Tópicos | Sistema Único de Saúde

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sancionou nessa quarta-feira (8) a Lei 14.721, que estabelece a oferta de assistência psicológica a gestantes e puérperas, através do Sistema Único de Saúde (SUS). O texto foi publicado na versão desta quinta-feira (9) do Diário Oficial da União e passará a vigorar em 180 dias. A matéria, aprovada no Senado Federal em 17 de outubro, faz duas alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 1990). 

"A assistência psicológica à gestante, à parturiente e à puérpera deve ser indicada após avaliação do profissional de saúde no pré-natal e no puerpério, com encaminhamento de acordo com o prognóstico", diz o texto da sanção. A lei ainda diz que o sistema de saúde deve "desenvolver atividades de educação, de conscientização e de esclarecimentos a respeito da saúde mental da mulher no período da gravidez e do puerpério". 

##RECOMENDA##

Durante a votação no Senado, a relatora da proposta, a senadora Zenaide Maia (PSD-RN), pontuou que existe previsão legal para o atendimento psicológico a mulheres gestantes, em parto e no pós-parto. No entanto, afirmou que a nova lei esclarece ainda mais esse direito e evita o risco de interpretações contrárias. A justificativa da matéria, que foi inicialmente apresentada à Câmara, pontua ainda que muitas gestantes são menores de idade e carecem de infraestrutura para evitar prejuízos à vida e ao futuro.  

"É consabido que, quando uma menor engravida, pode ocorrer uma grande desestruturação em sua vida. Nesse momento é que, muitas das vezes, a menor necessita de orientação e amparo. O Poder Público pode e deve fornecer terapia em graus diferenciados, conforme a necessidade psíquica da parturiente", afirma a justificativa. 

 

A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, descobriu que, para o Sistema Único de Saúde (SUS), ela está morta. Agora, ela tenta regularizar a informação para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19.

Além disso, consta no documento da parlamentar, como apelido, o nome Bolsonaro. Hoffmann compartilhou que o sistema do SUS sofreu um ataque em 2019 e a fraude deve ter atingido outras pessoas.

##RECOMENDA##

"O que o Ministério da Saúde fez para corrigir isso dois anos depois? O que fazer?", indagou a petista. Hoffmann chegou a tomar a primeira dose do imunizante em Brasília. 

O Brasil e o mundo estão vivendo uma grave crise sanitária com a pandemia da Covid-19. O desfinanciamento constante do Sistema Único de Saúde (SUS), a negligência e o negacionismo do Estado diante das ações de enfrentamento ao coronavírus ainda são barreiras que impedem a ampliação das vacinas para todos e todas no Brasil. É por isso que o Conselho Nacional de Saúde (CNS), nesta sexta (29), às 19h, vai realizar a atividade “Abraçar a vacina é amar: a vida, a ciência e o SUS” no Fórum Social Mundial 2021. O evento será virtual, com acesso livre no Facebook e Youtube do Conselho.

O Brasil segue como um dos países mais afetados, vivendo uma aceleração tanto dos casos de Covid-19 quanto da perda de vidas decorrentes da doença, totalizando mais de 8 milhões e 600 mil casos confirmados e mais de 217 mil óbitos, até o dia 25 de janeiro de 2021. A atual situação da pandemia no país, inclusive com a vários episódios de colapso do sistema de saúde, demonstra que muitas pessoas ainda irão contrair a doença. Consequentemente, haverá um aumento ainda maior no número de internações seguido pelo aumento do número de vidas perdidas.

##RECOMENDA##

Vacinação e Equidade

Para além das condições clínicas e de comorbidades, os impactos da pandemia não são iguais para todas as pessoas e grupos sociais da sociedade brasileira. É preciso que o governo leve em consideração as populações que vivem mais vulnerabilidades no país, como grupos prioritários para a vacinação, que é totalmente segura para qualquer pessoa.

O objetivo da atividade é abordar a vacina contra a Covid-19 como um bem comum e universal, e discutir os desafios tanto para o seu acesso buscando a equidade, quanto para a luta de sua efetivação plena para a população brasileira. A atividade vai contar com a presença de profissionais da saúde, ativistas do SUS e acadêmicos em três painéis diferentes: O Papel da Ciência – Pesquisa e Produção – para o acesso universal às vacinas contra a Covid-19; O Papel da Ciência – Regulação Sanitária – para o acesso universal às vacinas contra a Covid-19; e O princípio da equidade para o acesso universal à vacinação.

O que é o Fórum Social Mundial?

O Fórum Social Mundial é um evento internacional que ocorre desde 2001, reunindo mais de cem países diferentes, organizado coletivamente por inúmeros ativistas, pesquisadores e trabalhadores de diferentes áreas, sempre em defesa dos Direitos Humanos e do desenvolvimento social entre as nações.

*Da assessoria 

Um vereador e uma mulher, que não tiveram os nomes revelados, foram presos pela Polícia Civil do Paraná suspeitos de conseguirem guias falsas do Sistema Único de Saúde (SUS) para vender cirurgias bariátricas, que seriam realizadas pelo próprio SUS. 

Sete mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na última quinta-feira (29). Essa ação integra a segunda fase da operação que investiga uma organização criminosa que teria lucrado mais de R$ 10 milhões com a venda das cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS, no hospital da Região Metropolitana de Curitiba.

##RECOMENDA##

As investigações apontam que o vereador teria falsificado guias do SUS, que possibilitava o encaminhamento de pacientes, principalmente do estado de São Paulo, para as cirurgias no hospital do Paraná. Ele estaria atuando justamente com médicos que assinavam essas guias.

A organização criminosa é investigada pelos crimes de extorsão, falsidade ideológica, uso de documento falso, concussão e organização criminosa. 

A Polícia Civil aponta que o grupo atuava por meio das redes sociais ou indicações, entrava em contato com as pessoas de vários estados brasileiros, sendo maioria de São Paulo e Santa Catarina. 

Essas pessoas, muitas vezes, estavam aguardando há anos por essa cirurgia no Sistema Único de Saúde. A polícia aponta que, por isso, acabavam aceitando pagar R$ 3 mil pela cirurgia que deveria ser gratuita.

A DJ Laura Keller, que recentemente deu à luz seu primeiro filho, Jorge Emanuel, compartilhou em suas redes sociais o motivo de ter escolhido  o Sistema Único de Saúde (SUS) para o nascimento do bebê. Segundo ela, a opção de ter um parto humanizado foi o que a levou até a Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Rio de Janeiro, e a nova mamãe foi só elogios à equipe médica que a atendeu.

Segundo Keller, nem ela nem seu bebê tiveram qualquer tipo de problema durante o período em que estiverem no hospital público, entre o parto e a alta do neném. A DJ também disse que ficou internada em um quarto coletivo, com outras parturientes e que todas receberam tratamento igual. “No atendimento do SUS no Maria Amélia fui muito bem tratada e tivemos toda assistência de obstetra, nutricionista, pediatra... Tudo! Nos cinco dias, fomos muito bem tratadas. Pessoal falava que fui bem tratada porque era famosa. Não foi isso! Fiquei em um quarto coletivo com mais três mamães e seus bebês. Todas nós tivemos a mesma assistência e da mesma forma. E meu plano, que não pago tão barato, me deixou na mão”, disse em vídeos nos stories.

##RECOMENDA##

O desabafo se deu por conta de um problema que Laura está enfrentando com seu plano de saúde. Ela, que é titular do convênio, está com cobertura médica, porém, seu bebê recém nascido não está sendo autorizado a fazer consultas. “Consultei o plano para ver se podia levar o Jorge Emanuel ao pediatra. Achando que sim, de boa, que pelo menos eles cobriam a saúde do meu bebê por um mês. Não pode! Meu filho acabou de nascer e só eu e o Jorge (marido) temos acesso ao médico. Meu filho, que tem uma semana de vida, não tem direito a uma consulta simples no pediatra. E pagamos caro por esse plano". 

A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Tereza Lyra, disse em entrevista ao LeiaJá que a população brasileira deve dar o devido valor ao Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente neste período de pandemia de covid-19. Segundo ela, mesmo a pandemia tendo chegado num momento em que o SUS "está sufocado", se não fosse por ele o Brasil estaria registrando mais do que 88.539 mil mortes (até o dia 29 de julho).

"Nós já estaríamos em 300 a 400 mil mortes. O Sistema Único de Saúde garantiu assistência capilarizada porque nós temos um SUS que, do ponto de vista do desenho, ele é muito bom", explica Tereza.

##RECOMENDA##

Ela reforça que o Sistema Único de Saúde vem sendo penalizado com cortes de recursos de forma permanente e, mesmo assim, o que a população brasileira deveria tirar como legado desta epidemia era a valorização do SUS. "Devemos lutar para que o SUS possa, de fato, se consolidar como um sistema universal de acesso à todos os brasileiros", pontua. 

A redução na procura pelas vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), neste período de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), já é percebida pelo Ministério da Saúde e começa a preocupar a pasta, segundo Ana Goretti, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do ministério.

Ela explicou que o distanciamento social e a situação da pandemia no Brasil são fatores que têm gerado impacto na queda da cobertura vacinal. “Muitas famílias ficam com receio de ir aos postos de saúde, mas temos orientado todas as equipes de saúde do país quanto às medidas de segurança para evitar infecções”, disse a coordenadora ao participar, nessa terça-feira (9), da conferência online Webinar, organizada pelo jornal O Estado de São Paulo.

##RECOMENDA##

De acordo com Ana Goretti, o atual momento de pandemia não pode gerar impacto na queda da cobertura vacinal. Ela lembrou que o Brasil possui hoje o maior programa público de imunização do mundo, que distribui mais de 300 milhões de doses de imunobiológicos anualmente.

O PNI conta com 37 mil postos públicos de vacinação de rotina em todo o país, sendo que em campanhas realizadas anualmente este número chega até 50 mil postos e 51 Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs).

“Hoje nós temos um esquema vacinal complexo por ser extremamente completo no combate às doenças mais prevalentes aos brasileiros e que começa a atender nossa população desde o nascimento. Nesse sentido, nós concentramos a oferta de muitas vacinas em um curto espaço de tempo, ainda na infância, para facilitar a imunização da maior parte das pessoas ao mesmo tempo, otimizando também o tempo dos pais ao levarem as crianças aos postos de vacina”, disse Ana Goretti.

*Com informações do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde criou uma ação chamada “O Brasil Conta Comigo”, destinada a profissionais e estudantes de diversas especialidades na área da saúde para ajudar no combate à Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). No caso de profissionais formados, a portaria publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (2) torna obrigatória a criação de um cadastro geral, feito pelos conselhos cada profissão, com os nomes dos trabalhadores habilitados a atuar em território nacional. 

As áreas listadas pelo documento são serviço social, biologia, biomedicina, medicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia e terapia ocupacional, fonoaudiologia, medicina veterinária, nutrição, odontologia, psicologia e técnicos em radiologia.   

##RECOMENDA##

Os profissionais passarão por uma capacitação online sobre os protocolos oficiais de enfrentamento à Covid-19 e serão inseridos pelo Ministério da Saúde em um “cadastro geral de profissionais da área de saúde, de caráter instrumental e consultivo, visando auxiliar os gestores federais, estaduais, distritais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS) nas ações de enfrentamento à COVID-19”. Os trabalhadores também deverão preencher um formulário eletrônico de cadastro disponibilizado pelo Ministério.

Bolsas para estudantes

Além do cadastro de profissionais, a ação “O Brasil Conta Comigo” é destinada a estudantes, que poderão receber bolsas para auxiliar no enfrentamento à doença causada pelo novo coronavírus (SARS-COV-2). De acordo com o edital publicado pelo Ministério da Saúde no Diário Oficial da União da última quarta-feira (1º), alunos dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia e farmácia poderão receber bolsas de até R$ 1.045 para atuar no SUS. 

Os alunos poderão atuar nas áreas de clínica médica, pediatria e saúde coletiva, de acordo com as especificidades de cada curso. Estão aptos ao recebimento de bolsa estudantes de instituições de ensino públicas e privadas, cursando o quinto e sexto ano de medicina, além de alunos do último ano dos cursos de graduação em enfermagem, fisioterapia e farmácia. 

A bonificação depende da carga horária do estágio, variando de R$ 522 até R$ 1.045, e dará acréscimo de 10% na pontuação no ingresso em programa de residência do Ministério da Saúde, no prazo de dois anos, além de certificado de participação. 

Estudantes do primeiro ao quarto ano dos cursos de medicina, assim como estudantes de enfermagem, farmácia e fisioterapia que não estejam ainda no último, ano podem participar e, como gratificação, terão direito a redução no valor da mensalidade em instituições privadas de ensino. 

Os estudantes interessados devem se inscrever preenchendo uma ficha online e aguardar ser chamado por e-mail. Após a convocação, os estudantes têm 48 horas para se apresentar no estabelecimento de saúde indicado.  

LeiaJá também

--> USP anuncia seleção para profissionais de saúde

--> Capes libera 2,6 mil bolsas para estudos de epidemias

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, disse nesta quinta-feira (27) que a rede pública de saúde tem começado a enfrentar a escassez de itens de segurança e prevenção contra o coronavírus. O ministério tem uma lista de 20 itens e quatro deles estão começando a faltar no Sistema Único de Saúde (SUS). Gabbardo afirmou que, se necessário, usará meios jurídicos para apreender esses produtos para evitar o desabastecimento no mercado interno.

Já está marcada uma reunião entre representantes do ministério e a Associação Brasileira das Indústrias de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO). Segundo Gabbardo, a ideia é explicar as necessidades urgentes de uso de máscaras e aventais, por exemplo, e que as empresas precisararão priorizar a venda de tais itens para o ministério, em detrimento de sua exportação.

##RECOMENDA##

“Vamos alertar a essa entidade que não vamos contemporizar em relação a isso. Vamos usar todas as medidas que a legislação nos permite. Se for necessário, vamos impedir a exportação desses produtos e se for necessário vamos solicitar a apreensão desses produtos na própria fábrica”, disse. O tipo de compra da qual o secretário fala, no caso das máscaras, é de cerca de 20 milhões de unidades e 4 milhões de máscaras modelo N95.

Segundo Gabbardo, empresas desistiram de uma licitação com o governo e venderam toda sua produção para outros países. “Algumas empresas que participaram da licitação, na hora de encaminhar os documentos para fazer o contrato, não encaminharam os documentos e se mostraram desinteressadas em vender para o Ministério da Saúde. Isso é uma coisa que nos preocupa muito”.

Gabbardo esclareceu que tomará medidas judiciais mais drásticas em último caso, mas acredita em um consenso e falou em “obrigação social” dessas empresas. “Esses fornecedores têm uma obrigação social também. E se ele vende um determinado produto que tem essa utilização, ele sabe que esse produto é fundamental. Temos convicção de que vamos chegar num denominador comum”, disse.

O Brasil tem um caso confirmado de coronavírus e 132 casos suspeitos, com expectativa de que esse número aumente para aproximadamente 300 casos. Dentre os 132 casos já suspeitos contabilizados, 70 são na Região Sudeste, dez na Região Centro-Oeste, 37 na Região Sul, 15 na Região Nordeste e nenhum caso suspeito na Região Norte.

 

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu nesta quinta-feira (6) atuação solidária do Brasil com os países vizinhos nas estratégias a serem adotadas para um eventual combate ao novo coronavírus. Segundo o ministro, o país que requer mais atenção é a Venezuela, mas, com a ajuda da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), será possível avançar nos trabalhos de vigilância e monitoramento.

De acordo com Mandeta, o Brasil é uma referência não só para os vizinhos, mas para todo o mundo, por conta do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, o Brasil tem ajudado na capacitação de todos os países vizinhos, bem como de alguns da América Central.

##RECOMENDA##

“Temos de ser solidários. O Paraguai, por exemplo, tem muita dificuldade com a parte laboratorial. Nós autorizamos que as amostras de seus pacientes suspeitos sejam rodadas aqui. Argentina e Uruguai têm uma boa estrutura. Nos preocupamos com a Venezuela por conta do desmanche do sistema de saúde deles, que resultou em casos de difteria e sarampo, e da fronteira com Roraima, um estado com estrutura de saúde menor e mais frágil’, afirmou o ministro após reunião com secretários de Saúde dos estados e das capitais.

“Por isso, vamos fazer um trabalho de vigilância e monitoramento junto com a Opas, que dialoga com o governo venezuelano”, acrescentou.

Carnaval

Perguntado sobre como ficarão os trabalhos preventivos ao novo coronavírus durante o carnaval, Mandetta disse que as medidas têm de ser estudadas caso a caso. “Não posso comparar o carnaval, por exemplo, de Mato Grosso, com o do Recife. As coisas são diferentes no que se refere à gestão da regulação do sistema.”

Segundo o ministro, a maioria dos casos que surgirão durante o carnaval possivelmente será de “resfriados que se autorresolvem”. “Quando o paciente tem percepção de que o resfriado é algo maior, geralmente o aconselhamento é domiciliar. Apenas uma fração da fração da fração vai usar um eventual sistema hospitalar. É com esse cenário que cada estado ou município fará seu cálculo.”

Mandetta destacou que cabe ao folião ter bom senso na hora de brincar o carnaval, em especial praticando a chamada “etiqueta respiratória”, termo usado para hábitos como os de cobrir boca e nariz na hora de tossir ou espirrar, e depois descartar o lenço no lixo (ou, quando não tiver lenço, usar o antebraço, e não as mãos, devido ao maior risco de contaminar corrimãos e demais objetos); lavar as mãos com frequência; evitar tocar olhos, nariz ou boca sem ter higienizado as mãos; ou usar máscara cirúrgica quando estiver com coriza ou tosse.

“A vida continua. Não somos uma bolha congelada no tempo. Existe o risco? Existe, porque tem lá na China um vírus novo. As pessoas saem de Pequim, vão para Roma, Lisboa; fazem conexões, convivem com pessoas por 10 ou 12 horas dentro do avião. Estamos blindados, sem risco de nunca vir o vírus aqui? Não, porque isso é próprio da humanidade. Se estiver gripado, com febre e nariz escorrendo, evitar o carnaval. Sempre houve mudança de vírus na história da humanidade. Ou nosso organismo criou imunidade, ou a ciência identifica, mapeia geneticamente e então trabalha com testes rápidos para, depois, termos a vacina”, completou.

 

O governo federal lançou esta semana a Câmara Saúde 4.0, instância dedicada a propor formas de promover a digitalização da saúde no país. Entre as intenções do Executivo está a integração de dados dos cidadãos que utilizam esses serviços, não somente no Sistema Único de Saúde (SUS) como na iniciativa privada.

A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Internet das Coisas (IdC). O termo é empregado para designar o ecossistema de dispositivos conectados que se comunicam, não apenas computadores e smartphones, mas também sensores e eletrodomésticos inteligentes e até veículos. Grupos semelhantes já foram criados para as áreas de agricultura, indústria e cidades.

##RECOMENDA##

“Quando se fala de saúde, temos um país grande, de difícil acesso. Por meio da tecnologia podemos levar mais qualidade de vida para as pessoas. Isso envolve 5G [novo padrão de conectividade móvel que vai suceder o 4G], envolve Internet das Coisas, que vai revolucionar como a gente vive com as máquinas interligadas e se comunicando”, destacou o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, em cerimônia que marcou a criação da Câmara, em Brasília.

O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, informou que um dos objetivos é constituir um sistema integrado no qual será criado um prontuário eletrônico de cada paciente, que vai reunir cinco tipos de dados dos cidadãos: consulta na atenção básica, resumo da internação, medicação consumida, exames laboratoriais e vacinas.

“Com esses cinco tipos de dados estamos fazendo um pequeno chassi e depois vamos acoplando inúmeras outras informações para construir essa magnitude de sistema, para conectar nossos 215 milhões de habitantes para não deixar ninguém para trás”, destacou o titular da pasta. Os dados coletados, continuou, podem ser utilizados para fins de pesquisa, construção de soluções em saúde, avaliação de situações relacionadas à cobertura vacinal e enfrentamento de doenças.

Segundo Mandetta, o projeto vai abarcar não somente os serviços públicos, mas também a iniciativa privada. “No nosso futuro prontuário, não faz diferença se é público ou privado, cada um tem que ter o seu”. Na Câmara, acrescentou, representantes do governo, dos gestores estaduais e municipais e do setor privado discutirão ações neste sentido.

“Acredita-se que em 2025 teremos 75 bilhões de dispositivos conectados à internet. Imagine a quantidade do uso dessas informações para a saúde. Seja no monitoramento de paciente crônico, seja no avanço da infraestrutura dos hospitais, já se fala em hospital 4.0, onde a gente vai automatizar todos os processos e precisar cada vez menos da interação humana”, complementou o diretor do Departamento de Informática do SUS, Jacson Venâncio.

O Ministério da Saúde começou a aplicar um projeto-piloto no estado de Alagoas, integrando todos os dados do Sistema Único de Saúde, como parte do programa Conecte SUS. O estado foi escolhido por facilidades geográficas e pela baixa informatização das unidades.

Cuidados

Na avaliação do médico e pesquisador associado do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da Universidade de São Paulo (NAP-DISA/USP) Daniel Dourado, o potencial de criação de um banco de dados de todos os cidadãos brasileiros para fins do prontuário unificado inspira cuidados acerca da segurança e das condições de acesso a essas informações, especialmente considerando que o governo sinalizou a possibilidade de integração não somente entre unidades do SUS, mas também entre agentes privados do setor."

Como eles não detalham como vai ser feito, o prontuário único vai ser usado como? Quem vai garantir que dados não sejam usados para alterar o preço dos serviços de saúde suplementar? Quem vai ser responsável pela segurança e pelo sigilo, já que a lei determina a responsabilidade do controlador e do operador do tratamento dos dados? No caso do prontuário, o dado não é apagado ao fim do uso, o que gera uma complicação adicional”, questiona o pesquisador.

Internet das Coisas

Em setembro do ano passado, a Agência Brasil publicou uma série de matérias sobre a Internet das Coisas. As reportagens mostravam como essas soluções tecnológicas podem trazer mudanças na forma como os serviços de saúde são ofertados. No combate a doenças crônicas e infectocontagiosas, esses equipamentos podem ser empregados para o monitoramento remoto de pacientes, auxílio à identificação e controle de epidemias e diagnósticos descentralizados. Neste último exemplo, inovações viabilizam a realização de exames sem a necessidade de enviar amostras para laboratórios, permitindo maior agilidade em decisões do tratamento, especialmente em locais remotos.

Na promoção da qualidade de vida, há soluções já em implantação no mercado, como monitoramento do condicionamento por meio de aparelhos como pulseiras, relógios e lentes de contato. Para assistência a pessoas mais velhas, pequenos sensores podem alertar quem faz o monitoramento em caso de queda.

Um sistema denominado “geladeira inteligente de vacinas” (vaccine smart fridge), de uma empresa nos Estados Unidos, possibilita o acompanhamento em tempo real da temperatura, o que contribui para evitar dano às doses. Além disso, com a tecnologia, o controle do estoque pode ser realizado em tempo real em qualquer lugar do mundo, facilitando a gestão das doses.

 

Uma idosa de 69 anos, usuária do Sistema Único de Saúde, foi beneficiada com recente decisão liminar que obrigou o Estado de Pernambuco a providenciar a internação da paciente para realização de cirurgia de artroplastia total do quadril com implante de prótese não cimentada. A ordem judicial, em resposta a ação proposta pela Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), frisou ainda que o procedimento deverá ser realizado em hospital da rede pública ou privada, às custas do Estado.

A idosa, que sofre há cerca de quatro anos de fortes dores no quadril, encontra-se atualmente sem poder se locomover em razão de uma grave artrose na região. Seu médico assistente indicou, então, a realização do procedimento cirúrgico, negado pela Secretaria de Saúde do Estado. 

##RECOMENDA##

Embora tratando-se de procedimento de urgência, em razão do agravamento do estado clínico da idosa, não houve resposta alguma por parte do Estado no sentido de garantir à paciente o devido tratamento, razão pela qual a Aduseps ingressou com ação judicial e obteve resposta favorável do Poder Judiciário.

*Da assessoria

Com a chegada do mês de janeiro, a Secretaria de Saúde de Olinda retoma a realização de exames preventivos de mamografia em diversos bairros da cidade. O serviço gratuito, que é desenvolvido no mamamóvel, tem como finalidade atender as mulheres olindenses de 50 a 69 anos. As usuárias devem apresentar o cartão do SUS, RG e a ficha de atendimento no momento da consulta.  

##RECOMENDA##

A cada dez atendimentos por acidente de transporte realizados em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), oito são motociclistas. Segundo dados do Ministério da Saúde, os homens representaram 67,1% dos atendimentos nas unidades de saúde e as mulheres, 50,1%. A faixa etária mais acometida são os jovens entre 20 e 39 anos. Os números fazem parte da pesquisa VIVA Inquérito 2017, realizada a cada três anos pela pasta.

Em 2018, os acidentes de trânsito causaram 183,4 mil internações que custaram R$ 265 milhões ao SUS. No ano anterior, o número de internações foi 181,2 mil ao custo de R$ 259 milhões, sendo que mais de 50% das internações envolveram motociclistas.

##RECOMENDA##

Para reduzir a violência no trânsito, o governo federal lançou a Operação Rodovida 2019. A ação integra órgãos federais, como o Ministério da Saúde, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ministério da Infraestrutura, em articulação com estados e municípios. A operação vai incluir o período de festividades de Natal, Ano-Novo e Carnaval por elevar o fluxo de veículos que circulam nas rodovias federais de todo o país.

O ministério também desenvolve, desde 2010, uma ação nos pontos com maiores problemas, principalmente no que se refere a mistura de “álcool e direção” e à velocidade excessiva e/ou inadequada. O Projeto Vida no Trânsito é realizado em parceria com municípios e ressalta a importância da articulação do setor saúde com o trânsito no cumprimento do Código de Trânsito Brasileiro nos componentes da vigilância (informação qualificada, monitoramento das lesões e mortes e fatores de risco), prevenção e cuidado pré-hospitalar, hospitalar e de reabilitação ofertado às vítimas.

 

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 715/19, da deputada Marília Arraes (PT-PE), que prevê prioridade para atendimento, no Sistema Único de Saúde (SUS), de mulheres vítimas de agressão.

Pela proposta, elas terão prioridade em serviços de assistência psicológica e social e preferência na realização de cirurgia plástica reparadora. A regra vale para mulheres que, em decorrência de agressão, passem a apresentar qualquer deformidade ou deficiência atestada por laudo médico.

##RECOMENDA##

O relator, deputado Alexandre Padilha (PT-SP), destaca que o sistema de atendimento à mulher vítima de violência precisa ser eficaz. “O rápido tratamento facilitará a recuperação física e psicológica”, disse.

Ações

A proposta aprovada também prevê que o Poder Executivo promova as seguintes ações:

– realização periódica de campanhas de orientação e publicidade institucional;

– distribuição gratuita de remédios durante o pré e o pós-operatório;

– encaminhamento para clínica especializada dos casos indicados para contemplação diagnóstica ou tratamento, quando necessário;

– controle estatístico dos casos de atendimentos.

Conforme o texto, os recursos financeiros destinados a essas despesas serão alocados para o ano subsequente à sua aprovação e provenientes da programação orçamentária de saúde. Poderão ser realizados convênios para efetivação das medidas.

Tramitação

A proposta, que tramita em caráter conclusivo, já foi aprovada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Agora, segue para análise das comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

 

Para acabar com o desespero de quem se expõe à contaminação do vírus HIV (transmissor da Aids), o Programa Municipal de DST/Aids (PM DST/Aids) de São Paulo lançou uma nova campanha para ampliar a divulgação da Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Mesmo sendo oferecido de maneira gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS) há quase 10 anos, grande parte da população ainda desconhece a PEP.

Trata-se de uma medicação de uso diário, por 28 dias ininterruptos, aplicada para evitar a infecção. Para surtir efeito, os cuidados devem ser iniciados até 72h depois da exposição de risco ao contágio pelo vírus, de preferência nas duas primeiras horas do ato.

##RECOMENDA##

A campanha publicitária, produzida de maneira voluntária por alunos do último ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Metodista de São Paulo, tem como enfoque os jovens de 15 a 29 anos, entretanto o coordenador da área de prevenção do Programa Municipal de DST/Aids, Adriano Queiroz da Silva, alerta que a PEP está disponível para todas as idades. "É para qualquer pessoa de qualquer idade, mas como há uma epidemia crescente de HIV entre os jovens e os estudantes também são jovens, a gente pede que eles façam campanhas focadas para este público", explica Silva. "A gente começou a ofertar a PEP ao HIV no serviço de emergência/urgência e, hoje, nós temos mais de 50 unidades que ofertam na cidade de São Paulo, sendo que 35 delas são 24 horas", complementa.

Além de estarem dispostas nos serviços da Rede Municipal Especializada em DSTs/Aids, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, a medicação pode ser encontrada em unidades de saúde como Pronto-Socorros (PS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Os endereços estão disponíveis no site do PM DST/Aids.

Em 2017, a faixa etária dos 15 aos 29 anos concentrou mais da metade dos novos casos de Aids na cidade de São Paulo.

Quase duas mil vagas para a realização do exame da mamografia serão disponibilizadas pela Prefeitura do Recife a partir da próxima segunda-feira (2). As avaliações acontecerão no mamógrafo móvel do órgão municipal, que passará por mais de 20 ações nos Distritos Sanitários 2,4,5,7 e 8. 

Para realizar os exames, as mulheres não precisarão fazer agendamento, só precisam ser moradoras do Recife e ter entre 50 e 69 anos (faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde). Os atendimentos acontecerão de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e no sábado (21), das 8h às 12h, de acordo com a distribuição de fichas - 40 para cada turno. 

##RECOMENDA##

É necessário levar documento de identificação, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e comprovante de residência. O resultado do exame é entregue em até 20 dias na unidade de saúde onde o veículo ficou estacionado ou naquela mais próxima ao local da ação. Quem está fora da faixa etária dos 50 aos 69 anos e precisa fazer a mamografia deve procurar a unidade de saúde de referência para pegar um encaminhamento.

[@#video#@]

##RECOMENDA##

Já se tornou rotina encontrar as maternidades do Grande Recife superlotadas, muitas vezes sem leitos disponíveis e com as gestantes tendo os seus bebês no chão, na cadeira de rodas ou em qualquer lugar dos corredores das unidades de saúde. Isso se dá pela falta de maternidades em vários dos municípios pernambucanos. Para se ter uma ideia, de acordo com levantamento do LeiaJá, das 15 cidades da Região Metropolitana, oito não têm maternidades funcionando - além de Olinda e Jaboatão dos Guararapes que tem uma maternidade, cada, com obras paralisadas. Tal realidade faz com que a cidade do Recife viva sobrecarregada.

Dos mais de 104 mil partos realizados pelo SUS em Pernambuco no ano de 2018, 58 mil (56%) foram feitos na rede sob gestão estadual ou conveniada pelo Estado. Só nas maternidades de responsabilidade da Prefeitura do Recife, que são quatro, foram quase 13 mil partos realizados em 2018. Essa alta demanda faz com que as grávidas que moram na capital pernambucana enfrentem problemas para conseguirem um parto digno, ou até uma vaga na unidade.

Mesmo sendo a região mais populosa e desenvolvida, nem todos os municípios do Grande Recife contam com maternidades. Ilustração: João de Lima/LeiaJá

De acordo com a Secretaria de Saúde de Pernambuco, no Estado existem 75 maternidades de todas as esferas (estaduais, municipais, federais e rede conveniada). A secretaria não confirmou se todas essas maternidades estão em pleno funcionamento - atendendo adequadamente e realizando os partos. Para se ter uma ideia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em Pernambuco existem 185 cidades. Se as 75 maternidades que existem no Estado correspondessem a um município, cada, ainda assim seriam 110 cidades pernambucanas sem maternidade alguma. 

Um levantamento do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), juntamente com a confirmação do LeiaJá, mostra que, na RMR, as cidades de Igarassu, Itapissuma, Itamaracá, São Lourenço da Mata e Moreno não contam com maternidades atendendo às demandas das parturientes - os municípios de Araçoiaba e Paulista, por exemplo, nunca tiveram uma maternidade para chamar de sua. A Secretaria de Saúde do Estado confirma que muitas das cidades que fecharam as portas das maternidades, sequer informaram a paralisação dos serviços para a Comissão Intergestora Bipartite (CIB/PE), na tentativa de solucionar os problemas. É a CIB quem possibilita a articulação, negociação e pactuação entre os gestores municipais e estaduais no que diz respeito às questões do Sistema Único de Saúde do Estado.

Os municípios de Jaboatão dos Guararapes e Olinda tem obras paralisadas. Se concluídas, seriam mais duas maternidades para amenizar as dificuldades do sistema materno de Pernambuco. Ilustração: João de Lima/LeiaJá 

Luana Cristina, 25 anos, munícipe de Igarassu, sentiu na pele o desprazer da realidade materna da cidade. Ela conta que precisou "rodar" para conseguir ter sua filha. "Eu cheguei aqui (na Unidade Mista de Saúde de Igarassu) com 4 centímetros de dilatação e já em trabalho de parto. Os médicos me examinaram e eu fui encaminhada primeiro para a maternidade de Abreu e Lima. Chegando lá, eles disseram que não iam fazer o meu parto e fui levada para o Tricentenário, em Olinda", recorda Luana. Foi distante da cidade onde mora que nasceu Rhuana Yasmim, hoje com 3 anos de vida.

No Hospital e Maternidade Alzira Figueiredo de Andrade Oliveira, há quase duas décadas que as parturientes da Ilha de Itamaracá só conseguem ter o seu bebê quando estão em período expulsivo - momento em que o corpo trabalha sozinho para o nascimento do feto - sem intervenções externas. 

O coordenador da enfermagem do hospital, Ricardo José da Fonseca, pontua que a possível retomada da maternidade no município já está em pauta na Secretaria de Saúde de Itamaracá. Mas salienta que primeiro o órgão precisa fazer as adequações físicas do hospital que, segundo afirma, está prestes a passar por uma reforma. “Depois a gente entra no mérito das questões técnicas que é montar uma equipe de retaguarda (para a maternidade)”, observa.

Os coordenadores da unidade garantem que há estudos para a retomada da maternidade da Ilha de Itamaracá. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Danutta Brissamtt, coordenadora da média complexidade do hospital de Itamaracá, reforça que no local existe uma equipe médica pronta para atender as gestantes. Depois que a parturiente tem o bebê espontaneamente, ela é encaminhada para a maternidade de referência. “A nossa gestante tem portas abertas na maternidade de Abreu e Lima. As que precisam ser reguladas para outros hospitais, devido às suas causas específicas, são encaminhadas. Nós damos a assistência necessária para que elas possam ter os seus bebês”, garante Danutta.

Crise leva à peregrinação

A médica obstetra e presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Cláudia Beatriz, reforça que existe uma “lógica invertida” no Estado de que as mulheres não conseguem parir nos municípios onde vivem. Beatriz sinaliza que o pedido do sindicato não é que haja maternidade funcionando em todos os municípios, mas que esses serviços sejam regionalizados e as mulheres que residem em determinado território tenham a garantia de seu leito na maternidade de referência.  

“Hoje, a bem da verdade, as mulheres de Pernambuco não tem uma maternidade de referência para parir. O fenômeno é que as cidades, mesmo diante da municipalização da saúde, se desobrigam de fazerem o provimento de assistência ao parto. Estamos vivendo uma crise onde as mulheres peregrinam vários centros de assistência ao parto para conseguir serem atendidas”, acentua Cláudia. 

Antônia Gomes*, 29 anos, mora em Araçoiaba, município que não tem maternidade e fica a 40km de distância do Recife. Há 11 anos, a mulher precisou rodar algumas milhas para conseguir ter o seu bebê. Primeiro, foi levada para a Unidade Mista de Igarassu. Avaliado o seu quadro gestacional, Antônia foi transferida para o Hospital Tricentenário, em Olinda. Por ser uma paciente de alto risco, foi relocada para o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), maternidade que fica no centro do Recife. Só lá conseguiu ficar mais tranquila e alojada - na espera de seu primogênito. Essa dificuldade se repetiu com o segundo filho da jovem, há 3 anos. “Como minha pressão sempre dava 17, eu tinha medo de passar mal no momento em que eles estavam me transferindo. Situação complicada, né?! Era para ter uma maternidade lá (em Araçoiaba), ainda mais quando a gente vive assim, em alto risco”, lamenta a mulher. 

Construção da Maternidade Maria Rita Barradas paralisada no bairro de Sucupira, em Jaboatão dos Guararapes. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

André Soares Dubeux, 2º secretário do Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe), salienta que todos os órgãos públicos envolvidos conhecem o problema, identificam o gargalo, sabem qual a solução, mas elas não são implementadas. 

De acordo com ele, tem meses que 70% dos partos realizados na Maternidade Professor Arnaldo Marques, no Ibura, Zona Sul do Recife, são de mulheres vindas da cidade do Cabo de Santo Agostinho. “O Cabo teria que pagar ao município do Recife os gastos que ele tem com os seus munícipes. O Cremepe afirma categoricamente que há uma desassistência à população, e isso não é por falta de empenho ou colocação de recursos humanos do Estado - é a demanda que é muito grande, amigo (sic). Não tem por que uma pessoa vir de lajedo (Agreste de Pernambuco) para ter o bebê em Recife”, exemplifica o representante do Cremepe.

 Dados da Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife mostram que, atualmente, 30% a 40% dos partos realizados nas maternidades de responsabilidade da prefeitura são de pacientes vindos de outras cidades, sobrecarregando a rede. "O ideal é que as gestantes dos municípios próximos tenham atendimento na maternidade da cidade onde moram, ou na unidade de referência para o seu município", reforça a Secretaria de Saúde do Recife.   

A cidade do Recife é a única que têm 4 maternidades e funcionando, mesmo com a precariedade do serviço. Por ser capital, acaba sofrendo com a demanda do Estado. Ilustração: João de Lima/LeiaJá

Rede Cegonha deveria ajudar

Em 2011, Pernambuco foi o primeiro Estado do Brasil a aderir à Rede Cegonha, ação do Governo Federal - instituída pelo Ministério da Saúde. Na época, o programa previa o fortalecimento da política nacional de atenção integral à saúde da mulher, garantindo a melhoria da qualidade dos diversos serviços de saúde que compunham a rede. Ainda em 2011, a Secretaria de Saúde de Pernambuco afirmou que o projeto buscava implantar ações que garantissem a humanização do atendimento, qualificando o planejamento reprodutivo e a atenção pré-natal. A Rede Cegonha está em funcionamento até hoje em Pernambuco, mas a melhoria na qualidade do atendimento parece que não rendeu frutos. 

A Gerente de Atenção à Saúde da Mulher da Secretaria Estadual de Saúde, Letícia Katz, defende que deve haver uma repactuação dessa rede, para que os problemas sejam diminuídos. “O Estado coordena o processo, mas o gestor municipal tem que assumir a sua gestante, ou seja, tem que haver a contrapartida municipal que não está sendo realizada. A gente não pode simplesmente dizer: ‘gestor, você tem que fazer isso”, salienta Letícia, que aponta o consenso entre a esfera municipal, estadual e federal, já que vem havendo uma redução drástica das maternidades municipais de Pernambuco, onde só se mantiveram as mais ‘robustas’ como as do Recife, cidade que vive uma situação financeira melhor que a maioria das outras.

“Se os municípios estão com dificuldades de recursos e o Estado, com a sua superlotação (das maternidades), também está com dificuldade, quem deveria nos ajudar era a esfera federal que não está fazendo a sua parte”, diz Letícia.

Essa dificuldade para encontrar vaga poderia ser sanada se outros municípios se estruturassem para dar conta da demanda local. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

A Gerente de Atenção à Saúde da Mulher aponta que quando foi criada a Rede Cegonha em 2011, o Ministério da Saúde só mandava recursos para o alto risco, não prevendo dinheiro para o risco habitual, deixando todo esse custeio para as cidades, com uma tabela de repasses com os valores defasados de anos.

Procurado para falar sobre, o Ministério da Saúde não pontuou sobre a defasagem dos repasses, informando apenas que o Brasil possui 4.600 estabelecimentos que realizam parto e que juntos possuem mais de 39 mil leitos obstétricos SUS. “O Ministério tem garantido a ampliação do acesso aos leitos por meio da regulação, gerenciado pela gestão local. A pasta informa ainda que foram destinados ao estado de Pernambuco até o momento R$ 2,2 bilhões em recursos com incentivos para a Alta e Média Complexidade.”

Ministério Público de Pernambuco 

O Ministério Público de Pernambuco, por meio do Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Saúde (Caop Saúde), garante que tem como uma das suas prioridades de atuação a rede de assistência materno-infantil do estado, em vista dos casos de superlotação das maternidades.

“O fechamento das maternidades tem sido tratado pelo Caop Saúde de forma sistêmica, ou seja, dentro de um contexto regionalizado. Se alguma outra ação se apresentar necessária após a finalização do estudo, como por exemplo a interposição de ações civis públicas ou quaisquer outras medidas, assim aconselhará aos Promotores de Justiça das cidades, na condição de órgão de apoio técnico, deixando claro que o aconselhamento não tem nenhum caráter vinculativo”, salienta o MPPE.

Promotorias em resposta ao Mnistério Público

Paulista

A Promotoria de Saúde do Paulista possui o procedimento administrativo nº2018/253869 em aberto para acompanhar a atenção básica à saúde da mulher. No momento, o MPPE aguarda respostas da gestão municipal em relação às contratualizações com a rede de maternidades da região; as ações de pré-natal voltadas para reduzir os casos de sífilis congênita e sífilis em gestantes no município; as dotações orçamentárias e resultados dos programas Gerar Paulista e Humaniza Paulista; e as medidas que serão tomadas para resolver a falta de obstetras para atender às gestantes de alto risco.

São Lourenço da Mata

A Promotoria de Saúde de São Lourenço da Mata informou que o município possui maternidade no Hospital Petronila Campos. Essa unidade de saúde é fiscalizada como um todo por meio do procedimento administrativo nº15/2018.

Igarassu e Araçoiaba (estão juntos porque a cidade de Araçoiaba não tem Promotoria própria, sendo de responsabilidade da Promotoria de Igarassu)

A Promotoria de Justiça de Igarassu informou que não há procedimento referente à ausência ou fechamento de maternidade nas duas cidades.

Escada

A Promotoria de Justiça de Escada não possui procedimento referente à falta ou fechamento de maternidade no município.

Itamaracá

A Promotoria de Justiça de Itamaracá informou que o município não tem maternidade e que não há procedimento referente a esse assunto.

*Nome fictício

LeiaJá também

- "Outro filho? Só se for castigo de Deus"

- Precariedade afeta saúde dos profissionais da rede materna

O Brasil perdeu, nos últimos dez anos, cerca de 41 mil leitos hospitalares que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), neste ano houve o registro de 303.185 leitos na rede pública, contra 344.573 em 2008.

Por outro lado, o número de leitos não pertencentes ao SUS aumentou de 116.083 em 2008 para 134.380 em 2018. Ao todo, a quantidade de leitos do sistema de saúde brasileiro, na última década, passou de 460.656 para 437.565, totalizando 23.091 leitos a menos, o equivalente ao fechamento de seis leitos por dia.

##RECOMENDA##

Segundo o levantamento, em 2008, o país contava com 2,4 leitos para cada mil habitantes, dez anos depois o índice caiu para 2,1 leitos para a mesma proporção de pessoas.

“Considerando a quantidade de leitos hospitalares segundo especialidade, identifica-se que os leitos denominados ‘outras especialidades, pediátricos e obstétricos’ apresentaram uma redução considerável”, apontou o documento.

Os números também mostram que nenhuma das regiões do país atinge o índice recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 2,5 e três leitos para cada mil habitantes. As regiões Sul e Centro-Oeste são as que mais se aproximam, com 2,4 e 2,3, respectivamente. O Nordeste e Sudeste têm, ambos, dois leitos para cada mil pessoas. Já o Norte tem a pior situação, com 1,7 para a mesma proporção de habitantes que as outras regiões.

Além disso, entre 2008 e 2018, o estudo indica que 25 estados apresentaram queda no número de leitos. Somente Rondônia e Roraima tiveram um pequeno avanço na disponibilidade de leitos hospitalares.

Alagoas, por exemplo, em 2008, tinha 6.146 leitos para atender 3.127.557 pessoas. Dez anos depois, o estado passou a contar com 278 leitos a mais, um crescimento de 4%. Enquanto a população alagoana cresceu 8% e chegou a 3.375.823 pessoas. Nesse caso, o aumento de habitantes superou a abertura de novos leitos no estado e, consequentemente, diminuiu o índice de leitos.

A consulta pública sobre a sugestão legislativa (SUG 15/2014) que legaliza o aborto voluntário dentro das 12 primeiras semanas de gestação e prevê a realização do procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) virou motivo de uma disputa acirrada entre os usuários da internet, com campanhas estruturadas nas redes sociais para conseguir votos diariamente e evitar que um lado ganhe mais apoio do que o outro. Até o dia 23 de julho, o resultado apontava uma ligeira vantagem para as opiniões contrárias à proposta com pouco mais de 342 mil votos, e perto de 340 mil votos a favor.

A maioria dos quase 682 mil votantes é do estado de São Paulo, onde a sugestão alcança mais apoio: com 110 mil votos. Do outro lado, o número também é expressivo: 74,5 mil pessoas não querem a descriminalização do aborto. Essa tendência se repete no Rio de Janeiro, segundo maior participante da pesquisa realizada pelo Portal e-Cidadania do Senado, com 44 mil votos pelo “sim” e 38 mil votos contra na contagem mais recente. Em seguida vem Minas Gerais com um total de 66,5 mil votos, onde o “não” ao aborto legalizado vence por cerca de três mil votos.  Já no Rio Grande do Sul, que aparece em quarto lugar com a participação de 45,5 mil pessoas, a diferença é bem maior: são 13 mil votos a mais, só que a favor da proposta.

##RECOMENDA##

No texto da sugestão também está prevista a formação de uma equipe de saúde interdisciplinar para informar a mulher sobre riscos e alternativas ao aborto, como programas de apoio financeiro e oferecimento da criança para adoção. A matéria ainda concede à gestante período de cinco dias para reflexão, após o qual, se ainda desejado, o procedimento será feito imediatamente.

O autor da sugestão é André de Oliveira Kiepper, de 37 anos, morador do Rio de Janeiro e mestre em Saúde Pública. Como justificativa, Kiepper apontou “a atual legislação que vitimiza a mulher, tornando-a refém de clínicas de aborto clandestinas”. Ele citou dados do Ministério da Saúde que revelam a realização de 1,25 milhão de abortos ilegais por ano no Brasil.

 Debates

 

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) promoveu cinco audiências públicas entre 2015 e 2016 para reunir opiniões de especialistas sobre a questão, dentre eles, professores, médicos e representantes de grupos e instituições contra e pró-aborto. Foram discutidos temas como a existência ou não de vida até a 12ª semana de gestação, o direito de vida do embrião versus a autonomia da mulher, as estatísticas, as consequências do aborto para a mulher e para a sociedade, e o aborto como problema de saúde pública.

Em fevereiro deste ano, o senador Magno Malta (PR-ES) apresentou relatório na CDH pelo arquivamento da sugestão. “O Estado não pode interferir no livre desenvolvimento de um ser humano no ventre de sua mãe”, afirmou. Ele rebateu os argumentos de que não existe vida desde a concepção e de que a autonomia da mulher precederia o direito à vida do embrião. O senador citou os riscos físicos e psicológicos para a mulher que faz aborto. Por fim, enumerou os impactos sociais e econômicos de uma política pública para a questão no país. Ele apontou, por exemplo, que o custo seria de 2% o Fundo Nacional de Saúde (FNS), o que corresponde a um gasto cerca de 30 vezes superior ao do Programa Rede Cegonha, de atenção à mulher grávida.

Última audiência

A votação do relatório para decidir se a sugestão seguirá adiante só deve ocorrer depois da realização de mais uma audiência pública requerida por Magno Malta. Desta vez será para discutir a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

A ADPF 442 foi ajuizada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) para pedir que a Corte declare inconstitucionais os artigos 124 e 126 do Código Penal. O partido alega que os dispositivos que criminalizam o aborto provocado pela gestante ou realizado com sua autorização violam os princípios e direitos fundamentais garantidos na Constituição.

O PSOL pede a concessão de liminar para suspender prisões em flagrante, inquéritos policiais e andamento de processos ou decisões judiciais baseados na aplicação desses artigos a casos de interrupção da gestação induzida e voluntária realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez.

A audiência para tratar desse tema será em conjunto com a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O senador solicitou ainda o apoio das Comissões de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; de Defesa dos Direitos da Mulher; de Direitos Humanos e Minorias; e de Seguridade Social e Família, todas da Câmara dos Deputados.

Entre os convidados sugeridos para o debate, estão Raquel Dodge, Procuradora-Geral da República e Dom João Bosco, presidente da Comissão Vida e Família da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A audiência interativa com transmissão ao vivo também permitirá ampla participação popular pela internet e a presença de grupos representantes de mulheres no Plenário.

Sugestão legislativa

Sugestões de lei ou ideias legislativas, como a que legaliza o aborto, são recebidas no portal e-Cidadania do Senado. São iniciativas da sociedade e precisam ter apoio de, no mínimo, 20 mil assinaturas para serem encaminhadas à CDH, onde a sugestão é votada pelos senadores e pode virar projeto de lei se aprovada.

De maio de 2012 até março de 2018, quase 42 mil ideias legislativas já haviam sido cadastradas no site. Entre as que conseguiram o apoio necessário, 47 ideias estão em avaliação na CDH, 17 não foram acatadas e 11 foram convertidas em Projeto de Lei do Senado (PLS) ou Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Nasceram de sugestões legislativas a PEC 41, que estabelece o fim do auxílio-moradia para juízes, deputados e senadores; e a PEC  51/2017, para acabar com os impostos sobre consoles e jogos para videogames produzidos no Brasil. Ambas aguardam o fim da intervenção militar no Rio de Janeiro, pois nesse período não pode haver mudanças na Constituição.

Algumas das ideias legislativas que viraram projetos de lei são: a que proíbe expressamente o corte ou a diminuição da velocidade por consumo de dados nos serviços de internet de Banda Larga Fixa (PLS 100/2017); a que cria Centros de Atendimento Integral para Autistas pelo SUS nos estados brasileiros (PLS 169/2018); e a que propõe a descriminalização do cultivo da Cannabis para uso próprio (PLS 514/2017).

Mais de 15 sugestões, oriundas de ideias enviadas por cidadãos, não foram acatadas por motivos diversos durante votação na CDH. Entre elas, a ideia que causou muita polêmica ao propor a classificação do Funk como crime de saúde pública contra crianças, adolescentes e a família (SUG 17/2017); a que pede o fim do Estatuto do Desarmamento (SUG 4/2017); e a que propõe a redução da maioridade penal para 15 anos em crimes de estupro e assassinato (SUG 12/2017).

Após a votação na CDH, uma ideia do cidadão transformada em proposição legislativa segue para exame de outras comissões, se for o caso, e para a decisão final: arquivamento, promulgação, envio à Câmara dos Deputados ou à Presidência da República.

Da Agência Senado

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando