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O senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) se encontrou anteontem com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para pedir que ele intercedesse junto ao presidente do partido, Valdemar Costa Neto. Moro pretende sair do União Brasil e se filiar ao PL.

Valdemar, porém, não aceita o ex-juiz na legenda. Na sua avaliação, Moro ajudou a preparar sua prisão, em 2012. Além disso, o ex-ministro deu declarações dizendo que Valdemar foi condenado por receber suborno e é um "político fisiológico".

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Reação

Moro reagiu à ação do PL, partido de Jair Bolsonaro, para cassar o seu mandato. O ex-ministro afirmou que o deputado federal Paulo Martins (PL), que ficou em segundo na disputa pela vaga no Senado pelo Paraná, estaria tentando se eleger "no tapetão".

Moro ainda acusou Martins de ter alterado sua declaração racial. "O mesmo sujeito, Paulo Martins, que mudou de cor nas eleições para se beneficiar do Fundo Partidário, tem a cara de pau de me acusar falsamente de irregularidade", escreveu.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai anunciar, nesta sexta-feira (9), titulares de cinco ministérios. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad comandará a Fazenda; o governador da Bahia, Rui Costa, irá para a Casa Civil; José Múcio Monteiro ficará à frente da Defesa; o senador eleito Flávio Dino será ministro da Justiça e o embaixador Mauro Vieira é o novo chanceler.

Lula decidiu antecipar em alguns dias o anúncio dos ministros para solucionar impasses com a Câmara, com as Forças Armadas - tanto que também devem ser anunciados os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica - e, ainda, para acalmar o mercado.

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Em conversas reservadas, o presidente eleito afirmou que precisa pôr em campo articuladores políticos para negociar a última etapa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Aprovado em dois turnos no Senado, nessa quarta (7), o texto ainda deve passar pelo crivo da Câmara.

A proposta amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões, pelo período de dois anos, e libera outros R$ 23 bilhões para investimentos, mediante receitas extraordinárias. Na avaliação de Lula, o governo não pode correr qualquer tipo de risco com a tramitação da PEC e necessita transmitir confiança e segurança jurídica.

O anúncio dos ministros, a 23 dias da posse, pode ajudar a dar um freio de arrumação no confuso cenário do Congresso no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar a constitucionalidade do orçamento secreto. Lula já foi avisado que, se a Corte derrubar a prática, pode enfrentar problemas com a PEC.

Com aval do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o Centrão quer esperar o resultado do julgamento para analisar essa proposta. O orçamento secreto, revelado pelo Estadão, é o instrumento pelo qual o presidente Jair Bolsonaro obteve apoio político no Congresso, em troca da liberação de recursos de emendas parlamentares.

Apelo

Em conversa por telefone, anteontem, Lula disse a Lira não ter feito qualquer movimento para o Supremo derrubar o orçamento secreto. Garantiu, ainda, que o novo governo não quer tirar emendas de deputados e senadores, mas apenas ajustar os procedimentos. Agiu assim por receio de que o Centrão queira diminuir o prazo do aumento do teto de gastos de dois anos para um.

Ao participar ontem da reunião do Diretório Nacional do PT, por videoconferência, Lula afirmou que pretendia divulgar os nomes dos ministros somente após a diplomação dele e do futuro vice-presidente Geraldo Alckmin, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na próxima segunda-feira, 12. Argumentou, porém, que precisava acelerar as articulações, dando a entender que era necessário evitar ruídos com agentes políticos e econômicos, além dos militares.

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, deve comandar a Secretaria de Relações Institucionais, cargo que já ocupou, e ajudar na articulação política. Haddad, por sua vez, teve nesta quinta, 8, uma reunião com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes. "Fui muito bem recebido. Definimos uma agenda de trabalho a partir da semana que vem e as coisas estão transcorrendo bem", afirmou o ex-prefeito de São Paulo.

Horas mais tarde, ao conversar com deputados do PT, Lula reclamou de não poder usar a Granja do Torto nesta transição de governo porque Guedes está morando lá. Disse que continuará despachando no hotel por um período, mesmo após tomar posse, em 1.º de janeiro, porque a Polícia Federal precisará fazer uma "varredura" no Palácio da Alvorada após a saída de Bolsonaro.

Comando

Futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro acertou ontem com Lula os nomes dos militares que formarão a cúpula das Forças Armadas. O Estadão apurou que o general Julio Cesar de Arruda será o comandante do Exército; o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, da Aeronáutica; e o almirante Marcos Sampaio Olsen, da Marinha. No Exército e na FAB, foram escolhidos os mais antigos, já na Marinha, o segundo mais antigo. O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas deverá ser o almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire.

A escolha foi antecipada porque Lula recebeu a informação de que os atuais titulares das Forças vão deixar os cargos ainda neste mês, como mostrou o Estadão. O fato obrigou o presidente eleito a agir rápido para evitar uma crise militar no início do governo.

Na primeira reunião do PT após a eleição, o partido aprovou uma declaração política que defende a superação do "amargo receituário neoliberal" derrotado nas urnas. No encontro, representantes de correntes internas enviaram à presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann, listas com indicações de nomes para ministérios e secretarias.

"Claro que o PT tem a compreensão de que os aliados têm de participar do processo, mas obviamente também sabemos o tamanho que nós somos, o tamanho que é o PT, a importância que tem nesse processo. É o partido maior da coligação, é o partido do presidente, nós também queremos colocar nossos nomes", disse Gleisi. "Nós temos quadros à disposição, gente com capacidade, com condições", afirmou.

O ex-chanceler Celso Amorim deverá ficar no Planalto, no comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Mauro Vieira, que será o novo titular do Ministério das Relações Exteriores, é muito próximo a Amorim. Vieira foi chanceler no governo Dilma Rousseff.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), concedeu aposentadoria parlamentar ao presidente Jair Bolsonaro a partir de 30 de novembro de 2022. O ato, publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, estabelece que Bolsonaro receberá proventos correspondentes a 32,50% do subsídio parlamentar, acrescidos de 20/35 da remuneração fixada para os membros do Congresso Nacional, o que deve superar um valor de R$ 30 mil.

Atualmente, o chefe do Executivo já recebe cerca de R$ 12 mil de aposentadoria como capitão reformado do Exército. À renda de Bolsonaro ainda será somado o salário a ser oferecido pelo PL como presidente de honra do partido. O valor exato ainda não foi divulgado, mas também será superior a R$ 33 mil, segundo disse Valdemar Costa Neto, comandante da sigla.

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Bolsonaro exerceu o cargo de deputado federal por um longo período, de 1991 a 2018, quando foi eleito presidente da República, assumindo o posto em 2019. Neste ano de 2022, ele tentou a reeleição, mas foi derrotado e deixará o Palácio do Planalto no dia 31 deste mês, para ceder o lugar a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, a partir de 1º de janeiro de 2023, assume seu terceiro mandato como presidente do Brasil. Como qualquer ex-presidente, ele também terá direito à segurança, garantida por agentes da Polícia Federal.

A ausência da assinatura do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, da nota oficial publicada pelos comandantes das Forças Armadas - antecipada pelo Estadão - é fruto da vontade de que o documento não fosse confundido como manifestação do governo de Jair Bolsonaro, mas sim entendido como a posição institucional dos militares.

Essa é a opinião de oficiais generais da ativa e da reserva consultados. Entre eles está o general Roberto Peternelli, deputado federal (União Brasil-SP), para quem os chefes militares falaram em nome de suas instituições e não como membros de governo. "É uma manifestação institucional, que defende vários preceitos constitucionais." Foi a primeira vez na atual gestão que uma nota conjunta não foi subscrita pelo ministro da Defesa.

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O documento provocou reações de políticos. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou no Twitter que os chefes militares não devem se envolver em política. "Não é papel dos comandantes militares opinar sobre o processo político, muito menos sobre a atuação das instituições republicanas", escreveu.

Estudiosos das relações entre civis e militares também se manifestaram. Para o professor Eurico Lima da Figueiredo, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), a nota estabelece uma rota de escape dos militares para o próximo governo. "Ela apaga a figura da liderança do ministro da Defesa, que é política."

De fato, em outras seis oportunidades, a assinatura do titular da pasta esteve ao lado da dos comandantes. Assim foi em casos como a reação às declarações do senador Omar Aziz (PSD-AM), na CPI da Covid, sobre o suposto envolvimento de militares com corrupção.

O documento dos comandantes Almir Garnier Santos (Marinha), Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) começou a ser articulado em conversas entre eles nos últimos dias e ganhou corpo no dia 9. Só os comandantes e assessores próximos discutiram o teor. Naquele momento, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ainda não havia sugerido que os militantes de direita contrários à sua vitória voltassem para casa pacificamente, tampouco que Bolsonaro humilhara as Forças Armadas. Não foi, portanto, uma reação a Lula.

Como manifestação das Forças, a nota, segundo os generais, aborda situações que as incomodam e dá resposta aos que esperavam uma declaração após as eleições. Alguns pontos se destacam: o primeiro é o desconforto com a atuação do Poder Judiciário, que retirou do ar perfis de bolsonaristas que questionaram as urnas eletrônicas, e com a invasão de atribuições do Legislativo e do Executivo que teria sido praticada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes

É também contra as decisões recentes do ministro do STF Alexandre de Moraes que se dirige a nota da Marinha, do Exército e da Força Aérea, no trecho que condena a restrição a direitos individuais, como "a livre manifestação do pensamento". A nota faz ainda a defesa da "liberdade de reunião". Trata-se de referência, segundo os generais, aos protestos bolsonaristas em frente aos quartéis no País que têm pedido um golpe contra Lula.

Nesta sexta, 11, Moraes estendeu para todo o País, a ordem para que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as PMs desobstruam vias bloqueadas por bolsonaristas inconformados com a eleição.

Generais ouvidos pelo Estadão afirmaram que não vão agir contra os protestos, pois os consideram pacíficos. Dizem que eles devem se esvaziar sozinhos à medida que o País volta à normalidade. E ressaltam que os casos de violência - a exemplo do que afirmam os comandantes - são exceções que merecem repúdio. Ou seja, eles são contrários à criminalização indistinta dos participantes dos protestos.

Ao mesmo tempo, a nota deixa claro que a ordem democrática não será rompida pelos comandantes. Eles afirmaram que cultuam a tolerância, a ordem e a paz e destacaram que estão transmitindo esses "valores" aos subordinados - as controvérsias devem ser resolvidas pela sociedade dentro do estado democrático de direito.

Reações

Mas, para o professor Figueiredo, "em uma democracia plena e consolidada, as Forças Armadas não têm de fazer declarações nem pronunciamentos, pois são instituições de Estado e mudas, no sentido de que cumprem seus deveres constitucionais". Ele qualificou a nota de extemporânea, mas destacou que as Forças se disseram voltadas às atividades profissionais. Observou ainda que as manifestações, quando feitas dentro da lei e da ordem, são normais na democracia. "Mas são ilegais, pois solicitam golpe."

Entre os políticos, a reação mais dura foi a da presidente do PT. Gleisi Hoffmann declarou que a liberdade de manifestação "não se aplica a atos contra a democracia, que devem ser tratados pelo nome: golpismo."

Já o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello considerou o documento pedagógico. "Há de procurar-se, com temperança, compreensão e muito equilíbrio a paz social. Qualquer antagonismo exacerbado não é bom, não é sadio."

Para o professor titular da FGV Direito São Paulo Carlos Ari Sundfeld, a nota parece revelar uma visão distorcida sobre as funções legais das Forças Armadas, como "moderadoras". "Esse termo remete ao Poder Moderador, que só existiu no Brasil no século 19, nas mãos do Imperador. Em nossa história, nenhuma das Constituições deu a militares quaisquer funções moderadoras."

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Juliano Cortinhas concorda. "Militares não podem se manifestar politicamente, pois temos o Ministério da Defesa, que é o órgão político." Ele defendeu a punição dos comandantes. Nas redes sociais, a nota foi compartilha em grupos de militares e de bolsonaristas. Os apoiadores do presidente esperam que o documento amplie os protestos previstos para o dia 15. (COLABORARAM DAVI MEDEIROS, FELIPE FRAZÃO, LAURIBERTO POMPEU, PEPITA ORTEGA E WESLLEY GALZO)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após Elon Musk assumir a gestão do Twitter, a rede social iniciou nesta sexta (4) o desligamento em massa de funcionários. Segundo apurou o Estadão, as demissões afetaram empregados da companhia no Brasil, mas ainda não é possível determinar o número de demitidos. Por aqui, a empresa mantinha um quadro com cerca de 150 pessoas - todas as áreas da rede no País foram afetadas.

"Começaremos o difícil processo de redução de nossa força de trabalho global na sexta-feira", indicou o Twitter a seus funcionários por e-mail. Segundo o jornal Washington Post, a companhia está demitindo 50% de seus 7.500 empregados.

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"Reconhecemos que um certo número de pessoas que fizeram contribuições significativas para o Twitter será afetado, mas essa ação infelizmente é necessária para garantir o sucesso da empresa no futuro", informou a empresa a sua equipe.

No Brasil, os funcionários sofreram com a falta de informações enquanto assistiam às demissões no mundo. A companhia não formalizou os desligamentos no País, mas funcionários estão sem acesso a sistemas internos e ao computador corporativo. "Estamos em um limbo", afirmou um profissional ao Estadão. Outro chamou o processo de "tortura".

Nos EUA, os demitidos foram informados em uma segunda mensagem de que receberão salário até 2 de fevereiro de 2023 - essa, porém, não é uma mensagem que chegou ao quadro brasileiro. A companhia não se manifestou oficialmente ainda no País.

O e-mail enviado esclarece que, mesmo sob o aviso prévio, funcionários tiveram o último dia de trabalho ontem. O vínculo com a empresa permanece até fevereiro, e a companhia alerta que todos os colaboradores devem permanecer em conformidade com políticas de privacidade e sigilo estabelecidas em contrato.

Justificativa

Antes do envio do e-mail que falava sobre salários, Musk publicou na rede social que a companhia estava perdendo receita publicitária por causa de "ativistas", um indicativo de que ele deve afrouxar as regras de moderação da plataforma.

"O Twitter teve uma queda massiva em receita, devido aos grupos de ativistas fazendo pressão em anunciantes, mesmo que nada tenha mudado com moderação de conteúdo e que tenhamos feito tudo o que pudemos para apaziguar os ativistas. Totalmente zoado! Eles estão tentando destruir a liberdade de expressão nos Estados Unidos", dizia o tuíte.

O Twitter não divulgou o relatório financeiro do último trimestre - a empresa já estava em vias de finalizar a negociação com Musk -, mas, de acordo com a Reuters, a companhia estava operando em prejuízo, com uma perda diária de US$ 3 milhões "com todos os gastos e receitas considerados", afirma a agência de notícias.

Uma mensagem no app Slack, usado para a comunicação interna dos funcionários, também afirmava que o plano de Musk é economizar cerca de US$ 1 bilhão em gastos de infraestrutura por ano.

Patrão

O magnata comprou o Twitter por US$ 44 bilhões e assumiu o controle na última quinta-feira, 3, após seis meses de idas e vindas. Musk dissolveu imediatamente o conselho de administração, demitiu o CEO e outros executivos e lançou novos projetos com metas a serem cumpridas rapidamente.

Musk convocou ainda engenheiros da Tesla para supervisionar o trabalho dos funcionários do Twitter. Vários engenheiros tiveram de imprimir as últimas linhas do código produzido, segundo um funcionário que pediu anonimato. As listas comparavam o trabalho feito pelo pessoal de TI, principalmente com base no volume de produção, segundo funcionários.

Cortes podem aumentar discurso de ódio na rede, dizem especialistas

O corte de mais de 3 mil funcionários deve afetar a operação do Twitter em relação ao conteúdo, afirmam especialistas. Equipes responsáveis pelas áreas de monitoramento de discurso de ódio e desinformação também estavam entre os demitidos, o que pode jogar o Twitter na contramão de rivais (como Facebook, Instagram, TikTok, WhatsApp e Telegram) no trabalho de coibir a distribuição de "conteúdo tóxico".

Para o pesquisador David Nemer, professor de mídia da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, a rede social pode se tornar um lugar pior. "Ao desmantelar essas áreas, acaba a chance de o Twitter ser uma plataforma saudável", explica. "Se antes já não era uma rede muito transparente, as demissões podem torná-la pior."

Nemer aponta que empresas que anunciam na plataforma podem abandonar a rede. Isso geraria um efeito contrário ao proposto por Elon Musk, que tem como objetivo aumentar o faturamento da companhia. "As marcas não vão querer ter seus anúncios veiculados próximos a postagens de discurso de ódio", acrescenta.

Um ex-funcionário do Twitter afirmou ao Estadão que essa é a primeira das consequências que podem vir. Em um cenário de incertezas, marcas podem ser afugentadas e pausar os anúncios na plataforma, impactando a principal fonte de faturamento da empresa.

Se fracassar a tentativa de engordar o cofre, a plataforma pode operar com dificuldades - o Twitter pode voltar a "baleiar", termo criado por usuários entre 2006 e 2010 para avisar quando a rede enfrentava instabilidade e ficava fora do ar.

Pressão

A falta de uma política de moderação de conteúdo pode significar problemas com as autoridades brasileiras. "Enfraquecer a equipe que lida com as autoridades brasileiras pode significar um prejuízo real para a empresa", diz Artur Pericles Monteiro, pesquisador no Yale Information Society Project.

"A possibilidade de revisão das políticas de moderação chega em um momento crítico para o Brasil", explica Bruna Santos, integrante da coalizão Direitos na Rede. "Isso pode beneficiar a disseminação de ideias e posicionamentos antidemocráticos na plataforma."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 (COP-27), que acontecerá entre os dias 6 e 18 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito. A informação foi confirmada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

O petista foi convidado a integrar a comitiva do governador do Pará, Helder Barbalho, em nome do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal, e aproveitará o evento para reforçar ao mundo seu compromisso com a agenda ambiental. Gleisi não confirmou as datas da viagem, mas disse que a ida já está decidida. Lula pode se encontrar com líderes mundiais na reunião, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por exemplo. Não está prevista a ida de Bolsonaro para a COP-27, até o momento. É esperado que o pavilhão oficial do governo brasileiro fique esvaziado. Em frente a ele, o espaço reservado ao Brazil Climate Action Hub, da sociedade civil, deve atrair as atenções.

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"A equipe diplomática do presidente vai orientá-lo da melhor maneira", afirmou anteontem Helder Barbalho, quando indicou o interesse de Lula em participar e a ideia é de que isso ocorra entre 14 e 18 de novembro - ou seja, na reta final da COP. "É uma oportunidade de fortalecer o papel do Brasil na discussão sobre o meio ambiente", disse o governador.

Diálogo

O presidente eleito tem dito que quer "recolocar o Brasil" no palco internacional, com a retomada de diálogo com países que se mantiveram distantes do governo Jair Bolsonaro. A questão ambiental tem sido colocada por Lula como uma pauta central no diálogo com outros países. A preocupação climática está no centro das prioridades da agenda internacional de Biden, o que causou atritos com Bolsonaro.

O atual presidente foi pressionado pela comunidade internacional, incluindo europeus e americanos, pela alta nas queimadas na região da Amazônia durante seu governo. Lula recebeu a ligação de cerca de 20 líderes internacionais na segunda-feira, 31, entre eles Biden, que parabenizaram o petista pela vitória. "Ele (o presidente americano) falou do clima. Ele fala uma coisa interessante, que ele sempre sonhou com uma parceria dos Estados Unidos com o Brasil", afirmou o ex-chanceler Celso Amorim.

Marina e Simone

Aliada de Lula, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) também vai à COP-27, como ambientalista. Ela afirmou durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que a sua ida ao fórum internacional já estava prevista antes da vitória do petista. Marina, que condicionou seu apoio a Lula à incorporação de pautas no programa de governo do presidente eleito, é uma das cotadas para assumir um ministério.

À Agência Reuters, ela disse que o presidente eleito "definitivamente enviaria ampla representação" à COP, mesmo que não seja uma delegação oficial. Entre os cogitados para a visita estão membros do núcleo da campanha, como Simone Tebet (MDB) e o deputado Nilto Tatto (PT).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz da 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Josué Vilela Pimentel, deu uma liminar na tarde desta quinta-feira, 27, determinando ao governo do Estado de São Paulo que conceda "gratuidade do transporte público coletivo urbano sobre trilhos" no segundo turno das eleições, no próximo domingo, 30. Em nota, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) afirma que os ônibus da EMTU também não cobrarão tarifa.

A decisão foi dada em uma ação popular ajuizada nesta manhã pela Professora Bebel (PT), deputada estadual paulista. São réus o Governo do Estado de São Paulo, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

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Pimentel faz referência à recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o assunto, que reconheceu a legitimidade da medida. Contudo, o magistrado declara que é "necessária a adoção de providências pelo poder público e demais réus para dar efetividade à medida". Com isso, ele reconhece a existência do "perigo de dano", um dos requisitos jurídicos para a concessão de liminares.

Em outro momento da decisão, Pimentel nega a existência de "caráter partidário" na medida, pois ela seria uma "garantia de gratuidade a todo e qualquer cidadão, indistintamente". Ele também afirma que a isenção na tarifa colaboraria com a "lisura das eleições", por desincentivar "o conhecido e famigerado transporte clandestino de eleitores financiado por interesses partidários".

Embora o processo tenha sido ajuizado contra o Governo de São Paulo, são rés empresas que fornecem o serviço de transporte público na região metropolitana da capital. Pouco após o meio-dia, a deputada apresentou uma emenda ao pedido inicial limitando a liminar pretendida aos "trens urbanos de transporte intermunicipais, transportes coletivos de ônibus intermunicipais e transporte através das linhas do metro, inclusive a linha 4 amarela".

A decisão não menciona as empresas de ônibus que atendem a capital paulista. Em nota divulgada nesta tarde, Garcia afirma que os ônibus da EMTU não cobrarão tarifa.

Leia a nota do Governo do Estado de São Paulo:

O Governo de São Paulo informa que não haverá cobrança de passagem no Metrô, CPTM, EMTU e ônibus intermunicipais de todo o estado no domingo (30), dia das eleições. A decisão do governador Rodrigo Garcia foi tomada após análise dos impactos financeiros da medida para o Estado. A gratuidade no transporte público estadual custará R$ 11,5 milhões. "Domingo é o dia da democracia, por isso é justo que todos tenham acesso ao transporte público e possam votar com igualdade de condições. Portanto, catraca livre", afirma Rodrigo.

No primeiro debate do segundo turno da eleição para o governo de São Paulo, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) reiteraram posições e propostas para o Estado, mas com mensagens fortemente associadas à disputa presidencial. Em diversos momentos, o encontro realizado em estúdio da Band ganhou caráter de linha auxiliar do embate nacional.

Além do enfrentamento direto pelo Palácio dos Bandeirantes, o desempenho de Haddad e Tarcísio tem importância significativa para o confronto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) no maior colégio eleitoral do País.

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Com o maior colégio eleitoral brasileiro, com 34,6 milhões de votos - 22,15% do total -, o Estado é cortejado por Bolsonaro, que terminou o 1.º turno com 47,71% dos votos, e Lula, que teve na primeira rodada de votação 40,89%.

Temas como orçamento secreto e decretos presidenciais sob sigilo de 100 anos, sem nenhuma relação com os temas estaduais, foram discutidos insistentemente pelos candidatos. No cenário local, os Tarcísio e Haddad repetiram promessas, como redução de impostos, câmeras nos uniformes dos policiais militares e até a mudança da sede do governo para o centro da capital.

No primeiro e no terceiro bloco, Tarcísio e Haddad fizeram perguntas diretas entre si com um banco de tempo, o que elevou a temperatura. O tema inicial foi econômico: a redução da alíquota do ICMS para manter a redução do preço do combustível

Para Tarcísio, o debate sobre o ICMS foi uma "briga comprada pelo presidente Bolsonaro". Após agradecer ao atual chefe do Executivo, ele se comprometeu a manter a redução do ICMS no combustível, além de alongar os prazos de pagamento para o pequeno empreendedor e reduzir o imposto na aquisição de bens de capital. "Isso vai gerar emprego", pontuou.

Já o petista rebateu atacando e disse que a redução foi uma "caridade com o chapéu alheio" e afirmou que o presidente "tirou dinheiro dos governadores".

Mas apesar das críticas, Haddad afirmou que, caso eleito, irá manter a alíquota do ICMS e se juntar com os governadores para que o veto de Bolsonaro à compensação aos Estados pelas perdas de arrecadação com o tributo seja derrubado.

Em seguida, foi Tarcísio que subiu o tom no tema da segurança pública ao lembrar o que chamou de "frase infeliz" do ex-presidente Lula, que em um discurso afirmou que Bolsonaro "não gosta de gente, gosta de policial".

"O presidente Lula se desculpou pela frase. Ele quis usar milícia, e não polícia. O Bolsonaro celebrou o aumento de suicídio de pessoas, ofendeu chefes de Estado e jornalistas, mas não pede perdão por nada", respondeu Haddad.

Foi então a vez de Tarcísio fazer contorcionismo para defender o padrinho e alegar que Bolsonaro foi mal interpretado e queria na verdade fazer "alertas" para a população.

A artilharia entre os dois candidatos seguiu nas perguntas seguintes sobre câmeras no uniforme dos policiais, cultura, vacinação e fake news, orçamento secreto e sigilo de 100 anos, sempre seguindo a mesma dinâmica de ataque à defesa dos respectivos presidenciáveis apoiados pelo ex-prefeito e o ex-ministro.

"Tarcísio, confesse aqui, o que está acontecendo com o seu orçamento na infraestrutura. O que é decisão sua executar e o que é decisão do relator?", perguntou o petista.

O candidato do Republicanos fez críticas às gestões do PT e a Lula, e evitou críticas diretas ao mecanismo. "Hoje tem muito mais autonomia, tem emenda impositiva, as ferramentas do passado já não funcionam mais", justificou Tarcísio. Em resposta, o petista voltou a tecer críticas à medida e perguntou se Tarcísio emularia o orçamento secreto no Estado, caso eleito.

"O que a gente defende para o orçamento é menos vinculação de receita, é um orçamento mais livre para que os gestores possam definir a política pública e levá-la para a ponta", respondeu.

Críticas indiretas a Garcia

Após Rodrigo Garcia (PSDB) declarar apoio "incondicional" a Tarcísio e Bolsonaro no 2° turno, gestão do tucano foi alvo de críticas indiretas do candidato bolsonarista em temas como transporte e segurança pública.

"Nós não podemos ter o bandido em uma situação de vantagem com relação ao policial. Então, tirar a câmera é uma coisa simbólica, que mostra que o Estado está amparando esse policial", afirmou Tarcísio sobre o uso de câmeras corporais em agentes da Polícia Militar, medida iniciado durante a gestão do tucano.

Coube a Haddad defender a medida, afirmando que a política já se mostrou eficiente, com a redução das mortes de agentes, além da letalidade policial. "Como você, que se diz técnico, vai desafiar os dados que são da própria polícia", disse. "As câmeras precisam ser mantidas e reavaliadas", destacou.

Em outro momento, porém, o candidato de Bolsonaro fez um gesto para os tucanos. "Nosso governo não vai ser do cavalo de pau".

Quando falou sobre a revitalização do centro da capital do Estado de São Paulo, o candidato do Republicanos defendeu a transferência do centro administrativo do governo para o bairro dos Campos Elíseos. "Quando você leva o poder pro centro, você fica comprometido com o problema", disse Tarcísio.

Para Haddad, a prioridade é recuperar o centro da cidade, mas discordou com a ideia do ex-ministro da Infraestrutura. "Você vai gastar um dinheirão para fazer outro Palácio, e não vai acontecer nada no centro de São Paulo porque o centro de São Paulo precisa de morador", disse o petista.

Criticado por opositores por demonstrar desconhecimento sobre o Estado de São Paulo, o candidato ao governo Tarcísio Freitas (Republicanos) errou o nome dos Campos Elíseos, bairro da capital.

Ao falar sobre a proposta de mudar a sede do Palácio dos Bandeirantes, hoje localizado no Morumbi, Tarcísio disse em mais de uma ocasião que levaria o prédio para o "Campo dos Elíseos".

Carioca, o candidato tem cometido gafes que mostram falta de conhecimento sobre o Estado que deseja governar. Uma das que mais gerou repercussão foi quando não soube responder a jornalistas onde fica seu local de votação em São José dos Campos.

Pandemia

Haddad ainda criticou a gestão do atual presidente durante a pandemia de covid-19 e questionou se Tarcísio tinha a mesma postura de Bolsonaro em relação à vacina contra a doença. O ex-ministro da Infraestrutura defendeu o chefe do Executivo e afirmou que as acusações eram fake news. "A fake news está em você fazer um recorte de uma gravação, recorte de um filme", disse, declarando que, se os vídeos fossem exibidos na íntegra, veria que Bolsonaro estava fazendo um alerta.

Tarcísio ainda defendeu as medidas econômicas do governo na pandemia. "A mão do governo federal salvou milhares de empresas", afirmou, ao dizer também que o Brasil está em recuperação com o arrefecimento dos números da covid-19.

Considerações finais

Nas considerações finais do debate, o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apostou em um discurso com foco em mudanças sociais no Estado. Já Fernando Haddad, nome do PT ao governo do Estado, também citou projetos de interesse social, mas aproveitou para exaltar a necessidade de um alinhamento entre o Executivo estadual e nacional.

Tarcísio apostou em negar a imagem de "político profissional", mas um "engenheiro mão na massa" que aprendeu com "os mais simples". Ao defender seu nome como o novo governador paulista, o ex-ministro da Infraestrutura avalia que seu programa de governo é "muito bem construído" e enfatiza o foco dado à moradia, saúde e emprego.

Ao finalizar suas considerações, o candidato do Republicanos aproveitou para fazer palanque para o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). "Vote Bolsonaro", disse, citando o número da urna do presidente.

Apesar de adversários, as considerações de Tarcísio e Haddad convergiram com foco em habitação. "No fundo, o que a gente quer é que as pessoas nos conheçam um pouco mais, conheçam as soluções que a gente tem a apresentar", afirmou o candidato petista.

Ao fazer palanque para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa com Bolsonaro o segundo turno presidencial, o ex-prefeito de São Paulo defendeu a importância de um maior diálogo com o Executivo nacional. "Ter as portas do Palácio do Planalto abertas", disse, criticando o atual Executivo com o orçamento secreto e com o decreto de diversos sigilos.

No primeiro turno, Tarcísio chegou na frente, com 42,32% (9,8 milhões dos votos válidos), contrariando todas as pesquisas. Haddad teve 35,7% dos votos válidos (8,3 milhões). No segundo turno, sondagens de intenção de voto apontam o ex-ministro de Bolsonaro com até 10 ponto porcentuais na frente.

Uma operação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio resultou em pelo menos cinco mortos, três feridos e 26 presos em duas das dezessete favelas do Complexo da Maré, na zona norte do Rio. A ação aconteceu no fim da madrugada e durante a manhã e tarde desta segunda-feira, 26. Segundo a PM, todos os mortos e feridos são suspeitos de envolvimento com crimes. Durante a ofensiva policial, supostos integrantes de uma facção criminosa abriram uma live em uma rede social para exibir um suposto refém e cobrar negociação com os policiais. A transmissão foi interrompida, e as autoridades não se manifestaram sobre ela.

A ação policial ocorreu na Vila do João e Vila dos Pinheiros. Em consequência, 36 escolas (entre elas o principal câmpus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão) e quatro postos de saúde não funcionaram. As três vias expressas mais importantes do Rio (Avenida Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela) foram interditadas várias vezes, de manhã e à tarde. As interrupções foram provocadas por criminosos ou pela polícia, em trechos perto do conjunto de favelas.

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O complexo da Maré é delimitado pela Avenida Brasil e pela Linha Vermelha. As vias, nesse trecho, são paralelas. A Linha Amarela liga as duas.

Segundo o governo fluminense, os setores de inteligência das polícias receberam a informação de que uma facção criminosa invadiria uma favela dominada por um grupo criminoso rival. Foram mobilizados então 120 policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da PM, e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), o grupo de elite da Polícia Civil. Com o apoio de helicópteros e veículos blindados (conhecidos como "caveirões"), o efetivo foi às favelas, onde o confronto ocorreu.

Todos os oito alvejados foram levados ao Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte, onde cinco morreram. Até às 15h haviam sido apreendidos sete fuzis, oito pistolas, uma réplica de arma de pressão de ar comprimido, uma granada, aproximadamente uma tonelada de maconha, 50 pés de maconha, 48 frascos de lança-perfume e 20 carros e motocicletas que haviam sido roubadas ou furtadas.

Escola é metralhada

Durante o confronto entre policiais e criminosos, a sede do Projeto Uerê, projeto social que funciona há mais de 20 anos na Maré, foi atingida por disparos, segundo a fundadora, Yvonne Bezerra de Melo. Ninguém se feriu, mas houve susto e pânico. Em função de experiências anteriores, o prédio da instituição tem, nas paredes e no teto, placas que avisam e pedem: "Escola. Não Atire".

Promovido pelo Estadão, a Rádio Eldorado e um pool de veículos de imprensa, o segundo debate entre candidatos ao Palácio do Planalto foi marcado, na noite de ontem, por críticas a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por faltar ao evento, e a Jair Bolsonaro, que disputa a reeleição pelo PL. O petista e o presidente foram reiteradamente associados à corrupção. As contestações mais veementes ao atual chefe do Executivo partiram das duas postulantes mulheres ao cargo - Simone Tebet, do MDB, e Soraya Thronicke, do União Brasil.

Candidato do PDT, Ciro Gomes, que também não poupou Bolsonaro, destinou ataques mais fortes a Lula, de quem é alvo de uma campanha por voto útil para que a eleição se encerre no primeiro turno, marcado para o próximo dia 2.

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Felipe d'Avila, do Novo, reforçou o discurso antipetista, ao mesmo tempo que Padre Kelmon (PTB) atuou como linha auxiliar do atual presidente, ao defendê-lo por ser alvo, segundo ele, de cinco candidatos, e ao afirmar que o governo "está em boas mãos, sim".

Nesse cenário, o presidente demonstrou mais segurança, diferentemente de outros eventos nos quais foi confrontado nesta eleição. Lula, por sua vez, optou por faltar ao debate promovido pelo Estadão, Rádio Eldorado, SBT, CNN Brasil, Veja e Rádio NovaBrasil FM, sob alegação de conflito de agendas.

Enquanto o debate era transmitido dos estúdios do SBT, em Osasco, o petista fazia ataques a Bolsonaro em Itaquera, na zona leste de São Paulo. "Ele vai ser ladrão ou não quando eu tomar posse e acabar com esse sigilo", disse Lula, em referência aos decretos de cem anos impostos por Bolsonaro a atos do governo.

CRÍTICAS

O petista foi criticado por faltar ao debate antes mesmo do início do programa, que durou cerca de duas horas e contou com quatro blocos - dois deles com embates entre os candidatos e dois com perguntas feitas por jornalistas.

"A ausência do presidiário, do ex-presidiário, demonstra que ele não tem compromisso com a população. Em 2018, eu não compareci por causa da facada e fui massacrado pelo PT", afirmou Bolsonaro. Já Ciro disse que Lula está de "salto alto". Soraya, por sua vez, avaliou a ausência do petista como um "ato de covardia".

Ao longo do debate, d’Avila criticou o STF. "Está na hora de enquadrar o Supremo Tribunal Federal. O STF foi responsável por soltar Lula. Chega de Lula, chega desse Barrabás", disse. Ao comentar, Simone reforçou críticas a Bolsonaro e ao orçamento secreto - revelado pelo Estadão -, que ela classificou como "corrupção do governo federal".

O clima tenso também marcou o debate. Foram dez pedidos de resposta, dos quais cinco foram concedidos.

Orçamento secreto e MEC

Durante o debate, na noite de ontem, o orçamento secreto e os escândalos de corrupção no Ministério da Educação - ambos revelados pelo Estadão - foram os principais temas apresentados pelos candidatos para enquadrar o presidente Jair Bolsonaro, postulante à reeleição pelo PL. O chefe do Executivo, por sua vez, negou a ocorrência de corrupção no governo. "Eu não sei para onde vai o dinheiro desse tal orçamento secreto", disse o presidente.

"Nós tiramos a corrupção das manchetes de jornal. Três anos e oito meses e você não vê escândalo de corrupção no meu governo. Quando acusam, como em uma CPI (da Covid) fajuta aí do Senado, são suposições. Nós demos o exemplo, escolhendo pessoas corretas para estar à frente dos ministérios", disse. Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, chegou a ser preso, e depois solto, em razão do gabinete secreto com a atuação de pastores que mediavam a negociação de recursos da pasta.

Logo na primeira pergunta, a senadora Simone Tebet (MDB) acusou Bolsonaro pela falta de merenda em escolas e mencionou o orçamento secreto - as chamadas emenda de relator. "Você é um péssimo exemplo, porque, além de tudo, mente em cadeia nacional. Anda de jet ski e moto, não conhece a realidade do Brasil, por isso disse que o Brasil não tem fome", afirmou.

O presidente também acusou a senadora e sua vice, a também senadora, Mara Gabrilli (PSDB), de usarem recursos do esquema. Apenas Mara, no entanto, recebeu emendas de relator. "O Orçamento é feito em quatro mãos: Executivo e Legislativo. Não é verdadeira sua acusação de cortar a merenda porque o Orçamento não foi votado", respondeu Bolsonaro.

Ele afirmou que a senadora, como parlamentar, terá a chance de "pegar" os recursos do mecanismo para redistribuir aos ministérios, entre eles o da Educação. Durante o debate, a assessoria de Simone rebateu as acusações de Bolsonaro. Em nota, afirmou que Simone "não defendeu as emendas do relator, ao contrário do que Bolsonaro falou".

A senadora Soraya Thronicke (União Brasil) também entrou em embate com Bolsonaro por causa do orçamento secreto. "Desafio o senhor a mostrar e abrir todas as indicações de emenda de relator dos demais parlamentares", disse. Ela pediu para Bolsonaro "não cutucar onça com a sua vara curta".

A senadora ironizou, ainda, o governo Bolsonaro em pergunta para Felipe d’Avila, do Novo, ao mencionar escândalos da atual gestão. "O senhor já brincou de ‘o que é o que é?’ Vou te perguntar. O que é o que é: não reajusta a merenda escolar, mas gasta milhões com leite condensado? Tira remédio da Farmácia Popular, mas mantém a compra de Viagra? Não compra vacina para covid, mas distribui prótese peniana para seus amigos?", perguntou. O corte na Farmácia Popular, para garantir as emendas em 2023, também foi revelado pelo Estadão.

Bolsonaro, por sua vez, acusou Soraya de "estelionato eleitoral" e ainda defendeu as compras do Exército de remédios como Viagra. "Me acusam de ser corrupto, mas não dizem da onde foi tirado esse dinheiro para corrupção", disse, em um dos pedidos de resposta. "Olhem para o espelho primeiro e depois venham me acusar", afirmou.

EDUCAÇÃO

Candidato do PDT, Ciro Gomes sugeriu que Bolsonaro "passou pano" para corrupção no MEC e Soraya apontou responsabilidade do chefe do Executivo. "Para ser honesto, o presidente não é onisciente, vai ser vítima de quem o traiu. A questão é a atitude diante do caso. Nesse caso, como em muitos outros, infelizmente, o presidente elogiou, passou pano para corrupto", afirmou Ciro.

Já Soraya afirmou que "quem não demite ministro" acusado de corrupção "é tão responsável quanto", lembrando também da proposta de propinas escondidas em pneu na gestão de Ribeiro, conforme revelado pelo Estadão.

Ciro disse, ainda, que Bolsonaro e as gestões petistas carregam a pecha de corrupção. Em uma pergunta a Felipe d’Avila, o pedetista disse que Bolsonaro foi eleito em meio à crise econômica e aos escândalos de corrupção nos governos do PT, mas citou pesquisa Datafolha que mostra que 69% da população têm impressão que há corrupção na gestão atual.

"O presidente Bolsonaro teve oportunidade de ouro de mudar radicalmente", disse. "E teve a proeza de ressuscitar Lula, que se tinha clareza lá atrás que estava relacionado com a corrupção", afirmou Ciro.

Quando Bolsonaro defendeu o governo, Felipe d’Avila rebateu a fala também resgatando o orçamento secreto e reforçou críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "O orçamento secreto é muito parecido com o mensalão."

CRÍTICAS A LULA

Já Ciro, Soraya e Simone criticaram a ausência de Lula. "Um debate é como uma entrevista de emprego. Você contrataria um candidato que faltou à entrevista? Esse candidato Lula, que não merece seu voto, não foi à entrevista, uma coisa de quem não gosta de trabalhar", disse a senadora.

"Lula produziu onda de propaganda que todo mundo que não for Lula é fascista. Ao invés de vir aqui, foge", criticou Ciro em relação ao petista. Sobre o voto útil, o pedetista defendeu a realização de dois turnos para que o eleitor possa "votar com esperança" no candidato em que se identifica.

Na mesma pergunta, Simone concordou com Ciro e disse, sem mencionar Lula, que "esse mesmo candidato que pede voto útil para matar eleição no primeiro turno" não participa de debate. "Voto útil é da sua consciência", afirmou ela.

Já d’Avila, ao questionar Bolsonaro sobre medidas para combater crimes de corrupção, disse que Lula é "campeão" no assunto. "Brasil está cansado de ver escândalos de corrupção drenando o dinheiro do povo brasileiro", afirmou.

Na resposta, Bolsonaro se disse "orgulhoso" do seu governo. O candidato do Novo, por sua vez, instigou o presidente sobre o orçamento secreto e sua aproximação com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que se envolveu no escândalo de corrupção do Mensalão. O presidente se limitou a dizer que, anos atrás, ele foi "um dos três deputados que não pegava dinheiro na Petrobras" segundo o Supremo Tribunal Federal.

DOBRADINHA

Desconhecido de grande parte do público, Padre Kelmon (PTB) fez dobradinha com o presidente Jair Bolsonaro com ataques à esquerda e defendeu pautas ideológicas, principalmente seu posicionamento contra o aborto e pela liberdade. O candidato assumiu a cabeça de chapa após a impugnação da candidatura de Roberto Jefferson pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Bolsonaro questionou se o candidato do PTB aprovava a sua gestão. "A minha opinião é que o senhor tem ajudado muito este País. E nós estamos vendo aqui um massacre", afirmou Kelmon.

A plateia presente ao estúdio do SBT para acompanhar o debate reagiu com risadas quando Bolsonaro destinou uma segunda pergunta a Kelmon. Na segunda ocasião, o presidente podia perguntar a Soraya, mas preferiu manter a parceria.

Na noite deste sábado, o SBT ficou em segundo lugar em audiência na Grande São Paulo. A TV Globo chegou 16,7 no Ibope, e o SBT, 6,7, seguido de Record com 4,7. Cada ponto equivale a 74.666 televisores sintonizados na emissora. l

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após anunciar que vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno, o autor do impeachment de Dilma Rousseff, Miguel Reale Júnior, gravou um vídeo em que pede voto no petista "para que o País não viva sobressaltos". O jurista também defende que com Lula não haverá mais "ameaça de golpe".

"É importante que se vote em Lula no primeiro turno para que o País não viva sobressaltos. É importante sabermos que não teremos mais com Lula ameaça de golpe, não teremos mais um presidente em praça pública apoiando o fechamento do Congresso", disse em vídeo gravado a pedido do coordenador do Grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, e do advogado Ernesto Tzirulnik.

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Em alusão a Bolsonaro, Reale também alegou que, com o voto no petista, o Brasil não terá um presidente indiferente às queimadas na Amazônia, às pessoas que sofreram na pandemia e que "elege como herói nacional um torturador como major Ustra".

"É por isso que eu acho que temos que resolver isso no primeiro turno para tirar o Brasil dos sobressaltos", completou.

Como antecipou o Estadão, Reale desistiu do apoio que fazia a uma terceira via e anunciou voto em Lula. "Sem perspectiva de vitória da terceira via, é importante que Lula vença no primeiro turno, para se impedir ação desesperada de Bolsonaro", disse.

Os advogados atuaram em conversas com Reale nos bastidores. Partiu deles o primeiro jantar em que o petista apareceu ao lado de Alckmin , em dezembro do ano passado, no Rubayat , em São Paulo.

Reale foi ministro de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e foi um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2015.

Denunciado após ser flagrado agredindo uma modelo em uma academia da capital, o empresário Thiago Brennand Fernandes Vieira, de 42 anos, será investigado agora pela prática de crimes sexuais contra ao menos dez mulheres. A partir de segunda-feira, 19, as promotoras públicas do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NAVV) do Ministério Público de São Paulo começam a ouvir as vítimas, segundo informou o MPSP. Relatos prévios obtidos pelas promotoras dão conta de crimes de assédio sexual, estupros, cárcere privado, agressões e ameaças. Três teriam sido marcadas com as iniciais dele tatuadas no corpo.

O empresário, que já se tornou réu no caso da agressão à modelo paulistana, viajou para Dubai, nos Emirados Árabes, no último dia 4 e continua no exterior. A Justiça deu prazo de dez dias para que ele retorne ao Brasil. O prazo vence no próximo dia 23.

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Conforme o MPSP, o núcleo de atendimento foi criado no início deste ano para prestar apoio às vítimas de crimes violentos, sobretudo os sexuais, oferecendo assistência psicológica, social e de saúde, em parceria com outras instituições. As vítimas do empresário procuraram os canais da Justiça depois que outros casos envolvendo Thiago Brennand se tornaram públicos. Para isso, elas tiveram o apoio do Projeto Justiceiras, de prevenção à violência de gênero.

As promotoras vão ouvi-las de maneira informal, para que elas se sintam à vontade para falar, mesmo sobre os momentos mais dolorosos. Se os relatos confirmarem a existência de crimes, elas serão ouvidas formalmente para a abertura de inquéritos. O próprio MP pode iniciar o procedimento investigatório criminal. Além da equipe de promotores do NAVV, coordenado pela promotora Silvia Chakian, o promotor de Porto Feliz, Josmar Tassignon Junior, participa da investigação, que vai correr em sigilo.

Conforme o MPSP, os relatos dão conta de crimes graves, principalmente estupros. As mulheres teriam sido atraídas pessoalmente ou através de redes sociais e foram levadas para a mansão do empresário em um condomínio de luxo em Porto Feliz, interior de São Paulo, onde os crimes teriam acontecido.

Tatuagem à força

O advogado Márcio Cezar Janjacomo, que assiste as vítimas e encaminhou os casos ao MP, disse que o modus operandi usado pelo empresário é o mesmo relatado pela mulher que já o havia denunciado à Polícia Civil de Porto Feliz. A vítima, uma jovem pernambucana, foi mantida em cárcere privado, estuprada e obrigada a se submeter a uma tatuagem com as letras TFV, as iniciais do nome do empresário.

"Ele deixava claro que marcava as vítimas como forma de registrar que eram sua propriedade. Além dessa vítima, houve mais dois casos (de tatuagem), que ainda dependem da investigação. O fato é que são crimes bárbaros e elas vão mostrar conversas no celular sobre vídeos que ele teria feito e ameaçava divulgar para destruir a reputação delas, além de ameaças, humilhações. É um material farto e incriminador", disse.

Ainda segundo o advogado, as vítimas são jovens mulheres que conheceram Thiago Brennand em eventos sociais ou através de redes sociais. "Nem todas são do nível econômico e do meio social dele. Algumas moças ele conheceu em bares e baladas. Como no início ele era gentil e cordial, muitas ficaram iludidas, achando que tinham encontrado o príncipe encantado", afirmou.

Os casos aconteceram entre o final de 2017 e o início deste ano. Um dos recentes é o da mulher que teve um relacionamento com o empresário em 2021 e, depois de denunciar o caso à polícia de Porto Feliz, teve de voltar atrás em razão das ameaças dele. As testemunhas, entre elas o tatuador, disseram à polícia que nada houve. Além de arquivar o caso por falta de provas, a polícia encaminhou o inquérito para a Polícia Civil de Pernambuco para que a vítima fosse investigada por denunciação caluniosa. O MP de Porto Feliz mandou reabrir a investigação.

Outro relato é de uma brasileira de 37 anos que mora nos Estados Unidos e conheceu Thiago pelas redes sociais, passando a trocar mensagens. Em agosto do ano passado, ela veio para São Paulo e foi levada à mansão dele em Porto Feliz. Depois de um período de romantismo, ele se tornou possessivo e violento, ao ponto de obrigá-la a entregar a senha do celular. Após ver suas conversas pessoais, ele passou a xingar e agredi-la com tapas no rosto e na cabeça, segundo o advogado.

Naquela noite, o homem a estuprou, obrigando-a a fazer sexo anal com ele. Antes, permitiu que um tatuador entrasse no quarto e, na presença de seguranças, gravasse suas iniciais no corpo dela. A vítima relata que foi mantida em cárcere privado e impedida de se comunicar com familiares. Ele tinha câmeras no quarto e gravou os momentos íntimos dos dois, ameaçando mandar os vídeos para a filha da mulher.

Enredo

Conforme o advogado Janjacomo, as outras mulheres relataram ter sofrido crimes semelhantes. "O enredo era sempre o mesmo. Ele iniciava uma relação e depois começava a humilhar e abusar das vítimas, obrigando-as ao silêncio sob a ameaça de divulgar os vídeos e acabar com elas."

Thiago já é réu na Justiça pelos crimes de lesão corporal e corrupção de menores por ter sido acusado pelo MP de agredir a modelo Helena Gomes numa academia na capital paulista e incentivar o filho dele menor de idade a ofendê-la. A Justiça ainda proibiu o empresário de frequentar academias e de se aproximar de testemunhas. Ele também foi obrigado a entregar o seu passaporte, o que deve fazer após seu retorno ao País. Em caso de descumprimento das medidas cautelares impostas, poderá ser decretada a prisão preventiva de Thiago.

Durante as investigações, a Polícia Civil apreendeu acessórios para armas de Thiago dentro de uma mala num armário dele em sua casa no condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz. Uma perícia vai apontar se os equipamentos estão legalizados. Logo após a operação, o Exército suspendeu o certificado de registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador desportivo), que permitia a Thiago ser colecionador de armas.

Além das mulheres, ao menos dois homens acusam o empresário de agressões: um enfermeiro de um hospital na capital e um garçom de um hotel em Porto Feliz. O caso do garçom Vitor Igor Rodrigues Machado, de 26 anos, está em processo de investigação pela Polícia Civil.

Acusado de passar "correndo" com a moto pela frente da mansão do empresário em Porto Feliz o jovem conta ter sido agredido a socos e ameaçado para não mais voltar a cruzar o caminho do agressor. Desde o episódio, o garçom está afastado do serviço no restaurante Fasano, mudou de função e está em home office como auxiliar administrativo.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Thiago Brennand e ainda aguarda retorno.

"A rainha morreu. Viva o rei!" Foi olhando para frente que a premiê Liz Truss terminou nesta quinta-feira (8) seu discurso sobre a morte de Elizabeth II, logo em seu terceiro dia no cargo. A escolha das palavras reflete o desafio não só de seu governo, mas também do futuro monarca, o rei Charles III.

Milhões de britânicos foram dormir órfãos. Milhares se aglomeraram diante do Palácio de Buckingham para se despedir da rainha, que ocupou o trono por 70 anos, o reinado mais longo da história britânica. "A rainha morreu pacificamente em Balmoral", dizia a curta nota da Casa Real, em referência ao castelo na Escócia, sua residência de verão.

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O funeral será dia 18. A coroação de Charles ainda não tem data, mas pode levar "alguns meses", segundo a Casa Real. A morte da rainha marca o fim de uma era em um país que enfrenta sua pior crise econômica em 40 anos. A inflação chegou aos dois dígitos e o custo de vida está nas alturas. Parte do problema está no reaquecimento da demanda pós-pandemia e na guerra na Ucrânia, mas é também um reflexo do Brexit.

A rainha também deixa um reino à beira da fragmentação. Enquanto os nacionalistas escoceses se preparam para um novo referendo de independência, a Irlanda do Norte escorrega na direção da reunificação com a Irlanda, caso o governo de Truss não consiga renegociar o acordo de saída da União Europeia.

Outro desafio do rei será manter unida a comunidade britânica. Sem o mesmo carisma da mãe, Charles é impopular em várias partes do mundo. O movimento republicano australiano, por exemplo, ganhou força nos últimos anos e sugeriu uma mudança do sistema de governo assim que houvesse a troca de guarda no Palácio de Buckingham.

Nascida em 1926, entre as duas grandes guerras, Elizabeth não deveria ser rainha. Desde cedo, a coroa não estava nos planos. Um dia, porém, foi surpreendida com a notícia de que seu tio, o rei Edward VIII, havia se apaixonado pela americana Wallis Simpson, divorciada, e deveria abdicar se quisesse se casar. A partir daquele momento, a linha sucessória colocava a pequena Lilibeth, a duquesa de York, na rota do trono.

Mudança

O rei seria seu pai, George VI. Ela tinha 10 anos e sua vida mudou. "É para sempre?", perguntou a menina, quando soube que teria de se mudar para o Palácio de Buckingham. Biógrafos contam que a possibilidade de se tornar rainha aterrorizava a garotinha.

"Ela costumava rezar à noite para que a mãe (Elizabeth, então com 36 anos) tivesse um menino, para que ela não precisasse ser rainha", lembra a historiadora Sarah Bradford. Com o tempo, ela e Margaret, sua irmã caçula, foram se acostumando com a ideia - e gostando.

A metamorfose se completou no Dia da Vitória, em 1945, quando uma pessoa diferente surgiu na sacada do Palácio de Buckingham. Ela tinha 19 anos, estava madura e havia deixado a imagem de menina para trás. Acenando ao lado do pai, Elizabeth era o futuro do Reino Unido.

Lentamente, a tímida princesa ia caindo nas graças dos britânicos. Com seus movimentos acompanhados de perto, era inevitável que surgissem, com o tempo, as primeiras fofocas sobre quem Lilibeth levaria para o altar. Ela, no entanto, já tinha um cadete da Marinha na sua alça de mira.

Quando viu Philip Mountbatten pela primeira vez, Elizabeth tinha só 13 anos. Foi em 1939, durante visita ao Royal Naval College, em Dartmouth, acompanhando seu pai. "Ele tinha 18 anos", escreveu a rainha, anos mais tarde, em carta publicada pelo tabloide The Mirror, em 2016.

Segundo a Vanity Fair, durante a visita, Philip foi convidado a tomar chá com a família real. Começava a paquera. Ele era filho de monarcas gregos, chegou a trocar cartas com a princesa durante a guerra, mas só pediu a mão de Elizabeth em 1946.

O casamento foi anunciado no ano seguinte, quando o casal apareceu em público pela primeira vez. Na mão esquerda, ela levava um anel de platina com seis diamantes, o maior tinha três quilates.

A cerimônia foi realizada no dia 20 de novembro de 1947, na abadia de Westminster. O convescote foi transmitido pela Rádio BBC e acompanhado por 200 milhões de pessoas ao redor do mundo. O casal recebeu 2.500 presentes e 10 mil telegramas de felicitações.

O casamento foi um dos primeiros megaeventos de celebridades. Para um país mergulhado na austeridade do pós-guerra, a festa foi uma pausa na penúria. A jovem princesa tornou-se o símbolo de uma nova geração sedenta para virar a página de um continente atormentado pela destruição.

A coroa era uma questão de tempo. Elizabeth estava no Quênia, a caminho da Austrália, em 1952, quando seu pai morreu. O rei não andava bem de saúde e ela já cumpria algumas funções reais. "Meu pai morreu cedo. Não tive preparação. Aprendi o ofício na marra", diria Elizabeth mais tarde. "Sabia que era um trabalho para o resto da vida."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), afirmou no Twitter nesta quarta-feira (17) ter sido informado pelo comandante militar do Leste que este ano não acontecerá a tradicional parada militar de 7 de Setembro, na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. Segundo ele, tampouco os militares desfilarão em Copacabana, mas haverá um ato do Exército - que não detalhou como será. Será "em um pequeno trecho na Avenida Atlântica, próximo ao Forte de Copacabana, sem arquibancada ou desfile".

"Como já havia sido veiculado por alguns órgãos de imprensa, deverão acontecer apresentações da Marinha e da Aeronáutica no mar e no espaço aéreo, sem qualquer tipo de interferência nas pistas da Avenida Atlântica", escreveu. "Ao longo dos próximos dias teremos reuniões com as Forças Armadas para a organização de detalhes. Repito: a parada militar não será na Pres Vargas nem em Copacabana. Essa é a solicitação que recebi do Exército Brasileiro", afirmou Paes.

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A mudança atende a exigência do presidente Jair Bolsonaro, que tem convocado seus apoiadores para segui-lo à rua uma "última vez", em Copacabana no dia 7. Inicialmente, o mandatário anunciou que o desfile serias na orla. Mas essa operação se mostrou muito difícil, por dificuldades logísticas - distância de quartéis e tombamento do calçadão da Atlântica, por exemplo. Houve também resistência de militares ao envolvimento das Forças em uma manifestação política, como a convocada pelo presidente. No comando da reeleição, surgiu o temor de radicalização, em um momento em que o governo começa a pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 e saboreia a redução nos preços da gasolina. Tudo isso fez assessores tentarem demover o presidente da proposta e trabalhar por um 7 de Setembro diluído.

De acordo com o presidente, o desfile não ocorrerá porque há previsão de "muita gente na praia". "Teríamos dificuldades para a tropa se organizar para o desfile. Haverá um palanque, é um movimento cívico. Não pretendo fazer uso da palavra lá", afirmou Bolsonaro.

O Ministério da Defesa e o Comando Militar do Leste não confirmam qual será a programação das Forças Armadas na capital fluminense. O Esquadrão de Demonstração Aérea, responsável pela Esquadrilha da Fumaça, diz que ainda não há apresentações previstas para o Rio de Janeiro no dia 7 de setembro.

"Por enquanto só temos confirmação de presença no 7 de setembro em Brasília como parte das atrações na Esplanada dos Ministérios", diz em nota o Esquadrão de Demonstração Aérea.

Bolsonaro, porém, insiste na ideia. Candidato á reeleição pelo PL e em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o presidente insiste em denunciar - sem jamais ter apresentado nenhuma prova - supostas fraudes nas urnas eletrônicas, que o prejudicariam. Também manteve, nos últimos meses, ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Alguns bolsonaristas, principalmente no Telegram, como mostrou o Estadão, pedem um "contragolpe das Forças Armadas no STF". A corte estaria, na visão desses seguidores de Bolsonaro, preparando-se para fraudar a eleição de 2022. Assim, segundo essa teoria da conspiração, o tribuna daria a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O petista aparece em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Na terça, 16, a posse de Alexandre de Moraes na presidência do TSE transformou-se em ato de apoio ao processo eleitoral.

Ao visitar Juiz de Fora (MG) na terça, 16, Bolsonaro antecipou o que pretendia. Afirmou que o desfile militar em celebração ao bicentenário da Independência será em Brasília. Na estreia oficial da campanha, o chefe do Executivo disse que as comemorações serão restritas a "palanques" na zona sul da cidade, com demonstrações da Marinha e da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea, na orla. "Teremos um ato cívico. É impossível a tropa desfilar. Não haverá desfile da tropa dia 7 no Rio de Janeiro. Será tudo concentrado em Brasília. Terão palanques, teremos lá um movimento da Marinha na praia, nossa Força Aérea com a Esquadrilha da Fumaça. A artilharia nossa atirando", disse o presidente, em Juiz de Fora (MG), que visitou como candidato do PL à reeleição.

Lutadores de pelo menos 50 academias diferentes da cidade de São Paulo compareceram nesta segunda-feira, 8, ao Cemitério do Morumby, para o enterro do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Pereira do Nascimento Lo, morto com um tiro na cabeça no dia anterior em um show de pagode na zona sul da capital.

Parentes disseram que o suspeito, o policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, conhecia Leandro e pode ter agido de forma premeditada, circunstância que ainda deve ser esclarecida pela investigação policial. A Justiça decidiu ontem que Velozo deve seguir preso temporariamente.

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Aos gritos de "é campeão", os lutadores com quimonos de várias cores, tecidos, modelos e tamanhos prestaram homenagens ao lutador de 33 anos. O quimono é uma forma de reverência, como explicou Otávio de Almeida Junior, presidente da Federação Paulista de Jiu-jítsu. O uso generalizado foi um pedido da mãe, Fátima Lo, de 48 anos, para homenagear o filho. "Não tivemos uma comunicação oficial. Isso é uma manifestação espontânea dos lutadores de cerca de 50 academias", disse o dirigente. Na capela, durante o velório, o padre permitiu uma salva de palmas. Aos gritos de "é campeão", entoado por uma multidão que os funcionários do cemitério calculam entre 200 e 300 pessoas, Leandro foi enterrado sob forte comoção.

Apoio

A cerimônia, antes restrita aos familiares e pessoas próximas, sem acesso da imprensa, foi se abrindo à grande movimentação no Cemitério do Morumby ao longo do dia. Entre as pessoas que compareceram ao velório estava o chef de cozinha Alex Atala, apaixonado pela modalidade. Ele não falou com jornalistas.

Alguns admiradores saíram de longe. O lutador Carlos Antonio Pereira, de 18 anos, trocou o horário de trabalho para ir ao enterro. De moto, ele saiu de Santana, zona norte, levou o quimono na mochila e colocou na entrada do cemitério. "O Leandro é um ídolo, ele me inspira a praticar o jiu-jítsu", disse o auxiliar de limpeza.

Essa idolatria estava presente também entre os rivais de tatame. Campeão mundial oito vezes, em cinco diferentes categorias, Lo ganhou oito Pan-americanos. "Ele era admirado por todos. Eu não era companheiro de treino dele, mas era uma figura carismática, que deixa um legado enorme para o esporte", afirmou o amigo Fernando Lopes.

O amigo William Carmona lembra que Leandro era conhecido no meio como "campeão do povo", por ter sido revelado para o esporte em um projeto social. A expressão foi repetida por outros colegas. "Ele tinha origem humilde e fez questão de trabalhar pela popularização do esporte, ajudando os lutadores carentes", afirmou Daniel Root, de 48 anos.

Prisão

Ontem, a Justiça decidiu manter a prisão temporária por 30 dias do tenente Henrique Velozo. "Em audiência de custódia realizada no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães - Barra Funda, o juízo não verificou ilegalidade no cumprimento do mandado de prisão temporária de Henrique Otavio Oliveira Velozo, expedido ontem (domingo, 7) pelo juízo do Plantão Criminal, ficando mantida a prisão pelo prazo de 30 dias", explicou em nota o Tribunal de Justiça de São Paulo.

O PM foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso qualificado por motivo fútil, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, que também afirmou que a PM abriu apuração administrativa para investigar o caso. O policial foi levado para o presídio militar Romão Gomes e o caso está sendo investigado pelo 16.º DP (Vila Clementino).

A família reforçou a acusação de premeditação na briga que culminou com a morte de Leandro. "A pessoa que fez isso com ele conhece ele. A pessoa já foi para isso, só não sabemos o porquê, porque não tem explicação da forma estúpida que aconteceu. Ele provocou uma confusão para o Leandro reagir e nessa tirou a vida do meu filho", afirmou a mãe, Fátima Lo, de 48 anos. Esse é o mesmo sentimento da irmã Amanda Lo. "Ele conhecia meu irmão. A gente só espera que a justiça seja feita", disse.

De acordo com o advogado da família de Lo, Ivã Siqueira Junior, o lutador teve uma discussão com o PM no Clube Sírio, durante um show do grupo Pixote. Lo imobilizou o homem que, após se afastar, sacou uma arma e atirou na cabeça do lutador.

Estigma

Lutador na categoria master e sócio de Leandro Lo na fusão de duas academias para tentar viabilizar a profissionalização dos atletas, o empresário Daniel Root, de 48 anos, aponta a estigmatização que a modalidade enfrenta na sociedade brasileira.

Provocação

"Na minha época, era bem pior. O lutador de jiu-jítsu era arruaceiro e briguento. Isso que acontece com o Leandro é comum. Somos desafiados o tempo todo só por causa do nosso estereótipo. Nossa cara é de lutador, nossa orelha é de lutador, nossas tatuagens. Somos provocados, na balada, nos shows, em todo o lugar", afirmou.

Familiares e praticantes dizem que o crime do qual Leandro foi vítima não tem relação com a filosofia da modalidade. "O jiu-jítsu se tornou conhecido pelo modo errado, pelo emprego da mão. A mão é a última coisa que usamos. Ele não tem soco, se tornou conhecido como um esporte violento, mas não é violento", disse Otávio de Almeida Junior, presidente da Federação Paulista de Jiu-jítsu.

Tenente foi condenado em 2021 por agressão e desacato

O tenente Henrique Otávio Oliveira Velozo já tinha sido condenado por desacatar e agredir colegas de farda em 2017. Velozo se entregou à Corregedoria da PM no fim da tarde de anteontem, após ter a prisão decretada pela Justiça.

Em 27 outubro de 2017, o policial estava de folga em uma casa noturna na Lapa, zona oeste da cidade, comemorando o ingresso do primo na corporação. Na ocasião, enquanto voltava do banheiro, seu primo relatou ter sido agredido por sete indivíduos, sofrendo lesões corporais. O agente tentou defender o primo e também disse ter sido agredido.

A Polícia Militar foi acionada por volta das 4h20. Velozo estava nervoso e exaltado, dificultando o trabalho dos militares que atendiam a ocorrência, segundo consta do acórdão do Tribunal de Justiça Militar, que julgou o caso. Além de desacato, também deu um soco no colega de farda.

"Oficial da corporação que, em trajes civis e momento de folga, acaba desferindo um soco no braço de policial militar que foi ao atendimento de uma confusão. Vídeo da agressão confirma a violência contra o inferior", apontou o tribunal militar.

Velozo acabou sendo contido pelos seguranças da casa noturna, momento em que os policiais o desarmaram, pois trazia sua arma na cintura. Em 15 de setembro de 2020, o Conselho Especial de Justiça julgou improcedente a denúncia contra o policial. Na ocasião, ele foi absolvido das acusações de agressão e de ofensa à integridade ou saúde de outrem, mas foi condenado a 6 meses de detenção pelo crime de desacato a militar.

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) recorreu da decisão, visando à condenação do apelado às penas mínimas fixadas para os delitos.

Em 13 de maio de 2021, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça Militar em segunda instância a 9 meses de detenção pelos crimes de agressão a subordinado e desacato ao oficial, cumprida em regime aberto.

Nas redes sociais, antes de ter as contas fechadas, o policial citava ter graduação em Direito, com especialização em Ciências Jurídicas, e formação em Educação Física. Também se apresentava como analista comportamental. Costumava postar fotos com a farda, com armas, em iates e recebendo a faixa roxa de jiu-jítsu. A reportagem não localizou a defesa do policial.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em encontro no Palácio do Planalto com José Arruda, irmão do guarda municipal petista Marcelo Arruda - assassinado a tiros em Foz do Iguaçu, no dia 9, por um militante bolsonarista - o presidente Jair Bolsonaro prestou solidariedade à família dele e reconheceu que o aniversariante foi a única vítima do caso, segundo o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que intermediou a reunião.

De acordo com o parlamentar, o presidente se retratou por dizer que o assassino teria recebido chutes de petistas no momento do crime. "O presidente, inclusive, se desculpou por esse fato. Porque a primeira informação que ele tinha - errada - e que eu disse a ele a verdade também, e o José também falou, que aquele ato, o chute, depois, não foi um ato provocado por um petista, foi um ato de um amigo do Marcelo bolsonarista", disse. "E nessa reunião, então, o presidente se retratou com ele e reconheceu que aquela fala foi sem a devida informação verdadeira", afirmou Otoni após a reunião. O irmão de Arruda não quis dar declarações.

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"O presidente colocou muito claro que só há uma vítima nesse caso, que é o Marcelo. Ele era o dono da festa. Quem chega na festa para cometer o ato de violência é quem é o único responsável pela violência, e não o Marcelo", declarou.

Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos numa festa com temática do PT. A comemoração foi interrompida pelo agente penal federal Jorge Guaranho, simpatizante de Bolsonaro, que, segundo testemunhas, gritou "aqui é Bolsonaro", antes de começar a atirar. Após troca de tiros, no qual Guaranho também foi atingido, o agente recebeu chutes de amigos de Arruda.

'Narrativas'

Após a reunião, Bolsonaro disse que destruiu "narrativas". "Conversamos com o irmão daquele que faleceu, onde a imprensa tentou botar no meu colo a responsabilidade pelo episódio lamentável e injustificável. Brigas existem, mas como aquela não tem explicação, do nada. Do nada, deixando chefe de família morto, não interessa coloração político-partidária daquela pessoa", afirmou o presidente. "Destruímos narrativas e mostramos que me interessa conversar com ele para prestar solidariedade."

O União Brasil anunciou, nesta quinta-feira (7), o apoio à reeleição do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). O partido, porém, abriu nova disputa na coligação ao pedir a indicação do vice na chapa, cargo reservado atualmente ao MDB.

O União Brasil, em nota, também constrangeu o PSDB nacional ao afirmar que Garcia vai apoiar o presidente da legenda, Luciano Bivar, na disputa ao Palácio do Planalto. O comunicado ignora o fato de os tucanos terem acerto com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) na eleição deste ano.

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"Após longo período de conversas, o União Brasil e o PSDB chegam a um acordo para as eleições estaduais. O União Brasil vai apoiar a reeleição de Rodrigo e discutirá o nome de vice na chapa", afirma o União Brasil, na nota.

Garcia e Bivar estarão no mesmo palco amanhã em um ato que espera reunir 3 mil pessoas em São Paulo, com a presença do casal Sérgio e Rosângela Moro, ambos filiados ao União Brasil. "O evento também vai marcar o apoio de Rodrigo Garcia a Bivar como candidato a presidente em São Paulo", diz a nota.

O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), foi informado por Bivar do acordo em São Paulo em reunião na terça-feira, em Brasília. O emedebista não se opôs ao acerto, mas quer que o governador também abra palanque para Simone. Bivar chegou a romper com o governador paulista após o PSDB abraçar a pré-candidatura da senadora, mas recuou.

"Se o Rodrigo Garcia apoiar dois candidatos à Presidência da República, deve haver uma compensação digna ao União Brasil, que seria a indicação do candidato a vice. A sobrevivência do PSDB nacional passa pela eleição do governo em São Paulo", disse o deputado federal Junior Bozzella (União Brasil-SP), aliado de Bivar e membro da Executiva Estadual.

Resistência

O MDB, porém, mantém o nome do ex-secretário da Saúde da capital Edson Aparecido, que deixou o PSDB, como uma indicação do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB). Para Garcia, é importante ter o chefe do Executivo paulistano engajado no projeto estadual. Aparecido já articulou 15 encontros de Garcia com Nunes e militantes na cidade.

Agora, com o fim do impasse, Garcia tem garantido o tempo de TV do União Brasil - 1 minuto e 30 segundos em cada bloco da propaganda eleitoral gratuita -, e assim terá a hegemonia na programação diária. Ele estará à frente de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT).

Na coligação tucana, o Podemos e até o ex-governador João Doria (PSDB) atuam nos bastidores para indicar o candidato ao Senado. Doria defende Henrique Meirelles (União Brasil), e o Podemos, o deputado estadual Heni Ozi Cukier.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo com o empenho do ex-governador Márcio França (PSB) e após a costura de alianças em dois Estados, o PT ficou sem o apoio do PSD em São Paulo. O fracasso nas investidas sobre o partido de Gilberto Kassab, que hoje deve anunciar chapa com Tarcísio de Freitas (Republicanos), se dá no momento em que petistas e líderes do PSB externam conflitos nas articulações no Rio e em mais cinco Estados.

A decisão de Kassab pelo apoio a Tarcísio foi informada a diretórios e pré-candidatos do PSD ontem. A composição envolve a indicação do ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth (PSD) a vice de Tarcísio, candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no Estado.

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Petistas e aliados que queriam o PSD com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ficaram frustrados. França, que desistiu de disputar o Palácio dos Bandeirantes para concorrer ao Senado, chegou a abrir mão de indicar um vice em favor de um nome ligado a Kassab.

Petistas minimizaram a adesão a Tarcísio. "Não perdemos o PSD porque nunca o tivemos. Estamos muito animados com a frente que está se formando em torno do Haddad", disse o deputado estadual Emídio de Souza (PT) e coordenador da campanha do petista ao governo.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou que até agora o correligionário já conseguiu uma "ampla coalizão", com apoios de Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL), ambos candidatos à Câmara. Segundo Padilha, Haddad precisa buscar "uma mulher ou uma grande liderança do interior" para vice.

Já a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse "lamentar" a posição de Kassab por entender que ele está reforçando o "palanque de Bolsonaro em São Paulo". No entanto, segundo ela, a decisão não afeta alianças com o PSD em Minas Gerais, onde o PT apoia o ex-prefeito Alexandre Kalil e na Bahia, onde o PT recebeu o apoio do PSD.

Argumento

As alianças do PT com candidatos do partido de Kassab são usadas como argumento pelo PSB para criticar a tentativa de tirar o deputado federal Alessandro Molon (RJ) da disputa pelo Senado no Estado. Petistas defendem a candidatura do deputado estadual André Ceciliano (PT-RJ) na chapa encabeçada por Marcelo Freixo (PSB) ao Palácio da Guanabara.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seu candidato a vice, estiveram ontem no Rio e fizeram uma série de afagos em Ceciliano, que também é próximo de bolsonaristas. O impasse local levou preocupação a aliados do PT no Nordeste, como mostrou ontem a Coluna do Estadão. Nessas disputas, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, criticou uma suposta quebra de acordos.

"Estamos reivindicando o que o PT fez em Minas Gerais. O PT tinha candidato e abriu mão para apoiar o candidato do PSD, que não apoia o partido em nível nacional. No Rio Grande do Norte, reivindicamos a candidatura ao Senado, e eles preferiram apoiar um nome do PDT alinhado ao Bolsonaro. Por que não podem fazer essa concessão no Rio? Apenas o PT pode resolver essa questão. Queremos que os dois (Molon e Ceciliano) sejam candidatos", afirmou Siqueira.

Já Gleisi afirmou que a cobrança do PSB é "injusta". Segundo ela, são o PSB e Molon que estão descumprindo acertos. "No Rio de Janeiro, eu fiz um acordo com o Siqueira lá atrás. Ele disse: 'Olha, tem a candidatura do Freixo, e o Molon está querendo ser candidato'. Eu disse: 'Mas nós queremos participar da chapa'. Ele disse: 'Se o PT quer indicar o nome para participar da chapa, o Molon retira, sem problema'. O acordo é que a vaga seria do PT", disse Gleisi.

Durante um encontro de sambistas com Lula no centro do Rio ontem, Molon afirmou que não participou de nenhum acordo. E disse estar "perplexo" com a cobrança pública feita por Freixo para que abra da disputa. "Nossos adversários são outros. Fogo amigo não ajuda", afirmou.

O deputado federal tem se apegado a pesquisas eleitorais para se manter na disputa. Levantamento divulgado pelo RealTime Big Data na quinta-feira passada mostra o senador Romário (PL) e Molon empatados na margem de erro, com 19% e 14%. Daniel Silveira (PTB) tem 8%, e Ceciliano, 4%.

Pelo País

Além do Rio, as desavenças entre PSB e petistas se dão em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Minas e Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT), por exemplo, fará um evento no próximo dia 23 para homologar a candidatura em aliança com Carlos Eduardo (PDT), com quem rivalizou em 2018. Naquela eleição, ele chegou a apoiar Bolsonaro.

O candidato do PSB é o ex-deputado federal Rafael Motta, presidente do diretório estadual. As bases petistas têm compartilhado nas redes sociais falas dos últimos anos em que Carlos Eduardo criticou duramente a petista.

Outro ponto de conflito é a Paraíba, em que o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) é o candidato de Lula ao Senado. O PT vai apoiar Veneziano Vital do Rêgo (MDB) ao governo. Coutinho está cassado pelo TSE e busca reverter a decisão da corte. Bancado por Lula, é um crítico feroz do governador João Azevêdo (PSB), que busca a reeleição. Ambos, um dia já foram do PSB.

Nessa briga, Siqueira tem cobrado "equilíbrio". Gleisi, por sua vez, disse que decisões tardias tanto na Paraíba quanto no Rio Grande do Norte levaram ao desalinhamento. Já no Rio Grande do Sul, as siglas encerraram as tratativas na semana passada, sem acordo, e ambas vão disputar o governo.

Expulsão

Em Pernambuco, o PT abriu mão de uma candidatura ao governo e está com o deputado federal Danilo Cabral (PSB). No entanto, Marília Arraes (Solidariedade), que se desfiliou do PT, se lançou colada à imagem de Lula e com apoio de ex-correligionários. Quadros petistas lançaram a campanha "oPTeiMarília".

A iniciativa é liderada pela vereadora Fany Bernal, de Garanhuns, terra natal de Lula, que acabou expulsa do PT. "Hoje, o manifesto conta com 500 lideranças petistas. Para a surpresa nossa, não filiados estão participando do manifesto", afirmou. Além dela, outros nove petistas foram expulsos do partido por manifestar apoio a Marília. A decisão foi tomada nesta terça, 5, pelo diretório estadual da legenda.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma vacina personalizada contra o câncer, produzida a partir do DNA do próprio paciente, alcançou resultados iniciais esperançosos em estudos clínicos do Clatterbridge Cancer Center, um dos principais centros de estudos médicos da Inglaterra. O estudo pioneiro ainda é preliminar, com poucos participantes, e os dados ainda não foram publicados em revista científica.

Para especialistas, porém, esse tipo de tratamento dá esperança sobre novas terapias. Eles alegam que ainda é preciso ter mais testes com o tratamento para entender a eficácia do produto.

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A vacina contra o câncer foi aplicada como tratamento complementar em pacientes com a doença de cabeça e pescoço, aqueles que acometem as regiões da boca, faringe (garganta), laringe e cavidade nasal, bem como a pele, glândulas salivares, vasos sanguíneos, músculos e nervos da região, além da glândula tireoide.

RESULTADOS

Nenhum dos oito primeiros pacientes vacinados apresentou recaída. Por outro lado, o câncer voltou em dois de oito pacientes que não haviam sido imunizados. Os resultados foram apresentados no Congresso americano de Oncologia Clínica, em junho.

Embora os números do estudo sejam pequenos, ainda sem publicação nos periódicos científicos, a personalização trazida pela técnica abre uma nova perspectiva no tratamento contra o câncer, dizem os especialistas que analisam os primeiros resultados da pesquisa.

CAUTELA

Christian Ottensmeier, consultor médico oncologista e diretor de pesquisa do Clatterbridge Cancer Center, mostrou certa dose de cautela, mas otimismo para as próximas fases da pesquisa.

"Estou realmente esperançoso, sim. Estou bastante animado com isso. Todos os dados estão apontando na direção certa", afirmou.

O Clatterbridge Cancer Center foi o primeiro hospital inglês a oferecer o tratamento. Um pequeno ensaio clínico com doentes com câncer nos ovários na França e nos Estados Unidos também vem mostrando resultados promissores.

TECNOLOGIA

A vacina foi batizada de TG4050. Ela é desenvolvida pela empresa francesa Transgene com tecnologia semelhante à usada na produção do imunizante contra a covid-19 da AstraZeneca.

Em linhas gerais, os cientistas coletam uma amostra do tumor do paciente e analisam as mutações, como uma assinatura única genômica daquele tumor. Com um mecanismo de inteligência artificial, os pesquisadores analisam pelo menos 30 dessas mutações mais propensas a estimular uma resposta imune.

Os fragmentos de DNA dessas mutações são inseridos no vírus que, por sua vez, é injetado no paciente. O sistema imune do paciente reconhece e produz uma resposta contra a célula desse tumor, fazendo vigilância e a defesa do organismo.

Pesquisa traz esperança, mas é preciso ter mais dados, dizem médicos

O oncologista Thiago Bueno, vice-líder do Centro de Referência de Tumores de Cabeça e Pescoço do A.C. Camargo Cancer Center, classifica os dados como promissores, mas mantém a cautela. "São resultados iniciais, mas promissores. Estamos empolgados, embora seja preciso manter os pés no chão e ter cautela. Vamos precisar ver os dados a longo prazo e analisar mais pacientes para afirmar que é uma tecnologia que veio para ficar no nosso arsenal no tratamento contra o câncer", diz o especialista.

Para Bueno, o grande avanço do estudo feito na Inglaterra é a personalização do tratamento. "Cada tumor de cabeça e pescoço é único. A personalização abre uma nova perspectiva de tratamento. Nós ainda não temos tecnologias de indução de resposta imune de maneira tão personalizada, como um tratamento para cada paciente", explica. A imunoterapia, tipo de tratamento onde se esquadra o estudo inglês, representa uma das mais recentes inovações no tratamento da doença metastática do câncer de cabeça e pescoço. A terapia estimula o sistema imunológico do paciente a controlar o tumor. São medicações injetadas na corrente sanguínea do paciente que podem produzir bons resultados de acordo com a resposta do paciente.

William Nassib William Júnior, diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia da BP - Beneficência Portuguesa, adota raciocínio semelhante. "O estudo aumenta o nosso conhecimento ao mostrar que o sistema imunológico foi capaz de ser treinado para reconhecer as moléculas introduzidas como tratamento. No entanto, nós não sabemos quais são os benefícios a longo prazo. Os dados são preliminares. Precisamos de mais pacientes e de acompanhamento mais longos", opina.

A Otan prometeu nesta segunda (27) aumentar drasticamente o número de tropas que mantém em "alto nível de prontidão" em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, o número de soldados em alerta máximo deve saltar de 40 mil para 300 mil nos próximos meses.

O anúncio do líder da Otan ocorreu às vésperas de uma reunião de cúpula da aliança, em Madri, desta terça-feira (28) até quinta (30), que deve definir aspectos importantes do posicionamento da Otan sobre a Ucrânia e o futuro da parceria entre os países-membros. Stoltenberg classificou a etapa como a "maior revisão de defesa e dissuasão coletiva desde a Guerra Fria".

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Mudança

Transformar a força de resposta rápida da Otan, que conta com cerca de 40 mil soldados, é apenas uma das maneiras pelas quais a aliança pretende responder à invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com os planos, a aliança também transferirá estoques de munições e outros suprimentos para o Leste Europeu, uma transição que deve ser concluída em 2023.

Em Madri, os aliados discutirão ainda planos para reforçar as fronteiras com Belarus e Rússia, delinear um novo modelo de força, anunciar financiamentos e publicar um "pacto estratégico" para os próximos anos, de acordo com diplomatas da Otan.

Na última vez em que a aliança publicou esse tipo de documento estratégico, em 2010, os laços com a Rússia eram mais amigáveis. A versão mais recente "deixará claro que os aliados consideram Moscou como a ameaça mais significativa e direta", disse Stoltenberg.

Suécia e Finlândia

Os países da Otan também debaterão os pedidos de adesão de Suécia e Finlândia. Até agora, a Turquia bloqueou as propostas dos países, acusando ambos de abrigar grupos "terroristas" - como os turcos se referem aos separatistas curdos.

Tanto Stoltenberg quanto a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, disseram na semana passada que tentariam convencer a Turquia a mudar de ideia e aceitar a entrada dos dois países antes da cúpula de Madri.

Ontem, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, confirmou reuniões tanto com Magdalena quanto com o presidente finlandês, Sauli Niinisto. Stoltenberg, porém, tratou de reduzir as expectativas de um acordo. "É muito cedo para dizer que tipo de progresso podemos alcançar", disse.

Exigências

Erdogan exige o fim do bloqueio da exportação de armas suecas e finlandesas para a Turquia, em vigor desde a intervenção militar turca no norte da Síria, em outubro de 2019, o endurecimento da legislação antiterrorista da Suécia e a extradição de várias pessoas que Ancara descreve como terroristas.

A cúpula de Madri deve ser dominada pela guerra da Ucrânia. Apesar do compromisso da Otan com a defesa dos ucranianos, a aliança pretende oferecer apenas ajuda não letal, já que seus membros não querem arriscar um confronto direto contra a Rússia.

A presença da Otan no Leste da Europa, perto da fronteira da Rússia, era justamente a razão alegada pelo presidente russo, Vladimir Putin, para invadir a Ucrânia, em fevereiro. Portanto, o aumento do efetivo não deve ser bem recebido em Moscou, muito menos a notícia de que os membros da alianças ampliaram seus gastos militares.

Tensão

De acordo com números divulgados esta semana pela Otan, os gastos com defesa entre seus 30 membros devem aumentar 1,2% em termos reais este ano, a taxa de crescimento mais lenta em oito anos sucessivos de incremento.

Em 2022, nove países devem ultrapassar a meta de 2% do PIB em gastos militares, liderados pela Grécia, com 3,76%, e EUA, com 3,47%. O Reino Unido ocupa o sexto lugar, com 2,12%, um gasto ligeiramente abaixo dos dois anos anteriores. A França gastará 1,9% do PIB e a Alemanha, 1,44%. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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