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Cenários internos e externos contribuíram para a trajetória dos preços dos combustíveis no país ao longo de 2023. No cenário interno, as maiores influências vieram de mudanças na cobrança de tributos e da nova política de preços da Petrobras. Fora do Brasil, dúvidas sobre o comportamento das principais economias e consequências da guerra na Ucrânia são os fatores apontados.  

A trajetória no preço dos combustíveis é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA é considerado a inflação oficial do país.  

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Custo na bomba

Até novembro, último mês com resultado fechado, a inflação acumulava alta de 4,04%, sendo que o subitem combustíveis era mais que o dobro, 8,92%. O IBGE apurou que a gasolina puxou a subida, contribuindo com 12,47% no período. Por outro lado, o etanol caiu 7,11, o diesel 6%, o gás natural veicular (GNV), 7,76% e o botijão de gás, menos 6,56%. 

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também faz acompanhamento dos preços médios de revenda nos postos. De 1º de janeiro a 10 de dezembro, o litro da gasolina comum subiu de R$ 5,12 para R$ 5,61.  

O litro de etanol caiu de R$ 4,01 para R$ 3,51 no mesmo período. No caso do diesel, a redução foi de R$ 6,41 para R$ 5,95. O GNV recuou de R$ 4,77 para R$ 4,44 o metro cúbico (m³), e o botijão de 13 quilos teve queda de R$ 108,50 para R$ 100,96.  

Apesar de o preço pago pelo consumidor nas bombas incluir custos como margem de lucro dos revendedores e tributos, uma âncora da precificação dos combustíveis é a parcela da Petrobras – principal produtora de petróleo e derivados do país. No caso da gasolina, por exemplo, essa parte responde por um terço do valor final. 

Política de preços

Apesar de não ser a única responsável pelo preço dos combustíveis na bomba, a Petrobras tem grande influência sobre o comportamento de preços. Até maio deste ano, a estatal seguia a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), que atrelava os valores no Brasil ao mercado internacional, suscetível a mais volatilidade. Era algo como aumentou lá fora, vamos aumentar aqui. 

Em maio, a estatal abandonou o PPI e passou a adotar uma política que, na prática, faz “abrasileirar” os preços dentro do país.

A Petrobras explica que a nova estratégia comercial passou a incorporar as melhores condições de produção e logística para a definição dos preços de venda de gasolina e diesel às distribuidoras. Isso permitiu, segundo a estatal, “em especial no ano de 2023, mitigar a alta volatilidade do mercado internacional, proporcionando períodos de estabilidade de preços”. 

Apesar de o IBGE ter identificado inflação nos preços em 2023, os combustíveis vendidos pela Petrobras ficaram mais baratos ao longo do ano. Um levantamento feito pela empresa em dezembro mostra que o litro da gasolina barateou R$ 0,27, representando uma queda de 8,7%.  

No caso do diesel, a redução foi de R$ 1,10 (22,5%), sendo a redução mais recente vigorado a partir de 27 de dezembro; botijão de gás de 13 quilos foi reduzido em R$ 10,40 (24,7%), e o querosene de aviação caiu R$ 1 por litro (19,6%). 

Ajustes

Em 24 de novembro, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, elogiou a mudança na política de precificação da empresa.  

“A gente não está mais no período da ditadura do PPI. Nós não estamos mais reajustando os preços em tempo real e em dólar, de acordo com a paridade de importação”, explicou. 

“O que também não quer dizer – e ninguém nunca prometeu isso em campanha alguma, muito menos o presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] – que o preço só ia cair. O que foi compromissado foi ‘abrasileirar’ os preços, e isso nós fizemos. Nós trouxemos para a política de preço os fatores nacionais aos componentes, que são, inclusive, parte da nossa estrutura, que é produzir no Brasil. Esse fator faz diferença para a gente poder fazer ajustes em patamares. Isso dá estabilidade ao mercado”, completou. 

Pressão política

Prates também refutou ter sofrido pressões do presidente Lula para segurar o preço dos combustíveis. 

A declaração aconteceu poucos dias depois de Prates ter levado um “puxão de orelha” do ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira. No dia 17 de novembro, o ministro reproduziu na rede social X uma entrevista em que defendia a queda nos preços. 

“Fiz essa manifestação à Casa Civil. É importante, respeitando a governança da Petrobras, respeitando a sua natureza jurídica. Mas já está na hora de puxarmos a orelha de novo da Petrobras, para que ela volte à mesa e possa colocar com clareza”, escreveu o ministro. 

Economias globais

O superintendente de pesquisa da FGV Energia, Márcio Couto, explicou à Agência Brasil que dois principais fatores externos contribuíram para que os preços dos combustíveis tivessem uma tendência de queda no cenário internacional em 2023. 
Um deles é a conjuntura econômica, com os Estados Unidos subindo taxas de juros para conter a inflação americana por meio da desaceleração da economia. Soma-se a isso desconfianças sobre a força do crescimento da China, segunda maior economia global.  

"Essas dúvidas fazem com que as pessoas prevejam uma demanda por petróleo menor e faz com que haja uma redução no preço", analisa Couto, contextualizando que o barril de petróleo flutuou na casa dos US$ 70, US$ 75, diferentemente de 2022, quando ultrapassou os US$ 100 seguidamente. 

Outro elemento externo é um reflexo da guerra na Ucrânia. Como forma de pressionar a Rússia a parar o conflito, a União Europeia e o G7 (grupo dos sete países mais desenvolvidos do mundo) aplicaram embargos à compra do petróleo russo.  

"A Rússia ficou com muito petróleo e derivados sobrando e está colocando esses produtos no mercado por um preço muito baixo. Você passou a ter um combustível barato", observa Couto. 

“A Rússia passou a ser a principal origem de exportação de diesel para o Brasil”, complementa.  

Para Couto, os dois elementos facilitaram as coisas para a Petrobras. “A Petrobras pôde fazer uma administração de preços com menor pressão política”. 

Reoneração

De acordo com o especialista da FGV, esses dois fatores que levaram a uma tendência de baixa nos preços dos combustíveis ganham uma quebra de braço com um elemento interno que tenderia a fazer os preços subirem em 2023: a reoneração dos combustíveis. 

Em junho de 2022, os tributos federais tinham sido zerados pelo governo Jair Bolsonaro como tentativa de conter a inflação. A medida perderia validade na virada do ano, mas o presidente Lula, no primeiro dia de gestão, prorrogou a isenção por mais 2 meses.  

Em março, o governo reonerou parcialmente a gasolina e o etanol com a cobrança do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Desde 29 de junho, a cobrança integral do PIS/Cofins voltou a ser feita.  

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a ideia de que a reoneração de combustíveis seria compensada pelo clima no mercado internacional.  

Em junho, quando se discutia a antecipação da oneração do diesel – prevista originalmente para 1º de janeiro de 2024, o ministro acreditava que o aumento não seria sentido pelo consumidor final. “Na bomba, esse aumento não vai se verificar porque já houve queda adicional do dólar e uma queda do preço do petróleo. Então, estamos sem preocupações quanto a isso. Não tem impacto para o consumidor”, ponderou. 

Futuro

Para 2024, Couto, da FGV, não crava previsões sobre o comportamento dos preços, uma vez que não basta analisar o cenário interno. Seria preciso prever também o quadro externo. 

Sobre dois temas ligados ao mercado de combustíveis que ganharam o noticiário em 2023, o especialista acredita que não devem influenciar os preços. 

Um deles é a exploração de petróleo na Margem Equatorial - área marítima que se estende por mais de 2,2 quilômetros a partir da costa, desde o Amapá até o Rio Grande do Norte, tida como de grande potencial. 

Márcio Couto explica que a exploração inicial de petróleo é um processo que dura anos para dar frutos.  

"Esses processos de exploração da Margem Equatorial demoram muito tempo para iniciar a fase de produção, 3, 5 anos. Isso é mais para o futuro. Existe uma previsão de que haja uma queda na produção do pré-sal a partir de 2031, 2032, e essa produção na Margem Equatorial é no sentido de suprir essa queda no pré-sal", explica. 

O outro assunto é a entrada do Brasil na Organização dos Países Produtores de Petróleo Plus (Opep+), que reúne grandes produtores de petróleo mais os seus aliados. 

“É mais um movimento político do que econômico", afirma.

Proposta que integra o pacote tributário do Ministério da Fazenda, a Medida Provisória (MP) 1185, da chamada subvenção, fecha brechas para grandes empresas pagarem menos tributos federais, descontando incentivos fiscais concedidos pelos Estados. Ela é considerada a bala de prata da equipe econômica para reduzir o que governo considera uma "sangria" nos cofres do Tesouro Nacional. Aprovada na Câmara nesta sexta-feira, 15, ela segue agora para o Senado.

Caso o atual modelo de abatimento siga valendo, a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, projeta uma erosão da base de cálculo dos tributos federais de R$ 250 bilhões em 2024 - o que significaria, no mínimo, R$ 80 bilhões a menos em arrecadação no próximo ano.

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Trata-se de um quadro considerado pela Fazenda como insustentável no médio prazo para a saúde das contas públicas federais, com impacto também nos Estados e municípios, já que esse dinheiro é compartilhado com governadores e prefeitos. Para o governo, a MP corrige essa espiral negativa.

Emperrada depois de várias tentativas do governo desde o primeiro semestre, a mudança na tributação começou a avançar, de fato, no final de novembro, depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), assumiu as negociações diretamente com a Fazenda para a construção de uma minuta que prevê um parcelamento em até 12 meses dos valores não pagos no passado, com descontos de até 65%.

Lira foi chamado de "relator informal" da proposta. Ele já disse que o resultado das negociações seria o acordo possível e não iria agradar totalmente nem o lado das empresas e nem o da Fazenda.

O clima das negociações mudou depois que Haddad começou a convencer as lideranças dos partidos de que o Congresso, com esses incentivos, estaria transferindo aos Estados a atribuição de legislar sobre os tributos federais - que é de competência dos senadores e deputados.

Isso porque são as assembleias legislativas estaduais que aprovam os benefícios concedidos pelos governadores para atrair as empresas e aumentar os investimentos nos seus Estados. O argumento era que o Congresso perdia autonomia - e potenciais novos recursos para emendas parlamentares, que irrigam os redutos eleitorais - se as brechas não fossem fechadas.

É essa narrativa usada para pavimentar a construção de um acordo em torno da MP. A avaliação predominante, até então entre os parlamentares, era que a mudança não seria aprovada de jeito nenhum.

Para reverter esse clima, o Ministério da Fazenda começou a mostrar às lideranças do Congresso as extensas pautas dos convênios de incentivos que são analisados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), colegiado que reúne os Estados e o governo federal e que trata do ICMS.

Alguns dos exemplos citados são os pedidos de benefícios para a polpa de açaí produzido no Pará, que o Amazonas também quis acompanhar, e para abate de suínos em Santa Catarina.

Do lado das empresas, o argumento é de que a proposta vai onerar os investimentos, representa uma mudança brusca de entendimento, e será judicializada. Para as empresas, ela restringe a decisão sobre o tema adotada, em maio, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Tal medida, na versão das companhias, reforça a insegurança jurídica que existe para investir no Brasil.

Transição

A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) reforçou sua posição em relação à MP. O gerente de relações institucionais da entidade, Hugo Leal, reforçou a importância de se garantir a segurança jurídica com uma regra de transição.

A entidade, que representa grandes empresas, defende uma reforma tributária estruturante da renda e não medidas isoladas que teriam, na visão da associação, viés arrecadatório.

Por ser um tema muito técnico, a controvérsia em torno da proposta tem sido alimentada por informações desencontradas. A seguir, o Estadão explica o que é esse benefício, o seu histórico, como ele afeta as contas públicas e o que pode vir por aí com a MP que está sendo negociada.

O que são subvenções?

A subvenção é um tipo de subsídio dado pelo governo. No caso em discussão, trata-se de benefício tributário para reduzir ou isentar empresas do pagamento de tributos, como estímulo à instalação ou expansão dessas companhias em determinados locais.

Os Estados, por exemplo, concedem bilhões de reais em subvenções de ICMS, que é o principal imposto arrecadatório dos governadores. Dados da Febrafite, associação que reúne os fiscais estaduais, apontam que os Estados abriram mão de cerca de R$ 100 bilhões em arrecadação no ano passado devido a essa guerra fiscal, o equivalente a 15% do total arrecadado.

Por que a subvenção dos Estados afeta a União?

Em 2017, uma lei aprovada pelo Congresso abriu caminho para que as empresas pudessem abater esses benefícios recebidos dos Estados (as subvenções do ICMS) da base de cálculo de tributos federais, recolhendo menos impostos à União. Esse trecho chegou a ser vetado pelo então presidente Michel Temer, mas o veto foi derrubado pelos parlamentares.

Desde então, as companhias passaram a contar com uma espécie de benefício "duplo": a subvenção estadual e a redução da base de cálculo de tributos como Imposto de Renda (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Na prática, pagam menos impostos tanto para os Estados quanto para o governo federal.

Quais os impactos na arrecadação?

Segundo o Ministério da Fazenda, os impactos fiscais começaram a aparecer em 2018, quando houve uma redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL (tributos federais) da ordem de R$ 50 bilhões. Esses números, de acordo com a equipe econômica, tiveram crescimento exponencial com o passar dos anos, até chegar a R$ 250 bilhões projetados para 2024.

Isso significa que a União deixará de arrecadar cerca de R$ 80 bilhões no próximo ano, com impacto também no caixa de prefeitos e governadores. Isso porque os fundos de participação de Estados e municípios são abastecidos com parte da arrecadação do IRPJ.

Quais empresas são beneficiadas?

As grandes companhias que pagam o imposto pela sistemática de lucro real. Segundo a Receita Federal, são cerca de 7 mil empresas, mas 95% do benefício é concentrado em apenas 393 companhias.

O que o STJ decidiu?

O tema foi alvo de uma série de ações judiciais e entrou na pauta da primeira seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em abril deste ano. Por unanimidade, a Corte decidiu que não é possível abater as subvenções do ICMS da base de cálculo do IRPJ e CSLL, com exceção de situações previstas em duas leis federais.

A interpretação da Fazenda é de que a decisão deixou clara a separação entre investimento e custeio. Ou seja, que o benefício estadual só poderá ser abatido dos impostos federais quando estiver ligado a investimentos, e não a despesas correntes da empresa. Tributaristas e o setor empresarial alegam, porém, que a decisão do STJ ainda deixou lacunas e pedem, formalmente, que a Corte faça esclarecimentos.

O que pode mudar?

A MP 1185, elaborada pelo governo após a decisão do STJ, determina que as subvenções estaduais só poderão ser abatidas da base de cálculo dos tributos federais quando forem ligados a investimentos, como compra de máquinas ou ampliação de fábricas, e não a despesas de custeio - ou seja, do dia a dia das empresas.

O texto também cria uma nova sistemática para esse abatimento e restringe o seu alcance. Em vez de abater os incentivos da base de cálculo dos tributos da União, a empresa terá de se habilitar em um sistema online do Fisco e, uma vez autorizada, receberá um crédito de 25% sobre o valor do benefício fiscal - o que é equivalente à alíquota do IRPJ.

"O que a União passou a fazer é o seguinte: ‘olha, se você está recebendo essa subvenção, você está tendo um aumento patrimonial causado por essa diminuição da sua carga tributária, e isso vira lucro e receita bruta. Se eu estou aumentando seu lucro e sua receita bruta, você tem que pagar mais IRPJ", explica Thiago Buschinelli Sorrentino, pesquisador do Núcleo de Estudos Fiscais da FGV.

O que o governo federal alega?

Na visão da equipe econômica, o objetivo não é acabar com a possibilidade de realizar o abatimento dos impostos federais, mas fixar um "torniquete" para diminuir a sangria de recursos dos cofres públicos.

Quais são os pontos de resistência?

O governo quer cobrar o passado - ou seja, os tributos que deixaram de ser recolhidos - por meio de parcelamentos e descontos por meio de transação tributária, pela qual as empresas fazem acordos para pagar os débitos que são reconhecidos. As empresas consideram que estavam dentro da lei e o governo diz que elas perderam no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na primeira versão da MP, o desconto é de 65% do débito com pagamento em 12 parcelas. Ou a empresa pode quitar 5% antes do desconto em 5 parcelas e o restante com 50% de desconto em 60 meses; ou quitar 5% antes do desconto em cinco parcelas e o restante com 35% de desconto em 84 meses.

As empresas também reclamam da definição de investimentos, que veem como muito restritiva, e defendem a ampliação do escopo de devolução dos impostos pagos, incluindo CSLL e PIS/Cofins - e não apenas o porcentual referente ao IRPJ.

Por que essa medida é tão importante para o ministro Haddad?

O governo espera arrecadar R$ 35,3 bilhões em 2024, numa conta conservadora - cifra que ajudaria a reforçar as receitas necessárias ao cumprimento da meta de déficit zero das contas do governo no ano que vem. Sem essa medida, a tarefa será impossível. Mas o governo também deseja estancar a perda de arrecadação que esses incentivos vêm promovendo no Imposto de Renda.

A queima de 35 ônibus na zona oeste do Rio foi uma ação orquestrada por milicianos em resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, conhecido pelos apelidos de Faustão e Teteus. Sobrinho do chefe de uma das principais milícias do Rio, ele era o segundo na hierarquia do grupo criminoso. Na última década, as milícias se expandiram no Grande Rio e estão presentes em boa parte da zona oeste da capital, afetando a vida de milhões de pessoas. Mas, afinal, o que é uma milícia?

As milícias são grupos armados que formam um poder paralelo, à revelia das forças de segurança do Estado. Em geral, elas são formadas por agentes ou ex-agentes do próprio Estado, como policiais, bombeiros e guardas penitenciários, mas há casos também de grupos criminosos criados apenas por civis.

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A existência desses grupos é antiga, mas ganhou especial atenção a partir dos anos 2000. No início, eles eram exaltados publicamente até mesmo por prefeitos e governadores, que viam as milícias como grupos auxiliares na segurança pública - um grave erro, segundo especialistas, considerando que se tratavam na verdade organizações criminosas que passariam a extorquir moradores e comerciantes, mediante elevada brutalidade.

Em 2008, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) instaurou a CPI das Milícias, que terminou com o indiciamento de 225 pessoas, incluindo vereadores e deputados estaduais. Aquela comissão de inquérito demonstrou o verdadeiro papel dessas organizações.

"(Elas) atuam em territórios de moradia de baixa renda, onde controlam ilegalmente ou cobram taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário. Sabe-se que tais controles são exercidos de maneira arbitrária, por meio de ações coercitivas como espancamentos, tortura e homicídios. Sabe-se ainda que as milícias se envolvem em disputas territoriais violentas - entre si e com "comandos" do tráfico de drogas - e que em diversas áreas elas também lucram com a venda de drogas", explica o relatório "A expansão das milícias no Rio de Janeiro: uso da força estatal, mercado imobiliário e grupos armados", do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

De fato, desde aquela CPI o perfil das milícias mudou bastante. Se no início se vendia a ilusão de que elas protegeriam moradores do Rio das facções do tráfico, hoje alguns desses grupos se aliaram a eles, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), a maior do Rio.

"A milícia se diversificou, diversificou seus negócios. Este grupo que é ligado ao Ecko estabeleceu alianças com o CV e abriu conversas com o TCP. Então, acontece algo interessante nisso: há uma escalada de assassinatos desses líderes e parece que temos uma ação antimilícia em curso. Só que esta é uma lógica muito parecida com as ações antitráfico que vemos", diz Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.

"Basicamente (o que se faz é) a perseguição de líderes. Só que isso não afeta a estrutura. Então, o essencial parece ser essa aliança entre tráfico e milícia, mas garanto que não é. O essencial aqui é que vemos que há mais de uma década não temos nenhuma ação, nada com foco em atacar o poder miliciano no Estado", acrescenta Cecília.

Um estudo realizado pelo Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Geni/UFF mostra que as áreas dominadas por grupos milicianos aumentaram 387,3% entre 2006 e 2021. Ao todo, segundo o mapeamento, 10% de toda a área territorial que compõe a região metropolitana do Rio tem atuação deles.

Na zona oeste carioca, onde os ônibus foram queimados na segunda-feira, os índices de violência cresceram muito este ano em relação a 2022. Segundo o Fogo Cruzado, até 23 de outubro o número de tiroteios havia aumentado 55% na região, e o de chacinas saltou de 4 para 14, o que representava um aumento de 250%.

O governo do Estado afirma estar empenhado no combate às milícias. Em nota, afirmou que "as ações para asfixiar o crime organizado já resultaram em prejuízos de mais de R$ 2,5 bilhões para as milícias" e que "mais de 1.500 milicianos foram presos".

Morte de Ecko intensificou ataques das milícias; conheça algumas das principais lideranças

A violência na zona oeste por parte das milícias se intensificou ainda mais nos últimos anos a partir da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko. Líder da Liga da Justiça, então a maior milícia do Rio, ele foi morto em 2021 em uma ação da Polícia Civil. O processo de sucessão no grupo desencadeou uma verdadeira guerra entre seu irmão Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Danilo Dias Lima, o Tandera.

"Houve um racha na milícia, com Tandera e Zinho disputando o controle das áreas que eram de domínio de Ecko. Esse conflito entre milicianos é grande e afeta a vida de milhões de pessoas há meses", explica Cecília Olliveira, do Instituto Fogo Cruzado.

"A Liga da Justiça, milícia formada inicialmente por policiais expulsos e aposentados, se transformou com a liderança de Carlinhos Três Pontes, que foi traficante e nunca foi policial. Ele começou a chamar traficantes para compor a milícia, e expandiu a relação com o tráfico", explica Cecília.

Zinho, de 44 anos, chegou à milícia por sua habilidade com as contas, apontam investigações. Era o responsável, segundo o governo do Rio, por contabilizar e lavar o dinheiro oriundo das atividades ilícitas, entre elas a venda clandestina de sinais de TV a cabo, licenças para serviços de transporte, venda de gás e cobrança de taxas de segurança dos pequenos comerciantes.

Tandera, com quem Zinho está em batalha sangrenta, rompeu com o grupo e se aliou a outros parceiros no crime. Investigações mostram que ele controla vastas regiões em cidades da Baixada Fluminense, como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu. O miliciano é conhecido pelo uso de armas potentes, bombas e pelo estilo cruel.

Além deles, outro miliciano bastante procurado pela polícia do Rio é Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 52 anos. Ele atua diretamente no tráfico de drogas e está entre as lideranças do Comando Vermelho (CV), segundo o governo do Estado.

O criminoso, com trânsito entre traficantes e milicianos, saiu pela porta da frente do Complexo de Bangu, em julho de 2021, mesmo com mandado de prisão expedido. Segundo o Ministério Público do Rio, Abelha participou da decisão do CV de invadir o Morro de São Carlos, em 2020, que estava sob controle de uma facção rival.

As polícias do Rio e de São Paulo, além da Polícia Federal, investigam o assassinato de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio, na madrugada desta quinta-feira (5). A principal hipótese da polícia para a motivação do crime é que um dos profissionais pode ter sido confundido com um miliciano. A tese foi compartilhada por investigadores do Rio com agentes de São Paulo que prestam apoio ao inquérito.

Como ocorreu o assassinato dos médicos?

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Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro, policiais militares do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) foram acionados para uma ocorrência de homicídio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. De acordo com o comando da unidade, no local os agentes encontraram quatro vítimas de disparos de arma de fogo sendo socorridas por militares do Corpo de Bombeiros. Três delas não resistiram aos ferimentos e morreram no local.

Informações preliminares apontam que todos estavam em um quiosque da região quando foram vítimas de disparos de arma de fogo efetuados por ocupantes de um automóvel.

De acordo com imagens de câmeras de segurança do quiosque fornecidas pela Polícia Civil do Rio, é possível ver os três homens aparentemente encapuzados descendo de um veículo e indo em direção aos médicos para efetuar os disparos. Alguns dos criminosos atiram várias vezes nas vítimas.

Os médicos estavam hospedados no Hotel Windsor, que fica localizado na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, para acompanhar o 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo. O médico Daniel Sonnewend Proença, que sobreviveu ao ataque criminoso e encontra-se hospitalizado.

Quem são os médicos mortos?

Marcos de Andrade Corsato (médico assistente do IOT- HCFMUSP desde 1992)

Diego Ralf Bomfim (médico residente no HCFMUSP entre 2020 e 2021)

Perseu Ribeiro Almeida (médico residente no HCFMUSP entre 2021 e 2022)

Marcos de Andrade Corsato possuía mestrado em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1997). Atualmente, era membro titular da Federación Latinoamericana de Medicina y Cirugia de la Pierna y Pie, membro da National Geographic Society, membro titular da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé e médico assistente do IOT/ HCFMUSP. Tinha experiência na área de Medicina, com ênfase em Cirurgia Ortopédica.

Perseu Ribeiro Almeida possuía graduação em Medicina pelo Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia (2017). Residência médica em Ortopedia e Traumatologia pelo COT/Martagão - CEOT. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Especialista em Cirurgia do Pé e Tornozelo pelo IOT-HCFMUSP, onde já foi residente. Tinha experiência na área de Medicina, com ênfase em Ortopedia e Traumatologia.

Diego Ralf de Souza Bomfim era graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina Dr. Domingos Leonardo Cerávolo, da Universidade do Oeste Paulista. Especialista em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Santa Rita - Associação Beneficente Bom Samaritano - em Maringá/PR, com aprovação no título de especialista em Ortopedia e Traumatologia, aplicado pela Sociedade Brasileira de Ortopedia. Especialista em Cirurgia do Pé e Tornozelo na Associação Beneficente Nossa Senhora do Pari - São Paulo/SP, com aprovação na prova de título da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) de 2021.

Qual é a principal linha de investigação?

A principal hipótese da polícia para a motivação do assassinato de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio, é que um dos profissionais pode ter sido confundido com um miliciano. O médico Perseu Ribeiro Almeida pode ter sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa. Segundo o portal G1, Dalmir é apontado por autoridades policiais como um dos chefes de uma milícia que atua na zona oeste da cidade do Rio. Perseu e Taillon possuem fisionomia similar.

Quem está investigando o caso?

Por determinação do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e do delegado-geral da Polícia Civil, Dr Artur Dian, a Polícia Civil de São Paulo enviou, já na manhã desta quinta-feira, 5, duas equipes para auxiliar nas investigações dos assassinatos no Rio.

Foram designados cerca de 10 integrantes da Polícia Civil. Entre eles, estão dois delegados, além de investigadores e peritos dos departamentos de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e de Inteligência da Polícia (Dipol). Outros policiais civis, além disso, devem auxiliar na realização de diligências ao longo dos próximos dias na capital paulista. A ideia é levantar informações sobre a vida pregressa das vítimas.

Em nota, o governador do Rio, Cláudio Castro, disse ter determinado à Polícia Civil que "empregue todos os recursos necessários para chegar à autoria do crime bárbaro que tirou a vida de três médicos e feriu outro na Barra da Tijuca". "Minha solidariedade aos familiares das vítimas. Esse crime não ficará impune!"

No início tarde, representantes das forças de segurança do Rio, do Ministério Público do Estado e da Polícia Federal fizeram um pronunciamento em que afirmaram estar despendendo "todos os esforços" para elucidar o crime, que definiram como bárbaro.

Qual foi a reação política ao caso?

Diego é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), companheira do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, por meio das redes sociais, que recebeu com grande tristeza e indignação a notícia da execução dos médicos na orla da Barra da Tijuca. Ele citou que a Polícia Federal está acompanhando o caso.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, classificou o assassinato dos três médicos como "execução". Dino citou ainda uma "hipótese" de relação do caso com a atuação de dois parlamentares federais, motivo pelo qual acionou a Polícia Federal para acompanhar as investigações. "Após providências iniciais, analisaremos juridicamente o caso". As imagens de câmeras de segurança mostram o ataque com características de execução, já que nenhum assalto foi anunciado.

Em meio a atrito com o governo Lula em razão do que considera "falta de articulação política" do Executivo, o presidente da Câmara dos Deputados teve uma semana difícil na Justiça: viu um de seus aliados principais ser alvo da Polícia Federal nesta quinta-feira, 1º; ficou mais próximo de um julgamento no Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva na Lava Jato; e sofreu revés em uma ação em que atribui crime contra a honra ao senador Renan Calheiros, um de seus principais opositores.

A sequência de golpes ao parlamentar levou seus aliados a levantarem teorias sobre o momento político do alagoano. Entenderam que a Operação da PF pode interessar a adversários de Lira não só em seu estado natal, mas no Planalto.

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A Operação Hefesto foi aberta nesta quinta-feira, 1º, para investigar supostas fraudes de R$ 8,1 com o superfaturamento da compra de kits de robótica por mais de 40 municípios de Alagoas. Um dos principais alvos da ação foi Luciano Cavalcante, ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Ele ainda trabalha na liderança do PP na Casa, recebendo R$ 14,7 mil de salário.

Enquanto lida com o rescaldo da ofensiva, que apreendeu mais de R$ 4 milhões em endereços de investigados, o presidente da Câmara se prepara para julgamento no STF na próxima semana. A Corte máxima marcou para o dia 6, próxima terça-feira, a análise um recurso do parlamentar em caso que pode torná-lo réu por suposto recebimento de propina de R$ 106 mil do ex-presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Francisco Colombo.

Segundo o Ministério Público Federal, o pagamento se deu em troca de apoio político. O montante foi apreendido pela Polícia Federal com um assessor parlamentar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 2012. A denúncia foi recebida pelo STF em 2019. Depois, a PGR mudou de entendimento e defendeu o arquivamento da própria acusação. Enquanto isso a defesa de Lira alega esvaziamento da denúncia.

Enquanto o STF acelera a análise da denúncia contra Lira, uma outra ação de interesse do deputado foi travada. Na quarta, 31, o ministro André Mendonça, do STF, suspendeu ação em que o presidente da Câmara atribui ao senador Renan Calheiros - seu opositor - crimes contra a honra em razão de ataques durante a campanha.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira, 24, o adiamento de uma viagem à China, que estava prevista para este sábado, 25, para tratar de uma pneumonia. A assessoria do petista informou que o quadro é "leve" e que a ida ao país asiático ficará para domingo, 26. Não foram passados maiores detalhes sobre a doença.

Segundo médicos ouvidos pelo Estadão, a pneumonia é uma infecção que se instala no pulmão e que é causada principalmente por três agentes: vírus, bactérias e, mais raramente, fungos. O diagnóstico da doença pode ser feito por meio de exames físicos e de imagem, bem como por meio de testes laboratoriais. Os tratamentos variam de acordo com cada quadro.

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"Em geral, a pneumonia bacteriana é a mais comum, principalmente em adultos comunitários (que vivem em comunidade) e em pacientes hospitalizados", diz o médico pneumologista Felipe Marques da Costa, coordenador da equipe de pneumologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. "A pneumonia viral é comum em crianças e idosos. Já a pneumonia fúngica é a forma menos comum, ocorrendo preferencialmente em pacientes com algum grau de imunossupressão."

A pneumonia pode ‘passar’ de uma pessoa para outra?

A depender do agente envolvido na infecção, é possível que ocorra a transmissão interpessoal do causador, segundo especialistas. A transmissão pode desencadear em novos quadros de pneumonia, mas isso não significa exatamente passar doença para outra pessoa. Conforme Costa, alguns dos principais modos de transmissão entre pessoas são:

Pneumonia bacteriana: a transmissão ocorre por meio da inalação de gotículas respiratórias contendo as bactérias, geralmente de uma pessoa infectada. Essas gotículas podem ser liberadas durante a tosse, espirro ou fala da pessoa infectada;

Pneumonia viral: a transmissão se dá principalmente por meio do contato com secreções respiratórias infectadas, como saliva, muco ou gotículas de tosse ou espirro. O contato pode ser direto (por exemplo, por beijos) ou indireto (por exemplo, tocando em objetos contaminados).

Como identificar uma pneumonia? Há um exame específico?

O diagnóstico de pneumonia pode ser feito por meio de exames físicos e de imagem, além de exames laboratoriais. "O exame físico pode incluir a ausculta dos pulmões, para detectar sons anormais, como crepitações ou estertores, que podem indicar a presença de fluido ou pus nos pulmões", diz o pneumologista.

Em paralelo, os exames de imagem, como radiografias e, especialmente, tomografias computadorizadas, podem mostrar a presença de infiltrações ou áreas consolidadas nos pulmões, que podem ser indicativas de pneumonia. Os exames laboratoriais, como hemograma completo e análise do muco ou escarro, também podem ajudar a identificar o agente causador da infecção.

Quais são os principais sintomas da pneumonia?

Os principais sintomas da pneumonia são:

Tosse persistente, muitas vezes com muco ou escarro espesso;

Febre alta;

Dor no peito, especialmente ao respirar fundo ou tossir;

Falta de ar ou dificuldade para respirar;

Fadiga e sensação geral de mal-estar.

Em que a pneumonia se difere de outras doenças respiratórias?

Esses sintomas podem ser semelhantes aos de outras doenças respiratórias, como resfriado comum, bronquite ou gripe. No entanto, a pneumonia é uma infecção mais grave, que afeta os pulmões, e pode levar a complicações como insuficiência respiratória, principalmente se não for tratada adequadamente.

Como diferenciar a pneumonia de outras doenças?

Segundo médicos, o paciente de pneumonia, geralmente, apresenta febre alta e tosse com muco ou escarro, enquanto o resfriado comum geralmente é acompanhado de sintomas leves a moderados, como coriza, espirros e dor de garganta.

"A bronquite é uma inflamação dos brônquios, que pode causar tosse com muco, mas geralmente não causa febre alta ou dor no peito", diz Costa. "A gripe também pode apresentar febre alta e sintomas respiratórios, como tosse e falta de ar, mas os sintomas geralmente aparecem de forma mais abrupta e os pacientes podem apresentar outros sintomas, como dores musculares e de cabeça."

Quais são os principais tratamentos para pneumonia?

O tratamento da pneumonia varia de acordo com a causa da infecção, a gravidade dos sintomas e a condição de saúde geral do paciente. Em geral, o tratamento da pneumonia pode envolver o uso de antibióticos, medicamentos para alívio dos sintomas, repouso e hidratação adequada.

O tempo de duração do tratamento da pneumonia pode variar de acordo com a causa da infecção e a gravidade dos sintomas. Em geral, os pacientes com pneumonia bacteriana apresentam melhora significativa nos primeiros dias de tratamento com antibióticos, e o tratamento completo pode durar entre 5 e 7 dias, na maioria dos casos.

"Já nos casos de pneumonia viral, o tratamento é mais direcionado para o alívio dos sintomas, e a duração pode variar de acordo com a gravidade da infecção e a resposta do paciente ao tratamento", diz o pneumologista.

Há remédios específicos para a doença?

Em casos leves de pneumonia, é possível tratar em casa com medicamentos para alívio da febre e dor, antibiótico (em caso de pneumonia bacteriana), além de repouso e hidratação adequada. É importante lembrar que a automedicação pode ser perigosa e deve ser evitada, especialmente em casos mais graves de pneumonia.

Qual pneumonia é considerada a mais grave?

Tanto a pneumonia bacteriana quanto a viral podem evoluir para formas graves de infecção, segundo especialistas. "A pneumonia bacteriana possui o potencial de cursar com complicações mais graves, como sepse, abscesso pulmonar e derrame pleural, enquanto a pneumonia viral pode eventualmente levar a complicações, como pneumonia secundária bacteriana", diz Costa.

"Não tem isso de pneumonia (mais grave), porque são diversos agentes que causam pneumonia e diversos vírus diferentes", diz o médico pneumologista André Nathan, do Hospital Sírio-Libanês. Como exemplos, ele cita a influenza e a covid-19, além da bactéria pneumococo, considerada a principal causadora da doença. "A gravidade da pneumonia está relacionada com o microrganismo, mas também com o tamanho do dano que esse microorganismo causou no pulmão."

Quais são os grupos de risco da pneumonia?

Segundo o médico infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), as pneumonias bacterianas, que são as que mais trazem consequências aos pacientes, são mais comuns em três situações: "Nos mais novinhos, as crianças; no outro extremo da idade, os idosos; e em um terceiro grupo, independentemente da idade, que são aqueles que têm fatores de risco, comorbidades ou imunodeficiências."

Esse terceiro grupo, segundo ele, é onde se concentram a maior parte dos casos graves da doença. "O risco de internação, adoecimento, hospitalização e morte é infinitamente superior para os indivíduos que têm fatores de risco", diz o médico. E isso pode ser agravado com a idade: estudos indicam que pessoas com mais de 85 anos têm 13 vezes mais risco de serem hospitalizadas pela doença do que aqueles entre 18 e 44 anos. "São os grupos para os quais normalmente a gente recomenda a vacinação."

Existe vacina para pneumonia? Para quem é indicada?

Conforme o Ministério da Saúde, a vacina Pneumo 23, ou pneumocócica 23, protege contra doenças graves causadas pela bactéria pneumococo, como pneumonias, meningites e outras. Ela faz parte da Campanha Nacional de Multivacinação e é oferecida de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde. O imunizante é indicado para crianças a partir dos 2 anos de idade e para adultos.

Quantas pessoas morrem de pneumonia por ano?

Levantamento do Every Breath Counts, parceria público-privada que apoia países de baixa e média renda com o objetivo de reduzir mortes por pneumonia nos próximos anos, indica que, somente em 2019, a doença custou a vida de 2,5 milhões de pessoas. Entre elas, 672 mil crianças. Ou seja, mais de 20% das vítimas.

Dados do Datasus, departamento de informática do Sistema Único de Saúde (SUS), publicados pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia apontam que, no Brasil, houve 44,5 mil mortes por pneumonia de janeiro a agosto do último ano.

"A gente tem muita dificuldade no diagnóstico de pneumonia, porque no CID-10, aquela (tabela) em que a gente anota o diagnóstico das internações, entra muita pneumonia não especificada, pneumonia bacteriana, covid entrou muito como pneumonia", diz Kfouri. "Então nem sempre os dados são muito precisos."

Recentemente, segundo ele, houve uma mudança no panorama das doenças infecciosas em função da covid-19, que desorganizou a sazonalidade da gripe e, consequentemente, a de muitas pneumonias secundárias a ela. As medidas adotadas por conta do coronavírus, como isolamento, teriam acarretado em uma diminuição das pneumonias, mas elas voltaram a crescer no último ano. "Acredito que 45 mil casos (nesse recorte) é um número razoavelmente perto da média de antes."

Uma situação chamou a atenção dos participantes da edição 2023 do programa Big Brother Brasil, da TV Globo. Durante uma conversa na academia da casa, o biomédico Ricardo percebeu na mão de Marvvila um "dedo extra". A condição se chama polidactilia e é considerada pelos médicos uma alteração congênita comum, ou seja, ocorre desde o nascimento, e que normalmente não dificulta a vida do portador.

"Eu não sei como é o nome, só sei que é um dedo pendurado", revelou a participante na noite desta terça-feira, 7. "Temos eu, a minha mãe, meu irmão, a irmã da minha mãe, os sete filhos da irmã da minha mãe, que são meus primos, e os filhos dos meus primos", contou.

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A condição pode ter causas genéticas, assim como má-formação durante a gestação ou estar associada a outras questões, como a síndrome de Down e a Síndrome de Turner. "Essa particularidade é bem comum, cerca de 1 a cada 500 pessoas nascem com polidactilia. Também é mais frequente em pessoas negras e cerca de 70% dos pacientes têm nos dois lados das mãos", especifica o ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e especializado em cirurgia da mão, Marcelo Araf.

O dedo extra costuma ser diagnosticado pelo próprio obstetra durante o parto ou em ultrassons.

O ortopedista pediátrico Fábio Silveira Matos, membro da Câmara Técnica de Ortopedia do Conselho Regional de Medicina da Bahia (CREMEB), conta que a maioria dos pacientes prefere fazer a cirurgia quando criança. "Depois da fase da pré-adolescência e adolescência, a gente tem a questão do bullying da escola. Além disso, a presença de dedos extranumerais pode atrapalhar a digitação em aparelhos eletrônicos e dificulta o uso de luvas, na prática de esportes", explica.

Caso o paciente opte por fazer a cirurgia mais tarde ou até não fazê-la, também não é problema. "A maior dificuldade talvez seja dela se readaptar a usar uma mão 'normal'", resume.

Polidactilia é comum?

A polidactilia pode acontecer tanto nas duas mãos quanto nos dois pés, assim como pode acontecer nos dois membros de uma vez ou em apenas um específico. Marvvila possui a condição mais comum, polidactilia pós-axial, onde o surgimento é depois do dedo mindinho. "Geralmente é um dedo acessório não do lado do polegar, mas do lado oposto. Nisso, pode ser que tenha articulação e parte óssea, mas o mais comum é só uma 'pelezinha', com uma artéria pequena, e o dedo fica como se fosse um apêndice, sem poder mexer e pouca sensibilidade", exemplica Araf.

Quais os riscos da cirurgia para retirar o dedo extra?

O procedimento é considerado simples e com risco quase inexistente. O problema é a anestesia, que requer maiores cuidados, especialmente se o paciente tiver menos de um ano de vida. Por isso, é sempre necessário exames de sangue para checar a saúde do pododáctilo antes da intervenção, além de radiografia para confirmar a presença de osso.

Caso o 'dedo extra' esteja ao lado do polegar, em qualquer um dos membros, é chamada de polidactilia pré-axial. "Essa com o polegar, que chamamos de polegar duplicado congênito, é uma polidactilia muito particular, mais complicada", diz o especialista em mãos.

Há ainda a polidactilia central, muito rara, quando os dedos extras surgem no meio dos dedos regulares do pé.

Existe tratamento para a polidactilia?

Silveira explica que não há tratamento, apenas o cirúrgico, se o paciente o desejar. A cirurgia é feita tanto gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto pela rede particular. O preço pode variar a depender da dificuldade: existem os pododáctilos simples, onde o dedo está preso apenas pela pele, e também casos mais complexos, quando o dedo possui osso formado.

"Você pode ter uma polidactinia que existe uma implicação do metacarpo ou de metatarso, então preciso cortar e separar o osso, necessitando uma anestesia geral", diferencia.

Em crise de identidade e após ter se tornado nanico no Congresso, o PSDB começou a discutir como se posicionará no jogo político para sobreviver, a partir de 2023. Uma das ideias é formar uma federação com o MDB e outros partidos que estiveram unidos na coligação de apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao Palácio do Planalto.

A proposta começou a ser discutida nesta quarta-feira, 19, em reunião entre os presidentes do PSDB, Bruno Araújo; do MDB, Baleia Rossi; do Cidadania, Roberto Freire; e do Podemos, Renata Abreu. Atualmente, o PSDB e o Cidadania já fazem parte de uma federação. Juntos, os dois partidos elegeram 18 deputados federais (foram 13 do PSDB), no último dia 2, apenas sete a mais do que o exigido pela cláusula de barreira.

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Agora, se MDB e o Podemos entrarem na federação, o grupo reuniria a maior bancada do Senado, com 21 parlamentares, e a terceira maior da Câmara, com 72 deputados. Somente ficaria atrás da federação PT-PV-PCdoB, que tem 79 deputados eleitos, e do PL, com 99.

Os presidentes do MDB e do Cidadania confirmaram as negociações, mas destacaram que a discussão ainda está no estágio inicial e não envolve fusão. "Não existe nenhuma discussão sobre fusão. Há conversas sobre integração do MDB na federação PSDB-Cidadania, mas apenas tratativas iniciai, ainda não colocadas nos coletivos partidários. Talvez isso possa ser em breve efetivamente discutido", disse Roberto Freire. Baleia Rossi adotou a mesma linha. "Estivemos conversando, sim. (A discussão) é sobre bloco parlamentar ou federação", afirmou.

Apesar de se classificar como independente, o PSDB tem agido como base do presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o início do governo, votando a favor da maior parte das pautas do Planalto. O resultado do primeiro turno das eleições aumentou ainda mais a crise no PSDB.

Com o apoio público a Bolsonaro por parte do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e de deputados da legenda - como o líder da bancada na Câmara, Adolfo Viana (BA), e o deputado Carlos Sampaio (SP) -, uma ala do partido passou a dizer que o PSDB foi "sequestrado" pelo bolsonarismo.

A tentativa de união de PSDB, Cidadania, MDB e Podemos é uma forma de reaglutinar as forças de centro, que perderam espaço com a popularidade do bolsonarismo. "Ainda está cedo, ainda está no processo eleitoral, mas é uma hipótese. O resultado eleitoral gerou a necessidade de reorganização partidária. Acho que o PSDB tem um bom diálogo hoje com o MDB", disse ao Estadão o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (PSDB-RJ).

O deputado não descartou nem mesmo uma fusão entre o PSDB e o MDB mais adiante, mas ressalvou que não falava em nome da direção do partido. Maia era do DEM e se filiou ao PSDB neste ano.

"É importante que o PSDB se reorganize, reafirme tudo aquilo que construiu com o PFL (hoje União Brasil), desde a época da redemocratização. Infelizmente, uma parte ficou no caminho, mas ainda tem um legado importante no PSDB em muitos Estados brasileiros e em algumas ações importantes no Congresso Nacional", afirmou Maia.

O ex-presidente da Câmara virou desafeto de Bolsonaro e apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, mas evitou comentar o comportamento governista de seus colegas de bancada.

O PSDB nasceu em 1988 de uma ala do antigo MDB. Na época, o partido em formação avaliava que o MDB tinha um comportamento "fisiológico" de adesão a governos. Hoje são os tucanos os acusados de ter uma relação fisiológica com o governo Bolsonaro.

O Estadão ouviu um deputado tucano que é crítico da guinada bolsonarista. Sob a condição de anonimato, o parlamentar disse que o PSDB perde ao apoiar Bolsonaro, independentemente do resultado da eleição. A avaliação é a de que se Lula ganhar, os tucanos ficariam "a reboque" do bolsonarismo, que teria o verdadeiro protagonismo da oposição para enfrentar o petismo em 2026. No outro cenário, caso o presidente se reeleja, o partido também teria um papel irrelevante. Os críticos da guinada bolsonarista admitem que são minoria e que hoje não há ninguém dentro da legenda com força suficiente para fazer um contraponto a isso.

Ex-ministro das Comunicações, ex-prefeito de Belo Horizonte e da ala tucana a favor de Lula no segundo turno, Pimenta da Veiga também é a favor de que os partidos se unam. "Eu penso que o quadro partidário passará por muitas alterações nos próximos tempos, com federações, fusões e incorporações. E é bom que ocorra para redução do número de partidos", disse.

Cabeças brancas

No caso mais recente de adesão tucana a uma pauta bolsonarista, o ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes (PSDB-SP) criticou abertamente o partido após a sigla orientar a favor de um conjunto de projetos que estabelece punições a institutos de pesquisas que não acertarem o resultado das eleições. A iniciativa tem sido usada por Bolsonaro para questionar a legitimidade desses institutos.

Nunes disse que a ideia é uma das mais "obscurantistas e liberticidas do bolsonarismo" e que a bancada tucana "sequestrou" o PSDB. "Quando se pensa que os que sequestraram o partido da social democracia já atingiram o fundo do poço do opróbio, eles dão um jeito de cavar mais um pouquinho", argumentou o ex-chanceler.

O ex-senador faz parte da ala dos "cabeças brancas" do PSDB. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os senadores Tasso Jereissati e José Serra também integram esse grupo. Ao contrário dos deputados tucanos, essa ala declarou votou em Lula para presidente e rejeita Bolsonaro.

Em mais um capítulo do desgaste do PSDB, o ex-governador de São Paulo João Doria anunciou na quarta-feira, 19, a desfiliação do partido. A saída não foi surpresa para os colegas, mas a forma como se deu, em pleno processo eleitoral de segundo turno, provocou críticas.

Doria nunca foi próximo da cúpula tucana e entrou em diversos embates para ter influência no partido. Tentou ser candidato a presidente, mas foi rifado pelo PSDB após ter vencido um processo de prévias e recebido uma carta do presidente da legenda, Bruno Araújo, garantindo que ele seria o candidato. Apesar de ter sido eleito governador de São Paulo associando seu nome ao de Bolsonaro, em 2018, Doria virou rival do presidente durante a pandemia do coronavírus.

O ex-deputado Marcus Pestana, que foi candidato do PSDB ao governo de Minas, é apoiador de Lula, mas admite haver uma influência bolsonarista no partido. Pestana avaliou, porém, que ainda é preciso esperar o segundo turno das eleições para saber qual direção o partido tomará.

"É preciso saber quem terá hegemonia e o rumo depende de quantos e quais governadores faremos", afirmou o ex-deputado. O PSDB perdeu a eleição para o governo de São Paulo pela primeira vez em 28 anos, mas ainda tem candidatos no páreo no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Paraíba. "Vamos aguardar. O jogo não acabou. Há uma ala bolsonarista e outra, não. Tudo depende dos resultados", destacou Pestana.

Especialistas alertam para o risco de casos de poliomielite voltarem a ser registrados no Brasil, depois de mais de 30 anos, preocupação já levantada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante de monitoramento de casos que estão surgindo no mundo e do cenário atual do País, a entidade colocou o Brasil entre os países com alto risco para reintrodução da doença.

"Além da cobertura vacinal, a vigilância do vírus no meio ambiente, que não é feita adequadamente, e a investigação dos casos de paralisia aguda em crianças flácidas influenciaram na decisão", afirma o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri.

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Para incentivar a vacinação, no início do mês, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação de 2022 foi prorrogada até a próxima sexta-feira, 30. Até o momento, 50% das crianças na faixa etária de 1 a menores de 5 anos de idade convocadas para uma dose extra ou para completar o esquema vacinal ainda não compareceram na campanha contra a pólio.

"O Brasil está sendo considerado como um país de alto risco de retorno de uma doença totalmente evitável por vacina. Um dos fatores importantes que nos coloca em risco é exatamente a baixa cobertura vacinal", afirma Juarez Cunha, pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Embora o Brasil tenha recebido o certificado de eliminação da doença em 1994, a baixa adesão faz o Programa Nacional de Imunizações (PNI) alertar sobre a importância e o benefício da vacinação, para evitar a reintrodução do vírus da poliomielite no País. Atualmente, menos de 70% das crianças até um ano estão com a vacinação de rotina em dia.

"A criança não precisa ser vacinada contra a poliomielite no mês da campanha, mas aos dois, quatro e seis meses. E os reforços aos 15 meses e 4 anos. Essa é a vacinação de rotina que estamos com 69,9%, menos de 70%, das crianças vacinadas até um ano de idade", afirma Kfouri.

Conforme o Ministério da Saúde, mais de 14,3 milhões de crianças menores de 5 anos de idade devem receber a vacina contra a doença, sendo que as menores de 1 ano devem ser imunizadas de acordo com a situação vacinal para o esquema primário. Já as crianças de 1 a 4 anos devem tomar uma dose da Vacina Oral Poliomielite (VOP), desde que já tenham recebido as três doses de Vacina Inativada Poliomielite (VIP) do esquema básico. O objetivo é alcançar uma cobertura vacinal igual ou maior que 95%.

"Ter pouco menos de 70% de cobertura na rotina e em uma campanha contra a poliomielite - que é para recuperar o atraso - aparecem somente 50% das crianças são dados que mostram que o País não está bem", disse Kfouri.

Como incentivar os pais sobre a importância da vacina?

Segundo Juarez Cunha, é preciso alertar a população sobre a importância da vacinação em dia para combater uma doença já eliminada no Brasil. "Tivemos o último caso em 1989, mas a doença pode voltar, assim como acontece em outros países do mundo. A forma de se evitar isso é por meio da vacinação", afirma Cunha.

Para o presidente da SBIm, uma das formas de se incentivar a população é trazendo de volta os riscos da doença.

"As pessoas têm uma falsa sensação de segurança de que não precisam mais vacinar contra a poliomielite, já que não temos casos da doença no Brasil há mais de 30 anos, mas o vírus pode voltar. Temos que ressaltar essa parte de riscos, assim como a segurança e eficácia da vacina que controlou e eliminou a doença em nosso País. Não podemos deixar a doença voltar", acrescenta ele.

Clarissa Morais Busatto Gerhardt, membro de Departamento Científico de Imunizações da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), também defende que seja iniciada uma abordagem com familiares das crianças.

"Perguntando aos pais se receberam todas as vacinas na infância e o quanto seus parentes foram cuidadosos com eles, prevenindo-os de pegar doenças fatais e chegando até a fase adulta, é um bom início de conscientização. Muitos deixam de perceber a importância da vacina porque não observarmos mais algumas doenças circulando em nosso meio", avalia ela.

A vacina é segura?

O Ministério da Saúde reforça que todos os imunizantes que integram o PNI são seguros e estão aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As crianças devem tomar quantas doses da vacina contra a poliomielite?

As primeiras três doses como injeções (vacina inativada) - dois meses, quatro meses e seis meses de idade. E duas doses de reforço com gotinhas - uma aos 15 meses (1 ano e três meses) e outra aos 4 anos de idade.

Durante a campanha, estão sendo administradas doses em crianças com vacinas em atraso. Cunha alerta, no entanto, que não podem receber gotinhas as crianças que não estão com as três doses da vacina inativada (injetável) em dia.

As crianças que não tomaram as injeções entre dois e seis meses devem ir e atualizar todo o esquema vacinal contra a doença?

"As crianças em atraso devem atualizar o esquema vacinal. Mesmo que tenham passado da idade de receberem as três doses inativadas, devem colocar em dia o esquema de vacinação das injeções, antes de receberem as doses de gotinha", explica o presidente da SBIm.

As crianças que tomam vacinas somente na rede particular também devem participar da campanha do governo como um reforço?

A campanha ocorre independentemente da situação vacinal. Ou seja, pais e responsáveis devem ser estimulados a levar a criança independentemente da vacina estar em dia ou não.

"A vacinação é indiscriminada. É para todos. Recuperar quem está com dose em atraso e dar dose extra para quem está em dia, reforçando a proteção", afirma Kfouri.

E no caso dos imunodeprimidos?

"Vale lembrar que no caso de imunodeprimidos ou pessoas que convivem com imunodeprimidos a vacina recomendada é a injetável (inativada) para todas as doses e também é encontrada nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIES)", lembra Clarissa.

Desde quando o Brasil tem registrado queda na cobertura vacinal?

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a poliomielite - as que são administradas em bebês com menos de 1 ano de idade - atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29%.

Desde 2016, o País não ultrapassa a linha de 90% de crianças vacinadas. Em 2019, caiu para 84,19%. Em 2020, muito em razão da pandemia de covid-19, o índice chegou a 76,15% dos bebês imunizados. Em 2021, o porcentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%. Ou seja, a cada 10 crianças, três não estão plenamente protegidas contra o poliovírus.

Quais os riscos da doença?

A poliomielite é uma doença altamente contagiosa, que atinge principalmente crianças com menos de 5 anos e que vivem em alta vulnerabilidade social, em locais onde não há tratamento de água e esgoto adequado. O poliovírus é transmitido de pessoa para pessoa por via fecal-oral ou por água ou alimentos contaminados, e também de forma oral-oral, por meio de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.

O vírus ataca o intestino, mas pode chegar ao sistema nervoso e provocar paralisia irreversível - daí o nome paralisia infantil - em membros como as pernas, e também dos músculos respiratórios, levando o paciente à morte. A poliomielite não tem cura, apenas prevenção, que é feita com a vacina.

Como está a situação no mundo?

Embora os casos de infectados tenham sofrido uma queda de 99% nas últimas décadas (caiu de 350 mil casos estimados, em 1988, para 29 contaminações notificadas em 2018), a Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da OMS, alerta que, se a doença não for completamente eliminada no planeta, 200 mil novas infecções podem acontecer a cada ano dentro de uma década.

Em julho deste ano, os Estados Unidos detectaram uma contaminação por poliomielite depois de 29 anos. O caso foi identificado no Condado de Rockland, em Nova York. Também em 2022, Moçambique (em maio) e Malauí (em fevereiro) registraram pacientes diagnosticados com pólio.

Multivacinação

 

Em paralelo à campanha contra a poliomielite, ocorre a campanha de multivacinação para atualizar outras imunizações.

As imunizações disponíveis são:

- Hepatite A e B

- Penta (DTP/Hib/Hep B)

- Pneumocócica 10 valente

- Vacina Inativada Poliomielite (VIP)

- Vacina Rotavírus Humano (VRH)

- Meningocócica C (conjugada)

- Vacina Oral Poliomielite (VOP)

- Febre amarela

- Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba)

- Tetraviral (Sarampo, Rubéola, Caxumba, Varicela)

- DTP (tríplice bacteriana)

- Varicela

- Papilomavírus Humano (HPV quadrivalente)

Também estão disponíveis para os adolescentes:

- Vacinas HPV

- Dupla adulto (dT)

- Febre amarela

- Tríplice viral

- Hepatite B

- dTpa

- Meningocócica ACWY (conjugada)

Em caso de necessidade de também atualizar o esquema da vacinação contra o coronavírus, o Ministério da Saúde afirma que as vacinas contra covid-19 podem ser administradas de maneira simultânea ou com qualquer intervalo com as demais vacinas do calendário nacional a partir dos três anos de idade.

O projeto de Orçamento para 2023 enviado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso prevê corte de 59% dos recursos do programa Farmácia Popular, que fornece medicamentos gratuitamente para doenças como hipertensão e diabetes. Se o Executivo não recuar da medida, a redução fará com que seja mais difícil encontrar na rede os remédios com previsão de gratuidade, uma vez que, com menos verba disponível, o fornecimento deve diminuir.

Em 2022, as despesas com a gratuidade do programa Farmácia Popular previstas no Orçamento aprovado pelo Congresso foram de R$ 2,04 bilhões. No projeto de Orçamento de 2023, o governo Bolsonaro previu R$ 842 milhões, um corte de R$ 1,2 bilhão.

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Hoje, a rede oferece 13 princípios ativos com 100% de gratuidade. Veja a lista:

Brometo de Ipratrópio (Asma)

Dipropionato de Beclometsona (Asma)

Sulfato de Salbutamol (Asma)

Cloridrato de Metformina (Diabetes)

Glibenclamida (Diabetes)

Insulina Humana (diabetes)

Insulina Humana Regular (Diabetes)

Atenolol (Hipertensão)

Captopril (Hipertensão)

Cloridrato de Propranolol (Hipertensão)

Hidroclorotiazida (Hipertensão)

Losartana Potássica (Hipertensão)

Maleato de Enalapril (Hipertensão)

Princípios ativos são moléculas de uma substância que possuem efeito terapêutico. Eles são a base dos medicamentos e ficaram mais conhecidos depois da chegada dos medicamentos genéricos, que são vendidos com o nome da molécula.

Além do corte do orçamento de 100% da gratuidade, a parte do programa Farmácia Popular chamada de copagamento, em que o governo paga uma parte e o beneficiário a outra, também será atingida pelo corte de 60% entre 2022 e 2023. Nessa modalidade, o governo paga até 90% do valor. A lista dos produtos com copagamento inclui fraldas geriátricas e medicamentos para osteoporose, rinite, Parkinson, glaucoma, dislipdemia e anticoncepção.

Veja a lista:

Acetato de Medroxiprogesterona (Anticoncepção)

Alendronato de Sódio (Osteoporose)

Budesonida (Rinite)

Carbidopa + levodopa (Doença de Parkinson)

Cloridrato de Benserazida + Levodopa (Doença de Parkinson)

Etinilestradiol + Levonorgestrel (Anticoncepção)

Maleato de Timolol (Glaucoma)

Noretisterona (Anticoncepção)

Sinvastatina (Colesterol)

Valerato de Estradiol + Enantato de Noretisterona (Anticoncepção)

Fraldas geriátricas

O objetivo do corte foi abrir mais espaço no Orçamento para as emendas de relator, que são a moeda de troca do orçamento secreto. Na contramão da redução do programa Farmácia Popular, as emendas incluídas no orçamento da saúde cresceram 22%. As emendas parlamentares individuais e de bancada impositivas (aquelas que o governo é obrigado a executar) aumentam 13%.

O corte está sendo criticado por adversários do presidente Jair Bolsonaro na corrida presidencial. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi às redes sociais chamar a medida de "cruel e irresponsável".

Em nota para o Estadão, o Ministério da Economia afirmou que os cortes são resultado da "enorme rigidez alocativa a que a União está subordinada, agravada pela necessidade de alocação de recursos para reserva de emendas de relator", afirma, em referência ao orçamento secreto. O Ministério da Saúde não se manifestou.

A Polícia Federal cumpriu, nesta quarta-feira (22), mandado de prisão preventiva contra o ex-ministro Milton Ribeiro, da Educação. A operação investiga a responsabilidade do ex-ministro no caso do gabinete paralelo do MEC, revelado pelo Estadão. Agentes da corporação cumprem 13 mandados de busca e apreensão e cinco ordens de prisão em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. Os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura também são alvos.

O mandado de prisão preventiva contra Ribeiro foi expedido por ordem do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, e cita supostos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

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O Estadão revelou em março que, sem possuir vínculos com o setor de ensino ou cargo público, um grupo de pastores passou a comandar a agenda do ministro da Educação, formando uma espécie de "gabinete paralelo" que interferia na liberação de recursos e influenciava diretamente as ações da pasta.

O grupo era capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade. Eles, que hoje são alvos da PF, conquistaram acesso ao Executivo federal ainda em 2019, antes mesmo da chegada de Ribeiro ao Ministério, e são próximos da família Bolsonaro. A dupla agia como lobistas, atuando para liberar e/ou acelerar o empenho de recursos a determinados municípios.

Agenda

O Estadão identificou a presença de Gilmar dos Santos e Arilton Moura em 22 agendas oficiais no MEC entre 2021 e 2022, sendo 19 delas com a presença do ministro. Algumas são descritas como reunião de "alinhamento político" na agenda oficial de Ribeiro, que também é pastor.

Em 2019, eles foram recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro ao menos duas vezes. Em 2020, mais uma audiência na Presidência da República. O vice-presidente Hamilton Mourão também os recepcionou.

Agilidade

Usualmente, a destinação de verbas para uma prefeitura é um processo burocrático e demorado. Com a ajuda dos pastores, contudo, certos municípios conseguiram a liberação do empenho de recursos em tempo recorde. É o caso da prefeita Marlene Miranda, de Bom Lugar (MA), que teve o pedido de dinheiro atendido em apenas 16 dias, prazo muito abaixo dos padrões da distribuição de recursos da pasta. A Secretaria da Educação de Pernambuco, por exemplo, levou 10 anos para obter R$ 198,7 mil do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Uma das principais atuações dos pastores era justamente esta: abrir a agenda do ministro para acesso de prefeitos e empresários próximos ao grupo, de modo que levem ao MEC suas demandas. Marlene Miranda, por exemplo, pediu R$ 5 milhões para a construção de uma escola em sua cidade. Ela esteve no gabinete de Ribeiro em 16 de fevereiro, por intermédio dos religiosos. Em 4 de março, o FNDE reservou R$ 200 mil para pagamento à prefeitura.

Favorecidos

Prefeitos do Progressistas, do PL e do Republicanos têm preferência para conseguir a ajuda dos pastores. Essas legendas integram o núcleo duro do Centrão. O bloco de partidos é justamente o que comanda o FNDE.

Só em dezembro do ano passado, o órgão firmou termos de compromisso - uma etapa anterior ao contrato - com nove prefeituras, totalizando R$ 105 milhões de repasses, após reuniões com os pastores. Além de levarem prefeitos a Brasília, participando de encontros no MEC, eles também acompanham o ministro em viagens pelo País.

Em um desses eventos, um encontro de prefeitos com Milton Ribeiro em janeiro do ano passado, na sede do MEC, o pastor Gilmar dos Santos detalhou a atuação do gabinete paralelo e expôs claramente suas intenções: "Nós solicitamos esta reunião com o ministro para trazer ao conhecimento dele vários prefeitos que trabalham também com a igreja", disse, deixando claro que pretende privilegiar pessoas ligadas à sua religião.

Áudio vazado

Em conversa gravada, Milton Ribeiro admitiu que prioriza o atendimento a prefeitos que chegam ao MEC por meio dos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura. Falando a dirigentes municipais dentro do ministério, Ribeiro disse que segue ordem do presidente Jair Bolsonaro. "Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar (Santos)", diz ele - Arilton Moura e Gilmar Santos estavam presentes na reunião. "A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", ironizou, em gravação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou em pronunciamento na noite deste domingo, 17, o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) da covid-19. A medida vigorava desde março de 2020, quando a doença assumiu o caráter de pandemia e passou a causar preocupação em todo o mundo.

Entenda a seguir o que muda com a decisão.

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Como o ministro Queiroga justificou o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional?

O ministro atribuiu a decisão à queda nos índices da doença e à vacinação no País, que alcançou 73% da população. Ele ponderou que a mudança não significa o fim da pandemia do novo coronavírus e que ainda é preciso ficar "vigilante".

"Graças à melhora do cenário epidemiológico, à ampla cobertura vacinal da população e à capacidade de assistência do SUS, temos hoje condições de anunciar o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, a Espin", disse o ministro.

Para que serve o status de emergência em saúde pública e o que muda agora?

A Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) permite uso emergencial de vacinas, compras de insumos sem licitação e outras regras. No total, 172 regras do Ministério da Saúde poderiam ser impactadas com o fim da emergência. O governo federal terá que editar uma norma para não causar um vácuo jurídico com a decisão.

Os governos regionais afirmam que precisam de um período de transição para comprar medicamentos e, principalmente, a vacina Coronavac, que ainda não têm o registro definitivo na Anvisa.

Como reagiram os gestores de saúde no País?

O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Nésio Fernandes, disse ao Estadão que o fim do período emergencial é para comemorar, mas que essa decisão precisa de um período de transição de 90 dias.

"É preciso demonstrar para a população que a pandemia ainda não acabou. Do contrário, ainda mais com o fim do uso de máscara, haverá o sentimento de que não há mais riscos", disse ele, que é titular da Saúde no Espírito Santo.

Para ele, com a queda no número de internações e de casos, o "momento é de alegria". "Mas precisamos de uma transição para avaliar o cenário para o segundo semestre", comentou o presidente do Conass.

A decisão significa o fim da pandemia?

Não. "Esta medida, no entanto, não significa o fim da covid-19. Continuaremos a conviver com o vírus. O Ministério da Saúde permanece vigilante e preparado para adotar todas as ações necessárias para garantir a saúde dos brasileiros em total respeito à Constituição Federal", disse Marcelo Queiroga neste domingo, 17.

Uma sessão do recém estreado ‘Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa’, no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, teria terminado em confusão, no último sábado (18). Segundo relatos compartilhados pelas redes sociais, uma cliente teria jogado spray de pimenta em adolescentes que soltaram 'spoilers' dentro da sala de exibição antes do início do filme. O gás causou mal estar nos demais presentes e a sessão foi cancelada. 

De acordo com os relatos divulgados na internet, um grupo de três adolescentes teria dado ‘spoiler’ aos demais presentes na sessão antes do filme começar. Uma mulher teria se irritado com a atitude dos jovens e disparado spray de pimenta contra eles. O gás rapidamente provocou reações nos demais presentes, alguns até chegaram a vomitar e a sala foi interditada. 

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A confusão teria ido parar do lado de fora do cinema, devido a correria dos clientes. “Na verdade, a confusão começou na sala 2 e depois se estendeu para quem estava aguardando as próximas sessões na fila”, disse uma cliente que presenciou o ocorrido. Já outra testemunha contou que a suposta mulher que teria disparado o spray fugiu do local. “Uma mulher soltou um spray de pimenta na direção deles, dentro da sala, e quando percebeu a besteira saiu correndo com o namorado”.  O centro de compras ainda não se pronunciou a respeito do ocorrido. 

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Em seu discurso a apoiadores em Brasília neste 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que convocará uma reunião do Conselho da República para levar aos presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, a "foto" do povo nos atos de hoje.

O Conselho da República é um órgão de consulta do presidente da República que se pronuncia sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. Ele foi criado pela Lei 8.041 de 1990. O presidente não tem a obrigação de colocar em prática medidas oriundas da consulta feita com o conselho.

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O órgão é dirigido pelo presidente da República e composto também pelo vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado, os líderes da maioria e da minoria nas duas Casas, o ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros com idade superior a 35 anos.

Entre os membros titulares do Conselho, além de Bolsonaro, Lira, Pacheco, Hamilton Mourão (vice-presidente), Anderson Torres (ministro da Justiça) e os líderes na Câmara da maioria, Diego Andrade (PSD-MG), e minoria, Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), da maioria, e Jean Paul Prates (PT-RN), da minoria, estão o empresário Paulo Skaf (MDB), presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, nomeados pelo presidente em fevereiro deste ano.

Procurados pela reportagem, Lira e Pacheco informaram não ter recebido qualquer convite formal da Presidência. O presidente do Supremo, Luiz Fux, afirmou que não comparecerá à reunião, já que não é integrante do Conselho.

A última vez que o Conselho se reuniu foi em 2018, quando o ex-presidente Michel Temer decretou a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro.

No discurso que fez a seus apoiadores nesta terça, Bolsonaro disse que não poderia mais "aceitar que uma pessoa" continuasse "barbarizando nossa população", mas não citou nominalmente a quem se referia.

"Este retrato que estamos tendo neste dia não é de mim nem de ninguém em cima deste carro de som. Este retrato é de vocês. É um comunicado, é um 'ultimato', para todos os que estão na Praça dos Três Poderes, inclusive eu, presidente da República, de para onde devemos ir. Cada um de nós deve se curvar à nossa Constituição Federal. Nós temos essa obrigação: se queremos a paz e a harmonia, devemos nos curvar à nossa Constituição", disse o presidente.

Cuba registrou, nesse domingo, 11, protestos de rua em várias cidades, no que vem sendo considerada a maior demonstração de insatisfação ao regime comunista, em território cubano, desde 1994.

As manifestações ocorrem em meio a um cenário de crise econômica e sanitária no país, agravada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o governo revolucionário, liderado pelo presidente Miguel Díaz-Canel, a crise no país é provocada pelos embargos econômicos dos Estados Unidos à ilha.

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Representantes da comunidade internacional se dividiram nas reações aos protestos. EUA, União Europeia e ONU pediram respeito ao direito de manifestação do povo cubano nesta segunda-feira, 12, após o governo reprimir os manifestantes e convocar apoiadores a "enfrentar" as provocações na noite de domingo. A Rússia pediu respeito à soberania cubana, enquanto o México ofereceu apoio ao governo cubano para enfrentar a atual crise.

O que está acontecendo em Cuba?

Milhares de manifestantes saíram às ruas de cidades cubanas no domingo, 11, para protestar contra o governo em meio a uma grave crise econômica e sanitária no país. O protesto vem sendo considerado a maior demonstração de descontentamento do povo cubano contra o governo revolucionário desde a manifestação de 1994, em Havana, que ficou conhecida como "maleconazo".

Onde ocorreram e como estão sendo as manifestações?

O principal protesto foi registrado na cidade de San Antonio de los Baños, a 33 km da capital, Havana, mas também houve marchas nos municípios de Güira de Melena e Alquízar - ambos na Província de Artemisa -, Palma Soriano, Santiago de Cuba, em alguns bairros de Havana e no malecón.

Em San Antonio de los Baños, os manifestantes conseguiram transmitir parte do protesto ao vivo pelo Facebook, mas os vídeos foram retirados do ar. Gritando principalmente "Pátria e vida", título de uma canção polêmica, mas também "Abaixo a ditadura!" e "Não temos medo", os manifestantes, na maioria jovens, caminharam pelas ruas.

Pelas imagens compartilhadas nas redes sociais, a marcha seguia pacífica até ser interceptada por forças de segurança e partidários do governo, o que levou a violentos confrontos e prisões.

O movimento ganhou projeção com o engajamento de cantores, atores e influenciadores digitais, que compartilharam a hashtag #SOSCuba nas redes sociais. A cantora cubana Camila Cabello foi uma das que compartilhou a hashtag e comentou sobre os protestos, pedindo apoio.

Em Cardenas, a cerca de 145 km a leste de Havana, manifestantes viraram um carro da polícia. Outro vídeo mostrou pessoas saqueando uma loja administrada pelo governo cubano - conhecida por vender itens caros, em moedas que a maioria dos cubanos não possui.

Por que as pessoas estão se manifestando em Cuba?

Os protestos eclodiram em meio a uma grave crise econômica e de saúde em Cuba, onde a pandemia do novo coronavírus ganha força, ao mesmo tempo em que o país perde cruciais dólares vindos do setor do turismo.

Muitas pessoas não conseguem trabalhar porque restaurantes e outras empresas estão fechadas há meses. Além disso, desde o começo da pandemia, os cubanos são obrigados a esperar em longas filas para obter alimentos, uma situação que se somou a uma grave escassez de medicamentos, o que desencadeou um mal-estar social generalizado.

"As pessoas estão morrendo de fome!", gritava uma mulher durante um protesto filmado na província de Artemisa. "Nossos filhos estão morrendo de fome!"

Quanto à pandemia, o país registrou, no domingo, mais um recorde de infecções por covid-19 em 24 horas, com 6.923 novos casos e 47 mortos. A situação é especialmente tensa na província turística de Matanzas, localizada a 100 km de Havana, onde o alto número de infecções pode causar o colapso dos serviços de saúde.

O que o governo cubano diz sobre os protestos?

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, esteve em San Antonio de los Baños no domingo, e se reuniu com partidários em uma praça da cidade. Ele atribuiu ao embargo dos EUA a falta de alimentos e remédios na ilha.

No fim da tarde do domingo, Díaz-Canel falou à nação pela TV e acusou os Estados Unidos de serem responsáveis pelo protesto. Ele enviou as forças especiais às ruas da capital, pediu a seus apoiadores que enfrentassem as "provocações", e disse que seus partidários estão dispostos a defender o governo com suas vidas. "A ordem está dada. Às ruas, revolucionários", incentivou.

Nesta segunda-feira, 12, Díaz-Canel voltou a acusar Washington de impor "uma política de asfixia econômica para provocar revoltas sociais no país". Em transmissão ao vivo pela televisão e pelo rádio, o líder comunista, rodeado por vários de seus ministros, garantiu que seu governo está tentando "enfrentar e superar" as dificuldades diante das sanções dos Estados Unidos, reforçadas desde o mandato de Donald Trump.

"O que querem com essas situações? Provocar revoltas sociais, provocar mal-entendidos" entre os cubanos, mas também "a famosa mudança de regime", denunciou o presidente.

O que diz a oposição ao regime cubano?

Exilados cubanos manifestaram apoio aos protestos em Cuba e pediram aos Estados Unidos que liderem uma intervenção internacional para evitar que os manifestantes sejam vítimas de "um banho de sangue".

"Chegou o dia em que o povo cubano se levantou", disse Orlando Gutiérrez, da Assembleia de Resistência Cubana, uma plataforma de organizações opositoras de dentro e fora da ilha. Gutiérrez, que vive exilado em Miami e também preside o Diretório Democrático Cubano, destacou que, segundo suas fontes em Cuba, ocorreram protestos em mais de 15 cidades da ilha. "Está muito claro o que o povo de Cuba quer, que termine esse regime", afirmou.

Como a comunidade internacional reagiu aos protestos?

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ao governo cubano que não use de violência contra os protestos de rua e declarou apoio aos manifestantes. "Fazemos um chamado ao governo de Cuba para que se abstenha de violência", disse a repórteres.

Antes, em um comunicado divulgado à imprensa, Biden já havia pedido que as autoridades cubanas "escutassem o seu povo"."Nós apoiamos o povo cubano em seu claro pedido por liberdade", disse o presidente. E completou: "Os Estados Unidos chamam o regime cubano a ouvir seu povo e servir seu interesse neste momento vital, em vez de enriquecer a si mesmo"

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse, nesta segunda-feira, que o líder cubano errou ao culpar os Estados Unidos pelos protestos. "Seria um grave erro do regime cubano interpretar o que está acontecendo em dezenas de vilas e cidades em toda a ilha como resultado ou produto de qualquer coisa que os Estados Unidos tenham feito."

A ONU se manifestou nesta segunda-feira e cobrou que as autoridades locais respeitem plenamente a liberdade de expressão e de manifestação da população. "Estamos, simplesmente, observando o que acontece e queremos que os direitos básicos das pessoas sejam respeitados", afirmou o porta-voz da agência, Farhan Haq, em entrevista coletiva.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, instou Cuba a permitir a realização de manifestações pacíficas e a "escutar" seus participantes. "Quero pedir ao governo que permita essas manifestações e que escute ao descontentamento dos manifestantes", disse.

A Rússia, um dos principais defensores do regime cubano desde os tempos soviéticos, alertou nesta segunda-feira contra qualquer "interferência externa" na crise.

"Consideramos inaceitável qualquer ingerência externa nos assuntos internos de um Estado soberano e qualquer ação destrutiva que favoreça a desestabilização da situação na ilha", disse Maria Zakharova, porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores.

Enquanto isso, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, rejeitou a política "intervencionista" da situação em Cuba e se ofereceu para enviar ajuda humanitária.

O México poderia "ajudar com remédios, vacinas (contra a covid-19), com o que for necessário e com alimentação, porque saúde e alimentação são direitos humanos fundamentais", disse o presidente. (Com agências internacionais)

Especialistas avaliam os impactos da decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de recomendar a suspensão a aplicação da vacina de Oxford/Astrazeneca em grávidas. De acordo com a nota, a decisão é fundamentada no "monitoramento constante de eventos adversos possivelmente causados pelas vacinas em uso no País."

Em abril deste ano, gestantes e puérperas (mulheres que deram à luz há até 45 dias) foram incluídas no grupo prioritário do Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. Primeiramente, Estados imunizaram profissionais da saúde pertencentes ao grupo e, em seguida, a campanha foi ampliada para grávidas e puérperas com comorbidades.

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Com a decisão da Anvisa divulgada na segunda-feira, 10, alguns Estados decidiram nesta terça-feira, 11, manter a aplicação em gestantes com comorbidades apenas da vacina da Pfizer e da Coronavac.

Confira a seguir perguntas e respostas sobre o assunto:

Como avaliar a orientação da Anvisa para suspender a vacina de Oxford em gestantes?

Para Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), pelo fato de termos disponíveis no Brasil vacinas com categorias um pouco mais seguras como B para Pfizer e Coronavac, em bula, teoricamente é mais segura a recomendação da aplicação desses imunizantes em gestantes neste momento. "No caso da vacina de Oxford/Astrazeneca, a categoria é C para a aplicação em gestantes. Ou seja, se não tiver uma possibilidade de outra vacina, é preciso colocar na balança riscos e benefícios de vacinar ou não, de acordo com a situação epidemiológica do momento. Não é contraindicação, neste caso somente se fosse a partir da categoria D", explica.

Ana Karolina Barreto Marinho, membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai, avalia que decisão da Anvisa foi motivada por precaução. "Como é tudo novo, foi adotada essa medida de precaução. Devendo ser mantida a indicação de receber a vacina, mas com relatório médico mais estabelecido, sendo decisão tomada caso a caso. A Anvisa tomou cuidado maior em virtude de falta de dados, que já sabíamos, mas por outro lado, entendemos que não existe estudo em gestantes, mas em estudos in vitro e em cobaias, as vacinas mostraram segurança, sem risco para o feto. A Coronavac, por exemplo, é de plataforma que já conhecemos, vacina inativada e semelhante à vacina da gripe", disse. "Com o tempo, foi visto que o risco de doença grave em gestantes supera o risco de eventuais efeitos adversos das vacinas contra a covid-19, mesmo que não existam estudos específicos nessa população".

Todos as gestantes vacinadas são monitoradas. Na avaliação do presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Agnaldo Lopes, a morte de uma gestante vacinada com a Oxford/Astrazeneca provocou a suspensão do imunizante para este grupo. "Apesar de entendermos que isso precisa ser avaliado, é preciso estabelecer a relação de causa e efeito. A suspensão pode ser primeira medida para esclarecer e não colocar a população em risco", avalia Lopes. Em contrapartida, ele lembra que a covid-19 está trazendo uma taxa elevada de óbitos e complicações entre gestantes no País. "À princípio, as outras vacinas (Coronavac e a vacina da Pfizer devem ser mantidas na campanha de imunização das gestantes", avalia.

Podemos dizer que as vacinas contra covid usadas no Brasil são seguras em grávidas?

Embora ainda não haja estudos envolvendo a aplicação de uma das três vacinas (Coronavac, Oxford/AstraZeneca ou Pfizer) em gestantes, puérperas e crianças, elas são consideradas seguras. Todas estão sendo administradas apenas por recomendação no caso de grávidas e puérperas, diante até das gestantes que contraíram covid-19 e adoeceram gravemente.

"As três vacinas, teoricamente, são seguras em pacientes transplantados imunossuprimidos e gestantes, por exemplo. Estudos de fases 2 e 3 foram feitos em pequenos intervalos e número de voluntários muito baixo, não utilizando voluntários nesses grupos; dessa forma, os acontecimentos somente vão aparecer agora na fase 4, vacinando a população geral. Com isso, os eventos adversos também serão maiores, pois o número é proporcional ao número de vacinados", afirma a coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai.

Ainda segundo a especialista, até o momento, os sintomas apresentados foram de leve a moderado, como febre, dor no corpo, dor nas articulações, moleza e sensação de mal-estar, geralmente durando de um a dois dias, sem a necessidade de procurar atendimento de emergência.

O que as grávidas que tomaram a 1ª dose da vacina de Oxford devem fazer?

Na opinião da coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai, quem tomouo a primeira dose da Oxford/Astrazeneca e não teve reação deve completar o esquema vacinal com o mesmo imunizante. "Para substituir a vacina, seria preciso recomeçar o esquema tomando a primeira dose de outro tipo de vacina, mas pode ser que isso provoque a falta de imunizantes para outros grupos prioritários que estão sendo vacinados. Hoje não há estudos que demonstrem eficácia com a intercambialidade, ou seja, administração de vacinas diferentes contra a covid-19 para primeira e segunda dose. Avalio que a gestante que tomou a primeira dose da Oxford/Astrazeneca e não teve nenhum sintoma pode tomar a segunda dose do mesmo imunizante. Já quem teve alguma reação ou não tomou ainda devem começar a imunização com a vacina Coronavac ou da Pfizer", acrescenta Lorena.

Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lembra que ainda não é possível afirma se fazer uma dose de cada laboratório é mais ou menos eficaz. "Não podemos dizer qual o resultado disso. O ideal na minha opinião seria fazer duas doses de outro laboratório. No entanto, é preciso ponderar se isso é mais correto do que vacinar pessoas que ainda não foram imunizadas ainda mais nesta situação de falta de vacinas", avalia.

A gestante precisa monitorar sintomas, após se vacinar? Deve ter atenção a quais deles principalmente?

Dor de cabeça, turvação da vista e uma dor abdominal que não passa. "Mas são os mesmos sintomas de alerta de qualquer pessoa, nada específico para gestante. Não temos nenhum indício de que gestante tenha mais reação que a população em geral. Só que as grávidas não foram estudadas, essa é a questão", afirma a diretora da SBIm. Mônica lembra que nas bulas das vacinas constam que gestantes, puérperas e lactantes não foram estudadas nas fases 1, 2 e 3. "Então, quando falamos de uma vacina que é de uso emergencial, está se considerando uma situação epidemiológica de alto risco, de uma pandemia, e se optou por opinião de especialistas sobre os riscos e os benefícios da vacinação", afirma. A especialista avalia ainda que o risco associado à covid-19 na gravidez é muito maior que o risco relacionado à vacina.

Como deve ser a relação entre obstetra e paciente gestante diante desta suspensão?

"Infelizmente, no sistema público de saúde, a maioria nem tem acesso direito ao médico. Ficam desorientadas no meio de toda essa confusão. Já as gestantes que têm médico mais próximo têm mais esclarecimentos de riscos e benefícios. Uma questão de avaliar risco potencial da doença que é muito mais alto que risco possível de ter reação pela vacina", afirma o ginecologista e obstetra da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital Albert Einstein, Igor Padovesi.

E a gestante que não quiser ser vacinada mesmo após orientação médica?

Para a integrante do Departamento Científico de Imunização da Asbai, a decisão da gestante que não se sentir confortável em tomar a vacina contra a covid-19 neste momento também deve ser respeitada. "Não há dados, mas, diante de tantos riscos em gestantes com comorbidades, a decisão precisa ser compartilhada entre gestante e médicos. Mas, claro, a gestante que não se sentir segura, precisa ser entendida e acolhida pelo medo de se vacinar neste momento", avalia.

A decisão da vacinação e possíveis efeitos colaterais devem ser discutidos entre a gestante e o médico considerando o risco da doença para esse grupo. "As gestantes e lactantes do grupo de risco que não concordarem em serem vacinadas, devem ser apoiadas em sua decisão e orientadas a manterem medidas de proteção como higiene das mãos, uso de máscaras e distanciamento social. Lembrando que as vacinas disponíveis atualmente não são de vírus vivos e usam tecnologia semelhante às vacinas já utilizadas pelas gestantes, como a influenza", orienta Ana Karolina.

Como a gestante deve lidar com a sensação de medo durante a pandemia?

Monalisa Nascimento dos Santos Barros, psicóloga e professora adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e pós-doutoranda sobre saúde mental perinatal na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, afirma que o medo é emoção que acaba tendo resposta fisiológica com aumento da adrenalina e cortisol, hormônios do estresse. "Isso acontecendo por repetidas vezes tem uma relação direta com a prematuridade e com o comportamento futuro do bebê que está exposto a uma dose alta de estresse ao longo de toda a gestação", afirma.

A grávida, neste momento no Brasil, precisa gerir uma série de informações bastante difíceis. "Mais de mil mortes maternas durante a covid-19, o que aumenta muito a ansiedade e o medo. Além disso, a disputa de narrativas pela gestão da crise no País potencializa ainda mais essa situação. Informações desencontradas, atitudes sem muito embasamento ou liberação de vacinas sem informações adequadas", acredita.

Para a psicóloga, a suspensão determinada pela Anvisa da vacina de Oxford/Astrazeneca é considerada muito intempestiva. "Sem muita discussão e sem balizar os riscos e os benefícios desta vacina. Produz ainda mais uma desestabilização emocional na gestante. E vale lembrar que a saúde mental é a primeira a ser atingida", avalia.

Quais são as razões da Anvisa para a suspensão?

A Anvisa recomendou a suspensão imediata do uso da vacina contra covid-19 da Oxford/Astrazeneca em gestantes. Segundo nota técnica emitida na noite de segunda-feira, 10, o imunizante não deve mais ser aplicado em grávidas com comorbidades, como vinha ocorrendo em alguns Estados brasileiros.

A orientação da agência é para que seja seguida a bula atual do medicamento da Astrazeneca, onde não consta uso em gestantes. De acordo com a nota, a decisão é fundamentada no "monitoramento constante de eventos adversos possivelmente causados pelas vacinas em uso no País."

O uso "off label" de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, fica restrito aos casos em que haja recomendação médica, mediante avaliação individual, por um profissional de saúde que pondere os riscos e benefícios para a paciente.

Quais são os eventos adversos raros e mais comuns associados com a vacina de Oxford/AstraZeneca?

Segundo a diretora da SBIm, os eventos adversos são extremamente raros. "Eventos adversos raros que têm sido notificados são os fenômenos tromboembólicos com plaquetopenia. Alguns países do mundo que vacinaram com a Oxford/AstraZeneca notificaram casos de trombose com plaquetopenia em pessoas imunizadas, sendo principalmente mulheres após a administração da primeira dose. Mas em uma ordem de raridade muito grande. É preciso lembrar que a covid-19 pode dar trombose, assim com a gestação", afirma.

A especialista lembra ainda que, logo após a vacinação, uma parcela da população costuma relatar febre, mal estar, indisposição e dor no local da aplicação. "Todas as vacinas podem dar, nas primeiras 48 horas, algumas com mais e outras com menos frequência. No caso da Oxford/AstraZeneca, são um pouco mais comuns, mas esses são eventos adversos comuns que nem precisam ser notificados", acrescenta Mônica.

Igor Padovesi alerta para os sintomas de trombose que devem ser observados. "Dor na perna e dor atípica na panturrilha, junto com inchaços, são sinais iniciais de trombose venosa profunda ou falta de ar súbita, que seria no caso de trombose pulmonar, locais mais comuns em que podem acontecer tromboses", orienta o ginecologista e obstetra da USP e do Hospital Albert Einstein.

Qual é a orientação do governo de SP e outros Estados brasileiros?

São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Tocantins, Distrito Federal, Pernambuco, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso e Santa Catarina decidiram interromper o uso da vacina de Oxford/Astrazeneca em grávidas após recomendação da Anvisa. Confira aqui todos os Estados.

O Rio de Janeiro investiga a morte de uma grávida que foi vacinada com a Oxford/Astrazeneca?

Sim. A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro disse que uma gestante morreu após receber a vacina de Oxford/AstraZeneca, mas não deu detalhes sobre o caso. A ligação do óbito com o imunizante não está confirmada. "O caso foi notificado pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio ao Estado e ao Ministério da Saúde. Todos os dados serão analisados pelo Ministério da Saúde, a quem cabe os processos de investigação de eventos adversos graves", disse em nota.

Para quem a vacina de Oxford/AstraZeneca é contraindicada?

Não existe nenhuma contraindicação diferente até o momento em que se suspendeu a vacinação em gestantes. "Assim como a Coronavac e a vacina da Pfizer, o imunizante também não é de vírus vivo atenuado. Então, são indicadas até para quem tem comorbidades, pacientes com câncer, transplantados, entre outros. A contraindicação seria se tem alguma reação alérgica grave, choque anafilático após a primeira dose, não deve fazer a segunda dose desse mesmo produto, mas isso tende a ser uma contraindicação geral das vacinas. E se estiver doente ou com febre no momento da vacinação, deve adiar a aplicação", diz a diretora da SBIm. "Agora, por causa do óbito de uma gestante que tomou a vacina Oxford/AstraZeneca, a Anvisa decidiu suspender a vacinação, o que é prudente. É preciso investigar se a gestante teve trombose porque iria ter de qualquer forma ou se isso está associado com a vacinação. E nós temos outras duas vacinas para continuar a vacinação", acrescenta Mônica.

Esses motivos podem levar a problemas em outros grupos, como os mais idosos?

Segundo Ana Karolina, no momento não existem problemas para outros grupos que estão sendo vacinados. "Devemos seguir a vacinação conforme o planejado, a segurança e a eficácia para uso das vacinas. Temos que ter questões em mente, de que todas as vacinas continuam sendo monitoradas. Mas acredito que a decisão da Anvisa de suspender a vacina de Oxford/Astrazeneca para gestantes não impacte em outros grupos neste momento", avalia.

"Teoricamente, os outros grupos podem continuar recebendo a vacina de Oxford/Astrazeneca, até segunda ordem", concorda Lorena.

Quando haverá uma reavaliação sobre a situação?

É preciso aguardar a recomendação oficial do Ministério da Saúde. A pasta e a Anvisa ainda não emitiram pareceres técnicos acerca do tema.

As eleições para presidente, governador e senador são muito simples: os mais votados ganham as vagas. Já nas disputas para deputado estadual ou distrital e deputado federal, os votos dos eleitores não vão apenas para os candidatos, mas também para seus partidos. A eleição de um deputado depende, então, dos votos obtidos pelas legendas e coligações partidárias.

O sistema eleitoral proporcional — que define os eleitos para a Câmara dos Deputados, as assembleias legislativas estaduais, a Câmara Legislativa do Distrito Federal e as câmaras municipais — envolve uma série de cálculos para determinar quem serão os representantes do povo nos parlamentos. Por isso, candidatos bem votados podem ficar fora da lista de eleitos, enquanto outros com menos votos podem se eleger.

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Entender esse processo é importante para um voto consciente. A seguir, explicamos o passo a passo do funcionamento do sistema proporcional, desde o lançamento das candidaturas até o resultado da eleição.

Coligações e candidaturas

Nas eleições deste ano, os partidos ainda puderam optar por concorrer sozinhos ou se juntar para formar coligações. No caso da formação de coligações, todos os votos dirigidos aos partidos integrantes nas votações para deputados federais e estaduais serão considerados votos da coligação.

A partir de 2020, porém, estarão proibidas as coligações nas eleições proporcionais. Essa foi uma das mudanças nas regras eleitorais determinadas pela Emenda Constitucional 97, promulgada pelo Congresso no ano passado.

A votação

Na hora de escolher um deputado estadual ou federal, o eleitor tem duas opções: pode votar em um candidato específico ou dar o chamado voto de legenda.

Para votar no candidato, deve digitar na urna os quatro números (para deputado federal) ou cinco números (para deputado estadual) do candidato escolhido, verificar a identificação na tela (nome e foto) e confirmar. Para o voto de legenda, basta digitar os dois primeiros números, que identificam o partido, e a tecla verde. Ambas as modalidades de voto são consideradas válidas e contabilizadas.

Todos os votos válidos são, então, agrupados por partido independente ou por coligação, dependendo do caso.

Quociente eleitoral

Finalizada a votação, passa-se à apuração. Nesse momento é feito o primeiro cálculo usado para a distribuição das cadeiras do Parlamento: o cálculo do quociente eleitoral. O número total de votos válidos para os cargos de deputado é dividido pelo número de cadeiras a serem preenchidas — que varia de 8 a 70, no caso de bancadas dos estados na Câmara dos Deputados, e de 24 a 94, no caso das assembleias legislativas estaduais.

O resultado dessa divisão é o chamado quociente eleitoral, que é independente para cada estado. Esse quociente será a base de cálculo para a distribuição de vagas entre os partidos e coligações. No caso de o quociente eleitoral ser um número quebrado, arredonda-se para cima ou para baixo, conforme o caso.

Quocientes partidários

Obtido o quociente eleitoral, o próximo passo é determinar a quantas vagas cada grupo político terá direito, de acordo com seu total de votos. Para isso, a votação de cada partido independente ou coligação é dividida pelo quociente eleitoral, gerando um novo valor: o quociente partidário. Apesar do nome, esse valor só é próprio de um partido se ele tiver concorrido sozinho. No caso de partidos que fazem parte de coligações, o quociente pertence à coligação como um todo, não a cada partido dela.

O quociente partidário é, enfim, o número de cadeiras a que o partido ou a coligação tem direito. Esse resultado raramente é um número inteiro. Então desprezam-se todos os algarismos depois da vírgula e considera-se apenas a parcela inteira como total de cadeiras a que o grupo tem direito. Por exemplo, se o quociente partidário de um partido ou coligação for 20,5, essa legenda tem direito a 20 cadeiras. O mesmo acontecerá se o quociente for de 20,1 ou de 20,9.

Partidos e coligações que obtenham um quociente partidário inferior a 1 não têm direito a nenhuma cadeira.

As médias

Feita a distribuição de cadeiras aos partidos e coligações que tenham recebido votos suficientes, é possível que ainda sobrem algumas vagas, devido ao arredondamento forçado da divisão pelo quociente partidário. Caso isso ocorra, essas sobras são divididas, uma por uma, de acordo com um novo cálculo, chamado de cálculo das médias.

O número total de votos de cada partido e coligação que tenha conquistado cadeiras é dividido pelo número de cadeiras já conquistadas acrescido de 1. Feita a divisão, o partido ou coligação cujo resultado seja mais alto vence a primeira média, e fica com uma das cadeiras da sobra. O procedimento é repetido para cada sobra, até que todas tenham sido ocupadas. A cada repetição, a legenda que já tenha conquistado alguma sobra tem seu número de cadeiras devidamente ajustado.

Os eleitos

Uma vez que todos os partidos e coligações tenham suas cadeiras definidas, a definição dos ocupantes é o passo mais fácil. Aqui resgatam-se as votações individuais de cada candidato e desprezam-se os votos de legenda. Cada partido e coligação preencherá as cadeiras a que tem direito com seus candidatos mais votados individualmente, na ordem da votação individual. No caso de coligações, não interessa o número de votos com que cada partido contribuiu: todos os votos são considerados da coligação, e todos os candidatos são agrupados na mesma lista.

Essa lógica faz com que candidatos com poucos votos, mas pertencentes a um partido ou coligação com grande votação, possam acabar eleitos. Afinal, as legendas devem preencher as vagas que conquistaram, e, nesse momento, só interessa a votação de cada candidato relativa aos colegas da mesma legenda, e não seus números no universo total de candidatos ao mesmo cargo. Sendo assim, a presença de um único campeão de votos numa legenda — os chamados puxadores de votos — garante a eleição de muitos colegas.

Os candidatos que não ficarem suficientemente bem colocados para assumir uma vaga pelo partido ou pela coligação tornam-se suplentes e assumem os mandatos dos titulares que se retirarem do Parlamento por qualquer motivo, como renúncia, falecimento ou licença. O suplente com mais votos assume no lugar do primeiro eleito que se afastar, e assim por diante. Com a volta do titular, o suplente deixa o cargo.

Já os candidatos de partidos e coligações que não conquistem cadeiras não terão chance de assumir um mandato, por mais bem votados que tenham sido individualmente. Na distribuição de vagas por legenda, o que importa é a votação coletiva do grupo político. Esse estágio deve ser superado antes da distribuição individual das vagas. Se não for, não haverá cadeiras para os candidatos daquela legenda preencherem com seus votos.

*Agência Senado

A Banda Torpedo divulgou, na última terça-feira (28), o lançamento de uma música chamada “Entenda”, gravada por Deivison Kellrs, cantor da banda que faleceu devido a um câncer no fígado, no domingo (19), aos 30 anos de idade.

Os lançamentos, segundo a banda, são uma forma de realizar uma homenagem póstuma ao cantor. “Entenda”, de acordo com o anúncio postado no Instagram da Banda Torpedo, é a primeira de duas músicas inéditas na voz do "Anjo Guerreiro" e está disponível na conta oficial da banda no Youtube.

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No Brasil, a carreira de médico ainda é vista com prestígio e a possibilidade de estabilidade financeira. Milhares de jovens têm o sonho de ingressar no curso em Instituições de Ensino Superior (IES); o profissional é qualificado para o acompanhamento e tratamento de pessoas doentes.

“Ajudar a quem precisa é uma das maiores realizações. Esse foi um dos maiores motivos para ingressar na área, além de proporcionar uma segurança financeira”, explica Lucas Fagundes, estudante do curso de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O sonho encontra um intenso processo de preparação para o vestibular, principalmente nas instituições que adotam o Sistema Seriado de Seleção (Sisu). A realidade é que, por exemplo, para cada vaga, há 278,9 concorrentes, uma média de concorrência para o vestibular de medicina da Universidade Estadual de Campinas, um dos mais concorridos para o curso em todo o país.

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O panorama reflete na rotina diária de estudos durante o ensino médio e, também, a graduação exigirá forte dedicação. “Nosso dia a dia requer bastante disciplina, uma vez que a carga horária é extensa e o curso é integral. Tem que haver constante estudo e interesse”, explica Lucas Soares Bezerra, estudante do 10º período, do curso de medicina da UNINASSAU. Com duração de seis anos, a graduação é dividida em módulos - a depender da metodologia adotada pela instituição de ensino -. Durante eles, o graduando terá contato com disciplinas que abordam questões básicas, teóricas e práticas da realidade de um médico.

A grade curricular dos cursos de medicina seguem as recomendações estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Em geral, os estudantes encontram ciclos básico, clínico e de internato. Em entrevista ao LeiaJá, o coordenador do curso de medicina da UNINASSAU, Dr. Cláudio Lacerda, detalha como são esses processos. Além de pontuar as características do curso da IES e o mercado para o profissional formado.

A dinâmica em sala proporciona uma integração entre os conteúdos teóricos e práticos. Na UFPE, o curso de medicina é um dos mais concorridos. O coordenador da graduação, Silvia Caldas, explica como funciona a junção entre as atividades desenvolvidas em sala com as vivências de um futuro médico: desde o primeiro semestre, o estudante é colocado em contato com disciplinas que funcionam de forma integrada. Elas são divididas em módulos que se sucedem desde as ciências básicas até as áreas de conhecimento mais profissionais ligadas ao exercício da medicina. De acordo com o coordenador, essa ligação entre prática e teoria proporciona um ganho na construção do conhecimento do aluno. No final, eles terão noção de como aplicar os conteúdos como um profissional que tem bagagem interdisciplinar e interprofissional.

“Durante as aulas, o contato com a parte teórica e prática é muito importante. Conquistamos, através dessas vivências, uma bagagem muito legal e necessária no exercício da profissão”, explica o estudante Lucas Fagundes. O aluno ainda destaca que um dos maiores desafios é manter a rotina de estudos organizada. Uma característica da graduação é o curso integral, que exige dedicação exclusiva. "Existem amigos de sala que não conseguem manter nada, assim como eu, além da graduação. Considero esse o ponto negativo. Ela exige, de fato, uma dedicação muito grande. Ainda mais, quando é atrelada a responsabilidade e pressão da sociedade e familia no exercício da carreira de médico no país", acrescenta o estudante.

Depois de passar quatro anos no curso, o aluno de medicina agora encara uma nova etapa da formação: o internato. Nele, a rotina de dentro de um centro de atendimento a pacientes é vivenciada diariamente. “A experiência é muito enriquecedora, passamos por diversas áreas da medicina (Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Saúde Coletiva) e temos um acréscimo de responsabilidades perante o paciente e o serviço de saúde. Durante esse processo, não tenho mais aulas teóricas na instituição, com exceção de orientação para o TCC”, pontua o também Lucas Bezerra.

Com o diploma em mãos, após cumprir todas as disciplinas obrigatórias do currículo, o graduado se tornará médico, como explica Silvio Caldas. “ De posse do diploma, ele pode exercer a medicina em qualquer área. Mas ele não poderá se intitular especialista em determinada área. Para ter esse título, ele deverá fazer um programa de treinamento na especialidade - como residência médica ou prova -.”

Os vestibulandos que desejam ingressar em algum curso de medicina deve estar atento aos vestibulares das instituições de ensino. A nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderá ser utilizada, em alguns casos, como a porta de entrada na graduação. Em outras ocasiões, os exames de entrada das IES incluem os conteúdos já cobrados para o Enem.

Vai Cair No Enem

O programa produzido pelo LeiaJa.com traz uma série de conteúdos específicos do Exame. Semanalmente, vídeo aulas são compartilhadas no canal do YouTube da iniciativa e redes sociais. Os feras ainda podem ter acesso, através do Instagram do projeto (@vaicairnoenem), a dicas rápidas e material de estudo exclusivo desenvolvido por professores de todo o país.

"Virginiano é muito organizado e pragmático", "capricorniano é teimoso", "câncer é um signo muito sensível" e "geminiano é impulsivo e bipolar". Nas redes sociais, expressões prontas sobre os doze signos do zodíaco e diferentes memes acerca do assunto ganharam espaço no gosto popular e atraem principalmente os mais jovens. Mesmo que o conteúdo de divulgação seja feito de forma lúdica na maioria dos casos, a astrologia, apesar de milenar, desperta um interesse mais sério pelo universo astrológico no século 21. Em busca de entender o recente aumento do interesse pela astrologia e as consequências do tema ter viralizado, o LeiaJá entrevistou especialistas e entusiastas da temática.

Há milênios, o homem mantém uma relação com o cosmos e os ciclos celestes eram tidos como fortes influentes dos acontecimentos terrestres. O imaginário, o sagrado e o céu eram pilares que norteavam a vida humana, desde os povos mais antigos, como sumérios, babilônios, caldeus, egípcios, assírios e gregos. Relatos de cerca de 4.200 a.C documentam que os primeiros escritos da astrologia e astronomia foram realizados no Egito. A primeira é uma ciência que estuda os movimentos dos astros, já a segunda é a explicação de como os astros influenciam os acontecimentos da Terra. 

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No século 17, houve uma separação das duas formas de estudo. A astronomia ganhou força com o embasamento científico e as narrativas da astrologia foram rejeitadas por muitos anos, tanto pela ciência como pela religião. Nesse cenário, a astrologia de “previsões”  passa a ser mais marginalizada e perde espaço. Por outro lado, após três séculos, a influência do estudioso Carl Gustav Jung em estudos astrológicos torna-se uma das formas de buscar sentido nas ações humanas. Os astrólogos, então, focam menos no que vai acontecer e mais nas qualidades, pontos fortes e fracos e a percepção da personalidade das pessoas.

O autoconhecimento e a astrologia

Atualmente, o crescente interesse das pessoas pela influência dos signos é apontado pela astróloga Eliane Caldas como uma consequência do aumento do acesso à internet pelas gerações mais novas e também pela passagem da "Era de Peixes" para a "Era de Aquário*". “A temática dos signos se destaca cada vez mais porque o conhecimento de tudo de uma maneira geral está sendo mais acessível e compartilhado nas redes. Além disso, a Era de Aquário propicia um entendimento do tempo de forma diferente”, explicou.

O psicólogo Alexandre Freitas, pesquisador do fenômeno da astrologia do ponto de vista da psicologia, pontua que o interesse pelos astros e signos cresceu com o advento das redes sociais e suas linguagens. Para ele, os memes, vídeos explicativos e as novas plataformas online de divulgação são pilares responsáveis por despertar a curiosidade, principalmente dos jovens. Mas, não só isso. O estudioso diz que tem crescido uma necessidade da humanidade de buscar respostas para questões fundamentais do autoconhecimento e do mundo.

“Quem eu sou? E quais aspectos me influenciam?”. Alexandre diz que essa busca pode ser encontrada nas possibilidades dos signos. “Acho que astrologia traz respostas prontas para essas questões existenciais. São pontos que todo mundo em algum momento se coloca”, disse. Para ele, a astrologia pode servir como um instrumento complementar e não como definição. "Ela toca nos pontos que psicologicamente atraem todos nós, que é descobrir um pouco mais de nós e a nossa essência", diz. 

Seja em sites de paquera online, encontro de amigos, um flerte numa festa, o tema "signo" quase sempre está presente nas conversas. Leigos e pessoas que não acreditam na astrologia às vezes são encaradas como "não descoladas" porque não se interessam tanto pelo tema. 

Para o estudante Paulo Correia, de 26 anos, que se considera um grande entusiasta da astrologia, o assunto se faz presente desde a infância. “O primeiro contato que eu tive com astrologia foi quando era criança e assistia aos Cavaleiros do Zodíaco. Mas por ser de família cristã sempre fui ensinado que essas coisas eram mentira”, relembra. Mais de dez anos depois, Paulo diz que o interesse pelo tema voltou com o acesso às redes sociais, como Twitter e Facebook. “Amigos me explicaram sobre mapa astral e o que significava alguns pontos. Quando cheguei em casa fiz o meu em um site e pesquisei bastante sobre. Fiquei muito surpreso”, conta.

A banalização da astrologia com os 'estereótipos'

Na internet, existem várias páginas no Facebook para tratar do tema e diversos sites para realizar o mapa astral, uma espécie de cartografia da posição dos astros e dos signos do zodíaco em relação à Terra no exato momento do nascimento de uma pessoa. No Recife, assunto não está só na web. O espaço Recanto do Ser, na Zona Norte, promove palestras mensais sobre os signos de cada mês. A casa também oferece atividades como yoga, meditação, psicoterapia, leitura de aura, Reiki, entre outros. Kamilla Rogge, palestrante do centro, também é diretora do documentário pernambucano "Qual é o teu signo? - Astrologia e Autoconhecimento".

Ela conta que passou a perceber o aumento do interesse das pessoas pelos signos em rodas de conversa, vídeos no YouTube e em outras plataformas. “No documentário, eu quis retratar um pouco a questão dos estereótipos com o aumento desse assunto. Porque sempre era uma forma de encaixar as pessoas em um rótulo. Quis trazer um pouco do motivo que a astrologia estava sendo utilizada como uma forma de estereotipar as pessoas”, explica.

Kamilla comenta que esses rótulos já estabelecidos de cada signo podem ser prejudiciais na busca pelo autoconhecimento, em alguns casos. “Algumas pessoas acabam se descobrindo e desconstruindo muitas outras ideias. Já outras, buscam se enquadrar no que já era dito e aí está o problema da banalização do tema”, diz.

De acordo com Alexandre Freitas, a astrologia caiu no gosto popular. Mas, para ele, o aumento da busca por respostas rápidas no zodíaco fez com que o assunto sofresse um processo de banalização, atualmente. “Hoje em dia, esse fenômeno não é olhado com cuidado. A partir do momento que as pessoas consultam previsões e textos genéricos de cada signo ou até do mapa astral, a complexidade do assunto acaba se perdendo, assim como a riqueza e as possibilidades desses instrumentos de análise”, lamenta.

O psicólogo Luiz Carlos Filho também enxerga a falta de cuidado com o tema, mas diz que apesar dos pontos ruins com a ausência de profundidade, a divulgação indevida serviu para disseminar ainda mais o assunto e isso foi algo positivo. Para ele, muitas pessoas puderam ter acesso ao assunto e conhecer um pouco mais sobre a história milenar da astrologia. “Hoje em dia, sem dúvida, se fala mais sobre astrologia do que antigamente. Talvez com o uso dos estereótipos, mas de certa forma, se fala mais do tema que já foi discriminado durante muito tempo”, garante.

Relacionar apenas o signo solar, referente ao dia do nascimento, a certo tipo de personalidade é um erro, na visão do psicólogo Luiz Carlos. “Acho perigoso a 'estereotipização'. É um caminho psicológico que acontece. A gente precisa colocar o outro em uma definição. Quando eu conheço uma pessoa, vou lá buscar na minha mente o arquivo que tenho sobre alguma característica dela. Mas, eu não posso estereotipar uma pessoa baseada no signo, isso é um erro. Ela não é só o signo solar, tem todo o mapa astral que pode dizer melhor quem ela é”, conclui.

Era de Aquário:

De acordo com a astrologia, os movimentos recentes que têm surgido, como os de desescolarização, consumo consciente, apoio ao empreendedorismo, à colaboração, à busca e realização de sonhos é responsabilidade da Era de Aquário.

A cada 2160 anos, o sol nasce na frente da constelação de um signo. Durante esse período, o planeta passa a ser regido pelas características de tal signo (o que caracteriza a sua era). Agora é a vez de Aquário.

Além desta “troca de era”, o mundo atravessa o período de encerramento de um ciclo de eras (já existiram eras de todos os signos). Isso só ocorre a cada 26 mil anos. As datas de início exato de cada variam de acordo com diferentes linhas de pensamento. A Era de Peixes começou em 498 D.C. e só termina em 2658 D.C., início da Era de Aquário. 

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