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O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) comemorou a decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que anulou, nessa terça-feira (9), todas as decisões de primeira instância tomadas pela Justiça nas investigações do caso das rachadinhas.

Flávio afirmou que a alegada perseguição de membros do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra ele, para "tentar atingir o presidente Bolsonaro", chegou ao fim com o resultado do julgamento.

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"Após quase três anos de investigação ilegal e que, mesmo ante as inúmeras arbitrariedades, vazamentos e covardias, nada foi encontrado contra mim, justiça finalmente foi feita. A perseguição promovida por alguns poucos membros do honrado Ministério Público do Rio de Janeiro, para tentar atingir o Presidente Bolsonaro, chega ao fim", declarou o senador em publicação no Twitter.

Flávio também trouxe um trecho da Bíblia constantemente usado pelo pai e presidente da República. "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", citou ao finalizar a postagem com o versículo 32 do capítulo 8 do Evangelho de João.

A Quinta Turma do STJ atendeu a um pedido apresentado pela defesa do senador para anular a investigação das rachadinhas. Os ministros analisaram um agravo contra a decisão do colegiado que negou, em março, pedidos para invalidar todas as medidas tomadas pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27.ª Vara Criminal do Rio, que conduziu o inquérito na primeira instância.

No julgamento, o colegiado definiu que não é possível aproveitar provas colhidas mediante autorização do juiz de primeira instância. Na prática, a decisão desidrata quase toda a denúncia oferecida pelo MP-RJ contra o senador. Com isso, a investigação volta à estaca zero.

O MP-RJ afirmou na noite dessa terça que vai aguardar a publicação do acórdão referente à decisão da Corte para "analisar as providências cabíveis".

Após o Facebook decidir excluir de sua plataforma a última transmissão do presidente Jair Bolsonaro em que ele fazia uma falsa relação entre vacinas contra Covid-19 e desenvolvimento de HIV, o vírus da aids (síndrome de imunodeficiência adquirida), o mandatário brasileiro justificou que a relação, falsa, foi feita com base em uma notícia da revista Exame, jogando a culpa da sua fala na imprensa, uma "fábrica de fake news", como classificou. Contudo, o presidente não retificou suas declarações.

"Na segunda-feira, a revista Exame fez uma matéria sobre vacina e aids, eu repeti essa matéria na minha 'live', dois dias depois a revista Exame falou que eu falei fake news. Foi a própria Exame que falou da relação de HIV e vacina. Eu apenas falei sobre matéria da revista Exame"

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A reportagem a que Bolsonaro se refere foi publicada em outubro de 2020 com o título "Algumas vacinas contra a Covid-19 podem aumentar o risco de HIV?". A matéria afirma que pesquisadores estavam preocupados que algumas vacinas que usam um adenovírus específico no combate ao vírus SARS-CoV-2 podem aumentar o risco de que pacientes sejam infectados com HIV. No entanto, o revista diz que, até aquele momento, "não se comprovou que alguma vacina contra a Covid-19 reduza a imunidade a ponto de facilitar a infecção em caso de exposição ao vírus."

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o Facebook decidiu excluir de sua plataforma a transmissão ao vivo realizada pelo presidente. Controlado pelo Facebook, o Instagram também removeu o conteúdo. Já o YouTube mantém a "live" disponível até o momento. Em nota encaminhada à reportagem, o Facebook cita as políticas internas da plataforma após decidir pela exclusão da "live". "Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas", afirma a empresa.

A aids é causada pelo vírus HIV. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, recomenda a vacinação de pessoas com o vírus.

A fala de Bolsonaro foi desmentida por especialistas ao longo do final de semana. "Não existe NENHUMA possibilidade de vacina causar Aids. ZERO. Qualquer que seja a vacina. É isso que precisa ser divulgado de forma clara e direta", esclareceu o médico sanitarista Daniel Dourado.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), classificou o pedido do senador Eduardo Braga (MDB-AM) para indiciá-lo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid como um ataque eleitoral do parlamentar.

"O que ele quer é cavar manchetes nacionais com o objetivo de me atacar, uma vez que se ensaia para ser candidato em 2022", disse o governador ao Broadcast Político. Eduardo Braga se movimenta para enfrentar Lima na disputa pelo governo do Amazonas no próximo ano.

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A CPI do Senado avalia aumentar a lista de indiciados antes da votação do relatório final do senador Renan Calheiros (MDB-AL), marcada para a próxima terça-feira (26).

Braga elaborou um adendo ao parecer e pediu o indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e do ex-secretário de Saúde do Estado Marcellus Campêlo pela crise da falta de oxigênio em Manaus.

"Tudo isso já está sendo apurado pelos órgãos de controle e prestamos todos os esclarecimentos necessários", disse o governador à reportagem.

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) chamou de "piada de muito mau gosto" as acusações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e imitou a risada do pai para mostrar como ele reage aos crimes a ele imputados pelo relatório da Comissão. A crítica, que não é novidade por parte do parlamentar, foi feita durante entrevista à imprensa nas dependências do Congresso nesta quarta-feira (20). 

Questionado por jornalistas sobre como o presidente vai receber o conteúdo do relatório final, Flávio respondeu: “ele receberia da seguinte forma. Conhece aquela gargalhada dele? Ha ha ha. Não tem o que fazer de diferente disso. É uma piada de muito mau gosto”. 

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Após mais de seis meses de atividade e com mais de 500 requerimentos, a CPI da Pandemia apresentou as conclusões do trabalho por meio do relatório final, que foi lido pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL). No documento, que possui mais de mil páginas, o ato mais grave associado à gestão de Bolsonaro foi a demora na compra de vacinas e as constantes infrações sanitárias, que foram planejadas e custeadas com dinheiro público, como no caso das motociatas. 

O crime de homicídio qualificado foi retirado do parecer final da CPI. A acusação surgiu a partir de evidências sobre aglomerações, medicamentos de tratamento precoce ineficazes e motociatas promovidas pelo mandatário. Já o crime de genocídio contra indígenas também passou por uma “permuta” e se tornou mais uma acusação de crime contra a humanidade no relatório. No total, são três acusações por crimes contra a humanidade: no caso da Prevent Senior, no atentado contra as vidas indígenas e sobre as questões da pandemia no estado de Manaus. 

Desta forma, Bolsonaro deve responder por cerca de nove crimes, de acordo com o parecer da CPI. São eles: infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documento particular, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, crime contra a humanidade, violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo. 

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Desde 29 de julho, o presidente Jair Bolsonaro repete com insistência uma afirmação feita por ele ainda quando era candidato ao Palácio do Planalto, sempre sem provas: a de que as urnas eletrônicas usadas no Brasil não são confiáveis e foram usadas para fraudar as últimas eleições. Desta vez, porém, as informações falsas veiculadas na transmissão ao vivo pelas redes sociais do dia 29 tiveram consequências. Após a "live bomba" com ameaças golpistas, Bolsonaro enfrentou a mais dura reação, além de se tornar investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A polêmica do voto impresso e os ataques do presidente a magistrados mobilizaram o debate nos últimos dias e ofuscaram um momento que poderia ser considerado positivo para o governo. A semana nervosa viu a Câmara aprovar a privatização dos Correios, uma das principais pautas econômicas do Planalto; a vacinação contra a covid avançou no País e Bolsonaro divulgou detalhes sobre o novo Bolsa Família. Com valor maior, o programa se chamará agora Auxílio Brasil. Nenhum destes assuntos, porém, foi tão comentado quanto o voto impresso e as investidas do chefe do Executivo contra a democracia.

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Embora tenha fracassado na tarefa de apresentar provas de fraude nas eleições, Bolsonaro conseguiu triplicar, na última live de julho, a média de visualizações em relação às transmissões ao vivo que faz toda quinta-feira. Foram 900.717 visualizações até o momento no canal oficial do presidente no YouTube, que registra, em média 258 mil a cada aparição desse tipo. No Facebook, a "live bomba" com retransmissão da TV Brasil, uma emissora pública, alcançou a marca de 1,2 milhão de visualizações, quando normalmente tem entre 250 mil e 400 mil.

Depois desse episódio, no qual Bolsonaro e um coronel da reserva apresentaram vídeos antigos com acusações inverídicas para sugerir, sem qualquer evidência, que houve adulteração nas urnas, em 2018 e 2014, as ameaças feitas pelo presidente contra as eleições ganharam ainda mais destaque. O TSE abriu inquérito administrativo contra Bolsonaro, que também foi incluído pelo Supremo na investigação das fake news. Empresários e intelectuais divulgaram manifesto a favor das eleições, assim como a cúpula do Ministério Público.

A proposta do voto impresso foi rejeitada na comissão especial da Câmara, mas na sexta-feira o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), puxou a emenda para o plenário. A previsão é de que o texto seja votado até quarta-feira. Lira avisou Bolsonaro, porém, que, se o governo for novamente derrotado, e ele não respeitar a decisão, o Centrão deixará de ser aliado. Citou até mesmo um "botão amarelo" a ser acionado, sinal de que tem às mãos a possibilidade de abrir caminho para o impeachment.

Para o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), o País precisa "se acostumar" ao comportamento do chefe do Executivo. "O presidente Bolsonaro é o presidente Bolsonaro. Precisamos nos acostumar com isso. Já é presidente há dois anos e meio, e todo mundo sabe o jeito dele. Ele reage. Está tudo dentro do que era esperado que fosse. Não consigo ver como isso estaria fora do padrão do comportamento dele", disse Barros ao Estadão.

O deputado também minimizou a importância do manifesto de empresários em defesa das eleições e as respostas do Judiciário ao presidente. "Quantos empresários são? Isso tudo é narrativa. Todo mundo quer pegar uma carona cada vez que isso surge como assunto. Isso não é um movimento consolidado, organizado. São os que querem fazer média (...). No Judiciário também tem muita gente querendo fazer média", afirmou Barros, alvo da CPI da Covid.

A resposta do líder do governo é contestada pelo cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Leonardo Avritzer. "É bom o Brasil não se acostumar ao jeito Bolsonaro de ser. O melhor é que Bolsonaro se acostume com a democracia no Brasil, e não que o Brasil se acostume com os seus arroubos autoritários", afirmou Avritzer, um dos principais pesquisadores sobre democracia no País.

Na sua avaliação, o discurso de Bolsonaro é muito mais do que bravata. "A gente vive um processo de erosão das instituições democráticas. O presidente está questionando a segurança do voto e, com isso, erodindo a confiança de um conjunto grande da população acerca da lisura do processo eleitoral, que é um dos fundamentos principais, se não o principal, da democracia brasileira", disse o professor. Para Avritzer, as declarações do presidente podem "ser o ponto de partida para um questionamento do resultado eleitoral de 2022, o que pode gerar muita turbulência política e até mesmo violência".

Cálculo político

Trata-se de um comportamento calculado, no diagnóstico do cientista político Bruno Carazza. Há a percepção de que Bolsonaro age assim para "energizar" sua base à medida que se vê acuado por fatores como pandemia de covid e crise econômica, além de desafiado pela liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto.

"Ao questionar as eleições e o Judiciário, Bolsonaro dá elementos para essa base de apoio, que não é desprezível, e soma hoje de 20 a 25% do eleitorado", observou Carazza, professor do Ibmec e da Fundação Dom Cabral. Autor do livro Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro, ele observou que, ao decidir entregar a "alma do governo" ao Centrão, com a nomeação do senador Ciro Nogueira (Progressistas) para a Casa Civil, Bolsonaro sofreu cobranças de seus apoiadores. "Isso é mais um motivo para ele tensionar, desviar a atenção da base dessa composição que fez com o Centrão no Congresso".

A reação às investidas de Bolsonaro contra a democracia têm se ampliado cada vez mais. "Não acho que bravatas levem a golpe. Eu acredito fielmente nas instituições e vamos continuar solidificando a democracia", disse o ministro do STF Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito das fake news.

Subprocuradores da República cobraram uma ação do procurador-geral, Augusto Aras, visto hoje como aliado de Bolsonaro. Um manifesto assinado por 29 subprocuradores diz que o chefe do Ministério Público Federal deve agir em "defesa do STF e do TSE, de seus integrantes e de suas decisões, não lhe sendo dado assistir passivamente aos estarrecedores ataques àquelas Cortes e a seus membros".

Diante dos ataques de Bolsonaro, o presidente do Supremo, Luiz Fux, cancelou a reunião entre os Poderes e também cobrou de Aras uma posição enérgica. Ele manteve o silêncio. Bolsonaro não recuou. Ao contrário: chamou Barroso de "filho da p..." , anteontem, numa conversa com apoiadores, em Santa Catarina. O vídeo com o xingamento foi postado em suas redes sociais e apagado em seguida. "Querem decidir as coisas no tapetão", disse ele ontem, após "motociata" em Florianópolis. Dessa forma, Bolsonaro vai pautando a agenda política do País. Até quando? "O botão amarelo continua apertado. Segue com a pressão do meu dedo. Estou atento, 24 horas atento", avisou Lira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), foi cobrado por parlamentares a se posicionar sobre as ameaças do presidente Jair Bolsonaro a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (STF). O chefe do Legislativo, porém, tem manifestado resistências em dar respostas públicas às declarações de Bolsonaro contra as eleições e as decisões do Judiciário, conforme o Broadcast Político apurou.

Pacheco foi informado do cancelamento da reunião entre Poderes e atribuiu a decisão a um movimento do presidente do STF, Luiz Fux, que havia proposto o encontro, sem participação da cúpula do Congresso. "A cúpula do Poder Judiciário (STF e TSE) reagiu, como deveria, aos ataques de Bolsonaro às eleições, à democracia e à independência dos Poderes. Falta a cúpula do Congresso Nacional fazer o mesmo. Até quando se omitirá?", questionou o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ).

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O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também expôs a cobrança. "Lidar com um presidente da República que usa a mentira como método é um desafio para as instituições. A Justiça dá passos firmes no sentido correto, de não aceitar ataques reiterados à democracia. Cabe ao Legislativo seguir o exemplo e defender os verdadeiros interesses da nação."

Depois de entrar na mira do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores por autorizar a abertura de uma investigação contra o chefe do Executivo pelos ataques ao sistema eletrônico de votação e ameaças às eleições, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu nesta quinta-feira, 5, pelas redes sociais.

"Ameaças vazias e agressões covardes não afastarão o Supremo Tribunal Federal de exercer, com respeito e serenidade, sua missão constitucional de defesa e manutenção da Democracia e do Estado de Direito", escreveu em sua conta no Twitter.

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Mais cedo, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que também tem sido alvo das redes bolsonaristas, respondeu a acusação do presidente de que teria atuado em favor do PT ao conceder o perdão da pena ao ex-ministro petista José Dirceu.

"Um esclarecimento: quem concede indulto é o presidente da República. O Judiciário apenas aplica o decreto presidencial. Nas execuções penais do mensalão, deferi o benefício a todos que se adequaram aos requisitos", escreveu Barroso no Twitter, sem citar Bolsonaro.

Nesta quarta-feira, 4, o presidente do TSE disse que o 'mundo civilizado' depende de 'respeito e consideração, mesmo na divergência' e defendeu a democracia como a 'causa que nos une a todos'.

O presidente subiu o tom contra os ministros nesta semana. Depois de virar alvo de investigações no TSE pelos ataques ao sistema eleitoral, Bolsonaro disse que não aceitará 'intimidações' e que sua 'luta' é com Barroso. Na noite de ontem, atacou Moraes e ameaçou atuar fora 'das quatro linhas da Constituição'.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o voto impresso e atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, nesta segunda-feira (2). "Porque um não quer eleições democráticas, nós temos que abaixar a cabeça? Estão com medo de quê?", disse em discurso em cerimônia de lançamento do programa Água nas Escolas.

Cerca de uma hora antes de o chefe do Executivo reforçar seus ataques ao sistema eleitoral, o presidente do STF, Luiz Fux, havia rebatido declarações que colocavam em dúvida a legitimidade do voto eletrônico. "Harmonia e independência entre os Poderes não implicam impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições", declarou Fux em meio à crise institucional que envolve os Poderes.

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"Os Poderes em geral atuam independentes e harmônicos, sem que haja superpoderes entre aqueles instituídos pela ordem constitucional. Permanecemos atentos aos ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública. Atitudes desse jaez deslegitimam veladamente as instituições do País; ferem não apenas biografias individuais, mas corroem sorrateiramente os valores democráticos consolidados ao longo de séculos pelo suor e pelo sangue dos brasileiros que viveram em prol da construção da democracia de nosso país".

Bolsonaro acusa Barroso de interferir no Legislativo para convencer parlamentares a se oporem à PEC do voto impresso, de autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). Baseado naquilo a que se refere como "fortes indícios de fraude", ele disse chamou de farsa as eleições sem mecanismo de contagem pública e afirmou que o pleito será marcado por suspeição, caso não haja implementação da mudança proposta pelo projeto da parlamentar.

"O que leva à conclusão de uma prova são os indícios. Queremos uma farsa no ano que vem ou uma eleição marcada por suspeição? Quem vai analisar o recurso em última instância? Exatamente os que tiraram o cara da cadeia", disse o presidente, que também colocou em xeque a legitimidade dos resultados das eleições para a Prefeitura de São Paulo.

No discurso de reabertura das atividades do Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, reagiu aos ataques dos últimos dias desferidos pelo presidente Jair Bolsonaro e, em tom contundente, disse que "os juízes precisam vislumbrar o momento adequado para erguer a voz diante de eventuais ameaças". Fux não citou o nome de Bolsonaro, mas o recado foi claro quando ele cobrou respeito às instituições e afirmou que a manutenção da democracia exige permanente vigilância.

"Harmonia e independência entre os poderes não implicam impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições", afirmou Fux, nesta segunda-feira, 2. A intervenção de Fux ocorre num momento de crise institucional entre os Poderes, na esteira de acusações de Bolsonaro contra a urna eletrônica e ameaças golpistas de que não haverá eleições se não houver voto impresso.

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O presidente do STF vinha sendo cobrado a se posicionar diante das ameaças golpistas de autoridades do governo federal. Como antecipou o Estadão, Fux se dedicou nos últimos dias a redigir o discurso lido na tarde de hoje. Em resposta, o ministro sinalizou que punições aos excessos não estão fora do escopo da Corte: "Nós, do Supremo Tribunal Federal, ainda quando nossas atuações tenham que ser severas, jamais abdicaremos os nossos deveres e responsabilidades".

"Os Poderes em geral atuam independentes e harmônicos, sem que haja superpoderes entre aqueles instituídos pela ordem constitucional", afirmou. "Permanecemos atentos aos ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública. Atitudes desse jaez deslegitimam veladamente as instituições do país; ferem não apenas biografias individuais, mas corroem sorrateiramente os valores democráticos consolidados ao longo de séculos pelo suor e pelo sangue dos brasileiros que viveram em prol da construção da democracia de nosso país".

Sem citar nominalmente o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, a mensagem de Fux foi entregue de forma clara aos destinatários, que também inclui os comandantes das Forças Armadas. Como revelou o Estadão, o general que chefia a pasta da Defesa mandou um interlocutor avisar aos Poderes que os militares não estariam dispostos a permitir a realização de eleições em 2022 se não fosse aprovado o voto impresso. O recado chegou ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que cobrou de Bolsonaro respeito à democracia. O parlamentar alagoano ainda teria dito que não está disposto a pactuar com rupturas institucionais.

Em discurso afinado com o do presidente da Câmara, Fux afirmou que a manutenção da democracia exige vigilância permanente e pressupostos indissociáveis à estabilidade das instituições. "Numa sociedade democrática, momentos de crise nos convidam a fortalecer - e não deslegitimar - a confiança da sociedade nas instituições. Afinal, no contexto atual, após trinta anos de consolidação democrática, o povo brasileiro jamais aceitaria que qualquer crise, por mais severa, fosse solucionada mediante mecanismos fora dos limites da Constituição", afirmou.

Na quinta-feira, 30, porém, o presidente Jair Bolsonaro voltou a subir o tom contra as instituições e a ameaçar a estabilidade democrática. O político realizou uma transmissão ao vivo que prometia ser o desfecho do tumulto histórico de ilações de fraude eleitoral. Bolsonaro, porém, entregou aos espectadores duas horas de notícias falsas, vídeos datados e fora de contextos e análises enviesadas sobre o processo de auditagem das urnas.

"É de sabença que o relacionamento entre os Poderes pressupõe atuação dentro dos limites constitucionais, com freios e contrapesos recíprocos, porém com atuação harmônica e alinhamento entre si em prol da materialização dos valores constitucionais", afirmou. "O regime democrático necessita ser reiteradamente cultivado e reforçado, com civilidade, respeito às instituições e àqueles que se dedicam à causa pública. Ausentes essas deferências constitucionais, as democracias tendem a ruir".

O Plenário do Supremo Tribunal Federal realiza sessão na tarde desta segunda-feira, 2, marcando a abertura dos trabalhos do segundo semestre na Corte. Os ministros vão discutir casos sobre questões trabalhistas, mas a atenção se volta para o tradicional discurso de retomada dos julgamentos feito presidente Luiz Fux, uma vez que o chefe do Judiciário deve enviar recados ao Palácio do Planalto, diante das sucessivas ameaças à realização das eleições em 2022.

Como mostrou o Estadão, Fux prepara uma resposta à tentativa de intimidação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que mandou um interlocutor avisar aos Poderes que não haveria eleições de 2022 se não fosse aprovado o voto impresso. A sessão é transmitida ao vivo, a partir das 15 horas, pela TV Justiça, pela Rádio Justiça e pelo canal do STF no YouTube.

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O presidente do Supremo deve discursar em defesa da democracia, destacando que os Poderes não podem extrapolar o seu papel no Estado de Direito. Fux vem sendo pressionado a se manifestar sobre as ameaças golpistas que agora também partem da Esplanada dos Ministérios.

Com o fim do recesso judiciário, marcado por decisões envolvendo a CPI da Covid, o STF retoma as sessões por videconferência tendo pela frente uma pauta julgamentos que tratam desde temas como a figura do juiz de garantias e a prescrição dos crimes de injúria até a forma de depoimento do presidente Jair Bolsonaro no inquérito sobre suposta tentativa de interferência política na Polícia Federal.

CONFIRA ABAIXO TODOS OS TEMAS PAUTADOS PARA JULGAMENTO DESTA SEGUNDA:

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323

Relator: ministro Gilmar Mendes

Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) x Tribunal Superior do Trabalho (TST)

Os ministros vão discutir se as cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho ou se somente podem ser modificados ou suprimidos por meio de novo acordo ou convenção coletiva. O recurso questiona interpretação da Justiça do Trabalho no sentido da incorporação das cláusulas coletivas ao contrato de trabalho individual. O ministro relator deferiu liminar determinando a suspensão de todos os processos em curso e dos efeitos de decisões já proferidas que versem sobre a ultratividade de normas de acordos e de convenções coletivas e das execuções já iniciadas.

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 381

Relator: ministro Gilmar Mendes

Autora: Confederação Nacional do Transporte (CNT) x Tribunal Superior do Trabalho (TST)

A ADPF tem por objeto decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e de Tribunais Regionais do Trabalho que declararam inválidos dispositivos de convenções coletivas pactuadas entre transportadoras e motoristas, bem como condenaram empregadores ao pagamento de horas extras e de horas trabalhadas em dias de descanso, em situações ocorridas antes da vigência da Lei nº 12.619/2012, que disciplinou os direitos e deveres dos motoristas profissionais.

O relator, ministro Gilmar Mendes, concedeu medida cautelar para suspender todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a aplicação do artigo 62, inciso I, da CLT aos motoristas profissionais externos do setor de transporte de cargas.

Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1121633 - Repercussão geral

Relator: ministro Gilmar Mendes

Mineração Serra Grande S.A x Adenir Gomes da Silva

O recurso discute a validade de norma coletiva de trabalho que suprimiu direitos relativos às chamadas horas in itinere, tempo gasto pelo trabalhador em seu deslocamento entre casa e trabalho. A empresa sustenta que ao negar validade à cláusula 8ª do acordo coletivo de trabalho, o TST "ultrapassou o princípio constitucional da prevalência da negociação coletiva, contido no artigo 7º, inciso XXVI da Constituição Federal.

Recurso Extraordinário 922144 - Repercussão geral

Relator: ministro Luís Roberto Barroso

Anna Elisa Surerus x Município de Juiz de Fora (MG)

O recurso trata da compatibilidade da garantia da justa e prévia indenização em dinheiro com o regime constitucional de precatórios. O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG) não verificou situação determinante do pagamento da indenização imediatamente após o trânsito em julgado de decisão, pois a respectiva quantia não se insere na situação prevista no artigo 100 da Constituição Federal. A recorrente sustenta ofensa ao seu direito líquido e certo de ser indenizada de imediato pela desapropriação de seu imóvel pelo Poder Público.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, deve usar o tradicional discurso de retomada dos julgamentos na Corte após o recesso do Judiciário, na segunda-feira (2), para enviar recados ao Palácio do Planalto, diante das sucessivas ameaças à realização das eleições em 2022. Desde a semana passada, Fux vem sendo pressionado a se manifestar e prepara uma "resposta". O pronunciamento do magistrado será sobre a importância da estabilidade democrática, destacando que os Poderes não podem extrapolar seu papel no estado de direito.

Como revelou o Estadão, o ministro da Defesa, Braga Netto, enviou um aviso ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), no último dia 8, por meio de importante interlocutor político. O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso e auditável. O presidente Jair Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça naquele mesmo dia. "Ou fazemos eleições limpas ou não temos eleições", afirmou ele a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

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Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, anteontem, Bolsonaro rebateu críticas dando conta de que as Forças Armadas não devem se pronunciar sobre voto impresso por se tratar de uma questão política. Disse que militares devem, sim, se manifestar porque essas eleições têm a ver com a "soberania nacional".

Bolsonaro também insultou, mais uma vez, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que defende o atual sistema de urna eletrônica. "É justo quem tirou Lula da cadeia, quem o tornou elegível, ser o mesmo que vai contar o voto numa sala secreta e escura no TSE?", perguntou ele, ao citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto. Ao contrário do que vinha anunciando, porém, o chefe do Executivo disse na live não ter provas de que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas.

Fux chegou a afirmar, em conversas reservadas, que avaliava citar as Forças Armadas e Braga Netto em seu discurso. A declaração do magistrado também poderá ser mais "genérica", evitando despertar animosidade com o meio militar. Mesmo assim, a intenção é mostrar que o Supremo está comprometido com a democracia e não admitirá ruptura institucional.

Na próxima semana, Fux pretende chamar novamente Bolsonaro, Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para uma conversa. O encontro deveria ter ocorrido no dia 14, mas foi desmarcado porque Bolsonaro precisou ser submetido a um tratamento médico de emergência, em São Paulo.

Homenagem

No auge da tensão política que envolve militares e o Judiciário, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) homenageou ontem as Forças Armadas por seu papel "a serviço da paz". Ex-interventor da Segurança no Rio, durante o governo de Michel Temer, Braga Netto recebeu uma placa elogiosa.

Em live promovida ontem pelo site Consultor Jurídico (Conjur), Lira disse que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o voto impresso não terá apoio para chegar ao plenário da Casa. "A questão do voto impresso está tramitando na comissão especial. O resultado da comissão impactará se esse assunto vem ao plenário ou não. Na minha visão, tudo indica que não", afirmou o presidente da Câmara na transmissão ao vivo, que também contou com a participação do ministro do Supremo Gilmar Mendes.

Ao destacar que o sistema de urna eletrônica vem sendo usado há 25 anos, Gilmar lembrou a "tradição" de fraudes cometidas no passado, quando o voto era manual, inclusive na apuração. "Então, vamos parar um pouco de conversa fiada", disse o magistrado.

A PEC do voto impresso será analisada pela comissão especial da Câmara no início de agosto. A tendência é de que a proposta, defendida por Bolsonaro e seus aliados, seja derrotada. "Não temos nenhum fato que diga respeito a uma fragilidade do sistema, no que diz respeito a fraudes. Mas também não vejo problema de, com moderação, sabermos que há um processo de auditagem e, de alguma forma consensuada, dar mais transparência a isso. Onde não há problema, nós temos que deixar ainda mais claro", argumentou Lira.

Embate

A crise entre o Palácio do Planalto e os demais poderes ganhou fôlego depois que Barroso e ministros do Supremo se reuniram com dirigentes de partidos para tentar demover as legendas da ideia de aprovar a PEC do voto impresso, uma mudança que custaria aos cofres públicos aproximadamente R$ 2 bilhões. "O discurso de que se eu perder houve fraude é um discurso de quem não aceita a democracia", afirmou Barroso, anteontem.

Gilmar foi na mesma linha durante a transmissão ao vivo organizada pelo Conjur. "Me parece que essa ideia de que sem voto impresso não podemos ter eleição, ou não vamos ter eleições confiáveis, na verdade esconde talvez algum tipo de intenção subjacente, uma intenção que não é boa", disse o ministro.

Nos bastidores, tanto ministros do Supremo como do TSE criticaram a live de Bolsonaro. Um deles o definiu como "moleque", que "desrespeita as instituições". A avaliação é a de que o presidente está criando tumulto para produzir uma justificativa, caso seja derrotado nas urnas, em 2022.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a declarar nesta quinta-feira que seu governo permanece sem registrar nenhuma caso de corrupção e tentou minimizar a repercussão da compra de vacinas contra a covid-19 por mais de dez de vezes acima do preço, conforme revelou o Estadão/Broadcast Político. De acordo com o presidente, não adianta a imprensa "inventar" histórias sobre a vacina da Covaxin, pois o governo não recebeu nenhuma dose do imunizante, e, caso exista alguma irregularidade, o Executivo irá apurar.

O negócio entre o governo federal e a fabricante indiana da Covaxin, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos, é um dos principais focos das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, no Senado. Entre os previstos para serem ouvidos pelos senadores estão o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que denunciou a Bolsonaro as supostas irregularidades e o empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa.

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Durante visita técnica à Barragem de Oiticica, no Rio Grande do Norte, Bolsonaro retomou seu discurso nacionalista e repetiu que "Deus, pátria, família e bandeira verde e amarela" não existiam no País "há até pouco tempo". O presidente voltou a atacar a imprensa, disse que não tem que dar entrevistas. "Eu não tenho que responder perguntas de muitos idiotas, que o tempo todo, só veem defeito na gente", declarou para em seguida retomar a defesa do voto impresso em 2022.

Durante o evento, o ministro das Comunicação, Fábio Faria, que acompanhou a comitiva do presidente Bolsonaro, fez ataques à governadora Fátima Bezerra (PT). O ministro criticou o anúncio de compras de imunizantes feito pela governadora, chamando-a de mentirosa e argumentando que "todas as vacinas até hoje aplicadas no Brasil foram compradas, adquiridas e pagas pelo presidente".

Em sua chegada ao Estado, Bolsonaro novamente provocou aglomerações. Como costuma fazer em todas as viagens, caminhou sem máscara, cumprimentou apoiadores com abraços e apertos de mão. Acompanharam o presidente, além do ministro das Comunicações, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.

As reações adversas das vacinas da Covid-19 podem ser controladas com medicação. Em meio à polêmica sobre o uso do Paracetamol, parte dos vacinados apostaram na substância após sofrer por cerca de dois dias com febre, moleza e dores no corpo.

Em entrevista ao LeiaJá, o doutor em farmacologia e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Almir Wanderley lembrou que qualquer medicamento ou vacina podem causar efeitos adversos, geralmente de baixa intensidade. “Isso não são em todas as pessoas. É em uma parcela relativamente pequena da população”, ressalta.

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Sobre o uso de substâncias para controlar os efeitos já esperados dos imunizantes, ele orienta que “não tem problema nenhum. Se o indivíduo se encontra com algum tipo de reação, ele pode tomar um analgésico, um medicamento para febre, que rapidamente isso vai desaparecer. Isso não é problema para que haja a desistência da vacina”.

Porém, Wanderley prega cautela sobre o uso do Paracetamol que, a depender da dose, pode causar intoxicação no fígado. Tal efeito não tem relação direta com as substâncias das vacinas. Ele também desaconselha o uso de remédios não periódicos antes de ir se vacinar.

“O paracetamol realmente pode promover uma intoxicação no nosso organismo e chegar até a dar uma hepatite, mas isso acontece quando ele é tomado em altíssimas doses”, esclarece. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia alertado para uma eventual a hepatite medicamentosa decorrente do remédio.

O farmacologista explica que tal sintomatologia ocorre porque o sistema imunológico foi estimulado e que alguns efeitos, como dor no local da aplicação, geralmente são causados pelo próprio nervosismo do paciente, que acaba tensionando a musculatura do braço.

Em todos os cenários é importante repousar e se hidratar com frequência, principalmente nos imunizados que desenvolverem diarreia, complementou.

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As universidades federais de todo o país entraram em alerta com o corte de R$ 1 bilhão nos investimentos destinados às instituições. Em relação ao ano de 2020, a redução dos gastos foi ampliada para 18,16%, comprometendo o funcionamento e a manutenção das universidades, além de prejudicar o financiamento de assistências estudantis, pesquisas, entre outros.

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Universidade Federal do Pará (UFPA) emitiu nota oficial contra os cortes. O reitor Emmanuel Tourinho gravou vídeo para chamar a atenção da sociedade. No dia 29 deste mês, sábado, às 8 horas, será realizada manifestação pública para exigir a retomada dos recursos da universidade e o não bloqueio das verbas. Em Belém, o ato será na Praça da República. 

Segundo Gilberto Marques, professor da Faculdade de Economia da UFPA e diretor-geral da Associação dos Docentes da (Adufpa), as universidades públicas vêm enfrentando cortes orçamentários anualmente desde 2014, agravados com a PEC 55 (Proposta de Emenda Constitucional), aprovada em 2016, que reduz gastos públicos voltados para o investimento social.

Paralelamente a isso, Gilberto explica que houve um processo de expansão bastante significativo das vagas de graduação e pós-graduação nas universidades e também dos serviços das instituições. Entretanto, ele assinala: “Não temos a mesma contrapartida no aumento das vagas de professores e de técnico administrativo (setor), tampouco da estrutura da universidade. Ela não consegue crescer na mesma proporção que cresce essa oferta de vagas”, diz.

No caso da UFPA, Gilberto afirma que, entre 1990 e 2018, os estudantes de graduação e de doutorado cresceram em 168% e 13.467%, respectivamente, enquanto o número de professores aumentou apenas 68%, causando uma sobrecarga no trabalho docente – acompanhado de uma maior exigência da produção de projetos de pesquisas e publicação de artigos científicos em revistas qualificadas –, além da redução de espaços democráticos.

“Esse conjunto de elementos, na realidade, nos demonstra que é mais do que bloqueio financeiro. Mas o bloqueio financeiro é um elemento decisivo para essa intensificação da precarização da educação”, observa Gilberto.

Ainda que as universidades públicas não parem de funcionar totalmente, Gilberto aponta que os cortes orçamentários ainda podem prejudicá-las de diversas formas. Ele cita o possível retorno do ensino presencial, que vai exigir uma reestruturação física e operacional das instituições, obras nas salas de aula, além de outras readequações.

“Isso exige gasto financeiro e o que está se vendo é o contrário, o governo está cortando isso. Esse impacto é maior ainda e não é só para dentro da universidade, é para fora também", destaca Gilberto.

Extensão universitária

A UFPA tem dois hospitais universitários, o João de Barros Barreto e o Bettina Ferro, que em 2018 realizaram 4.460 cirurgias e fizeram 221.568 consultas. Esse atendimento à população, ressalta Gilberto, "é fundamental e alguns casos não são encontrados em outras unidades públicas, nem mesmo na rede particular”.

Gilberto também comenta sobre os projetos de extensão que levam a universidade até a população: “Quando você vai cortando as verbas que mexem com a estrutura da universidade, todo esse serviço é prejudicado e a população vai sofrer com isso. Corre-se o risco de chegar a uma determinada situação em que a universidade não vai ter condições de pagar a conta de luz ou os contratos que ela mantém para o seu funcionamento cotidiano”, salienta.

De acordo com Gilberto, a UFPA teve um corte orçamentário de R$ 30,4 milhões e aproximadamente R$ 6 mil de verbas de assistência estudantil. Ele afirma que isso está associado aos cortes feitos nos anos anteriores em outras áreas como a ciência, tecnologia e órgãos públicos que fornecem bolsas e recursos para a pesquisa científica, acarretando no reajuste da oferta de alguns serviços. “É mais do que um corte especificamente da universidade, é um conjunto de políticas e de redução orçamentária que a atinge para além desse corte imediato”, acrescenta.

O professor também destaca a redução na oferta de bolsas ocasionada pelos cortes orçamentários. “Vai ter uma oferta menor de bolsas de iniciação científica, de extensão e outros tipos de bolsa que são fundamentais não só para inserir o aluno na pesquisa científica e no trabalho da universidade, mas também para ajudar os alunos a se manterem, pagar o transporte, a alimentação, materiais”, explica.

Além disso, a precarização na educação causada pela redução de investimentos também foi agravada pela pandemia. Em relação a isso, Gilberto aborda as dificuldades no ensino e da aprendizagem, do ato do professor em realizar as aulas e dos alunos em assimilar o conhecimento.

Ele também cita o ensino remoto. “No caso da UFPA, ainda que emergencial e temporário, o que nós percebemos é uma dificuldade maior em se concentrar e participar, realizar atividades conjuntas com outros alunos. Tudo isso fica profundamente comprometido. E do ponto de vista dos docentes, há uma maior sobrecarga. É uma quantidade maior de reunião, de atividades, de pesquisas, conferências realizadas de forma remota, o que significa maior custo para o professor”, complementa.

Para Gilberto, o corte de verbas agrava estruturalmente a já difícil situação das universidades. "Na realidade, nós estamos diante de ataques à instituição. Há uma intimidação direta ao exercício da profissão, da pesquisa científica e da elaboração acadêmica”, aponta.

Gilberto afirma que a UFPA, hoje com 55 mil estudantes, é fundamental para o Estado do Pará, sendo extremamente importante para a região amazônica como um todo. Ele ainda argumenta que a sociedade precisa “abraçar” a UFPA, assim como as outras instituições do Estado do Pará, que abrigam estudantes do Brasil todo e até mesmo de outros países.

O professor também fala que a universidade precisa divulgar mais as suas ações como instituição para que a sociedade. “Fora isso, eu acho que nós temos que continuar pressionando a bancada parlamentar, particularmente a federal, para reverter essa política de corte de verbas imposta pelo governo e impulsionar o processo de mobilização”, complementa.

A perspectiva dos estudantes

Tel Guajajara, estudante de Direito e coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes da UFPA (DCE), assim como Gilberto Marques, também menciona que não é de agora que as universidades públicas têm sido prejudicadas em razão dos cortes nos investimentos.

“Várias universidades vêm sofrendo cortes no orçamento da infraestrutura, sobretudo também nos projetos internos que existem nelas como, por exemplo, as assistências estudantis, ocasionando a evasão (dos alunos) por não terem apoio, uma assistência de fato para ajudá-los”, explica Tel.

O estudante afirma que os cortes são a matriz dos grandes problemas que as universidades têm enfrentado nos últimos anos. Entretanto, para ele, um dos fatores determinantes para a precarização em questão é a informação que chega às pessoas e que as fake news têm sido um desafio para a imagem das escolas e universidades públicas.

“A opinião popular acredita que a universidade hoje não tem um papel relevante para a educação, coisa que é errada e que é mentira. A universidade é um grande centro de formação de recursos humanos, de desenvolvimentos tecnológicos, prestação de serviços à sociedade e é responsável pelas pesquisas e descobertas para melhorar a vida do povo brasileiro”, complementa. Tel acrescenta que os cortes financeiros atacam diretamente novos alunos.

Segundo o estudante, atualmente a UFPA tem mais de 1.200 alunos quilombolas e indígenas com uma própria assistência estudantil e que vai sofrer impactos diretos.

Tel destaca que, apesar das experiências vividas no ano de 2020, muitos acreditavam que em 2021 seria diferente em termos de evolução na prevenção da covid-19. “A UFPA precisa lidar com a inclusão digital, com a ampliação dos professores, entrada e saída de alunos. Tudo isso se agrava e precisamos ter muito fôlego porque, querendo ou não, os cortes vão afetar isso”, acrescenta.

O estudante afirma que o movimento estudantil como um todo precisou passar por readaptações. Antes, as mobilizações eram feitas nas ruas e, apesar das dificuldades, eles precisaram ingressar no mundo virtual.

“A gente (DCE) ficou responsável por fazer grandes ações em defesa da universidade, para ir em audiências, protocolar pedidos, ir atrás e se colocar à disposição. A nossa importância nesse processo foi de entender, dentro dos conselhos superiores das universidades, o que estava sendo passado para mobilizar os estudantes para a luta”, diz.

Tel ressalta que, durante a pandemia, os mais prejudicados foram as pessoas que se encontram no nicho mais baixo das classes sociais. Ele comenta ainda sobre a dificuldade da permanência dos alunos nas universidades públicas, principalmente no governo atual.

“É histórico do Brasil não saber lidar com a educação pública. O futuro dela está em nossas mãos, de mudar a nossa realidade e de conseguir pensar em políticas públicas efetivas que vão dar melhoria para a vida desses estudantes, pensando no acesso e na permanência deles”, defende.

Tel defende uma maior organização em defesa da educação pública no país. “As saídas que temos hoje são de muita mobilização, seja no âmbito jurídico, seja no Congresso Nacional, dentro das comunidades, seja nos debates dentro dos conselhos das universidades, dentro da sala de aula e também nas mídias sociais”, diz.

Por Isabella Cordeiro.

 

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que ficou "surpreso" com a operação da Polícia Federal, a qual classificou como "exagerada e desnecessária". A declaração foi feita após a participação de Salles em um seminário realizado em Brasília, na manha desta quarta-feira (19).

"Faço aqui uma manifestação de surpresa com essa operação que eu entendo exagerada, desnecessária. Até porque todos, não só o ministro, como todos os demais que foram citados e foram incluídos nessa legislação tiveram sempre à disposição pra esclarecer quaisquer questões", afirmou Salles.

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Segundo o ministro, o Ministério do Meio Ambiente, desde o início de sua gestão, "atua sempre com bom senso, respeito às leis e respeito ao devido processo legal" do setor.

"Entendemos que esse inquérito, do pouco que sabemos, porque eu não tive acesso ainda, ele foi instruído de uma forma que acabou levando o ministro relator, induzindo o ministro relator (Alexandre de Moraes) a erro, induzindo que teria havido uma ação concatenada de agentes do Ibama e de Ministério do Meio Ambiente Para favorecer ou para fazer o destravamento indevido do que quer seja", declarou Salles, reafirmando que "essas ações jamais, repito, jamais aconteceram".

O ministro disse que a pasta e o Ibama sempre procuram agir de acordo com as regras, "com bom senso, com equilíbrio", e que isso ficará demonstrado nos autos do inquérito, conforme forem instruídos. "Então, estou à disposição aqui. A Polícia Federal foi ao Ministério do Meio Ambiente. Eu fui lá, encontrei o delegado. Soube que também estiveram em outros locais. Agora, essas medidas são desnecessárias, na medida em que o ministério e todos os funcionários poderiam ter ido, se chamados para a Polícia Federal".

Salles disse que explicou o episódio ao presidente Jair Bolsonaro e que, em sua opinião, "não há não há substância em nenhuma das acusações" incluídas no inquérito. "Embora eu não conheça os autos, já sei qual é o assunto que se trata. Me parece que esse é um assunto que vai ser esclarecido com muita rapidez, porque, efetivamente, tanto como eu já disse, o ministério, quanto o Ibama, agem de acordo com a lei e de acordo com as melhores regras."

Questionado sobre denúncias feitas pelos Estados Unidos a respeito de recebimento de madeira ilegal, Salles disse que se trata de uma carga que, "aparentemente, até onde eu sei, também, eu não sei do detalhe, foi uma carga que foi exportada e quando chegou aos Estados Unidos, eles pediram documentos que não constavam, mas a presidência do Ibama entendeu, analisando o caso concreto, que a regra que estava sendo invocada era uma regra que já deveria, naquela altura, ter sido alterada. Dessa forma técnica, aparentemente agiu".

Buscas

As buscas da Polícia Federal contra Salles foram realizadas em endereços residenciais do ministro em São Paulo, no endereço funcional em Brasília e também no gabinete que ele montou no Pará. Ao todo, a ofensiva deflagrada nesta manhã cumpre 35 mandados de busca e apreensão.

A Operação Akuanduba da Polícia Federal investiga atos que afrouxaram as regras de controle para exportação de madeira. Essa sempre foi uma demanda dos madeireiros e associações do setor, a qual foi atendida no ano passado.

O antigo debate sobre a qualidade de vacinas foi renovado após imunizados com a primeira dose da Covid-19 apresentarem leves reações adversas. Apesar das opiniões divididas, as entidades sanitárias reforçam a importância de completar o ciclo vacinal com a segunda aplicação. Em entrevista ao LeiaJá, a infectologista Sylvia Lemos garantiu que os efeitos são breves, ocorrem independente do fabricante e não necessitam de automedicação.

Há cerca de 20 dias, o aposentado Rivaldo Reis, de 59 anos, foi vacinado com a AstraZeneca. Diabético e com oito stents no coração, sua aplicação foi antecipada no grupo com comorbidades. "Não sabia que dava essas reações [...] tive muitas dores no corpo e febre durante um dia. As dores perduraram por mais quatro dias, o braço principalmente", relatou Rivaldo, que tomou um analgésico sem orientação médica após ter atividades diárias comprometidas.

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Já Vespúcio Alencar, de 62, foi vacinado há um mês com a dose da mesma fabricante. O aposentado sentiu as mesmas reações, que chegaram a incomodar, mas logo passaram. "Nas primeiras 24h tive dor de cabeça, febril e moleza no corpo. Depois disso foi passando e com 48h não sentia mais qualquer reação", comenta.

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Ele até pensou em se medicar com o mesmo remédio tomado por Rivaldo, mas preferiu aguardar a evolução dos sintomas, que não desenvolveram. "Apenas me alimentei normal, bebendo cerca de dois litros de água por dia e a maior parte do tempo deitado, principalmente nas primeiras 24h", lembra.

Mesmo com as adversidades após a primeira etapa de proteção contra a Covid-19, ambos se mostram preparados para segunda dose. Após relatos de amigos que tomaram as duas vacinas, Rivaldo acredita que sofrerá as mesmas reações com efeitos mais leves. Vespúcio conta que também espera sofrer reações, mas o importante é restringir a circulação do vírus que já matou 435.751 brasileiros. "Não tenho medo disso e vou completar com a segunda dose se Deus quiser", incentiva.

Para a infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Sylvia Lemos, os efeitos que surgem em alguns pacientes são muito pequenos em relação ao total de vacinados. Além disso, destaca que os benefícios dos imunizantes são fundamentais para uma vida com menos riscos diante do alto índice de contágio do vírus.

Ela reforça que as reações mais recorrentes são dores de cabeça e no corpo, um pouco de moleza, dores no local da aplicação e uma sensação de peso no braço que desaparece em aproximadamente 48h. Tais efeitos surgem independente do fabricante da vacina aplicada.

"Os efeitos não necessariamente precisam de medicações. Tanto a moleza, quanto as dores, basta um repouso. Isso passa [...] e quanto a dor no braço pode ser colocada uma compressa de gelo ou mesmo uma massagem com analgésicos musculares tópicos, mas também não há maiores necessidades", avalia a médica, que orienta aos pacientes que sofram sintomas mais fortes a procurar orientação médica. "Quem já tomou [algum remédio] não tem problema, nem interfere", complementou.

A especialista acrescenta que o risco de contrair a Covid-19 é muito maior do que uma possível reação. "Isso é comum, principalmente porque essas vacinas têm alguns ‘aditivantes’ que pode, em determinadas pessoas, ter mais ou menos alergias. Mas isso não impede que as pessoas tomem. O risco de se ter a doença é muito maior do que as possíveis reações, que podem ocorrem não necessariamente em todas as pessoas", concluiu.

Parlamentares e entidades de servidores públicos reagiram à portaria do Ministério da Economia que permitiu que aposentados que continuam na ativa recebam acima do teto de R$ 39 mil. Como mostrou o Broadcast/Estadão na semana passada, a medida beneficiou diretamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que terá um aumento de R$ 2,3 mil e passará a receber R$ 41.544 por mês e o vice-presidente Hamilton Mourão, que receberá um total de R$ 63.511, R$ 24 mil mensais a mais. No caso do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, o reajuste, com a incorporação de R$ 27 mil, vai elevar seu salário para R$ 66,4 mil, um acréscimo de 69%.

A medida, publicada no dia 30 de abril, prevê que o teto salarial deve ser calculado separadamente sobre cada remuneração recebida por servidores civis e militares e beneficiários de pensões. Atualmente, quando o somatório das aposentadorias e salários recebidos ultrapassa os R$ 39,2 mil, aplica-se o chamado"abate-teto", reduzindo o valor final do contracheque. Isso acabou com a publicação da portaria.

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O deputado federal Elias Vaz (PSB/GO) apresentou na Câmara dos Deputados um projeto de decreto legislativo para suspender os efeitos da norma. "Em um momento de crise financeira, em plena pandemia que tem deixado várias famílias dependendo de um auxílio emergencial insuficiente de R$250, o governo apresenta uma medida para beneficiar o presidente e o alto escalão e que não teve aprovação prévia do Congresso Nacional. É vergonhoso!", afirma o deputado.

O deputado disse ainda que o governo não apresentou de onde virão os recursos para custear a medida que, de acordo com o Ministério da Economia, custará R$ R$ 66 milhões neste ano. "Serão beneficiados apenas aqueles que já têm altos salários e podem até dobrar em alguns casos", explica Elias Vaz.

A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) divulgou nota criticando a medida. "O aumento seletivo autorizado pelo presidente da República, que dele se beneficiou, bem como a revelação - pelo jornal Estadão - de um orçamento paralelo na ordem de R$ 3 bilhões destinados à 'compra' de apoio parlamentar, demonstram a completa falta de sensibilidade para com as reais prioridades do País e a preocupação exclusiva com a satisfação de interesses pessoais que orientam a conduta do governo federal", afirmou.

Salários congelados

A entidade critica o fato de o governo permitir o aumento remuneratório ao mesmo tempo em que os salários dos servidores estão congelados e uma reforma administrativa tramita no Congresso Nacional com restrições às atuais regras do funcionalismo. "Enquanto os servidores públicos estão com seus vencimentos congelados, o governo libera aumento salarial para sua casta e lança mão do pouco que resta do orçamento de um país em crise para "comprar" votos para aprovar medidas de penalização da população", completa.

O cientista político Luiz Felipe D’Avila, do Centro de Liderança Pública (CLP) ressalta que, como os militares foram excluídos da reforma da Previdência feita em 2019, eles continuam recebendo aposentadorias acima do teto do INSS, o que não acontece com novos servidores públicos civis. "Precisamos acabar com os supersalários. Em um outro momento, que não na pandemia, você pode até rever a remuneração, o presidente até poderia ganhar mais. Mas o que não dá é ficar tendo subterfúgios constitucionais", completou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As articulações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atrair o apoio do MDB na disputa presidencial de 2022 causaram reação de uma ala do partido, que já prepara uma contraofensiva. Desde que teve suas condenações na Lava Jato anuladas e retomou seus direitos políticos, Lula tem mantido diálogo com caciques emedebistas na tentativa de restabelecer a aliança da época em que o PT foi governo.

Ex-líder da bancada ruralista na Câmara e próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado Alceu Moreira (RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães, lidera o grupo anti-Lula do MDB. O parlamentar gaúcho vai iniciar a partir do dia 15 um ciclo de debates e consultas aos filiados para posicionar institucionalmente a legenda no chamado "centro democrático".

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Organizados pela Fundação Ulysses Guimarães, os eventos serão virtuais e vão reunir quadros como o ex-presidente Michel Temer, que foi vice nos dois mandatos de Dilma Rousseff e assumiu o cargo após o impeachment da petista, em 2016. "Não passa de um devaneio o MDB apoiar Lula. O centro é ser radical contra o radicalismo. Se há um partido que é de centro é o MDB", disse Moreira.

O movimento para barrar o avanço de Lula no partido conta com o apoio de Temer e dirigentes emedebistas do Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, Estados que historicamente se alinham contra o PT em eleições presidenciais.

Derrotado na eleição para presidência da Câmara por uma frente que contou com o apoio do Palácio do Planalto, o presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi (SP), mantém um discurso neutro e evita se alinhar a alguma das correntes internas, mas prega que o MDB se afaste dos extremos.

Para o dirigente, o partido deve reabrir o debate com outras forças políticas interessadas em quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro em 2022.

"Sabemos das diferenças regionais do MDB, por isso o melhor caminho para o partido é construir um candidato de centro. Vamos discutir todas essas questões com a executiva nacional do partido nos próximos meses", disse Rossi ao Estadão.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) vai na mesma linha. "Basta ver a história do partido: um guarda chuva para todas as tendências ideológicas e políticas que é capaz de unir os diferentes contra os extremos, a favor de uma alternativa democrática, seja com candidatura própria ou como aglutinador de uma terceira via", disse Tebet.

Um dos nomes colocados como alternativa de centro, o governador de São Paulo, João Doria, também está empenhado em obter apoio do MDB para sua candidatura à Presidência, em 2022. Embora a cúpula do MDB fale sobre o lançamento de um candidato próprio ao Planalto, este cenário é visto como menos provável. A ideia é apoiar um candidato e, no máximo, ser vice de alguma chapa. Não há, porém, um consenso sobre quem apoiar.

Em São Paulo, Baleia tem um acordo com Doria. A tendência é que o MDB apoie a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia para a disputa ao Palácio dos Bandeirantes. Garcia hoje está no DEM, mas deve migrar para o PSDB.

Palanques regionais.

Lula, por sua vez, passou a semana em Brasília em busca de apoio à sua pretensão eleitoral. Ele almoçou anteontem com o também ex-presidente José Sarney (MDB-MA). Um dos temas da conversa, na casa do emedebista, foi a montagem de palanques estaduais em 2022.

Como revelou a Coluna do Estadão, Lula telefonou para caciques emedebistas do Norte e do Nordeste e disse que representa o "centro" no tabuleiro eleitoral. Ainda que não tenha o compromisso do apoio do MDB para o seu projeto presidencial, o petista quer amarrar alianças regionais fortes que possam garantir a ele apoio nos Estados. Exemplos disso são Alagoas, onde o grupo de Renan Filho (MDB) busca permanecer no comando, e Pará, governado por Helder Barbalho (MDB), pré-candidato à reeleição. Lula é próximo dos pais dos dois governadores.

Para o ex-presidente, o apoio do MDB garantiria uma estrutura partidária forte no Norte e Nordeste, além de mais tempo de TV no horário eleitoral gratuito e a narrativa de que está construindo um projeto que vai além do campo da esquerda tradicional.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Responsável pela articulação do Palácio do Planalto com o Congresso, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, afirmou nesta terça-feira, 20, que a CPI da Covid no Senado não tem sido o foco da sua pasta. "(Estamos) Fechando a questão do Orçamento", afirmou a ministra ao Estadão ao ser questionada sobre as prioridades do governo.

Irritado com o que chamou de "erros" do Palácio do Planalto, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), vice-líder do governo e integrante da CPI da Covid, criticou a articulação política de Bolsonaro. "O governo errou, deixou correr solto (a CPI). Agora, querem correr atrás do prejuízo. O Palácio não procurou a própria base para conversar", afirmou Rogério, em entrevista à emissora CNN Brasil na noite de segunda-feira, 19.

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O Estadão mostrou na segunda-feira, 19, que o Palácio do Planalto tenta ganhar tempo e adiar ao máximo a CPI, com o objetivo de negociar cargos no primeiro escalão e atender à pressão de parlamentares para acomodar suas emendas no Orçamento deste ano. A negociação tem sido conduzida atualmente pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Há cinco deputados no comando de ministérios e nenhum senador. No início do ano houve pressão para que Davi Alcolumbre (DEM-AP) ou Nelsinho Trad (PSD-MS) assumissem o Ministério do Desenvolvimento Regional, mas a negociação não teve sucesso. Senadores governistas sentem que o Planalto desprestigia a Casa Legislativa.

Em ato assinado na segunda-feira, 19, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), informou que a CPI será semipresencial, mas não mencionou a data de abertura. Horas mais tarde, o senador Otto Alencar (PSD-BA), o titular mais antigo da CPI, convocou os demais integrantes para instalar a comissão no próximo dia 27. A expectativa inicial era a de que os trabalhos começassem ainda nesta quinta-feira.

O Planalto tem atuado na questão da CPI com os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). Ambos defendem o início dos trabalhos apenas de forma presencial e quando todos os participantes estiverem vacinados. Integrante titular da CPI, o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), presidente da sigla do Centrão e aliado de Bolsonaro, compartilha da opinião dos líderes do governo.

Apesar disso, a data de instalação da CPI está marcada para terça-feira da semana que vem, dia 27. Um acordo entre a maior parte dos participantes prevê que Omar Aziz (PSD-AM) seja o presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) seja o vice e Renan atue como relator. Os integrantes do colegiado esperam definir o plano de trabalho da comissão já na quarta-feira, dia 28.

Aliados de Bolsonaro, porém, fazem pressão nas redes para impedir Renan de assumir esse posto porque, além de ser crítico de Bolsonaro, o senador é aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas plataformas digitais, bolsonaristas batem na tecla de que o senador não pode integrar a CPI por ser pai do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB-AL). A CPI vai investigar o destino do dinheiro repassado pelo governo federal a municípios e Estados, entre os quais Alagoas, para o combate à pandemia de covid-19.

Orçamento

O assunto citado como foco pela ministra da Secretaria de Governo teve a solução construída na noite de segunda-feira, 19. Havia uma queda de braço entre a equipe econômica do governo e o Congresso sobre o tamanho destinado para emendas parlamentares.

Depois do acordo fechado que tira despesas de programas de combate à covid-19 da contabilidade das duas principais regras fiscais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, considera que o Orçamento de 2021 ficará "exequível". A avaliação de Guedes repassada a interlocutores nesta madrugada, após a votação do projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pelo Congresso, foi de que todos os acordos "couberam dentro do Orçamento com o teto de gastos respeitado para as despesas recorrentes".

O teto é a regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação. Como mostrou o Estadão, R$ 125 bilhões devem ficar de fora da norma constitucional.

A versão Snydercut de "Liga da Justiça" estreou na plataforma digital da HBO e em outros modelos de streaming em todo mundo e provocou muita euforia dos fãs. Porém, também trouxe à tona um problema com que muitas pessoas convivem, principalmente no atual período pandêmico, que é sobre como continuar a trabalhar em meio ao luto.

O diretor do filme "Liga da Justiça", Zack Snyder, em 2017, se afastou do projeto devido à perda da filha Autumn, de 20 anos, que se suicidou durante a gravação do longa. Com o afastamento de Zack, outro diretor foi contratado para assumir seu lugar e assim dar prosseguimento ao projeto.

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O professor de Psicologia Yuri Souza explica que, a princípio, o desempenho de uma pessoa deve ser considerado como um sistema, no qual as pessoas acabam se envolvendo por vários fenômenos. Entre eles, destacou, estão os laços afetivos, que principalmente são ligados aos familiares mais próximos. A morte, em geral, provoca um estado de tristeza que pode prejudicar as pessoas.

“Para o trabalho, a gente precisa que todas as nossas funções mentais estejam aptas e focadas naquilo. E frente a tantas perdas que nós temos sofrido, o desfoque das atividades, a dificuldade de concentração ou até possíveis gatilhos emocionais frente aquela situação do trabalho, que geram lembranças, podem provocar o surgimento de certo constrangimento, em relação à perda de um familiar”, afirma o psicólogo, professor da UNAMA - Universidade da Amazônia.

O operador de caixa de mercado Raphael Lopes, de 20 anos, que perdeu recentemente o pai, devido a complicações decorrentes da covid-19, conta que a perda o afetou psicologicamente e emocionalmente e dificultou o seu rendimento no trabalho durante o período do luto. “Me senti bastante desmotivado ao exercer a minha função em coisas que eram muito simples e que acabaram ficando bem complicadas, porque não conseguia me manter totalmente focado naquilo ou não me sentia bem para  lidar com aquilo naquele momento”, revelou Raphael.

Com a pandemia da covid-19, essa emoção pode ser amplificada justamente pela falta de contato entre os familiares durante os momentos finais ou até mesmo ao serem pegos de surpresa com a notícia da morte. Raphael Lopes afirma que não conseguiu ir ao enterro do pai devido.

“Querendo ou não, a dor é maior na gente, por não poder se despedir uma última vez do nosso familiar. Eu, por exemplo, não fui ao enterro do meu próprio pai, porque além dele morrer por covid, o caixão foi fechado e também nós não poderíamos estar presentes no sepultamento dele, para evitar a aglomeração no cemitério”, afirmou Raphael.

Para o professor Yuri, dentro desse cenário é importante a pessoa que está passando pelo luto conversar com sua chefia imediata para que uma solução seja rapidamente providenciada, para evitar maiores problemas para ela e a empresa.

“A gente sabe que o processo de luto, que a vivência emocional, afeta a nossa capacidade de orientação. E muitas vezes, quando a gente se vê num cenário tão desafiador assim, isso pode colocar em risco tanto o funcionário, a pessoa, quanto a própria empresa. Então, essa conversa, esse diálogo, seja com a chefia imediata, seja com os órgãos responsáveis, como o RH (Recursos humanos), até o setor de saúde do trabalhador, é sempre importante”, ressaltou Yuri Souza.

Por Erick Baia.

 

 

 

 

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