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Com a apuração das eleições para Presidente ainda em andamento, nordestinos viraram alvo de ataques pelo resultado favorável a Lula (PT) no primeiro turno. Nesse domingo (2), o apoio massivo dos eleitores da região ao petista garantiu a vantagem para a próxima votação, programada para o dia 30. 

Vitorioso em todos os estados do Nordeste, Lula disparou com 12,9 milhões de votos a frente de Jair Bolsonaro (PL) na região. Como em 2018, parte dos eleitores bolsonaristas destilaram ódio e xenofobia contra nordestinos nas redes sociais. 

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A região chegou a ser chamada de "Cuba do Sul" e "Venezuela 3.0" enquanto os internautas condenaram os nordestinos à fome e ao corte de investimentos federais. Também foi estimulado o movimento de separação dos estados do Nordeste do resto do país. "Tudo q eu queria era um movimento separatista do nordeste msm, q gente não precisa desses asquerosos n", escreveu um internauta. 

Apoiador de Bolsonaro na Jovem Pan, Rodrigo Constantino endossou o embate interno: "O país está dividido. Está dividido moralmente, entre os que defendem o ladrão e os que defendem o combate à corrupção. Está dividido geograficamente, entre o sul que produz mais para o PIB e o nordeste que recebe mais transferências estatais”. 

No Twitter, a página @nordeste131 reuniu alguns ataques preconceituosos. 

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Uma paranaense, identificada como Camila Berta, foi autuada em flagrante por injúria racial após ofender funcionárias e clientes de um restaurante no Rio de Janeiro. Moradora de Foz do Iguaçu, a mulher, de 32 anos, também proferiu ataques lesbofóbicos e xenofóbicos contra os presentes.

Funcionária do restaurante Mãe Joana, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, Lizandra Souza contou ao O Globo que o caso ocorreu no domingo (18), por volta das 23h30. A autora das ofensas já parecia estar alterada quando chegou ao restaurante e interrompeu a pausa para a janta dela e de uma colega de trabalho com insultos.

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"Nós estávamos em um balcão que divide o espaço com a cozinha. Ela se aproximou, disse que estava com fome e que era um absurdo estarmos comendo na frente dela", teria dito Camila, que ainda apontou: "tinha que ser sapatão".

A funcionária relatou que chegou a oferecer a própria comida, mas Carla teria cheirado e recusado: "não sei se gosto disso". Nesse momento, outra funcionária chegou e disse que não iria comer, pois a cliente tinha colocado a mão na comida. "Foi aí que ela disse 'a macaquinha me deu'. Nunca tinha sofrido algo assim. Me senti muito mal, não acreditava que aquilo estava acontecendo. Eu espero que ela pague", afirmou Lizandra.

Em seguida, Camila passou a atacar outras pessoas e começou a derrubar placas fixadas nas paredes do estabelecimento. Funcionários e clientes se juntaram em um coro de "racista". "Minha mãe é preta seu filha da p*. Vem na porrada, sua filha da p*", disparou contra uma das funcionárias. "Vocês do Rio de Janeiro são uns merdas", xingou a cliente enquanto um amigo tentava contê-la.

A Polícia foi acionada e a encaminhou à delegacia de Copacabana, onde foi lavrado um auto de prisão em flagrante. Camila pagou fiança de R$ 2 mil e vai responder ao crime em liberdade.

O bar emitiu nota cobrando uma atitude da Justiça. "Esperamos que atitudes racistas e homofóbicas sejam sempre punidas com a devida seriedade, conforme dispõe a lei", diz parte do comunicado.

Antes do confronto com o Real Madrid, parte da torcida do Atlético de Madrid entoou uma canção racista contra o brasileiro Vinicius Junior, no entorno do estádio Cívitas Metropolitano. A forma como o atacante comemora seus gols é criticada pela imprensa espanhola, que foi chamada de racista e xenofóbica pelo jogador. 

"É um macaco, Vinicius é um macaco", reproduz o coro de torcedores do Atlético. O episódio ocorre após Vini Jr. ser alvo de racismo no programa de televisão Chiringuito Show, no qual o apresentador Pedro Bravo criticou as dancinhas feitas pelo atacante e disse que ele tinha que parar de "fazer o macaco". 

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Após a repercussão, o jogador publicou um vídeo nas redes sociais para cobrar respeito e foi apoiado por outros atletas, jornalistas e apoiadores da causa antirracista. Bravo também fez uma postagem e disse que sua expressão foi mal interpretada.  

O operador de logística Carlos Augusto Luchetti Júnior, de 45 anos, morador da Grande Florianópolis, usou seu perfil no LinkedIn para compartilhar uma situação desagradável que passou. Ao realizar a candidatura para uma vaga de emprego, Carlos recebeu uma resposta por e-mail no qual uma especialista em recursos humanos fala para ele cancelar o envio do seu currículo. Segundo a mensagem, ele “passou da idade" para se candidatar à vaga.

Na postagem que causou revolta entre os seguidores, Carlos relata que enviou o currículo na terça-feira (30) para a empresa que fica localizada em São José. Segundo ele, na descrição da vaga não havia limite de idade. O profissional desabafa que durante a tarde recebeu a mensagem da “pior forma possível.”

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Além de ofender o operador de logística, os usuários da rede social também se sentiram indignados com a resposta da recrutadora e deixaram seus comentários sobre o caso. “Que conduta lamentável”, escreveu uma usuária. “Eu sinto muito... infelizmente o RH do Recursos Humanos está sendo substituído pelo RH do Recanto da Humilhação”, escreveu outra.

"As pessoas aqui não tentam entender. Se você é gay: é banido, batem em você, entregam você à polícia. Então eu faço o possível para ficar no meu canto, tenho medo de encontrar com alguém que me conhece e me odeia", diz Abdú, um jovem homossexual senegalês.

Com apenas 20 anos, Abdú* recebeu ameaças de morte e foi rejeitado por sua família. Seu testemunho é o da exclusão social e da vida quase impossível para os homossexuais no Senegal.

"A situação está ficando cada vez pior", diz ele. "A raiva que as pessoas têm... não é algo que existia antes", afirma.

As tensões em torno desta questão tabu no Senegal estão crescendo, marcadas por um aumento da discriminação, segundo organizações dos direitos humanos.

Neste país, onde 95% da população é muçulmana, a homossexualidade é considerada um "desvio". A lei pune os chamados "atos antinaturais com pessoa do mesmo sexo" com pena de um a cinco anos de prisão.

"A situação da comunidade LGTBQIA+ é muito complicada, principalmente no último ano e meio", no qual houve "uma campanha em massa" contra a homossexualidade "promovida por associações religiosas e conservadoras que supostamente querem restaurar os valores senegaleses", disse à AFP Usman Aly Diallo, pesquisador da Anistia Internacional para o escritório da África do Oeste e Central.

Em maio de 2021 e em fevereiro deste ano, milhares de pessoas se manifestaram em Dacar para exigir um aumento da repressão à homossexualidade, uma questão que também é instrumentalizada politicamente.

"Tensão lamentável"

Apoiados pela ONG islâmica Jamra, 11 deputados apresentaram em dezembro de 2021 um projeto de lei que pune a homossexualidade com penas de prisão de cinco a dez anos.

O projeto foi rejeitado pelo Parlamento porque a sanção atual foi considerada suficiente.

Para o porta-voz da ONG Mama, Mactar Gueye, a comunidade LGBTQIA+ "cria um problema" porque "começou a ocupar o espaço público" e a "provocar".

Segundo Gueye, o país vive uma "tensão lamentável" e uma lei permitiria proteger "a sociedade" e também os homossexuais "da justiça popular".

A Anistia Internacional adverte em seu último relatório que várias pessoas foram assediadas, detidas e julgadas por sua orientação sexual em diferentes países africanos.

No entanto, em vários desses países existem comunidades LGTBQIA+ que levantam a voz, algo impensável no Senegal.

Devido à falta de dados oficiais e à diversidade de contextos, os especialistas apontam que é difícil saber o nível de perseguição no Senegal em comparação com o resto da África.

*Nomes alterados por motivos de segurança.

O árbitro de futebol Igor Benevenuto, de 41 anos, é o primeiro juiz do quadro Fifa a expor a homossexualidade. A revelação foi feita em entrevista ao podcast 'Nos armários dos vestiários', produzido pelo Globo Esporte.

Com 23 anos de carreira, o mineiro contou que cresceu odiando o futebol e era levado a estádios contra a vontade, mas criou um personagem de si para suportar o ambiente machista e ser aceito pela sociedade.

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"Futebol era coisa de 'homem', e desde cedo eu já sabia que era gay. Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade", comentou.

"Ser árbitro me coloca em uma posição de poder que eu precisava. Escolhi para esconder minha sexualidade? Sim. Mas é mais do que isso. Eu me posicionei como o dono do jogo, o cara de autoridade, e isso remete automaticamente a uma figura de força, repleta de masculinidade", explicou. 

"Deixei de lado paixões reais da minha vida para seguir esse universo macho alfa, para viver disfarçado. Se eu pudesse, teria sido médico, mas não me via com muitas escolhas. Viver abertamente como um homem gay era impensável", acrescentou.

As cores vibrantes dos árbitros de 94

O interesse pela figura do árbitro surgiu na Copa de 94, quando teve os olhos atraídos pelas cores vibrantes dos uniformes dos juízes na estreia do Brasil contra a Rússia.

"Eu queria uma camisa de árbitro de futebol, daquelas chamativas da Copa, mas na época era apenas um adolescente sem emprego de uma família simples e periférica, que não tinha a menor condição de bancar um mimo desse. Eu ficava maluco, queria a camisa, um apito e os cartões oficiais, que vinham em uma caderneta de couro preta. Eu ia todo santo dia a uma loja de esportes na minha cidade para paquerar esse kit pela vitrine. Vendi picolés de fruta e muito papelão para conseguir comprar aquele trio de glória", lembrou.

No dia seguinte, deixou de participar dos times de pelada e passou a apitar as partidas. A partir daí, ressignificou sua relação com o futebol. O primeiro apito veio ainda na infância, em uma caixa de maria-mole, e os cartões foram confeccionados com embalagens de catchup e mostarda. Instrumentos que solidificaram a vontade de atuar como árbitro profissional.

Dentro e fora das quatro linhas

Respeitado como integrante do quadro Fifa e ranqueado entre os 50 profissionais de destaque no Brasil, Benevenuto apontou que a orientação sexual não é surpresa nos bastidores do futebol.

"No meio da arbitragem não é segredo que sou gay. E sou bastante respeitado. O pessoal brinca, chama de 'Sindicato'. 'Oh, esse aí é do Sindicato', 'esse ai sindicalizou'. E por existir esse 'boato' em campo, já sofri com atos homofóbicos. O cara lá fica puto com o resultado de um jogo e desabafa com ofensas contra minha orientação sexual. 'Sua bichinha, seu veadinho. Eu sei por que você não marcou aquele pênalti. Você deve estar dando o rabo para alguém ali'. Jogadores e técnicos jamais me ofenderam. Isso partiu todas as vezes de dirigente e torcida. E toda vez que isso acontece eu relato na súmula. Uma luta, mas não desisto", descreveu.

Ele avalia as dificuldades e os riscos de representar a luta por igualdade em um país com altos índices de crimes contra a população LGBTQIA+, mas não abre mão de atuar pelo fim do preconceito dentro e fora das quatro linhas.

"O difícil é lidar com o medo que tenho de morrer. Vivemos no Brasil, o país que mais mata gays no mundo. Aqui não é apenas preconceito, é morte. É um submundo. Os gays no futebol estão em uma caixa de pandora. Jogadores, árbitros, torcedores… E nós somos muitos! Já não há espaço dentro desse armário apertado. Já não cabe mais. Chega! Sigo não suportando as piadas. A diferença é que agora não mais ficarei sufocado", garantiu.

"Tenho atração por homens e não sou menor por isso. Não estou no campo por isso. Não estou procurando macho, não estou desejando ninguém. Não estou ali para tentar nada. Quero respeito, que entendam que posso estar em qualquer ambiente. Não é porque sou gay que vou querer transar com todo mundo, vou olhar para todos. Longe disso. Eu só quero respeito e o direito de estar onde eu quiser", complementou.

Recife se prepara para viver um São João após um hiato de três anos de saudade do fole, do forró e dos brinquedos que fazem a alegria e a tradição do ciclo junino. Com o tema “São João, nossa bandeira”, a festa terá caráter também solidário com arrecadação de itens para as vítimas das chuvas no Sítio Trindade, que vai se transformar no epicentro da alegria e do reencontro com a cultura junina entre os dias 1 e 15 de julho, além de ofertar diversos serviços à população. 

Saúde

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Durante as festas juninas promovidas pela Prefeitura do Recife entre 1º a 15 de julho, serão ofertados testes rápidos para detecção de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Os exames, que estarão disponíveis no polo montado no Sítio Trindade, em Casa Amarela, detectam possíveis casos de HIV, sífilis e/ou hepatites B e C. 

Qualquer pessoa poderá ter acesso ao serviço e aqueles em que o resultado der positivo, o usuário receberá aconselhamento e será encaminhado para tratamento na rede municipal de saúde. Na atividade, ainda serão distribuídos preservativos, sachês de gel lubrificante e materiais educativos sobre IST.

O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) estará a postos, com equipe de plantão, para realizar o monitoramento e investigação de casos de doenças de interesse à saúde pública, tentando conter, com agilidade, a transmissão de doenças e a ocorrência de surtos. Durante o período das festas, também serão realizadas orientações sanitárias nos comércios de alimentos e acolhidas as denúncias da população.

Além disso, no Sítio Trindade será montado um posto de saúde com médico, enfermeiro e técnico de enfermagem prontos para atender à população. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Metropolitano do Recife também vai estar com uma ambulância de prontidão no local durante os dias de festa.

A Gerência de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas executará a estratégia da Política de Redução de Danos no Consumo de Álcool, Fumo e Outras Drogas, com intervenções educativas e distribuição de insumos para quem for curtir a festa. Agentes redutores de danos vão fazer abordagens, entrega de preservativos masculinos, camisinhas femininas e gel lubrificante, além de troca de garrafas de vidro por plásticas. Além disso, arte-educadores apresentarão esquetes teatrais sobre a política de redução de danos no consumo de álcool, fumo, crack e outras drogas.

Crianças

Para tornar a celebração ainda mais divertida e segura, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas, por meio da Gerência da Criança e do Adolescente, vai sensibilizar as famílias e identificar as crianças com o empulseiramento durante os festejos juninos que serão realizados no Sítio da Trindade. A ação será realizada nos dias 1, 2, 3, 8, 9, 10 e 15, quando as crianças que chegarem ao Sítio da Trindade receberão uma pulseira com nome completo e contato dos responsáveis. O Empulseiramento será realizado das 16h às 20h.

Recife Sem Preconceito e Discriminação 

Durante a comemoração dos festejos juninos, nas sextas, sábados e domingos, a Secretaria Executiva de Direitos Humanos da Prefeitura do Recife, por meio da Gerência da Livre Orientação Sexual, vai reforçar os serviços oferecidos à população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, com Campanha Recife Sem Preconceito e Discriminação.O objetivo é  chamar  a atenção da sociedade para o respeito às diferenças e a construção de uma sociedade mais justa e solidária. 

Para fomentar o debate e promover essa reflexão à Prefeitura do Recife vai divulgar as leis municipais 16.780/2002 e 17.025/2004 por meio de cartazes, adesivos de banheiros, cartilhas e folder com informações do Centro Municipal de Referência em Cidadania LGBTI+ e da plataforma virtual para recebimento de denúncias de violência contra a população LGBTI+ do Recife.O trabalho de divulgação será realizado das 18h às 22h.

Durante os festejos também serão divulgados os serviços oferecidos pelo Centro de Referência em Cidadania LGBTI, localizado na  Rua dos Médicis, 86, Boa Vista, cujo atendimento é realizado de segunda a sexta, das 8h às 17h.O Centro  funciona desde 2014 e se trata de um espaço de promoção da cidadania e garantia de direitos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, habilitado a fornecer orientações sobre direitos humanos e prestar atendimento especializado a vítimas de discriminação e violência homofóbica. O Centro conta com uma equipe interdisciplinar, formada por agente de direitos humanos, psicólogo, advogado e assistente social.

Plataforma Virtual LGBTI+  - A Plataforma virtual para recebimento de denúncias de violência contra a população LGBTI+ do Recife pode ser acessada aqui.

Reivindicação histórica do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais (LGBTI+), a produção de dados oficiais sobre essa população deu um passo inédito neste ano, com a divulgação da primeira contagem populacional de homossexuais e bissexuais na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Dia do Orgulho LGBTI+, comemorado hoje (28), ativistas e pesquisadores explicam que, apesar desse avanço, a subnotificação mostra o longo caminho de luta contra os temores e estigmas que levam essas pessoas, muitas vezes, a  esconderem sua identidade. 

Divulgada em maio, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) contabilizou 2,9 milhões de homossexuais e bissexuais no Brasil. Na própria apresentação dos dados, o IBGE pediu cautela ao interpretar a informação. “A gente não está afirmando que existem 2,9 milhões de homossexuais ou bissexuais no Brasil. A gente está afirmando que 2,9 milhões de homossexuais e bissexuais se sentiram confortáveis para se autoidentificar ao IBGE como tal”, disse a analista Nayara Gomes, em entrevista coletiva.

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O instituto apontou principalmente o estigma e o preconceito por parte da sociedade como fatores que podem fazer com que as pessoas não se sintam seguras em declarar a própria orientação sexual. O IBGE também ponderou que a falta de familiaridade da população com os termos usados na pesquisa pode ter contribuído para a subnotificação.

Professor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e representante do Conselho Regional de Psicologia no Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT, Pedro Paulo Bicalho considera que qualquer dado produzido sobre a população LGBTI+ sempre estará sujeito à subnotificação, enquanto o contexto social incluir violências e estigmas contra a diversidade de identidades de gênero e de orientações sexuais.

"Para conseguir fazer uma pesquisa em que não haja subnotificação e em que a gente consiga entender quem são, como são e como vivem todas as pessoas LGBTI+, teríamos que fazer isso em uma sociedade livre de LGBTIfobia, que não é a nossa. Acredito que não será a nossa geração, em que pesem todos os esforços e lutas sociais para que isso possa diminuir",  afirma Bicalho. "O máximo que a gente consegue é uma pesquisa sobre pessoas que se reconhecem LGBTI+".

O pesquisador explica que esse obstáculo deve ser encarado como contexto para interpretar os dados, e não como motivo para que não sejam coletados. "Não quer dizer que não devemos continuar insistindo, só que precisa ser muito bem construído". 

O psicólogo defende que um ponto importante é estabelecer relação de confiança da pesquisa com a população LGBTI+, para que ela acredite na finalidade do estudo e no aproveitamento dos dados para produzir uma vida melhor.

"Mesmo entre as pessoas que se reconhecem LGBTI+, passa por uma relação de confiança falar sobre isso, então, um tipo de pesquisa como essa precisa ser muito bem preparada. Esse Estado que chega à casa das pessoas e pergunta quem elas são precisa fazer isso de forma que essa pessoa confie e entenda para que está dando a informação. Passa também, acrescenta o pesquisador, por uma relação de confiança que não é só entre entrevistador e entrevistado, mas também em relação ao país em que se vive. Se o LGBTI+ não consegue entender que esse país tem vontade política de produzir políticas públicas sobre nós, será muito complicado". 

Visibilidade

A presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, Keila Simpson, também acredita que um trabalho de treinamento das pessoas envolvidas em pesquisas como a PNS e o Censo poderia criar um clima mais acolhedor para que os entrevistados respondam sobre questões como a identidade de gênero e a sexualidade. 

"O próprio IBGE pode procurar consultores e consultorias de pessoas que trabalham com o assunto, têm essa experiência e que vão ajudar a achar o melhor caminho para fazer essas perguntas", avalia. "Um elemento importante é fazer formação, contratar pessoas com traquejo nesse universo e que possam tratar com humanidade os que vão responder à pesquisa".

Apesar dos estigmas e violências, Keila defende que há, mesmo assim, grande número de LGBTI+ disposto a responder pesquisas de órgãos oficiais para ajudar na produção de dados. "Quando a gente vê uma parada LGBTI+, as pessoas que estão ali querem visibilidade. Elas não iriam se ocultar de responder a um Censo do IBGE". 

Enquanto deu o primeiro passo para produzir dados oficiais sobre homossexuais e bissexuais, a PNS ainda deixou de fora a população transexual, já que nenhuma pergunta sobre identidade de gênero foi incluída no estudo. Sem dispor de informações oficiais em temas como trabalho, saúde e segurança pública, a Antra - Associação Nacional de Travestis e Transexuais - é uma das organizações não governamentais que se engajou na produção dos próprios dados e divulga anualmente o Dossiê de Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras. O trabalho é parecido com o realizado pelo Grupo Gay da Bahia, que produz relatórios anuais sobre casos de assassinatos de LGBTI+ noticiados pela imprensa. 

"O que a Antra faz é mexer em uma temática que, se a gente não jogar luz, ela não vai existir", afirma Keila,. Ela conta que a associação não tem recursos para contratar pesquisadores e depende de voluntários e ativistas para que o estudo possa ser lançado todo dia 29 de janeiro, quando é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Censo

A falta de mais dados faz com que as demandas dessa população não sejam contempladas como poderiam, argumenta o diretor de políticas públicas da Aliança Nacional LGBTI+, Cláudio Nascimento, que esteve à frente do programa estadual Rio Sem Homofobia.

"É necessário ter política focalizada para a população LGBTI+? Sabemos que sim, mas não temos dados para confirmar essa informação e garantir, nos próximos anos, um conjunto de políticas públicas que possam mudar essa realidade. É muito grave que hoje exista um apagão de dados oficiais no Brasil que interfira de maneira estratégica na produção de políticas para a comunidade LGBTI+".

Cláudio Nascimento considera que um passo importante nesse sentido teria sido a inclusão de perguntas no próximo Censo que pudessem gerar mais dados, ainda que possivelmente subnotificados.

"A inclusão da população LGBTI+ no Censo vai além de saber quantos somos. É preciso qualificar a análise da inclusão ou não da população LGBTI+ em diversas políticas, como acesso à educação, saúde, nível de emprego, formação profissional, condições de moradia", afirma. "Quando foi incluído o quesito cor/raça, observou-se, no primeiro momento, grande subnotificação, porque não existiam campanhas e havia pouca capacitação das equipes do IBGE. Com o tempo, campanhas e capacitação, houve uma mudança enorme e mais de 50% se declaram pretos e pardos hoje. A mesma coisa é com os LGBTI+. Num primeiro momento, pode ser que ocorra subnotificação, mas é um passo importante".

Após ação civil pública do Ministério Público Federal, a inclusão de perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero no Censo chegou a ser determinada pela Justiça Federal do Acre no início deste mês, mas o Tribunal Regional Federal da 1ª Região derrubou a liminar ao atender a um recurso da Advocacia Geral da União (AGU). O IBGE havia argumentado que não é mais possível incluir as questões a menos de dois meses do início das operações do Censo e que, para cumprir a decisão, teria que adiar novamente a realização da pesquisa, que já foi postergada em 2020 e 2021.

Apesar de acatar o pedido, o desembargador federal José Amilcar Machado afirmou na decisão que se baseou em aspectos gerenciais e temporais, considerando que faltam menos de dois meses para a realização da pesquisa, e que não se questiona a necessidade de buscar tais informações. “O cuidado e o esforço dos governantes devem ser amplos e considerar todo cidadão, buscando o atendimento dos seus direitos e a proteção das suas garantias, o que demanda política pública própria devida a essa minoria, sem discriminação alguma.” 

De fora do Censo, as questões relacionadas a identidade de gênero e orientação sexual estão previstas pelo IBGE entre os tópicos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), no primeiro trimestre de 2023; da Pesquisa Nacional de Demografia em Saúde (PNDS), prevista para o segundo trimestre de 2023; da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que deverá ser realizada em 2024; e da próxima edição da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

Dados contra o preconceito

Para o antropólogo e professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Sérgio Carrara, a discussão do tema e a produção de dados, ainda que subnotificados, são um avanço. Ele lembra que há menos de 20 anos, institutos de pesquisas classificavam como dado inconsistente a presença de dois adultos do mesmo sexo que declarassem cônjuges.  

"O próprio sistema descartava o dado, porque não poderia haver uma relação de tipo conjugal entre pessoas do mesmo sexo. Então, você não só não tinha a informação como, quando ela era fornecida, era eliminada. A gente parte desse momento em que não se tem informação nenhuma, quando se discute a possibilidade de coleta da informação e ela começa a ser feita".

Carrara também considera que a subnotificação está ligada ao preconceito, mas vê a própria realização das pesquisas como forma de combatê-lo.

"Apenas o fato de colocar a questão já contribui para diminuir o estigma e a discriminação. A pessoa que ouve a pergunta, independentemente da resposta, vai perceber que aquilo pode ser perguntado. Então, o fato de a questão estar no Censo contribui para combater o preconceito, que faz com que as respostas sejam subnotificadas em um primeiro momento". Para ele, silenciar a questão é colaborar com o preconceito. "Colocar a questão, mesmo sabendo que vai haver subnotificação inicialmente, é importante para que se chegue a um ponto em que a subnotificação não seja tão significativa". 

Patrícia Leitte usou o seu espaço nas redes sociais para falar sobre um assunto delicado. Aos 36 anos de idade, a ex-BBB revelou em um longo texto que sofreu um derrame ocular.

"O que mais tenho escutado: Patrícia o que foi isso no seu olho? Gente, isso apareceu do nada, como tudo na vida da gente, inesperadamente um belo dia amanhecemos com uma pequena mancha no canto do olho, e essa manchinha vai aumentando, eu fui logo ao oftalmologista e ele fez uma série de exames e me receitou colírio. Iniciei o tratamento, mas a mancha só estava aumentando. O nome disso é sangramento ocular ou derrame ocular", iniciou.

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Patrícia também deu detalhes da explicação do seu médico:

"Segundo o doutor é uma hemorragia subconjuntival mais frequente, onde é evidente uma mancha de sangue vivo na parte branca do olho, podendo esta assumir vários tamanhos e formatos. A hemorragia subconjuntival pode ser causada pela tosse, espirros, esforço físico, trauma ocular, infeção e inflamação ocular, entre outras razões. A mancha de sangue no olho apesar de ter um aspecto que pode ser bastante desagradável, em muitas situações, não provoca habitualmente alterações na visão e de uma forma habitual, não existe dor ocular."

No final, ela lamentou os olhares que recebe de algumas pessoas:

"O único desconforto causado pode ser uma sensação de ardor ou ardência nos olhos. As hemorragias conjuntivais são, geralmente, autolimitadas, inofensivas e evoluem de forma favorável sem riscos e complicações. Confesso pra vocês que o preconceito das pessoas pesa mais que o problema, elas olham com medo, nojo, tem medo de encostar em você, senti na pele essa rejeição", encerrou.

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Em pesquisa realizada pela iO Diversidade e do Instituto Locomotiva mostra como o racismo estrutural está presente no mercado de trabalho. De acordo com o levantamento, sete em cada 10 trabalhadores apontam que conhecem alguém que sofreu discriminação ou passou por situação humilhante no ambiente corporativo.

Nesse contexto, 72% afirmam que os episódios foram motivados pela raça ou cor da pele da vítima. Para os entrevistados, pessoas negras estão entre as que têm menos oportunidades de emprego.

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“O Brasil é o segundo país com a maior população negra do planeta, atrás apenas da Nigéria. E esta população representa mais da metade do total de brasileiros. A ausência dessa proporcionalidade nos mais diversos dados sobre nosso mercado de trabalho é um dos efeitos categóricos do chamado racismo estrutural”, aponta Luiz Gustavo Lo-Buono, diretor da iO Diversidade.

Além disso, os dados recolhidos mostram que 67% dos trabalhadores negros ganham até um salário mínimo. Os não negros, 33%. No que se refere a cargos de liderança, a pesquisa expõe que não negros somam 69% contra 31% profissionais negros.

Outro público, de acordo com as pessoas ouvidas pelo levantamento, que é vítima de ações discriminatórias são os idosos, apontados por 81% dos entrevistados.

A consulta foi realizada entre os dias 23 e 30 de março de 2022 com pessoas a partir dos 18 anos. Ao todo, contou com 2.029 entrevistas por telefone.

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A UNAMA – Universidade da Amazônia promoveu, na última segunda-feira (21), a iniciativa “Diga não à discriminação racial”, em alusão ao Dia Internacional contra a Discriminação Racial. A ação organizada pelo Núcleo de Responsabilidade Social da universidade contou com palestras, oficinas e exposição, abertas ao público, nos turnos manhã e tarde, no campus Alcindo Cacela.

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O evento também teve apoio das graduações em História, Pedagogia, Moda e Direito, com a participação de acadêmicos, pesquisadores, gestores, colaboradores, ONGs e toda a comunidade. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social, Fábia Jaqueline Miranda, o projeto foi idealizado com o objetivo de realizar atividades de sensibilização da comunidade acadêmica e da sociedade em geral sobre a importância de estratégias antirracistas.

A gestora falou sobre a contribuição da iniciativa para o movimento antirracista e explicou que o debate na academia traz muita força, informações e estratégias para combater todas as formas de discriminação. “Nós também discutimos no evento a questão do preconceito, da definição de preconceito, de discriminação, injúria racial, que muitas vezes as pessoas confundem. Tivemos algumas questões práticas que foram colocadas pelos palestrantes”, conta.

Fábia Jaqueline afirma que, a partir da ação, as expectativas são de que haja uma maior conscientização em relação à causa, principalmente dos alunos. “Nós tivemos uma maciça participação dos cursos de graduação de História, Serviço Social, Geografia, Moda e Direito, e a gente espera que eles fiquem mais atentos para essa causa, que muitas vezes é colocada nas redes sociais e na mídia de outra forma, e aqui a gente traz o debate acadêmico, mais fundamentado, do que seja de fato a questão da discriminação e a suas consequências para a sociedade”, afirma.

O estudante de Direito Anderson Santos, 18, entende que a discriminação racial é qualquer tipo de preconceito com pessoas de pele escura. “Pessoas de pele mais retinta sofrem mais preconceito que pessoas negras de pele mais clara. Então, tem toda uma questão histórica, além de que não precisa ser necessariamente física”, argumenta.

O estudante acredita que a discriminação racial não se restringe a ataques físicos, mas também aos olhares, ao modo de falar sobre o cabelo, sobre a pele, sobre locais sociais e como são diferentes. A respeito do que pode ser feito no combate à discriminação racial, Anderson afirma que tudo começa com educação e conscientização. “O que entra em um aspecto muito delicado porque pessoas que estão em situações de minoria às vezes estão muito cansadas para educar. Então é algo que precisa vir além da própria pessoa”, diz.

Samuel Silva, 32, estudante de Arquitetura e Urbanismo acredita que discriminação racial é toda forma de preconceito contra uma raça, uma cor. Samuel relata que já sofreu e também presenciou atos discriminatórios.

O estudante afirma que a discriminação racial está culturalmente enraizada na sociedade e o combate só vai ser realizado quando as pessoas se posicionarem e se colocarem no lugar daqueles que sofrem com isso. “Eu acho que esse combate é diário, ele já está na nossa cultura há muito tempo”, conclui.

Por Isabella Cordeiro (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel).

Faustão continua ganhando seu espaço nas noites na Band, mas nessa quinta-feira (10) o apresentador protagonizou polêmica ao receber Pabllo Vittar em seu programa. Durante toda participação da cantora, Fausto fez uso de pronomes masculinos para fazer referência a artista.

Pabllo se apresentou no palco do Faustão e respondeu a perguntas sobre preconceito e a escolha de seu nome de drag queen. “O que mudou na sua vida? Como as pessoas te veem como um artista?”, questionou o apresentador em uma das oportunidades.

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Exaltando Pabllo, Fausto usou novamente o pronome masculino em outro trecho. "Diante de tanto preconceito, ele superou tudo e todos. A galera deu a chancela que ele precisava”, declarou o apresentador.

A situação não é novidade para Pabllo e já havia acontecido também durante sua participação no Domingão do Faustão, ainda na Globo, em 2020. Na época os fãs da cantora reclamaram muito nas redes sociais, alegando preconceito da parte de Fausto e falta de respeito com a artista.

Mesmo com os recorrentes usos do masculino para se referir a Pabllo Vittar, a cantora não pareceu incomodada e se apresentou tranquilamente, cantando Corpo Sensual e Trago Seu Amor de Volta.

Em entrevistas anteriores e em suas redes sociais, Pabllo já declarou não ter problemas com o uso dos pronomes, mas prefere ser chamada no feminino quando estiver montada de drag.

 

Kaíque Santos, namorado da ex-BBB e influenciadora Ariadna Santos, revelou ter passado por um desentendimento familiar após assumir a relação com a famosa. Segundo o carioca, sua avó não aceitou bem o namoro e rompeu relações com ele, porém, o jovem acredita que é uma questão de tempo até que a matriarca da família “amoleça” o coração.

Em entrevista ao UOL, Kaíque falou sobre a reação da avó ao descobrir seu namoro com Ariadna. Ele estava trabalhando na loja dela e foi mandado embora quando as notícias sobre seu novo relacionamento começaram a repercutir. “Ela não aceitou muito bem (o namoro) e me mandou embora da loja”. No entanto, o jovem acredita que, com o tempo, conseguirá reverter a situação com a mulher que o criou e que tem como mãe. “Pode demorar, mas que vai ter uma hora que ela vai amolecer o coração dela e vai me dar mais atenção”.

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Kaíque Santos tem 28 anos, é estudante e conheceu Ariadna através de um aplicativo de relacionamentos. O primeiro encontro dos dois aconteceu no bloco de Carnaval Sai Hétero e, desde entao, não se desgrudaram mais. O casal, no entanto, tem enfrentando algum preconceito pois ele é um homem cis e ela, uma mulher trans. “Quando eu assumi a nossa relação eu já sabia que poderia acontecer isso. Sou uma pessoa super tranquila, sabe? Soube me posicionar", disse o rapaz. 

O Espaço de Acolhimento e Cuidado Trans do Hospital das Clínicas (HC) de Pernambuco, localizado na Zona Oeste do Recife, sofreu um aumento da lista de espera de cirurgia devido, entre outras dificuldades, à pandemia da Covid-19. Segundo a coordenação do espaço, a lista de espera está em 700 pessoas atualmente.

O projeto já realizou 57 cirurgias nos oito anos de atuação, com um padrão antes da pandemia de um procedimento por mês. Contudo, as paralisações causadas pelo agravamento da pandemia e dificuldades impostas em 2021 fizeram com que apenas nove procedimentos fossem concluídos.

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O espaço oferece cuidado integral à população trans e é um dos cinco centros que realiza procedimentos gratuitos de transgenitalização no Brasil. Mesmo com o ‘desfinanciamento’ que o Sistema Único de Saúde (SUS) sofre, a iniciativa mantém as portas abertas para garantir um acompanhamento ambulatorial humanizado em meio à pandemia.

O levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), divulgado nessa sexta-feira (28), apontou que o Brasil ainda lidera o recorde negativo de assassinatos com 135 travestis e mulheres trans e cinco homens trans mortos em 2021. Historicamente a população transsexual luta contra a negligência do Estado e se firma na busca por direitos contra os espectros da discriminação da social.

“A população trans e travesti vem requerer a legitimidade de cuidado, esse lugar de humanidade, essa possibilidade de viver sem ser discriminada e apontada na rua por suas diferenças”, apontou uma das idealizadoras do Espaço trans, Suzana Livadias.

Exclusão no sistema de saúde

Um dos pontos mais preocupantes ainda é a exclusão nos serviços de saúde, principalmente no que se refere ao atendimento primário. "Todas as demandas de saúde eram negligenciadas por que não tinha uma visibilidade da população trans como específica de cuidados comuns. A gente vai ver descrita nos cuidados da Aids, mas outros cuidados também são necessários”, ressaltou Livadias.

Criado em 2014, o espaço no bairro da Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife, oferece diversas especialidades como Urologia, Ginecologia, Endocrinologia, Dermatologia, Assistência Social, acompanhamento psicoterápico e encaminha casos de violência para instituições parceiras.

O serviço mais procurado é o procedimento de adequação corporal, oferecida com a proposta de garantir maior dignidade e bem-estar. “A adequação vem muitas vezes para dar conta de um desconforto da pessoa e para ajudar que a sociedade consiga respeitar essa expressão”, descreveu a psicóloga.

Cirurgias

As mulheres trans têm a possibilidade de passar por cirurgias de suavização do pomo de Adão e feminilização da voz, colocação de próteses mamárias e redesignação sexual. Já os homens trans podem fazer a mamoplastia masculinizadora ou retirar o útero.

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Livadias cobra mais investimento federal já que demoraria mais de 58 anos para atender toda a fila, mesmo que conseguisse retomar o ritmo de antes da pandemia. Sem ser uma política prioritária do Governo, em 2020 só 31 cirurgias foram feitas pelo SUS no Brasil, uma queda de 86% em comparação ao ano anterior.


Érica Gomes recebe os pacientes do projeto. Reprodução

Representatividade que conforta

O acolhimento inicial no Espaço Trans é feito por Érica Gomes, que recebe os pacientes e dá entrada no processo multidisciplinar. Como mulher trans, ela compreende que sua presença incentiva outras pessoas em situação semelhante a não desistir das oportunidades.

“[Ter uma] pessoa trans nesse local é como se encurtasse a distância entre a instituição e a população atendida. Eu vejo que as pessoas se sentem representadas e acolhidas e vejo também como uma possibilidade de incentivo para que essas pessoas possam procurar trabalho em ambientes formais”, comentou.

Além do corpo

Ciente de que a aparência é fundamental na relação de autocuidado, ela enxerga que o processo de aceitação passa primeiro pelo equilíbrio psicológico. “Saúde não é só hormonização e cirurgia. Saúde também é bem-estar social e o bem-estar social vai além dos muros do hospital”, indicou.

“As pessoas vêm muito em busca dessas cirurgias pelo fato da sociedade exigir que você para ser uma pessoa trans tem que reproduzir toda a performance do que é ser mulher na sociedade", observou. “Não é por aí. Fazer esses procedimentos não vão te dar segurança de que a sociedade vai te ver com outros olhos”, acrescentou.

Dessa forma, antes de iniciar o processo, ela explica que é importante refletir e se questionar sobre o real motivo para o interesse nas cirurgias. "O que essas cirurgias vão mudar na sua vida em relação ao olhar da sociedade à pessoa trans? A gente sabe que não muda nada. A gente tem a sensação de que é como se fossem metas colocadas na vida das pessoas trans e [é como se a gente] tivesse que alcançar e quando a gente alcança, são impostas outras metas, metas até impossíveis”, advertiu.

Como integrante do quadro de profissionais, ela se orgulha em participar das ações do Espaço que representa um modelo para o Norte e Nordeste. O projeto é o único nas regiões oferecido pelo SUS. os demais são o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, o HC da Universidade Federal de Goiás, o HC da Universidade de São Paulo e o Hospital Universitário Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.

O contato com o Espaço Trans do Recife é feito por encaminhamento da Secretaria Estadual de Saúde ou pelos canais do projeto. O atendimento é feito de forma presencial, pelo telefone (81) 2126.3587 ou no e-mail espacotranshcufpe@gmail.com, de segunda à sexta, das 7h às 17h. Para agendar uma consulta é preciso repassar dados pessoais e a numeração do cartão do SUS. 
 

Nesta semana, Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, concedeu entrevista ao The Hollywood Reporter e disse que a Academia do Oscar tem um certo preconceito quando se trata de filmes baseados em super-heróis, especialmente quando as obras são da Marvel Studios. Filmes como “Pantera Negra” (2018), que estiveram presentes na premiação recentemente, foram apontados como uma rara exceção por Feige.

Todo o debate começou quando o presidente da empresa foi questionado sobre as chances de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” (2021) na premiação mais aclamada de Hollywood. “Nós [da Marvel Studios] reconhecemos a excelência deste trabalho, as plateias também reconheceram, e eu certamente ficaria feliz se este trabalho de contar histórias fosse reconhecido [pelo Oscar]”, ponderou.

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Vale lembrar que apesar disto, ao longo dos anos diversos filmes da Marvel Studios estiveram presentes na premiação do Oscar, além do aclamado “Pantera Negra”. Assim como “Homem de Ferro” (2008), que foi lembrado na categoria de Melhor Edição de Som e “Guardiões da Galáxia” (2014), que foi indicado ao prêmio de Maquiagem e Cabelo. Além destes, outros nove filmes receberam indicação por Melhores Efeitos Visuais.

 

 

Filho de pai e mãe trans, Apolo nasceu em um parto normal nessa quinta-feira (9), em São Paulo. Após uma gestação marcada pela união entre Lorenzo Gabriel Duvali e Isis Broken na luta contra a transfobia, o bebê surpreendeu por se desenvolver mesmo com a carga hormonal que o pai tomou antes de descobrir que esperava uma criança.

"É aquele ditado: o pai carrega 9 meses pra ser a cara da mãe", brincou Lorenzo após conhecer o filho Apolo.

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Há cerca de dois anos ao lado de Isis, ele disse que ficou surpreso com a gestação, pois tomou testosterona por cerca de três anos e acreditava ser estéril.

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"Apolo, sua família transcentrada te ama muito! Papai fez muito esforço e colocou muito amor em sua saída, mamãe ficou horas em pé sem conseguir pregar o olho pra te ter por perto o máximo possível", publicou Isis.

Em uma das últimas consultas do pré-natal, o casal chegou a ser abandonado na rua por um motorista de aplicativo e precisou fugir correndo com medo das ameaças do homem furioso. Após o contato com a Uber feito pelo LeiaJá, a empresa informou que excluiu o condutor do quadro de colaboradores.

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Emocionado ao dar à luz, Lorenzo publicou uma declaração a Apolo. "Te amo filho, você foi fruto de muito amor, muita luta e é uma pequena parte de uma revolução, hoje papai entende que tudo o que passei enquanto vc estava na barriga foi pra me tornar mais forte", escreveu.

A mãe acompanhou o parto e também comemorou a chegada do pequeno. "A maternidade travesti é a coisa mais gostosa e linda desse mundo! Digam oi a Apolo", apresentou.

Nesta sexta-feira (19), é comemorado o Dia do Empreendedorismo Feminino, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, que visa destacar a batalha das mulheres para emplacar seus negócios.

Atualmente, a figura feminina ocupa uma parcela expressiva nos negócios individuais do Brasil. De acordo com os dados do Microempreendedor individual (MEI), dos 52 milhões de empreendedores do país, 48% são mulheres.

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Além disso, uma pesquisa feita pela Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), mostra que o Brasil é o sétimo país a apresentar o maior número de empreendedoras femininas. Segundo o mesmo estudo, 52,1% dos brasileiros conhecem alguém que tenha se tornado empreendedor na pandemia de Covid-19, com um crescimento mais elevado entre as mulheres.

Embora o crescimento seja evidente, as mulheres ainda precisam lidar com o preconceito daqueles que duvidam de suas capacidades. Segundo a consultora de moda e dona da marca Surrender, Andressa Gomes, ser mulher e atuar no mercado em uma posição de liderança ou negociação, não é uma tarefa fácil.

Apesar dos desafios, Andressa afirma que, cada vez mais, as mulheres ocupam seus lugares e hoje é possível vê-las em diversas posições de liderança. “Quando decidi largar meu emprego para montar meu negócio fui muito questionada, me apontaram muito o dedo, mas valeu muito a pena. Construí minha marca e meu sonho junto”, recorda.

Ao se tornar empreendedora, a micropigmentadora e dona de uma clínica de estética, Natasha Sheeny, pontua que conquistou uma liberdade que seria impossível em outro tipo de negócio. “Me deixa à vontade para testar novas coisas, para fazer o que eu amo, para escolher o meu horário, por mais que muitas das vezes eu trabalhe mais do que um regime CLT. Mas é por vontade própria, porque eu amo aquilo que eu faço”, relata.

A dona do Espaço Fabi, Fabi Ferreira, comenta que estudou muito sobre o papel de uma líder e continua a estudar para ampliar seus conhecimentos. “Porque além de treinar, também precisamos motivar, influenciar, tolerar, entender os limites e trabalhar em cima de cada um de maneira diferente, além de sempre mostrar os pontos fortes de cada um”, descreve.

É importante destacar que ainda existem algumas barreiras impostas pelo universo masculino, mas a dona da Ely’s Joias, Latife Elys acredita que aos poucos esse cenário é mudado. “Com competência, criatividade e muita persistência não há limites. Amo o que faço, a cada novo desafio me torno melhor e mais forte”, define.

Na volta para casa após a consulta pré-natal de 35 semanas de gestação, um casal trans foi agredido pelo motorista da Uber, na noite dessa sexta-feira (12), na Grande São Paulo. Lorenzo e Isis foram abandonados no meio da rua e precisaram correr não serem espancados.

Isis é sergipana e está em São Paulo há cerca de um mês para participar da gravidez do companheiro Lorenzo, que espera por Apolo há oito meses. Além do preconceito em sua terra natal, ela conta que deixou o Nordeste para proporcionar um acompanhamento mais justo e humanizado ao filho. 

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Prestes ao nascimento, em uma das últimas viagens para o pré-natal, o casal denuncia que podia ter perdido o filho por não se calar aos insultos de um motorista por aplicativo identificado como Silvio.

De acordo com o relato das vítimas, ele se intrometeu na conversa para "corrigir" e discordar do gênero do casal, sem dar ouvidos as explicações sobre a temática LGQTQIA+.

"Isso é coisa da cabeça. Vamos parar por aqui que não vai dar certo. Se você se estressar, eu também vou me estressar e vai dar merda", ameaçou.

Isis aponta que ele pode ser preso se prosseguir com a postura e ouve risos de Silvio, que responde: "nesse país ninguém vai preso. Eu tenho curso de Direito".

O motorista é questionado se iria agredir fisicamente uma pessoa gestante, quando começa a gritar e eleva ainda mais o tom das ameaças. Após ser reiteradamente desrespeitado, o casal contesta Silvio com xingamentos, que o irritam ainda mais.

"Então a gente vai ver quem é um merda na hora que a gente descer. Aí você vai repetir o que falou", intimida.

Apesar de estar perto do destino, a situação preocupa Lorenzo, principalmente pela integridade do filho, e ele pede que Isis ligue para a mãe e conte sobre o caso ao padrasto, que é policial. O contato seria para pedir que ele fique atento ao fim da corrida e espere na porta de casa.

O motorista fica mais irritado pelo casal tentar envolver o padrasto e continua a elevar o tom, aparentemente por medo de que o caso pare na delegacia.

A discussão chega ao estado mais crítico quando o carro entra na rua para deixá-los. Lorenzo tenta pular do veículo ainda em movimento, mas é impedido pela companheira. Poucos metros depois, Silvio encerra a corrida mesmo sem estar no destino final e o casal foge antes que ele consiga descer. 

Já em casa, Lorenzo começa a passar mal e é amparado por Isis e pelos familiares com fortes dores na barriga. O casal revela que não é a primeira vez que sofre com esse tipo de violência mas, apesar da hostilidade, todos estão bem. 

Na próxima terça-feira (16), eles vão juntos à Comissão de Direitos Humanos de São Paulo e dar entrada em um processo judicial contra a Uber. No mesmo dia, garantem que vão buscar a delegacia para prestar um boletim de ocorrência contra o agressor.

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Posicionamento da Uber

Procurada pelo LeiaJá, a Uber repudiou e classificou a conduta do motorista como inaceitável. A empresa acrescenta que a conta dele já foi desativada e que segue à disposição para colaborar com as investigações.

Confira o comunicado na íntegra

"A Uber considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência e discriminação. A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes. A conta do motorista parceiro foi desativada assim que tomamos conhecimento do ocorrido. A Uber permanece à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, na forma da lei.

A Uber defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e justiça para todas as pessoas LGBTQIA+. A empresa fornece diversos materiais informativos a motoristas parceiros sobre como tratar cada usuário com cordialidade e respeito e ser um aliado ou aliada na luta contra a LGBTQIA+fobia".

O Sport realizou na noite dessa terça-feira (9), reunião do Conselho Deliberativo do clube para julgar se deveriam acatar a decisão da Comissão de Ética e excluir o conselheiro Flávio Koury, que usou de falas homofóbicas contra Gil do Vigor, ex-BBB. A decisão foi de absolver, dando apenas uma advertência por escrito.

Em maio, após terminar o BBB na 4ª colocação e divulgar durante todo o programa sua torcida pelo Sport, Gil foi convidado para conhecer as dependências do clube e ganhou vários presentes, como camisa e outros equipamentos esportivos. Na ocasião, o economista chegou a fazer a sua tradicional dancinha “Tchaki Tchaki” no gramado da Ilha do Retiro, vestido com a camisa rubro-negra.

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O grande potencial de engajamento de Gil do Vigor incomodou alguns conselheiros do Sport e áudios de Flávio Koury foram vazados, onde criticava de forma forte e com frases homofóbicas o ex-BBB, dizendo não aceitar e ser um absurdo que a imagem do clube fosse vinculada a dele.

Com o vazamento, uma investigação dentro do clube foi instaurada para descobrir de onde partiu os comentários ofensivos e se decidir a punição para Flávio. Um Conselho de Ética foi criado para julgar, mas os trâmites foram lentos, por conta de segundo o clube, os diversos problemas políticos do Sport.

No dia 19 de outubro a Comissão de Ética entregou um parecer indicando no relatório, prováveis punições, como a expulsão ou suspensão do conselheiro, que teve como decisão posterior do Conselho Deliberativo a opção mais branda, que nem sequer chegou a ser cumprida.

Outro conselheiro homofóbico

Depois do caso de Flávio Koury, o conselheiro Renan Valeriano defendeu a atitude do colega em um áudio obtido com exclusividade pelo LeiaJá.

“Não concordo com a veiculação da nossa marca da nossa imagem por esse cidadão que não tem nenhum serviço prestado ao Sport, pelo contrário, ele empobrece e envergonha a marca Sport Club do Recife", disse Renan.

Bil Araújo revelou no último sábado (30) para os colegas de confinamento de A Fazenda 13 que sofre preconceito, fora do confinamento, por ser bonito, moreno e forte.

"O julgamento eu tenho muito lá fora, sabe? Por ser bonito, moreno e forte. As pessoas ficam tipo: ah, esse cara deve ser aqueles caras escrotos e tal. Essa é a primeira impressão", contou o modelo.

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"Triste, né?", concordou Valentina.

"Mas isso já vem lá de trás, é complicado. É triste. As pessoas que me conhecem depois ficam: nossa, você é assim? Até agora depois de famoso", completou Bil.

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