Para ser reeleito presidente, Jair Bolsonaro implodiu o discurso da 'nova política' e se filiou ao PL como um movimento de retorno ao Centrão. Em busca de alianças no Nordeste para entrar mais tranquilo na disputa, alguns nomes surgem como possíveis candidatos a receber o apoio do Planalto para consolidar as campanhas aos estados da região.
Uma das estratégias estudadas em Brasília é aproveitar a popularidade do quadro de ministros para ampliar as bases do presidente. Dessa forma, a regra eleitoral impõe que os escolhidos por Bolsonaro deixam os cargos no Executivo até o dia 2 de abril para assumir o interesse nas eleições.
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Os postulantes no Nordeste que devem se eleger como candidatos do presidente:
BAHIA
Ministro João Roma. Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Atual ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos) já externou o interesse de concorrer ao Governo da Bahia e deve acirrar a divergência contra o ex-aliado ACM Neto (DEM).
Formado em Direito, Roma ingressou cedo na política e foi um dos principais estruturadores do Auxílio Brasil.
Ele já foi delegado do Ministério da Cultura em Pernambuco e assessor do Governo pernambucano. Passou pelo Ministério da Administração de Fernando Henrique Cardoso, foi chefe de escritório Agência Nacional do Petróleo (ANP) e chefe de gabinete da Prefeitura de Salvador.
Com tendência liberal, o ministro foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal em 2018. Na Câmara, presidiu a Comissão do Marco Legal das Startups e foi relator da Reforma Tributária.
PERNAMBUCO
Ministro Gilson Machado. Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro do Turismo Gilson Machado (PSC) é cotado a levantar a bandeira bolsonarista em Pernambuco. Ainda com a chance de se candidatar ao Senado, o gestor ganhou jingle para concorrer ao Governo do Estado.
"O povo pediu e Bolsonaro apoiou, o ministro sanfoneiro para nosso governador", diz o verso composto por Marquinhos Maraial, que reforça a maior característica do ministro.
Em seus mais de 30 anos como músico, Gilson é produtor e comandou a banda de forró Brucelose. Empresário do setor hoteleiro, ele é formado em Medicina Veterinária.
Ministro com maior presença nas agendas de Bolsonaro, o gestor defende a ideologia proposta pelo presidente. Antes, ele foi diretor-presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e secretário nacional de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
RIO GRANDE DO NORTE
Ministro Fábio Faria. Marcelo Camargo/Agência Brasil
No Rio Grande do Norte, Bolsonaro deve optar entre os ministros Fábio Faria (PSD) ou Rogério Marinho (PL).
A reabertura do Ministério das Comunicações levou o deputado Fábio Faria à gestão da pasta. Formado em Administração, ele estava em seu quarto mandato e chegou a ocupar a presidência da Câmara por 13 dias.
Casado com Patrícia Abravanel e genro de Silvio Santos, o ministro é conhecido entre as celebridades.
É especulada sua filiação ao PP, um dos partidos com maior afinidade com Bolsonaro.
Ministro Rogério Marinho. Tânia Rêgo/Agência Brasil
Já no Ministério do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, se filiou ao PL no mesmo dia do presidente. O próprio Bolsonaro já destacou que ele seria um bom nome ao Governo.
Com diploma de economista, Marinho esteve próximo de Paulo Guedes durante sua passagem Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, onde articulou para aprovação da Reforma da Previdência.
Três vezes deputado federal, Marinho defendeu a Reforma Trabalhista e já foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Natal, secretário municipal de Planejamento e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico.
Como coordenador da bancada do PSDB na Comissão de Educação da Câmara, também incentivou a reforma do Ensino Médio e o projeto Escola Sem Partido.
PIAUÍ
Ministro Ciro Nogueira e a ex-esposa, a deputada Iracema Portella. Reprodução/Redes sociais
O presidente nacional do PP e atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, deixou em aberto a sua participação no pleito. O progressista já pontuou sobre a importância do futuro governador do Piauí ter prestígio em Brasília, condição que o próprio Ciro possui, já que é amigo de Bolsonaro.
O ministro tem carta branca para apontar o candidato que vai receber o apoio do presidente. Por isso, vai fortalecer seu partido e, caso não assuma a chapa majoritária, deve investir na campanha da ex-esposa Iracema Portella.
Em seu terceiro mandato como deputada federal, Iracema é formada em Letras e foi favorável à Reforma Trabalhista. Ela já estrutura a possível candidatura e percorre pequenas cidades do interior do Estado há alguns meses.
PARAÍBA
Ministro Marcelo Queiroga. Geraldo Magela/Agência Brasil
O ministro da Saúde Marcelo Queiroga pode surgir na disputa. Sem confirmar o interesse no pleito, o bolsonarismo paraibano deve apostar também no deputado estadual Cabo Gilberto Silva (PSL), líder da oposição na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).
Deputado Cabo Gilberto. Divulgação/ALPB
Eleito pela primeira vez em 2018, o policial militar conquistou votos em defesa do conservadorismo e exaltou a corrente patriota. Ele é bacharel em Direito, pós-graduado em Segurança Pública e deve migrar para o partido do presidente.
ALAGOAS
Senador Fernando Collor. Marcelo Casal Jr./Agência Brasil
A proximidade com o presidente Bolsonaro fez muito bem ao senador Fernando Collor de Mello (PROS), que voltou a ter mais presença em Brasília.
Formado em Ciências Econômicas, Collor estimulou as privatizações ao longo da sua trajetória política. Ele já foi prefeito de Maceió, deputado federal, governador e o ex-presidente mais novo da história ao ser eleito com 40 anos.
O senador também foi o primeiro presidente a sofrer impeachment e perdeu os direitos políticos por oito anos.
Collor esteve no palco para o evento de filiação de Bolsonaro ao PL e negocia sua ida para a sigla.
CEARÁ
Deputado Capitão Wagner. Reprodução/Câmara dos Deputados
Opositor ferrenho da base de Ciro Gomes no Ceará, o deputado federal Capitão Wagner (PROS) se mostra alinhado aos interesses do Planalto.
Com uma votação expressiva, ele defende o primeiro mandato após ser vereador de Fortaleza e deputado estadual.
Wagner é apontado como um dos líderes do motim da Polícia Militar em 2011 e chegou a tentar criar uma lei que anistiasse os agentes de segurança envolvidos na paralisação ilegal.
MARANHÃO
Deputado Josimar Maranhãozinho. Reprodução/Câmara dos Deputados
Recentemente investigado pela Polícia Federal, o presidente estadual do PL, Josimar Maranhãozinho, está em seu primeiro mandato como deputado federal.
Ele já foi prefeito da cidade que carrega em seu nome e deputado estadual. No Maranhão, Josimar é conhecido por seu interesse na manutenção das alianças no interior, o que lhe garantiu recorde de votação no estado.
SERGIPE
Deputado Laercio Oliveira. Reprodução/Câmara dos Deputados
Preocupado com pautas ao empresariado, o deputado federal Laercio Oliveira (PP) busca Bolsonaro em seu palanque. Formado em Administração e pós-graduado em Gestão Empresarial, ele está em seu terceiro mandato na Câmara.
Laercio é presidente do Sistema FECOMÉRCIO/SESC/SENAC em Sergipe e foi relator da Lei da Terceirização. Ele também apoiou a Reforma Tributária sob a justificativa de desburocratizar os vínculos da iniciativa privada.