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A Esplanada dos Ministérios, conjunto criado por Oscar Niemeyer no projeto de Brasília, incluiu 17 prédios iguais, desenhados para abrigar os órgãos de governo. Se fosse projetar a cidade hoje, talvez o arquiteto pensasse em fazer duas esplanadas - e, mesmo assim, faltaria prédio para tanto ministério. Com a criação da pasta da Micro e Pequena Empresa, anunciada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a administração atual chegará a 38 ministérios, bem perto do recorde de 39 atingido pela gestão de Dilma Rousseff (PT). Por trás do inchaço da Esplanada está a necessidade de ampliar o número de rubricas orçamentárias à disposição de partidos aliados, para angariar votos nas Casas Legislativas e facilitar a aprovação de pautas de interesse do governo.

No momento, o nome mais cotado para a nova pasta é o do ex-governador Márcio França (PSB), atualmente ministro de Portos e Aeroportos. Nessa hipótese, para o seu lugar iria o deputado Silvio Costa Filho (PE), do Republicanos, um dos partidos que o governo tenta atrair.

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Há pelo menos um mês já está certo que Costa Filho - chamado de Silvinho nos bastidores - e o também deputado André Fufuca (PP-MA) serão ministros, como forma de ampliar a presença do Centrão na Esplanada. Falta definir quais pastas eles comandarão. Assim, a criação de mais uma ministério deve ajudar a destravar a reforma do governo. A nova pasta não necessariamente vai interessar ao grupo, mas possibilitará a Lula remanejar um aliado e abrir espaço em um ministério mais poderoso.

Líder do PP, Fufuca é ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e ao senador Ciro Nogueira (PI). Este último foi ministro da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro (PL) e é adversário de Wellington Dias (PT) - o atual titular do Desenvolvimento Social - no Estado de origem de ambos, o Piauí. Ciro Nogueira preside o PP, critica Lula nas redes sociais e terá apadrinhados políticos no governo, mas diz não querer cargos.

Aliada de Ciro Nogueira e de Lira, a ex-deputada Margarete Coelho será a nova presidente da Caixa Econômica Federal. Ela vai ocupar o lugar de Rita Serrano. A mudança deve ser seguida de trocas no comando das vice-presidências do banco para abrigar PP e Republicanos, as duas legendas que o governo tem interesse em atrair para a base aliada. Atualmente, Margarete é diretora de Administração e Finanças do Sebrae.

Bolsa Família

A configuração traçada até o momento prevê deixar Wellington Dias no comando do Desenvolvimento Social com o Bolsa Família - marca registrada do PT - e também com o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Nesse desenho, Fufuca ficaria com Ação Social, um ministério turbinado por emendas parlamentares.

O plano desagrada ao PT, mas enche os olhos do Centrão, às vésperas de um ano de eleições municipais. Motivo: a nova pasta abrigaria as chamadas emendas de transferência especial, que vão diretamente para o caixa das prefeituras. O dispositivo foi batizado por técnicos do Orçamento de "emenda Pix" ou "cheque em branco" por causa da dificuldade em rastrear a finalidade dos recursos.

"Com tudo isso, é no mínimo estranho, no meio da reforma ministerial, que setores do Congresso avancem para criar uma pauta-bomba", disse o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), numa referência ao projeto do Centrão de ampliar as desonerações da folha de pagamento para todos os municípios. O impacto previsto para os cofres públicos é de R$ 14 bilhões.

Apoio interno

Em reunião do Diretório Nacional do PT realizada na segunda (28), Wellington Dias fez um balanço de sua gestão e disse que no governo Bolsonaro a fome aumentou nas grandes cidades. Ex-governador do Piauí, o ministro acompanhará Lula na viagem ao Estado, amanhã, para o lançamento do programa Brasil Sem Fome. No encontro partidário, ele recebeu a solidariedade de deputados e senadores petistas, que criticaram a ideia de dividir o ministério para entregar uma fatia ao Centrão.

"Nós hipotecamos apoio e solidariedade ao Wellington", afirmou o deputado Jilmar Tatto (SP), secretário de Comunicação do PT. "Nós não nos recusamos a contribuir com a governabilidade, mas o Desenvolvimento Social e a Saúde não são para negociar."

Na prática, dirigentes do PT não acham que Dias esteja tão bem assim no comando da pasta, mas não querem perder espaço na Esplanada e já se queixaram com Lula. Argumentaram que tirar ações do guarda-chuva do Desenvolvimento Social significa dar aos candidatos do Centrão um poderoso trunfo para as eleições às prefeituras, em 2024.

Equilíbrio

Para o cientista político Eduardo Grin, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, a criação de um ministério surge de forma estratégica para Lula se equilibrar entre manter aliados, mulheres e representantes negros e indígenas no governo, ao mesmo tempo que possibilita abrir espaço para os partidos do Centrão, como é o caso de Republicanos e PP.

Nesse sentido, é emblemática a substituição de Rita Serrano, funcionária de carreira da Caixa, pela ex-deputada Margarete Coelho. Inicialmente, o PP havia indicado para o posto o advogado Gilberto Occhi. Ex-ministro (Cidades e Integração Nacional na gestão de Dilma Rousseff e Saúde na administração de Michel Temer), ele presidiu a Caixa entre 2016 e 2018, sob a presidência de Temer. No entanto, pessoas próximas a Lula têm feito pressão para que o posto não deixe de ser ocupado por uma mulher.

Outros ministérios comandados por mulheres estão na mira da reforma. A pressão é mais forte sobre as pastas da Saúde (chefiada por Nísia Trindade) e Esporte (com Ana Moser). A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que as ministras do governo Lula são "atacadas todos os dias" para que as pastas que comandam sejam dadas a homens.

'Povo trabalhador'

Enquanto tenta agradar aos congressistas com a reforma ministerial, Lula disse na sua live de ontem que a maioria deles não representa o "povo trabalhador". "A maioria dos deputados são pessoas que pertencem a uma classe média alta. Quando chega um projeto para votar, muitas vezes não votam de acordo com os interesses da maioria do povo. Eles votam a favor dos interesses daquela sociedade que eles vivem no meio", afirmou o presidente.

De acordo com Lula, quando o eleitor vota "de forma estabanada", "planta vento e colhe tempestade". Lula fez a declaração no programa "Conversa com o Presidente", no qual anunciou a criação do ministério. (COLABOROU CAIO SPECHOTO)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado nesta quarta-feira, 23, no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde realizou exames preparatórios para novas intervenções médicas previstas para o próximo mês. "Exames para três cirurgias em meados de setembro. A mais importante será no abdome, em consequência da facada", disse ele em entrevista à agência Reuters, numa referência ao atentado que sofreu em 2018, em Juiz de Fora (MG).

Desde que sofreu o ataque em Minas, o ex-presidente já passou por cinco cirurgias no abdome. A mais recente foi em janeiro, quando ele estava nos Estados Unidos. Bolsonaro sentiu dores abdominais e teve de ser submetido a uma aderência em hérnia incisional.

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'0800'

Durante o voo de Brasília para São Paulo, na manhã de ontem, o ex-presidente falou sobre a harmonização dentária feita na semana passada, em Goiânia. A uma apoiadora, ele afirmou: Foi 0800, tá? Não paguei nada, não".

Ao levantar para desembarcar, Bolsonaro foi aplaudido por alguns passageiros. Outros o questionaram sobre as investigações abertas contra ele. "Está fugindo da Polícia Federal?", disse uma passageira.

Três ex-governadores da Paraíba e quatro viúvas de ex-governadores do Estado entraram com ação conjunta no Supremo Tribunal Federal para voltarem a receber uma pensão de até R$ 31,1 mil. O benefício foi suspenso em maio de 2020, após decisão da Corte entender que o pagamento era inconstitucional. Os ex-governadores e as viúvas alegam "estado de vulnerabilidade social", uma vez que são idosos, e que dependiam diretamente da pensão para a sobrevivência.

Apesar das justificativas, os três ex-governadores têm patrimônios declarados que variam de R$ 1,7 milhão a R$ 3,3 milhões, além de atuarem na política, o que garante outras fontes de renda. Já a lista de viúvas inclui uma desembargadora do Tribunal de Justiça da Paraíba que recebe, em média, R$ 62,5 mil por mês. A informação foi revelada pelo blog de Wallison Bezerra, do portal MaisPB.

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A reclamação foi ajuizada na última quinta-feira, 17, pelos ex-governadores Ricardo Coutinho (PT), Roberto Paulino (MDB) e Cícero Lucena (PP). As viúvas são Glauce Maria Navarro Buriti (que foi casada com Tarcísio Buriti), Myriam De Mello E Silva Cabral (Milton Cabral) e Mirtes De Almeida Bichara Sobreira (Ivan Bichara), além da desembargadora Fátima Bezerra Maranhão (José Maranhão). Após a publicação da reportagem, Fátima Bezerra desistiu da ação.

Em maio de 2020, quando a pensão foi paga pela última vez, 14 ex-governadores e viúvas de ex-governadores da Paraíba receberam um total de R$ 216,9 mil, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB). Isso equivalia a um gasto anual de R$ 2,8 milhões aos cofres públicos.

Reajuste

Caso o Estado volte a pagar a pensão, o gasto tende a ser maior ainda, uma vez que o salário de governador da Paraíba foi reajustado, em janeiro, de R$ 23,5 mil para R$ 31,2 mil. Os ex-governadores e as viúvas pedem ainda ao STF o pagamento retroativo das pensões. A ação foi sorteada para o ministro Luiz Fux.

Paulino tem patrimônio declarado de R$ 1,7 milhão. Em 2021 foi nomeado secretário-chefe do governo do Estado e recebe salário de R$ 23,4 mil. Com patrimônio de R$ 1,8 milhão, Lucena é prefeito de João Pessoa, com vencimentos de R$ 28 mil. Coutinho ganha R$ 8,4 mil como farmacêutico aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele declarou R$ 3,2 milhões em bens nas eleições de 2020.

Fátima Maranhão tem média salarial de R$ 62,5 mil, segundo o Conselho Nacional de Justiça. Ela foi casada com José Maranhão, que, em 2018, declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 8 milhões. Já Myriam de Mello e Silva Cabral recebe pensão de R$ 17,2 mil do Senado, uma vez que seu marido foi parlamentar.

Ação fala em 'anos servindo à administração pública'

Na petição inicial, os ex-governadores da Paraíba e as viúvas afirmam que a decisão do Supremo Tribunal Federal que cessou o pagamento da pensão, em 2020, não considerou que eles se encontram em fragilidade social por serem idosos. A idade do grupo varia de 62 a 101 anos. Ressaltam, ainda, que os valores das pensões eram de natureza alimentícia.

"Após tantos anos recebendo o benefício, que era assegurado em lei, os reclamantes construíram padrão de vida mínimos de dignidade, realizaram planejamentos pessoais, familiares e financeiros que dependiam diretamente da pensão para sua sobrevivência", escrevem. O valor do benefício é 23 vezes maior que o salário mínimo, hoje em R$ 1.320.

Sustentam, ainda, que a pensão era paga com o objetivo de amparar ex-governadores e viúvas após "anos servindo à administração pública". "As viúvas se dedicavam bastante ou quase que exclusivamente ao digno e nobre papel de primeira-dama, tendo, muitas vezes, de deixar suas carreiras profissionais suspensas, em nome da dedicação ao serviço público."

Procurados, os citados não responderam. O advogado da ação conjunta, Iarley Maia, disse que "não está autorizado a comentar o caso".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para flexibilizar regras de impedimento de juízes e liberar magistrados para julgar casos em que as partes sejam clientes de escritórios de cônjuges, parceiros e parentes. Até a noite de ontem o placar estava em 6 a 3 no plenário virtual. A decisão beneficia os próprios ministros do STF. Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes são casados com advogadas. Já os ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Edson Fachin, por exemplo, são pais de advogados.

A restrição foi criada na reforma do Código de Processo Civil para garantir a imparcialidade nos julgamentos e valia inclusive para processos patrocinados por outras bancas de advogados. Isso quer dizer que, se o cliente tivesse alguma causa no escritório do parente do juiz, o magistrado estaria impedido de julgar qualquer ação dele.

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O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, apresentou o voto predominante. Ele defendeu que a restrição à atuação dos magistrados viola os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

O argumento é que não dá para exigir que os juízes conheçam a carteira de clientes dos escritórios de seus parentes. "O fato é que a lei simplesmente previu a causa de impedimento, sem dar ao juiz o poder ou os meios para pesquisar a carteira de clientes do escritório de seu familiar", criticou.

O julgamento estava em curso no plenário virtual do STF. Nesta modalidade, não há debate, reunião dos ministros ou transmissão pela TV Justiça. Os votos são registrados em uma plataforma online. A votação termina na segunda.

'INTEGRIDADE'

O economista Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional - Brasil, classificou como "lamentável" a decisão do STF. Na avaliação do especialista, a regra de impedimento contribuía para "aprimorar a integridade" da Justiça. "A decisão produz uma percepção na sociedade ainda pior por ter sido tomada por juízes cujas esposas e filhos advogados são sócios de escritórios diretamente afetados."

Brandão discorda do argumento de que os juízes não têm instrumentos para controlar se estão julgando causas de clientes de parentes. "O argumento de que a medida é inexequível é altamente questionável, considerando as possibilidades atuais dos processos digitais. Empresas privadas fazem, há anos, esse tipo de checagem de vínculos societários, de maneira automatizada, para detectar riscos de compliance."

O Código de Processo Civil determina que os magistrados devem se declarar impedidos para o julgamento dos clientes das bancas de seus maridos, esposas e parentes de até terceiro grau. A regra de impedimento se aplica mesmo para processos que estiverem a cargo de outros escritórios, ou seja, o juiz não podia analisar nenhuma ação de quem tivesse contratado serviços de advocacia com bancas de seus familiares.

ASSOCIAÇÃO

A ação em julgamento no STF é movida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A entidade de classe afirma que os juízes precisariam exigir dos parentes uma lista diária da relação de seus clientes e poderiam ser penalizados por "informações que estão com terceiros".

"O dispositivo ora impugnado se presta apenas para enxovalhar alguns magistrados, pois quando há o interesse de atingi-los ou maculá-los, certamente para constrangê-lo em razão de já ter proferido decisão(ões) contrária(s) aos seus eventuais detratores, esses se prestam a fazer pesquisas extra-autos para obter a informação necessária a apontar o impedimento que o magistrado desconhece", argumentou a AMB ao dar entrada no processo em 2018.

Ao votar para derrubar a regra, Gilmar também argumentou que, na prática, a restrição é "inviável", por causa da rotatividade entre os escritórios de advocacia. "Sociedades de advogados são formadas, desmembradas e dissolvidas. Advogados empregados são contratados e demitidos", afirmou. "Para observar a regra de impedimento, não basta verificar o nome do advogado constante da atuação. É indispensável verificar as peças do processo, checando o papel timbrado no qual são veiculadas as petições."

O voto afirma ainda que a distribuição dos processos é aleatória e que o impedimento deve ser "excepcional". "O trabalho do juiz é julgar. Aceitar que as partes usem a recusa como meio para manchar a reputação do julgador é diminuir não só a pessoa do juiz, mas a imagem do Poder Judiciário", acrescentou.

O decano foi acompanhado por Cristiano Zanin, Luiz Fux, Dias Toffoli, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.

Em seu voto, Zanin afirmou que o controle das partes do processo é "praticamente impossível" e que a regra poderia prejudicar parentes de magistrados. "Tanto os clientes quanto os advogados não são obrigados a permanecer no mesmo escritório. É a regra da iniciativa privada. Os vínculos se alteram tanto entre os advogados e os escritórios como entre os escritórios e os seus clientes", defendeu.

O ministro Edson Fachin, relator do processo, votou para manter a regra de impedimento. Ele defendeu que ela foi criada para "garantir um julgamento justo e imparcial". "Ainda que em alguns casos possa ser difícil identificar a lista de clientes do escritório de advocacia, a regra prevista no Código de Processo Civil está longe de ser de impossível cumprimento", rebateu. Ele foi seguido por Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

CÓDIGO

Base da mudança de entendimento, a reforma do Código de Processo Civil (CPC) ocorreu em 2015. O rascunho que deu origem ao novo CPC foi elaborado por uma comissão de juristas que concluiu os trabalhos cerca de cinco anos antes. O coordenador da equipe está hoje no STF e participa do julgamento em curso: o ministro Luiz Fux, que agora votou contra o impedimento.

Quando começou a trabalhar na reforma, Fux era ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele entregou pessoalmente o anteprojeto da reforma no Senado, onde o texto começou a ser votado. A versão original do projeto não previa a regra de impedimento que hoje vigora no texto. A norma proposta pela comissão coordenada por Fux era mais modesta: os juízes só não poderiam despachar em ações patrocinadas por escritórios de seus familiares, mesmo que os parentes não estivessem diretamente envolvidos no caso.

O texto ganhou uma versão ainda mais restritiva a partir de um substitutivo. O artigo 144 passou a prever que o juiz não pode atuar em processos "em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório". Regra agora flexibilizada.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mensagens obtidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) mostram como o comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) trocou mensagens antidemocráticas e notícias falsas sobre a eleição. Eles discutiram, inclusive, alternativas golpistas para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

As conversas fundamentaram a denúncia oferecida pela PGR contra sete oficiais, a maioria coronéis, patente mais alta na hierarquia da corporação. Eles são acusados no Supremo Tribunal Federal (STF) de crimes como omissão, golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito por supostamente fomentarem um levante contra o resultado da eleição. A denúncia afirma que a cúpula da PM do Distrito Federal foi "contaminada ideologicamente".

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Veja a lista dos denunciados:

- Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal;

- Coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-subcomandante da corporação;

- Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações;

- Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, chefiou interinamente o Departamento de Operações no 8 de janeiro;

- Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF;

- Major Flávio Silvestre de Alencar;

- Tenente Rafael Pereira Martins.

As mensagens falam sobre voto impresso, intervenção militar para anular o resultado da eleição e apoio das Forças Armadas a Bolsonaro, criticam o Supremo Tribunal Federal e reproduzem teorias conspiratórias de fraude nas urnas.

No dia 1º de novembro, quando a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia sido conquistada nas urnas, o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional do DF, envia uma foto de Bolsonaro com a legenda: "a cara de quem tem as cartas na manga".

Os oficiais também compartilham diversos áudios, vídeos e textos falsos sobre a eleição e código-fonte das urnas. Rodrigues chega a afirmar que o conteúdo "pode não comprovar nada, mas vai acirrar os ânimos". O major Flávio Silvestre de Alencar afirma que seria "ilusão acreditar em eleições limpas". Um policial identificado como Márcio Gomes escreve que a "única chance" de Bolsonaro era, como o apoio das Forças Armadas, "frear os desmandos do STF e restabelecer a ordem, marcando novas eleições com voto auditável".

No final de dezembro, quando bolsonaristas estavam há mais de um mês acampados na frente do Quartel General do Exército em Brasília, em protesto contra a vitória de Lula e a favor de um golpe das Forças Armadas, o major Flávio Silvestre de Alencar escreveu: "Na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso." O ataque aos prédios da Praça dos Três Poderes aconteceu cerca de duas semanas depois.

Jorge Eduardo Naime Barreto foi preso preventivamente no dia 7 de fevereiro na Operação Lesa Pátria.

Mensagens recuperadas pela Procuradoria-Geral da República apontam ainda que havia agentes do setor de inteligência da PM e um civil infiltrados no acampamento, o que na avaliação da PGR prova que a Polícia Militar do Distrito Federal tinha informações dos planos extremistas que chegaram ao ápice no dia 8 de janeiro.

"A 'falha' operacional não decorreu de deficiências dos serviços de inteligência da PMDF. O que ocorreu, em verdade, foi omissão dolosa por parte dos denunciados que, com unidade de desígnios, aceitaram os resultados visados pela turba antidemocrática e aderiram ao intento criminoso dos insurgentes", diz um trecho da denúncia da PGR.

Na véspera dos ataques golpistas aos prédios do Congresso, Planalto e STF, o coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra afirma ter recebido a informação de que os extremistas estavam preparados para a "guerra" e partiriam para o "tudo ou nada". "Vai dar certo", responde o também coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues.

Quando Lula tomou posse, os policiais trocaram mensagens com críticas às Forças Armadas por não terem aderido a um golpe de Estado. Os militares do Exército Brasileiro são chamados de "melancias" - a despeito da "casca verde", uma alusão à farda, seriam internamente "vermelhos", ou seja, alinhados com ideologias de esquerda. "Ao que parece, somente o comandante da Marinha é que estava disposto a ombrear com Bolsonaro", escreve um policial.

O Ibovespa fechou em queda nesta quarta, 16, pela 12.ª vez consecutiva, o que não ocorria havia 53 anos. A principal referência da B3 encerrou o pregão em baixa de 0,5%, aos 115.591,52 pontos, após chegar à máxima de 117.337,65 durante o dia.

Para especialistas, diversas razões justificam a sequência negativa, sendo duas referentes ao campo externo - incertezas em relação à economia chinesa e piora nas Bolsas de Nova York, com a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) - e no plano doméstico onde persistem as dúvidas em torno da votação do arcabouço fiscal e da proposta de Orçamento para 2024.

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"Além de toda incerteza em relação à economia chinesa, com efeito direto sobre as commodities, há ainda atenção ao fiscal no plano doméstico, com a expectativa para a votação do arcabouço e também para a proposta de Orçamento de 2024. E, nos Estados Unidos, há também a questão dos juros e o efeito sobre a economia e as empresas", disse Gustavo Harada, especialista em renda variável da Blackbird Investimentos.

"A ata (do Fed) trouxe muitos detalhes sobre o desenrolar do cenário econômico por lá, e os diretores do Fed estão vendo ainda riscos de alta na inflação. Eles citam a possibilidade de aperto adicional nos juros para garantir a convergência da inflação para a meta, o que representaria risco de queda adicional para a atividade econômica", observou Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

Com a queda de ontem, o Ibovespa recua 2,1% na semana. No mês, o índice cede 5,21%, limitando o avanço no ano a 5,34%.

A sequência negativa contrasta com o bom desempenho da Bolsa no primeiro semestre, quando o índice subiu 7,61% e ficou entre os dez melhores investimentos do período. O giro financeiro desta quarta-feira foi a R$ 48,8 bilhões.

Após ter encerrado julho perto dos 122 mil pontos, o índice da B3 ainda não registrou nenhum dia positivo este mês. A marca dos 116 mil pontos era considerada uma referência de suporte importante que, uma vez rompida, poderia levar o Ibovespa ainda mais para baixo, em direção aos 110,5 mil pontos.

Alta

Ontem, na contramão do Ibovespa, as ações da Petrobras subiram. As ON (ação com direito a voto) tiveram alta de 2,95%, enquanto as PN (preferenciais) registraram valorização de 2,2%, um dia após o anúncio, pela estatal, de aumento nos preços da gasolina (16,2%) e do diesel (25,8%) nas refinarias, válidos a partir ontem. Outros destaques de alta foram IRB (+11,86%), Magazine Luiza (+7,22%) e Via (+5,92%). Entre as quedas, estavam as ações da Natura (-8,90%), Hapvida (-5,78%) e Alpargatas (-4,98%). (COLABOROU BEATRIZ ROCHA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, cinco pessoas de interesse da investigação - testemunhas ou suspeitos - foram assassinadas. Além da violência, um outro fato chama a atenção: nenhum dos crimes foi solucionado pela polícia.

O caso mais recente é o do ex-vereador Jair Barbosa Tavares, conhecido como Zico Bacana. Ele foi morto a tiros na segunda-feira (7) no bairro do Guadalupe, zona norte do Rio, junto com seu irmão, Jorge Barbosa Tavares, e o garçom Marlon Correia dos Santos, que passava pela rua. A Polícia Militar informou que os disparos partiram de um veículo não identificado parado em frente à padaria onde estava Zico.

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Nas redes sociais, Zico se apresentava como policial militar e paraquedista. Em relatório da CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, entretanto, ele foi citado como chefe de grupos de milicianos. Em 2018, depôs na investigação da morte de Marielle.

'Apoio'

Com o depoimento do réu colaborador Elcio Queiroz, no mês passado, veio a público o nome de uma pessoa envolvida no caso, que também foi assassinada. Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé, era sargento reformado da PM fluminense e teria dado apoio operacional ao ex-PM Ronnie Lessa para matar Marielle. Além disso, Queiroz relatou que Macalé intermediou a contratação de Lessa.

Suspeito de ter ligação com a contravenção no Rio, o policial foi morto a tiros, aos 54 anos, em 2021, na zona oeste da capital fluminense. Ele também teria sido responsável por entregar o carro usado na execução, um Cobalt prata, a Lessa e ao ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, preso em operação da Polícia Federal no dia 24 de julho. Segundo as investigações, o ex-bombeiro teria ajudado a ocultar armas um dia após as prisões de Lessa e Queiroz, denunciados como autores dos crimes.

Bahia

O ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega morreu durante uma operação policial que visava à captura dele no município de Esplanada, na Bahia, em 2020. Capitão Adriano, como era conhecido, foi apontado como chefe da milícia "Escritório do Crime", do qual supostamente fazia parte Lessa, acusado de matar Marielle, e como envolvido no suposto esquema de rachadinha (desvio de salários de assessores) do hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio.

Irmã do ex-policial militar, Daniela da Nóbrega afirmou, em um áudio, que o Palácio do Planalto ofereceu cargos comissionados em troca da morte do ex-capitão.

Dois dias após Adriano ser morto a tiros em confronto com PMs na Bahia, em fevereiro de 2020, Daniela da Nóbrega diz a uma mulher, a quem chama de tia, que o ex-policial já sabia da "ordem para que ele fosse um arquivo morto". Segundo ela, "já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele".

Adriano era procurado pela Justiça por causa de outros crimes. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por atuar com grilagem de terras; compra, venda e aluguel irregular de imóveis; cobrança irregular de taxas da população local; e extorsão e receptação de mercadoria roubada em Rio das Pedras. O Ministério Público do Rio e a Polícia Federal trabalharam com a hipótese de envolvimento de Adriano na morte de Marielle. O envolvimento, no entanto, ainda não ficou comprovado.

Hélio de Paulo Ferreira, miliciano que ficou conhecido como Senhor das Armas, foi morto em fevereiro deste ano, em uma área de disputa entre grupos paramilitares e traficantes na zona oeste do Rio. Ferreira foi ouvido pela Polícia Civil do Rio ainda na primeira fase da investigação da morte de Marielle. Ele foi citado como um dos comparsas do também miliciano Orlando Oliveira de Araujo, um ex-PM conhecido como Orlando de Curicica.

De acordo com Curicica, condenado a 25 anos por homicídio, Ferreira estaria presente em uma suposta reunião do "Escritório do Crime" em que teria sido tramada a morte de Marielle. As acusações contra Ferreira não foram adiante.

O quinto nome é o de Lucas do Prado Nascimento da Silva, conhecido como Todynho. Ele foi apontado pela Polícia Civil como o responsável pelas alterações feitas no documento do veículo utilizado no assassinato de Marielle e Anderson Gomes. Todynho foi morto em abril de 2018, menos de um mês depois da execução da ex-vereadora. De acordo com a Polícia Militar, ele foi alvo de uma emboscada na Avenida Brasil, via que liga zona oeste, zona norte e centro do Rio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Supremo Tribunal Federal (STF) apertou o cerco contra colaboradores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Vasques foi detido preventivamente (sem prazo determinado) em Florianópolis, nesta quarta (9), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, como parte da Operação Constituição Cidadã. Ele é suspeito de usar a máquina pública para tentar interferir nos resultados da eleição do ano passado.

Investigações da Polícia Federal apuram se, sob orientação do ex-diretor, a PRF concentrou fiscalização em regiões que votaram majoritariamente no então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 30 de outubro, data do segundo turno das eleições. Segundo as apurações, o objetivo seria impedir que eleitores dessas regiões chegassem às urnas.

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Além de Silvinei Vasques, outros aliados de Bolsonaro têm sido alvo de medidas judiciais. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid, está preso desde 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército, suspeito de falsificar cartões de vacina de Covid-19, além de documentos da própria família de Bolsonaro. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do ex-presidente e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, está em liberdade provisória - usando tornozeleira eletrônica - sob suspeita de conivência com a invasão e depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.

Imagens

A descoberta de três imagens guardadas no celular da delegada de Polícia Federal Marília Alencar, diretora de inteligência do Ministério da Justiça na gestão Torres, foi decisiva para a decretação da prisão de Silvinei Vasques. As fotos foram tiradas no dia 17 de outubro de 2022, 13 dias antes do segundo turno.

A primeira delas mostra uma folha de papel com um painel de inteligência intitulado "Concentração maior ou igual a 75% - Lula". Em seguida, é disposta uma lista de municípios: Crato (CE), Paulo Afonso (BA), Iguatu (CE), Parintins (AM) Candeias (BA), Serra Talhada (PE), Quixeramobim (CE), Canindé (CE), Casa Nova (BA), Araripina (PE), Santo Amaro (BA), Pesqueira (PE), Ouricuri (PE), Barreirinhas (MA), Icó (CE), Cajazeiras (PB) e Euclides da Cunha (BA).

Segundo a Polícia Federal, no mesmo dia em que a foto foi tirada, a delegada Marília Alencar teria uma reunião com o então ministro Anderson Torres, às 11h. A imagem foi capturada às 11h23, o que levou os investigadores a concluírem que há "fortes indícios de que esta fotografia tenha sido realizada para esta reunião".

As outras duas imagens, tiradas antes, mostram listas de municípios de Goiás e de Minas Gerais. Na foto que trata de Minas - considerado, à época do pleito, como Estado decisivo para a realização do segundo turno - aparecem duas colunas: uma com o total de votos do Estado e outra com o título "Bolsonaro".

Os investigadores da Operação Constituição Cidadã também abasteceram o pedido de prisão de Silvinei Vasques com diálogos extraídos do celular do policial rodoviário federal Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de análise de inteligência da PRF. Ele prestou depoimento à PF em dezembro de 2022. Os investigadores, no entanto, viram contradições na versão dada pelo agente rodoviário. Assim, apreenderam seu celular para confrontar a narrativa.

A conversa que mais chamou atenção da PF ocorreu em 29 de outubro, às vésperas do segundo turno, entre Adiel e um outro policial rodoviário federal, Paulo César Botti Alves Júnior, subordinado a ele. Segundo a PF, Adiel critica a conduta de Silvinei, diz que ele teria falado "muita merda" nas reuniões de gestão - na troca de mensagens, ele usa a expressão "policiamento direcionado" para descrever o que o então diretor-geral falava em um dos encontros. Para os investigadores, o diálogo corrobora indícios de ações policiais visando dificultar ou impedir eleitores de votar.

O ex-diretor da PRF se aposentou em dezembro do ano passado, aos 47 anos e no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro - já em meio a investigações sobre sua atuação. No dia do segundo turno, ele usou sua conta pessoal no Instagram para pedir voto no então presidente. Silvinei publicou nos stories uma foto da bandeira do Brasil e escreveu: "Vote 22, Bolsonaro presidente".

PGR contra

A Procuradoria-Geral da República (PGR) foi contra a prisão de Silvinei. De acordo com o despacho do ministro, assinado no dia 23 de julho, o órgão apoiou somente a busca e apreensão e a quebra de sigilo do ex-chefe da PRF.

Silvinei prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro no dia 20 de junho. Na ocasião, disse que não usou o cargo para benefício eleitoral de Bolsonaro. "Não seria eu que mudaria o resultado da eleição", disse, à época. Também afirmou ser vítima de "perseguição" e alvo da "maior injustiça da história". (COLABOROU LAVÍNIA KAUCZ)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto parte dos agentes da Operação Élpis se dirigia ao Recreio dos Bandeirantes, no Rio, na segunda (24), para prender o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal também bateu à porta de outros seis alvos em busca de provas para enriquecer uma nova etapa da investigação - agora no rastro dos mandantes e supostos financiadores do crime ocorrido em março de 2018.

A PF pediu autorização judicial para vasculhar a casa de Edílson Barbosa dos Santos, o 'Orelha', Denis Lessa, irmão do ex-PM Ronnie Lessa - denunciado pelo Ministério Público estadual como executor dos disparos de submetralhadora que vitimaram Marielle e Anderson -, João Paulo Viana dos Santos Soares, o 'Gato Do Mato', Alessandra da Silva Farizote, Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o 'Mauricinho', e Jomar Duarte Bittencourt Júnior, o 'Jomarzinho'.

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Segundo os investigadores, todos 'prestaram auxílio material ou circundaram os executores do crime na época dos fatos'. A PF alegou a necessidade de inspecionar os endereços desses alvos não só para entender a dimensão de suas participações no crime, mas também viabilizar a identificação de 'camadas mais próximas ao núcleo do grupo criminoso'.

A PF rastreia possíveis mandantes e financiadores do assassinato de Marielle. A suspeita ganhou força a partir do relato do ex-PM Élcio Queiroz, que fechou acordo de delação premiada. Segundo ele, depois do crime, Ronnie Lessa - a quem acusa de ser o autor dos disparos contra a então vereadora e seu motorista - comprou lancha, carro de luxo, viajou e revelou planos de construir uma casa em Angra.

Nessa fase da investigação, a PF deparou com o alvo 'Orelha', apontado como o responsável por 'picotar' o veículo Cobalt usado por Ronnie Lessa e Élcio Queiroz para a emboscada e execução de Marielle e Anderson - o delator diz que era ele o condutor do veículo usado na noite do crime.

A PF argumentou à Justiça que a busca nos endereços de 'Orelha' poderia levar à localização de peças do veículo - segundo Élcio Queiroz, em sua delação premiada, o Cobalt foi destroçado por ordem de Ronnie Lessa.

Além disso, os investigadores queriam acessar os dados dos celulares e computadores do investigado.

Já quanto a Denis Lessa, o objetivo dos investigadores seria o de eventualmente localizar a arma do crime, possíveis fragmentos de projéteis, ou qualquer outro instrumento usado no assassinato de Marielle e Anderson, caso eles não tenham sido repassados a outros investigados.

Segundo o delator, Ronnie teria entregado a um irmão dele, na casa de sua mãe, uma bolsa que continha a arma usada no crime - assim como o casaco usado por Ronnie Lessa na noite do crime e outros 'apetrechos' utilizados no momento dos disparos.

Quanto a João Paulo e Alessandra, a PF destaca a 'relação de proximidade' que eles mantinham com Ronnie Lessa.

Os investigadores apontam que, à época do crime, a Polícia recebeu um disque-denúncia imputando ao casal, considerado de 'estrita confiança' de Ronnie, o depósito da submetralhadora.

A PF informou que poderia localizar a arma do crime ou seus fragmentos na casa de João e Alessandra - seguindo a hipótese de que Ronnie teria resgatado a arma na casa de seus pais e, depois, mantido o objeto sob os cuidados do amigo a partir de 16 de março de 2018.

Maurício e Jomar, por sua vez, tiveram, segundo a PF, 'papel de destaque' no vazamento de informações sobre a Operação Lume, que tinha como alvo Ronnie Lessa. Na ocasião, o ex-PM conseguiu fugir, 'frustrando futura aplicação da lei penal', segundo a PF.

Os investigadores apontam que Júnior recebeu a informação de que, no dia 12 de março de 2019, haveria uma operação ligada ao caso Marielle e a repassou a Mauricinho - que, por sua vez, passou a informação para os demais investigados.

A PF rastreia possíveis mandantes e financiadores do assassinato de Marielle. A suspeita ganhou força a partir do relato do delator. Segundo ele, depois do crime, Ronnie Lessa - a quem acusa de ser o autor dos disparos contra a então vereadora e seu motorista - comprou lancha nova, carro de luxo, viajou e revelou planos de construir casa em Angra.

Um acordo de delação poderá fornecer informações para que a investigação chegue aos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. A avaliação foi feita ontem pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, que anunciou a colaboração premiada do ex-policial Élcio Queiroz, base para nova prisão e revelações relacionadas ao caso. A investigação passou a ser acompanhada pela Polícia Federal em fevereiro deste ano, após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O delator citou o nome de um suposto intermediário responsável por contratar o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos que mataram a vereadora carioca, e indicou a origem da arma utilizada no crime (mais informações na pág. A8). A partir dos relatos, a PF prendeu na manhã de ontem o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, suspeito de dar "auxílio moral e material" aos assassinatos.

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A execução de Marielle - que estava em exercício de seu mandato - permeou nos últimos anos a mais aguda polarização que marcou a política brasileira. No atual governo do PT, a elucidação do caso se tornou uma "questão de honra do Estado brasileiro", segundo Dino. Lula deu à irmã da vereadora, Anielle Franco, o posto de ministra da Igualdade Racial.

O titular da Justiça afirmou que a delação de Élcio Queiroz colocou o caso em um "novo patamar" e confirmou o que já se sabia sobre a execução do crime. "Há uma espécie de mudança de patamar da investigação. Se conclui a investigação sobre a execução e há elementos para um novo patamar, a identificação dos mandantes. Nas próximas semanas provavelmente haverá novas operações derivadas das provas colhidas hoje."

Conforme o ministro, as diligências realizadas ontem concluíram uma fase da investigação. A operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão e um de prisão.

CRIME

Marielle e Anderson Gomes foram atingidos por tiros dentro do carro em que estavam, na região central do Rio, após a vereadora participar de um evento do PSOL. Uma assessora sobreviveu ao atentado. As investigações e acusações apontam que o crime foi praticado por ex-agentes do Estado. Ronnie Lessa e Élcio Queiroz estão presos na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia.

Após assinar a colaboração premiada, o agora delator prestou depoimento no dia 14 de junho, na sede do Comando de Aviação Operacional, em hangar da PF no Aeroporto de Brasília. O Estadão teve acesso ao documento. Élcio Queiroz confessou sua participação no crime e implicou diretamente Ronnie Lessa e Maxwell. Os relatos apontam a dinâmica do assassinato, detalhando itinerários e roteiros dos criminosos. Conforme já descrito na ação penal, o delator afirmou que Lessa atirou contra a vereadora e o motorista, e que ele dirigiu o carro que perseguiu o veículo das vítimas. Segundo a delação, o suposto contratante do crime foi o então policial militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como "Macalé", assassinado em novembro de 2021.

De acordo com Dino, há convergência entre a narrativa do ex-PM e informações levantadas pela PF. "Esse evento de enorme importância, a ocorrência da delação premiada, com a confirmação de outros personagens, da dinâmica do crime, dos executores, permitirá esse caminho, que nós temos a convicção, a esperança - como é o nome da operação - de que conduzirá aos mandantes", reforçou o ministro.

‘ESPERANÇA’

Preso preventivamente na operação de ontem, Maxwell já tinha sido condenado por obstrução judicial por ajudar a esconder provas desse caso. A ação conjunta de policiais federais e promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro foi batizada de "Élpis" - nome de uma deusa da mitologia grega que personificaria a esperança.

"A gente segue esperançosa de que vai descobrir e vai chegar aos mandantes de quem mandou matar Marielle e por quê", afirmou Anielle Franco. Em agenda oficial na Colômbia, a ministra da Igualdade Racial elogiou o trabalho realizado pela PF na apuração do assassinato da irmã. "Que bom que hoje a gente tem um governo sério, tem pessoas à frente de pastas importantes, que a gente pode confiar e contar", disse. "Sigo dizendo que, enquanto a gente não combater a violência política nesse país, enquanto a gente não souber quem mandou matar Marielle, a nossa democracia segue fragilizada."

POLITIZAÇÃO

Já a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), associou a saída de Jair Bolsonaro (PL) da Presidência ao avanço das investigações. "Muito bom o avanço da Polícia Federal nas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Só foi Bolsonaro sair da Presidência para o inquérito andar. Agora é chegar ao mandante", escreveu Gleisi em uma rede social. Na campanha presidencial do ano passado, o então candidato Lula insinuou que Bolsonaro possuía proximidade com milicianos e afirmou que "gente dele não tem pudor em ter matado a Marielle".

As notícias envolvendo o caso Marielle suscitaram ainda críticas do deputado cassado Deltan Dallagnol, que questionou o uso da delação premiada de Élcio Queiroz na investigação do assassinato da vereadora. Em postagem nas redes sociais, ele ironizou o fato: "A esquerda, os garantistas de ocasião e os prerrogativistas todos festejarão o que até ontem eles criticavam na Lava Jato", escreveu o ex-procurador responsável pela coordenação da Operação Lava Jato no Paraná, que usou extensamente as delações premiadas em suas investigações.

Na coletiva de imprensa, Dino precisou falar sobre o tema. "A delação premiada, sozinha, não constitui um meio de prova suficiente, mas a delação premiada se soma a um conjunto que já havia sido apurado antes", afirmou.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As sete companhias líderes em inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos concordaram voluntariamente em adotar salvaguardas para o desenvolvimento da nova tecnologia. O acordo foi anunciado nesta sexta-feira, 21, pelo governo dos Estados Unidos, que coordenou as negociações para formalizar o compromisso das empresas em adotar novos padrões de segurança, proteção e confiança para as suas ferramentas de IA.

São signatárias do acordo a Amazon, Anthropic, Alphabet (Google), Inflection, Meta, Microsoft e a OpenAI. De acordo com a Casa Branca, as empresas concordaram em respeitar mecanismos para garantir que os seus produtos sejam seguros antes de lançá-los ao público. "Se gerenciada adequadamente, a IA pode contribuir enormemente para a prosperidade, igualdade e segurança de todos", disse o governo dos EUA em comunicado.

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Os saltos tecnológicos no campo da inteligência artificial têm gerado temores sobre a disseminação de desinformação à medida que os computadores "autoconscientes" evoluem. Por isso, as salvaguardas voluntárias são vistas apenas como um primeiro passo, enquanto a Casa Branca e outros governos ao redor do mundo correm para estabelecer marcos regulatórios e legais para o desenvolvimento da IA.

Por isso, o pacto anunciado ontem reflete a urgência da administração Joe Biden e dos legisladores americanos em responder à rápida evolução da tecnologia, enquanto os órgãos reguladores ainda se debatem sobre formas de maior controle das redes sociais.

Segurança

Pelo acordo anunciado ontem, as empresas se comprometeram a permitir que especialistas em segurança independentes testem seus sistemas antes de serem lançados, além de criar ferramentas para identificar os conteúdos que produzem por meio da IA, como marcas d'água, a fim de reduzir a desinformação.

"Esses testes protegem contra algumas das fontes mais significativas de riscos de IA, como a biossegurança e a segurança cibernética, bem como seus efeitos sociais mais amplos", disse a Casa Branca.

As empresas também se comprometeram a desenvolver e investir em segurança cibernética para proteger os dados dos usuários, a compartilhar dados sobre a segurança de seus sistemas com o governo e acadêmicos, e a facilitar a realização de auditorias externas em seus sistemas para aperfeiçoar os produtos e encontrar vulnerabilidades.

Elas também terão de relatar publicamente eventuais falhas e riscos em suas tecnologias, apontando riscos de segurança e sociais - como justiça e preconceito.

Várias das signatárias já haviam concordado publicamente com algumas ações semelhantes às do compromisso da Casa Branca. Antes de a OpenAI lançar amplamente seu sistema GPT-4, ela trouxe uma equipe de profissionais externos para exercícios, um processo conhecido como "redteaming". Da mesma forma, o Google já disse em um post que está desenvolvendo uma marca d'água, que empresas e formuladores de políticas afirmam ser uma forma de abordar as preocupações de que a IA poderia sobrecarregar a disseminação de desinformação.

Riscos

Os compromissos voluntários são uma maneira imediata de lidar com os riscos, antes de um esforço de longo prazo para fazer com que o Congresso americano aprove leis que regulem a tecnologia. Alguns defensores da regulamentação da IA disseram que a ação de Biden é um começo, mas é preciso fazer mais para responsabilizar as empresas e seus produtos. "A história indica que muitas empresas de tecnologia não cumprem o compromisso voluntário de agir com responsabilidade e apoiar regulamentações rígidas", disse um comunicado de James Steyer, fundador e CEO da organização sem fins lucrativos Common Sense Media. O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer (Democrata), já disse que apresentará uma legislação para regular a IA.

"Este é um primeiro passo para garantir que limites sejam estabelecidos para a IA e que também cria um modelo para outros governos seguirem", disse o presidente para assuntos globais da Meta, Nick Glegg. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A declaração sobre a 'derrota' do bolsonarismo é o ponto central do pedido de impeachment do ministro Luís Roberto Barroso - protocolado nesta quarta-feira, 18 -, mas o documento foi abastecido por outras falas do magistrado que incomodam os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os 12 senadores e 70 deputados que subscreveram o texto turbinaram a solicitação demonstrando incômodo com sobre outras duas frases do magistrado: "Nós é que somos os poderes do bem" e "Perdeu, mané".

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A primeira declaração ocorreu em abril de 2022, quando Barroso palestrou na Brazil Conference, organizada pela universidade de Harvard.

Na ocasião, Barroso afirmou: "eu preciso ter uma compreensão crítica de que coisas ruins estão acontecendo, mas é preciso não supervalorizar o inimigo. Nós somos muito poderosos, nós somos a democracia. Nós é que somos os poderes do bem, nós é que ajudamos a empurrar a história na direção certa".

A fala se deu após comentários de outros participantes sobre uma eventual vitória de Bolsonaro nas eleições de 2022. Para os parlamentares aliados do ex-presidente, a declaração se deu em um contexto de 'repetição de chavões da histeria antibolsonarista'.

Eles sustentam uma 'visão moralista da política, com veios messiânicos, que identifica o "eu" com o bem, e o "outro" com o mal'.

Ao mencionarem a fala de Barroso na Brazil Conference, os aliados de Bolsonaro dizem que, no caso, não é possível usar a 'desculpa de que as afirmações se deram como retorsão a provocações', como no episódio do 'Perdeu, Mané'. Barroso disse tal frase após ser hostilizado em Nova York, em novembro de 2022.

No pedido protocolado nesta quarta, 19, os deputados atribuem a Barroso suposta incidência em dois crimes de responsabilidade: 'exercer atividade político-partidária' e 'proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas funções'.

"Isento das paixões político-partidárias, exige-se do Poder Judiciário que funcione como o corpo técnico do estado que aplica o Direito, pacificando as relações sociais acima das divergências ideológicas", alegam.

'Nós derrotamos o bolsonarismo'

Apesar de o pedido de impeachment de Barroso fazer menção a outras declarações de Barroso, o ponto central do documento de 32 páginas é a afirmação "nós derrotamos o bolsonarismo". Para os parlamentares, a fala, dita na quarta-feira, 12, 'fere de morte a democracia'.

Barroso proferiu a frase durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), após um grupo chamá-lo de 'inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016'. Em resposta, o ministro afirmou: "Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas".

Em nota, o Supremo afirmou que a afirmação de Barroso se referia ao 'voto popular e não à atuação de qualquer instituição'. Depois, o próprio ministro divulgou nota indicando que usou a expressão 'derrotamos o bolsonarismo' quando 'na verdade me referia ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro e que corresponde a uma minoria'.

"Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-Presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas", frisou.

Como mostrou o Estadão, nos últimos cinco anos, Barroso já foi alvo de 17 pedidos de impeachment no Senado. Apesar de a Constituição prever a possibilidade de alijamento de um magistrado da Corte máxima em cinco hipóteses específicas, desde que o STF foi criado, há 132 anos, nenhum ministro perdeu a cadeira por impeachment.

Depois de financiar descontos na venda de carros zero quilômetro - programa que foi criticado por especialistas -, o governo deve discutir eventual redução de impostos para itens de linha branca, como geladeiras e máquinas de lavar. O assunto vai entrar na pauta de reunião marcada para esta sexta (14) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Na última quarta-feira (12) em evento que marcou a reabertura do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, Lula falou em reduzir o preço dos eletrodomésticos como forma de incentivar o consumo por parte da população de menor renda. "Falei para o (Geraldo) Alckmin (ministro da Indústria): que tal a gente fazer uma 'aberturazinha' para a linha branca outra vez?", disse Lula. Em 2009, durante seu segundo mandato, Lula já havia autorizado o corte do IPI para itens como geladeiras e lavadoras de roupa.

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"Amanhã (hoje) tenho despacho com Lula, e linha branca deve ser tema", disse Haddad, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV. Questionado sobre a possibilidade de o governo lançar um programa com reduções de impostos para esses produtos, Haddad respondeu que é preciso "encontrar espaço" fiscal para a ação.

Carros

Neste ano, o governo já lançou um programa para o setor automotivo, no valor total de R$ 1,8 bilhão. Desta cifra, R$ 800 milhões foram usados para bancar descontos entre R$ 2 mil e R$ 8 mil para carros de passeio com valor de venda de até R$ 120 mil, num momento em que as montadoras anunciavam a suspensão de produção e férias coletivas para seus funcionários alegando baixo volume de vendas.

Segundo a Anfavea (que representa as montadoras), o mercado chegou a vender 27 mil veículos no último dia de junho - o terceiro maior volume em um único dia da história. Com a corrida dos consumidores às lojas para aproveitar os descontos, os estoques de veículos em pátios de montadoras e concessionárias caíram de 251,7 mil para 223,6 mil unidades. O programa foi criticado por especialistas por incentivar a venda de carros fora do chamado segmento popular e por envolver a concessão de crédito tributário às empresas.

O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento, disse ao Estadão/Broadcast, sistma de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o setor já trabalha em uma proposta de política pública para substituição de aparelhos desse segmento. "Já conversamos com alguns ministérios e a proposta está em construção no setor. Dentro de 40 dias, devemos ter algo mais estruturado", disse Nascimento.

Ainda durante o processo de votação da medida provisória que retomou o programa Minha Casa, Minha Vida, o setor tentou emplacar a disponibilização, custeada pelo governo, de eletrodomésticos para os beneficiários da faixa 1 do programa, bem como crédito subsidiado para a aquisição desses bens duráveis em outras faixas de renda do MCMV. A proposta acabou ficando fora do texto da MP.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em um recuo velado sobre sua posição no caso da ditadura venezuelana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nessa terça-feira (4), que os "problemas" do país vizinho devem ser enfrentados. Não foi uma admissão dos ataques aos direitos humanos pelo regime de Nicolás Maduro, mas um ajuste de tom, feito por alguém que tem sofrido na política interna e nas relações internacionais as consequências de seu alinhamento com governos autocráticos. A fala foi feita no momento em que Lula, como chefe de governo do Brasil, assume a presidência rotativa do Mercosul, na 62.ª reunião de cúpula do bloco, realizada em Puerto Iguazú, na Argentina.

"Todos os problemas que a gente tiver em democracia, a gente não se esconde deles, a gente enfrenta", afirmou, para, na sequência, amenizar: "Temos que conversar. O que não pode é isolar, e levar em conta que apenas os defeitos estão de um lado. Os defeitos são múltiplos. Precisamos conversar com todo mundo". A declaração ocorre poucos dias depois de uma manobra judicial tirar do páreo eleitoral a candidata oposicionista à presidência María Corina Machado, que foi inabilitada para concorrer a eleições por 15 anos.

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A Venezuela é um tema recorrente nas reuniões do Mercosul e se tornou fator de inegável desgaste para o terceiro mandato do petista. Lula é favorável a trazer o país de volta ao bloco, formado originalmente por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Venezuela foi admitida em 2012 e suspensa em agosto de 2017 por "ruptura na ordem democrática".

A questão se torna mais delicada tendo em vista o contexto. O principal desafio de Lula na presidência do bloco é destravar o acordo comercial com a União Europeia, cujas negociações estão virtualmente paralisadas desde 2019. O bloco europeu expressou na segunda-feira uma "profunda preocupação" com a exclusão de María Corina e de outros opositores, como Henrique Capriles, da corrida presidencial venezuelana. Com isso, o componente político adiciona uma dificuldade a mais em uma negociação que já era tensa pelo ponto de vista econômico.

Aliados

Internamente, o apoio de Lula a Maduro também não cai bem. A visita do líder venezuelano ao Brasil, em maio, conseguiu provocar desgosto até em partidos da base aliada do governo. "Além de falta de democracia, o pior cartão de visita desse regime da Venezuela são as centenas de milhares de venezuelanos pedindo esmolas nos semáforos do Brasil. Esse é o fato", disse, à época, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Não se trata de um aliado qualquer, mas do dirigente máximo do partido do vice-presidente, Geraldo Alckmin.

No União Brasil, a reação foi similar. "Não sei quais são as informações que o presidente Lula tem, mas as nossas informações com relação à Venezuela são de uma situação muito delicada", observou o presidente da sigla, Luciano Bivar.

No encontro de ontem do Mercosul, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, expressou sua oposição à recondução da Venezuela ao bloco. "O Mercosul tem que dar um sinal claro para que o povo venezuelano caminhe para uma democracia plena que não tem hoje", disse. Em maio, ele já havia confessado surpresa com a declaração de Lula, quando o brasileiro, durante o encontro bilateral com Maduro, afirmou que a Venezuela é "vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo".

Na ocasião, o presidente do Chile, o esquerdista Gabriel Boric, rebateu o petista argumentando que a questão "não é uma construção narrativa, é uma realidade, é séria". Mais recentemente, o presidente colombiano, Gustavo Petro - outro nome da esquerda sul-americana -, reforçou esse coro crítico ao questionar a inabilitação eleitoral de María Corina. Petro afirmou que "nenhuma autoridade administrativa deve tirar os direitos políticos de nenhum cidadão".

Além de distanciar o Brasil de líderes esquerdistas na região, as críticas ao regime venezuelano trazem especial dificuldade para o relacionamento do Uruguai com o Mercosul. O país reclama do protecionismo do bloco, que considera exacerbado, e negocia de forma unilateral um tratado de livre-comércio com a China à revelia das demais nações. O Uruguai cobra mudanças no regimento interno para ficar no Mercosul. Ontem, em um sinal claro de divergência com as demais nações do bloco, o país decidiu, pela quarta vez seguida, não assinar o comunicado conjunto dos titulares do Mercosul.

Cegueira

Lula vem defendendo o regime de Maduro em diversas ocasiões. Após declarar que havia uma "narrativa" contrária à Venezuela, divulgada pela direita, o diário venezuelano El Universal - um dos poucos órgãos de imprensa que se mostram independentes em relação ao governo local - publicou um editorial com o título "Lula está cego". A publicação considera que o brasileiro sofre de "hemiplegia ideológica", uma "enfermidade que afeta líderes políticos e os deixa sem visão".

No fim do mês passado, o líder petista foi capa do jornal francês Libération, sendo chamado de "A decepção" e classificado como um "falso amigo do Ocidente". Era uma crítica aos posicionamentos de Lula frente a guerra da Ucrânia, mas também em relação ao regime de Maduro.

O constrangimento de Lula cresceu na quinta-feira passada (29). No mesmo dia, ele deu entrevista à Rádio Gaúcha, pela manhã, e discursou, à noite, na abertura do Foro de São Paulo, encontro de siglas de esquerda da América Latina e do Caribe. À emissora, declarou que a Venezuela "tem mais eleições do que o Brasil" e concluiu que o "conceito de democracia é relativo". No dia seguinte viria a decisão que afastou das próximas eleições María Corina, líder em intenção de votos entre os opositores.

Ontem, a Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou um requerimento para convidar a venezuelana a falar no Congresso brasileiro. Pessoas próximas a Lula vinham aconselhando o petista a evitar falar sobre a situação política da Venezuela para atenuar o forte desgaste político.

Mas, segundo aliados, o petista assumiu o terceiro mandato com a ideia fixa de cumprir um papel de líder global. Anseio que se mostra maior do que os conselhos dos ministros mais próximos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um caminhão da Tropa de Choque e oito viaturas da Polícia Militar de São Paulo foram acionados para liberar o tráfego na Rodovia dos Bandeirantes na manhã desta terça-feira, 30. Um grupo de indígenas da etnia Guarani bloqueava a via, na altura do km 20, sentido capital. Barricadas com pneus em chamas foram montadas antes das 6h e interromperam totalmente o tráfego na rodovia, provocando mais de 6 km de congestionamento no início da manhã.

A Tropa de Choque agiu pouco antes das 9 horas, usando bombas de efeito moral e jatos d’água. Houve um princípio de confronto com parte dos indígenas, mas a rodovia acabou liberada em cerca de 15 minutos.

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Indígenas seguem concentrados no acostamento da rodovia, em protesto contra a votação do PL 490, mas o tráfego foi totalmente liberado. O projeto de lei define a adoção do chamado marco temporal para a demarcação de terras indígenas no País. O texto, que pode ser votado nesta terça-feira na Câmara dos Deputados, define que apenas as populações que comprovarem a ocupação de territórios até outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição, podem reivindicar a demarcação de terras.

Passageiros que utilizam transporte coletivo na cidade de São Paulo foram surpreendidos nesta manhã de segunda-feira (29) com a falta de ônibus em diversos bairros da cidade. De acordo com a São Paulo Transporte (SPTrans), o início da operação apresentou atraso em nove concessionárias do sistema e a circulação está sendo normalizada gradativamente.

Em razão do impacto da greve parcial, a Prefeitura de São Paulo afirmou que o rodízio municipal de veículos está suspenso nesta segunda-feira. Veículos com placas finais 1 e 2 podem circular normalmente.

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"Os corredores e faixas exclusivas não estão liberados para circulação de veículos. O rodízio para caminhões permanece, bem como a Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões (ZMRC) e Zona de Máxima Restrição aos Fretados (ZMRF)", disse em nota.

Durante assembleia geral realizada na última sexta-feira (26), o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) afirmou que os trabalhadores aprovaram um plano de luta para esta semana.

"A decisão foi tomada por unanimidade em virtude da ausência de uma nova proposta patronal contendo a valorização das cláusulas econômicas e, especial, a volta dos 30 minutos de refeição remunerados. Ao contrário, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) não sinalizou qualquer intenção de contribuir para um acordo", disse em comunicado.

Nesta segunda-feira, assembleias foram realizadas entre 3h e 5h em todas as garagens de ônibus, de acordo com o sindicato. Uma passeata dos trabalhadores, saindo da sede do sindicato rumo à Prefeitura de São Paulo, está prevista para as 15h desta terça-feira (30).

Uma nova assembleia para avaliar o movimento está marcada para a próxima quinta-feira (1º).

Por sua vez, o SPUrbanuss, entidade civil que congrega as empresas concessionárias responsáveis pelos serviços de transporte de passageiros por ônibus do município de São Paulo, afirma que lamenta a posição do Sindmotoristas, que adota uma postura que afeta todos os trabalhadores, estudantes e pessoas que precisam se deslocar na cidade, ainda no transcurso das negociações para a Convenção Coletiva 22/23.

"Esperamos que a ética e o bom sendo prevaleçam e as negociações prossigam, sem mais movimentos que prejudiquem a população usuária desse serviço essencial", disse em nota.

Índice de congestionamento

De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), com base na planilha com quilômetros de lentidão registrados nos 20 mil km de ruas e avenidas da capital paulista, às 8h desta segunda-feira, foram registrados 525 km de vias congestionadas. Na segunda-feira passada (22) eram 406 km.

A CET, em parceria com o aplicativo de mobilidade Waze, passou a divulgar desde março deste ano a lentidão de toda a cidade de São Paulo. O recorde para o horário ainda é do dia 23 de março, com 779 km às 8h, no dia em que ocorreu a greve dos metroviários em São Paulo.PP

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta terça-feira, 16, declarar o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) inelegível por oito anos e cassar seu mandato com base na Lei da Ficha Limpa. A votação foi unânime, mas ele ainda pode recorrer.

Os ministros concluíram que a candidatura do ex-procurador da República, que coordenou a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, foi irregular. Ele foi eleito com 344.917 votos, a maior votação no Paraná. Pela decisão, os votos recebidos vão para a legenda.

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A Lei da Ficha Limpa proíbe magistrados e membros do Ministério Público de lançarem candidatura se tiverem pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos disciplinares. A restrição vale por oito anos. Na legislação não há referência, no entanto, a outras classes de procedimentos administrativos.

Os ministros analisaram duas ações. Uma delas foi proposta pela Federação Brasil da Esperança, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O processo afirma que, embora não respondesse a processos disciplinares quando pediu desligamento do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol era alvo de reclamações administrativas e sindicâncias e que esses procedimentos são 'equiparados'.

"Havia admissibilidade ou ao menos não havia arquivamento sumário, ou seja, os indícios permitiam o processamento e a responsabilização nesses autos se eventualmente comprovada a situação", argumentou o advogado Luiz Peccinin, que representa a Federação Brasil Esperança, antes da votação.

Quando pediu exoneração, em novembro de 2021, o então procurador era alvo de reclamações e sindicâncias por suspeita de grampos clandestinos, violação de sigilo funcional, improbidade administrativa, abuso de poder e quebra de decoro. Uma delas havia sido aberta a pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se Dallagnol investigou, sem autorização, a movimentação patrimonial de ministros da Corte.

O Partido da Mobilização Nacional (PMN), que também pede a inelegibilidade do ex-procurador, o acusa de pedir exoneração 'muito antes do momento exigido pela legislação eleitoral' para evitar que os procedimentos administrativos avançassem no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), ou seja, para burlar as regras de inelegbilidade.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná havia rejeitado os pedidos. O Ministério Público Eleitoral também considerou a candidatura do ex-procurador regular.

O advogado Leandro Rosa, que representa Dallagnol nos processos, argumentou que o ex-procurador teve o 'cuidado' de procurar o CNMP antes de pedir exoneração e defendeu os procedimentos administrativos pendentes na época não poderiam levar à sua demissão.

Voto do relator

O ministro Benedito Gonçalves, relator dos processos, disse que a intenção de manobrar a Lei da Ficha Limpa foi 'cristalina' e 'capciosa'. Ele foi acompanhado por todos os colegas.

"Referida manobra, como se verá, impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite em CNMP, em seu desfavor, viessem a gerar processos administrativos disciplinares que poderiam ensejar a pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo", afirmou.

Um dos argumentos citados no voto é que Dallagnol já havia sido punido com censura e advertência quando pediu exoneração e que essas sanções seriam consideradas 'maus antecedentes' em outros procedimentos administrativos, o que na prática aumentaria a chance de demissão.

Outro ponto levado em consideração foi a antecedência com que Dallagnol pediu desligamento do MPF. O então procurador deixou a instituição em novembro de 2021, quase um ano antes da eleição. A legislação eleitoral exige uma 'quarentena' de apenas seis meses.

"O pedido de exoneração teve o propósito claro e específico de burlar a incidência da inelegibilidade", afirmou Gonçalves. "Foram inúmeras as apurações iniciadas com esteio em indicações robustas de práticas irregulares."

O governo federal deve lançar no dia 25 de maio, Dia da Indústria, um plano de incentivo com foco no setor automotivo. Em discurso no 5º Fórum Paulista de Desenvolvimento ontem o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que o Executivo prepara "boas notícias para a indústria", sem detalhar as medidas. Em conversa reservada com autoridades que participavam do evento, porém, ele disse que o programa vai incluir, por exemplo, a redução da carga tributária para incentivar a venda de carros populares.

Como mostrou o Estadão, o retorno ao mercado brasileiro do chamado carro popular entrou na agenda do governo e, nas últimas semanas, tem sido citado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para algumas montadoras e para os concessionários, o tema é visto com certa urgência em um momento de queda de vendas, fábricas suspendendo a produção e sindicatos de trabalhadores temendo demissões.

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Segundo o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, anfitrião do Fórum de Desenvolvimento, o vice-presidente indicou que a desoneração da carga tributária deve valer para veículos abaixo de R$ 100 mil.

"Nós esperamos medidas efetivas para aquecer a indústria. Ele deu pontos que possam estar envolvidos, não há nada conclusivo, mas existe uma expectativa muito grande para veículos abaixo de R$ 100 mil terem redução na carga tributária como um todo", disse. Empresários do setor também cobraram Alckmin pela volta de mecanismos de financiamento.

"O grande instrumento para aquecer a volta da venda de veículos, além da redução da carga, é dar uma garantia que o dr. Geraldo deixou claro, que é usar o FGTS como fundo garantidor. Nós precisamos oferecer ao órgão financiador uma facilidade de retomar o bem caso o credor se torne insolvente", disse. O prefeito também apresentou demandas para que o pacote inclua benefícios tributários para pessoas jurídicas, como as montadoras.

A volta do tema ganhou corpo no início de abril, quando a Fenabrave, a associação de concessionários de veículos, e algumas montadoras passaram a defender a necessidade de oferta de carros mais baratos para tentar recuperar o mercado.

PPPs

Durante o discurso, Alckmin ainda enumerou pontos para melhorar a competitividade do País. Segundo ele, o governo prepara um programa de Parcerias Público-Privadas e concessões para reduzir o custo de logística despendido pela indústria. Ele também voltou a argumentar a favor de dois projetos estruturantes encampados pelo governo federal: a reforma tributária e a nova âncora fiscal.

Outro ponto destacado por Alckmin foi a estabilidade do preço do dólar. "Hoje, o câmbio de R$ 5 o dólar, é o câmbio competitivo, câmbio bom, não pode ter grandes oscilações", disse.

Sobre a disputa com o Banco Central pela redução da taxa de juros, Alckmin afirmou estar "otimista" de que "os juros vão cair". "Você não tem uma inflação de demanda. Não está tendo fila para comprar carro, caminhão. O juro futuro, do mercado, já aponta abaixo de 6%, indica queda. Com câmbio bom, melhorando o sistema tributário e juros para baixo, economia cresce e com uma agenda de competitividade", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Representantes do PSB deixaram reunião no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (10) reafirmando apoio ao governo e dizendo que o partido dará seus votos a favor do arcabouço fiscal no Congresso Nacional. O encontro foi marcado depois de o Executivo sofrer derrotas no Legislativo, que tiveram participação de deputados da legenda.

Tanto o presidente do partido, Caros Siqueira, quanto o líder da bancada na Câmara, Felipe Carreras, disseram que o PSB apoiará a nova regra fiscal proposta pelo governo. Eles descreveram a conversa como positiva.

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Segundo Carreras, que também é líder de um bloco articulado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, o PSB apoiará os projetos do governo mesmo que haja divergência no bloco. Siqueira afirmou que o deputado lidera o grupo justamente para ajudar o Executivo.

O líder do partido disse que o governo está destravando nomeações de indicados políticos e que a legenda está tranquila em relação a esse tema. Nos bastidores, nos últimos dias, integrantes da sigla afirmavam que havia demora para as nomeações saírem.

"O governo está trabalhando para destravar tudo", disse o líder do Governo, José Guimarães (PT-CE), que também participou da conversa. Além de nomeações, há a expectativa que o governo faça o pagamento de emendas nas próximas semanas.

A conversa incluiu o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e os ministros Alexandre Padilha (PT) e Márcio França (PSB). O outro ministro do PSB, Flávio Dino, foi representado por seu auxiliar Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça. Também participou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

A reunião com o PSB foi a primeira de uma série de encontros que o Planalto está fazendo com a base aliada para reorganizar seu apoio político. Haverá outra com o PSD ainda nesta quarta, além de conversas com os demais partidos aliados nos próximos dias.

A Polícia Federal (PF) executou nesta quinta-feira, 4, uma megaoperação contra o porte ilegal de armas de fogo. A ofensiva prendeu 49 investigados, entre acusados de homicídio (9), roubo (5), furto (3), tráfico de drogas (4), corrupção (1), crime ambiental (1), organização criminosa (1), violência doméstica (1), estelionato (1), constrangimento ilegal (1) e extorsão mediante sequestro (1). Foram apreendidas sete espingardas ou rifles, 19 pistolas e três revólveres, além de 491 cartuchos calibres 12, 9mm e 380mm.

Os policiais cumpriram mandados de preventiva, temporária e definitiva contra colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) que não fizeram o recadastramento de suas armas, além de pessoas que não têm autorização para ter armamentos.

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A Operação Day After é nacional, ou seja, aconteceu simultaneamente em diversos Estados: Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Sergipe, Tocantins, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, Pará, Santa Catarina e Espírito Santo.

A PF também cumpriu ordens de prisão em aberto, sobretudo por dívidas de pensão alimentícia. Quem tem mandados de prisão pendentes não pode ter porte de arma. Esses registros devem ser cancelados.

"Uma vez que a existência de mandado de prisão quebra o requisito da idoneidade para obtenção do porte de arma de fogo, estão sendo adotadas medidas de apreensão cautelar de armamentos e documentos encontrados, para posterior processo de cassação de porte ou registro de arma de fogo, por parte da PF, além de comunicação ao Exército Brasileiro, para cassação das autorizações concedidas aos CACs", informou a Polícia Federal.

Em janeiro, o governo Lula deu 60 dias para a atualização cadastral das armas. A decisão foi concentrar todos os registros no Sistema Nacional de Armas, inclusive dos CACs, que eram controlados pelo Exército. A iniciativa faz parte de uma política do governo para tentar ter mais controle sobre as armas nas mãos de civis.

O prazo terminou na terça. O balanço final divulgado pela PF aponta que 939.154 armas foram recadastradas. Há, no entanto, 6.168 armas de uso restrito não foram registradas no prazo.

O ministro da Justiça Flávio Dino afirmou mais cedo que a apreensão das armas ilegais será uma linha de trabalho permanente da PF.

"Hoje a Polícia Federal está cumprindo mandados de prisão contra CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) que não preenchem requisitos legais de idoneidade para ter armas de fogo. Estas também estão sendo apreendidas. Será uma linha permanente de trabalho da PF", publicou nas redes sociais.

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