeto.

As cidades visitadas são Petrópolis, com a peça apresentada no dia 5 de novembro; Teresópolis, no dia 10; Nova Friburgo, dia 16; Bom Jardim, dia 19; Santa Maria Madalena, dia 24; e Niterói, no dia 3 de dezembro.

As oficinas presenciais ocorrerão sempre na véspera do espetáculo teatral. A organização do InConto Marcado escolheu para circulação uma região do interior fluminense próxima à capital, por uma questão de logística.

O espetáculo passeia por várias linguagens e utiliza recursos como bonecos, pernas de pau e música ao vivo para a construção de uma atmosfera poética e vibrante. A estética baseada em uma cultura lúdica e popular, simultaneamente, também aparece na construção dos adereços, que representam a Noite, o Dia e a Primavera Sertaneja, além dos figurinos e dos cenários, que foram pintados à mão.

No estado, o projeto tem patrocínio da Enel Distribuição Rio e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, por meio do Edital Enel de Seleção de Projetos Culturais e Esportivos Incentivados - RJ.

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) retomou as inscrições para programa de remição de pena através da leitura aos reclusos das 21 unidades prisionais de Pernambuco. Até a terça-feira (3), 1.308 pessoas privadas de liberdade (PPLs) confirmaram o interesse na iniciativa, que segue com as inscrições abertas.

A Seres lembra que em 2020 houve 2.187 inscritos nos dois ciclos do projeto, mas a pandemia da Covi-19 impediu a realização dos aulões e das provas. Na proposta de remição por leitura, cada obra lida confere sete dias a menos de reclusão, desde que a PPL faça um resumo ou resenha do livro com nota igual ou superior a 7.

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“O projeto Remição de Pena pela Leitura convida o preso a pensar, formar opinião e, com o hábito de ler, criar para si uma história melhor. É um incentivo à reinserção social utilizando a leitura aliada à redução da pena”, avaliou o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.

Conforme o órgão, o Presídio Juiz Antonio Luiz Lins de Barros (Pjallb), no Complexo do Curado, Zona Oeste do Recife, e o Presídio de Igarassu (PIG), registram o maior número de inscritos com 199 e 167 presos, respectivamente.

O projeto foi criado em outubro de 2016, inscreveu 8.683 reeducandos com mais de 72% de aprovação e conta com acervo de 23 mil livros, informa. Todas as unidades prisionais do Estado, que funcionam nos regimes fechado e semiaberto, dispõem de salas de leitura e 21 delas têm escolas.

Reduzir quatro dias de pena para cada livro lido na prisão já é possível desde 2013, por recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Uma pesquisa divulgada esta semana, mostra, no entanto, que pouca gente consegue ter acesso a esse direito. O estudo mostra que as atividades de leitura nos presídios enfrentam uma série de dificuldades, como a proibição de títulos, exclusão de pessoas presas com baixa escolaridade e migrantes e falta transparência em relação à remição da pena.

O que era apenas uma recomendação do CNJ, tornou-se uma resolução, o que de forma simplificada, significa que tem maior peso jurídico. Publicada no mês passado, a resolução estabelece procedimentos e diretrizes a serem observados pelo Poder Judiciário para o reconhecimento do direito à remição de pena por meio de práticas sociais educativas em unidades de privação de liberdade. Essa medida entrou em vigor este mês.

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O estudo, inédito, foi realizado pelo Grupo Educação nas Prisões, que reúne diversas organizações ligadas ao tema.  A pesquisa, realizada entre dezembro de 2020 e março de 2021, identificou o perfil dos projetos que atuam no sistema prisional com o objetivo de promover a leitura e com outras atividades de educação não formal e elaborou um diagnóstico de suas práticas.

Os dados mostram que em relação aos últimos seis meses, a grande maioria, 53,8%, dos projetos não tinha informações sobre o total de dias reduzidos na penas dos detentos decorrente de suas ações. A mesma proporção, 53,8%, não sabia do tempo para o Poder Judiciário avaliar cada caso de remição e 61,5% não tinham informações sobre se os pedidos de remição foram ou não negados.

Segundo a assessora da Ação Educativa, uma das organizações que integram o Grupo Educação nas Prisões, Claudia Bandeira, não há transparência quanto a essas informações. “As pessoas que realizam os projetos não sabem se de fato a situação está tendo impacto na remição da pena. Nem as pessoas que coordenam os projetos, na ponta, nem as próprias pessoas presas, que participam, têm informação se a participação está remindo ou não, nem seus familiares”, diz.

Outro desafio encontrado foi a exclusão de pessoas que poderiam se beneficiar com as atividades. A maioria das respostas, 28,6%, indicou que não havia participação de pessoas não alfabetizadas ou com dificuldades de leitura. O problema disso, segundo Bandeira, é que a maior parte da população carcerária tem baixa escolaridade.

De acordo com dados de 2020 do Departamento Penitenciário Nacional, o Brasil tem hoje uma população privada de liberdade de mais de 670 mil pessoas, o que extrapola as quase 450 mil vagas em presídios, o que indica uma superlotação. Dados de 2017 mostram que 75% da população prisional brasileira não chegou sequer ao ensino médio e que menos de 1% dos presos possui graduação.

Apesar disso, apenas cerca de 92 mil presos têm acesso a estudos nas prisões, o que equivale a aproximadamente 12% do total. Desses, 23 mil têm acesso a remição da pena por estudo ou esporte. Apenas 9 mil, cerca de 1% do total, têm acesso a atividades complementares, como a leitura.

Resolução do CNJ

Muitos dos desafios apontados no estudo, de acordo com Claudia, estão contemplados na recente resolução do CNJ, que entre outras coisas, permite a adoção de estratégias específicas de leitura entre pares, leitura de audiobooks, relatório de leitura oral de pessoas não-alfabetizadas ou, ainda, registro do conteúdo lido por meio de outras formas de expressão, como o desenho.

Os presos precisam comprovar que leram os livros. Antes da resolução isso era feito por meio de uma resenha. Agora, a resolução permite que isso seja feito por meio de desenhos, por exemplo. “A gente sabe que existem esses desafios para garantir o direito à remição pela educação não formal, pela leitura. Agora, a gente, enquanto grupo, vai monitorar os estados para que se adequem à resolução”, diz.

Em nota, o CNJ diz que embora o estudo mostre questões que vêm sendo objeto de atenção do conselho, a resolução publicada recentemente não se baseou nesse diagnóstico. As discussões que resultaram na normativa começaram em 2019 e envolveram diversas instituições e organizações ligadas ao tema.

“A resolução muda totalmente a forma de organizar o acesso ao livro e à leitura nas unidades prisionais”, diz o conselho. “O primeiro impacto será que as unidades prisionais terão que implantar estratégias para acesso universal, para que todas as pessoas tenham direito ao livro e, ao lerem o livro, apresentarem um relatório de leitura para solicitar a remição de pena. A redução de pena deixa de ser um privilégio e passa a ser um direito de todas essas pessoas que são privadas de liberdade”, acrescenta.

O CNJ informa também que atua para garantir formação de magistrados, gestores e dos demais envolvidos para garantir o controle e fiscalização para que de fato a norma seja implementada. O Conselho está iniciando a contratação de organizações que irão realizar duas grandes pesquisas de abrangência nacional: um Censo Nacional de Esportes nas Prisões e um Censo Nacional de Leitura em espaços de privação de liberdade, esse abrangendo, também, o sistema socioeducativo. Essas ações devem resultar na apresentação, em cooperação com o Departamento Penitenciário Nacional, de dois planos nacionais destinados ao fortalecimento das práticas sociais educativas nos espaços de privação e restrição de liberdade.

Implementação

Segundo o coordenador do Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o defensor público Mateus Oliveira Moro,  para que a resolução seja de fato implementada é preciso que o poder executivo crie convênios com as Secretarias Estaduais de Educação e que haja um "investimento nos direitos de pessoas presas. O Judiciário precisa ser mais sensível em relação a essas questões. Muitas vezes, [juízes] pegavam muitas resenhas que comprovariam a remição e, por uma série de questões, não a concediam”, diz.

Moro integrou o grupo de trabalho que deu origem à resolução do CNJ. Pela resolução, os presos podem usar até 12 leituras por ano para solicitar a redução da pena em até 48 dias. Uma Comissão de Validação formada por voluntários ligados à educação pública, docentes, bibliotecários, membros de organizações da sociedade civil entre outros, deverá analisar os relatórios de leitura produzidos para cada obra. Eles terão 30 dias para verificar se a pessoa privada de liberdade leu ou não o livro. A comissão será estabelecida pelo Juízo competente, que ao final deliberará sobre a redução da pena.

“Para ler um livro tem que ser um herói e na pandemia, um herói ao quadrado, porque o acesso a esses livros é bem limitado, o acesso à educação é limitado”, diz Moro, ressaltando que os presídios estão superlotados e não oferecem qualidade de vida para os detentos. “Se está fechado em uma cela sem janela, sem iluminação artificial e com 40 pessoas em um espaço com 12 camas, como vai estudar e ler?”, questiona.

Leitura para a vida 

Mesmo com todas as dificuldades, foi a leitura que mudou a vida da farmacêutica Sirlene Domingues, 45 anos. Em 2011, quando estava presa, ela participou do programa Remição em Rede, um das organizações que também faz parte do Grupo Educação nas Prisões, e que promove grupos de leitura nas penitenciárias do estado de São Paulo.

“Era o acesso que tinha à educação, à literatura e ao mundo aqui fora. Querendo ou não, no bate papo acabavam falando coisas do mundo de fora, coisas que não tinham a ver com o lugar que estava”, diz e acrescenta que foi ali que começou a valorizar a educação. “Passei a ser mais atenta à educação. Eu tinha só a noção de que era algo que precisava para a formação, só para ter um diploma. No clube de leitura, eu tive acesso a esse conhecimento de que a educação é mais profunda. Foi o que me libertou”.

Por conta dos livros, ela tirou uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e obteve uma bolsa integral pelo Programa Universidade para Todos (ProUni). Formou-se em farmácia. Hoje, em liberdade, é pós-graduada e atua como voluntária no Remição em Rede. Na época, ela não pode usar os livros para reduzir a pena. “É preciso fazer algum tipo de trabalho com as pessoas que estão lá dentro para poder conscientizar sobre o poder da educação e sobre os caminhos que ela pode trazer. As pessoas não têm noção, acabam sendo mais inferiorizadas e marginalizadas”.

“A medida que [as pessoas privadas de liberdade] se aprofundam nas leituras, podem olhar para o mundo que as cerca e fazer uma leitura crítica desse mundo”, diz a educadora e idealizadora e articuladora do Remição em Rede, Janine Durand. Segundo ela, a organização prepara-se para retomar o programa de leitura, que foi suspenso por conta da pandemia. Mudaram a metodologia e pretendem usar vídeos para fazer as oficinas de leitura.

Diagnóstico de práticas de educação não formal no sistema prisional do Brasil, está disponível na íntegra, na internet. Criado em 2006, o Grupo Educação nas Prisões reúne Ação Educativa, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Conectas Direitos Humanos, Instituto Terra, Trabalho e Cidadania, Remição em Rede, Núcleo Especializado de Situação Carcerária, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Grupo de Atuação Especial de Educação, do Ministério Público do Estado de São Paulo.

Ministério da Justiça

Em nota, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça, informa que doou 267.352 livros às administrações penitenciárias das Unidades Federativas e às penitenciárias federais, investindo mais de R$ 4,5 milhões. Segundo o Departamento, a ação tem como objetivo contemplar o Programa Nacional de Remição de Pena pela Leitura no Brasil. “A aquisição das obras servirá para o incremento do acervo de livros nas unidades prisionais, fomento aos clubes de leituras, ampliação das ações de remição de pena pela leitura, e atividades de leitura, em geral”, diz.

Em março de 2020, o Depen publicou a Nota Técnica Remição de Pena pela Leitura, com a finalidade de apresentar orientação nacional para fins da institucionalização e padronização das atividades de remição de pena pela leitura e resenhas de livros no sistema prisional brasileiro. O Depen acrescenta que no Sistema Penitenciário Federal, sob responsabilidade direta do Depen, a remição pela leitura foi instituída em 2009 na Penitenciária Federal em Catanduvas (PR). O projeto foi implementado pela equipe de Especialistas e Técnicos em execução penal, como uma das primeiras iniciativas que se tem registro no país.

O Ministério da Educação (MEC) lançou hoje (14) o Relatório Nacional da Alfabetização Baseada em Evidências (Renabe), que traz experiências bem-sucedidas de alfabetização desenvolvidas em diversos países. De acordo com o MEC, o documento visa ajudar na melhoria da qualidade das políticas públicas e nas práticas de ensino de leitura, escrita e matemática no Brasil.

De acordo com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, apesar de o país ter avançado na universalização do acesso de estudantes às primeiras séries do ensino fundamental, os resultados das avaliações internas, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), e externas, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), mostram que a aprendizagem segue muito limitada, com a maioria dos estudantes não conseguindo compreender o que lê.

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“Quando considerado o assombroso índice de analfabetismo funcional, é perceptível que não há muito a ser comemorado. As crianças estão indo para a escola, mas o aprendizado efetivo tem sido bastante questionável”, disse Ribeiro.

Segundo o ministro, é importante dedicar atenção a temas como a formação de professores, elaboração de currículos e materiais didáticos apropriados às diferentes fases de desenvolvimento dos estudantes. Alertou, no entanto, que, diante de situações de crise, é preciso centrar esforços na alfabetização.

“Reconhecendo que o domínio da leitura e da escrita são a chave para o conhecimento em todas as áreas do saber, entendemos que dar centralidade às políticas públicas de alfabetização no processo de melhoria do ensino é escolha sábia e acertada”, disse o ministro.

Relatório

O documento traz os debates mais recentes sobre o tema para ajudar educadores a melhorar a qualidade da alfabetização no Brasil. O termo “evidências”, usado no relatório, diz respeito a achados de alfabetização que resultam de pesquisas científicas.

“Uma alfabetização baseada em evidências é aquela que emprega procedimentos e recursos cujos efeitos foram testados e se mostraram eficazes”, explica o relatório.

De acordo com o MEC, o Renabe é resultado da I Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe), organizada pela Secretaria de Alfabetização (Sealf), em 2019, como parte das ações de implementação da Política Nacional de Alfabetização (PNA).

“As evidências apresentadas no relatório constituem uma base técnica sólida, que orienta as decisões no âmbito da Secretaria de Alfabetização do MEC. O documento poderá auxiliar, ainda, os gestores e os entes federados na elaboração de políticas educacionais para os primeiros anos escolares”, disse o MEC.

Um desafio lançado pela empresa Vanoncini Edilizia Sostenibile de Mapello, na Itália, no início do ano fez uma pequena revolução cultural dentro da construtora para estimular a leitura e também a habilidade de falar em público: cada livro lido e apresentado pelos funcionários, a maioria pedreiros, rende 100 euros para o colaborador.

O "Clube do Livro" tem, nessa etapa inicial, uma lista com 60 títulos diferentes, que vão desde manuais de autoajuda até obras clássicas de Fiódor Dostoiévski e Alexandre Dumas.

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Após a leitura, o funcionário deve fazer uma apresentação sobre a obra - com os pontos que achou mais relevantes - durante as reuniões quinzenais da equipe de cerca de 80 pessoas.

Os donos da construtora prometem dobrar e triplicar o valor se o colaborador ler e apresentar duas ou três obras.

"Eu acredito fortemente no valor da cultura e da formação. Sei que, às vezes, porém, o cansaço ou até a preguiça afastam as pessoas da leitura. Por isso, decidi incentivar os meus colaboradores a ler e criamos duas reuniões por mês para que eles possam participar ou apresentar um livro. A adesão foi completa e também mais empolgada do que poderia esperar", disse o CEO da Vanoncini, Danilo Dadda, ao jornal "Corriere della Sera".

Conforme Dadda, os resultados foram além do esperado e "há funcionários mais felizes para dividir as 'descobertas' com os colegas".

Segundo dados do governo italiano, a média de leitura do país é de 10 livros por pessoa por ano.

Da Ansa

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Segundo o dramaturgo Nelson Rodrigues, o brasileiro possui o “complexo do vira-lata”, ou seja, deprecia sua própria cultura e supervaloriza as culturas vindas do exterior. Esse conceito, apesar de ter sido desenvolvido em 1950, se aplica no cenário atual, principalmente em relação à literatura regional.

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A produção literária paraense tem autores talentosos, mas sem a projeção que merecem no eixo Sul-Sudeste. Livros estrangeiros ou produzidos fora da região Norte tomam conta dos catálogos das livrarias. 

Para Filipe Larêdo, professor e escritor, filho do também escritor Salomão Larêdo, leituras globalizadas afastam os leitores das obras regionais. “O leitor, hoje, está cada vez mais direcionado para os grandes best-sellers, que são aqueles livros com comoção mundial (lançamentos de séries e filmes inspirados nesses livros). Então, a literatura vinda da Amazônia, fora dos grandes centros, faz com que se resuma a poucos autores”, afirma.

O premiado escritor e jornalista Edyr Augusto Proença conta sobre sua experiência com o público: ”Precisamos ser reconhecidos. Estou com o quinto livro na França e no entanto, aqui em Belém, ao chegar para falar para as pessoas, preciso sempre dizer ‘muito prazer, sou um escritor’”.

Além do desinteresse do público, a inserção dos livros paraenses no segmento jovem estudantil é ainda muito escassa. “É extremamente necessário que a literatura paraense, que não seja a folclorista, entre nas escolas, na formação dos alunos. Inserir, mostrar para a criança e para o adolescente, desde novos, que eles podem encontrar entretenimento na ficção feita no seu Estado é muito benéfico para a formação do leitor e do cidadão”, diz Filipe Larêdo.

Sem apoio estatal, as dificuldades aumentam. Edyr Proença considera essencial a literatura paraense para o desenvolvimento e integração do Estado. Além disso, o jornalista pontua a importância de projetar a região para o mundo. “Escolhi falar sempre da minha cidade, usar termos bem paraenses no texto, até nos títulos. É uma maneira de gritar para que saibam de onde eu sou. Internacionalmente também funciona. Estava em Saint Malo, Bretanha, me apresentando com dois outros escritores, eles do Rio e SP. Oitocentas pessoas na plateia de um teatro. Meus dois colegas falaram do Brasil deles. Na minha vez, comecei a contar de onde vinha, da perplexidade entre uma floresta de concreto fincada na maior floresta tropical do mundo”, conta.

Filipe conclui com um conselho: “É sempre importante que façamos nosso dever de casa. Se o povo paraense começar a consumir a literatura regional, naturalmente os de fora vão olhar para nós’’.

Por Haroldo Pimentel e Roberta Cartágenes.

 

Alguns estudantes já começaram a traçar planos de estudos para a edição de 2021 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para isso, é necessário saber como começar a estudar as disciplinas que caem na prova. A seguir, confira como dar início aos estudos da disciplina de português, com dicas do professor Felipe Rodrigues.

O docente acredita que os estudos devem ser direcionados. “Nesse começo do ano, o aluno tem tempo para pegar os conteúdos e aliar aos exercícios. Então ele pega um conteúdo específico, vê, estuda, se dedica e depois pratica. Quando chega lá para o fim do ano, a gente fecha esses conteúdos e dá foco na produção de exercícios, na produção de respostas", explica o docente.

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Felipe fala, também, sobre os assuntos a serem estudados. “Ele não deve fugir de linguística. Linguística, tipologia, gêneros, variações. Esse é o básico e são os primeiros passos. E ele não deve fugir da gramática. Gramática, morfologia e sintaxe. Essas duas questões estão sendo elencadas no Enem, principalmente com uso de coesão e coerência. Então, o estudante não deve se distanciar dessa parte morfológica, a gente chama de morfossintaxe, e ele não deve se distanciar também da parte de linguística, tipologias, estudo de gêneros, que são interessantes. Dentro de morfologia, acho que ele deve dar aquele foco rápido em revisar radical, revisar processo e formação de palavras, revisar classes de palavras, aí dentro dessas classes deve dar um ponderamento a algumas especificidades, como o uso do artigo, a importância de uma colocação pronominal, preposições, pronomes oblíquos, enfim, essas questões que são pontuáveis", detalha o professor.

O docente continua: "E aí depois ele corre para sintaxe para estudar as orações, os períodos compostos, a regência e a concordância; tudo isso pode ser trabalhado dentro da produção textual. A redação vai pedir que esses conteúdos sejam aplicados com efervescência, que sejam aplicados com precisão nessa produção textual. E aí no meio desses dois morfossintaxe de linguística, ele não pode fugir da interpretação textual”, finaliza.

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Uma das consequências da pandemia da covid-19 foi o isolamento social, fator que incentivou a população a procurar formas de se adaptar ao novo normal. Muitos buscaram na leitura uma maneira de passar o tempo, e descobriram um grande fascínio pelos livros.

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A estudante Luciana Capela aproveitou a quarentena para desenvolver o hábito da leitura. Com maior tempo livre, Luciana relata que adquiriu muitas vantagens em ler, sendo uma delas a construção do senso crítico. “Algumas obras literárias, como ‘Dom Casmurro’, de Machado de Assis, são muito citadas por conta das suas particularidades para o vestibular. Então, quando escutamos sobre elas, adquirimos curiosidades que nos levam a querer ler e tirar nossas próprias concepções”, afirmou.

A leitura tornou-se uma prática frequente durante a pandemia. De acordo com os dados divulgados pelo 4° Painel do Varejo de Livros no Brasil em 2020, as buscas por e-books e livros físicos aumentaram. Com as vendas on-line, Luciana relata que obteve mais de 20 livros físicos durante a quarentena. “Comprava livros em perfeitas condições, ou até lançamentos, por R$10,00. O valor conta bastante.”

Outra pessoa que leu bastante durante esse período foi a estudante Camilly Serrão, que sempre nutriu o fascínio pela leitura, porém lia pouco. Na pandemia, ela encontrou nos livros de ficção uma espécie de “fuga” da realidade e controle da ansiedade. “Os livros me levavam pra outra realidade e outro mundo. Eles me acalmavam”, afirma.

A estudante prefere o e-book, em comparação com o livro físico. Esse novo formato tem se tornado um dos mais procurados, principalmente pela praticidade de ter o acesso em qualquer lugar, basta possuir um dispositivo eletrônico em mãos. Entretanto, muitos ainda optam pelo livro físico, como Luciana, pois permite leitura menos cansativa que os meios eletrônicos. “A gente já fica tanto tempo com o celular, acho que nessa hora de ler deveria ser um pouco distante da tecnologia”, disse Luciana.

O fato de que a leitura possibilita conhecer diversas perspectivas de mundo foi um atrativo imenso para os novos leitores. A experiência de Camilly lhe agradou de tal modo que a estudante afirma que pretende continuar com o hábito de ler frequentemente.  “Só me trouxe benefícios.”

O livreiro e responsável pelo setor de literatura nacional e estrangeira da Livraria Saraiva, Lutty Vilhena, afirma que, nesse momento, as lojas buscaram aprimorar medidas para manter as vendas. “Por conta dos veículos de venda on-line, mesmo com as livrarias fechadas, não deixamos de atender aos consumidores”, enfatizou.

Com alta procura por livros em versões digitais, as livrarias investiram para se adaptar às demandas crescentes dos consumidores. Foi necessário agir rápido. Segundo Lutty, “houve um movimento maior dos leitores migrando para o formato digital, e as editoras investindo ainda mais nessa linguagem”.

Para manter o público fiel ao universo da leitura, além de atrair novos clientes, Lutty afirma que as ações estão focadas em “indicar outros livros para agregar à compra do cliente, manter a loja sempre arrumada e com seleções de livros de acordo com o feeling de interesse atual”.

Por Gabriel Pires, Painah Silva e Vitória Reimão.

 

 

 

O período de distanciamento social permitiu que algumas pessoas colocassem a leitura em dia. No entanto, os brasileiros leitores ainda são poucos e esse hábito, de acordo com o levantamento do Retratos da Leitura no Brasil, resultado da parceria entre o Instituto Pró-Livro e Itaú Cultural, caiu entre 2015 e 2019 - mais de quatro milhões de pessoas deixaram de ler. 

Na contramão desse número, os clubes de leitura ganharam cada vez mais adeptos, principalmente os on-line. Com a comodidade de debater e compartilhar livros e ideias sem sair de casa, essas iniciativas cresceram e ganharam força em meio ao caos causado pela pandemia do novo coronavírus. Os clubes de leitura estão presentes nas redes sociais de forma gratuita. Os livros são elegidos pelos mediadores ou em comum acordo com os participantes. 

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Ficou curioso? Confira a lista de clubes on-line que você precisa conhecer e participar:

Ler Antes de Morrer

O projeto é idealizado pela jornalista Isabella Lubrano e conta com perfis no Facebook, Instagram e YouTube. 

Clube de Literatura Brasileira Contemporânea

Criado por Humberto Conzo, com mediação de Tamy (Literatamy), o clube realiza leitura coletiva e discussão mensalmente através das redes sociais.

Põe na Estante

Com um formato diferente, o Põe na Estante, de autoria da jornalista Gabriela Mayer, é um clube de leitura presente no meio streaming. O podcast é um espaço de debate literário.

Vá ler um livro

Reunindo dicas, lista de livros e debate, o 'Vá ler um livro' é de curadoria da também jornalista Tatiany Leite. 

Publicado originalmente em uninassau.edu.br

Para ajudar os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nesta reta final dos estudos, a professora de língua portuguesa e redação Beth Andrade disponibilizou o material "Guia Redação no 2º Tempo". Os interessados podem baixar o documento em PDF gratuitamente pela internet.

“O Guia Redação no 2º Tempo tem o objetivo de integrar aqueles alunos que ainda não estão se sentindo seguros para fazer a redação do Enem; que não têm tanto domínio, principalmente em relação a estrutura: o que é que precisa ter em cada parágrafo”, comentou Beth. A docente ainda ressalta que no material, os estudantes poderão encontrar dicas de estrutura de cada parágrafo da redação dissertativa argumentativa; "O que precisa ter na introdução, desenvolvimento e no parágrafo da conclusão", explicou.

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Vale pontuar que elaborar uma tese com dois argumentos e iniciar a redação com uma área de conhecimento que se domina estão entre as dicas mencionadas no material disponibilizado pela professora. As provas da edição 2020 do Enem estão marcadas para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021 (versão impressa) e 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021 (versão digital).

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Belém foi a quarta capital brasileira que mais leu em 2019, com 61% da população sendo considerada leitora, segundo ranking divulgado pela 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-livro. João Pessoa, capital da Paraíba, está em primeiro, com 64% da população, seguida por Curitiba, com 63%, e Manaus, com 62%. A pesquisa foi realizada entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, com 8.076 entrevistas em 208 municípios.

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O brasileiro lê, em média, cinco livros por ano, sendo aproximadamente 2,4 livros lidos apenas em parte e 2,5, inteiros. A Bíblia é apontada como o tipo de livro mais lido pelos entrevistados e também como a leitura mais marcante.

Ainda segundo a pesquisa, a maior parte começou a se interessar por obras literárias por causa de indicações da escola, professores, amigos, ou porque viu filmes baseados em livros. Os autores preferidos citados no estudo são Machado de Assis, Monteiro Lobato, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade e Paulo Coelho, e 60% dos leitores de literatura afirmam ler mais de um livro do mesmo autor.

O gênero preferido do brasileiro que lê literatura é o conto, seguido pela poesia, as crônicas e os romances. A maioria do grupo prefere comprar livros em livrarias físicas (48%), pela internet (24%) ou em sebos (15%).

Para a estudante de jornalismo Érica Castro, 24 anos, a paixão pela literatura surgiu quando seus pais estavam enfrentando uma crise no casamento, em processo de separação, na época ela tinha 12 anos. "Eu encontrei um refúgio nos livros, desde então não parei, deixou de ser gosto e virou minha paixão’’, disse a estudante. Ela também conta que a literatura pôde ajudá-la a escrever bem, a ter um pensamento mais crítico e mais conhecimento sobre o mundo.

Érica tem guardados aproximadamente 200 livros. Ela diz que lê livros de todos os gêneros, mas gosta mais de romances e de terror. Por causa da pandemia do novo coronavírus, ela passou a ler mais. "Eu me via isolada em casa, sem ter contato com outras pessoas, vendo muitos noticiários que não me faziam bem, então comecei a reler meus antigos livros e livros novos. Durante a pandemia, comecei a comprar mais livros, porque como as lojas físicas estavam fechadas, as lojas virtuais estavam com muitas promoções, então aproveitei e renovei a minha estante’’, conta a estudante de jornalismo.

Internet e biblioteca

A internet e as redes sociais são razões para a queda no percentual de leitores. A internet e o whatsapp ganharam espaço entre as atividades preferidas no tempo livre entre todos os entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, 47% disseram usar a internet no tempo livre. Esse percentual aumentou para 66% em 2019. Já o uso do whatsapp passou de 43% para 62%. 

Ainda conforme a pesquisa, 5% dos leitores disseram que não leram mais porque acham os livros caros. Um dos fatores que influenciam a leitura é o incentivo de outras pessoas. Um de cada três entrevistados disse que alguém o estimulou a gostar de ler.  Uma boa parte desses eleitores é estimulada por projetos que atuam na comunidade, sejam em escolas, bibliotecas públicas ou associações de moradores, que incentivam o hábito de ler e o direito à educação.

Promover a leitura para crianças e adolescentes, estimular a democratização do livro e o aumento do número de leitores, por meio da oferta de rodas de diálogo, círculos de leitura, oficinas de teatro, dança, música e popular paraense, é objetivo do Espaço Cultural Nossa Biblioteca (ECNB), localizado no bairro do Guamá, em Belém. "Nós queremos transformar a leitura num ato de pertencimento à vida cultural da nossa cidade. Queremos que os moradores sejam conhecidos como cidadãos leitores’’, disse Raimundo Rodrigues, coordenador do Espaço Cultural Nossa Biblioteca.

O projeto atua desde 1977 com a iniciativa de irmãs da Sociedade das Missionárias Médicas que realizavam ações com crianças em situação de rua, por meio de atividades de apoio, pedagógico e lúdico, no bairro do Guamá. Atualmente o ECNB atende aproximadamente 300 jovens e crianças.

Para Raimundo Rodrigues, a educação não é possível sem a leitura. "Uma pessoa que não lê hoje ela está fora da sociedade. Faz com que você tenha a possibilidade de se desenvolver integralmente, de conseguir acessar os outros níveis de saberes, os tempos da humanidade, o seu passado, o seu futuro e entender o seu presente’’, explica o coordenador.

Devido à pandemia do novo coronavírus, a Nossa Biblioteca segue fechada ao público. Com o isolamento social, o espaço realizou transmissões ao vivo nas redes sociais, tendo contação de histórias, entrevistas, discussões de livros. No período pandêmico, o espaço cultural continuou exercendo seu papel social, arrecadando cestas básicas para doação no Guamá e região. "Conseguimos arrecadar aproximadamente de 1.400 a 1.500 cestas básicas, grande parte foi entregue com livros para fazer companhia às pessoas no isolamento. Estamos tentando trabalhar para construir uma campanha chamada Natal Sem Fome, porque mais do que dar comida, queremos também trabalhar a esperança das pessoas’’, disse Raimundo.

Por Amanda Lima.

 

A leitura é essencial para a construção do conhecimento e deve ser estimulada por meio de políticas públicas que reforcem a integração educacional e permitam o acesso a livros por toda a população. Essa posição unânime de educadores, reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), sustenta as comemorações de uma data marcante: o Dia Nacional da leitura – 12 de outubro –, instituído por meio da Lei nº 11.899, de 8 de janeiro de 2009, que também prevê a celebração da Semana Nacional da Leitura e da Literatura no Brasil.

Para entender a questão da leitura no Brasil, é importante compreender o histórico cultural brasileiro desde a colonização. Segundo Elaine Oliveira, professora de Estudos Literários, não houve no país uma política de educação e cultura voltada para todos os cidadãos. “No Brasil, a circulação de livros e jornais sempre foi restrita à elite”, explicou.

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A professora destaca que, só em 2003, foi instituída uma lei nacional do livro. A Lei nº.10.753, que ficou conhecida como Lei do Livro, tinha o objetivo de aumentar a produção de livros e fazer com que chagassem a população. “Em toda a sociedade, em qualquer faixa etária, o livro deveria fazer parte da vida do cidadão”, afirmou.

De acordo com a pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", divulgada em setembro pelo Instituto Pró-Livro (IPL), o país perdeu 4,6 milhões de leitores adultos em quatro anos. Para Elaine, o fator econômico tem grande influência nessa perda, além da falta de incentivo estatal e familiar.

A pedagoga Minéia Neta Braga, que é voluntária do projeto Espaço Cultural Nossa Biblioteca, afirma que um país que perde leitores, perde também sua capacidade de pensar e reagir perante situações que violam seus direitos. “Nós queremos um povo consciente de seus deveres e direitos, um cidadão atuante em suas comunidades”, ressaltou.

Entretanto, apesar dos dados preocupantes, a pesquisa do IPL também mostrou que crianças de 5 a 10 anos estão lendo mais, diferentemente das outras faixa etárias. Isso porque há um estímulo, que precisa ser reforçado com o apoio do governo, da família e escola.

A professora Elaine Oliveira afirma que o Estado precisa propiciar políticas com livros mais baratos e investir em bibliotecas com acervos diversificados. De acordo com a professora, uma sociedade leitora transforma seu país. “Infelizmente, o Brasil ainda está muito atrasado. A gente ainda está brigando por políticas básicas de leitura”, salientou.

Para a estudante de Psicologia Louise Pinto, de 18 anos, ler é uma das coisas mais importantes para a vivência humana. "A leitura sempre esteve presente em minha vida e foi muito importante para a minha formação e para construção de minhas visões de mundo", afirmou.

Por Quezia Dias.

 

Pesquisa realizada pelo Sesc São Paulo e pela Fundação Perseu Abramo mostra que os idosos no Brasil sentem-se excluídos do mundo digital e têm dificuldade em ler e escrever. A pesquisa Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade consultou, entre 25 de janeiro e 2 de março de 2020, 2.369 pessoas com mais de 60 anos, nas cinco regiões do país, e tem margem de erro de até 2,5 pontos percentuais.

O levantamento mostra que o acesso ao ensino médio aumentou entre os idosos desde a última pesquisa, realizada em 2006: de 7% para 15%, em 2020. No entanto, 40% dos maiores de 60 anos disseram ter algum tipo de dificuldade em ler e escrever, seja pela falta de escolaridade básica,  analfabetismo ou o analfabetismo funcional.

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“Pensando que boa parte da nossa comunicação é feita via escrita, via palavra escrita, a gente pode ver por esses números, qual a dificuldade que os nossos idosos encontram em ter acesso aos diversos tipos de comunicação”, disse a pesquisadora da Fundação Perseu Abramo e coordenadora do estudo, Vilma Bokany.

De acordo com Vilma, os dados sobre o aumento do acesso dos idosos ao ensino médio podem esconder a baixa escolaridade desse público. “Quando a gente olha para o segmento idoso, a gente vai perceber que, apesar do expressivo aumento do nível médio de escolaridade, entre os idosos ainda predomina baixa escolaridade, com 14% de idosos que nunca foram à escola, e 24% que têm o ensino fundamental incompleto”.

O estudo mostra ainda que os idosos continuam apartados do mundo digital. Apesar do aumento dos maiores de 60 anos que disseram ter conhecimento sobre o termo internet (63% em 2006 e 81% em 2020), apenas 19% dos idosos fazem uso efetivo da rede. Segundo a pesquisa, 72% da população da terceira idade nunca utilizou um aplicativo e 62% nunca utilizou redes sociais.

“Se na década de 70 e 80 a juventude era o foco da atenção dos governos e das políticas públicas, hoje a gente percebe que esta camada idosa é a que mais demanda por políticas públicas. Nossa população envelheceu ao longo dessas décadas e as gestões precisam pensar em como elaborar melhores políticas para atender os anseios desse público”, destacou a pesquisadora.

Uma série de fatores cerca a rotina dos estudantes na medida em que dedicam tempo em preparações para processos seletivos. Culturalmente, por exemplo, existe uma pressão social para que tenham sucesso em suas carreiras, da mesma forma que eles próprios se cobram no percurso até a tão sonhada aprovação. Bom rendimento, para os alunos, é um dos principais objetivos durante os estudos.

Esse conjunto de fatores, aliado à autocobrança, também traz uma perigosa análise no ambiente estudantil. Existem estudantes que compararam as suas estratégias de estudos aos métodos que outros alunos utilizam para absorver os conteúdos, em especial nas fases que antecedem vestibulares e a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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Porque você não consegue produzir um resumo esteticamente bonito, colorido e cheio de letras cuidadosamente traçadas, não quer diz que você está para trás na corrida pela aprovação. Outro exemplo é quando um candidato identifica que o seu concorrente estuda mais horas líquidas que ele. O resultado é um desânimo, causado justamente por essa e outras comparações que levam um estudante a achar que o seu método de preparação é inferior aos demais.

Em sua trajetória de estudos, a recifense Amanda Tavares, de 18 anos, sofreu ao comparar a forma como estudava com os modelos de preparação dos concorrentes. Sonhando em ingressar na graduação de medicina, a jovem sentia os efeitos da ansiedade ao pensar, erroneamente, que a maneira com que os outros estudavam era superior à sua. Atualmente, Amanda é caloura de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE).

Dino Rangel coleciona experiências na área docente como professor de geografia. Também é psicólogo e acompanha de perto a dura rotina dos estudantes que, sob a pressão da aprovação, dedicam energia aos estudos. Antes de descrever os efeitos negativos da comparação, Rangel propõe uma reflexão que nos leva a identificar por que comparamos os nossos métodos de preparação.

“Como é que você está? Porque, quando nós paramos para pensar, para refletir sobre a questão do que o outro faz, se faz bem, melhor, pior do que eu... Quando me coloco na comparação desse outro, é importante parar e pensar: como eu estou? Por que devo me comparar com esse outro? Essa comparação me fez crescer, me faz ser melhor?”, reflete o psicólogo.

De acordo com o especialista, o ser humano é singular e subjetivo. Nesse sentido, a humanidade possui formas diferentes de desempenhar os processos. “Nós temos, em cada um de nós, um potencial diferenciado e uma forma diferente de fazer as coisas. É necessário compreender que, para uma prova de concurso ou Enem, é necessário que possa dar o meu melhor de acordo com aquilo que eu compreendo, com o que eu penso que é importante e positivo para mim. Então, nada melhor do que fazer aquilo da minha forma”, explica o psicólogo e professor.

Rangel orienta que o estudante não deve ficar preocupado se o colega faz um resumo muito melhor, se escreve melhor ou se faz um planejamento superior. “Pelo contrário, tenho que parar para pensar o que estou fazendo comigo. Será que me valorizo? Será que compreendo a minha importância? E se eu compreendo a minha importância, por que não me aceito? Por que eu não faço do jeito que eu compreendo que é a minha forma de fazer?”, questiona.

Com essa reflexão, de acordo com o professor, o aluno poderá desempenhar as suas atividades da melhor maneira, adaptada às próprias características, e não da forma como os outros acham que é o melhor.

“Não será como o outro quer, mas sim como eu quero. Então, assim, eu poderei atingir o meu objetivo”, exclama o especialista. “Aceite a sua forma de estudar, claro, procurando cada vez mais melhorar, mas não tendo o outro como meio de comparação. Assim, você vai atingir de forma satisfatória e plena as suas metas”, acrescenta o psicólogo.

Segundo Dino Rangel, é indicado que os estudantes busquem o apoio de profissionais especializados que possam ajudá-los a preparar um cronograma de estudos, além de revelarem dicas que possam aprimorar as metodologias de aprendizado. Psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e professores podem contribuir nesse processo.

O governo estadual de São Paulo prepara um teste para medir a fluência na leitura de alunos da rede pública do 2º, 3º e 6º ano (7, 8 e 11 anos de idade) do ensino fundamental. A avaliação será aplicada após a volta às aulas presenciais e terá como objetivo diagnosticar a rapidez com que os alunos estão lendo.

Escolas estaduais e municipais de São Paulo estão fechadas desde março, após o decreto de quarentena, para conter a disseminação do novo coronavírus. A previsão é de que as aulas retornem em 7 de outubro em todo o Estado. Cidades com estabilização da pandemia há 28 dias terão aval para abrir as escolas em 8 de setembro.

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A avaliação de fluência leitora já é adotada em algumas redes de ensino do País, como em Sobral (CE), que tem bons indicadores de leitura. Por meio desse tipo de avaliação, é possível medir quantas palavras um aluno lê por minuto. No caso da cidade cearense, o teste é feito desde o 1.º ano do fundamental e espera-se que as crianças leiam 60 palavras por minuto.

Segundo o secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, a avaliação de fluência será feita por meio de uma gravação no celular. Todos os alunos do 2º, 3º e 6º ano da rede estadual passarão pelo teste, que incluirá até mesmo palavras que não existem, "para ver a junção do fonema com as letras e o sentido". Testes de fluência de leitura são aplicados por redes de ensino que entendem que a alfabetização é uma decodificação e são mais ligados ao método fônico, que põe ênfase nos sons das letras.

"Sou extremamente favorável a verificar como está a fluência do aluno no momento adequado. Isso não quer dizer ficar preso a uma metodologia exclusiva de alfabetização. O professor tem de usar várias metodologias dependendo do perfil do aluno para que ele possa avançar", diz Rossieli. O secretário prevê que a avaliação seja aplicada após o período de acolhimento dos alunos da rede.

Neste ano, não deverá haver teste de fluência na leitura para estudantes do 1º ano do ensino fundamental - esses deverão participar da avaliação de fluência de leitura a partir do ano que vem. A rede estadual tem 627.326 estudantes matriculados nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ano 5º ano).

Para Anna Helena Altenfelder, a alfabetização é uma fase "delicadíssima" da aprendizagem, que pode ser profundamente impactada pelo período sem aulas presenciais. Isso porque o processo requer a presença de um profissional formado para essa atividade. "A mediação de um adulto na alfabetização é importante. Ele faz a ligação entre a criança e o objeto de conhecimento, que no caso é a leitura e a escrita", diz Anna Helena.

Com as escolas fechadas, esse papel de mediador tem sido desempenhado pelos pais, com o apoio das escolas, mas há dificuldades de garantir que a intervenção dos pais seja adequada e suficiente. Em muitos casos, faltam materiais, como livros, e o nível de letramento e alfabetização das famílias é diverso. "Mesmo em São Paulo, temos famílias que não tiveram o direito de se apropriar da leitura e da escrita."

Para a especialista, avaliações diagnósticas para o retorno presencial são importantes, mas é preciso garantir condições para que os professores façam as intervenções necessárias. Ela também destaca que a alfabetização envolve várias habilidades e a fluência leitora é apenas uma das competências. "É preciso que se compreenda o processo de alfabetização de maneira mais ampla e que se compreenda também o processo de letramento, o conhecimento dos usos e funções sociais da leitura e da escrita."

Na rede municipal, não estão previstas avaliações de fluência na leitura. "Nós não praticamos esse teste até porque ele é baseado em outra concepção de alfabetização. A gente compreende a capacidade de produzir textos ou ler de forma fluente através de outras atividades. É no dia a dia da sala de aula que a criança vai mostrando a capacidade de ler de forma fluente", diz a secretária adjunta da Secretaria Municipal de Educação, Minea Paschoaleto Fratelli.

Na rede municipal de São Paulo, a meta é alfabetizar crianças até o fim do 2º ano do ensino fundamental (7 anos), mas a secretária entende que, com o isolamento social imposto pela pandemia, em alguns casos o processo de alfabetização possa ser concluído no 3º ano do fundamental.

Brasil

O Ministério da Educação (MEC) também pretende lançar uma avaliação ainda este ano para medir quantas palavras por minuto são lidas pelas crianças do 2º ano do ensino fundamental. Ao Estadão, o MEC informou que está trabalhando com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) na execução do Estudo Nacional de Fluência.

Devido ao distanciamento social, por causa do novo coronavírus, coletivos e artistas independentes vêm buscando alternativas para se manterem produtivos e gerarem conteúdo e renda durante a pandemia. A situação adversa tem levado o casal de artistas Viviana Borchardt e Pochyua Andrade a repensarem sobre o futuro do coletivo de arte criado por eles, o CUTIA.

Com projetos paralisados e ainda não contemplados por editais emergenciais, o CUTIA lançou em uma plataforma de financiamento coletivo a proposta de produção do audiolivro A Vaca Minuciosa, de Pochyua. O livro infantil, o primeiro do autor, e músico, lançado em 2011, tem 45 páginas e 20 capítulos. A narrativa da obra conta em terceira pessoa sobre a amizade entre a vaca Minuciosa e a menina Josefina, trazendo como enredo as aventuras e as filosofias da protagonista na descoberta de paisagens, amigos e de novas experiências.

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A história é para todas as idades, trazendo novos olhares para interpretação do caos e do belo frente às ações do homem e da natureza. A ideia de transformar A Vaca Minuciosa em audiolivro partiu de Viviana, que viu no projeto a possibilidade de um conteúdo que não carregasse o peso do isolamento social e que para além pudesse continuar destacando valores que exaltassem a delicadeza e o afeto dentro das relações familiares e sociais, que é a principal estética do CUTIA Coletivo.

A produção será gravada em Home Stúdio, com narração de Viviana e trilha sonora de Pochyua, e terá o lançamento diário de cada capítulo no mês de outubro, nas redes sociais do CUTIA, mas para isso precisa do financiamento coletivo do público e dos amigos através da plataforma Catarse até o dia 8 de agosto, no link do projeto. Na plataforma, o apoio ao projeto pode ser em troca de diversas recompensas, como os livros e Cds de Pochyua, ou o link para download do audiolivro na íntegra em primeira mão já em setembro, com dedicatória exclusiva gravada pelo autor.

O apoio financeiro pode ser pago através de cartões de crédito ou boleto bancário gerado pelo Catarse. Segundo Pochyua, "ao contribuir com esse projeto a pessoa ajuda o CUTIA Coletivo a continuar levando até as crianças e famílias um conteúdo cultural carregado de significados e de afetividade, feito para ser apreciado em casa, mas sem deixar de fortalecer esse vínculo tão necessário entre espectadores e artistas nesse momento de distanciamento social, onde o fomento coletivo à cultura torna-se uma das poucas ferramentas para a manutenção da produção artística independente".

*Da assessoria

Com o fechamento das bibliotecas públicas, a SP Leituras – Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura –, organização social sem fins lucrativos, traz uma série de atividades online, como conversas com escritores, curso de literatura pré-vestibular, oficinas de empreendedorismo, entre outras.

Para quem está se preparando para um dos maiores vestibulares do país (Fuvest), há o  curso preparatório para resolver questões que envolvem conhecimento das obras da Fuvest 2021. Indicado para pessoas acima de 16 anos, o curso busca ampliar, para esses jovens, o leque de conhecimento das obras clássicas de maneira lúdica, crítica, construindo e desconstruindo conceitos sobre as narrativas para compreendê-las e assimilá-las com propriedade. O curso é oferecido às terças e quintas até o dia 25 deste mês, das 15h às 17h30.

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Com carga horária de 22 horas e meia, o curso é ministrado por Naiara Costa, professora de literatura e escrita criativa em cursinhos pré-vestibular, com mais de 11 anos de experiência, por meio da Plataforma Zoom Meeting. As inscrições podem ser feitas no link www.bsp.org.br

Verifique as datas em que os livros serão abordados:

02/06 - Quincas Borba, de Machado de Assis

04/06 - Angústia, de Graciliano Ramos

9/06 - Claro Enigma, Carlos Drummond de Andrade

16/06 - Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles

18/06 - Campo Geral, Guimarães Rosa

23/06 - Mayombe, Pepetela

25/06 - Nove Noites, Bernardo Carvalho

Segundas Intenções Online

Convidada da nova edição do Segundas Intenções Online da Biblioteca de São Paulo (BSP), a cearense Jarid Arraes se destaca entre os escritores nordestinos da tradição do cordel e da poesia por imprimir mais urbanidade, mais diversidade e mais contemporaneidade às histórias que conta.

O bate-papo com ela, que será transmitido na página da BSP ocorre nesta segunda-feira (1º), das 19h às 20h, e terá a mediação do crítico Manuel da Costa Pinto. Não é necessário fazer inscrição.

Natural de Juazeiro do Norte, Jarid aprendeu a ler em casa, antes de ir para a escola. Filha de pai cordelista e mãe professora, desde pequena mergulhou na leitura de poetas como Carlos Drummond de Andrade e Augusto dos Anjos. Mais tarde, quando descobriu os livros de Conceição Evaristo, soube que podia também escrever suas próprias poesias e cordéis.

A bibliografia de Jarid tem o premiado Redemoinho em dia quente, ganhador do Prêmio APCA de Literatura na categoria contos, e Heroínas brasileiras em 15 cordéis. Morando em São Paulo desde 2014, ela cuida do Clube de Escrita para Mulheres e é curadora do selo Ferina, da Pólen Livros.

Crítica literária

A oficina online Críticas sem Crise: da Poesia à Prosa está na programação de junho da BVL, com encontros marcados para os sábados, dias 6, 13, 20 e 27 de junho, sempre das 14h às 17h. A proposta é que os participantes aprendam e apliquem técnicas, a partir da leitura de textos de escritoras brasileiras contemporâneas, para a criação de resenhas. A atividade, indicada para maiores de 18 anos, faz parte do projeto Literatura Brasileira Contemporânea no Século 21, realizado em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). As inscrições para a oficina foram abertas em dia 15 de maio. 

Ao final do curso, as resenhas resultantes das aulas podem ser publicadas em blog da iniciativa. Carina Carvalho, que comandará essa oficina, tem como objetivo contribuir para que cada um possa compartilhar sua voz e postura crítica nos textos criados durante os encontros.

Carina é poeta, trabalha com edição e revisão de materiais didáticos e de aprendizagem socioemocional, além de mestra em Estudos Literários pela Unifesp. Ela assina a série poética Ensaio para sair de casa, que integrou a coletânea do 2º Prêmio Ufes de Literatura e é autora dos livros de poemas Marambaia, Passiflora e Corpo Clareira.

Lê no Ninho

O Lê no Ninho é uma opção de programa em família para que os pais reproduzam ou recriem com os pequenos, buscando encantá-los com a leitura, as histórias e até com a música.

Para contribuir e transformar o confinamento em um momento de estabelecer novos laços e memórias em família, a BSP preparou um tutorial para realizar, em casa, que é feito na biblioteca nas manhãs dos fins de semana, reunindo pais, cuidadores e filhos.

Com esse objetivo, toda semana, sempre aos domingos às 11h, conteúdos exclusivos serão disponibilizados no facebook da BSP.

A inspiração pode vir também de vídeos, disponibilizados semanalmente nas redes sociais. A ideia é estimular o contato com a leitura em crianças entre 6 meses e 4 anos, por meio de experiências lúdicas com os livros.

A pandemia causada pelo novo coronavírus obrigou escolas por todo mundo a fecharem suas portas durante o período de isolamento social. Muitos alunos, em idades mais avançadas, passaram a ter aulas online, porém, uma grande dificuldade - principalmente para os pais - é como continuar com o aprendizado dos pequenos. Para dar uma forcinha aos que estavam aprendendo as primeiras letras do nosso alfabeto está o Read Along, do Google.

O aplicativo é ideal para crianças de 5 anos ou mais. Ele fornece um feedback verbal e visual enquanto os pequenos leem histórias em voz alta usando uma tecnologia de reconhecimento de fala do Google, que funciona off-line. Após estrear na Índia ter avaliações positivas dos pais, o Read Along está em nove idiomas, incluindo inglês, espanhol, português e hindi. 

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Como funciona 

Para ampliar a experiência lúdica da criança, o app com a ajuda de um amigo de leitura chamado Diya. Com a tecnologia de reconhecimento de texto e fala ele detecta se o aluno está tendo dificuldades ou está lendo a passagem com sucesso, dando uma resposta positiva ou encorajadora de acordo com o desempenho. O assistente também ajuda as crianças a aprender como pronunciar uma palavra ou frase.

O aplicativo oferece uma coleção de histórias diversas e interessantes de todo o mundo, e os jogos são espalhados por essas histórias para estimular o aprendizado. As crianças podem coletar estrelas e distintivos à medida que aprendem, o que as motiva a continuar brincando e lendo. 

Para os pais que têm mais de um filho em idade de alfabetização é possível criar perfis para vários leitores, que usam suas fotos para aprender no seu próprio ritmo. O Read Along personaliza a experiência recomendando o nível de dificuldade certo de histórias e jogos com base no desempenho do nível de leitura. 

Segurança e conectividade

Para acalmar o coração dos responsáveis preocupados com a segurança de seus filhos ao usar o aplicativo, o Google informa que, por ser feito voltado ao público infantil, o Read Along não possui anúncios ou compras no aplicativo. Além disso, após o download da ferramenta e das histórias, ele funciona offline, sem precisar estar conectado à internet. A conexão só é necessária para baixar mais conteúdo.

Por fim, o Read Along também não requer login. Os dados de voz são analisados ​​em tempo real no dispositivo - para que funcionem offline - e não são enviados a nenhum servidor do Google.

O confinamento doméstico imposto pela pandemia do novo coronavírus é uma excelente oportunidade para aproximar pais e filhos em torno da leitura. Esta é visão de especialistas ouvidos pela Agência Brasil pela passagem do Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado neste sábado (18).

A data lembra o nascimento dos escritores Hans Christian Andersen e de Monteiro Lobato, respectivamente. Estórias e personagens do escritor dinamarquês e do escritor brasileiro permitiram a diversas gerações de crianças abrir as portas da imaginação, conhecer o mundo, partilhar experiências, estimular o senso crítico e até superar adversidades, como a de ter de ficar em casa, em distanciamento social, para evitar a propagação uma doença que pode ser fatal.

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“Quem lê amplia o olhar, torna-se mais tolerante ao perceber na visão do outro formas de alargar a sua própria visão das coisas. Quem lê, escreve melhor, consegue ter uma percepção mais crítica de tudo”, diz a escritora Alessandra Roscoe, que também desenvolve em Brasília o Projeto Uniduniler para incentivo à leitura, de mulheres grávidas a idosos.

O livro pode ser uma ótima distração para os dias de Covid-19, recomenda Sandra Araújo, poetisa e doutora em literaturas de língua portuguesa. “A atividade de leitura pode ser enriquecedora inclusive para preenchimento do tempo, que pode ficar ocioso. Quando contamos estórias, conversando, todo mundo fica encantado”, afirma Sandra.

Para Dianne Melo, fonoaudióloga e especialista em linguagem, o encantamento das letras pode ser uma terapia muito oportuna contra o estresse do presente. “Em um momento como este, em que somos bombardeados com notícias sobre a pandemia, [é bom] ter acesso a livros que nos permitem entrar em contato com outras realidades, fantasias, personagens, elaborar algumas situações e até mesmo nos conectar com outras formas de ver o mundo.”

Livro e afeto

Dianne Melo é coordenadora de Engajamento Social e Leitura do Itaú Social, que desenvolve com voluntários projetos de leitura para crianças de até 6 anos em pré-escolas de redes públicas. “É maravilhoso ler para as crianças. A carinha delas prestando atenção às histórias não tem preço”, conta Catarina Tomiko Yamaguchi, leitora voluntária em escolas nos bairros do Braz, Mooca e Bom Retiro (na região da Luz, em São Paulo).

“É interessante como as crianças se identificam com as histórias que você vai lá contar”, complementa José Fernandes Alves Santos, que é voluntário no mesmo projeto e periodicamente visita escolas no Jabaquara. Catarina e José Fernandes  sentem-se emocionalmente recompensados pela atividade de ler livros para pequenos nas escolas.

A leitura cativa e provoca afeição entre quem conta  e quem ouve estórias. “Quando o adulto lê em casa, geralmente pega a criança no colo, fica bem perto, lê para a criança dormir. Ele fica muito perto da criança e com a atenção voltada para ela. Isso é o que a criança mais deseja: a atenção dos pais para ela”,ressalta Norma Lúcia Neris de Queiroz, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.

A fonoaudióloga Dianne Melo destaca também a oportunidade dos pais de usufruir desse momento, conhecendo melhor a criança, identificando seus gostos, medos e aflições.

“Ler com as crianças é um ato de afeto. A leitura abre as portas da imaginação, estmula a linguagem e a expressão próprias da criança e, no caso da leitura partilhada, em família, é também uma forma de se estabelecer um vínculo”, testemunha Alessandra Roscoe, mãe de três filhos com diferentes idades.

“Aqui em casa, até jogos são criados a partir das leituras. Inventamos personagens e enredos que um começa e outro termina”, diz.

Leitura e internet

A escritora assinala que é possível cultivar o gosto pela leitura aproveitando as possibilidades abertas pela tecnologia da informação. “Muita gente resolveu ler para crianças e adultos em vídeos e intervenções ao vivo pelas redes sociais. Alguns autores, mais talentosos com os novos meios, estão animando os próprios poemas e livros”, comenta a autora.

Para a poetisa Sandra Araújo, há interface entre livros e jogos eletrônicos na internet ou em dispositivos sem conexão. “Nos jogos tem narrativas contadas ali. O encadeamento das ideias, como o jogo é organizado, desperta o interesse das crianças e desenvolve habilidades. Há um universo de estórias que dialogam e se relacionam com jogos. Há livros que falam dos personagens dos jogos, e isso, de alguma forma, pode estimular a leitura das crianças.”

A disponibilidade dos recursos trazidos pela internet e dos aparelhos eletrônicos reforça a necessidade de as famílias lerem precocemente para suas crianças, opina a pedagoga Norma Lúcia. “As famílias têm de começar bem cedo com o livro. As crianças maiores têm lido também nos tablets, computadores e outros. Quando  já desenvolveram o gosto [pela leitura], as crianças leem em todos os ambientes, inclusive os livros indicados pela escola.”

Além de ler desde tenra idade, os pais precisam dar exemplo. “A criança tende a imitar o comportamento dos pais. Se os pais ficarem o dia todo no celular, certamente esse dispositivo terá maior apelo para a criança”, pondera Dianne Melo, que recomenda manter sempre por perto um livro para que as crianças tenham acesso.

“Podemos e devemos usufruir dessas ferramentas, ainda mais em tempos de isolamento, mas tudo deve ser dosado, como qualquer outra atividade. O importante é que o livro físico também tenha espaço nessa rotina. Que todos possam ter um tempo para manusear.”

A dosagem das atividades também é prescrita por Sandra Araújo, que recomenda a negociação com os filhos para que tenham disciplina e “não leiam por hábito, e sim por vício. Vício é aquilo que toma conta da gente, que não conseguimos dominar”, finaliza citando o escritor carioca Alberto Mussa.

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