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O mercado farmacêutico no Brasil lucrou nada menos que R$ 121 bilhões em 2019, o que confirma que o crescimento durante os 12 meses de 2019 foi de 7,6% maior quando comparado com o mesmo período de 2018, quando o faturamento das farmácias do Brasil tinha sido de R$ 112,4 bilhões. Os números da empresa de análises IQVIA foram divulgados pela Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar).

“O crescimento do mercado farmacêutico em 2019 foi muito superior ao crescimento do PIB, que (ficou) em torno de 2% - isso já é motivo de comemoração. Se comparado com os índices do mercado farmacêutico registrados em 2018, o crescimento foi ainda maior, sendo que esse (crescimento) havia sido de 5,4%”, explica Edison Tamascia, presidente da Febrafar. A expectativa é que o aumento no lucro desse mercado continue em 2020.

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Executivos brasileiros declaram-se otimistas quanto ao desempenho de suas empresas em 2020, segundo a pesquisa anual da consultoria PwC. Setenta e oito por cento dos CEOs das empresas brasileiras dizem esperar crescimento de receita neste ano - 56% confiantes e 22% muito confiantes. No ano passado, diante do início de um novo governo, as boas expectativas foram manifestadas por 95%.

A sondagem foi apresentada em evento paralelo à reunião do Fórum Econômico Mundial, na Suíça. Ganho maior será obtido por meio de aumento da eficiência operacional, segundo 89% dos consultados. Setenta e oito por cento mencionaram lançamento de novos produtos e 52% indicaram a intenção de colaborar com outras empresas e com startups.

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Metade dos dirigentes citou, no entanto, incerteza quanto ao ritmo de crescimento econômico e preocupação com o peso dos impostos. Regulação excessiva permanece entre os principais problemas (48%), assim como a infraestrutura inadequada (47%). Populismo foi apontado como risco por 42% dos executivos ouvidos pelos pesquisadores.

Com o impacto das novas tecnologias, investir em qualificação deixa de ser uma opção e passa a ser um imperativo, segundo a maior parte dos consultados.

O otimismo é muito menor em relação à economia internacional. Os confiantes na aceleração da atividade global passaram de 50% em 2019 para 19% em 2020, enquanto 45% passaram a apostar em desaceleração.

Na pesquisa global, conduzida em 83 países, só 22% indicaram acreditar em melhora da economia mundial. Os otimistas eram 42% na pesquisa anterior. Além disso, globalmente só 27% dos dirigentes se declaram "muito confiantes" no aumento receita de suas empresas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Criticado por minimizar a importância do combate ao trabalho escravo no País, o governo de Jair Bolsonaro encerrou 2019 com cerca de mil trabalhadores resgatados de situação considerada análoga à escravidão.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério da Economia, Maurício Krepsky, antecipou o resultado das operações, embora o balanço consolidado só será divulgado em 28 de janeiro, dia nacional do combate ao trabalho escravo.

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Se confirmado, o número será menor que o registrado em 2018, quando foram resgatados 1.745 trabalhadores em condição análoga à escravidão. Apenas em uma ação, em Minas Gerais, os fiscais encontraram 565 trabalhadores que foram atraídos por uma seita religiosa e colocados para trabalhar em estabelecimentos comerciais. O número do ano passado, porém, deve ser superior ao registrado em 2017 (647) e 2016 (972).

No País, as ações de fiscalização do trabalho escravo são feitas por equipes de auditores vinculadas às Superintendências Regionais do Ministério da Economia e, principalmente, pelo Grupo Especial Móvel de Fiscalização. Sediado em Brasília e composto por 16 auditores, o grupo móvel realizou, ao longo de 2019, 45 operações de resgate em todo o território nacional - uma a mais do que as 44 operações do ano anterior.

Fiscalização.

O governo instalou em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia equipes fixas de auditores fiscais para fazer o trabalho de campo de fiscalização. Esses Estados são onde, historicamente, a fiscalização tem encontrado maior registro de trabalho escravo.

Segundo Krepsky, a adoção de técnicas de inteligência no planejamento das operações deu mais "eficácia" ao trabalho dos auditores - em 70% das ações fiscais do Grupo Especial realizadas em 2019 houve libertação de trabalhadores. Em 2018, apenas 48% das operações culminaram em resgate.

"A gente conseguiu ter melhoria das informações e inteligência. Chegar onde realmente o grupo móvel quer chegar, que é onde há violação de direitos", disse Krepski.

O chefe da divisão explicou que, para melhorar os resultados das operações de Brasília, precisou mudar procedimentos dentro da equipe. "Havia um histórico de vazamento de informação, pessoas que ficam na estrada vicinal para verificar se tinha movimento de fiscalização e, quando nos avistavam, escondiam os trabalhadores."

Segundo ele, esse tipo de ruído nas operações melhorou com o destacamento de auditores para trabalhar diretamente com as atividades de inteligência e planejamento. Além disso, foram feitas fiscalizações em regiões remotas da Amazônia e do Nordeste, de difícil acesso e onde só se chega de barco.

Em cada uma das 45 operações de 2019, o Grupo Móvel contou com apoios do Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). Cada instituição, por dever constitucional, desempenha papel diferente na libertação dos trabalhadores.

Críticas do presidente.

Em julho, o presidente Jair Bolsonaro chegou a defender mudanças nas regras que envolvem trabalho análogo à escravidão para evitar que produtores rurais percam a propriedade quando for constatado esse tipo de crime. Ele defendeu uma mudança constitucional para que haja distinção entre o que é trabalho análogo e o que é trabalho escravo.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho análogo à escravidão é "todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob ameaça de sanção e para o qual ela não tiver se oferecido espontaneamente".

O Código Penal também diz que é crime "reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quase um terço dos adultos de Hong Kong sofre, ou sofreu, estresse pós-traumático (TEPT) desde o início dos protestos pró-democracia e incidentes violentos no território chinês - aponta um estudo publicado nesta sexta-feira (10) pela revista científica The Lancet.

Além disso, mais de 10% da população adulta apresenta sintomas de possível depressão, proporção comparável à observada em conflitos armados, ou após um atentado, de acordo com um estudo de dez anos realizado por pesquisadores da Universidade de Hong Kong.

A prevalência de sintomas de TEPT observada desde o início da crise é seis vezes maior do que a do movimento social anterior, a chamada "Revolução dos Guarda-Chuvas" de 2014, na qual não houve violência.

Em março de 2015, 5% dos adultos apresentaram sintomas de TEPT em comparação com 32% das pessoas observadas entre setembro e novembro de 2019.

Já 11% dos adultos apresentaram sintomas de depressão em comparação com 2% durante a "Revolução dos Guarda-Chuvas", e 6,5%, em 2017, segundo o estudo.

Os pesquisadores também observaram que a consulta às redes sociais para acompanhar as notícias políticas pode contribuir para a depressão, ou o para o quadro de TEPT.

"Hong Kong não tem recursos para lidar com esse aumento de problemas psicológicos", disse o professor Gabriel Leung, da Universidade de Hong Kong e codiretor do estudo.

Os pesquisadores entrevistaram 18.000 pessoas entre 2009 e 2019 e afirmam que é o maior estudo do mundo sobre o impacto de movimentos sociais na saúde mental das pessoas.

O relatório não leva em consideração, porém, os menores de 18 anos, que estão muito expostos às consequências dos protestos.

Em junho passado, Hong Kong entrou em sua pior crise política desde 1997, quando deixou de ser uma colônia britânica para retornar à China, com manifestações violentas exigindo reformas democráticas e denunciando a interferência de Pequim.

"Em um contexto de agitação social que aumenta em todo mundo, em grandes cidades como Barcelona, Nova Délhi, Paris, ou Santiago em 2019, a questão do impacto dos problemas sociais na saúde mental da população é uma questão fundamental da saúde pública", disse o outro coautor do estudo, Michael Ni, da Universidade de Hong Kong.

O protesto em Hong Kong surgiu inicialmente contra um projeto de lei que tentava autorizar extradições para a China continental, o qual as autoridades acabaram rejeitando, e se expandiu para denunciar o controle exercido por Pequim.

O movimento pró-democracia em Hong Kong procura pressionar o Executivo local a atender às suas demandas. Entre elas, o estabelecimento de um verdadeiro sufrágio universal, uma investigação independente sobre o comportamento da polícia e a anistia para todos os detidos desde junho. Foram cerca de 6.500 pessoas, quase um terço delas com menos de 20 anos.

Se em 2019 a retomada do emprego e o crescimento da economia nacional caminharam a passos lentos, a expectativa dos economistas e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é que 2020 será de expansão - só o Produto Interno Bruto (PIB) deve chegar a 2,5%. A atividade econômica deve ser impulsionada pela expansão de 2,8% do PIB industrial e pelo aumento do investimento, que deve crescer 6,5% - se firmando como o fator de promoção da recuperação da economia brasileira, segundo aponta a CNI. 

De acordo com o estudo da Confederação, a aceleração da segunda metade de 2019 é sinal de que haverá crescimento mais sólido nos próximos 12 meses de 2020. O economista Écio Costa afirma que o próximo ano vai ser de gente consumindo mais e, provavelmente, de mais indústrias produzindo - o que pode resultar na necessidade de contratação de mais mão de obra. 

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Costa aponta que 2019 “foi um ano de inflação controlada, até porque a economia não está crescendo em um ritmo forte, então existe ociosidade por parte das indústrias e como há uma ociosidade a gente acaba não tendo uma pressão sobre os preços. O desemprego vem caindo, mas num ritmo muito lento e acaba fazendo com que a economia termine também não crescendo, já que uma coisa alimenta a outra”, ressalta o economista.

Entre as ações que auxiliaram para a alavancada da economia no final de 2019 está a liberação do saque imediato do FGTS, que injetou mais de R$ 3 bilhões. Écio Costa reforça que a aceleração da economia se deu pelo consumo, já que o crédito “está mais barato e mais disponível”. O economista avalia que, por conta disso, “as famílias estão conseguindo renegociar algumas dívidas, estão conseguindo crédito com as taxas mais baixas e isso tem ajudado a fomentar o consumo”.

Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, pontua o seguinte: "Estamos passando por um período de reformas estruturais, de cunho liberalizante. Essas reformas, em especial as que se destinam a modernizar os regimes trabalhista, previdenciário e tributário, estão sedimentando o terreno para o aumento do consumo, dos investimentos e da produção. Com isso, certamente teremos um crescimento maior e melhor em 2020”.

Perspectivas divulgadas pela CNI

As perspectivas também são positivas para outros indicadores da economia. A expectativa é de que a inflação – medida pelo IPCA – encerre 2019 em 3,7%, abaixo da meta pelo quarto ano consecutivo. Espera-se que a taxa Selic permaneça no patamar estabelecido na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), em 4,5% ao ano ao longo de 2020. 

Em relação ao mercado de trabalho, a expectativa é de que a retomada da atividade econômica viabilizará o crescimento mais robusto de vagas formais e a geração de empregos de maior qualidade, que pagam melhores salários. Isso deve ter efeitos positivos no rendimento médio real da população e na massa salarial, no próximo ano, que devem crescer 1,6% e 3,4%, respectivamente. Em relação à taxa média de desemprego, a previsão é de que caia de 11,9% para 11,3% na média anual.

Com a ajuda da liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a economia brasileira deverá ter o melhor fim de ano desde o início da recessão, em 2014, e deve começar 2020 aquecida. Segundo bancos e consultorias ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer neste último trimestre até 0,8% na comparação com os três meses anteriores. Desde o início da crise, esse número para o período variou entre -1,3% e 0,3%.

Se a atividade mantivesse esse ritmo do último trimestre, ela avançaria 3% em um ano. Mas o normal é que apresente alguma desaceleração entre janeiro e março - ainda que, para o início de 2020, muitos economistas estejam otimistas.

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O dado mais recente do mercado de trabalho corrobora essa visão de que a economia vem ganhando tração. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que 99 mil vagas de emprego com carteira assinada foram criadas apenas em novembro. No acumulado do ano, são 948 mil.

"Uma taxa de 80 mil vagas de trabalho por mês é compatível com um PIB de 2,8%", diz o economista Luka Barbosa, do Itaú Unibanco. Ele lembra, porém, que não é possível estimar o ritmo de crescimento da atividade tendo a criação de postos de trabalho como único indicador. "Mas os dados de emprego indicam que há, sim, um processo de aceleração."

Os saques do FGTS são os principais responsáveis pelo impulso extra neste fim de ano. O Santander, por exemplo, que projeta uma alta de 0,8% no PIB do último trimestre, calcula que a metade disso se deverá ao FGTS.

A liberação dos recursos tem impulsionado, principalmente, o consumo das famílias, que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), vai crescer 2,8% no quarto trimestre na comparação com igual período de 2018. No ano, deverá acumular alta de 2%. "Neste quarto trimestre, estamos no ápice do consumo, que mudou de direção. No início do ano, ele estava fraco", diz a economista Silvia Matos, do Ibre.

A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, afirma que, justamente por causa do efeito do FGTS, é preciso certa cautela com os indicadores econômicos do último trimestre. "Já vimos que a economia deu uma inflada no governo de Michel Temer quando recursos do FGTS foram liberados. Mas também não dá para negar que os fundamentos econômicos agora apontam para um cenário melhor."

Para Alessandra, que prevê um PIB de 0,7% no quarto trimestre, o primeiro trimestre do ano que vem ainda deverá se mostrar mais aquecido por causa do FGTS. Para o período entre janeiro e março, a projeção da Tendências é de 0,4%.

Além do impulso na economia neste fim de ano e início de 2020, liberação dos recursos do fundo de garantia deve ter um efeito secundário ao aumentar a confiança do consumidor e dos investidores. "Essa perspectiva pode gerar um efeito permanente na economia, mas não na mesma magnitude que os recursos em si geram", diz o economista Lucas Nóbrega, do Santander.

O FGTS, apesar de ser o principal, não é o único motor da atividade brasileira neste fim de ano. A estabilização da economia global e a queda dos juros também colaboraram para esse cenário mais otimista. "Se a Selic (a taxa básica de juros) ficar em 4,5%, ela muda a dinâmica do mercado consumidor. Esse impacto é muito forte e acho que o estamos subestimando", diz Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim. Na semana passada, Padovani alterou suas projeções para o PIB de 0,8% para 1,1% neste ano e de 2% para 2,5% em 2020.

Economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale destaca que, além do comércio impulsionado pelo FGTS, é possível identificar sinais de um crescimento mais consistente em outros setores, como o da construção civil. "Encerramos 2019 melhor e vislumbramos um 2020 mais relevante, depois de três anos tão fracos", diz.

"Pela primeira vez, iniciamos um ano bem e devemos conseguir entregar um resultado mais forte, fora eventuais percalços, que não foram poucos nos últimos anos", acrescenta Vale, em referência às denúncias de Joesley Batista contra o ex-presidente Michel Temer que paralisaram a reforma da Previdência, à greve dos caminhoneiros, à crise argentina e à tragédia da Vale.

Nóbrega, do Santander, lembra, porém, que as eleições americanas no ano que vem podem trazer instabilidade ao mercado internacional, se tornando um novo percalço para a economia brasileira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A continuidade do avanço das reformas fiscais e o aumento do ritmo do crescimento econômico serão os dois principais fatores que poderão levar o Brasil a uma elevação da nota soberana em 2020 pelas agências internacionais de rating. Mas elas não enxergam vida fácil para o governo: o ano de eleições regionais e a ausência de uma base política coesa, além das recentes tensões em vizinhos latinos, prometem atrasar a tramitação de propostas e/ou diluí-las ao longo do caminho.

Ainda assim, as agências de rating apontam um cenário mais favorável para o crescimento do País em 2020 ante 2019: Moody's e S&P Global Ratings acreditam em uma expansão de 2%, enquanto a Fitch estima uma alta de 2,2% no ano que vem. As três instituições apontam um leve declínio do déficit nominal como proporção do PIB no próximo ano, com a ajuda da redução do patamar da Selic, que também vai colaborar para diminuir a velocidade de expansão das dívidas bruta e líquida, embora os patamares desses passivos oficiais ainda sejam altos para mercados emergentes na mesma categoria de nota soberana.

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"Mas o crescimento do País avançará de forma mais ampla, para além de 2,5% ao ano, depois de 2021, sobretudo com a colaboração de reformas fiscais como as propostas pelo governo recentemente, que têm boas chances de serem aceitas pelo Congresso no próximo ano, como a PEC Emergencial e a independência do Banco Central", comentou Livia Honsel, diretora associada da S&P Global Ratings.

O Brasil ganhou uma atenção especial das agências internacionais de rating por questões domésticas, em um contexto social complexo registrado por vários países da América Latina. A agenda econômica do governo, com a aprovação da reforma da Previdência e a apresentação de propostas de ajuste fiscal, privatizações, abertura comercial e de independência do BC, é um ponto de destaque em comparação a outros países grandes da região, como Argentina e México, cujo ímpeto reformista está em direção oposta.

Uma retomada de crescimento de 2% ao ano, embora seja pequena para reduzir o desemprego muito elevado e após a recessão recente, é bem melhor do que a retração média de 0,8% registrada entre 2014 e 2018.

A S&P elevou a perspectiva do Brasil de estável para positiva no dia 11 deste mês e manteve a nota soberana em BB-. Caso a agência eleve o rating do País no ano que vem, ele subirá para BB, mas ainda longe do grau de investimento. "A reforma administrativa é bem importante, mas não contamos com ela em nosso cenário para 2020, devido, inclusive, à posição do governo de esperar um pouco para avançá-la junto aos parlamentares, especialmente por temer o surgimento de manifestações públicas no País como ocorreram em nações vizinhas recentemente", ressaltou Livia.

As agências de rating também têm expectativas favoráveis para o avanço do debate no Congresso da reforma tributária no próximo ano, mas não acreditam que será aprovada pelos parlamentares em 2020.

"A reforma tributária é muito relevante para melhorar o ambiente de negócios e estimular os investimentos e o PIB no médio prazo", disse Samar Maziad, vice-presidente e principal analista para o Brasil da Moody's. "Porém, ela não é o único fator que pode viabilizar uma elevação da nota do País, mas sim um conjunto de elementos, como o progresso de reformas fiscais que permitam o cumprimento do teto de gastos e o aumento da flexibilidade do governo para administrar o Orçamento."

A Fitch destaca que a fragmentação política na Câmara e Senado e "difíceis questões de corrupção" são obstáculos para a aceleração das reformas no próximo ano. Embora aponte que o pacote "Mais Brasil" da administração federal seja positivo, inclusive para reduzir a rigidez fiscal e criar um novo arcabouço na gestão das contas públicas entre o governo, Estados e municípios, atrasos e diluições dessas propostas podem ocorrer. O fato de o Poder Executivo não ter uma base política "estável e confiável" no parlamento pode tornar mais longa do que o esperado a aprovação de mudanças estruturais pelos legisladores em 2020.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

<p>Nesta sexta-feira (06), o cientista político Adriano Oliveira fala sobre a expectativa de crescimento econômico, que está avaliado em 1% até o final de dezembro desse ano. Ações como a a aprovação da reforma da previdência, a tramitação da reforma tributária no congresso entre outros estão por trás desse cenário, que pode chegar a 2,5% em 2020. Entretanto, isso deve beneficiar as classes A e B, ficando as classes mais baixas sem a certeza se serão atingidas, o que preocupa Adriano, que avalia o tamanho da desigualdade brasileira, que pode só aumentar.</p><p>Outro assunto discutido pelo cientista político é a figura do Ministro da Justiça Sérgio Mouro frente à classe política brasileira. Ontem (05) o seu pacote anticrimes não foi aprovado em sua essência pela câmera federal. Entretanto, o ministro insiste em alguns pontos que foram recusados, o que dificulta ainda mais a sua relação com os políticos e o próprio STF, que já provaram via votação que não aceitam pontos como o excludente de ilicitude e a prisão em segunda instância.</p><p>O podcast de Adriano Oliveira tem duas edições, nas segundas e nas sextas-feiras. Além disso, também é apresentado em formato de vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h, na fanpage do LeiaJá.</p><p>Confira mais uma análise a seguir:</p><p>
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O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), comemorou, nesta terça-feira (3), o crescimento de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Na análise do democrata, o número se junta a outros índices considerados positivos pelo governo e demonstra que a gestão do presidente Jair Bolsonaro colocou o país "no caminho certo". 

"Crescimento do PIB acima do esperado se junta à queda da inflação, a menor taxa de juros, ao crescimento do comércio, indústria, serviços, turismo, às quedas nos índices de criminalidade. Sem 'mas...'", considerou o ministro.

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"CONFIANÇA! [sic] Governo Bolsonaro colocou o Brasil no caminho certo", emendou Onyx Lorenzoni, em publicação no Twitter.

O PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu 0,6% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior.

O resultado foi divulgado hoje, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BGE). Na comparação com o terceiro trimestre de 2018, o PIB teve crescimento de 1,2%. No acumulado em quatro trimestres terminados no terceiro trimestre de 2019, o crescimento é de 1,0%, na comparação com mesmo período anterior.

*Com a Agência Brasil

As vagas de estágio e aprendizagem tiveram aumento de 3,7% entre janeiro e outubro de 2019 ante o mesmo período do ano passado, com a abertura 343 mil vagas, de acordo com dados divulgados hoje (27) pelo Centro Integração Empresa-Escola (CIEE). Atualmente são atendidos pela entidade 310 mil estagiários e aprendizes em 20 estados do país. O tempo para preenchimento das vagas foi de 12 dias para os aprendizes e 10 a 14 dias para os estagiários. 

As expectativas são as de que o CIEE feche o ano com crescimento de 15 mil vagas, o que corresponde a um aumento de 4%. Para o ano de 2020 a estimativa é a de que só no primeiro trimestre estejam abertas 85 mil vagas para aprendizes e estagiários. 

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Considerando todos os segmentos de contratação (público e privado) as vagas mais procuradas para estágio entre os estudantes de nível superior foram para os cursos de Direito, seguidas de Pedagogia, Administração, Ciências Contábeis, Engenharia Civil e Ciências da Computação. Já para os estudantes de nível técnico a lista é liderada pelo curso de Administração, Enfermagem, Informática, Segurança do Trabalho e Eletrotécnica. 

Segundo o superintendente nacional de operações do CIEE, Marcelo Gallo, é preciso que o estudante fique atento no período de férias, que, ao contrário do que se pensa, é um dos momentos em que as buscas por estagiários são mais intensas. "Esse é um período bastante interessante para quem está procurando sua inserção no mercado de trabalho. Um recado que deixamos é que o estudante não deixe de nos procurar nesse período, porque este é um momento em que ofertamos vagas novas, de reposição, de empresas que efetivaram seus estagiários".  

O superintendente geral do CIEE, Humberto Casagrande Neto, considerou que o ano de 2019 foi bom para a contratação de estagiários e aprendizes. "Tivemos um crescimento e estamos otimistas para o ano que vem, porque a economia dá sinais de reação. No campo dos aprendizes nosso objetivo é fazer crescer o cumprimento da lei. Hoje deveríamos ter em torno de 1 milhão de aprendizes e temos só 500 mil. Ou seja 50% das empresas cumprem a lei", disse. 

Mesmo assim, Casagrande considera que a Lei da Aprendizagem é adequada, porém poderia ser melhorada com a implantação de algumas medidas administrativas, que elevariam esse índice a 75% de adesão das empresas. "É uma lei que tem 20 anos de atuação, acumulou uma experiência muito grande, e é muito efetiva, apostando na formação de cidadãos que vão aprender o trabalho de forma mais profunda dentro da empresa. Apostamos muito no mercado da aprendizagem, porque entendemos que esse pode ser um grande caminho para tratar o tema". 

A Lei da Aprendizagem, sancionada em 2000, determina que uma cota entre 5% e 15% das vagas das companhias consideradas de médio e grande porte sejam destinadas para jovens entre 14 a 24 anos incompletos, desde que seja estudante dos ensinos fundamental, médio, técnico ou formado. 

Segundo Casagrande, medidas como a permissão do trabalho nos finais de semana que melhorariam o equilíbrio do tempo entre atividade prática e teórica e a exigência de que fornecedores do serviço público cumpram a lei e contratem aprendizes, já foram levadas ao governo e a entidade espera uma resposta. Para ele, o importante é tornar a contratação de aprendizes interessante para as empresas.

"Estamos mostrando para as empresas que isso não é uma obrigação, mas é um instrumento de recursos humanos importante para a empresa. Essas medidas vêm nessa direção. Nós vamos resolver o problema do emprego dos jovens moldando essas pessoas com a necessidade das empresas e da economia".

Com relação ao estágio, Casagrande avaliou que a situação é semelhante, com as empresas cada vez mais interessadas em contratar jovens, porque isso as ajuda a falar a linguagem, a entenderem o estilo de vida, o comportamento e o modo de enxergar o mundo desse público, que é seu novo consumidor. "Nos estágios trabalhamos com o setor público e privado, formando esse exército de estagiários com destaque para o curso de direito que tem 50 mil estagiários cadastrados", pontuou.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse nesta segunda-feira, 18, que o governo espera que a economia cresça 2% em 2020. Segundo ele, essa estimativa não seria "irreal", como a projeção feita no governo passado para este ano. "Recuperamos a confiança dos investidores internos e todos os setores da economia dão mostras de crescimento. A projeção de crescimento do PIB de 2% em 2020 é real, não é imaginária", afirmou, em apresentação no Palácio do Planalto.

Onyx citou ainda a aprovação da reforma da Previdência e o envio de outras medidas pela equipe econômica ao Congresso. "A reforma do pacto federativo foi uma atitude corajosa do governo, liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Vem aí também a reforma tributária", completou.

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Reforma administrativa

Ao deixarem a coletiva de imprensa, Onyx e Guedes disseram que iriam para outra reunião sobre outra reforma. Perguntado se a reforma administrativa será anunciada ainda nesta semana, Guedes respondeu que ela "não sai tão cedo".

De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), aumentou o número da participação de homens em grupos reflexivos, que tem como objetivo proporcionar a esses - que são autores de violência doméstica contra a mulher  -, reflexões sobre gênero e relações familiares, visando a não reincidência criminal. 

Os atendimentos são coordenados pela Gerência de Penas Alternativas e Integração Social (Gepais), na 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar, em Santo Amaro, no Recife. Até o mês de setembro deste ano, o Gepais registrou atendimento a 771 homens nos municípios do Recife, Garanhuns, Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe. Isso, de acordo com o órgão pernambucano, representa um aumento de 46% se comparado com o mesmo período de 2018, quando foram acompanhados 527 homens.

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Os homens que participam dos grupos praticaram crimes de menor potencial ofensivo, como: lesão corporal leve, ameaça, violência psicológica, moral e patrimonial. Eles se reúnem quinzenalmente nas Centrais de apoio às Medidas e Penas Alternativas (Ceapas) de cada município, através de uma equipe de advogado, psicólogo e assistente social.

Pedro Eurico, secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado, aponta que "os grupos reflexivos para homens autores de violência doméstica permitem aos participantes cumprirem não somente a medida ou pena alternativa aplicada, mas também, promove sua integração social através da discussão sobre a violência de gênero e a reflexão como forma de responsabilizá-lo pelo ato praticado", pontua.

O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), disse nesta quarta-feira (11) que todos os dias a “escória” cria narrativas contra o crescimento do Brasil. Apesar de não fazer referência direta, o filho do presidente rebatia, mais uma vez, às críticas das quais foi alvo depois de dizer que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”

A fala foi interpretada como uma defesa da instalação de um regime ditatorial no país, uma vez que tanto Carlos quanto o próprio Bolsonaro e seus demais filhos são defensores explícitos da época da ditadura no Brasil. Na noite da segunda (9) e durante essa terça (10) o assunto foi o mais comentado no meio político, com duras avaliações sobre a postura do vereador. 

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No Twitter, na manhã de hoje, Carlos observou: “a escória cria diariamente narrativas para tentar impedir o Brasil de crescer e favorecer os bandidos de sempre! Estes porcarias não devem por medo em ninguém, pois não passam de frangas. Quando confrontadas pela população se borram. Jamais esqueçam que vocês [povo] têm o poder”.

Além disso, na noite de ontem, ele usou a mesma rede social para chamar de lixo os que o criticaram. “Seus lixos, sabemos qual o intuito de vocês e o que querem. Não tenho medo algum diante de mais uma investida desonesta vindo de quem vem! Não transformarão o Brasil numa Venezuela!”, disparou.

E alfinetou a imprensa: “O que falei: por vias democráticas as coisas não mudam rapidamente. É um fato. Uma justificativa aos que cobram mudanças urgentes. O que jornalistas espalham: Carlos Bolsonaro defende ditadura. CANALHAS! [sic]”.

Diversos nomes da política dispararam contra Carlos Bolsonaro. O ex-candidato a presidente pelo PSOL, Guilherme Boulos, disse que o vereador poderia estar expressando o desejo do pai; a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) argumentou que pela censura e repressão não há avanços; e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) sugeriu que a oposição obstruísse a pauta no Congresso até que o presidente desmentisse o filho.  

Além disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), disse que desprezava a fala do vereador e o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), chamou Carlos de "projetinho de Hitler".

<p>No podcast desta segunda-feira (02), o cientista político Adriano Oliveira analisa a mais recente pesquisa do Datafolha, disponibilizada hoje (02) e que mostra que o presidente está com 38% de reprovação e 29% de aprovação, ficando 30% dos entrevistados acreditando que o governo seja regular. Adriano destaca que essa reprovação ainda não é uma tragédia, mas o pode ser no futuro, principalmente quando se avalia o crescimento da reprovação, que em abril era de 23%.&nbsp;</p><p>Avaliando o primeiro ano de governo dos últimos presidentes (Dilma, Lula e FHC), Bolsonaro é o que tem o maior índice de rejeição no mesmo período.&nbsp;</p><p>Para Adriano, o presidente se mostra incerto quanto ao seu estilo pessoal (interferência em instituições, enfrentamento de ambientalista e de Macron, entre outros), o que pode ser um dos motivos de ameaça a sua popularidade. A falta de agenda social no seu governo pode ser apontado como outro motivo para o aumento da reprovação, uma vez que são os mais pobres que rejeitam o governo. O cientista aponta que o presidente precisa mudar o seu estilo para recuperar popularidade.</p><p>O programa Descomplicando a Política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.&nbsp;</p><p>Confira mais uma análise a seguir:</p><p>
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Quem nunca ouviu a máxima “religião e política não se misturam”? Ou, “o Estado é laico”? E até mesmo, “não discuto nem religião nem política”? Esses argumentos são repetidos constantemente por eleitores no Brasil, contudo a realidade de parcela dos quadros políticos nacionais expressa outra coisa: princípios religiosos e anseios políticos vem andando lado a lado nos últimos anos. 

Um retrato claro disso é a forma como o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se propõe a nortear seus discursos e basear suas escolhas diante da condução do país. O seu slogan de campanha já dizia “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e, constantemente, suas falas fazem citações a passagens bíblicas e princípios religiosos. 

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Principal meio de comunicação de Bolsonaro com a massa, nas redes sociais, por exemplo, ele já criou a chamada “série João 8:32” - fazendo menção a um versículo do evangelho de São João que diz: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” - para rebater críticas da oposição, divulgar dados do governo e respaldar seus discursos. 

Recentemente, ele se utilizou do texto religioso para reforçar seu argumento de que “passar fome no Brasil é uma grande mentira”. E na última segunda-feira (26), ao anunciar que se reuniria com os governadores da região amazônica para tratar das queimadas e do desmatamento, o presidente convidou os internautas a acompanharem o encontro a partir de uma transmissão ao vivo no Facebook e disse “será um João 8:32 imperdível”. 

O recorte é mínimo diante de tantas outras posturas. Jair Bolsonaro já consagrou o Brasil a Nossa Senhora, foi o primeiro presidente a participar da Marcha para Jesus, recebeu orações em cultos e prometeu que na oportunidade que tiver pretende nomear para o Supremo Tribunal Federal (STF) um ministro terrivelmente evangélico. 

O alinhamento aos valores cristãos “deve ser uma das marcas que Jair Bolsonaro deixará expressa” como do seu governo, segundo o professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), Eurico Antônio Gonzalez Cursino dos Santos. Mas, ressalta o estudioso, há inconsistências do presidente. “Ao mesmo tempo que ele se diz católico, essa prática de referência bíblica e as referências que ele faz direto estão sempre direcionadas ao meio evangélico”, observou. 

Ao avaliar os discursos do chefe do Executivo nacional, Santos ponderou que antes das eleições e no período eleitoral as falas de Bolsonaro com cunho religioso eram mais frequentes, porém quando assumiu o governo ele diminuiu o ritmo.

“A comunicação do presidente Bolsonaro com a população, inclusive durante o período eleitoral, foi marcada por essa referência a valores religiosos, principalmente cristãos. Acredito que isso, em si, está dentro da Constituição. A democracia tem que tomar decisões, que são referidas a valores. Não vejo como uma substituição da política pela religião, nem o tom da campanha, nem o tipo de comunicação que ele faz com a população, ele está se referindo a valores que são da população”, salientou. 

 

Base evangélica no Congresso Nacional

Se o presidente tem alinhamento religioso, no Congresso Nacional isso é ainda mais claro. Inclusive, de acordo com um levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), em 2018 foram eleitos 91 deputados e senadores que se declararam, se declaram evangélicos ou se alinham ao grupo na votação de temas ligados à religião e aos costumes, além dos que ocupam cargos nas estruturas das instituições religiosas, como bispos, pastores, missionários e sacerdotes.

Fora os 91, outros mais conservadores se alinham aos pensamentos e valores cristãos para basear suas posturas. A polêmica mais recente, baseada em princípios religiosos, foi com relação ao projeto de lei de autoria do deputado Orlando Silva (PCdoB) que instituía o Estatuto da Família do século XXI. Deputados alegaram que o projeto legalizava o incesto e iniciaram uma campanha nas redes sociais contra o autor da matéria e o relator Túlio Gadêlha (PDT), que deu parecer favorável ao texto.

O debate fez com que o projeto fosse retirado da pauta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara para que o parecer fosse reorganizado, sem deixar brechas para essa interpretação. O projeto, na realidade, considerava como família todos os tipos de formação que ultrapassassem a tradicional pai, mãe e filhos.

Questionado se era saudável a mistura de princípios religiosos com direitos constitucionais e a criação das leis que regem um país, o professor Eurico Antônio Gonzalez Cursino dos Santos disse que “é natural, em uma democracia de massas, que esse tipo de coisas aconteçam”. 

“Democracia integra as pessoas à tarefas complexas de governar, e aí um valor religioso, de uma ideologia bem fundada, acaba tendo funcionamento. A Constituição, no modo como ela organiza a política, faz com que neste momento não estejamos ameaçados quanto à uma espécie de teocracia. Acredito que é impossível de acontecer”, argumentou.

“O que acontece é que estamos apenas começando a lidar com argumentos religiosos e a expressão da religião na política, isso não vai parar não, vai vir mais. Porém, a própria política se encarrega de reconduzir argumentos religiosos apenas como argumento de valor e não de regra geral”, emendou. 

Apesar de não ver riscos para uma teocracia, o estudioso ponderou que fez uma recente pesquisa sobre leis com cunho religioso e encontrou cerca de 400. Um sinal de que não há laicidade no Estado.

“O nosso Estado nunca foi laico, desde a República, ele se mantém próximo as religiões, especialmente às cristã; primeiro ao catolicismo, depois as evangélicas e a partir de 1990 às majoritárias. Mas ele nunca deixou de expedir leis que de alguma forma representasse vantagem para as religiões no campo da educação, da assistência social, da saúde. Ou seja, nós nunca fomos completamente laicos”, disse Santos. 

 

A igreja evangélica está fincando raízes na política?

Em 2008, o bispo Edir Macedo lançou um livro em que dizia: "tudo é uma questão de engajamento, consenso e mobilização dos evangélicos. Nunca, em nenhum tempo da história do evangelho no Brasil, foi tão oportuno como agora chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional". 

No “Plano de Poder”, em que traça projeções para diversas áreas, inclusive a política, o líder religioso já deixava clara "a potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores” e hoje, mais de uma década depois, isso tem se justificado. 

Indagado sobre o fato do número de políticos evangélicos ter crescido, o professor do departamento de Sociologia da UnB, Eurico Antônio Gonzalez Cursino dos Santos, disse que há mercado para tal, mas é limitado. 

“Manifestamentes são as igrejas evangélicas que têm eleito seus próprios ministros, mas eu não acredito que isso possa ir muito além do que já foi, pela presença deles, a distribuição demográfica, pela importância do catolicismo que oferece uma espécie de limite para essa ascendência e pelas próprias relações internas que nem todos são favoráveis a esse convívio próximo com a política. É uma mercadoria que tem mercado, mas é limitado”, conjecturou.

Ainda na ótica do especialista, “normalmente quem tinha acesso ao poder era a religião católica, então diria que os evangélicos estão chegando à política por outra via, que não é a da formação política católica, eles estão chegando lá pelo voto”.

<p>No podcast desta sexta-feira (30), o cientista político Adriano Oliveira analisa o crescimento de 0,4% da economia brasileira no segundo trimestre, dado informado ontem. Esse número é resultado da recuperação da construção civil e do aumento do setor de serviços e pode ter consequências positivas para Bolsonaro tanto em 2020 (eleições municipais) quanto em 2022.</p><p>Entretanto, Adriano frisa que essas consequências positivas para o presidente só acontecerão se o aumento do PIB se mantiver ou crescer. Apesar do pensamento positivo do cientista, ele demonstra preocupação pela postura do próprio Bolsonaro, que se mostra instável. Exemplo é a crise ambiental pela qual o país passa e que foi consequência das falas do presidente e do seu ministro do meio ambiente; que, após as repercussões negativas, voltou atrás em muitos pontos, mostrando que pode ser controlado.</p><p>Outro ponto destacado por Adriano é a certeza da liberação dos recursos do excesso do pré-sal nos próximos meses. Esses recursos poderão ser distribuídos para municípios e estados, e darão fôlego para os candidatos da situação, o que pode gerar obras e possíveis reeleições.&nbsp;</p><p>O programa Descomplicando a Política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.&nbsp;</p><p>Confira mais uma análise a seguir:</p><p>
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As reformas estruturantes do País estão andando devagar - daí a lentidão na recuperação econômica -, e a única medida que o governo pode tomar para que o PIB cresça de forma mais expressiva é acelerar essa agenda. Ainda assim, a economia brasileira não vai mais repetir números superiores a 3%, pois a população não cresce mais como antes, segundo o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper. "Tudo indica que o Brasil não vai voltar a crescer 3% de forma sustentável. O que aprendemos no passado é que, se a gente consegue sinalizar que o Brasil está enfrentando com rigor a questão fiscal, isso dará maior segurança sobre o futuro da economia", diz ele, que foi secretário de política econômica entre 2003 e 2005.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

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As reformas estão avançando, mas ainda não há um resultado prático na vida das pessoas...

Opa, parou de piorar.

Não deveríamos esperar um resultado mais significativo?

Não. Fizemos muito pouco até agora. Olha a questão do déficit dos Estados. O que fizemos para resolver isso? A agenda está andando muito devagar.

Com mais velocidade nas reformas, sairemos da estagnação?

Tem de fazer muita reforma. Primeiro: o Brasil vai crescer menos daqui para frente. O Brasil tinha uma população que crescia 4% ao ano. Agora, cresce menos de 1%. Se você quer crescer 3%, a produtividade tem de crescer 2%. A produtividade do Brasil não cresce isso há 40 anos. Uma série de intervenções pioraram a produtividade. A incerteza sobre os investimentos aumentou. Você começa o projeto e não sabe quais serão suas obrigações. Olha o fracasso das concessões dos aeroportos no governo Dilma. A área de infraestrutura não consegue investir hoje no Brasil. Segundo: desde o segundo governo Lula, você voltou a fechar a economia. Terceiro: em vez de fazer reforma da Previdência lá atrás, o Brasil começou a inventar maneiras de aumentar a arrecadação para fechar as contas. Em vez de se fazer reformas para corrigir problemas estruturais e de aceitar as regras da competição - que é melhor ter acesso a máquinas mais eficientes do exterior, porque isso ajuda a produtividade interna -, fomos pelo caminho oportunista. O problema foi ficando maior e o ambiente de negócios, pior.

Mas aumentar a velocidade das reformas é suficiente para o Brasil crescer mais?

A sociedade não quer fazer reforma. A culpa é nossa. Como não fizemos a reforma da Previdência dos Estados agora? A parte tributária: o setor privado resiste, porque grupos isolados têm receio de pagar mais. Abertura comercial: setores de bens de capital resistem.

Se há necessidade de reformas, mas a sociedade resiste, o PIB poderá crescer mais de 1%?

Não vou fazer previsão. Se o País quiser um crescimento de 3% sustentável, tem de fazer reformas, o que implica perdas para alguns grupos. O Brasil hoje é o resultado de uma sociedade que acha normal a distribuição de benefícios: política de proteção regional, barreiras comerciais, incentivos tributários... A boa notícia é: não tem problema novo. Todos esses problemas já existiam antes, alguns há 20 anos, como o da Previdência. Quanto mais demora, pior a situação fiscal. A conversa de abertura comercial começou, mas não andou. Tem muitas medidas que estão na mão do secretário de Comércio Exterior (Marcos Troyjo) que poderiam estar sendo tomadas, como redução de restrições não tarifárias.

A agenda micro está parada?

Isso podia estar andando. A grande degradação do País é (nas áreas) tributária, de comércio exterior e de previsibilidade para investimento em infraestrutura. A da infraestrutura está andando mais. O ministro Tarcísio de Freitas está fazendo um trabalho de normalizar o processo. Se acertar, vai ser um salto para o País.

Mas as concessões devem demorar para impulsionar o PIB, não?

Nada é rápido. Esse tipo de agenda de reforma para crescimento demora muitos anos. A Inglaterra fez a reforma rápido, com (a primeira-ministra Margaret) Thatcher. Foram três anos de sofrimento, mas depois o crescimento foi rápido. Austrália e Nova Zelândia preferiram fazer essa agenda lentamente para não criar muita dor no caminho. Mas tiveram seis, oito anos de crescimento medíocre.

Para aliviar essa situação no curto prazo, não se deve adotar alguma medida?

Deve-se acelerar a agenda de reformas.

Mas as reformas não vão ter impacto já. Enquanto isso, há 13 milhões de desempregados...

Não sei o que fazer nesse caso. Estamos atrapalhando a redução do desemprego ao demorar para fazer o ajuste. Consigo imaginar várias medidas de estímulo no curto prazo, mas que vão piorar a economia no médio prazo.

Liberação do FGTS prejudica no curto prazo?

Está batendo um pouco de ansiedade porque o diagnóstico estava otimista. Tudo indica que o Brasil não vai voltar a crescer 3% de forma sustentável nos próximos anos. O que aprendemos no passado é que, se a gente consegue sinalizar que o Brasil está enfrentando com rigor a questão fiscal, reduzindo gastos obrigatórios e enfrentando a situação dos Estados, isso dá maior segurança sobre o futuro da economia. Isso auxilia a retomada da produção e do emprego.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O crescimento desacelerou no segundo trimestre na zona do euro, assim como a inflação em julho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (31) e que confirmam os maus presságios do Banco Central Europeu (BCE) e reforçam, de acordo com analistas, sua resposta em setembro.

"Os dados econômicos publicados esta manhã reforçam o argumento para que o BCE anuncie um pacote de estímulo em sua próxima reunião em setembro", disse Jack Allen-Reynolds, economista da Capital Economics.

Embora a desaceleração fosse esperada, Allen-Reynolds apontou que "a fraqueza econômica", anteriormente focada na Alemanha e na Itália, se estendeu no segundo trimestre, com um "declínio do crescimento na França, Espanha, Áustria e Bélgica".

Na Espanha, a quarta economia do euro, em uma base ano-a-ano, a expansão foi de 2,3% no segundo trimestre, uma desaceleração em relação aos 2,4% do trimestre anterior e em linha com as previsões do governo, que espera um crescimento de 2,2% para 2019.

No início de julho, a Comissão Europe não alterou suas previsões de expansão para 2019, em 1,2%, após registrar 1,9% em 2018. Mas rebaixou em um décimo as de 2020, para 1,4 %, devido à tensão comercial global e incerteza ligada ao Brexit.

Para Jesus Castillo, da Natixis, "é muito provável que o difícil ambiente externo (guerra comercial, Brexit e tensões no Oriente Médio) tenha dificultado o crescimento", tudo em "um contexto de inflação baixa persistente" e ainda sem saber como o Reino Unido deixará a UE.

- Desemprego dos jovens, uma "prioridade" -

A inflação, por sua vez, desacelerou em julho, a 1,1%, dois décimos a menos que no mês anterior, segundo a Eurostat.

A estimativa deste órgão da Comissão Europeia coincide com a projeção dos analistas consultados pelo prestador de serviços financeiros Factset.

A zona do euro afasta-se assim do objetivo do Banco Central Europeu (BCE), que considera que a inflação abaixo mais próxima de 2% é um sinal de boa saúde econômica.

A inflação subjacente, que não leva em conta os preços voláteis de energia, alimentos, álcool e tabaco, caiu dois décimos, para 0,9%, segundo o Eurostat.

Enquanto isso, o desemprego na zona do euro em junho, a 7,5%, seu nível mais baixo desde julho de 2008, informou nesta quarta-feira o Eurostat, que situou o número de desempregados em cerca de 12,4 milhões.

A primeira estimativa para junho do escritório de estatísticas europeu, que revisou em um décimo o dado de maio para 7,6%, coincide com as projeções do provedor de serviços financeiros Factset.

A Alemanha, a primeira economia da zona do euro, registrou o menor nível dos 19 países do mundo, com 3,1%, estável em relação ao mês anterior, seguida pela Holanda (3,4%, +0,1 pontos) e Malta (3,4%, -0,1 pontos).

Os grandes países do sul da Europa continuam com números acima da média. A Grécia, que até meados de 2018 estava submetida a uma série de programas de resgate desde 2010, registra a maior taxa, 17,6%, segundo dados de abril.

Na Espanha, a porcentagem de desempregados caiu um décimo em junho, para 14%. A Itália registrou uma queda semelhante, a 9,7%, enquanto na França, segunda economia da zona do euro, aumentou um décimo, para 8,7%.

A porcentagem de desempregados atingiu 12,1% no pico da crise da dívida entre abril e junho de 2013. Desde então, a situação melhorou até voltar à média anterior à crise financeira global de 2008 (7,5 %).

O desemprego entre as pessoas com menos de 25 anos caiu dois décimos em junho, a 15,4%, com a Grécia na liderança (39,6%, de acordo com dados de março), seguida pela Espanha, onde diminuiu três décimos no sexto mês do ano para 32,4%, e Itália (28,1%).

Por sexo, a porcentagem de desempregados na zona do euro permaneceu estável em junho entre os homens, 7,2%, e entre as mulheres, 7,9%.

Em todos os 28 países da União Europeia, o desemprego permaneceu estável em 6,3%, em quase 15,7 milhões de desempregados. A porcentagem de jovens caiu dois décimos em todo o bloco, para 14,1%.

Em seu relatório trimestral sobre as perspectivas para a economia da Europa, a Comissão Europeia reduziu suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro em 2020 de 1,5% para 1,4%, mas manteve as expectativas inalteradas para este ano em 1,2%.

No entanto, a Comissão advertiu que o crescimento econômico poderia ser ainda mais lento tanto neste ano quanto em 2020 se os Estados Unidos e a China impuserem tarifas adicionais a produtos um do outro. De acordo com o braço executivo da União Europeia, as crescentes tensões entre as duas maiores economias do globo levaram a uma desaceleração do comércio e da indústria, o que minou a expansão econômica da zona do euro desde o início de 2018.

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"Qualquer nova escalada nas tensões comerciais e um aumento na incerteza política podem prolongar a atual desaceleração do comércio global e da indústria e desencadear uma mudança acentuada no sentimento de risco mundial e um rápido aperto das condições financeiras", disse a Comissão Europeia. De acordo com a comissão, a queda do desemprego na zona do euro ajudou a apoiar o crescimento em face das tensões comerciais, mas um desaquecimento prolongado da indústria poderia se espalhar para o resto da economia.

A Comissão Europeia reduziu sua expectativa de crescimento da Alemanha em 2020 de 1,5% para 1,4% e também cortou a projeção de expansão da França no próximo ano de 1,5% para 1,4%. A previsão de crescimento da Espanha, contudo, foi elevada de 2,1% para 2,3% em 2020. Ja as projeções de inflação na zona do euro também foram reduzidas tanto neste ano quanto em 2020 e, agora, a Comissão Europeia espera que os índices de preços ao consumidor subam 1,3% ante 1,4% na projeção anterior. Fonte: Dow Jones Newswires.

Em 2017, Giovanna Ballerini Ribeiro Gomes fez seis meses de high school no Canadá. Antes, estudou inglês nos Estados Unidos. E teve a certeza de querer cursar o ensino superior fora do Brasil. "Sempre foi meu sonho", conta a estudante, agora com 18 anos, que faz parte de uma geração de alunos do País que, de modo crescente, vai para graduação no exterior.

Dos 365 mil brasileiros que em 2018 foram estudar no exterior, 50,4 mil buscaram graduação. Isso representa um aumento de 37,7% em relação a 2017 (36,6 mil). Os dados são da pesquisa Selo Belta 2019, encomendada pela Associação das Agências Brasileiras de Intercâmbio (Belta). E dos 50,4 mil estudantes que foram fazer graduação no exterior, 36,6% (um em cada três) eram de São Paulo.

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Os levantamentos da Belta, que responde por 75% do mercado, se dividem em duas partes: a primeira com agências e outra com estudantes (quantitativa). Na parte referente às agências, graduação no exterior subiu no ranking dos tipos de intercâmbio mais vendidos. Saiu da 7.ª posição (2016) para a 4.ª (em 2018). "Antes era um bicho de sete cabeças, hoje é mais acessível", afirma Maura Leão, presidente da Belta. "Se a família quer qualidade acadêmica, pode somar o custo de uma boa faculdade e acomodação lá fora e ainda tentar uma bolsa. Aí vê que de repente consegue pagar. Antes as pessoas não faziam essa conta", diz Maura, CEO do Yázigi Travel.

Saída da crise

Carla Gama, diretora-geral da Experimento Intercâmbio Cultural, ressalta que à medida em que a competição por empregos no Brasil se torna mais acirrada, cresce o interesse. "Os cursos estão mais acessíveis à classe média."

"Muitas pesquisas indicam que até 2030 uma parcela relevante das profissões que conhecemos deixará de existir e, de outro lado, o mercado vem migrando suas exigências, deixando de lado apenas diplomas, para exigir habilidades", afirma Abdul Nasser, professor da FGV In company e do Ibmec no Rio. "As famílias perceberam que investir em educação no exterior amplia os horizontes e possibilita a formação de um networking globalizado."

Para Daniela Ronchetti Perkins, diretora operacional da FPP Edu-Media no Brasil - empresa organizadora das feiras EduExpo e EduCanada -, os estudantes cada vez mais consideram que uma experiência no exterior vai ajudá-los em tempos de crise. "Muitos também têm a intenção de permanecer no exterior após a graduação. Por exemplo, o Canadá dá a oportunidade de o estudante ficar no país legalmente para trabalhar na área após a conclusão do curso."

"Comecei a pesquisa pelos Estados Unidos, mas fazer o curso não iria ajudar a imigrar. No Canadá, essa experiência contaria para um futuro processo (de imigração)", explica Bruno Cortez Sibella, de 34 anos, que buscava uma possibilidade de fazer sua vida fora do Brasil após ter sido demitido. Com o auxílio da Canada Intercambio, o paulista de Santo André fez Broadcast Television and Independent Production no Conestoga College.

Brasil

A preocupação com o futuro do Brasil também conta. "O contexto político-econômico é muito mencionado por quem nos procura", diz Laila Parada Worby, gerente da Crimson Education Brasil, empresa internacional de consultoria que trabalha com universidades de EUA e Inglaterra. "Alguns pais acreditam que esses cortes (de verba pelo governo federal) vão prejudicar muito o ensino no País."

As agências também vêm se especializando no recrutamento de estudantes em língua portuguesa. "As pessoas precisam de ajuda nos processos", diz Laila. Esse apoio ajudou a convencer a família de Giovanna Gomes, que embarca este ano para fazer Bioquímica na Universidade Central Florida. "Minha mãe nunca foi a maior fã da ideia de me ter tão longe assim."

"De 2017 para 2018, houve crescimento de 20% nas vendas. Em 2019, já podemos afirmar que temos aumento de 15%", diz o gerente Carlos Eduardo Madeira, da recém-criada STB Universidades. Outras agências também registraram acréscimo nas vendas. Na Experimento e na CI, ficou entre 15% e 20%. O mesmo ocorre com a Canadá Intercâmbio. A empresa tem perspectiva de crescer 20% na modalidade de graduação naquele país.

Sobre os países mais procurados, os EUA ainda estão no topo do ranking - com destaque para Exatas. "Eles têm cerca de 4,7 mil instituições de ensino superior e muitas oportunidades de bolsa", explica Maura Leão, da Belta.

Voluntariado

Ser estudante da América Latina, ter ótimas notas no colégio e na prova de proficiência em inglês, praticar esportes, fazer trabalho voluntário, ter determinada condição socioeconômica, tudo pode contar na hora de pedir bolsa a uma instituição de ensino superior nos Estados Unidos. "Acho bem democrático o processo de bolsas no Estados Unidos. Diferentes aspectos vão agregando para o aluno obter bolsa", explica Maura Leão, da Belta.

De acordo com Laila Parada Worby, gerente da Crimson Education Brasil, as instituições americanas tendem a ser mais generosas com bolsas. "Segundo a Fulbright Commission, são 600 universidades americanas que oferecem bolsas de mais de US$ 20 mil para alunos internacionais", conta. "No ano passado, 55% dos alunos atendidos pela Crimson receberam bolsa, sendo que nem todos solicitaram. A média de bolsa por aluno foi de US$ 25.131 por ano", diz.

No Canadá, a política muda de uma instituição para outra, então o estudante deve escolher em qual pretende estudar e entrar em contato para saber como proceder. O governo canadense também concede bolsas. Uma delas é a Elap (Programa de Futuros Líderes das Américas), que há dez anos mantém acordos com instituições latino-americanas. Entre 2009 e 2017, os brasileiros ficaram com um quarto das bolsas concedidas: 1.070.

Já o governo português não concede bolsas a estudantes internacionais. Mas as instituições de ensino podem escolher dar algum apoio financeiro - que nunca chega a 100%.

Maura Leão ressalta a importância de prestar a atenção às datas de inscrição. "O pedido de bolsa às vezes é em janeiro, mas as aulas vão começar só em setembro." Na França, por exemplo, as candidaturas para universidades públicas, realizadas pelo Campus France Brasil, costumam ir do meio de novembro até janeiro.

Portugal

A ida de brasileiros para estudar em Portugal só cresce: do ano letivo 2017/18 para 2018/19, a alta é de 32%, segundo a Direção Geral de Estatísticas da Educação e da Ciência, que não dispõe do total só em cursos de graduação. "Mas a maioria, cerca de 70%, é para graduação", diz Cristiane Lazoti, diretora e fundadora da EduPortugal, entidade privada que capta alunos do Brasil para cerca de 40 instituições lusas de ensino superior.

Além disso, o país é atraente pelo idioma, pela cultura, por aceitar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o ingresso de algumas universidades e pelos bons preços das anuidades, como destaca Tomás Furtado de Souza, de 20 anos, aluno de Gastronomia no Politécnico de Coimbra desde 2018. "Minha primeira opção era o Canadá, mas os custos eram elevados", conta o jovem. "Gastaria mais ou menos o equivalente a R$ 100 mil por ano só com universidade." Pela graduação em Portugal, o aluno paga R$ 11 mil anuais.

Países onde o idioma oficial não é nem o português nem o inglês, como Alemanha, Holanda e França, também têm ganhado a procura de brasileiros, sobretudo via cursos na língua inglesa, com valores mais em conta. "Nunca me imaginei na Holanda, mas enviei currículo e me aceitaram", relata a paulistana Amanda Raith, de 18 anos, que começa neste ano na reconhecida University of Twente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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