A partir desta sexta-feira (11), o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), integrante do complexo hospitalar da Universidade de Pernambuco (UPE), suspende temporariamente o atendimento para casos não emergenciais e a realização de cirurgias eletivas, aquelas sem caráter de urgência e que podem ser agendadas. A decisão se deve à falta de profissionais de saúde, em sua maioria afastados do serviço por causa da Covid-19.
Em nota, a assessoria informou que o centro não tem como realizar as substituições somente com a equipe técnica em reserva. O comunicado também diz que foi solicitado à Central de Regulação de Leitos de Pernambuco, responsável por definir o encaminhamento de pacientes aos estabelecimentos de saúde vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), que não realize mais encaminhamentos à unidade para esse tipo de serviço.
##RECOMENDA##
“O número de afastamento de profissionais nesta semana foi maior do que a capacidade de remanejamento. A reserva técnica atual é insuficiente para suprir a necessidade de 38 enfermeiros e 39 técnicos para recompor as escalas”, explica a administração.
A UPE recebeu autorização para a contratação imediata de oito enfermeiros, mas ainda não se sabe se essa reposição influenciará no retorno do serviço suspenso.
Em reunião com o secretário-geral do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), também na manhã desta sexta (11), os representantes da residência médica de ginecologia e obstetrícia do Cisam Rafael Alves e Mateus Glasner mostraram preocupação com o fechamento parcial das atividades da maternidade.
Segundo informações do Conselho, há uma indicação de que os casos graves sejam transferidos para outras unidades de saúde. Os representantes da residência questionaram o impacto do fechamento para a rede materno-infantil do estado, que pode enfrentar sobrecarga das equipes, bem como o possível prejuízo à formação médica dos residentes. Por orientação do secretário-geral, os médicos devem formalizar a queixa em documento que será protocolado no Cremepe e enviado à representação sindical local.
O problema com a carência no efetivo do Cisam estava sob agravamento desde maio, no começo da pandemia. O hospital já havia sido notificado pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) no mesmo mês por queixas relacionadas à jornada de trabalho extensa, acúmulo de plantões e fadiga da equipe, causados pelo afastamento de profissionais que contraíram a Covid-19.
Segundo o Coren, os relatos de funcionários do centro disseram que muitos colegas tinham sido afastados dos postos de trabalho com laudo médico sem previsão de volta, além dos que estavam afastados por estarem sintomáticos ou confirmados para a Covid-19, o que também incluiu pessoas do grupo de risco.
À época, a direção se mostrou ciente do déficit, mas explicou que a dobra de plantão era a única opção possível para a realidade da unidade, já que não é possível realizar a contratação de plantões extras devido a uma política da reitoria da UPE. No mesmo período, a administração disse ter enviado ao Estado solicitações para contratação emergencial de novos profissionais.