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Vítima de bullying na escola, com problemas em casa e histórico de automutilações: o adolescente que matou a tiros 19 crianças em uma escola do Texas na terça-feira (24) tinha antecedentes similares aos de outros autores de massacres escolares.

Salvador Ramos, um jovem de 18 anos morto por um agente da Patrulha Fronteiriça enquanto atacava uma escola primária em Uvalde, Texas, era um cidadão americano que morava com a avó.

Sua conta no Instagram, agora removida, mostrava fotos de um jovem com cabelo nos ombros e olhos fechados. Seu perfil também incluía imagens de dois rifles semiautomáticos e um carregador de pistolas.

Um dia depois do atentado na escola primária Robb, que também deixou dois professores mortos, vieram a público detalhes sobre Ramos, que supostamente saiu andando e atirando pelo local e depois se entrincheirou em uma sala de aula, disparando contra todos os presentes.

O jovem havia abandonado os estudos e não tinha antecedentes criminais. Sua prima, Mia, contou ao jornal "Washington Post" que ele era ridicularizado durante o ensino fundamental por gaguejar e ter a língua presa, e pedia à avó para parar de frequentar as aulas.

Stephen Garcia, um antigo amigo de Ramos, confirmou que o bullying era um problema. “Ele era fortemente atormentado, por muitas pessoas”, disse Garcia ao jornal.

A imprensa americana também informou que Ramos tinha problemas com sua mãe, que, segundo vizinhos, era usuária de drogas. Os conflitos entre os dois eram tão graves que a polícia já foi chamada, disseram. Outro amigo do rapaz, Santos Valdez, lembrou que Ramos certa vez cortou o rosto "apenas por diversão".

O bullying e os problemas de saúde mental se tornaram denominadores comuns nos trágicos e frequentes tiroteios mortais em instituições de ensino nos Estados Unidos.

Há mais de 20 anos, dois adolescentes que haviam sofrido assédios por parte de outros alunos mataram 13 pessoas e tiraram suas vidas na escola secundária onde estudavam em Columbine, no Colorado.

Em 2007, um estudante com problemas mentais matou 32 pessoas em um massacre no Instituto Politécnico de Virgínia. O agressor, que também se suicidou, havia se referido aos atiradores de Columbine como “mártires” em um vídeo antes do ataque.

- Tiro na avó -

Também tinham transtornos mentais o autor do tiroteio na escola primária Sandy Hook, em Connecticut, que em 2012 matou 26 pessoas, e o estudante que foi expulso por motivos disciplinares e depois matou 17 pessoas em uma escola secundária em Parkland, na Flórida, em 2018.

O governador do Texas, Greg Abbott, desviou hoje de uma pergunta sobre se eram necessárias mudanças nas leis sobre as armas, focando na atenção à saúde mental: "Como estado, nós, como sociedade, precisamos fazer um trabalho melhor com a saúde mental.", disse ele.

A Associação Nacional do Rifle (NRA), poderoso grupo de pressão que tem sido fundamental para frustrar os esforços para endurecer as leis de armas dos EUA, adotou uma tática semelhante e alegou que o tiroteio foi obra de um "criminoso solitário e transtornado".

A primeira vítima de Ramos foi sua avó, 66, contra quem atirou no rosto. Ela conseguiu chamar a polícia e foi transferida de helicóptero em estado crítico para um hospital nas proximidades de San Antonio.

O atirador, que comunicou no Facebook sua intenção de atacar uma escola primária, fugiu da casa de sua avó em um veículo, vestindo um colete tático e armado com um rifle. Ele então bateu com o carro perto da Escola Primária Robb, desceu do veículo e entrou no local, onde policiais tentaram prendê-lo.

Ramos se refugiou em duas salas contíguas e atirou contra os estudantes e os professores, segundo autoridades. Pete Arredondo, comandante policial do distrito escolar de Uvalde, responsável pela investigação, disse que Ramos agiu sozinho.

Um estudante teve o celular apreendido após a Polícia Civil identificá-lo como responsável pelo perfil no Instagram que ameaçava cometer um massacre em uma escola em Arapiraca, no Interior de Alagoas. O adolescente, de 16 anos, foi encaminhado à delegacia para prestar esclarecimentos. 

Nas redes sociais, o suspeito se apresentava em uma conta anônima como 'Aluno_666' e prometia realizar ma chacina na instituição. Ele chegou a marcar um grupo específico de alunos em uma publicação e apontou que todos mereciam morrer.

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De acordo com a Polícia, as ameaças terroristas se baseavam no massacre de Columbine, nos Estados Unidos, onde dois estudantes assassinaram 15 pessoas. A direção procurou as autoridades e registrou a ocorrência.

O adolescente passou a ser investigado pelo setor de inteligência da Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC), que identificou seu nome e onde morava. Uma equipe foi até a casa e o encaminhou, junto com os responsáveis, ao 52º Distrito Policial.

Ele prestou esclarecimentos e teve o celular apreendido, explicou o delegado Filipe Caldas. “O smartphone do adolescente foi apreendido para fins periciais. Como não havia flagrante, o menor infrator será investigado em procedimento especial, tendo sido liberado aos pais, após prestar declarações”.

Juliet Mukakabanda estava escondida com o marido e três filhos em uma pequena igreja no sul de Ruanda em 1994, quando a família foi levada para uma escola próxima por líderes locais que lhes prometeram "proteção" do genocídio em curso naquele país.

Como uma hutu casada com um tutsi, Mukakabanda e seu marido eram os principais alvos dos extremistas hutus que espalhavam o terror no país.

Estima-se que cerca de 800.000 pessoas, a maioria tutsis, morreram entre abril e julho de 1994 no genocídio de Ruanda.

Alguns dos episódios mais sombrios ocorreram na prefeitura de Gikongoro, onde a família se refugiava.

Lá eles se viram diante de um banho de sangue supostamente orquestrado por líderes locais, incluindo o prefeito Laurent Bucyibaruta, que será julgado a partir de segunda-feira na França por genocídio, cumplicidade em genocídio e cumplicidade em crimes contra a humanidade.

A família, aterrorizada, primeiro se refugiou em uma igreja local em Gikongoro (desde então renomeada Nyamagabe) depois que turbas hutus incendiaram as casas dos moradores tutsis de sua aldeia.

Eles então se juntaram à multidão que se abrigava na Escola Técnica de Murambi de Gikongoro, convencidos de que o complexo no topo da colina era sua melhor chance de evitar as milícias patrulhando Ruanda com armas e facões.

Mas era uma armadilha. Alguns dias depois, por volta das 3h da manhã de 21 de abril, seu suposto santuário foi atacado.

"Ouvimos tiros. Os assassinos tinham revólveres, granadas, porretes, facões, todos os tipos de armas. Minha principal preocupação eram meus filhos, não sabia como protegê-los", contou Mukakabanda à AFP.

Aos 58 anos, Mukakabanda relata suas memórias daquela mesma escola, hoje convertida em um dos principais memoriais do genocídio ruandês, com fileiras de monumentos de granito preto com os nomes dos falecidos.

- '34 sobreviventes' -

Com milícias cercando a escola, seu marido e outros homens decidiram sair e lutar, deixando as mulheres trancadas nas salas de aula com as crianças.

"Eles lutaram com tudo que podiam, com pedras e paus. Mas não conseguiram igualar as balas e granadas", diz.

Quando a multidão arrombou a porta, Mukakabanda se lembra de se ajoelhar no chão, seu bebê de um mês balançando nas costas e começando a rezar e implorar por misericórdia.

Vendo sua identidade hutu, os milicianos lhe disseram para ficar do lado de fora enquanto entravam no prédio, indo de sala em sala e massacrando todos, incluindo seu marido e dois de seus filhos.

De acordo com testemunhas desses eventos, os líderes locais garantiram à população tutsi que eles estariam mais protegidos permanecendo em um lugar em vez de se dispersarem, e prometeram comida e água.

Em vez disso, as autoridades cortaram o abastecimento de água da escola e privaram os refugiados de comida, tornando mais difícil para eles resistirem ao ataque.

Mukakabanda aponta um dedo acusador para Bucyibaruta, que nega as acusações e qualquer envolvimento no massacre, segundo seus advogados.

"Foi ele quem ordenou à polícia e às forças de segurança que encontrassem os tutsis que estavam escondidos nas igrejas e outros lugares e os reunissem em um só lugar, sob o pretexto de protegê-los", denuncia.

O ex-funcionário, agora com 78 anos, que está sob controle judicial, enfrenta prisão perpétua.

Mukakabanda e seu bebê estão entre os 34 sobreviventes do massacre de Murambi no qual, segundo o Arquivo do Genocídio de Ruanda, cerca de 50 mil pessoas, a maioria tutsis, foram mortas.

Sua filha Pauline é agora uma mãe de 28 anos que estuda administração de empresas em Kigali.

A viúva ainda vive como camponesa em Nyamagabe, onde se prepara para viajar a Paris para testemunhar no julgamento de Bucyibaruta. Cem testemunhas participarão de Ruanda ou por videoconferência.

A Polícia Federal (PF) prendeu na noite desta quinta-feira (5), em Boa Vista (RR), o garimpeiro Eliézio Monteiro Neri, que foi condenado por envolvimento no genocídio de indígenas Ianomâmi conhecido como "Massacre do Haximu" e estava foragido. Segundo a Polícia Federal, Neri foi abordado pela Polícia Militar quando estava em um supermercado. A corporação pediu o apoio para a realização da prisão após receber a informação de que o garimpeiro chegaria na capital de Roraima pela rodoviária.

A chacina ocorreu em 1993, quando garimpeiros que atuavam em região próxima à fronteira com a Venezuela assassinaram 16 Ianomâmis. Entre os mortos havia mulheres, adolescentes crianças e um bebê. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o massacre chegou ao conhecimento das autoridades em agosto daquele ano, por meio de um bilhete escrito por uma freira que estava em missão na região.

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A Procuradoria relata que, no dia 15 de julho daquele ano, sete garimpeiros chamaram seis indígenas para caçar e assassinaram quatro desses. Ainda de acordo com o MPF, em retaliação, os indígenas mataram um dos garimpeiros.

Um mês depois, os garimpeiros invadiram uma área onde estavam integrantes da tribo e então mataram, a tiros e golpes de facão, 12 indígenas - um homem, duas idosas, uma mulher, três adolescentes, quatro crianças e um bebê, registra a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal sobre o caso.

Em outubro daquele ano, a Procuradoria denunciou 24 garimpeiros, sendo que apenas cinco estavam "plenamente identificados" - Pedro Emiliano Garcia, Eliézio Monteiro Neri, Waldinéia Silva Almeira, Juvenal Silva e Wilson Alves dos Santos. A peça imputou ao grupo crimes de genocídio, associação para genocídio, garimpo ilegal, contrabando, ocultação de cadáver, crime de dano e formação de quadrilha.

Em dezembro de 1996, a Justiça Federal em Roraima condenou cinco pessoas: Pedro, Eliézio e Juvenal (que haviam sido identificados antes da apresentação da denúncia) e João Pereira de Morais e Francisco Alves Rodrigues (que foram "identificados plenamente" durante o processo).

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) chegou a acatar recurso dos réus, levando-os a júri por homicídio. No entanto, em 2000, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu a decisão de primeiro grau e o entendimento sobre o crime de genocídio. Em 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou tal decisão.

A Justiça da Argentina iniciou nesta terça-feira (19) um julgamento que pretende lançar luz sobre o episódio que ficou conhecido como Massacre de Napalpí, ocorrido em 1924, quando entre 300 e 500 integrantes dos povos originários foram assassinados por forças policiais e gendarmes.

"Vamos mostrar, de maneira concreta e contundente, quem participou e quem foram os responsáveis por este genocídio", afirmou o procurador federal Federico Garniel, encarregado da acusação, durante a audiência que acontece em Resistencia, no nordeste da Argentina.

Trata-se do primeiro julgamento que investiga a perseguição sistemática dos povos originários na Argentina. Em 2018, o caso Napalpí foi declarado crime contra a humanidade e, por isso, imprescritível. Contudo, por não haver acusados vivos, trata-se de uma espécie de "comissão da verdade" para investigar, esclarecer e dar publicidade ao episódio como forma de reparação às vítimas, suas famílias e comunidades.

Os fatos investigados ocorreram em 19 de julho de 1924 em Napalpí, uma "redução" - como se chamava na Argentina os lugares de confinamento de indígenas - situada onde hoje é a província do Chaco. Lá viviam comunidades das etnias qom e moqoit em condições de semiescravidão, obrigadas a trabalhar nas plantações de algodão.

Naquela época, após ignorar os protestos dos indígenas para mudar suas condições de vida, o então governador Fernando Centeno ordenou uma operação repressiva da qual participaram cerca de 130 policiais, gendarmes e civis armados, que dispararam à queima-roupa contra crianças, idosos e adultos desarmados. Os corpos dos assassinados foram mutilados e enterrados em valas comuns.

As audiências judiciais começaram nesta terça - o Dia do Aborígene Americano (chamado de Dia do Índio no Brasil) - na cidade de Resistencia, a capital provincial, e o julgamento deve ser concluído em 19 de maio.

Após as primeiras alegações na sala de audiências, foram exibidos registros audiovisuais de entrevistas com dois sobreviventes, Pedro Valquinta, nascido há 110 anos, e Rosa Grilo, uma senhora de 114 anos.

"Para mim, é triste, mataram meu pai. Quase não quero mais me lembrar. Coisas tristes. Mataram muita gente", diz Rosa Grilo no testemunho filmado pelo Ministério Público em 2018.

Em 2008, durante o seu primeiro mandato, o atual governador de Chaco, Jorge Capitanich, havia pedido perdão pelo massacre em nome do estado provincial.

Os historiadores destacam que, durante o processo de formação da Argentina como nação independente, os povos originários foram subjugados e ficaram à beira do extermínio.

Um dos episódios mais trágicos é conhecido como "A Campanha do Deserto", para a incorporação da Patagônia ao território nacional, que deixou um saldo de pelo menos 14.000 indígenas mortos entre 1878 e 1885.

De acordo com o censo de 2010, dos 45 milhões de habitantes da Argentina, apenas 1 milhão se definem como integrantes ou descendentes de alguma das 39 etnias originárias. Desde 1994, a Constituição reconhece os direitos dos povos indígenas.

A Justiça aceitou nesta segunda-feira (24) a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Santa Catarina contra Fabiano Kipper Mai, de 18 anos, que matou três crianças e duas funcionárias de uma creche em Saudades, no oeste do Estado, no início do mês.

Com a decisão do juiz Caio Lemgruber Taborda, da Vara Única de Pinhalzinho, o jovem virou réu em processo sigiloso por cinco homicídios e 14 tentativas de homicídio, todos triplamente qualificados. Ele vai ser julgado por um Tribunal do Júri.

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"Recebo a denúncia ofertada, uma vez que preenchidos os requisitos do art. 41 e ausentes as hipóteses do art. 395 (com redação dada pela Lei n. 11.719/2008), ambos do Código de Processo Penal", escreveu o magistrado.

A partir de agora, a defesa tem dez dias para apresentar argumentos e juntar testemunhas. Depois disso, começa a contar o prazo de cinco dias para que o Ministério Público se manifeste sobre a tese defensiva.

A denúncia lista motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas como agravantes do crime. Os mortos são duas funcionárias da creche Aquarela e três bebês menores de 2 anos. O massacre, executado com um facão, ocorreu no dia 4 de maio e o jovem acabou preso em flagrante já naquela manhã.

Veja quem são as vítimas:

Keli Aniecevski, de 30 anos, era professora na escola e foi a primeira a ser atacada. Foi ela quem tentou evitar que o jovem chegasse às salas onde estavam as crianças;

Mirla Renner, de 20 anos, é a agente educativa que estava com as quatro crianças em uma das salas onde o rapaz entrou e acabou matando as crianças;

Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses;

Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses;

Ana Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.

A República do Tartaristão, membro da Federação da Rússia, enterrou nesta quarta-feira (12) os sete jovens e dois adultos mortos a tiros em uma escola por um adolescente, uma tragédia que alimentou o debate sobre o porte de armas e o uso da Internet na Rússia.

No cemitério de Kazan, parentes e alunos da professora de inglês Elvira Ignatieva, que protegeu com o próprio corpo um de seus alunos, compareceram ao funeral, no qual foi lido o Alcorão.

"Minha sobrinha foi como uma estrela cadente: subiu ao céu, iluminou-se e desapareceu", disse à AFP Anna Ignatieva, tia da professora da Escola nº 175 de Kazan, onde a tragédia ocorreu na terça-feira.

"Ela levou a primeira bala, na cabeça. Ela não se escondeu, ela queria protegê-los", acrescentou seu tio, Talgat Gumerov.

Todas as vítimas foram enterradas, explicou um porta-voz do presidente do Tartaristão, Rustam Minnijanov.

Durante o dia, centenas de flores, brinquedos e velas foram deixados na escola. As bandeiras de vários edifícios públicos tremulavam a meio mastro.

- Ex-aluno que não era agressivo -

Ilnaz Galiaviev, de 19 anos, invadiu na terça a escola, da qual era ex-aluno, armado com um rifle e abriu fogo.

Os jovens assassinados tinham entre 13 e 14 anos e eram da mesma classe.

Alguns alunos que pularam das janelas do terceiro andar para escapar do atirador estão feridos.

No total, 20 menores e três adultos estão hospitalizados, alguns deles em estado grave.

Ilnaz Galiaviev foi detido pela polícia e colocado em prisão provisória por dois meses nesta quarta.

Ele ouviu a decisão do tribunal com calma, sem responder às perguntas da imprensa, antes de ser retirado do tribunal, observou um jornalista da AFP no local.

Um vídeo transmitido nas redes sociais e na televisão russa mostrou o atirador ensanguentado e sem camisa deitado em uma cela, alegando ter premeditado seu ato, porque "odeia todos" e dizendo que era "Deus".

O agressor havia deixado a escola há quatro anos para estudar ciência da computação, mas foi forçado a abandonar os estudos no mês passado.

Segundo o centro onde estudava, é uma "pessoa calma e não era agressivo".

As autoridades informaram que ele havia obtido legalmente sua arma, com o certificado de aptidão mental exigido por lei.

De acordo com a imprensa local, o agressor relatou suas intenções em uma conta no aplicativo de mensagens Telegram, em uma conta chamada "Deus".

O Telegram bloqueou "rapidamente" a conta do atacante, apenas uma hora após as primeiras solicitações nesse sentido, explicou o cofundador da plataforma, Pavel Durov.

O presidente da Câmara dos Deputados, Viacheslav Volodin, denunciou "o anonimato da Internet" e pediu medidas para combater a difusão de "mensagens violentas que exaltam o extremismo".

Foi o tiroteio mais grave em uma escola russa desde 2018, onde esse tipo de tragédia é relativamente raro e onde o controle de armas é estrito.

Incidentes violentos envolvendo estudantes têm aumentado, porém, nos últimos anos.

Na terça-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma revisão das regras de autorização de armas para endurecê-las.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta segunda-feira (10) um homem de 19 anos suspeito de planejar um ataque a alunos de uma escola no bairro de Americanópolis, na Zona Sul da capital paulista. Ele foi detido na mesma região onde está localizada a unidade de ensino.

Segundo a polícia, o planejamento do ataque foi descoberto pela área de inteligência do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da polícia. A partir da informação, agentes da 1ª Delegacia da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCiber) conseguiram acessar trocas de mensagens do suspeito em uma rede social.

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“Os conteúdos dos textos permitiram a obtenção de quebra de sigilo o que contribuiu para coleta de mais provas que foram remetidas à Justiça. A partir de então, foram expedidos mandados de busca e apreensão e de prisão contra o rapaz”, destacou a polícia em nota.

O homem foi encontrado e preso na casa de um tio, no bairro Capão Redondo, na Zona Sul da capital paulista. Também foi apreendido o celular que ele usava no planejamento do ataque. De acordo com a polícia, o suspeito homenageava o autor do massacre de sete pessoas em uma escola estadual em Suzano, ocorrido em março de 2019: o suspeito usava a foto do assassino para ilustrar uma de suas redes sociais e criou um e-mail com o nome dele.

O equipamento foi encaminhado ao Instituto de Criminalística (IC), responsável pela análise pericial. A Polícia Civil continua as investigações para identificar e prender outros envolvidos no esquema criminoso.

 

O pequeno Henryque Hübler, de 1 ano e 8 meses, apresentou melhora e tem o quadro de saúde instável, segundo apurou o G1. O bebê é o único sobrevivente do ataque promovido por um homem de 18 anos a uma creche no município de Saudades, no interior de Santa Catarina.

O hospital não informou a previsão de alta da criança. O pai do garoto, Diego Hübler, informou ao G1 que o dreno do pulmão de Henryque foi retirado na última sexta (7). Os golpes de facão desferidos por Fabiano Kipper Mai, autor do ataque- que deixou duas professoras e três bebês mortos-, atingiram Henryque na bochecha, nos lábios, na barriga e causaram uma perfuração em um dos pulmões.

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Depois do ataque, o bebê foi levado ao hospital de Pinhalzinho por um homem e uma mulher, ambos vizinhos da creche. Henryque chegou à unidade de saúde em estado grave, tendo que passar por uma cirurgia e ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

 Até o final da manhã desta sexta (7), o Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro havia recebido os corpos de 19 das 25 pessoas mortas na operação policial promovida na comunidade de Jacarezinho, na capital fluminense. O Ministério Público do Rio de Janeiro garantiu que acompanhará os desdobramentos da ação, que ganhou repercussão internacional por sua violência.

A Organização das Nações Unidas (ONU) também informou que acompanhará o caso e cobrou investigação independente a respeito de abusos policiais em Jacarezinho. Nesta sexta, moradores da comunidade promoveram um protesto em frente à Cidade da Polícia, sede das delegacias especializadas, localizada no bairro de Maria da Graça, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

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Considerada a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, a ação policial na favela do Jacarezinho, zona norte da capital fluminense, nessa quinta-feira (6), deixou 25 mortos e mais uma mancha no histórico de despreparo da segurança pública carioca. O caso, que segue enfrentando grande repercussão e críticas, chegou com força à mídia internacional, que não poupou palavras ao descrever e relembrar episódios de violência policial no Brasil.

No novo triste episódio, segundo a Polícia Civil, 24 suspeitos de integrar o crime organizado foram mortos durante o conflito com traficantes. As identidades ou circunstâncias das mortes ainda não foram reveladas, embora a corporação fale em baixas conflituais, o que entra em conflito com os relatos da população, que menciona execução e abuso policial.

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Também perdeu a vida durante o confronto o policial civil André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Outros dois agentes foram baleados e dois passageiros do metrô ficaram feridos após serem atingidos dentro de uma composição.

Repercussão internacional

O massacre na favela carioca teve repercussão imediata no exterior. Na mídia britânica, as manchetes que mais repercutiram foram do The Guardian e The Independent. Na Argentina, o La Nación também noticiou o ocorrido. Veículos franceses como o Le Monde Diplomatique ou catarianos, como o Al Jazeera, integraram a cobertura internacional sobre o caso. Em todas as publicações, classificações como “carnificina”, “violência policial”, “banho de sangue” dão o tom necropolítico que descreve a ação policial no Rio de Janeiro.

A publicação francesa se baseia em texto da agência de notícias AFP e fala em "banho de sangue", trecho em destaque na reportagem. O Le Monde cita depoimentos de moradores da região sobre corpos em poças de sangue no chão e outros sendo levados para veículos blindados das forças de segurança, assim como depoimentos que falam em execução.

“Moradores relataram ter visto cadáveres caídos na calçada em poças de sangue e vários corpos retirados de um veículo blindado da polícia, disse uma autoridade da comunidade local, pedindo por razões de segurança que seu nome não fosse publicado”, diz o texto.

O The Guardian foi o primeiro veículo internacional a noticiar o massacre. Com tom altamente crítico, o britânico menciona “comemorações” da Polícia Civil e chama de “carnificina” o ocorrido, citando falas polêmicas de figuras brasileiras sobre a operação.

“Policiais e suas animadoras de torcida nos tabloides cariocas celebraram a missão como um ataque essencial às gangues de traficantes que há décadas usam as favelas como suas bases. “Seria ótimo se a polícia pudesse lançar duas operações como essa todos os dias para libertar o Rio de Janeiro dos traficantes, ou pelo menos reduzir seu poder”, disse o apresentador do Balanço Geral, um popular programa policial de televisão, aos telespectadores saudando o que ele chamado de ataque ‘cirúrgico’”, escreveu o jornal.

Na rede de notícias Al Jazeera, do Catar, a reportagem traz o termo “carnificina” no título (foto de capa). "A mídia brasileira aplaudiu amplamente a operação, dizendo que foi uma repressão justificada ao tráfico de drogas e outros crimes violentos na comunidade."

Após diversas publicações sobre o assunto, o espanhol La Nación dedicou um dos textos para falar dos relatos de abuso policial durante a operação. Na foto, se destaca o registro da fotógrafa Silvia Izquierdo, da AP, que mostra uma jovem do Jacarezinho gritando em direção aos policiais durante o conflito.

“Ecos de um tiroteio sangrento de várias horas em uma favela do Rio de Janeiro duraram até sexta-feira: as autoridades disseram que a operação policial matou com sucesso duas dúzias de criminosos, e moradores e ativistas denunciaram abusos dos direitos humanos. Pouco depois do amanhecer de quinta-feira, dezenas de policiais civis do estado invadiram o Jacarezinho. Eles procuravam traficantes de drogas de uma das organizações criminosas mais conhecidas do país, o Comando Vermelho, e os corpos se amontoaram rapidamente”, relatou o veículo.

Corpos marcados por tiros ficam jogados por dias nas ruas da cidade de Axum, na Etiópia. À noite, moradores ouvem, horrorizados, as hienas se alimentando de seus vizinhos e conhecidos. Mas eles foram proibidos de enterrar seus mortos por soldados da Eritreia.

Essas memórias assombram a um diácono da igreja Ortodoxa etíope localizada na cidade sagrada, onde os fiéis locais acreditam que a antiga Arca da Aliança está guardada. Enquanto a região de Tigray retoma lentamente o acesso a serviços de telefone depois de três meses de conflito, o diácono e outras testemunhas deram à Associated Press um relato detalhado do que pode ser o massacre mais mortal.

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Por semanas, rumores circularam de que algo sinistro havia acontecido na Igreja Santa Maria de Sião, em novembro, com a estimativa de centenas de mortos. Mas com o isolamento de Trigray do resto do mundo e a proibição de jornalistas de acessarem a região, pouco pôde ser verificado enquanto combatentes etíopes e aliados perseguiam os líderes fugitivos da região.

O diácono, que falou em condição de anonimato porque continua em Axum, disse que ajudou a contar os corpos - ou o que restou deles após as hienas se alimentarem. Ele reuniu as carteiras de identidade das vítimas e ajudou nos enterros - feitos em valas coletivas. O religioso acredita que cerca de 800 pessoas foram mortas naquele fim de semana na igreja e nos arredores da cidade, e que milhares morreram em Axum.

A matança continua: no dia em que falou à AP na semana passada, ele disse que havia enterrado três pessoas. "Se formos para o campo, a situação é muito pior", disse.

As atrocidades do conflito de Tigray ocorreram nas sombras. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2019 por alcançar a paz com os vizinhos da Eritreia, anunciou a ofensiva enquanto o mundo estava focado nas eleições presidenciais americanas. Ele acusou lideranças regionais de Tigray, cujos líderes dominaram a Etiópia por quase três décadas antes dele assumir o governo, de atacarem militares do país. Os líderes de Tigray rebateram a afirmação e disseram que agiram em legítima defesa, depois de meses de tensão.

Enquanto o mundo clamava por acesso a Tigray para investigar as suspeitas de atrocidades de todos os lados e entregar ajuda humanitária a milhões de pessoas famintas, o primeiro-ministro negou o que chamou de "interferência externa". Ele se declarou vitorioso no fim de novembro e disse que nenhum civil foi morto. Seu governo nega a presença de soldados da Eritreia - inimigos de longas datas dos líderes regionais - em Tigray.

A narrativa do governo, no entanto, cai por terra com o surgimento de testemunhas como o diácono. O oficial que supervisionou o estado de emergência em Tigray, Redwan Hussein, não respondeu às perguntas.

Axum, com suas ruínas e igrejas antigas, tem grande significado para os fiéis ortodoxos etíopes, que acreditam que a Arca da Aliança, construída para conter as tábuas dos Dez Mandamentos, está localizada lá. "Se você ataca Axum, ataca antes de tudo a identidade dos ortodoxos da região, mas também de todos os cristãos ortodoxos etíopes", disse Wolbert Smidt, um etnohistoriador especializado na região. "A própria Axum é considerada uma igreja na tradição local, 'Axum Sião'".

Em um ano normal, milhares de pessoas se reúnem na Igreja Zion no fim de novembro para celebrar o dia que os etíopes acreditam que a Arca da Aliança foi trazida para o local depois de desaparecer de Jerusalém nos tempos antigos. Em vez disso, a igreja virou um refúgio para pessoas que fugiram de outras regiões de Tigray. Eles se abrigaram lá enquanto os cultos de adoração estavam ocorrendo dois dias antes do aniversário.

Soldados da Eritreia e da Etiópia haviam chegado a Axum mais de uma semana antes, com pesados bombardeios. Mas em 28 de novembro, os soldados eritreus voltaram com força para caçar membros da milícia local que se mobilizaram contra eles em Axum e nas comunidades próximas.

O diácono relembra que soldados invadindo a igreja, acuando e arrastando os fiéis para fora e atirando em quem fugia. "Eu escapei por acaso com um padre", disse ele. "Quando entramos na rua, ouvimos tiros por toda parte." Eles continuaram correndo, tropeçando nos mortos e feridos junto com outros que tentavam encontrar lugares para se esconder.

A maioria das centenas de vítimas foi morta naquele dia, disse ele, mas os tiroteios e os saques continuaram no dia seguinte. "Eles começaram a matar pessoas que iam da igreja para a casa ou de uma casa para outra, simplesmente porque estavam na rua", disse outra testemunha, o professor Getu Mak. "Foi um ato horrível de se ver." Ele assistiu à luta de seu quarto de hotel, e se aventurou a sair enquanto a luta diminuía. "Em cada esquina, quase, havia um corpo", disse. "As pessoas choravam em todas as casas."

Outra testemunha, que falou sob condição de anonimato por medo de retaliação, disse que os soldados mataram um homem em sua casa perto da Igreja de Sião. "Como posso dizer? Tantos mortos", disse o homem, que desde então fugiu para a capital de Tigray, Mekele. Após as mortes em Axum, veio um período difícil com soldados vagando pelas ruas e famílias em busca de entes queridos.

À noite, hienas desceram das colinas próximas. A cidade começou a cheirar a morte, pois alguns corpos permaneceram intocados por dias. "Eu vi uma carroça carregando cerca de 20 corpos para a igreja, mas os soldados eritreus os pararam e disseram às pessoas para jogá-los de volta na rua", disse Getu, o professor universitário. Finalmente, quando os soldados deixaram a cidade para perseguir outros combatentes, os moradores se mobilizaram para enterrar os corpos, disse o diácono. "Não podíamos fazer um enterro formal", afirmou. "Nós os enterramos em massa" em túmulos próximos à Igreja de Sião e outras.

Alguns dos mortos estavam entre as centenas de milhares de pessoas em Tigray deslocadas pelo conflito e desconhecidas dos residentes de Axum. Suas carteiras de identidade foram recolhidas em igrejas, onde aguardam a identificação de seus entes. O diácono disse que os moradores acreditam que os soldados eritreus estão se vingando da guerra de fronteira de duas décadas entre a Etiópia e a Eritreia, que aconteceu nas proximidades e terminou depois que Abiy se tornou primeiro-ministro.

Alguns dos soldados disseram aos moradores que foram instruídos a matar pessoas de até 12 anos, disse ele. Outra testemunha, um homem de 39 anos que deu apenas seu primeiro nome, Mhretab, e fugiu semanas atrás para os Estados Unidos, afirmou que a polícia federal etíope nada fez para controlar os soldados eritreus. "Eu disse a eles: 'Escute, você é etíope, eles estão destruindo cidades etíopes. Como isso é possível?'", Lembrou Mhretab. "Eles disseram: 'O que podemos fazer? Isso não deveria ter acontecido desde o início. Isso é de cima'", indicando que foi decidido por altos funcionários, disse ele. Ele contou que transportou corpos para uma vala comum na Igreja de Sião e estimou ter visto de 300 a 400 ali.

O diácono acredita que os soldados eritreus, em sua caça aos combatentes Tigray, mataram milhares de pessoas em aldeias fora de Axum. "Quando eles lutam e perdem, eles se vingam dos fazendeiros e matam todos que encontram", disse ele. "Isso é o que vimos nos últimos três meses". Getu repetiu essa crença, citando seu tio, que sobreviveu a tal confronto rural.

O diácono não foi para as aldeias fora de Axum. Seu trabalho continua com sua igreja, onde os cultos seguem, mesmo com o conflito de Tigray mais violento do que nunca. "Também estamos protegendo a igreja", disse. "Mesmo agora, estou falando com você daqui. Não estamos armados. O que fazemos é principalmente assistir. E, claro, orar para que Deus nos proteja."

Escavações que tiveram início esta semana na cidade americana de Tulsa encontraram restos humanos que poderiam pertencer a vítimas de um dos piores massacres raciais da história do país, anunciaram responsáveis pelas buscas.

Realizado em 1921 por moradores brancos, o massacre deixou cerca de 300 mortos em um bairro negro daquela cidade de Oklahoma. Os restos foram descobertos no cemitério municipal de Oaklawn, em Tulsa, perto de um túmulo anônimo de um metro de profundidade. Eles ainda precisam ser analisados, informou Kary Stackelbeck, arqueóloga do estado, em entrevista coletiva.

Outros restos, que poderiam pertencer a uma segunda vítima, foram exumados em outro ponto do cemitério. "O fato de termos encontrado restos humanos que são potencialmente recuperáveis é, sem dúvida, algo positivo. Conhecemos muito melhor a topografia e a profundidade em que podemos esperar encontrar esses restos no futuro", explicou Kary.

A prefeitura de Tulsa decidiu em 2018 tentar localizar as vítimas do massacre, em um esforço de memória. As primeiras escavações ocorreram em julho, em outra área do cemitério, quando se buscavam valas comuns, sem sucesso.

O número preciso de vítimas do massacre permanece desconhecido. Vários corpos foram jogados no rio, queimados ou enterrados em valas anônimas.

Segundo o relatório oficial de uma comissão de investigação lançada em 2001, autoridades locais armaram alguns dos moradores brancos, nomeando-os "adjuntos" da polícia para a ocasião. Ninguém foi condenado pela violência.

Policiais de Mato Grosso estão sendo investigados pelo assassinato, em 11 de agosto, de quatro indígenas da Bolívia, do povo Chiquitano, que caçavam na fronteira entre o Brasil e país andino. 

Familiares dos indígenas organizaram um protesto na cidade boliviana de San Matías pedindo esclarecimentos sobre o caso e a prisão dos policiais, que integram o Grupo Especial de Fronteira (Gefron).

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À época do crime, os agentes disseram que os indígenas estavam armados e tinham atirado contra eles após serem orientados a parar. Nenhuma droga foi apreendida com os indígenas, mas armas foram encontradas com o grupo. Os indígenas foram levados ainda vivos para um hospital em Cáceres, no Mato Grosso, mas não resistiram aos ferimentos. 

A imprensa boliviana publicou fotos de animais que teriam sido caçados pelo grupo. Familiares dos indígenas afirmam que o grupo foi cercado quando retornava de uma caçada, carregando carnes já secas de porcos do mato nas mochilas. Os indígenas teriam então se assustado com a presença dos agentes. 

Comitiva foi até a Bolívia investigar morte

O crime está sendo investigado por autoridades dos dois países. Famílias das vítimas denunciaram que os corpos dos indígenas tinham sinais de tortura. Os exames nos corpos ainda não foram concluídos. 

Na quarta-feira (2), uma comitiva de autoridades brasileiras e representantes de associações indígenas, incluindo agentes da Ouvidoria Geral da Polícia, saiu de Mato Grosso até San Matías para apurar as circunstâncias da morte dos indígenas. 

Os indígenas da etnia Chiquitano ocupam território entre os dois países, nos municípios de Cáceres e San Matías, do lado boliviano.

Da Sputnik Brasil

Charlie ainda é Charlie? Mais de cinco anos após o atentado que dizimou sua redação, o semanário satírico francês continua a se apresentar como um baluarte da liberdade de expressão e mantém intacto seu tom provocativo, embora seus objetos de ironia estejam mudando.

"Antes mandávamos ao inferno Deus, o exército, a Igreja, o Estado. Atualmente, tivemos que aprender a mandar para o inferno associações tirânicas, minorias egomaníacas, blogueiros e blogueiras que nos repreendem como se fôssemos educadores", escreveu em janeiro Riss, o diretor de redação, por ocasião do quinto aniversário do massacre.

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Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos jihadistas Said e Chérif Kouachi invadiram a sede do Charlie Hebdo em Paris e mataram 12 de seus colaboradores, incluindo os renomados cartunistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski.

Os autores dos ataques pensaram "vingar" Maomé dessa forma, depois que o semanário publicou várias charges zombando do profeta, da mesma forma que costuma debochar de outras religiões, o que é permitido na França, onde o crime de blasfêmia não existe.

A linha anticlerical foi a marca registrada da casa desde a sua fundação, em 1970, embora ao longo do tempo seus cartunistas zombassem de tudo e de todos, a ponto de enfrentar denúncias de difamação por parte da Igreja, empresários, ministros e celebridades que obrigaram seu fechamento por 11 anos, entre 1981 e 1992.

Mas sua irreverência não diminuiu e as sátiras ao Islã a tornaram alvo de ameaças por anos.

"Virar a página"

No atentado de 2015, o Charlie Hebdo perdeu vários de seus melhores profissionais e alguns dos que sobreviveram partiram pouco depois, traumatizados. Foi o caso de Luz, pilar da escrita e autor do desenho de Maomé proclamando "Tudo está perdoado", capa do primeiro número pós-ataque, o qual vendeu quase 8 milhões de cópias.

"Cada vez que fechamos um número é uma tortura porque os outros não estão mais lá. Passar noites sem dormir, invocando os desaparecidos, imaginando o que Charb, Cabu, Honoré, Tignous teriam feito é cansativo", confidenciou Luz ao jornal Libération.

Desde então, o cartunista tem se dedicado aos quadrinhos e entre suas publicações se destaca "Catarse", onde conta como se recuperou do ataque, do qual escapou por pouco. Patrick Pelloux também saiu devido à necessidade de "virar a página".

O jornalista Philippe Lançon ficou e no livro "Le Lambeau" narra como viveu o atentado e o doloroso processo de reconstrução facial que sofreu depois de ser gravemente ferido, ganhou vários dos mais prestigiosos prêmios literários da França.

Cruzada contra "novos censores"

À frente da redação está Riss (Laurent Sourisseau), cartunista do semanário há quase 30 anos.

Sucedeu Charb após sua morte no atentado - ele foi ferido no ombro - e realizou a reforma da redação com a chegada de novos jornalistas.

"Hoje em dia, o politicamente correto impõe uma grafia de acordo com o gênero, nos aconselha a não usar palavras supostamente incômodas", Riss ataca, atacando os "novos censores" que "se acreditam os reis do mundo por trás de seu teclado telefônico" .

"As chamas do inferno de outrora deram lugar aos tuítes reveladores de agora", acrescenta.

Aumento nas vendas

Quanto às vendas, o ataque reverteu um período financeiramente difícil. Dos cerca de 20.000 exemplares semanais vendidos nas bancas e 10.000 assinantes, o Charlie Hebdo, que vive sem publicidade ou subsídios, se beneficiou de uma onda de solidariedade que o levou a adicionar 240.000 assinantes em fevereiro de 2015.

Posteriormente, os números se estabilizaram e atualmente cerca de 25 mil cópias são vendidas a cada semana, além de cerca de 30 mil assinaturas. O seu volume de negócios passou de 5 milhões de euros (5,9 milhões de dólares no câmbio atual) em 2014 para mais de 8 milhões no ano passado (9,4 milhões de dólares).

Depois do atentado, o semanário tornou-se a primeira mídia francesa a adotar o estatuto de empresa solidária de imprensa, pela qual se comprometeu a reinvestir 70% dos lucros anuais e com o restante se financiar.

No ano passado, Riss, que detém dois terços do capital do Charlie Hebdo, cedeu algumas partes a três membros da redação, com o objetivo de preparar uma futura mudança geracional à frente da publicação.

O papa Francisco recordou, neste domingo (23), o décimo aniversário do massacre no México de 72 migrantes, em sua maioria latino-americanos que tentavam chegar nos Estados Unidos, e expressou sua solidariedade aos familiares que ainda exigem justiça.

Após a tradicional oração do Angelus, o pontífice prestou homenagem a essas "pessoas de diferentes países que buscavam uma vida melhor", massacradas entre 22 e 23 de agosto de 2010 no município de São Fernando (estado Tamaulipas, nordeste).

"Expresso minha solidariedade às famílias das vítimas que ainda hoje pedem justiça e verdade sobre o ocorrido", disse.

"O Senhor nos pedirá contas de todos os migrantes deixados nos viagens da esperança. Foram vítimas da cultura do descarte", acrescentou o papa Francisco, grande defensor dos direitos dos migrantes no mundo.

Segundo a versão oficial, o crime ocorreu a menos de 150 km da fronteira com Estados Unidos, destino final dos 58 homens e 14 mulheres originários de Guatemala, Honduras, El Salvador, Equador, Brasil e Índia.

Um ano após o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, completado hoje (13), que resultou na morte de dez pessoas, o governo do estado busca acelerar projetos que aumentem a segurança dentro das escolas. 

Na capital paulista, por exemplo, na Escola Estadual Caetano de Campos, região central da cidade, um policial da reserva permanece dentro do colégio no período das aulas, como parte de um projeto-piloto do governo que está em desenvolvimento.

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A Secretaria Estadual de Educação criou também um gabinete integrado de segurança escolar, em que há a participação da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública. De acordo com a pasta, um relatório com os resultados da ação deverá ser publicado nos próximos meses. 

O governo do estado promete ainda novas câmeras de segurança nas escolas, assim como redes de wi-fi para possibilitar o acesso remoto às imagens. Novos protocolos de funcionamento dos portões dos colégios também estão sendo implementados, assim como orientações para elaboração dos regimentos internos, que é feito por cada escola.  

De acordo com a secretaria, o governo dispõe de R$ 1,1 bilhão para realizar obras em mais de 1,3 mil escolas. Além das mudanças estruturais, o governo fez alteração na parte pedagógica e está implementando nova disciplina, chamada Projeto de Vida, que, entre outras atribuições, leva para a sala de aula a questão do bullying. 

“A disciplina é sobre o desenvolvimento do projeto de vida do aluno. Tem que haver um espaço dentro da escola para que a gente cada vez mais escute, entenda quais são os sonhos, os desejos dos nossos estudantes, para que a própria escola se organize em torno deles e dê apoio. Neste ano, a disciplina já começou para todas as escolas, desde o 6° ano até o ensino médio”, destacou o secretário de Educação do estado, Rossieli Soares.

O governo estadual está também criando equipes multidisciplinares para trabalhar com as diretorias de ensino. Segundo a pasta, uma resolução, que deverá ser publicada em breve, vai incorporar psicólogos e assistentes sociais para desenvolver trabalhos na rede de ensino, especialmente nos grandes centros paulistas. A pasta informou que chamou, ainda em 2019, 1,5 mil novos funcionários concursados - agentes de organização escolar - e mais 2 mil temporários.

Suzano

De acordo com a Secretaria de Educação, 90% das reformas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, onde ocorreu o massacre, estão concluídas. O término, inicialmente previsto para março, deverá ocorrer no mês de abril. O projeto, que custará mais de R$ 3,1 milhões, está sendo financiado com a ajuda de parceiros privados. 

“O projeto foi pensado para ampliar os espaços de convivência, para que haja uma releitura da própria escola, que é antiga e já precisava receber intervenções. Além disso, a mudança olhou para aspectos de segurança”, disse o secretário Rossieli Soares. Está sendo construída, por exemplo, uma entrada exclusiva para alunos à escola, e outra para a comunidade e ex-alunos, que não dará acesso aos estudantes. 

A revitalização da unidade inclui a construção de novas áreas comuns, de estudo, de convivência e administrativas. Prevê ainda a demolição e reconstrução de novas salas de aula, do Centro de Ensino de Línguas (CEL), banheiros e cantinas, além da reforma das salas de leitura e informática.

Também está sendo criada uma área de 1,5 mil metros quadrados para uso comum, que contará com paisagismo, além de um espaço destinado à prática de esportes, aulas ao ar livre e bicicletário.

De acordo com a pasta, o muralista Eduardo Kobra e sua equipe vão pintar painéis internos e os muros externos da escola. Os desenhos serão criados a partir de um concurso que vai reunir os alunos das 60 escolas da região de Suzano e selecionar os melhores trabalhos. 

Em 13 de março de 2019, dois ex-alunos entraram armados na escola pela porta da frente, assassinaram seis colegas, dois funcionários e se suicidaram.

O massacre cometido por um soldado no noroeste da Tailândia fez vinte e nove mortos, anunciaram neste domingo (9) as autoridades, que alegaram razões "pessoais" para o crime "sem precedentes" no país.

Depois de uma noite inteira pontuada por tiroteios e imagens de uma multidão fugindo do shopping, palco de uma verdadeira carnificina, as tropas de elite abateram o agressor no início da manhã, encerrando uma ação sangrenta de 17 horas.

Neste domingo, centenas de pessoas se reuniram perto do shopping, acenderam velas e rezaram em memória das vítimas, enquanto monges recitavam suas orações.

Vinte e nove pessoas, incluindo civis - o mais jovem de 13 anos - e membros das forças de ordem, foram mortas pelo soldado, segundo o governador da província.

"Isso é inédito na Tailândia e quero que seja a última vez", disse o primeiro-ministro da Tailândia, Prayut Chan-O-Cha, no hospital Nakhon Ratchasima, onde as vítimas, incluindo duas gravemente feridas no cérebro, estavam internadas.

Prayut, ex-chefe do Exército, evocou um "problema pessoal" relacionado à venda de uma casa para explicar a ação do militar.

O assassino, Jakrapanth Thomma, um jovem subtenente, usou uma metralhadora M60, um fuzil de assalto e munição que roubou de sua base militar, uma das maiores da Tailândia.

Segundo o primeiro-ministro, a segurança no arsenal da base foi reforçada.

"Não foi negligência. Não deixamos o depósito do arsenal sem vigilância - havia pessoas vigiando", disse ele.

A maioria das vítimas foi morta dentro e ao redor do shopping.

Durante a noite, foram ouvidas trocas de tiros e as pessoas foram evacuadas do prédio em pequenos grupos.

Durante o ataque, um policial foi morto.

- Chocados -

Vários sobreviventes relataram como um dia normal de compras no sábado em um shopping movimentado se transformou em terror.

"Era como se fosse um pesadelo. Estou feliz por estar vivo", disse à AFP Sottiyanee Unchalee, de 48 anos, que havia se escondido no banheiro quando ouviu os tiros.

Um professor filipino, Aldrin Baliquing, contou à AFP que se protegeu nos fundos de uma loja junto com funcionários no início do tiroteio.

"Ficamos lá por seis longas horas. Ainda estou em choque", disse ele.

Dezenas de pessoas tentavam fugir quando a polícia e soldados mascarados armados com rifles de assalto assumiram o controle do térreo após um tiroteio e evacuaram o prédio em pequenos grupos.

Poucas horas depois, o soldado entrincheirado foi abatido, e os atiradores de elite foram vistos saindo do shopping, sorrindo.

Apesar dos primeiros elementos fornecidos pelo primeiro-ministro, as motivações exatas do agressor permanecem incertas, enquanto Korat, uma cidade pacífica de tamanho médio, tomava ciência da escala das atrocidades.

O massacre começou no final da tarde de sábado em Nakhon Ratchasima, em uma base militar, onde três pessoas morreram, primeiro na casa de um oficial e depois no quartel onde o soldado roubou armas e um veículo militar para chegar ao centro da cidade.

Lá, o assassino entrou no shopping e abriu fogo aleatoriamente, causando uma carnificina.

Ele postou vídeos e fotos, além de várias mensagens em sua página no Facebook, como "Devo me render?", ou até mesmo: "Ninguém pode escapar da morte".

Em um vídeo, que já foi excluído, Jakrapanth Thomma, usando um capacete do exército, filmava em seu jipe dizendo: "Estou cansado (...) não posso mais pressionar o dedo", imitando a forma de um gatilho com a mão.

Fotos de um homem usando uma máscara de esqui e brandindo uma pistola também foram publicadas.

Uma porta-voz do Facebook disse à AFP que a rede social "fechou a conta do atirador e trabalha dia e noite para remover qualquer conteúdo ilegal relacionado ao ataque".

O reino é um dos países do mundo com o maior número de armas em circulação. Vários tiroteios no final do ano passado despertaram preocupação no país do sudeste asiático.

Pelo menos seis índios nicaraguenses morreram e desapareceram após um ataque armado de colonos contra uma comunidade no norte da Nicarágua, denunciou nesta quinta-feira (30) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O ataque ocorreu na noite de quarta-feira (29) na Reserva da Biosfera de Bosawás, uma zona de proteção ambiental. Os colonos também queimaram as habitações indígenas. (Com agências internacionais).

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A França recordou nesta terça-feira as vítimas do massacre de Charlie Hebdo, ocorrido há exatos cinco anos, e que marcou o início de uma onda de ataques jihadistas no país.

Cem pessoas reuniram-se em frente às antigas instalações do semanário satírico, no centro de Paris, onde, por volta do mesmo horário, em 7 de janeiro de 2015, dois jihadistas, os irmãos Sherif e Said Kouachi, invadiram a redação da revista e mataram 12 pessoas em seu interior, entre funcionários e artistas.

O semanário satírico tornou-se alvo de islamitas depois de publicar vários desenhos ironizando o profetá Maomé, em 2012, 2011 e 2006. Os irmãos afirmaram ter agido para se vingar da publicação no jornal de charges de Maomé, consideradas ofensivas para os muçulmanos.

"Vingamos o Profeta Maomé. Matamos a Charlie Hebdo!", gritaram enquanto fugiam do local do ataque. As cerimônias de homenagem, que incluem leituras comemorativas, placas, coroas de flores e minutos de silêncio, foram muito sóbrias, a pedido das famílias das vítimas.

Esses atos envolvem vários membros do governo, incluindo o Ministro do Interior, o Ministro da Justiça e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Outras homenagens estão agendadas para quinta-feira em frente a um supermercado kosher, onde, dois dias depois, um cúmplice dos irmãos Kouachi, Amedy Coulibalu, matou quatro pessoas, todas judias, depois de torná-las reféns.

No dia anterior, ele já havia assassinado uma polícia municipal na cidade de Montrouge, ao sul de Paris, que também será homenageada na quarta-feira. Esta série de atentados terminou com o ataque mais sangrento de todos.

Na noite de 13 de novembro, uma sexta-feira, três comandos terroristas coordenaram ataques em um estádio de futebol, em bares e restaurantes em Paris e no salão de espetáculos de Bataclan, o que deixou ao todo 130 mortos.

Desde então, os ataques continuam e a ameaça terrorista permanecem alta, segundo a inteligência francesa. Cinco anos depois, um novo capítulo será aberto na França, o do processo judicial.

De maio a julho deste ano, 14 suspeitos acusados de fornecer apoio logístico aos irmãos Kouachi e Coulibaly serão julgados em Paris perante um tribunal criminal especial.

Os motivos do massacre realizado na Charlie Hebdo, apesar de terem desencadeado uma de solidariedade e de apoio à liberdade de expressão, fez com que as charges, um meio político de opinião, se tornassem um gênero ameaçado, em meio aos jornais cada vez mais temerosos de publicá-las e a redes sociais prontas para expressar indignação em relação a elas.

Além disso, o ataque contra o Charlie Hebdo provocou ondas de choque por toda a França, revelando divisões num país que se orgulha do seu multiculturalismo e gerando um intenso debate sobre a integração da comunidade muçulmana e a liberdade de imprensa.

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