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Maurício Souza não foi o primeiro a causar polêmica criticando quadrinhos com cenas e personagens LBTQIA+ e nem será o último. Em 2019, por exemplo, Marcelo Crivella, então prefeito do Rio de Janeiro, tentou barrar da Bienal do Livro a HQ Vingadores: A Cruzada das Crianças, por conter cenas de beijo gay.

Ele alegou que era conteúdo sexual para menores e tentou impor proibições, não acatadas. Só que personagens que se enquadrem no grupo LGBTQIA+ nos quadrinhos não são novidade. Confira uma lista com alguns:

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Arlequina

Após conseguir desligar seus sentimentos pelo seu grande amor Coringa, Harley Quinn passou um tempo tentando se descobrir e chegou a ter um relacionamento sério com a Hera Venenosa.

Deadpool

Definido nos quadrinhos como pansexual, nos filmes ainda não demonstrou sua orientação. Nas HQs não perdia a chance de dar em cima de outros heróis como Thor e Homem-Aranha.

Loki

O Deus nórdico é definido como ‘gênero fluido’. Nas histórias em quadrinhos, ele já chegou a se transformar em mulher e se tornar mãe, dando a luz a outros seres da mitologia.

Lucifer

A série da Netflix não conseguiu retratar 100% o Lúcifer dos quadrinhos, mas pelo menos sua sexualidade sim. Para o anjo caído, não importa mulher, homem e sim ter prazer no que faz.

Batwoman

A prima de Bruce Wayne, Kate Kane é declaradamente lésbica, tanto nos quadrinhos como na série de televisão.

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As declarações homofóbicas de Maurício Souza seguem causando problemas para o atleta, já demitido do Minas e barrado de convocações futuras para a seleção brasileira de voleibol, desta vez 20 parlamentares LGBTQIA+ de 13 estados e sete partidos políticos diferentes entraram com ação no Ministério Público de Minas Gerais contra o jogador.

Nas redes sociais, alguns parlamentares comentaram a ação e anunciaram que também solicitaram ao Facebook, Instagram e Twitter a remoção dos conteúdos LGBTfóbicos publicados por Maurício, solicitando ainda uma audiência com as empresas para discutir suas políticas de combate a violência e os discursos de ódio.

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“Na tarde de 28/10, 20 parlamentares do país, representantes das causas LGBTQIA+, protocolaram no MP uma representação contra o jogador de vôlei Maurício Souza. Desligado do Minas, após pressão de patrocinadores, também está fora da Seleção. Além da representação no MP, o grupo de parlamentares também notificou oficialmente o Instagram, solicitando a remoção dos conteúdos LGBTfóbicos e uma Audiência com a empresa para discutir suas políticas de combate à violência LGBTfóbica e o discurso de ódio”, publicou o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ).

Participaram da ação, além de David Miranda, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES); Os deputados Leci Brandão (PC do B-SP), Vivi Reis (PSOL-PA), Fábio Félix (PSOL-DF), Robeyonce Lima (PSOL-PE), Prof. Israel (PV-DF), Ari Areia (PSOL-CE); vereadoras Erika Hilton (PSOL-SP), Monica Benício (PSOL-RJ), Linda Brasil (PSOL-SE), Duda Salabert (PDT-MG), Bella Gonçalves (PSOL-MG), Thabatta Pimenta (Pros-RN), Carla Ayres (PT-SC), Brisa Bracchi (PT-RN), Daiana Santos (PC do B-RS), Tati Ribeiro (PSOL-RN), Maria Marighela (PT-BA) e Benny Briolly (PSOL-RJ).

Após falas preconceituosas, Maurício foi afastado do Minas e obrigado a se retratar, algo que fez em uma rede social com menos de mil seguidores, enquanto seu Instagram tinha mais de 300 mil. Na quarta-feira (27), ele foi desligado oficialmente do time e então voltou as redes sociais e debochou das ações contra ele, mostrando que segue crescendo o número de seguidores. Após sua primeira postagem, Maurício tinha pouco mais de 200 mil seguidores e na manhã desta sexta-feira (29) já alcançou 1 milhão no Instagram.

 

Com falas preconceituosas recentes, o central da equipe do Minas Tênis Clube e da seleção, Maurício de Souza, foi afastado do clube e precisou se retratar. O “sinto muito” veio nessa terça-feira (26), mas aparentemente não de forma sincera. A questão é que o atleta mesmo com um perfil no Instagram com cerca de 275 mil seguidores, fez sua retratação em uma conta no Twitter com pouco mais de 500 seguidores.

Assumidamente bolsonarista, Maurício nem se quer se deu ao trabalho de deletar a postagem estopim de todo alvoroço, em que reclama sobre um novo quadrinho da DC Comics, onde o filho do Superman, que está sucedendo seu pai, assume ser bissexual e beija um rapaz. “É só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”, publicou ele, tanto no Insta como no Twitter.

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Em sua retratação aos pouco mais de 500 seguidores de sua conta no Twitter, Maurício afirma que refletiu muito e após conversa com familiares e amigos, decidiu pedir desculpas pela sua opinião.

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Mas, sem apagar as publicações em que emite sua “opinião”, não é difícil de encontrar comentários de pessoas que seguem ofendidas e sem perdoar o atleta.

“Você deveria se preocupar mais em acertar teus saques e o jogar o bom voleibol que sempre jogou, parando de se preocupar com a sexualidade alheia. Vá ser feliz, apaga isso”, escreveu uma internauta.

Quanto mais preconceito, mais seguidores

Maurício, que no início perdeu seguidores, vem aumentando seus números nas últimas horas, conquistando ao menos nas últimas 24 horas, 20 mil. No Twitter, com uma conta criada em 2013, mas pouco utilizada, há apenas 10 publicações e o número de seguidores não evoluiu.

Não foi a primeira vez que Maurício de Souza deixou claro seu posicionamento preconceituoso em suas redes sociais. Compartilhando notícia de que a Globo usaria pronomes neutros em sua novela das 19h, o central escreveu: “O céu é o limite se deixarmos. Está chegando a hora dos silenciosos gritarem”.

*Por Thaynara Andrade

Nesta sexta-feira (22), a Polícia Civil de Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (RS), confirmou ser de responsabilidade de uma funcionária de uma rede de farmácias o áudio que circula nas redes sociais contendo orientações discriminatórias para a contratação de novos funcionários. O delegado Antônio Carlos Ractz informou que a suspeita ainda não foi localizada para depoimento.

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A mulher seria coordenadora das farmácias da rede no Litoral Norte do RS, e no material define uma série de critérios preconceituosos e ofensivos para a seleção de novos membros para a equipe. Segundo a funcionária, devem ser evitadas pessoas gordas, que possuem tatuagens, feias e pessoas que sejam pertencentes à comunidade LGBTQIA+.

Após a divulgação do áudio, a rede de farmácias São João foi apontada como a empresa responsável. Em nota divulgada na última segunda-feira (18), a empresa afirmou que as informações eram falsas e se tratava de uma fake news. Todavia, em um novo comunicado publicado nesta sexta-feira (22), a rede de farmácias confirmou a mensagem após apurar o caso em uma sindicância interna. Segundo a empresa, este foi um ato isolado e a funcionária já teve contrato rescindido.

Como anunciado pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Sergio Camargo, a marca da instituição vai ser alterada por fazer alusão ao machado de Xangô. Nesta quinta-feira (26), o gestor informou sobre o novo edital com a imagem de uma lâmpada – símbolo de boa ideia - saindo de uma cabeça branca.

Com inscrições abertas desde a terça (17), Camargo novamente adotou uma postura controversa para reforçar o concurso que vai remover o símbolo candomblecista da fundação destinada à preservação da cultura afro-brasileira.

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Apesar da imagem de divulgação possuir as tradicionais cores do Brasil, o gestor optou em compartilhar a versão do material com a cabeça branca em seu perfil no Twitter.

Ele escreveu que público-alvo da instituição "não se restringe a povos de terreiro. Há também pequenos produtores de cultura, comunidades quilombolas, além do cidadão negro de bem".

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 O projeto vencedor será premiado com R$ 20.000 e o informe do edital destaca que o concurso segue a laicidade do Estado e busca por mais democracia.

Autodeclarado "antivitimista e inimigo do politicamente correto", o presidente da Fundação Palmares acrescentou em uma publicação seguinte que "a expressão afro-brasileiros não faz sentido", pois somos "apenas brasileiros"; e continuou: "Afrodescendente consegue ser pior ainda!".

Monique Evans e a DJ Cacá Werneck decidiram reatar o romance, após um breve rompimento no final do último ano. Depois de revelarem ao público a reconciliação, elas passaram a trocar declarações românticas nas redes sociais. Monique fez uma nova homenagem à namorada, nesta segunda (2), mas acabou sendo alvo de alguns ataques homofóbicos nos comentários.

Cacá e Monique estavam juntas há quase seis anos quando romperam o relacionamento, em outubro de 2020. Na ocasião, as duas trocaram farpas e ofensas nas redes sociais, mas, logo em seguida, fizeram as pazes e retomaram o romance. A nova fase do casal, no entanto, só foi divulgada no final do último mês de julho, pois ambas preferiram preservar o momento.

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Desde que tornaram pública a reconciliação, as duas têm trocado declarações e carinhos pela internet. Nesta segunda (2), Monique publicou uma foto na qual aparece abraçada à amada e se derreteu na legenda. “Uma completando a outra”, escreveu. O gesto, no entanto, não foi bem recebido por parte do público e a apresentadora sofreu ataques homofóbicos nos comentários. “Meu Deus, que mudo, Senhor”; “Respeito, mas nunca vou gostar disso”; “Mundo perdido, misericórdia”; “Respeito muito, mas não curto”; “Mas que falta de homem nesse mundo”; “Que nojo, credo, tem que ter mais respeito”. 

Bruna Linzmeyer abriu a caixinha de perguntas de seu Instagram, nessa quarta-feira (28),  e respondeu dúvidas com a temática “principais questões da comunidade lésbica 2021”, aproveitando para alertar os seguidores a respeito do preconceito sofrido até em consultórios de psicologia. “Eu mesma já vivi anos de lesbofobia dentro de um consultório”, afirmou.

Em um dos desabafos que a atriz recebeu, um seguidor reclamou não haver conversas sobre saúde mental e saúde sexual. Bruna concordou e respondeu revelando ter sofrido preconceito por anos enquanto fazia terapia.

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“Sobre saúde mental, sim. Eu mesma já vivi anos de lesbofobia dentro de um consultório de psicanálise lacaniana. Em tese, terapia não é para ser preconceituosa, mas o mundo é, então, também temos que estar atentas a isso", declarou, antes de fazer o apelo para que se isso acontecer com outras mulheres, não tenham medo de denunciar no Conselho Regional de Psicologia (CRP).

Respondendo sobre o senso comum de que pessoas bissexuais são vetores de DST, Bruna fez questão de lembrar a todos da importância do preservativo. "ISTs e preservativos entre lésbicas e/ou pessoas com vulva são uma imensa questão”, concluiu.

Mais uma polêmica surgiu contra a seleção brasileira de futebol masculino. O Grupo Arco Íris de Cidadania LGBT entrou com ação judicial contra a CBF, para saber o motivo da não utilização da camisa número 24 entre os convocados para a Copa América.

Segundo o Globo Esporte, a ação foi distribuída na 10ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

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A ação lembra que a “CBF tem papel preponderante nesse debate”, além de citar que recentemente o Tribunal Superior de Justiça Desportiva passou a tratar com punição, clubes que tenham a torcida se utilizando de cantos homofóbicos nos estádios.

"O fato da numeração da seleção brasileira pular o número 24, considerando a conotação histórico cultural que envolta esse número de associação aos gays, deve ser entendido como uma clara ofensa a comunidade LGBTI+ e como uma atitude homofóbica”.

Porque o 24?

Historicamente, o 24 é relacionado com o homossexual por conta do jogo do bicho, que associa este número ao veado, animal, que por sua vez, é utilizado como forma de ofensa para a comunidade LGBTI+.

O fotolivro “Ouro”, lançado em 2020 pelo artista visual paraense Mauricio Igor, compõe a exposição deste ano do Anuário 20, que visa destacar obras relevantes para o público em Portugal. O livro do paraense apresenta, com fotografias, as diversas manifestações de racismo e xenofobia de portugueses contra brasileiros. A obra está disponível para visitação em espaços da cidade do Porto até o dia 18 de julho, com entrada gratuita.

O racismo e a xenofobia estão enraizados na sociedade por meio de discursos de ódio e situações desrespeitosas contra imigrantes. Essa é a principal reflexão destacada na obra de Mauricio, artista visual com especialidade em múltiplas linguagens, que trabalhou cinco meses em um fotolivro que abordasse a discriminação cotidiana vivida por brasileiros no país europeu.

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“Em pouco tempo em Portugal, percebi comentários e situações que vi como marcas da colonização que aconteceu anos atrás, e que se mantêm ainda hoje, ainda que de outras formas”, destaca.

A obra incentiva a percepção do público para a relação existente entre Brasil e Portugal, propondo analisar como a colonização afetou o comportamento da atualidade. “Há situações de racismo e xenofobia, que variam muito em suas manifestações. Há agressões ao português do Brasil, visto como 'incorreto', há perseguições em supermercados por suspeita de roubo, e por aí vai”, assinala Mauricio.

As referências de colonização condizem com o nome do fotolivro, “Ouro”. Conforme acrescenta o autor, o nome do livro foi decidido “por ter uma relação exploratória baseada em riquezas”.

Embora a discriminação denunciada entre as páginas seja contínua, o preconceito pode ser camuflado pela falta de reflexão sobre o tema. Segundo Maurício, um de seus amigos portugueses não havia pensado que situações como essas aconteciam. Por esse motivo, sua expectativa é que as pessoas observem por meio de sua obra a relação entre os países. “Espero que possam ver a obra e observarem estas relações”, acrescenta.

Essa não é a primeira vez que o fotolivro ganha espaço com o público. “Ouro” participou da exposição “As Fotografias e o Resto”, no Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Porto. Logo após, a obra foi convidada para integrar a atual exposição do Anuário 20, também em Porto, iniciada no mês de maio.

A obra ainda não conta com exemplares para distribuição, mas o artista não dispensa a ideia de futuramente produzir e apresentar ao Brasil. A exposição está disponível em vários espaços culturais da cidade portuguesa, sendo estes: Atelier Logicofobista, AL859, Armazém do Fundo, A Sede, Clube de Desenho, Espaço Birra e Ócio.

Por Quezia Dias.

 

Os ministérios da Educação (MEC), da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e da Saúde (MS) assinaram nesta quarta-feira (23) quatro acordos de cooperação técnica para implementar ações de promoção da igualdade racial e de enfrentamento ao preconceito e à discriminação. Um quinto acordo foi assinado com o Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MP-MS), com o mesmo objetivo.

Segundo o MMFDH, a assinatura dos acordos permitirá a elaboração de “estratégias para o desenvolvimento de políticas públicas que promoverão a igualdade racial nas escolas, entre profissionais de saúde e no sistema penitenciário”.

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“Vamos enfrentar com coragem este tema que ainda nos deixa muito tristes”, comentou a ministra Damares Alves, durante a cerimônia para assinatura dos acordos, da qual participaram os ministros Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e Marcelo Queiroga (Saúde), além de representantes do Ministério da Educação, do MP-MS e parlamentares.

Pedagógico

O acordo entre o MMFDH e MEC prevê a formação continuada de professores do ensino fundamental I (6 a 10 anos de idade), para implementação de ações de conscientização da igualdade racial nas escolas. A intenção, de acordo com os ministérios, é incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira”.

“Este acordo faz parte do projeto Igualdade Racial no Brasil, com diferentes iniciativas que procuram diminuir o preconceito racial existente e garantir a efetivação da igualdade de oportunidades e a defesa dos direitos étnicos individuais e coletivos”, disse o secretário adjunto de Educação básica do Ministério da Educação, Mauro Luiz Rabelo. O projeto prevê que ao menos mil professores do ensino fundamental sejam capacitados, mas, de acordo com Rabelo, este número pode ser ampliado e beneficiar a milhares de outros profissionais.

“A oferta de formação continuada aos professores possibilita a conscientização de tratamento de forma igualitária na sala de aula, para implementação de ações que visam a promoção da igualdade étnico-racial na escola”, acrescentou Rabelo.

Segurança

Com o Ministério da Saúde, o MMFDH assinou dois acordos. O primeiro prevê a implementação do projeto "A segurança pública na promoção da igualdade racial", que visa a capacitar agentes do Sistema Único de Segurança (SUSP) quanto à temática da igualdade étnico-racial.

O segundo acordo objetiva a implementação do projeto "Raça/Cor no Sistema Prisional: respeito e acesso a direitos”, voltado à capacitação de policiais e equipes técnicas que atuam em unidades penais a fim de qualificar as ações e atividades de promoção da igualdade étnico-racial no sistema penitenciário nacional.

“São convênios importantes que tratam da formação dos profissionais para lidarem de frente com este tema”, comentou o ministro Anderson Torres ao admitir a necessidade do Estado “proteger as pessoas que precisam de proteção”.

Saúde

Com o acordo assinado pelos ministérios da Saúde e da Mulher, Família e Direitos Humanos, será possível elaborar estratégias e ações intersetoriais voltadas à promoção da equidade. Além da população negra, as ações também contemplarão povos e comunidades tradicionais, a população albina, bem como outros segmentos sociais em situação de vulnerabilidade social.

“Estamos firmando esta parceria com o Ministério da Saúde para contemplarmos aquelas populações mais vulneráveis e segmentos até então invisibilizados, como, por exemplo, a população albina, que demanda atenção especializada”, justificou o secretário nacional de Políticas de Promoções da Igualdade Racial, do MMFDH, Paulo Roberto.

“Quando falamos em promoção da igualdade, não estamos falando em [conceder] privilégios, mas sim em [proporcionar] igualdade de oportunidade" disse o o secretário, e completou "para que cada cidadão possa desenvolver seu próprio potencial dentro da sociedade”. Ele Paulo Roberto garantiu que o governo “reconhece as profundas desigualdades históricas” existentes no país. “Qualquer tipo de discriminação deve ser frontalmente rechaçada, sobretudo a discriminação racial”, acrescentou o ministro Marcelo Queiroga.

Assinado com o Ministério Público do Mato Grosso do Sul, o quinto acordo técnico prevê a implementação, por meio da Procuradoria-Geral de Justiça, ações conjuntas de enfrentamento do racismo e combate da discriminação étnico-racial, além de proteção aos jovens vítimas de violência.

Segundo o MMFDH, só no segundo semestre de 2020, os canais de denúncia Disque 100 e Ligue 180, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, registraram 154.650 denúncias e 392.684 violações relacionadas a cor ou raça da vítima. Até maio de 2021, foram 128.408 denúncias e 516.260 violações.

“O que a gente quer é dizer basta para tudo isto”, afirmou a ministra Damares Alves. “Ainda tem gente no país que diz que não há racismo no Brasil. Então, que esta pessoa me dê um nome para esta dor?”

Para se defender das acusações de preconceito, Renan Bolsonaro publicou uma homenagem a um homem negro que seria homossexual e teria lhe criado. Ele aproveitou o aniversário do seu 'pai de criação', identificado como Marcelão, e escreveu uma mensagem de agradecimento no domingo (20).

A revelação foi feita em um vídeo publicado na semana passada em que o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é questionado sobre ter preconceito contra negros, gays e nordestinos.

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Ele se distanciou das acusações e fez o anúncio sobre o homem que seria um de seus tutores na infância. “Domingo é aniversário do meu pai de criação. Ele é homossexual negro. Meu pai botou dentro da minha casa, da nossa casa pra cuidar de mim. No domingo é aniversário dele e vocês vão saber”, afirmou.

Como prometido, no último domingo (20), Renan fez o post e desejou felicidades a Marcelão, o qual chamou de apenas ‘grande amigo’.

“Marcelo, ao longo desses anos todos, você tem sido um grande amigo para mim. Você me ensinou muito, especialmente a como me tornar uma boa pessoa. Sua empatia e seu carinho são contagiantes, e eu serei eternamente grato a Deus por tê-lo colocado em nosso caminho. Que neste aniversário seu coração possa transbordar com o dobro da felicidade que você trouxe para nossa família! Obrigado por tudo! Parabéns! Felicidades…”, escreveu Renan, que incluiu uma foto dos dois no post.

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Familiares de um estudante de 11 anos denunciam que o garoto sofreu preconceito e foi criticado no grupo de WhatsApp da Escola Estadual Aníbal de Freitas, em Campinas, São Paulo, após ter sugerido um trabalho com tema LGBT.

A criança chegou a ser atacada por pais de alunos e funcionários da escola. Por conta dos ataques, os familiares registraram um boletim de ocorrência, onde denunciam preconceito e intimidação. 

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O boletim deve ser direcionado ao 7º Distrito Policial, que ficará responsável por avaliar o caso e abriu, ou não, o inquérito. Segundo o portal G1, após a sugestão, o garoto recebeu mensagens de pais e de pessoas que se apresentaram como sendo da direção da escola.

Segundo relato da irmã do estudante, uma coordenadora da escola ligou para ele e disse que a sugestão era "um absurdo" e "inadequado para a idade dele". Além disso, a mulher teria afirmado que se ele não apagasse a mensagem iria ser retirado do grupo. 

"Eu não vou permitir que façam isso com meu irmão. A gente tem uma ótima relação com a minha mãe, mas ele mora comigo e com meu marido, porque ele prefere assim. Então eu sou responsável por ele. Aqui a gente fala sobre tudo, não temos preconceito", afirmou a irmã.

Ela revela que não houve nenhum contato da direção da escola com a família para tratar sobre o episódio. "Eu estou revoltada com o estado que as pessoas deixaram meu irmão", pontuou.

A baiana Pitty participou do programa Saia Justa, da GNT,  junto com Juliette, campeã do BBB 21, Gaby Amarantos, Astrid Fontanelle e Mônica Martelli. Durante o programa, questionadas sobre a questão de serem do Norte, Nordeste e o preconceito que sofrem ou já sofreram com isso, a cantora disse sempre quis quebrar estereótipos, chegando a citar o fato de cantar rock e ser baiana, algo que pelo que era questionada anos atrás, não fazia sentido, ela tinha que cantar axé por exemplo.

Pitty concordou com fala anterior de Juliette e completou, “as mulheres nordestinas, ou do norte, não são iguais, nós temos coisas que nos conectam, nossa cultura nos conecta, mas cada uma tem sua individualidade, então colocar as mulheres num estereótipo, é muito ruim, eu sempre procurei quebrar os estereótipos”.

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Falando como se portava em relação a ser diferente e a como tentou quebrar os estereótipos, disse: “dentro das minhas possibilidades, quando eu podia me comunicar, dar entrevista, eu dizia o seguinte, sim, eu sou baiana, mas as mulheres baianas são diversas”.

Sobre diferenças de quando era adolescente e hoje em dia, em relação a referências na televisão brasileira de pessoas nordestinas, a cantora baiana disse que tinha apenas as midiáticas como exemplo, em novelas, mas que eram estereotipadas, com o mesmo sotaque. “Onde o sotaque baiano era sempre igual ao de outros estados. As pessoas desse jeito não sabiam nem que o sotaque da Bahia, é diferente do de Recife, diferente do da Paraíba, completamente diferente do Norte e que inclusive é outra região. Colocavam tudo no mesmo bolo e vendiam. O que a gente pode entender sobre isso? A diversidade no Brasil, a gente tem uma vastidão de dialetos, o Brasil fala muitas línguas e a gente está tendo a oportunidade de ver isso através de Juliette, através da abertura pra isso da mídia, através da internet, já que podemos chegar a qualquer lugar que quisermos”, finalizou Pitty.

Pitty ainda usou como exemplo, gerando risada e debate com os outros integrantes, de como conheciam a comida munguzá, onde em São Paulo é canjica e segundo Gaby Amarantos, pro Paraense é mingau de milho. Demonstrando a diversidade do país.

Veja vídeo da fala de Pitty:

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Segundo pesquisa realizada pela rede social LinkedIn, 35% dos entrevistados LGBT já sofreram algum tipo de discriminação no trabalho, seja direta ou velada. Esse número alarmante evidencia o preconceito enraizado na sociedade brasileira, e o quão prejudicial esse contexto é para a comunidade LGBTQIA+, seja no sentido profissional, o qual é diretamente afetado, seja nos quesitos psicológicos.

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A universitária Gabi Muller, coordenadora da ONG Grupo de Trabalho de Gênero da Associação de Jovens Engajamundo, conta que o fato de ser lésbica não afetou na sua escolha profissional, mas fez diferença no ambiente universitário. “Na universidade, ao me entender não heterossexual, percebi que, sim, isso diria muito sobre as provações que a universidade e o mercado de trabalho trariam. Uma das coisas mais marcantes pra mim, no entanto, não é a sexualidade em si, mas a performance de gênero e as coisas das quais não se pode falar. Foi só quando tranquei o curso em 2019 que consegui me orientar melhor quanto a essa tal performance. E me descobri fora da feminilidade. Foi um trabalho danado até eu conseguir voltar, me inscrever pra estágio e ocupar esse espaço enquanto sapatão”, explica Gabi.

A estudante de Engenharia Ambiental relata que sua primeira experiência sofrendo preconceito no ambiente de trabalho foi em uma padaria, e que seu chefe a questionava sobre sua sexualidade, algo sobre o que ela não sabia se posicionar na época. Esse tipo de relato, mais comum do que o imaginado, revela a frequência do preconceito e da discriminação na sociedade, e o quanto tais experiências são nocivas para quem as sofre.

Além dos aspectos psicológicos, o rendimento da comunidade é posto em prova diante dos diversos ataques sofridos na jornada profissional. “Além disso, tem o próprio cansaço de ser questionada sobre identidade e sexualidade fora do ambiente profissional. Isso reduz com certeza a energia que uma pessoa pode ter, e eu inclusa nisso, para cumprir com prazos, pressão etc.”, expõe Gabi Muller.

Como uma mulher lésbica, Gabi diz que, para enfrentar o problema, as empresas precisam contratar não apenas LGBTQIA+, mas também outros grupos que rompam com o padrão socialmente aceito. “Acredito que as empresas privadas grandes, por exemplo, por seu maior potencial de financiar, poderiam se posicionar mais enfaticamente diante de retrocessos na nossa agenda, embutir dinheiro para financiar projetos de ONGs e coletivos. Os setores públicos deveriam ter políticas mais efetivas de inclusão também”, finaliza Gabi.

Marcos Melo, assessor de comunicação da ONG Olivia, diz que felizmente não sofreu dificuldades de acessar o mercado de trabalho por ser gay. Ele relata que sempre conseguiu contrapor o preconceito se posicionando quanto profissional. Mas tem consciência de que sempre vai haver quem sofra discriminação em ambientes de trabalho por ser LGBTQ+.

“Felizmente eu estou em uma área que consegue, sim, ser muito mais abrangente em relação a pensamentos que estão fora do padrão”, expõe o assessor sobre o seu ambiente de trabalho.

Marcos diz que ser um homem gay no Brasil é um exercício diário de sobrevivência. O Brasil é um dos países que mais matam LGBTQ+ todos os dias. Em 2020, foram registrados 237 mortes violentas contra LGBTQ, segundo o Acontece - Arte e Política LGBTI+ e o Grupo Gay da Bahia. O país também é líder em assassinato de transgêneros e travestis pelo 12º ano consecutivo, levantamento de mesma fonte.

“Você diariamente precisa dizer para si mesmo, que a sua vivência não é errada, que a sua vivência não é um afronte para a sociedade. Pelo contrário, é a expressão da sua liberdade, então ser LGBT no Brasil é resistir psicologicamente e fisicamente todos os dias”, relata Marcos.

Marcos fala que a inclusão é baseada em repensar toda a estrutura da empresa, como a pessoa será recebida, como lidar com essas pessoas diariamente, como os outros funcionários irão se portar diante disso. É conceder qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho, orienta, para que a pessoa possa se sentir confortável. Esse comportamento não se limita à comunidade LGBTQ+, mas a todas as comunidades que ainda são excluídas, como os pretos, os deficientes, os indígenas, reforça Marcos.

“Falar em preconceito é falar em garantia de direitos, de direitos que também são nossos”, diz o assessor da ONG Olivia.

Marcos acredita que a educação é a forma de combater o preconceito. "É a forma que a sociedade vai caminhar para frente, é a base de qualquer indivíduo. Então é com a educação que podemos mudar a realidade que vivemos hoje." E faz um apelo: “É que as pessoas nos deixem viver, deixem ser quem nós somos, deixem amar quem nós queremos amar, deixem viver a nossa vida da maneira que nós achamos correta. Isso não diz respeito a ninguém e nem deve dizer, então que as pessoas sejam livres e nos deixem ter a liberdade que é nossa por direito”.

A ONG Olivia oferece informações a empresas sobre como proceder para que as pessoas LGBTQ+ possam viver de forma saudável com seus colegas em ambiente de trabalho. A ONG também oferece apoio psicológico para quem precisar (@olivialgbt). “A ONG Olivia está sempre disposta a ajudar”, encerra Marcos.

Por Alessandra Nascimento e Roberta Cartágenes.

 

No último domingo (25), Juliette fez um desabafo sobre o preconceito que sofre, em determinados lugares, por ser nordestina. Na área externa da casa do BBB 21, ela contou aos demais confinados que várias pessoas a tratam como “analfabeta” por ser da Paraíba. O relato dela surpreendeu e tocou muita gente, dentro e fora do reality. 

Juliette é formada em direito mas disse que, apesar do diploma e de seu nível de educação, sofre preconceito em alguns lugares fora de sua região de origem. “Eu sou uma pessoa estudada e tal, mas onde eu chego as pessoas me tratam como analfabeta. Me tratam como uma matuta e como burra em muitos lugares. Eu frequento lugares de alta sociedade em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília... As pessoas acham que o Nordeste é mato, seca, jumento e analfabeto e não é”. 

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Do lado de fora da casa, o público se comoveu com o relato da paraibana e comentou bastante sobre o tema nas redes sociais. “Esse discurso da Juliette falando sobre a interpretação que as pessoas possuem em relação aos nordestinos é tão preciso. Ela sofreu xenofobia na casa e, inclusive, foi invalidada tantas vezes”; “É extremamente ofensivo isso que Nordestino passa”; “Como nordestina, já ouvi coisas que até Deus duvida”.

Janeiro é considerado o mês dedicado à visibilidade trans. A data foi definida em 29 de janeiro de 2004, quando homens e mulheres trans e travestis foram até o Congresso Nacional com a campanha Travesti e Respeito, pautando a visibilidade das vidas trans e a promoção da cidadania. Mas, 17 anos depois, para as pessoas trans, o Brasil ainda é o retrato da falta de direitos, do preconceito e da violência.

De acordo com a ONG Transgender Europe (TGEU), responsável por monitorar 71 países, o Brasil é o que país que mais mata transexuais no mundo. Em 2020, o Brasil teve 175 assassinatos de pessoas trans. Segundo o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), o número equivale a uma morte a cada dois dias. Todas as vítimas eram mulheres não cis (leia sobre gêneros aqui), e em sua maioria negras, pobres e que trabalhavam como prostitutas na rua.

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A prostituição é um dos principais motivos do número alto de mortes. Sem perspectivas e sem o apoio da família, da sociedade e do mercado de trabalho, grande parte das mulheres trans acaba seguindo esse caminho que, por muitas vezes, é o único que pode gerar a renda necessária para sobreviver. Expostas aos perigos da rua, muitas se tornam estatística. O fator está diretamente ligado ao baixo tempo médio de vida de uma pessoa trans, que é de apenas 35 anos, enquanto a expectativa de vida da população em geral - pessoas cis e heterossexuai s- é de 75,5 anos.

As dificuldades começam dentro de casa. Com medo da reação da família, muitas transexuais demoram a iniciar o tão sonhado processo de transição, período pelo qual uma pessoa passa para se adequar ao gênero a que ela realmente sente pertencer, podendo se submeter a tratamentos hormonais, cirúrgicos, fonoaudiológicos, entre outros.

É o caso da universitária Bruna Tavares, nascida em um âmbito familiar conservador, que já se identificava como mulher trans desde os 15 anos, mas só conseguiu dar os primeiros passos aos 19. “A parte mais difícil de todo esse processo foi contar para as pessoas mais próximas que eu estaria começando uma transição. Muitas pessoas não esperavam que eu fizesse algo assim. Depois da transição, eu pude ser mais eu mesma, isso me abriu portas. Fiquei mais confiante comigo mesma”, disse.

A estudante, no entanto, ainda sente medo de andar na rua. “Ser uma pessoa trans no Brasil é muito complicado. A gente sai na rua e bate aquele medo de alguém estar percebendo que somos trans. Sempre vemos notícias de transexuais sendo mortas. Não deixa de passar pela nossa cabeça que poderia ter sido eu ou alguma amiga próxima. Vivemos com um medo constante de uma coisa simples, que é ser quem a gente é”, desabafou.

Um dos casos de maior repercussão e que causou comoção mundial foi o assassinato da travesti Dandara Santos, de 42 anos, em 15 de fevereiro de 2017, no Ceará. O homicídio obteve visibilidade após o compartilhamento, nas redes sociais, do vídeo que mostra a vítima sendo agredida por um grupo no meio da rua. 

A gravação, com pouco mais de um minuto, mostra os momentos de tortura e agressão, realizados por pelo menos quatro homens, com chutes, chineladas e pedaços de madeira. Ao final, é possível ver os culpados descendo a rua, com a travesti desacordada num carrinho de mão. O crime não parou por aí. Dandara foi morta a tiros.

Uma escultura em homenagem à travesti foi exposta em Nova York, em 2019. A obra, do artista Rubem Robierb, simboliza as asas de uma borboleta. A intenção foi representar a ideia de tolerância, e de que as pessoas devem acreditar em seus sonhos.

Em 2020, A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou um projeto que denomina uma rua com o nome de Dandara Ketley, no bairro Bom Jardim, onde a travesti foi assassinada. A proposta é conscientizar sobre a necessidade de políticas públicas que promovam a proteção e a cidadania.

Mesmo com o alto índice de violência, conquistas também marcam os anos de luta. Nos últimos 17 anos, a população trans conseguiu passar a doar sangue e caracterizar a transfobia como racismo, além de obter o direito a mudar seus nomes de registro civil, como é o caso da digital influencer de Belém do Pará Francielle Neriah, que leva, com frequência, informações e vivências de sua realidade como pessoa trans.

Os seguidores puderam acompanhar todo o seu processo de transição. “Não é uma vitória de casa, uma vitória de bem material, é uma vitória de bem-estar espiritual, ainda que eu saiba que sou mulher, não por ter silicone ou traços femininos, mas sim por agora ter meu registro civil feminino. Isso significa que eu, como mulher trans, posso obter os mesmos direitos que as demais, porque além de ser mulher de alma, sou uma mulher em documento. Não foi fácil, mas eu consegui”, declarou.

A influencer conta que, antes da transição, se sentia feliz, mas não completa, e não conseguia se ver no futuro sendo Forlan - seu nome de batismo. “Não tinha como eu me ver e me idealizar com algo que não era eu. A partir do momento em que eu me libertei, consegui querer ter minha casa, querer ter meu espaço, meu lugar de fala, querer voltar a sonhar sabendo que eu estaria me encaixando naquilo que eu me vejo”, contou.

por Lucas Ribeiro, André Maia e Larissa Silva.

 

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A gordofobia é uma forma de discriminação, caracterizada pela falta de tolerância com pessoas consideradas acima do peso ideal para aquilo que se convencionou como “padrão de beleza”. Apesar da obesidade (18,9%) e o sobrepeso (54%) serem uma realidade para mais de 70% da população brasileira, segundo relatório do Ministério da Saúde, os episódios envolvendo gordofobia têm sido recorrentes.

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A realidade de quem sofre gordofobia no trabalho é alarmante. O que para muitos é apenas uma “brincadeira”, para as vítimas é algo que afeta diretamente vários aspectos da vida. Seja on-line ou off-line, os atos de gordofobia configuram crime e estão sujeitos à reparação de acordo com a lei. 

Para Flávio Guarany, advogado da área trabalhista, a gordofobia pode ser caracterizada como assédio, quando um funcionário é constrangido com comentários inapropriados no ambiente de trabalho. “A vítima pode processar a empresa, com as provas devidas, testemunha, vídeo, entre outros”, diz. “A empresa pode ser condenada por danos morais. O amparo são as indenizações”, destaca o advogado sobre as ações que podem ser tomadas num caso de gordofobia no local de trabalho.

A designer de unhas Andy Miranda alega ter sofrido gordofobia desde criança. Ela diz que foi ensinada que o corpo gordo não era bonito, saudável e, por isso, não era digno de interesse. Para a designer, as crianças devem ser ensinadas que aparência não tem nada a ver com saúde e que peso não tem a ver com beleza. “Eu acho que esse ensino precisa vir do início. A gente só resolve um problema se começar pela raiz. Não adianta dar água pras plantas, as folhas parecerem bonitas e a raiz estar ruim, ela nunca vai ficar bonita por muito tempo", assinala. 

Para Andy, a educação muda conceitos e posturas. "É ensinar desde cedo que corpo gordo não é sinônimo de doença, que uma pessoa gorda é linda do mesmo jeito que qualquer outra pessoa. É tirar esse 'mas': 'é gorda, mas tem um rosto lindo', 'é gorda, mas é saudável'. Não existe 'mas'. Somos pessoas gordas, assim como existem pessoas magras, altas, baixas, pretas, brancas", afirma.

Andy considera que a palavra é utilizada como ofensa. "Isso precisa parar. Se você ensina pra uma criança que algo está errado, ela vai acreditar que é, o mesmo se você ensinar que é certo. Ensine a ela que um corpo gordo é um corpo como qualquer outro. Não fale sobre corpos saudáveis, diga que existem pessoas saudáveis. Quem sabe, daqui a um tempo, essa visão distorcida seja melhorada”, observa a designer.

Andy fala sobre o processo de aceitação e sua importância. “A aceitação é exatamente isso, um processo. E ela é um processo eterno, na minha opinião. Porque algo que você construiu em anos pode ser destruído com uma única frase. Então, mesmo hoje em dia, quando eu já mudei muitos pensamentos meus a respeito de meu corpo, eu ainda tenho dias e momentos de ódio com ele por ter ouvido durante anos que era assim que eu deveria agir. A gente acaba deixando de fazer coisas simples, às vezes, pelo medo de ser ridicularizada em público pelas pessoas”, diz.

A designer revela comentários que teve que escutar sobre o seu corpo no âmbito de trabalho e em outros lugares. “Eu tento entender se tal comentário feito me afetou porque eu também acho isso ou porque alguém colocou na minha cabeça. Então quando alguém ainda insiste em dizer que eu preciso emagrecer, eu tento prestar atenção e penso: 'será que EU realmente quero fazer isso ou vou começar a achar que quero por conta do que essa pessoa disse?'. Às vezes, a gente começa a ver coisas que não existem, mas se tornam verdades porque as palavras têm força”, conta.

Andy defende que as pessoas tenham cuidado com as palavras. “Porque ninguém perguntou, porque não é da sua conta ou simplesmente pelo fato de que vai machucar alguém. As palavras podem abençoar ou amaldiçoar a vida de uma pessoa, mas não é todo mundo que se importa com isso. Se cada um cuidasse da própria vida e deixasse as pessoas fazerem suas próprias escolhas, teríamos menos experiências ruins”, desabafou.

Aversão e desumanização

Professora da UNAMA - Universidade da Amazônia, a psicóloga Bárbara Sordi explica que a gordofobia é considerada a aversão ao corpo gordo. “Mas ela tem uma complexidade porque envolve não só práticas discursivas de diversas instituições sobre a tutela desse corpo que tenta controlar e adestrar, como ela também produz efeitos psicológicos da subjetivação que envolvem o que você acha bonito, do que você tem aversão o que a gente de alguma forma exclui socialmente”, observa.

A psicóloga afirma que a gordofobia está associada então a uma lógica de desumanização. “Colocando pessoas que se encontram gordas em um lugar de marginalidade, elas vão sofrer preconceito de diversas formas, seja nas relações sociais, seja até mesmo nas questões espaciais arquitetônicas e serviços que não vão estar disponíveis ou acessíveis para elas”, diz.

A professora também aponta diferenças entre a gordofobia e a pressão estética. Bárbara explica que não são a mesma coisa. “A pressão estética está relacionada ao movimento do capitalismo que afeta a sociedade como um todo, que dita padrões de beleza que as pessoas precisam consumir e seguir. Muitas vezes afeta a forma como a pessoa se autoavalia, como ela se enxerga, as cobranças sociais que ela faz sobre si. Uma indústria, um mercado, lucra muito com isso, um sistema patriarcal que impõem um padrão e que valoriza os corpos que são ditos belos e geralmente esse são baseados em padrões eurocêntricos”, analisa.

Segundo Bárbara, a gordofobia é uma aversão que aparece na falta de espaços afastados em aviões, transportes públicos, hospitais, lojas. “Há uma dificuldade de adaptação desse corpo até mesmo pro consumo. São pessoas que vão sofrer dificuldade de encontrar certas profissões, porque são consideradas não aptas, não produtivas, pessoas mais próximas de doença, o que nem sempre é verdade, e também pessoas em que você acaba dando características de psicopatologias como com certos transtornos, pessoas descontroladas, compulsivas, que não têm força de vontade, ansiosas, preguiçosas", afirma.

Em relação aos perigos da gordofobia, a psicóloga relata em primeiro lugar a exclusão social, como também as questões psíquicas. “Você vê que é um isolamento, mesmo que não declaradamente escancarado mas, é um conjunto de fatos e ações que isolam e marginalizam as pessoas gordas. São pessoas que também passam pelo processo de vergonha, de culpabilização, de sofrimento diante o preconceito desse entorno social, se apagam todas as outras características e potencialidades e se exalta a questão do excesso de peso, como negativa, prejudicial”, observa.

Bárbara também avalia como esse preconceito afeta a autoestima. “Em relacionamentos amorosos, amizades, é muito comum você ouvir relatos de pessoas que sofrem preconceito, piadas, a dificuldade do relacionamento ou o relacionamento que é feito às escondidas porque a pessoa tem dificuldade de apresentar a pessoa para outras e assumir aquela relação. Isso afeta em alguma medida as relações sociais e os sentimentos dessa pessoa consigo”, diz.

Reflexão e diálogo

A psicóloga informa que a ruptura dos padrões passa pela reflexão e pelo diálogo. “Umas das questões importantes é o diálogo, é começar a desnaturalizar as frases que nós falamos automaticamente e muitas vezes sem reflexão em relação às demais pessoas. A discursividade, o diálogo, a reflexão, a leitura de livros são muito importantes para perceber que as pessoas são diferentes, têm estruturas diferentes, comportamentos diferentes, realidades diferentes e vão se posicionar de formas diferentes sempre. A gente não tem como pedir um padrão unívoco da sociedade”, adverte.

Para Bárbara Sordi, a classificação de preconceitos, gordofobia, homofobia, machismo, entre outros, como “mi mi mi” impede a problematização. “Nós vivemos numa sociedade capitalista que defende o mito da meritocracia, que é um mito que apazigua, apaga e não reflete criticamente em relação à estrutura social, às questões dos determinantes sociais que interferem nesse sujeito. Essa ideia do individualismo é muito complicada”, pondera.

Bárbara também avalia o preconceito em relação a pessoas negras. “Quando a gente vai falar de um corpo que é marcado pela interseccionalidade, e a questão de raça é indiscutível, quando você sabe que o corpo negro é extremamente mais violado em todos os sentidos, pelo racismo estrutural no Brasil, então sem dúvida mulheres negras gordas são as mais afetadas diante desse padrão de beleza que se coloca e dessa marginalização social”, contou.

A psicóloga destaca a psicoterapia como uma maneira de ajudar a lidar com o preconceito, para quem tem recurso financeiro para isso, mas também leituras, grupos, seguir pessoas que repelem esses padrões estéticos. Segundo Bárbara, é importante começar a consumir outros produtos, se aproximar de pessoas que debatem esse tema para desconstruir essa imagem e discurso que são impostos pela sociedade.

“A luta contra a gordofobia precisa acontecer com uma politização desse processo de exclusão dos discursos, das piadas, dos comentários cotidianos, dos filmes, dos programas de tevê. A gente precisa falar mais sobre isso, trabalhar a questão da inclusão, da aceitação, da diferença. É um processo que a gente precisa fazer de uma forma muito integrada e que pode começar em casa, mas não só. Precisa se estender a discussões políticas e para políticas públicas”, destaca a psicóloga.

Com o auxílio do programa Crescer Saudável, integrante do Programa Saúde na Escola do Ministério da Saúde, novas abordagens a respeito do sobrepeso procuram combater a gordofobia. Iniciativas públicas buscam a prevenção da obesidade infantil sem a reprodução de preconceitos ou estereótipos negativos, informa a Agência Brasil.

Por Maria Rita Paiva e Yasmin Seraphico.

 

 

 

 

 

Em um vídeo publicado na terça-feira (1º), a cantora Kelly Key disse ter sofrido preconceito por ser uma mulher bonita. O vídeo publicado em seu canal no YouTube foi em referência ao seu aniversário de 38 anos, ocorrido há quase um mês.

"Durante minha carreira inteira, minha insegurança sempre foi falar sobre beleza e trabalho. As pessoas adoram criticar uma mulher que gosta de se cuidar, uma mulher bonita, que chame atenção por suas qualidades físicas e isso sempre me causou muito receio de ser julgada pela aparência", disse. "Foi uma luta muito grande minha de tentar provar algo a alguém, que eu sou mais que a imagem. Por incrível que pareça, ser bonita causa muita insegurança porque causa muito preconceito, as falas são muito pesadas, muito grosseiras. A gente tem que lidar com coisas muito difíceis, apesar de ter uns privilégios também", completou.

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A cantora destacou ter chegado aos 38 anos segura de si, mas com inseguranças. Kelly Key comentou que desde a infância ouvia comentários sobre o seu corpo, que se desenvolveu muito cedo. Além de ter sofrido ataques ao longo da carreira musical.

"A tendência da sociedade em criticar a mulher em ascensão, se eu sabia cantar mesmo. Fui convidada para coisas tão legais que eu neguei pela insegurança do que as pessoas diziam", revelou.

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Um levantamento divulgado na última segunda-feira (8) pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), empresa do Ibope Inteligência, mostra que 35% das mulheres paulistanas, o equivalente a 1.974.350 pessoas, já foram vítimas de preconceito ou discriminação no ambiente de trabalho.

O dado apresenta um aumento na comparação com 2020, quando 31% das mulheres disseram ter sofrido discriminação ou preconceito na empresa onde trabalham.

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A situação é mais frequente entre mulheres de 16 a 34 anos, com percentual de 48%, e 46% das paulistanas que não são de religiões católicas ou evangélicas dizem ter sofrido assédio ou preconceito no trabalho.

Em relação ao assédio no ambiente corporativo, 31% das paulistanas disseram ter sofrido a violência em 2021. Em 2020, o índice registrado foi de 22%.

Por Emmanueli Nunes

Ana Maria Braga começou o seu programa, nesta terça (2), pedindo desculpas. Ao comentar algumas falas da participante Lumena no BBB, na última segunda (1º), a apresentadora afirmou que a sister estaria cometendo “preconceito reverso” em relação a alguns confinados brancos do reality. O posicionamento de Ana não pegou bem e ela se retratou, ao vivo. 

Na última segunda (1º), durante o Mais Você, Ana Maria mostrou algumas falas de Lumena, que tecia comentários sobre a “branquitude” e se mostrou incomodada. “A gente tem culpa disso? Tá acontecendo aí um reverso, né? Ali você tem que votar em alguém, não importa se é preto, branco, amarelo, o que é, você tem que votar em alguém, é feio isso.  Fazer preconceito reverso numa situação dessa eu acho que é uma bobagem, é uma pena”. O comentário da apresentadora repercutiu extremamente mal nas redes sociais e ela foi bastante criticada. 

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Já nesta terça (2), ao abrir o seu programa,  Ana Maria voltou ao tema e pediu desculpas. Ela explicou não entender sobre os conceitos mencionados por Lumena e que buscou pesquisar para se retratar. “A gente tem visto no BBB uma dificuldade na conversa e alguns conflitos até em torno de um tema mas isso tb é reflexo da dificuldade que a sociedade ainda tem de lidar com essas questões então a gente vai debatendo, vai aprendendo e chamando mais gente pra essa conversa. Já descobri uma coisa que não farei mais nem pra entender melhor o significado da palavra.  Não faz sentido usar essa expressão, eu peço desculpas,e a gente aproveita o que aconteceu como uma oportunidade para divulgar informação e falar mais sobre isso”.  



 

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