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Andreina Fernanda, 20 anos, é uma estudante de Letras de Belém que encontrou um caminho para empreender e ajudar as pessoas. Maria Natureba, sua loja virtual, surgiu no auge da pandemia com o intuito de ajudá-la financeiramente. Andreina queria trazer para o público uma alternativa mais ecológica e com bom custo- benefício.
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“A Maria Natureba seria uma mulher vaidosa, uma pessoa que gosta de se cuidar com os produtos naturais, que é fissurada por esses produtos”, comentou. Apesar do amor pelo empreendedorismo, a estudante critica a exigência do mercado digital de estar constantemente ativa nas redes sociais. Veja a entrevista.
Como a loja surgiu?
A Maria Natureba surgiu em julho de 2020, vai completar dois anos, por uma questão de necessidade. Minha mãe e eu estávamos desempregadas, e ela sugeriu que eu abrisse meu próprio negócio para que nós tivéssemos uma renda. Estando no auge da pandemia, tanto eu quanto ela estávamos sem perspectiva de futuro. Todo mundo estava isolado em casa e essa foi a forma que encontramos para arrecadar uma grana. Eu ganhei de presente da minha mãe um valor para investir na loja, R$ 100,00. Por ter uma conexão com produtos naturais, já que eu utilizava, gostava e conhecia a respeito, foi o ramo em que eu me encontrei. No início, minha mãe era a entregadora, isso beneficiava nós duas, porque eu vendia e ela entregava.
E de onde vem o nome Maria Natureba?
O Maria Natureba é mais por Maria ser um nome comum. A minha avó tem Maria no nome, e nós vemos várias meninas com nomes compostos de Maria. E Natureba porque remete à natureza. É para representar. Maria Natureba seria uma mulher vaidosa, uma pessoa que gosta de se cuidar com os produtos naturais, que é fissurada por esse tipo de produtos. Essa foi a ideia que eu tive para o nome da loja.
É você quem faz os produtos naturais ou você tem fornecedores?
Os produtos são encomendados de fornecedores, de extratores e de fabricantes. Eu priorizo pessoas da região do Norte, justamente para ajudar. Inclusive, a maioria dos nossos óleos vegetais são extraídos por extrativistas do interior do Estado. Eu sempre procuro valorizar o pequeno extrator, o pequeno trabalhador. Mas às vezes não tem como. Por exemplo, o óleo de rosa mosqueta vem do sul do Brasil. Justamente porque a planta da rosa mosqueta não vinga na nossa região, que é uma região úmida. Nesse caso, eu preciso de um extrator da região sul.
Você trabalha sozinha ou tem ajuda de outras pessoas?
Atualmente a única coisa que eu não faço são as entregas. O restante, todo o preparo dos produtos, toda a questão dos fornecedores, de receber os produtos, de levar aos Correios os que são para outros Estados, embalar, separar, falar com clientes pelas redes sociais, tudo sou eu.
Você disse que começou a empreender por necessidade financeira, mas quais foram os outros motivos que levaram a esse caminho e que te fizeram permanecer?
Não é nada fácil, é uma tarefa árdua e muito difícil. É um retorno que não é proporcional ao quanto tu trabalhas. Às vezes nós somos muito desvalorizados. Quando se está trabalhando com o público nem todo mundo é muito amistoso, as pessoas são meio grosseiras, são vários fatores que desestimulam bastante. O que me fez continuar é a questão da necessidade, eu precisava dessa renda, já que não havia perspectiva de quando as coisas iriam melhorar. Eu peguei muito gosto pela ramo, e atualmente é o que me faz continuar. É uma área que eu amo. Antes eu via como algo temporário, mas hoje eu vejo como algo fixo.
No início quais foram os principais desafios que você encontrou?
O de lidar com diferentes públicos. Nem todo mundo é muito simpático, muito tranquilo. Aparece gente de todo tipo, e às vezes isso me deixava sem saber o que fazer. Outro ponto é falar com o público quando estou sendo gravada. Por mais que eu seja uma pessoa naturalmente muito comunicativa, quando eu preciso gravar um conteúdo já fico mais retraída, já não consigo fazer. É algo que até hoje preciso enfrentar. Também teve o desafio de arcar com toda a responsabilidade sozinha. De estar ativamente nas redes sociais, de embalar produtos, de entrar em contato com fornecedores, essa rotina me assustou no início. E ter que conciliar isso em um momento muito conturbado que foi o início da pandemia.
Um vídeo seu viralizou no Tik Tok. Tendo as redes como o seu meio de trabalho, como você vê essa necessidade das empresas precisarem estar presentes em quase todas as redes sociais?
Não é muito fácil, já que eu não levo muito jeito de blogueira. Tenho uma certa timidez para gravar vídeos e criar conteúdo. E o meio em que eu atuo, por ser virtual, precisa que eu esteja o tempo todo ativa. É muito complicado, porque às vezes tu não acordas bem, quer fazer uma coisa mas não está conseguindo produzir aquilo. Teu corpo não está bem, tua mente não está bem. É uma cobrança muito grande, é um peso enorme em cima de ti. Além da loja tem a minha vida pessoal. Sou acadêmica, curso Letras na Universidade do Estado do Pará (UEPA), faço contrabaixo acústico no Instituto Estadual Carlos Gomes e cuido de um irmão que é autista, tem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), enquanto a minha mãe trabalha. Eu preciso conciliar toda a minha rotina com a dele, e também envolver a rotina da loja.
Maria Natureba nasceu no período de isolamento, certo? Então quais foram as suas estratégias para se destacar nesse ramo em um período tão complicado?
Inicialmente, meu maior foco foi a divulgação. Eu pedi a amigos e conhecidos que divulgassem nas redes sociais para ganhar destaque e começar a ser conhecida. Após isso, ganhei alguns clientes, e conforme isso foi acontecendo procurei conquistá-los através do contato com eles. Perguntava o que eles acharam dos produtos, para ter o feedback e conseguir traçar os meus objetivos, já que eu precisava saber do que eles gostavam e do que que eles não gostavam, para saber o que iria fazer na loja. Também procurava criar conteúdo que me mostrava utilizando os produtos. Mostrando como ficava na minha pele, como reagia, como funcionava. Explicando melhor cada produto, porque muitas pessoas não conhecem. Para mim, o segredo do sucesso é o boca a boca. Não existe nada mais convincente do que isso.
De onde veio esse amor por produtos naturais?
Tudo começou na minha adolescência, por volta dos 15 anos de idade, quando passaram a aparecer vários cravos e espinhas no meu rosto. Isso me deixava com baixa autoestima muito baixa. Eu comecei a tratar utilizando vários produtos de skincare, e acabava tendo muitas reações alérgicas. A minha pele é sensível, e descamava, coçava, irritava, e por isso precisei estudar sobre alternativas mais viáveis para o meu tipo de pele. Foi através da minha experiência que eu vi o quanto os produtos naturais poderiam ser maravilhosos. Poderiam mudar a minha vida e a vida de outras pessoas. O nosso rosto é a nossa imagem, é o primeiro contato que as pessoas tem com a gente, antes de olharem o nosso corpo elas olham o nosso rosto. Foi uma situação de alta necessidade. E a partir do momento que conheci melhor os produtos naturais, eu comecei a pesquisar a respeito, passei a ser uma pessoa mais consciente em relação ao meio ambiente e aos animais. Tudo isso agregou a esse amor que eu tinha, porque são produtos bons, são produtos que são baratos. São acessíveis e te dão um retorno muito grande. É um custo-benefício enorme. E mais a questão ambiental. São produtos veganos, 100% naturais, não machucam a natureza e não machucam os animais.
O empreendedorismo entre os jovens tem aumentado muito nos últimos anos. O que você acha que tem despertado essa vontade de empreender tão cedo?
Acho que tem a questão da renda própria. Para mim também foi dessa forma, é uma questão de necessidade. Nós vemos que atualmente está tudo muito caro, gasolina, comida, energia, gás. E o que eu vejo ao meu redor são pessoas empreendendo por necessidade. Até mesmo por conta da alta de desemprego. Eu imagino que essa seria a forma que as pessoas têm encontrado para conseguir o seu sustento.
E quais são os planos para o futuro da Maria Natureba?
Planejo popularizar ela nacionalmente, abrir um ponto físico, ir mais além. Tornar ela uma fábrica de produção de produtos naturais.
Por Jéssica Quaresma (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).