Na manhã desta quarta-feira (12), o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire, reuniu a imprensa na sede da Secretaria de Defesa Social (SDS) para dar mais informações sobre a elucidação do caso Beatriz. Ao lado do Chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Nehemias Falcão, e representantes do Ministério Público de Pernambuco, o secretário explicou como a investigação chegou ao nome de Marcelo da Silva, indiciado como autor do assassinato da menina.
Segundo a SDS, a identificação do suspeito se deu por meio de análises do banco de perfis genéticos do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos a partir do DNA recolhido na faca utilizada no crime. Em confrontação dos perfis genéticos, chegou-se ao DNA de Marcelo da Silva, de 40 anos, que se encontrava preso pelo crime de estupro de vulnerável em uma unidade prisional do Estado, em Salgueiro. Ao ser ouvido pelos delegados da Força Tarefa, criada em 2019 para investigar o caso, o homem confessou o assassinato e foi indiciado.
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De acordo com o secretário Humberto, não foram poupados esforços na investigação do crime por parte das equipes envolvidas, Polícia Civil e Polícia Científica de Pernambuco, um trabalho que ele classificou como "extenuante". "Todo esse trabalho permitiu que nós pudéssemos, ao longo desses anos, explorar inúmeras linhas de investigação para que, ao cabo disso, após um longo trabalho de busca incessante dos elementos necessários para que nós pudéssemos ter a comprovação técnico científica do autor desse crime".
O secretário disse, ainda, que em depoimento o acusado confessou o crime dando detalhes do que aconteceu no dia da morte de Beatriz, o que teria batido com os indícios com os quais a polícia já vinha trabalhando. "Temos a motivação alegada se coadunando com a dinâmica dos fatos de que havendo contato do assassino com a vítima, ela teria se desesperado e por isso foi silenciada a golpes de faca. Essa motivação alegada se coaduna com a dinâmica minuto a minuto que foi feito no trabalho investigativo".
O secretário também explicou que o acusado teria entrado na escola portando uma arma branca, no dia do crime, na tentativa de conseguir dinheiro para deixar a cidade de Petrolina. A escolha da vítima teria sido "ao acaso" e, de acordo com a investigação, não há outros envolvidos na morte da menina. Humberto afirmou não ter havido abuso sexual da vítima e que ela foi morta com 10 perfurações à faca.
Já para explicar a demora na análise do material genético encontrado na arma do crime, Humberto disse se tratar de um processo demorado, embora a coleta tenha sido feita logo após o crime, e que o perfil do acusado foi inserido no banco de dados apenas em 2019. "Foi preciso uma melhoria na qualidade da amostra que num primeiro momento se mostrava misturada, uma espécie de 'refino'". O laudo foi assinado por quatro peritos geneticistas.
Humberto também falou que recebeu os pais de Beatriz, Lucinha Mota e Sandro Ramilton, momentos antes da coletiva - após pequena confusão em frente à sede da SDS quando a entrada deles foi barrada -, e lhes passou os novos detalhes da investigação. "Apresentamos as informações possíveis nesse momento e nos colocamos à disposição bem como nos colocamos à disposição do Ministério Público".
Lucinha e Sandro não estiveram presentes durante a coletiva. Insatisfeita com a condução do caso, a mãe de Beatriz busca uma maior transparência por parte da Força Tarefa. "O DNA não é suficiente, a gente quer mais. Quantas vezes a gente fica implorando por uma resposta? Isso é desumano. Nós não conhecemos essa pessoa (o indiciado) nós não temos nenhuma informação em relação a ele. Eu vim atrás de respostas, eles têm obrigação de nos dar respostas", disse horas antes ao tentar entrar no prédio da SDS.