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O Ministério Público do Trabalho (MPT) pediu indenização de R$ 100 milhões após flagrar pessoas em condições análogas à escravidão em Cuiabá-MT. Foram encontrados 23 trabalhadores em tais condições, incluindo uma grávida de oito meses e um adolescente de 17 anos.

Na ação civil pública, o MPT pede que sejam condenados por danos morais coletivos os sete sócios da fazenda - Bruno Pires Xavier, Cyro Pires Xavier, Gláucia Pires Xavier Cardone, Rosana Sorge Xavier, Sebastião Douglas Sorge Xavier, Susete Sorge Xavier e Silva Margaria Américo Pires Xavier - além de outras três empresas do grupo familiar, a Agropecuária Princesa do Aripuanã Ltda., a SSB-Administração e Participações Ltda. e a BX Empreendimos e Participações.

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Por causa do último flagrante e da reincidência, o órgão também pede a expropriação, para fins de reforma agrária, da fazenda e dos imóveis dos Sorge Xavier. Segundo o MPT, é competência da União expropriar propriedades rurais que não cumpram sua função social, com práticas que ferem a dignidade da pessoa humana, o valor social do trabaho, entre outros valores. 

Na fazenda, os trabalhadores eram designados para atividades de lavoura, serralheria e construção civil. Perto do alojamento, dispostas sem qualquer cuidado, havia várias bombas de veneno. Em torno delas, ciscavam as galinhas que depois serviam de alimento para os trabalhadores. Um menino de dois anos também costumava brincar nas próximidades.

A fiscalização constatou que a trabalhadora grávida lavava a roupa utilizada pelo companheiro para "bater" veneno. Não havia fornecimento de uniformes e equipamentos de proteção para os empregados.

Durante a operação, Marinaldo Veras Cavalcante, gerente da fazenda, teve a prisão em flagrante decretada. Os empregadores responderão por crimes previstos no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Estão sujeitos às multas do Ministério do Trabalo e à inclusão de seus nomes na Lista Suja do Trabalho Escravo.

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Expropriação 

Para o pedido de expropriação, levou-se em conta o histórico predatório e escravagista da família Xavier no Estado do Mato Grosso, com o sistemático descumprimento de direitos sociais e humanos e exploração desenfreada de recursos naturais. Os procuradores descobriram que o patriarca Sebastião Bueno Xavier, falecido em 2016, é conhecido como um dos grandes produtores rurais do estado e foi considerado pelo ministro atual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, senador Blairo Maggi, como "um dos grandes bandeirantes que ajudaram a construir o Brasil".

Os procuradores destacam que casos de desmatamento e escravidão estão intimimamente ligados. Além da devastação florestal, dois de seus filhos já figuraram no cadastro de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas às de escravo, mantido pelo governo federal desde 2003. Em julho de 2009, Rosana Sorge Xavier foi incluída por submeter 16 trabalhadores rurais a condições degradantes de trabalho na fazenda Santa Luzia. Essa propriedade já havia sido incluída na “Lista Suja”, anos antes, quando estava sob a responsabilidade de seu irmão, Sebastião Douglas Sorge Xavier.

Violência

O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) descobriu, durante a operação de resgate, que um ex-funcionário chegou a ser esfaqueado por outro trabalhador, sem ter recebido qualquer amparo dos patrões. Sozinho e sem parentes, ele aguarda o desfecho de ação ajuizada contra a Santa Laura Vicuña, onde trabalhou sem receber salário.

No primeiro alojamento inspecionado da fazenda, o chão era de cimento inacabado com trechos de terra batida. O banheiro ficava na área destinada aos homens, sendo improvisada uma fossa nos arredores da casa para uso das mulheres.

À noite, em razão da distância até a fossa, a trabalhadora grávida tinha que fazer suas necessidades no chuveiro. Não era fornecido material de limpeza ou papel higiênico.

De acordo com o MPT, tudo que havia na casa era adquirido por um encarregado e descontado dos empregados. Outro grupo de trabalhadores dormia em camas feitas de ripa de madeira além de beber água do poço, com gosto de lama. 

Operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) – feita entre os dias 18 e 29 de julho – resgatou 36 homens que trabalhavam em situação análoga à de escravos no Mato Grosso e no Pará, segundo o Ministério do Trabalho. A operação foi realizada por auditores-fiscais da pasta, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, Procuradoria do Trabalho e Advocacia da União. O grupo montou bases nas cidades de Alta Floresta e Guarantã (MT), visitou fazendas e uma mineradora de ouro nas cidades de Altamira (PA) e Terra Nova do Norte (MT).

Segundo o Ministério do Trabalho, o primeiro resgate foi em uma fazenda no Distrito de Cachoeira da Serra, em Altamira, onde quatro trabalhadores atuavam sem registro no cultivo de bananas. A 100 quilômetros dali, mais 12 trabalhadores foram encontrados em outra propriedade do mesmo dono, também em situação de trabalho escravo, atuando na criação de bovinos de corte.

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Os 12 operários estavam em condições piores que os demais, alojados em barracos de lona, tomando água de um riacho e sem instalações sanitárias. Os fiscais constataram que eles eram pagos a cada dois meses, mas o empregador vendia produtos para os empregados, gerando um endividamento que os deixava quase sem salário a receber.

Nas duas localidades, os trabalhadores não tinham carteira assinada. Os fiscais do Ministério do Trabalho fizeram o resgate e o proprietário assinou um termo de ajuste de conduta (TAC) emergencial, pagando rescisões no valor total de R$ 57.718,91. Ele vai responder a ações civis públicas individuais e coletivas do Ministério Público do Trabalho por danos morais.

O outro grupo foi resgatado de uma mineradora de ouro, na Gleba Uru, zona rural de Terra Nova do Norte (MT). Os auditores-fiscais encontraram 28 trabalhadores no local, sendo que 26 estavam sem registro e 20 em condições análogas à de escravidão. A jornada de trabalho chegava a 14 horas por dia.

O valor total das rescisões na mineradora chegou a R$ 251.782,68, que já foram pagos aos trabalhadores. O proprietário também pagará por danos morais. Os valores por dano moral individual foram acertados em R$ 10 mil, R$ 7 mil e R$ 5 mil, conforme o tempo de admissão do trabalhador. O dano moral coletivo foi fixado em R$ 150 mil.

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Nos registros históricos brasileiros, tristes capítulos mostram o sofrimento de um povo. A escravidão fez vítimas e mostrou cenas de crueldades que marcam os livros de história. O tema sempre é cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e neste ano não deve ser diferente.

Nesta semana, o programa Vai Cair No Enem, produzido pelo LeiaJá, traz mais uma aula exclusiva para os feras do Exame. O professor Wilson Campos fez um passeio no Museu da Cidade do Recife e mostrou elementos que remetem ao período da escravidão. No vídeo a seguir, confira como pode ser a abordagem sobre o assunto na prova:

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Dezembro de 2016. A sala da juíza Tatiane Moreira Lima, na Vara de Violência Doméstica do Butantã, na zona oeste, se transforma em uma pequena brinquedoteca, com direito a bexigas penduradas no teto e outros apetrechos. No colo da magistrada está M. J., de 10 anos, que tem no corpo as marcas das inúmeras agressões que sofreu. Por quatro anos seguidos, foi espancada e torturada pela própria mãe e pelo padrasto. Os castigos impostos a ela "por não deixar a casa limpinha" foram classificados pela juíza como brutais e incluíam, entre outras atrocidades, cortar a língua da menina e outras partes do corpo, inclusive o órgão genital, com alicate.

Na semana passada, a juíza condenou os acusados a penas rigorosas e incomuns no Judiciário paulista. A mãe da menina, Vanessa de Jesus Nascimento, pegou 48 anos de prisão, enquanto o padrasto, Adriano dos Santos, foi condenado a 33 anos, por crimes de redução à condição análoga à escravidão, lesão corporal gravíssima e tortura. A título de comparação, o casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina Isabela, que morreu em 2008 após ser jogada do sexto andar de um prédio, foram condenados, respectivamente, a 31 e 26 anos de prisão. Vanessa e Santos vão cumprir a sentença em regime fechado.

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O casal está preso desde agosto do ano passado, quando o caso foi descoberto. Na ocasião, a menina fugiu de casa e o Conselho Tutelar da Lapa, na zona oeste, apresentou denúncia à Polícia Civil. O Estado acompanha as investigações desde o início e esteve na audiência de M. J.

A magistrada precisou de pouco mais de cinco minutos para conquistar a confiança da menina e fazer com que ela contasse detalhes do que passou. "A tia vai te dizer uma coisa: esta é a última vez que você vai falar sobre isso com alguém. Nunca mais você vai precisar relembrar essas coisas ruins que passou. Só se você quiser, tudo bem?", disse Tatiane. Após M. J. balançar a cabeça positivamente e dar um pequeno sorriso, o interrogatório começou.

Ela respondeu às perguntas da juíza com riqueza de detalhes. Segundo M. J., as agressões começaram aos 6 anos e pioraram nos últimos dois. O motivo era sempre o mesmo: desaprovação em relação ao trabalho doméstico. A mãe trabalhava à noite como recepcionista de boate e dormia durante o dia, e o padrasto era jardineiro em horário comercial. A garota era, conforme denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), "a encarregada" de limpar a casa, preparar comida e vestir os irmãos menores para a escola. E apanhava quando o casal não ficava satisfeito.

"Você apanhava muitas vezes por semana?", perguntou a juíza. "Apanhava todo dia, tia", respondeu a menina. Ela narrou que era obrigada a dormir em pé quando "a louça não ficava limpa". A mãe, disse a menina, amarrava os seus braços e suas pernas de modo que ela não conseguia se mexer. Outra vezes, dormia no chão e até fora de casa, onde chegou a presenciar ratos passando ao redor. Por várias vezes, ficou sem refeição.

O depoimento de M. J. à juíza durou pouco mais de uma hora. Quase no final, a garota contou que Vanessa não gostava que ela a chamasse de mãe. E que apanhava quando isso acontecia. "A minha mãe me batia porque eu chamava (ela) de mãe. Mas eu não sabia chamar de outra coisa. Ia chamar do que, tia?", afirmou M.J. O fato emocionou todos os presentes na audiência.

A menina contou que num certo dia não conseguiu colocar a capa no sofá e foi segurada pelo padrasto enquanto a mãe lhe arrancava três unhas da mão com um alicate de jardineiro. Na sequência, Vanessa furou a sola do pé da filha com a ferramenta. E a tortura continuou. Segundo depoimento, a mãe a amarrou com um fio e apertou com o alicate sua barriga várias vezes, causando ferimentos. Por último, os dois - segundo o MPE - se revezaram apertando o alicate na vagina de M.J.

Em outra ocasião, por achar que a filha havia deixado "areia na cama", Vanessa cortou a língua da menina com alicate e costurou com uma agulha. Em seguida, M.J. foi obrigada a limpar o sangue que espirrara na parede.

'Desumanização'. Em um dos trechos da sentença de 20 páginas, a magistrada afirmou que "casos como o presente mostram a verdadeira desumanização de dois seres, que se despem dos papéis de guardiões para encarnar os papéis de déspotas e tiranos, senhores da vida e da morte, da dor e do pavor de uma pobre criança indefesa. Diante do exposto, a condenação se mostra medida inafastável".

Segundo a promotora Ana Paola Ferrari Ambra, além dos depoimentos, os laudos periciais atestam a veracidade dos fatos contados por M.J. "Em 15 anos de Promotoria nunca havia acompanhado um caso tão cruel como este. O que mais machucou foi o fato de a filha apanhar porque chamava a mãe de mãe". Ana Paola não vai recorrer da sentença.

No processo, Vanessa e Santos negaram as acusações e afirmaram ser inocentes. Porém, um responsabilizou o outro de agredir a menina enquanto um deles estava trabalhando. Os advogados de defesa, Luis Cláudio Okono e Carolina Fernandes Ramos, vão recorrer da pena.

Livro de História do Brasil que promete preparar os feras para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) precisa garantir a abordagem do período da escravidão. O assunto, segundo professores da área, é corriqueiro na prova e de fato deve receber a atenção dos candidatos. Além disso, falsas ideias - explicadas no Vai Cair no Enem -  sobre os negros escravizados podem fazer com que candidatos errem na hora da prova.  

Nesta semana, o Vai Cair no Enem visitou o Museu do Homem do Nordeste, localizado em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Nele, um retrato do período de escravidão do Brasil ajuda os visitantes a entenderem o que aconteceu no passado. É também uma grande oportunidade para os feras se prepararem para a parte de história do Enem. Confira o programa com o professor Michel Chaves.

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O Vai Cair no Enem vai ao ar todas as semanas, aqui no Portal LeiaJá. Sobre o Museu do Homem do Nordeste, as visitações ocorrem todos os dias. O endereço é Avenida 17 de Agosto, 2187, no bairro de Casa Forte. Veja mais detalhes do espaço cultural: 

Horário de Funcionamento:

Terça a sexta-feira: 8h30 às 17h – quarta-feira até 21h.

Sábados, domingos e feriados: 14h às 18h.

Endereço: Avenida 17 de Agosto, 2187 – Casa Forte

Informações: 81 3373-6340

A entrada só é permitida até 30 minutos antes do horário de fechamento.

Dicas para visitantes

Desfrute da cidade e venha de bicicleta! Temos bicicletário! 

Utilize nosso guarda-volumes! Não é permitido entrar no museu com alimentos, bolsas e acessórios. 

Registre sua visita ao museu, mas com foto sem flash! Filmagens apenas com a autorização prévia encaminhada por escrito à Coordenação-geral do Museu. 

Preserve o nosso patrimônio, não toque no acervo em exposição. 

O museu é para todos. Dia de domingo e feriado, a entrada é gratuita!

Ingressos

Individual

R$ 6,00 (inteira)

R$ 3,00 (meia)

Familiar: A partir de 4 pagantes da mesma família, desconto de R$1,00 por pessoa

Museu + Cinema

R$ 16,00 (inteira)

R$ 8,00 (meia)

Meia entrada

Estudantes

Professores universitários

Pessoas com 60 anos ou mais

Pessoas com deficiência

Gratuidade

De terça à sábado:

Professores de escolas públicas

Alunos de escolas públicas

Beneficiários de programas sociais do Governo Federal

Associados do ICOM

Crianças até 11 anos

Domingos e feriados:

Acesso gratuito para todos os visitantes.

 

 

As operações de combate ao trabalho escravo no Brasil resgataram 936 pessoas de condições análogas à escravidão no período de janeiro a 17 de dezembro de 2015. O principal perfil das vítimas é o de jovens do sexo masculino, com baixa escolaridade e que tenham migrado internamente no país.

As informações foram divulgadas nesta segunda-feira, 28, pela Assessoria de Imprensa do Ministério do Trabalho.

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Os fiscais do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) e das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs) realizaram, no período, 125 operações. Foram fiscalizados 229 estabelecimentos das áreas rural e urbana, alcançando 6826 trabalhadores.

Além do resgate de trabalho escravo, a ação resultou na formalização de 748 contratos de trabalho, com pagamento de R$ 2,624 milhões em indenização para os trabalhadores.

Foram ainda emitidas 634 Guias de Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado (GSDTR), benefício que consiste no pagamento de três parcelas, no valor de um salário mínimo cada, para que as pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão possam recomeçar suas vidas profissionais. Houve também a emissão de 160 Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) para as vítimas.

A Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) realizou uma análise sobre o perfil das vítimas resgatadas, com dados parciais coletados até o início de dezembro, a partir da emissão do Seguro-desemprego.

O estudo mostra que 74% das vítimas não vivem no município em que nasceram e que 40% trabalham fora do Estado de origem. A maioria das vítimas é da Bahia, com 140 resgates, o que corresponde a 20,41% do total. Do Maranhão, foram localizadas 131 vítimas, ou 19,10%, e de Minas Gerais, 77 resgates, respondendo por 11,22% do total.

A análise aponta também que, entre os trabalhadores resgatados que estão recebendo Seguro Desemprego, 621 são homens e a maioria tem entre 15 e 39 anos (489 vítimas).

A maior parte das vítimas que ganham até 1,5 salário mínimo (304), e a maior parte dos trabalhadores resgatados, 376 do total, são analfabetos ou concluíram no máximo até o 5.º ano do ensino fundamental.

De acordo com o chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo, André Esposito Roston, entre os trabalhadores alcançados em 2015 pelo Grupo Móvel e pelos auditores, o equivalente a 14% foram considerados em condições análogas às de escravo.

Doze trabalhadores encontrados tinham idade inferior aos 16 anos, enquanto 24 estavam com idade entre 16 e 18 anos. "Este dado é preocupante, pois evidencia que trabalhadores com idade inferior aos 18 anos, eram mantidos em atividades onde, em regra, eles não poderiam trabalhar, seja pela intensidade, natureza ou mesmo por integrar a lista das piores formas de trabalho infantil", adverte.

André Roston alerta também para os riscos a que estão expostos os trabalhadores migrantes e a relação com tráfico de seres humanos. "Do total de trabalhadores alcançados, 58 eram estrangeiros, o que reforça a já constatada transversalidade entre trabalho escravo e o aliciamento de pessoas, que alcança não só a questão da migração internacional, mas também entre regiões do Brasil", destaca.

Outro dado que chama a atenção dos fiscais é a quantidade de trabalhadores resgatados em áreas urbanas. Nas cinco ações fiscais que encontraram a maior quantidade de trabalhadores em condições análogas às de escravo três foram de caráter urbano.

O papa Francisco pediu nesta terça-feira (21) aos mais de 60 prefeitos de todo o mundo reunidos no Vaticano que se chegue a um acordo em dezembro, em Paris, para conter o aquecimento global, um dos maiores desafios do mundo moderno.

"Tenho a esperança de que a cúpula de Paris produzirá um acordo fundamental", afirmou o papa argentino, ao referir-se à cúpula da ONU sobre mudança climática se realizará de 30 de novembro a 11 de dezembro na capital francesa.

Cerca de 60 prefeitos de grandes cidades de todo o mundo estão reunidos no Vaticano, a convite do papa Francisco, para afirmar seu compromisso com a luta contra a escravidão moderna e o aquecimento global.

Dois dramas que o papa Francisco condena claramente na sua encíclica "Laudato si" e que considera fenômenos entrelaçados com a pobreza.

Os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de São Paulo, Fernando Haddad, e seus colegas de Roma, Paris, Nova Iorque e Madri, entre outros, participaram do encontro para denunciar a persistência da escravidão nas sociedades modernas. "A escravidão ainda existe em nossas cidades, incluindo aqui em Roma", disse o prefeito da capital italiana Ignazio Marino.

Ex-cirurgião, Marino denunciou o tráfico de órgãos, que ele garante que deve crescer, dada a demanda crescente. Cerca de 10.000 operações são realizadas a cada ano para extrair órgãos para o benefício de pacientes ricos em todo o mundo. Estas operações ilegais são realizadas principalmente na China, Índia e Paquistão, assegurou.

Mas, advertiu, "a África é a nova fronteira" deste tráfico internacional. O prefeito de Roma também advertiu contra a tentação de legalizar esse tráfico, permitindo a doação de órgãos em troca de remuneração, como, segundo ele, estuda os Estados Unidos.

A conferência, organizada no Vaticano, também ouviu o testemunho de duas jovens mexicanas, Karla Jacinto e Ana Laura Perez Jaimes, ambas feitas "escravas" durante anos em seu país. Karla foi forçada a se prostituir a partir dos 12 anos, presa em um bordel mexicano onde fez as contas de seus "clientes" até sua libertação aos 16 anos: mais de 42.000.

Ana Laura relatou, por sua vez, como viveu por cinco anos presa em celas e, por vezes, forçada a trabalhar 20 horas por dia, até que conseguiu escapar aos 23 anos. "Não é possível que isso continue a existis, não é possível que nós permanecemos cegos" para lidar com esta situação, declarou.

"Temos que mudar nosso estilo de vida", defendeu Anne Hidalgo, prefeita de Paris, pedindo a implementação de uma "economia de menor impacto", privilegiando, por exemplo, a reciclagem. Hidalgo agradeceu o convite do Papa, que permitiu comparar as experiências de dezenas de prefeitos em todo o mundo sobre temas chave.

Outras autoridades, como o prefeito de Nova York Bill de Blasio, apelaram à mobilização antes da conferência de Paris sobre o clima. "O Papa não nos convidou a ratificar o status quo, mas para acabar com ele", declarou o prefeito de Nova York.

O governador da Califórnia, Jerry Brown, denunciou por sua vez, em um discurso muito aplaudido, os lobbies nos Estados Unidos de "bilhões de dólares para eleger 'trogloditas' e outros negacionistas" do aquecimento global.

Falando ao final desta conferência, o papa Francisco declarou sobre este assunto ter "grande esperança" que a conferência de Paris levará a um "acordo fundamental".

Denunciar novamente a "idolatria da tecnocracia", como tem feito com frequência neste texto, o papa argentino chamou para o combate e a denúncia para evitar que crie mais desemprego, especialmente entre os jovens.

Uma mãe de família de Hong Kong foi condenada nesta sexta-feira (27) a seis anos de prisão por agredir e não alimentar sua empregada indonésia, que era proibida de sair de casa. Law Wan-tun, de 44 anos, "não deu mostra de qualquer compaixão" com Erwiana Sulistyaningsih, de 24 anos, nem com seus outros empregados, anunciou o tribunal ao divulgar a sentença.

Ela considerava os empregados como pessoas "inferiores", afirmou a juíza Amanda Woodcock. No caso de Erwiana, recebia permissão "apenas para descansar, dormir e comer". A jovem contou em uma audiência em dezembro que recebia pequenas porções de arroz e pão, dormia apenas quatro horas e que foi agredida de maneira tão violenta que chegou a perder a consciência.

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A promotoria explicou que a acusada usava cabides e vassouras como "armas" contra as empregadas. A acusada, que tem dois filhos, foi considerada culpada de 18 das 20 acusações, incluindo agressão e ferimentos com agravante, ameaças e falta de pagamento de salários.

"É lamentável que este tipo de comportamento seja frequente", afirmou o tribunal, que "poderia ser evitado se as empregadas não fossem obrigadas a viver na casa dos patrões". A juíza pediu às autoridades de Hong Kong e da Indonésia a abertura de uma investigação sobre as condições de trabalho das empregadas domésticas estrangeiras que trabalham na ex-colônia britânica.

Também criticou os valores "significativos" que as agências cobram das empregadas em seus países de origem e que são deduzidos de salários muito reduzidos. Erwiana conseguiu fugir da casa em que trabalhava em janeiro de 2014, após oito meses de violência. Ela foi internada em estado grave em Sragen, na ilha indonésia de Java.

O caso, de repercussão internacional, virou uma questão diplomática quando o ex-presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono a recebeu e prometeu justiça. A jovem sofreu um calvário, mas os maus-tratos com empregadas não são raros em Hong Kong.

Estas mulheres isoladas procedentes das regiões mais pobres do sudeste asiático denunciam abusos físicos e psicológicos dos patrões. Hong Kong tem quase 300.000 empregadas domésticas, procedentes em sua maioria das Filipinas e Indonésia.

O papa Francisco e líderes de seis religiões do planeta assinaram, nesta terça-feira (2), um acordo contra a escravidão. No documento, os religiosos se comprometem a lutar dentro de suas comunidades pela erradicação, até 2020, do trabalho forçado e do tráfico de pessoas, considerados crimes contra a humanidade. Segundo estimativas, 35 milhões de pessoas ainda são vítimas da escravidão no mundo.

Eliminar o trabalho escravo e o tráfico humano é uma das prioridades do pontificado de Francisco. De acordo com o chefe da Academia Pontifícia de Ciências, o bispo Marcelo Sanchez Sorondo, a preocupação do papa surgiu quando ele ainda era arcebispo em Buenos Aires. "Aqui, ele teve contato com a situação das drogas, dos excluídos, e, naturalmente, a forma mais dramática de exclusão é a escravidão, que é o trabalho forçado e a prostituição", disse Sorondo, em entrevista durante a cerimônia de assinatura do documento.

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O acordo foi firmado no Vaticano, onde se reuniram com o papa Francisco representantes budistas, judaicos, anglicanos, ortodoxos, hindus e muçulmanos. A iniciativa é apoiada pelo Global Freedom Network, uma organização que busca o apoio de governantes e instituições financeiras, educacionais e religiosas para a causa. Fonte: Associated Press.

A empresa M5 Têxtil, detentora das grifes M. Officer e Carlos Miele, foi processada em R$ 10 milhões acusada de trabalho análogo à escravidão. Segundo nota divulgada pelo Ministério Público do Trabalho "a M5 utilizava empresas intermediárias para subcontratar o serviço de costura, realizado em grande parte por imigrantes em oficinas clandestinas submetidos a jornadas excessivas em condições precárias, sem qualquer direito trabalhista".

Em fiscalização feita pelo MPT, em um desses locais foi constatado que os trabalhadores ganhavam de R$ 3 a R$ 6 por peça produzida por eles e cumpriam jornadas em condições análogas à de escravo de cerca de 14 horas por dia. Ainda segundo a nota, os seis bolivianos resgatados pouco falavam português e viviam com suas famílias no mesmo local de trabalho, costurando em máquinas próximas a fiação exposta, botijões de gás e pilhas de roupas. A operação foi organizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em atuação conjunta com MPT, Defensoria Pública da União (DPU) e Receita Federal.

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"Encontramos roupas, notas fiscais e os próprios trabalhadores assumiram que trabalham para a M. Officer. Em alguns casos, a produção é exclusiva para a marca. É um sistema já estabelecido", disse Tiago Cavalcanti, procurador do Trabalho. Outras grandes grifes, como Zara, Le Lis Blanc e Marisa já foram foco de autuação do Ministério Público do trabalho e terminaram assinando um termo de ajuste de conduta, mas, nesse caso, a M. Officer se recusou.

Os R$ 10 milhões de indenização é a soma de dois processos: R$ 7 milhões por danos morais coletivos e R$ 3 milhões por dumping social, ou seja, prática caracterizada pela redução de custos decorrentes da precarização do trabalho com o objetivo de concorrência desleal.

Segundo a procuradora do Trabalho Tatiana Simonetti, representante do MPT na ação, quando questionada sobre como escolhe seus fornecedores, a M. Officer disse priorizar aqueles que subcontratam, devido aos custos mais baixos. A empresa não sabia dizer qual o valor pago aos costureiros subcontratados.

Procurada, a M5 Têxtil diz que não foi notificada sobre a ação judicial e afirma que cumpre todas as obrigações trabalhistas: "A M5 ainda não foi notificada da ação judicial ora noticiada, pelo que está impossibilitada de se manifestar a respeito do seu teor. Ainda assim, ratifica seu posicionamento no sentido de que cumpre integralmente todas as obrigações trabalhistas que incidem sobre o exercício de suas atividades empresariais, nos exatos termos e em respeito à legislação em vigor, bem como de que não possui qualquer responsabilidade sobre os fatos ora noticiados, consoante será oportunamente demonstrado perante o Poder Judiciário".

Acusada de promover trabalho escravo no sertão pernambucano, a empresa Mandacaru Agropecuária LTDA firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT), nesta quinta-feira (3). Através do documento, a instituição se compromete a regularizar a situação de oito pessoas, entre elas um adolescente, que têm sido tratadas de forma “degradante”, como aponta o MPT.

A propriedade, localizada no Vale do São Francisco, em Petrolina, deve proibir o trabalho de menores de 18 anos, efetuar o correto pagamento dos salários e disponibilizar água potável e fresca em quantidade suficiente nos locais de trabalho. Há informações de que os trabalhadores utilizavam copos coletivos no local. As ferramentas de trabalho devem ser disponibilizadas gratuitamente, além de se orientar quanto ao uso correto dos equipamentos de proteção. 

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Caso o termo seja descumprido, a Mandacaru será obrigada a pagar uma multa de R$ 10 mil por cláusula, além de mil reais por trabalhador prejudicado, reversíveis ao Fundo de Amparo ao Trabalhado (FAT). Responsável pelo TAC, a procuradora do trabalho Vanessa Patriota da Fonseca afirmou que os trabalhadores não tinham registro, não sabiam quanto receberiam pelos serviços prestados e estavam alojados em um barraco, em situação precária.

“Do valor pago pela empresa, R$ 7 por árvore podada, apenas R$ 5,50 eram repassados aos funcionários, que tinham parte desse dinheiro subtraída quando realizam compras no mercadinho próximo do local”, explicou Vanessa ao lembrar que este caso se configura numa espécie de “servidão por dívida”. 

Com informações do MPT

A Polícia Civil do Rio informou nesse domingo (27) que capturou três homens acusados de manter quatro pessoas reféns, sendo forçados a trabalhar, por mais de dez anos. Paulo César Azevedo Girão, Marcelo Conceição Azevedo Girão e Roberto Melo de Araújo foram presos em flagrante pelo crime de redução à condição análoga à escravidão.

A operação foi realizada por policiais da 134ª Delegacia de Polícia (Campos dos Goytacazes) e da 141ª Delegacia de Polícia (São Fidélis). Uma das vítimas teria fugido do local onde era mantida, uma fazenda em Angelim, São Fidélis (norte do Estado do Rio), e procurou a 141ª DP, segundo informações da polícia.

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A vítima afirmou em depoimento que os reféns eram levados a um local às 4h da manhã, onde trabalhavam até as 17h. Após o expediente, retornavam à fazenda, onde eram trancados no quarto. Nenhum deles possuía carteira assinada, assim como não recebia remuneração. Eles viviam num situação sub-humana, com uma ou duas refeições por dia, informou a Polícia Civil. Foi realizada uma perícia no local e as vítimas encaminhadas para exame de corpo de delito.

Parlamentares e representantes da sociedade civil homenagearam os heróis da luta contra a discriminação racial no Brasil, Abdias do Nascimento e Francisco José do Nascimento, o navegante negro conhecido como o Dragão do Mar. A sessão solene aconteceu nesta terça (18), na Câmara dos Deputados. Também foram celebrados os 130 anos da abolição da escravatura no Ceará.

De acordo com o relato do deputado André Figueiredo (PDT-CE), com a seca de 1880, no Ceará, a migração começou a crescer. “Muitos tiveram que vender suas ‘posses’, entre eles os escravos. Chefiados pelo jangadeiro Francisco, os homens do mar cerraram fileiras contra o tráfico, impedindo a saída de escravos. A partir daí, Francisco Nascimento se dedicou ao abolicionismo, inclusive, escondendo escravos em sua casa”,  relatou o pedetista.

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O deputado Vicentinho, um dos autores do requerimento da sessão, disse que a vida de Abdias do Nascimento é a própria história de lutas contra o racismo. Preso pelo governo Getúlio Vargas (1930-1945), nos anos 1940, Abdias fundou o teatro experimental do negro, responsável pela formulação de diversas políticas públicas. Em 1950, realizou o Primeiro Congresso Nacional do Negro.

Em lembrança à conviência com Abdias no Parlamento, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) lembrou exaltou como ele sempre se mostrou aguerrido e corajoso. “Criar uma frente negra brasileira em 1931 não deve ter sido fácil. Ao criar o teatro experimental do negro, abriu as portas para o debate”, afirmou.

O diretor Steve McQueen trouxe para o cinema uma história norte-americana sem o patriotismo típico da nação. 12 anos de escravidão retrata um período que paradoxalmente deveria ser esquecido, mas, ao mesmo tempo lembrado, para que a situação pela qual Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) e tantos outros passaram não volte a acontecer.

Em um Estados Unidos pré-Guerra Civil, Solomon é livre e vive com sua mulher e seus dois filhos no norte do país. Até que ele cai num golpe e é vendido como escravo para fazendeiros do sul do país. Essa triste história real dura 12 anos, com chicotadas cruas e sem piedade.

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O filme começa confuso. A montagem não favorece o início da trama, que chega a confundir o espectador. Por sorte, isso não ocorre durante todo o longa. Intelectual, Solomon precisa esconder seus conhecimentos para sobreviver. Assim como nos dias de hoje, para os detentores do poder, pensar e questionar podem ser uma ameaça para quem tem o controle da sociedade. Os piores anos da vida de Solomon certamente são na fazenda de Edwin Epps (Michael Fassbender), um senhor de escravos que tem prazer em castigar.

No meio da história de Solomon, surge Patsey (Lupita Nyong’o), uma escrava que, frequentemente, é abusada por Edwin Epps. Uma das cenas mais fortes e angustiantes é protagonizada por Lupita, cuja atuação de poucos minutos já é o suficiente para entregá-la o Oscar de melhor atriz coadjuvante. A cena, assim como o filme, é triste e chocante. Talvez esse seja o propósito de McQueen: mostrar a outra parte da história americana sem cortes e sem medo. O ator Brad Pitt faz uma pequena participação no longa como um abolicionista, mas seu grande trabalho foi atrás das câmeras produzindo o filme.

12 anos de escravidão concorre ao Oscar em 9 categorias, entre elas a de Melhor Filme. O longa é um dos mais cotados para levar a principal estatueta da premiação, além de ter recebido o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama e o BAFTA de Melhor Filme. A estreia no Brasil é nesta sexta-feira (21).

As três mulheres supostamente mantidas em regime de escravidão por 30 anos no Reino Unido compartilhavam crenças ideológicas com seus carcereiros, segundo divulgado pela polícia britânica neste sábado. Os suspeitos de aprisionar as mulheres - um homem e uma mulher vindos da Índia e da Tanzânia - conheceram duas das vítimas e viveram com elas nas mesma casa em uma espécie de habitação coletiva, aparentemente na região de Brixton, no sul de Londres.

"Nós acreditamos que duas das vítimas conheceram o suspeito masculino em Londres, por meio de uma ideologia comum, e que eles viveram juntos em uma casa que podemos efetivamente chamar de 'coletiva'", disse o comandante da política metropolitana, Steve Rodhouse. A convivência coletiva depois foi rompida, mas as mulheres continuaram na casa, por motivos que a polícia ainda desconhece.

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A terceira vítima é uma mulher de 30 anos, que aparentemente passou a maior parte da sua vida sob controle dos dois suspeitos, com pouco contato com o exterior. "De alguma forma a convivência coletiva chegou ao fim e as mulheres continuaram vivendo com os suspeitos. Como isso perdurou por mais de 30 anos é o que nós estamos tentando entender, mas nós acreditamos que abusos emocionais e físicos fizeram parte da vida das vítimas", explicou Rodhouse.

Esta semana a polícia britânica revelou que uma mulher de 69 anos, da Malásia, outra de 57 anos, da Irlanda, e uma terceira de 30 anos, nascida no Reino Unido, foram libertadas após três décadas, levantando questões sobre como essa situação pode ter sido mantida em segredo por tanto tempo. A polícia não revelou detalhes sobre a "convivência coletiva" ou as ideologias que ligaram essas mulheres aos suspeitos.

A polícia diz que as três vítimas eram sujeitas a constantes agressões e mantidas presas por "algemas invisíveis", em vez de amarras físicas. As autoridades indicam que a situação não envolvia abuso sexual. Os suspeitos, ambos de 67 anos, foram presos e liberados após pagar fiança. Uma audiência sobre o caso deve ocorrer em janeiro, mas eles não foram formalmente acusados de nenhum crime.

Uma certidão de nascimento da mulher de 30 anos foi encontrada, mas a polícia não revelou se ela tem algum parentesco com os suspeitos ou as outras duas vítimas. Segundo Ian Haworth, fundador do Centro Britânico sobre Cultos, as vítimas podem ter sido submetidas a técnicas de controle da mente. "Tudo o que eu ouvi sugere que pode se tratar de alguma espécie de culto. O uso da expressão 'algemas invisíveis' reforça isso. É uma grande descrição de controle mental, coerção psicológica e reforma do pensamento", afirma.

Segundo o especialista, as vítimas, que aparentemente podiam sair do apartamento em determinadas situação, sempre acompanhadas dos suspeitos, podem ter sido programadas para pensar que a casa era o único local seguro do mundo. "Você parece ser livre para ir e vir, mas não é. Em um culto, você é programado para pensar que todos de fora do grupo são contra você", explica. De acordo com Haworth, pode levar um ano para que as vítimas consigam se livrar dessa personalidade imposta. A situação da mulher mais nova, que viveu praticamente a vida inteira nessa situação, é mais complicada.

O caso foi revelado quando a mulher irlandesa ligou para a organização não governamental Freedom Charity no mês passado e disse que estava sendo mantida presa juntamente com outras duas vítimas. A organização passou a trocar telefonemas com a mulher e avisou a polícia. Duas das vítimas acabaram deixando a casa por conta própria e a terceira foi resgatada pela polícia. Fonte: Associated Press.

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O dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, é comemorado nesta data desde a década de sessenta a partir de eventos organizados por entidades de combate ao racismo, como os movimentos negros. Na concepção destes grupos, a data é mais representativa para lembrar a luta e a importância do negro na História e sociedade brasileira do que o próprio 13 de maio (onde é comemorada a libertação dos escravos, a chamada Lei Áurea, de 1888). O evento lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares, no ano de 1695. Em 2011, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.519 que institui o “20 de novembro” como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

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“A escolha desta data para representar o dia da consciência negra serve para lembrar que a liberdade dos africanos e afrodescendentes escravizados não foi dada. Não foi uma Lei de 1888 que, por benevolência de uma princesa rebelde, foi assinada. Sua liberdade foi conquistada. Conquistada nas fugas para os quilombos (urbanos e rurais), nas grandes rebeliões como o Levante dos Malês (1835), nos embates legais para ter direito a comprar a própria alforria ou na resistência cotidiana”, explicou o historiador Bruno Véras.

De acordo com o acadêmico, o dia da Consciência Negra tem duas funções. A primeira delas é de fomentar uma memória social da importância dos africanos e afrodescendentes na História e sociedade brasileira, a segunda seria de combater o racismo e o preconceito no País. “Os dados do tráfico negreiro para as Américas entre os séculos XVI e XIX trazem algo um pouco a mais do que dez milhões de africanos trazidos para o continente. Destes dez milhões, 46%, isto é, quase metade, vieram apenas para um país: o Brasil. O país com maior número de afrodescendentes na América e o segundo do mundo, atrás apenas da Nigéria”, analisou.

“Além disso, a importância de pensar esta Consciência Negra reside no fato, também, de combater o auto-preconceito, a negação de uma cor e uma subjetividade, causadas por uma sociedade que cruelmente embute-nos valores estéticos e culturais racistas desde crianças”, completou o acadêmico.

Além da lei nº 12.519, as normas 10.639/2003 e 11.654/2008 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) estabelecem a obrigatoriedade de trabalhar nas escolas do País  questões ligadas à diversidade étnico-racial. “Isso (as leis) é um importante passo para pensar o papel dos diferentes povos e etnias que compuseram nossa nacionalidade e possibilitar a construção de uma memória social (a presença do passado no presente) positiva destas contribuições formativas”, concluiu Véras.



O Papa quer que a Santa Sé lute contra as formas modernas de escravidão, sobre as quais uma conferência deve ser organizada em 2015, anunciou nesta segunda-feira (4) o Vaticano após a reunião de um grupo de especialistas convocada por Francisco.

Trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos e demais tráficos mantidos por organizações criminosas internacionais: reunidos durante o fim de semana com as Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, e a Federação Internacional de Associações Médicas Católicas (FIAMC), sessenta observadores, religiosos e leigos formularam uma proposta contra todas as formas de escravidão.

"Alguns observadores acreditam que o tráfico humano irá ultrapassar o tráfico de drogas e armas em 10 anos, tornando-se a atividade criminosa mais lucrativa no mundo", declarou nesta segunda-feira em uma coletiva de imprensa o bispo Marcelo Sanchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências. Segundo ele, a Santa Sé prepara para 2015 uma reunião de quatro dias a este respeito.

Sorondo destacou o envolvimento pessoal do Papa Francisco nesta questão que a Santa Sé "não reconhecia a seriedade". O Papa "reconheceu em junho a necessidade de" reunir estas academias.

Entre as formas de trabalho forçado mais preocupantes, especialmente na América Latina, figura a das crianças e adolescentes que vendem drogas, denunciaram os participantes. Com as organizações criminosas existe uma "cooperação, às vezes inconsciente, de muitas empresas multinacionais e até mesmo de governos", denunciou o bispo Sorondo.

O presidente da FIAMC, Dr. José Maria Simon Castellvi, elogiou como "uma mudança histórica" na atitude dos participantes frente a prostituição. "A linha é a tolerância zero. A prostituição deve desaparecer, não é um mal menor", disse, ressaltando que "a prostituição está sempre ligada à violência da máfia, às drogas".

A cada ano, 2 milhões de pessoas são vítimas de tráfico sexual, 60% são meninas, de acordo com dados divulgados na conferência.

O espetáculo Tragédia no mar: O navio negreiro de Castro Alves exalta o nome e a obra do poeta romântico baiano Castro Alves, defensor da liberdade do povo negro. A apresentação será feita neste sábado (14), às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho.

Tragédia no mar: O navio negreiro de Castro Alves nasce de uma iniciativa de comemoração dos 125 anos de abolição da escravidão no Brasil. A performance cênico-musical do poema, apoia-se nas imagens e trilhas dadas pelo próprio texto, em seu imenso repertório de palavras e significados filosóficos, históricos, antropológicos e sociais.

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O espetáculo é composto pelos artistas pernambucanos contemporâneos Carlos Ferrera, ator, cantor, compositor e diretor musical; Leonnardo Melo, violinista, compositor e diretor musical); Sebastião Simão Filho, que assina a direção Cênica, juntamente com os músicos instrumentistas convidados, Thiago Fournier (contrabaixo acústico) e Tomás Melo (percussão).

Serviço

Tragédia no mar: O navio negreiro de Castro Alves

Sábado (14) | 20h

Teatro Hermilo Borba Filho (Rua do Apolo, 121 - Recife Antigo)

R$ 20 e 10 (meia entrada)

O Papa Francisco convocará para o início de novembro uma reunião de especialistas católicos encarregados de preparar um "plano de ação" contra o tráfico de seres humanos e a escravidão, dois dos principais escândalos do mundo moderno, anunciou a Rádio Vaticano.

As academias pontifícias de Ciências e Ciências Sociais e a FIAMC (Federação Internacional de Associações Médicas Católicas) formarão um grupo de trabalho que se reunirá nos dias 2 e 3 de novembro, no Vaticano.

O grupo ficará encarregado de realizar uma análise sobre a real situação do tráfico de seres humanos com o objetivo de estabelecer um plano de ação internacional de combate a esta prática.

Ao menos 10,5 milhões de crianças trabalham em serviços domésticos por todo o mundo, em geral em condições perigosas e de escravidão, denunciou nesta quarta-feira a Organização Mundial do Trabalho (OIT). Segundo a agência das Nações Unidas, quase 70% destes jovens trabalhadores são meninas, e cerca de 6,5 milhões têm entre cinco e 14 anos.

A realidade no terreno escapa aos esforços da comunidade internacional para impedir esta exploração, disse Constance Thomas, diretora do programa mundial da OIT para eliminar o trabalho infantil. "A situação de muitos trabalhadores infantis domésticos não constitui apenas uma séria violação dos direitos das crianças, mas também um obstáculo para se atingir muitos objetivos de desenvolvimento, nacionais e internacionais", disse Thomas.

O problema afeta todas as partes do mundo, mas a situação na África subsaariana é especialmente preocupante, em particular em países como Burkina Faso, Gana, Costa do Marfim e Mali, alerta a organização com sede em Genebra.

O relatório de 87 páginas, publicado por ocasião do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, celebrado em 12 de junho, também denuncia que muitas famílias do campo no Paquistão e no Nepal são forçadas a enviar seus filhos para o trabalho precoce para pagar suas dívidas. Expostos à violência física, psicológica e sexual e a condições de trabalho abusivas, as crianças trabalhadoras, em geral, não têm contato com suas famílias e ficam dependentes de seus empregadores.

A OIT também alerta que muitos são obrigados a se prostituir. "Precisamos de uma base legal contundente que identifique claramente, previna e elimine o trabalho infantil nos serviços domésticos e proporcione condições de trabalho decentes para que os adolescentes possam trabalhar legalmente", concluiu Thomas.

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