Apesar de já ter avisado, no início deste ano, que “não tem medo de grito” e que não vai ser “grupeiro partidário” que vai impedir que entre em qualquer unidade universitária do país, a verdade é que o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), está na mira de muitos pernambucanos insatisfeitos, que o responsabilizam não apenas por realizar “cortes da educação”, bem como apoiar as reformas do governo Temer, que já foram alvas de diversas manifestações no Brasil.
Mais um fato deve-se unir a esse “descontentamento” por parte da população desgostosa: nos bastidores comenta-se que a empresária Andréa Mendonça, irmã do ministro e cunhada do deputado federal Augusto Coutinho, venha a disputar uma vaga da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A família forte pelo sobrenome que carrega as marcas do passado deixadas pelo pai de Mendoncinha, o ex-deputado federal José Mendonça, não possui representação na Casa há oito anos.
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Andréa foi candidata a prefeita de Belo Jardim, em 2012, terra da família. Antes, já começava um atrito no clã Mendonça. A irmã de Mendoncinha, que já foi secretária de Turismo, Cultura e Paisagismo do município, disputou a vaga para comandar a cidade localizada no Agreste, entre outros candidatos, com o primo João Mendonça. João, na época da ruptura com a família, alegou falta de espaço político e chegou a falar que era preciso mudar o estilo de fazer política.
Na ocasião, Andrea rebateu dizendo que nunca pensou em disputar com o grupo dos Mendonça dividido e que a união era de 44 anos, mas que ele foi o único que decidiu sair. À época do rompimento, Mendonça Filho disse que na política era preciso ter paciência e coerência e que “não iria perder um minuto de sono” com a decisão do primo. No entanto, apesar do padrinho forte, que teve participação atuante durante a campanha, ela não venceu.
João, que já foi prefeito de Belo Jardim por quatro mandatos, também deve se movimentar politicamente em 2018, após perder o mandato por ter sido condenado pela Justiça por improbidade administrativa. Ele já chegou a dizer que “os poderosos de Belo Jardim não aceitam minhas vitórias” e afirmou que é perseguido politicamente.
Planos do ministro
Cogita-se que o ex-governador volte a disputar novamente o posto em Pernambuco. Outra possibilidade aberta é de que ele saia candidato a senador. O ministro, no entanto, se nega a falar das eleições. Em entrevista no mês de agosto passado, durante um evento no Recife, o democrata disse que vai falar sobre o assunto “no momento certo” e que não tem nenhum planejamento.
Mendonça Filho segue os passos do pai. Aos 51 anos, ele já possui uma extensa ficha na política tendo conquistado, na disputa de 1986, o título de deputado estadual mais novo eleito no país. Já foi deputado federal, vice-governador em duas gestões do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB), além de secretário de Estado.
Apesar do currículo, ele tem enfrentado muitas críticas no comando do Ministério da Educação (MEC). Também tem sido chamado, frequentemente, de “golpista” e revidado muitas das vezes com ironia. Em uma manifestação contra ele, quando desembarcava no Aeroporto Internacional do Recife, chegou a ser surpreendido com manifestantes, mas tirou por menos chegando a mandar beijos para os opositores e alegou, por nota, que os presentes eram petistas. “A democracia do PT é assim: no grito e na violência”, disparou na ocasião.
Um dos motivos pelo apelido “golpista” foi por ter votado a favor da reforma trabalhista. Ele, que foi eleito deputado federal, deixou seu ministério para votar. Mendonça não se intimida a falar sobre o tema e disse, recentemente, que o governo Temer vai ter forças para passar as demais propostas. Garantiu, também, que para a retomada do crescimento do Brasil existe a necessidade de aprovar outras reformas como a tributária e da previdência.
Por sua vez, o democrata se defende garantindo que a área da educação, outro motivo de protestos realizados, continua recebendo investimentos. De acordo com ele, as 63 universidades federais do país estão funcionando. Ele também vem afirmando que diversas obras paralisadas nos governos do PT foram retomadas e entregues em sua gestão.
Traidores de Pernambuco
O ministro chegou a ser alvo de uma grande campanha das centrais sindicais de Pernambuco que teve como objetivo denunciar ao povo pernambucano quais eram os deputados federais que estavam “atacando” os direitos da classe trabalhadora. Ele apareceu, ao lado de outros parlamentares, em mais de 35 outdoors espalhados pelo estado e em mais de 500 mil panfletos que foram espalhados no mês de maio.
Na época, à frente da atividade, o presidente da Central Única de Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE) chegou a dizer que o povo vai lembrar dos traidores em 2018. “As centrais não irão deixar que esqueçam dos deputados que votaram a favor da reforma trabalhista. Vamos ficar lembrando a todo instante”, ressaltou.
A perda do líder dos Mendonça
José Mendonça era componente primordial na trajetória política da família. O Mendonção, como era conhecido, começou sua trajetória polícia na década de 60, passou quase 50 anos na política tendo sido deputado federal por oito mandatos consecutivos e três na Alepe. Ele morreu em 2011, aos 75 anos, vitimado por um tumor no intestino. Além de Mendonça e de Andréa, ele era pai de Isabela, Carla, Pedro e Danilo.
O ministro já falou que seu interesse na política surgiu por conta do pai porque sempre o acompanhou nos comícios e eventos. “Para mim, ele sempre foi uma referência de homem honrado, leal com os amigos e respeitoso com os adversários”, elogiou.