A polícia britânica anunciou, nesta quarta-feira (18), a detenção de um homem por um dos mais graves atentados atribuídos, no Reino Unido, aos republicanos norte-irlandeses do IRA, cometido em 1974 em dois "pubs" de Birmingham e com saldo de 21 mortos.
"Um homem foi preso em relação às investigações dos assassinatos de 21 pessoas no ataque de 1974 nos 'pubs' de Birmingham", informou a polícia de West Midlands, em um tuíte.
O suspeito, de 65 anos, foi detido em virtude da legislação antiterrorista, e sua casa estava sendo revistada, acrescentou a mesma fonte.
O atentado, que teve como alvo dois pubs dessa cidade no centro da Inglaterra, o Mulberry Bush e o Tavern in the Town, ocorreu em 21 de novembro de 1974, no auge da violência do IRA contra as autoridades britânicas.
Foi atribuído à organização paramilitar republicana que, no entanto, nunca reivindicou a autoria.
Uma investigação inicial da polícia de West Midlands levou à condenação de seis homens à prisão perpétua em 1975.
No entanto, conhecidos como os "seis de Birmingham", foram absolvidos posteriormente em um julgamento de apelação em 1991.
O julgamento revelou que eles foram obrigados pela polícia a confessar, produzindo falsos depoimentos.
O chefe da polícia de West Midlands em 2016, Dave Thompson, afirmou que o fato de não ter detido os responsáveis do atentado e a condenação injusta dos seis de Birmingham foi "a decisão mais grave na história deste setor".
Naquele momento, Thompson estava pessimista sobre a possibilidade de os responsáveis pelo atentado serem descobertos e julgados.
"Desde 2012 e diretamente como resultado da campanha das famílias das vítimas, nós reavaliamos cuidadosamente as chances de levar os responsáveis à Justiça. Apesar de uma busca intensa, não conseguimos encontrar, neste momento, uma perspectiva de fazer isso", disse naquele dia.
3.500 mortos em três décadas
A prisão desta quarta-feira ocorre após a abertura de uma nova investigação em fevereiro de 2019 para determinar as responsabilidades do Estado e das autoridades públicas.
Uma série de investigações realizadas em 2016 revelaram que a polícia estava ciente da preparação deste ataque duplo, mas não o impediu.
Entre 1969 e 1998, mais de 3.500 pessoas morreram no conflito entre republicanos católicos, unionistas protestantes e o exército britânico, principalmente na Irlanda do Norte.
A violência terminou em 1998 graças ao acordo de paz da Sexta-feira Santa. Mas a existência ainda hojede grupos paramilitares dissidentes continua sendo preocupante.
A saída definitiva do Reino Unido da União Europeia, no fim do período de transição pós-Brexit em 31 de dezembro, pode reativar a atividade desses grupos na Irlanda do Norte, alertou na terça-feira uma comissão independente criada em conjunto pelos governos britânico e irlandês.
Em outubro, um comitê parlamentar britânico alertou que qualquer infraestrutura instalada na fronteira entre a República da Irlanda e Irlanda do Norte após o Brexit criaria um risco de violência ao construir um "alvo" de ataques e um argumento para recrutar por parte dos republicanos dissidentes.