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O ex-procurador Marcelo Miller, que integrava o grupo de trabalho da Lava Jato entre 2014 e 2016, é alvo de um procedimento preparatório (PP) na Procuradoria da República do Distrito Federal (PR-DF). O PP, que é a etapa anterior à instauração formação de inquérito ou arquivamento do caso, foi aberto após uma representação feita na procuradoria.

Miller foi citado pelo presidente Michel Temer em pronunciamento nessa terça-feira, 27. Temer disse que "um assessor muito próximo ao procurador-geral da República (Rodrigo Janot), senhor Marcelo Miller, homem de sua mais estrita confiança" abandonou o MPF para "trabalhar em empresa que faz delação premiada com o procurador-geral". O presidente disse ainda que Miller "ganhou milhões em poucos meses", garantindo "ao seu novo patrão um acordo benevolente, uma delação que o tira das garras de Justiça, que gera uma impunidade nunca antes vista".

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A delação citada por Temer é a dos executivos do Grupo J&F. Miller, após deixar o MPF, foi contratado pelo escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, que representou a J&F durante parte das negociações do acordo com o MPF. Procurado, Miller não comentou o procedimento preparatório.

"No âmbito do PP, já foram solicitadas informações acerca do ingresso de Marcelo Miller no escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, que representou a holding J&F durante parte das negociações que levaram ao fechamento de acordo de leniência entre o grupo econômico e o MPF. Também foram pedidos esclarecimentos à seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro, onde um procedimento interno apura o caso", afirma em nota o MPF sobre o PP instaurado em 26 de maio.

A nota foi divulgada após o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmar em entrevista ao SBT que o MPF deveria apurar a participação do ex-procurador como advogado do Grupo J&F.

Procuradoria

Em resposta aos comentários do presidente, o procurador-geral Rodrigo Janot já havia divulgado uma nota sobre seu ex-assessor.

A nota diz que Miller não participou das negociações do acordo de delação premiada dos executivos do Grupo J&F.

"Ele integrou a Assessoria Criminal do procurador-geral da República de setembro de 2013 a maio de 2015. De maio de 2015 a julho de 2016, foi designado para integrar o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR, em Brasília. A partir de 4 de julho de 2016, ele voltou a ser lotado na PR/RJ, com processos distribuídos ao seu ofício, atuando junto ao grupo de trabalho somente como membro colaborador. Ele solicitou exoneração do cargo de procurador em 23 de fevereiro de 2017, a qual foi efetivada em 5 de abril de 2017", diz o texto da procuradoria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Durante o julgamento que está sendo realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que decide se a relatoria da JBS continua com o ministro Edson Fachin, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu que a forma utilizada atualmente continue. Segundo Janot, um acordo pode ser homologado por um único ministro do STF e, após esse processo, não deve ser feita uma revisão dos termos acordados entre delatores e Ministério Público. Para o procurador, se for permitida a revisão completa, a consequência afetará outras delações. 

“Permitir a revisão completa terá consequências sim em outros acordos de delação premiada. A mensagem será: ao acordar, o Ministério Público pode, mas não muito; ao acordar, o Ministério Público promete, mas não sabe se vai poder cumprir”, disse. 

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Janot também declarou que se houver mudanças nos acordos serão afetadas não apenas outras delações envolvendo políticos, como também crimes a exemplo do tráfico de armas e terrorismo. “A decisão tomada aqui vai alcançar as delações premiadas para apurar tráfico de drogas, de armas, de pessoas, PCC, Comando Vermelho, sequestro, terrorismo e toda a forma de macrocriminalidade”.

O julgamento está acontecendo após o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), que foi citado por um dos delatores, questionar por que o acordo foi direto para a homologação do ministro Fachin, que também é relator da Lava Jato no supremo. Ele acredita que deveria existir um sorteio porque a operação abrange a Petrobras e a delação a outros fatos. 

Os comentários do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, criticando a atuação do Ministério Público e do Judiciário repercutiram na força-tarefa da Operação Lava Jato. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), usou as redes sociais para dizer que o ministro ameaça o combate à corrupção e quer impedir o MP de investigar.

"Gilmar Mendes ameaça todo combate à corrupção de retrocesso. Quer impedir o Ministério Público de investigar. Quer impedir a execução da pena após a decisão de 2º grau. Precisamos resistir e fazer valer as leis e a Constituição, e não a vontade de déspotas pouco esclarecidos", escreveu o procurador em seu perfil no Facebook.

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O comentário de Lima foi feito em resposta a uma entrevista de Gilmar Mendes para o Jornal do Commercio publicada nesta segunda-feira, 19. Na publicação, o ministro afirmou que o Brasil "produziu uma geringonça" e uma série de anomalias com "um Judiciário hipertrofiado, um Ministério Público hipertrofiado".

Já em palestra durante seminário do Grupo de Líderes Empresariais (LIDE), em Pernambuco, Mendes criticou o que chamou de "abuso" em investigações e falou que "expandiu-se demais a investigação, além dos limites". Comentando as declarações do ministro, o procurador devolveu: "Quando Gilmar Mendes fala contra a Operação Lava Jato, tenho a certeza que ela está no caminho certo."

A falta de médicos nas cidades do interior é um problema antigo que atinge milhares de pessoas em todo o Brasil. O problema dificulta o atendimento em municípios pequenos e contribui para a lotação de hospitais regionais e das capitais, devido à necessidade de transferência de pacientes que não têm como se tratar no lugar onde residem. 

No Brasil, o cenário é de concentração de médicos nas capitais e regiões metropolitanas. De acordo com um estudo divulgado em 2015 pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, há 399 mil médicos em todo o país e 55% deles estão nas capitais, onde vive 24% da população. 

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Trazendo a situação para o cenário pernambucano, a situação não é muito diferente. Um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), a pedido do LeiaJá, aponta que existem, atualmente, 14.488 médicos no estado. Deste,  apenas 2.479, cerca de 17,11% do total, residem em cidades do interior. Enquanto isso, a Região Metropolitana do Recife (RMR) concentra aproximadamente 82,88% de todos os profissionais de medicina, totalizando 12.009 médicos.

Nos últimos anos, o poder público tem tentado reverter esse quadro através da abertura de mais universidades de medicina em cidades do interior, da realização de seleções e concursos com bons salários e do programa Mais Médicos, que levava médicos brasileiros e estrangeiros para locais onde havia déficit no número de profissionais. No entanto, como mostram os números, ainda não é o suficiente. 

O LeiaJá entrevistou médicos, gestores públicos de saúde e o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Tadeu Calheiros, para entender quais são as razões para a escassez de médicos no interior do estado e como essa situação poderia ser revertida. 

Fortalecimento dos planos de carreira

O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Tadeu Calheiros, discorda da ideia muitas vezes difundida na sociedade de que os médicos que não vão para o interior preferem as capitais por razões financeiras. De acordo com ele, uma das razões para que muitos médicos prefiram trabalhar nas capitais é a precariedade dos vínculos empregatícios dos médicos com as prefeituras nas cidades do interior. “A maioria dos municípios não investe em concursos, contrata médicos sem carteira assinada, sem nenhum vínculo contratual, por acordos de boca, o que favorece muitos calotes”.

Segundo ele, essa situação se torna mais recorrente quando se aproximam as eleições municipais. “Muitas vezes quando os prefeitos não se reelegem ou não conseguem eleger um candidato que eles apoiam, os médicos não são pagos”, afirma. 

O presidente do sindicato também destaca a existência de pressão política interferindo no atendimento. “Os políticos muitas vezes ficam querendo favorecimento, passar outros pacientes na frente, e aí sem um vínculo trabalhista formal, o médico pode ser perseguido ser desfavorecido”, explica Calheiros.

A estrutura dos hospitais, clínicas e ambulatórios também é um problema na opinião do presidente do Simepe, que coloca a falta de equipamentos e déficit de profissionais dificultam o trabalho. “ É comum que um só médico trabalhe no único hospital da cidade fazendo todas as funções. Isso aumenta riscos para pacientes e para o médico por termos um clínico fazendo um parto, um psiquiatra atendendo pediatria. Às vezes não tem laboratório para fazer um simples hemograma, não dá pra fazer raio-x. As pessoas cansam desse risco de viver sempre lutando para conseguir ajudar seus pacientes”. 

A falta de hospitais-escolas nas cidades do interior, na visão dele, também é um fator que cria dificuldades de atração de médicos, uma vez que a maioria dos profissionais faz residência nas capitais. “Os médicos se fixam muito no local onde estudaram então isso também pesa para a concentração nas capitais. Centros formadores, a residência na capital ajuda. Você tem que ter um hospital capacitado, um hospital escola para receber médicos residentes, então isso interfere, os hospitais no interior têm que ser melhorados para isso”, complementa. 

Como presidente do sindicato de médicos, Tadeu Calheiros vê a falta de médicos nas cidades do interior como um problema grave que poderia ser sanado através de vínculos de trabalho regulares, de concursos públicos que deem segurança e um plano de carreira no qual os médicos jovens comecem trabalhando em cidades que enfrentam dificuldades de atração de profissionais e possam migrar para perto de grandes cidades, caso queiram, com o passar do tempo e da progressão da carreira. 

Calheiros também coloca a ampliação do número de nomeações em concursos, da acessibilidade de médicos ao concurso público por meio de contratações e do reajuste de salários que acabe com a discrepância da remuneração entre diferentes regiões do país. Conforme ele mesmo explica, o sindicato “Sugere que tenha uma carreira federal para médicos” como solução para a concentração de profissionais nas capitais e grandes centros urbanos.

“Aliviar a dor e salvar vidas é o maior prazer que a gente tem”

João Genú é ginecologista, atualmente está aposentado do serviço público devido a problemas em seu ombro que o impedem de fazer ultrassonografias, mas ainda trabalha em ambulatório. Com 38 anos de carreira, dos quais apenas dois passou trabalhando no Recife, doutor João, como é conhecido, dedicou a maior parte da sua vida profissional a exercer a medicina no município de Pesqueira, localizado no agreste pernambucano, que tem 62.931 habitantes de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos quais apenas 29 são médicos, de acordo com o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).

Quando perguntado sobre as condições de trabalho na cidade, Genú afirma que a estrutura hospitalar e o baixo número de médicos são dificuldades que exigem uma grande qualificação do profissional de medicina para exercer diversas funções e pode afastar muitos médicos das cidades pequenas. 

“No interior você tem que ser mais profissional, pois não tem outros colegas, não tem muitos recursos. Você tem que ser muito preparado para trabalhar em hospital, em média complexidade. Eu já cheguei a fazer 10 cesarianas num plantão sozinho”, explica ele. 

Doutor João aponta as vantagens de exercer a medicina em cidades interioranas. "Eu vejo a tranquilidade, não ter tanta violência, trânsito. Mas lazer também é ruim. Quem quer ir pro interior querendo tranquilidade, tudo bem, quem quer mais especialidades, melhor as capitais, mas dá para trabalhar, tem uma estrutura mínima básica”. A relação de proximidade com os pacientes também é, para ele, um ponto positivo. 

Questionado se, em sua visão, há alguma razão além das dificuldades de atendimento que causa o afastamento de médicos das cidades do interior, João Genú aponta o desejo de status, grandes salários e a falta de disposição para prestar um atendimento humanizado como motivos. 

“Também tem gente que não quer trabalhar bem, que não tem a visão de querer atender ao paciente independentemente das condições. Alguns médicos se formam mas não vestem o juramento de Hipócrates e só pensam em status e dinheiro, e aí mal olham pro paciente. Todo paciente tem que ser entrevistado, ouvido e entendido, pois maioria dos diagnósticos se descobrem ouvindo o paciente, precisa levantar hipóteses a confirmar com exames mas muitos não fazem nem isso”, critica o médico. 

Na opinião do Doutor João Genú, para profissionais que escolhem a medicina por amor à profissão, todas as dificuldades valem a pena pela sensação de ajudar as pessoas e aliviar suas dores. “A atuação tem que ser boa em qualquer lugar, o problema é estrutural no interior, mas o médico tem que ser médico de verdade em qualquer canto, Aliviar a dor e salvar vidas é o maior prazer que a gente tem. É preciso que médicos jovens se desarmem, saiam da vaidade pois alguns se formam e acham que são semi deuses mas são só seres humanos mais informados, não são melhores nem piores que ninguém”. 

“Para a saúde tem que sangrar de algum lado, não importa”

Roberto Monteiro é médico há 40 anos e atualmente atua pela terceira vez como diretor do hospital Doutor Lídio Paraíba, também em Pesqueira, além de já ter trabalhado em outras cidades próximas. Ao analisar a situação do hospital, Roberto afirma que a situação ainda não é ideal, mas que já foi pior tanto em Pesqueira quanto em outras cidades onde já trabalhou, no que diz respeito às contratações e atração de médicos para a cidade.

“Hoje a situação está relativamente regular, tem gente na fila esperando por vaga para trabalhar, mas já houve épocas em que foi difícil e muita gente saiu por problemas com pagamento, estrutura, entre outras coisas. Quando cheguei era só um médico por plantão, tinha que fazer anestesia, cesariana, tudo sozinho, era um sufoco, depois foi melhorando, quando você tem um colega é mais fácil”, afirma Monteiro, que também coloca o sucateamento estrutural do hospital como um problema. “Nós recebemos um hospital sucateado onde quebra muita coisa, o material é antigo, obsoleto e muito usado. Recentemente quebrou o equipamento de esterilização de roupas do hospital e demora para comprar um novo pois equipamento hospitalar é sempre muito caro”, explica o diretor. 

A relação entre a direção do hospital e a gestão municipal, de acordo com Roberto Monteiro, também pode gerar problemas quando não flui bem. “Gestão pública é difícil, demora e em hospital tem que ser tudo urgente, ‘para ontem’, pois doença não espera, a vida é para hoje, o atendimento é de imediato. Às vezes a gestão não paga certo e em dia, mas é importantíssimo manter um salário que dê para o profissional sobreviver. Seguridade salarial é muito importante para médicos, enfermeiros, auxiliares, já que o médico se completa com a equipe. Médico sozinho nada funciona”, afirma o diretor, que também explica que o salário pago no município é baixo e precisa ser elevado, mesmo já estando difícil para a prefeitura manter os salários no patamar em que estão hoje. 

“Aqui em Pesqueira o que nós pagamos é pouco e sangra o bolso o município mas para saúde tem que sangrar de algum lado, não importa, ainda pode melhorar, já cheguei a ver a cidade ter problemas com o limite de gastos com pessoal sendo ultrapassado, ao mesmo tempo em que o hospital necessitava muito de médicos”, diz Monteiro. 

“Os recursos que vem do Governo não são suficientes”

O município de Sanharó tinha em torno de 25.521 habitantes em 2016 de acordo com o IBGE e apenas dois médicos residem na cidade. De acordo com o enfermeiro e secretário de saúde, Hérico Costa, a cidade tem muitos problemas para atrair médicos pois “Eles só são atraídos pelo salário” e “Os municípios passam por dificuldades financeiras, sem receber reajustes nos repasses do Ministério da Saúde desde 2011”. 

Costa também vê a diferença de salários entre o que o município pode oferecer e o salário que é pago, por exemplo, pelo Programa Mais Médicos do Governo Federal como um fator negativo. Em sua visão, o programa ajuda, mas a demora para que os médicos cheguem até a cidade gera a necessidade de contratar por fora. 

“O mais médicos ajuda, mas demora até o médico do programa chegar e aí temos que contratar alguém que às vezes acha o salário baixo, até que o médico do programa chegue. O médico brasileiro do Mais Médicos recebe R$ 10 mil, o que não é do programa recebe R$ 6 mil, aí eles reclamam. Se o repasse do Ministério da Saúde fosse igual ao valor pago pelo Mais Médicos, isso ajudaria, mas os recursos que vem do Governo não são suficientes”, explica Hérico Costa. 

Uma outra consequência gerada pela necessidade de elevar a remuneração para conseguir atrair os médicos é a dificuldade da prefeitura para se manter dentro dos limites de gastos com pagamento de pessoal determinados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). 

Quando uma cidade ultrapassa os limites de gastos e isso é constatado na prestação de contas, prefeitos e secretários podem sofrer processos no Tribunal de Contas, por usar o dinheiro da prefeitura de forma irresponsável. 

Hérico explica que a constante necessidade de elevar os salários dos médicos, a fim de atraí-los, deixa a gestão em uma situação difícil. “Sem reajustes de repasses do ministério da saúde desde 2011, e ficamos com dificuldades de cumprir a LRF e pode dar problema com o Tribunal de Contas”, diz o secretário.

"Tudo se analisa pelo caso concreto"

Cristiano Pimentel é procurador do Ministério Público de Contas, órgão vinculado ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), para onde são enviadas e onde são julgadas as contas de todos os municípios do Estado. Sobre a questão do salário dos médicos gerar descumprimento aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ele afirma que por ser uma questão delicada o tribunal pondera esse tipo de problema desde que ele seja justificado. 

“O TCE reconhece que há uma dificuldade dos municípios, especialmente do Agreste e Sertão, para atrair médicos. O tribunal pondera justificativas em vista dessas circunstâncias, pois é notório que os médicos não querem, via de regra, ir para o interior das cidades do Nordeste. Em todas essa questões o prefeito tem que apresentar justificativas como concursos que não tiveram inscrições, processos seletivos que ninguém quis. Tudo se analisa pelo caso concreto através das justificativas apresentadas pela prefeitura”, disse o procurador.

Quando questionado se os altos salários pagos a médicos podem prejudicar a saúde financeira dos municípios pequenos, do interior, Pimentel afirma que mesmo em casos de cidades que registram salários de médicos que ultrapassam o teto de gastos da prefeitura, o fato de ter poucos postos de atendimento e poucos médicos faz com que o total gasto com os salários não comprometam o equilíbrio das contas da cidade.

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O procurador da Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima disse, nesta sexta-feira (26), que a esposa do ex-presidente Eduardo Cunha, a jornalista Cláudia Cruz, foi absolvida porque o responsável pela operação,  juiz Sérgio Moro, tem um “coração generoso”. Ela era investigada por crimes de evasão fraudulenta de divisas e lavagem de dinheiro. 

A Procuradoria da República denunciou que Cláudia teria elevada quantia em conta secreta na Suíça, no valor acima de US$ 1 milhão oriundo de propina em esquema envolvendo o ex-presidente da Câmara. Por sua vez, Moro afirmou que havia “falta de provas suficientes” que comprovassem que ela agiu com “dolo” e, por isso, decidiu pela absolvição nessa quinta (25). O procurador contou que vai recorrer. 

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“Nós vamos recorrer, nós discordamos. Cremos que isso decorre muito mais do coração generoso do Dr.Sérgio Moro e na interpretação de um fato envolvendo a esposa de uma pessoa sabidamente ligada à corrupção. Mas uma pessoa como a Sra. Cláudia Cruz, jornalista com nível cultural que ela tinha e ausente qualquer justificativa para ganhos dessa natureza do seu marido, que nada mais era que um deputado, nós entendemos que é injustificável a absolvição”, explicou Carlos Fernando. 

O procurador ainda deixou claro que não está acusando Cláudia Cruz de corrupção, mas sim de lavagem. “Portanto, neste aspecto o comportamento dela não é justificado e é criminoso. Nós vamos recorrer e esperamos, como outros casos nós que temos tido sucesso, que no Tribunal haja reversão dessa absolvição”, acrescentou. 

Em meados deste mês, no Recife, em entrevista exclusiva ao LeiaJá, ele chegou a dizer que é necessário mudar a regra na qual só se pune pessoas pobres. “No Brasil, nós temos que punir os ricos. Punir os ricos significa mudar as leis penais e impedir que o poder econômico prevaleça sobre a Justiça”, declarou.

O procurador, na ocasião, também afirmou que criminoso poderoso nunca é punido. “Hoje um criminoso poderoso pode usar de uma legião de advogados, recursos inúmeros e medidas procrastinatórias. No final das contas, ele nunca é punido. Entretanto, os pobres vão para a cadeia”, criticou. 

Um dos integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, declarou que é necessário melhorar o ambiente jurídico onde se tramita ações contra os “poderosos”. Ele participou, nessa sexta-feira (12), do I Congresso Internacional de Direito Penal e Processo Penal promovido pela UNINASSAU.

Carlos Fernando chegou a dizer que criminoso poderoso nunca é punido. “É preciso melhorar o ambiente jurídico onde se tramita ações contra poderosos porque nós somos muito bons para encarcerar os pobres. Está aí as nossas prisões demonstrando isso. Entretanto, quantos desses estão encarcerados hoje são poderosos? Quantas dessas ações contra poderosos foram julgados? Quantas foram executadas e essa pessoa foi para a penitenciária?”, indagou. 

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Ele também afirmou que o poder político do Brasil se baseia em dinheiro. “Nos deparamos com essa realidade. O poder político do Brasil se baseia em dinheiro. Nossas eleições são caras demais. Nosso sistema político é pulverizado em dezenas de partidos que não tem nenhuma outra função se não fazer dinheiro. Fazer tempo na televisão, fazer coligações e vendê-las e [isso] custa caro”, disparou. 

O procurador disse que apesar da Lava Jato ser um sucesso, “não é uma investigação simples de corrupção” e que é preciso buscar algo além da Lava Jato. “Doações oficiais são insuficientes. Então, todos, todos, todos, não há exceção se socorre a métodos ilegais. Um ou outro talvez estenda sua própria fortuna para tentar se eleger, mas a regra o dinheiro vem de algum doador legal ou ilegal e alguma coisa quer em troca ou alguma coisa havia prometido. Vimos isso na Petrobras. Exatamente isso que descobrimos. Essa é a nossa realidade e ela hoje faz pensar que nós temos que buscar alguma coisa além da Lava Jato”.  

“Nós precisamos de um país mais justo, de uma Justiça mais célere e também reformar o sistema político, diminuir o preço da eleição e número de partidos. Talvez, aí, nós possamos ter um ambiente melhor. As próximas eleições vão ser baratas porque todos estão com medo, mas daqui a quatro anos, se nada mudar tudo voltará a ser exatamente como antes porque a necessidade vai fazer com que inventem novos meios de corromper aos agentes públicos”, alertou, acrescentando.

O procurador regional da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), nesta sexta-feira (12), em conversa ao LeiaJá na série Entrevista da Semana, declarou que é preciso mudar a regra que só pune as pessoas pobres e afirmou que criminoso poderoso nunca é punido. Ele participa, no Recife, do I Congresso Internacional de Direito Penal e Processo Penal, promovido pela UNINASSAU. 

“Você tem que mudar a regra que só se pune pessoas pobres. No Brasil, nós temos que punir os ricos. Punir os ricos significa mudar as leis penais e impedir que o poder econômico prevaleça sobre a Justiça”, declarou. 

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O procurador enfatizou que o Brasil precisa de reformas diversas, principalmente, a política e nas leis penais e processuais. “Nós precisamos mudar o Brasil para que não seja mais o país da impunidade. Hoje um criminoso poderoso pode usar de uma legião de advogados, recursos inúmeros e medidas procrastinatórias. No final das contas, ele nunca é punido. Entretanto, os pobres vão para a cadeia”, disparou. 

O membro da Lava Jato também disse que o sistema político brasileiro gera criminalidade e que é preciso combater essa situação. “Nós precisamos trazer uma mensagem que nós podemos ter esperança em um Brasil melhor sem corrupção. A Lava Jato é apenas um momento em que estamos revelando esses fatos. Nós precisamos que a população haja para um apoiamento dela e de medidas legislativas que melhorem nosso sistema político". 

Carlos Fernando ainda disse acreditar na condução do processo. “Nós temos que separar muito bem as questões. As questões em Curitiba elas são simples de investigação criminal. Nós temos preocupação com o Supremo Tribunal Federal, mas nós temos muita confiança no relator [da Lava Jato] ministro Fachin que tem sido muito firma na condução do processo”, concluiu. 

O vice-coordenador nacional de Promoção da Liberdade Sindical e procurador do Trabalho, Renan Kalil, declarou em uma audiência realizada na Câmara dos Deputados para discutir a reforma trabalhista, na última terça-feira (21), que as mudanças propostas pelo governo aumentam o risco de acidentes de trabalho. 

“A diminuição do intervalo intrajornada e o aumento exacerbado da jornada diária têm impacto nas condições de saúde dos trabalhadores e potencializam a ocorrência de acidentes. Além disso, o Brasil gasta fábulas de dinheiro com benefícios decorrentes desses acidentes de trabalho”, argumentou o procurador. Se aprovado, o projeto de lei que está em tramitação fará com que o limite de jornada de trabalho passe a ser estabelecido mensalmente, fixado em 220 horas sem fixação de uma jornada máxima diária ou semanal. 

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Kalil também criticou o item que permite sobrepor negociações coletivas às determinações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “A Constituição Federal já deu força de lei aos acordos. Mas tudo o que for acordado entre trabalhador e empregador deve ser acima do patamar legal. Nunca, abaixo”.

O procurador disse ainda que o projeto de lei da reforma trabalhista não vai gerar mais empregos: “Não a correlação entre a flexibilização e o aumento do número de empregos. Na Espanha e em Portugal, após a adoção de medidas como a da prevalência do negociado sobre o legislado, não houve geração de empregos. Ao contrário, houve aumento no índice de desemprego”, acrescentou. Outro ponto de preocupação é o fato de a estrutura sindical brasileira carecer de legitimidade, o que na prática pode precarizar a situação dos trabalhadores, uma vez que serão os sindicatos os responsáveis legais pela negociação.

Também participaram da discussão o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Walmir Oliveira da Costa; o advogado trabalhista José Eduardo Pastore; e o auditor fiscal do trabalho Admilson Moreira dos Santos, representando o Ministério do Trabalho (MTB). A próxima audiência da Comissão Especial da Reforma Trabalhista será realizada no dia 7 de março.

*Com informações do Ministério Público do Trabalho

Um dos principais negociadores de delações e acordos de leniência da Operação Lava Jato, o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirma que as revelações de executivos e ex-funcionários da Odebrecht devem provocar um "tsunami" no mundo político. "A corrupção está em todo o sistema político, seja partido A, B ou C. Seja no governo federal, seja no governo estadual. Ela grassa em todos os governos."

Para ele, houve uma mudança na percepção da Lava Jato após o impeachment de Dilma Rousseff. "Tem grupos que viam a Lava Jato apenas com interesse contra o partido que estava no poder, o Partido dos Trabalhadores, e apoiavam. Para este grupo, naturalmente, não interessa a continuidade das investigações e é natural que faça esse movimento crítico agora", afirmou.

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O procurador também criticou o foro privilegiado. "Se não fosse só injusto e antirrepublicano, ainda é ineficiente. Da maneira que está, não é possível, é uma armadilha para o Supremo", disse à reportagem o decano da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba.

Há um abuso das prisões na Lava Jato?

Evidente que não, até porque elas têm sido referendadas nos tribunais. O sistema permite tamanha quantidade de recursos que não há como se dizer que há abusos. No Brasil temos excessos de prisões de pessoas por crimes menores, como furtos, mulas de tráfico. Agora, não vi problema carcerário por excesso de prisões de colarinho branco. Temos é de aumentar o número de prisões para esses casos.

Por que a manutenção das prisões por longos períodos?

A prisão se justifica segundo os requisitos de lei. Normalmente, temos feito prisão por necessidade da instrução, pela ordem pública. E, enquanto presentes os requisitos, o juiz mantém a prisão.

Uma crítica recorrente é que a Lava Jato não respeita os direitos individuais dos investigados...

Não é uma crítica justa. Existem recursos e tribunais para se resolver a questão. A interpretação excessiva desses direitos individuais é que tem causado a impunidade no Brasil. Temos de fazer um balanço entre a necessidade que a sociedade tem de punir esses crimes e o direito das pessoas. Mas quem decide esse balanço são os tribunais e, até o momento, eles têm mantido as decisões. Os fatos que temos levantados são bem graves, continuados e continuam até hoje.

A operação tem responsabilidade na recessão econômica?

Não, é tentar culpar o remédio pelo problema da doença. Temos um problema sério no Brasil que é um sistema político disfuncional, que se utiliza da corrupção para se financiar. Decidimos propor à população as 10 Medidas Contra a Corrupção, entendendo que o problema talvez fosse de leis penais e processuais penais. No dia em que a Câmara retaliou a proposta, percebemos que o sistema político precisa ser corrigido. Precisamos parar de ter um sistema que gera criminalidade, que precisa de dinheiro escuso para sobreviver, para financiar as campanhas. A corrupção gera uma corrida entre os partidos para o financiamento ilegal. E financiamento ilegal não é caixa 2. É um toma lá da cá. Quem paga exige algo desses grupos políticos.

A alteração do pacote anticorrupção foi um revés?

Foi uma retaliação impensada (do Congresso). Como procuradores apreendemos a ser resilientes. Outras medidas virão, outras campanhas, em outros momentos. Não se pode modificar o que já foi revelado, sabemos o que aconteceu.

A mudança de governo teve impacto na Lava Jato?

Nós vemos na Lava Jato, e isso incomoda, a manipulação ideológica que é feita das investigações, tentando justificar as investigações, que são uma obrigação nossa (Ministério Público), com ideias de que há uma perseguição política de um grupo A ou B. A corrupção está em todo sistema político brasileiro, seja partido A, B ou C. Seja no governo federal, seja no governo estadual. Ela grassa em todos os governos. Isso vai ser revelado bem claramente quando os dados das colaborações e da leniência da Odebrecht forem divulgados. E vai se perceber que o esquema sempre funciona da mesma forma. Ele é um grande caixa geral de favores que políticos fazem por meio do governo e, em troca, recebem financiamento para si ou para seus partidos e campanhas. A Lava Jato e o combate à corrupção não têm cunho ideológico. Para nós é indiferente a troca do governo.

Mas o senhor identificou mudança de discurso de grupos políticos em apoio à Lava Jato?

Tem grupos que viam a Lava Jato apenas com interesse contra o partido que estava no poder, o Partido dos Trabalhadores, e apoiavam. Para este grupo, não interessa a continuidade das investigações e é natural que faça esse movimento crítico agora. São grupos que nos apoiavam e agora fazem um discurso contra. Sabemos que os interesses políticos se aglutinam contra a Lava Jato, como aconteceu no fim do ano passado, com o Congresso tentando, quase que semanalmente, a aprovação, na madrugada, de alguma medida extraordinária. Neste ano parece que estão tentando um esvaziamento lento e gradual da operação.

Com a Lava Jato no Supremo, que tem um ritmo mais lento, pode haver um reflexo negativo na imagem da operação?

A percepção das pessoas fica bastante alterada, porque elas estão vendo que o sistema de foro privilegiado é ineficiente. Se não fosse só injusto e antirrepublicano, ainda é ineficiente. Alguns ministros se manifestaram, como o ministro (Luís Roberto) Barroso. Da maneira que está, não é possível, é uma armadilha para o Supremo. Quanto mais chegam investigações de Curitiba, de São Paulo, do Rio e, agora, de outros Estados, eles (STF) são cada vez mais incapazes de trabalhar com esse número de processos (da Lava Jato). É preciso espalhar esses processos. Precisamos de uma democracia mais eficiente, mas também um Judiciário que não tenha contra ele a pecha de pouco confiável. Quando se cria o foro privilegiado, a mensagem para a população é que o juiz de primeira instância não é confiável. Se for assim, todos têm o direito de querer foro.

O Supremo vai conseguir julgar a Lava Jato?

Acho que vai ser uma armadilha. O mensalão, que era muito menor, já foi um sacrifício. Imagine agora, que os fatos são múltiplos, porque (a corrupção) acontecia na Eletronuclear, na Eletrobrás, na Caixa, na Petrobrás, nos fundos de pensão. São dezenas de processos, contra centenas de pessoas. Materialmente é impossível o Supremo dar conta de julgar os processos todos que virão. Talvez a solução seja a do ministro Barroso, um entendimento mais restritivo de foro, ou uma emenda constitucional. O que acho que vai acontecer, mas espero que não aconteça, é que vai haver uma sensação de frustração. É o risco da prescrição e da impunidade.

O sr. defende o fim do sigilo da delação da Odebrecht?

É complexo, é uma ponderação, um lado ganha um ponto, outro lado perde um ponto. Temos de um lado a necessidade das investigações, então o sigilo é importante, porque se podem perder provas, podem (os delatados) combinar versões se souberem o que foi revelado. De outro lado, nós aqui da Lava Jato estamos cansados de termos a imputação de vazamentos. A posição da Procuradoria-Geral da República é a melhor, existem poucos casos em que manter o sigilo seja melhor. Talvez a maior parte deva vir a público.

As mudanças de ministro no Supremo podem influenciar ou até prejudicar a Lava Jato?

Vejo menos gravidade nos fatos acontecidos até agora. Existe um jogo político de apoiamentos que usa certos mecanismos de difamação em relação a uma ou outra pessoa. Claro, existem pessoas que se manifestaram contra a Lava Jato, mas que acho extremamente bem qualificadas, como o doutor (Antônio Claudio) Mariz. Em relação ao ministro Alexandre de Moraes, temos ele como um jurista capaz. O doutor Edson Fachin (relator da Lava Jato no STF) é uma pessoa extremamente bem conceituada. Então, não temos problema.

O governo Temer tem manobrado para frear a Lava Jato?

Nesse governo ainda não percebemos isso claramente. Mas não temos dúvida de que há um interesse da classe política de lentamente desconstruir a operação, isso sabemos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.U

O novo procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Dirceu Barros, toma posse nesta sexta-feira (13). Ele foi o escolhido pelo governador Paulo Câmara (PSB) da lista tríplice para assumir o comando do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O evento acontece, às 15h, no Salão dos Órgãos Colegiados, do Edifício Roberto Lyra, no bairro de Santo Antônio.

A lista tríplice é formada com o nome dos três candidatos mais votados pelos procuradores e promotores. O anúncio oficial da escolha ocorreu no último dia 4 de janeiro. 

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Dirceu é mestre em Direito, especialista em Direito Penal e Processo Penal e professor da Escola Judiciária Eleitoral (EJE). Possui 67 livros publicados com o tema judicial. Ele comanda a instituição no biênio 201-2018. 

O novo procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) será o promotor Francisco Dirceu Barros. O anúncio foi feito, oficialmente, na noite desta quarta-feira (4). A escolha de quem comanda o órgão é feito pelo governador do estado, que recebe a lista tríplice com os três candidatos mais votados pelos procuradores e promotores. 

Dirceu irá ocupar o cargo no biênio 2017/2019. Ele é mestre em Direito, especialista em Direito Penal e Processo Penal e professor da Escola Judiciária Eleitoral (EJE). Possui 67 livros publicados com o tema judicial. 

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O novo procurador-geral foi o segundo lugar na lista enviada para Paulo Câmara. O mais votado foi José Paulo Cavalcanti, da Central de Inquéritos. Em terceira colocação, ficou o promotor Charles Hamilton dos Santos. 

O Ministério Público atua como fiscal da lei garantindo os serviços de relevância pública. As áreas são divididas em Infância e Juventude, Defesa do Idoso, Direitos Humanos e Defesa da Cidadania, Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Patrimônio Público, Questão Agrária, Habitação e Urbanismo, Combate à Discriminação Racial, Combate à Sonegação Fiscal, Combate ao Crime, entre outras.

 

O Ministério da Educação (MEC) confirmou, no final da tarde desta quarta-feira (2), que o procurador da República Oscar Costa Filho pediu a suspensão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova está programa para ser realizada no próximo sábado (5) e no domingo (6).

De acordo com informações do G1 Ceará, como mais de 191 mil candidatos tiveram o Exame adiado para dezembro, por causa dos locais de prova ocupados, o procurador do Ministério Público Federal do Ceará defende que, a realização da avaliação em datas diferentes, fere a isonomia da seleção. A 8ª Vara da Justiça Federal deverá julgar a ação.

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O julgamento deve ocorrer até a próxima sexta-feira (4), uma vez que o primeiro dia de prova está marcado para sábado. A tendência, caso a Justiça aceite o pedido do procurador, é que o Enem seja suspenso em todo o País.

Em nota, o MEC informou que, juntamente com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – responsável pela organização do Enem -, solicitou à Advocacia Geral da União uma defesa. Segundo o Ministério, os argumentos do procurador são equivocados. Confira a nota na íntegra:    

Em relação à Ação do Ministério Público do Ceará, divulgada nesta quarta feira (2) pedindo a suspensão da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 5 e 6 de novembro, o Ministério da Educação (Mec) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informam que solicitaram à Advocacia Geral da União que apresente para a Justiça Federal os fatos que demonstram o grave equívoco na argumentação apresentada pelo Procurador da República Oscar Costa Filho, do Ceará. Todo ano, o ENEM realiza dois tipos de prova e, consequentemente, duas redações. As provas do ENEM têm o mesmo princípio da equivalência garantindo igualdade de condições a todos os inscritos. É lamentável qualquer tentativa que venha gerar insegurança e tumultuar um Exame que afeta a vida de 8,6 milhões de estudantes e seus familiares.

Várias ocupações estão sendo realizadas em unidades de ensino, como forma de protesto contra a PEC do teto. Estudantes temem que hajam cortes de recursos financeiros para a educação. Diante da situação, o MEC preferiu cancelar as provas do Enem nos locais ocupados, colocando mais de 191 mil candidatos para responderem o Exame nos dias 3 e 4 de dezembro.

Só em Pernambuco, mais de 13 mil estudantes tiveram a prova adiada. De acordo com o MEC, mais de 8 milhões de pessoas se inscreveram para edição 2016 do Enem.  

O procurador do Ministério Público Federal (MPF), Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, disse nesta quarta-feira, 26, que não vê interferência no poder real pelo fato de um juiz de primeira instância ter autorizado a Polícia Federal entrar no Senado e prender agentes da Polícia Legislativa. "Um juiz de primeira instância pode autorizar a entrada em qualquer lugar porque não existe lugares imunes às buscas e apreensões no Brasil. Não existe nenhum santuário", disse o procurador.

O que existe, de acordo com Santos Lima, são competências para investigar pessoas. De acordo com ele, se essa investigação for de funcionários do Congresso, ela é de competência de um juiz de primeiro grau e não do Supremo.

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"Agora, se fosse uma investigação de algum senador, aí sim essa investigação teria que ir para o Supremo", destacou, ao ser questionado pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) sobre como estava vendo a polêmica deflagrada a partir da autorização do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal para que a Polícia Federal cumprisse mandado de buscas e apreensões no Senado e a prisão de agentes da Policia Legislativa, que estariam desde 2015 atuando para barrar as investigações da Lava Jato.

"O que distingue a competência do juiz de primeiro grau é a pessoa investigada e não o local. Então, esse tipo de questão tem que ser tratada em termos puramente técnicos e não cabe a ninguém ficar puxando orelha de juiz", disse Santos Lima, numa referência às críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O juiz, de acordo com o integrante da força-tarefa da Lava Jato, tem a sua decisão e ela tem que ser cumprida até que haja uma outra decisão, um recurso que diga que não é mais possível cumprir aquela decisão.

Sobre a afirmação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que tem dúvidas se a Policia Legislativa teria cometido erro ao fazer a varredura para encontrar grampos "ilegais" nas residências de senadores, o procurador disse que por não participar da investigação, não tem dados sobre os motivos que geraram o pedido.

"Agora, varreduras são possíveis e são rotineiramente feitas para se localizar eventuais escutas ambientais. Entretanto, o que vicia um ato é o motivo pelo qual ele é feito. Se o motivo é para verificar escutas ilegais, é correto e não tem dúvida nenhuma. Agora, se é para verificar eventuais escutas que possam ser autorizada por um juiz, eu acho que não é correto. O que precisamos verificar é a motivação da questão", disse Santos Lima.

O procurador participou nesta quarta-feira, 26, do IX Congresso Anual da Associação Brasileira de Direito Econômico (ABDE) na sede do Insper, em São Paulo.

Em meio à profunda crise financeira do Estado, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) abriu concurso para a contratação de quatro procuradores, cada um com o salário inicial de R$ 33.762,00. Entre as atribuições do cargo, estão funções de consultoria jurídica da Mesa Diretora, da Presidência, da Primeira Secretaria, das comissões permanentes, especiais e de inquérito, do diretor-geral da Alerj e dos demais órgãos integrantes da estrutura administrativa da Casa.

Os novos procuradores também deverão responder a consultas dos deputados, solicitadas por intermédio do presidente ou do primeiro secretário. Além de examinar e elaborar minutas de contratos, convênios e outros atos em que a Alerj e representá-la em juízo.

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A Alerj exige dos candidatos à vaga de procurador certificado, "devidamente registrado", de curso de graduação de nível superior de bacharelado em Direto, fornecido por instituição de ensino reconhecida pelo MEC. Além de apresentar inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB, estar com a situação regularizada no órgão e ter, no mínimo, três anos de atividade jurídica. As inscrições para as vagas, com jornada de trabalho de 40 horas semanais, começaram no dia 14 de setembro e terminam em 8 novembro.

Alerj

Por meio de nota, a assembleia explicou que tem apenas quatro procuradores em atividade e alegou que o último concurso foi em 1992. "Esses profissionais são responsáveis pela defesa judicial da Alerj, além de prestar consultoria jurídica em todos os processos administrativos da Casa, como licitações e concessão de aposentadorias, entre outras questões", explica o texto.

"Ressalte-se que a despesa está prevista em orçamento e que a Alerj está bem abaixo dos limites máximo e prudencial de gastos previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal. O limite máximo é de 1,684% da receita corrente líquida; o prudencial é de 1,6%; e a Alerj está em 1,394%", afirma.

"Acrescente-se, por fim, que a Alerj é, dos poderes do Estado, o com maior folga em relação à LRF. A ponto de abrir mão de receber os duodécimos de três meses (equivalente a 16 milhões/mês), para despesas de custeio para ajudar o Estado com suas despesas na área da Saúde. As provas serão em 12 de fevereiro e 19 de março de 2017.

Crise

Reportagem publicada em março pelo Estado mostrou que, entre 2004 e 2014, os gastos das assembleias e dos tribunais de contas estaduais cresceram 42% acima da inflação, para R$ 13,6 bilhões. A trajetória foi inversa à observada no Legislativo Federal, cujas despesas tiveram queda de 1,7% - menos da metade do valor dos Estados (R$ 5,9 bilhões).

Os números foram baseados nos dados consolidados pelo Tesouro (até 2014) e fizeram parte de um relatório da PUC-RS e do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon-RS). No montante do Legislativo Federal são considerados gastos da Câmara dos Deputados, do Senado e do Tribunal de Contas da União (TCU).

O Rio liderava a lista dos dez Legislativos mais caros do País, com um gasto de R$ 1,2 bilhão em 2014. Procurada pelo Estado na época, a Alerj separou os gastos relativos à Casa para evidenciar que o Tribunal de Contas do Estado é responsável por praticamente 50% do Orçamento do Legislativo.

Com forte queda nas receitas em 2015, o Rio passa por profunda crise financeira, com impactos na saúde e na segurança pública. As Unidades de Polícia Pacificadora estão sem dinheiro para se manter, e as delegacias de polícia apresentam estrutura precária e estão sem dinheiro para comprar papel higiênico e para a impressão de registros de ocorrência. Helicópteros da polícia também estão parados por falta de manutenção, assim como carros blindados.

Ontem, a dívida consolidada líquida do Rio era de R$ 98,5 bilhões. Hoje, a receita corrente líquida do Estado é de R$ 48,7 bilhões. Os dados são da Secretaria de Fazenda do Rio. Aqs informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Em maio, o procurador da República Bruno Calabrich enviou ao Conselho Superior do Ministério Público Federal um projeto que altera o sistema de formação da lista tríplice da categoria para a escolha do procurador-geral da República com o objetivo de dar maior legitimidade ao processo e garantir que a Presidência da República continue a cumprir a "tradição constitucional" de indicar o nome que recebeu maior apoio interno.

"É importante institucionalizar a lista, porque a fortalece", diz Calabrich, que já participou do grupo de trabalho do atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para condução das investigações de políticos na Operação Lava Jato.

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A ideia é retirar da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) a previsão de organizar as eleições internas e formar a lista tríplice. A responsabilidade passaria a ser do Colégio Nacional de Procuradores da República. Só integrantes ativos - e não mais os aposentados - poderão votar. Se a proposta for aprovada, a eleição deixará de ser feita, portanto, por uma associação privada, e passará a ser realizada de forma institucional.

O presidente da República não é obrigado a escolher nenhum dos nomes da lista tríplice, mas, desde o governo Lula, se tornou um costume indicar o mais votado pela categoria. Ao assumir a Presidência, ainda como interino, Michel Temer se comprometeu com a escolha de um nome dentro dos selecionados pela carreira.

A disputa de 2017, porém, deve ser marcada pelo componente político. Um dos nomes de força dentro da instituição é o de Ela Wiecko, que deixou o cargo de vice de Janot após a divulgação de um vídeo em que aparece em Portugal em manifestação contra o impeachment de Dilma Rousseff. Ela tem dado sinais de que não pretende abrir mão da candidatura.

Outro nome com apoio interno é o do vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Nos bastidores, procuradores relatam apoio de Janot a Nicolao. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Num cenário de apatia, a terceira pesquisa do Instituto de Pesquisa da Maurício de Nassau (IPMN) revela um quadro crescente de pessoas desinteressadas na eleição que se acerca. O levantamento mostrou que 76% dos eleitores não pretendem pedir votos para os candidatos a prefeito do Recife, 60% não assistem ao guia eleitoral e mais da metade dos recifenses (55%) não estão interessados na eleição municipal. 

Para o procurador do Ministério Público Federal (MPF) e integrante do Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República em Pernambuco, João Paulo Holanda, em entrevista ao Portal LeiaJá, destacou que um dos principais pontos que podem contribuir para esse contexto é a corrupção, que se assolou no país. “Existe, hoje, no Brasil, infelizmente, uma certa cultura de tolerância à corrupção, do jeitinho brasileiro, do toma lá, da cá e a frase predominante que diz aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”. 

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Para o procurador, para mudar o ceticismo geral é preciso que a sociedade perceba que esse não é um problema apenas da classe política. “Não adianta mudarmos a classe, se o cidadão também não contribui contra a prática, por exemplo, dando propina para o guarda. É preciso mudar essa cultura de dar um jeitinho em tudo. A corrupção tem ocupado espaço no cenário nacional e é um tema preocupante e que nem sempre é discutido com profundidade e com honestidade intelectual”.

Medidas

Com o objetivo de combater a corrupção, o MPF apresentou dez medidas para aprimorar a prevenção. Com o nome “10 Medidas contra a Corrupção”, foram coletadas mais de dois milhões de assinaturas em apoio à campanha, que tramita como projeto de lei no Congresso Nacional em forma de projeto de iniciativa popular. Será elaborado um parecer, a favor ou contra, que será votado. Se for aprovado, o projeto de lei segue para o Senado. 

João Paulo Holanda explicou que a campanha iniciou como objetivo de aperfeiçoar o sistema de justiça para torná-lo mais efetivo e mais rigoroso contra quem prática a corrupção. “Alguns procuradores, inclusive, integrantes da Operação Lava Jato, perceberam que a operação em si, não obstante esteja conseguido êxito, por si so não irá modificar o quadro de corrupção endêmica no nosso país, assim como o impeachment do presidente Collor não acabou e como o mensalão também não”.

Uma das medidas é agilizar o processo penal, o processo civil de crimes e atos de improbidade.“ É necessário adotar um conjunto de alterações na legislação para torná-la mais rigorosa contra quem pratica corrupção. Uma das propostas é a criação de regras que obriguem que os processos envolvendo a prática de corrupção durem, no máximo, três anos para ser julgado na primeira instância e, de mais um ano, em cada tribunal para que o processo acabe mais rapidamente porque, atualmente, eles duram de quinze a vinte anos e justiça que tarda não é justiça, é injustiça”, ressaltou João Paulo Holanda, acrescentou o procurador. 

Enriquecimento ilícito

O Ministério Público Federal também tem a proposta de criminalizar o enriquecimento ilícito de servidores públicos. “Um servidor que tem uma renda de dois mil reais e aparece com um patrimônio de 50 milhões e não consegue explicar de onde vem essa discrepância seja porque ele ganhou na mega-sena, recebeu uma herança ou a esposa dele é uma empresária bem-sucedida, entendemos que essa situação é um indicativo claro de corrupção”, acrescentou. 

Publicidade

O MPF também propõe criar uma norma que obrigue governos federal, estadual e municipal a aplicar entre 10 % a 20% do seu orçamento destinado para publicidade com ações de marketing voltada para a conscientização dos males da corrupção e de que deve ser denunciada. “É possível combater corrupção como verificado em diversos países, que já conseguiram mudar significativamente a situação. É importante perceber que é possível mudar esse quadro e passarmos a ter um país mais justo”, finalizou o procurador. 

Conheça mais sobre a campanha: http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/

 

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Corrupção eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também tem ressaltado que a corrupção eleitoral e compra de votos tornam os responsáveis inelegíveis por oito anos por meio da Lei de Inelegibilidades a exemplo da captação ilícita de sufrágio, doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma.

Neste mês, o TSE e a Receita Federal, também visando o combate à corrupção, assinaram portaria conjunta a fim de que o fisco auxilie na atividade de verificação de contas. O Tribunal está encaminhando à Receita a relação de candidatos, partidos políticos, fornecedores e prestadores de serviços de campanha com indícios preliminares de irregularidade nas prestações de contas. A Receita irá identificar possíveis dispêndios de campanha em valores superiores ao legalmente permitidos e fornecedores ou prestadores de serviço sem capacidade operacional. 

 Caso identifique algum indício de irregularidade, a Receita encaminhará ao TSE relação de candidatos, partidos políticos, fornecedores e prestadores de serviços de campanha com indícios de infração à lei eleitoral para as devidas providências.

O procurador da República Ivan Cláudio Marx, do Ministério Público Federal em Brasília, criticou neste domingo, 28, o uso de seu parecer por integrantes da defesa e da acusação no julgamento do impeachment. Nos três dias de depoimento de testemunhas e informantes, cada lado usou conclusões do investigador para isentar ou acusar a presidente afastada, Dilma Rousseff, de responsabilidade sobre as "pedaladas fiscais". O inquérito conduzido por ele, no entanto, não tratou de atos da petista, mas de ex-ministros, ex-presidentes de bancos públicos e outras autoridades da equipe econômica subordinadas a ela.

Por lei, o procurador não tem atribuição para investigar o presidente da República, que tem foro especial por prerrogativa de função. A competência, nesse caso, é do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que precisa de autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer as apurações. Marx explica que, por esse motivo, nem sequer perguntou em depoimentos se Dilma teve alguma participação nas pedaladas.

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"Estão me atribuindo uma infração funcional (ao usar o parecer para discutir a situação da presidente). Não posso investigar a Dilma. Só vou fazê-lo quando e se, eventualmente, tiver atribuição para isso", comentou.

O procurador disse que, como seu parecer tem conclusões que desagradam tanto à defesa quanto à acusação, ninguém o chamou a depor no Senado.

Outros especialistas, no entanto, se repetiram em várias audiências. "Por que não me arrolaram? Nenhum dos dois lados queria me ouvir explicando a parte que não lhe interessa. Essa postura criou uma situação surreal. Ficaram discutindo o que eu pensava, como se eu fosse falecido", protestou. "Quero ver as notas taquigráficas para ver quem foi citado mais: eu ou a Dilma.

Marx foi o responsável por analisar se houve crime comum nas pedaladas. Essas manobras consistiram no atraso de repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos custearem despesas de programas sociais e empréstimos subsidiados. O Tribunal de Contas da União (TCU) e a Comissão do Impeachment concluíram que, ao fazê-lo, o governo usou as instituições financeiras, das quais é controlador, para se financiar ilegalmente. Caracterizaram as manobras como empréstimos ilegais, obtidos sem autorização legislativa.

O procurador, no entanto, entendeu que nem as pedaladas de 2014 nem as de 2015 (estas analisadas no impeachment) se enquadram no conceito de "operação de crédito" previsto em lei e, por isso, não haveria ilegalidade. Considerou ainda que, se a intenção do governo fosse se financiar, haveria outras estratégias. Ele pediu o arquivamento da investigação sobre crime comum envolvendo subordinados de Dilma, o que está sendo analisado pela Justiça. A defesa usou essa parte do parecer para reforçar os argumentos em favor da presidente no impeachment.

Embora não tenha visto crime nas pedaladas, Marx entendeu que houve improbidade administrativa nas manobras, porque o governo não registrou os passivos referentes às pedaladas na Dívida Líquida do Setor Público. Com isso, teria "maquiado" a situação fiscal do País. Ele chegou a essa conclusão ao avaliar especificamente as operações de 2014, que não são tratadas no impeachment. A análise sobre as ocorridas em 2015, citadas no processo em curso no Senado, ainda não terminou e vários depoimentos ainda terão de ser colhidos. A acusação, no entanto, citou o parecer do procurador várias vezes para implicar Dilma.

"Esse é o problema de terem se apropriado do parecer. O mais triste é que não me deixaram explicar", lamentou o procurador.

Procurador da República que coordena as investigações da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol disse na manhã desta quarta-feira, 22, que o sistema de combate à corrupção no País é leniente, não funciona, incentiva a prática e só pune os mais pobres. "A punição da corrupção é uma piada e uma piada de mau gosto", disse o procurador, que fez um apelo para que o Congresso se reaproxime da sociedade.

Dallagnol participa nesta quarta-feira de uma comissão geral, uma reunião no plenário principal da Câmara dos Deputados destinada a debater as 10 medidas de combate à corrupção formulada em projeto de lei que tramita na Casa. O conjunto de propostas que compõem o projeto de lei estabelece medidas contra a corrupção e demais crimes contra o patrimônio público e combate o enriquecimento ilícito de agentes públicos.

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Em seu discurso, o procurador disse que a corrupção mata. "O paraíso de impunidade é um paraíso de corrupção", declarou. Dallagnol disse que as medidas propostas visam desincentivar as práticas de corrupção, mas que elas só entrarão em prática após a aprovação pelo Parlamento, portanto não deverá ser aplicada nos casos investigados atualmente. "A corrupção é apartidária no Brasil", enfatizou.

Dallagnol deu um recado aos parlamentares e disse que o Congresso tem em mãos a "oportunidade de ouro" para se reaproximar da sociedade. "É preciso que a sociedade reconheça que nem todo político é corrupto", afirmou. O procurador observou que o País perde R$ 200 bilhões com desvios de corrupção, disse que só 3% dos casos são punidos e defendeu que o dinheiro público volte para os serviços essenciais. Ao final, ele foi aplaudido em pé pela plateia em plenário.

Na semana passada, o presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), assinou a criação de uma comissão especial para analisar o pacote proposto por integrantes do Ministério Público Federal. Maranhão, que é investigado na Lava Jato, não compareceu à sessão e enviou uma mensagem.

A comissão especial tem 30 integrantes e só 11 foram indicados pelos partidos até agora. Quando finalizar os trabalhos, o projeto de lei seguirá para votação no plenário.

Em março, o grupo entregou de forma simbólica ao Congresso mais de 2 milhões de assinaturas de apoio ao projeto. Entre as propostas estão as que incluem mecanismos para dar mais transparência ao Judiciário e ao MP. Há uma proposta que torna crime o enriquecimento ilícito por parte de agentes públicos e outra para aumentar as penas para crimes de corrupção, que também se tornaria hediondo. Outra proposta reduz o número de recursos possíveis em processo penal e ainda acelera ações de improbidade administrativa.

O procurador veio em um dia esvaziado, com pouco mais de 60 parlamentares na Casa, devido a uma semana mais curta por causa das festas juninas.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de liderar uma célula criminosa em Furnas, empresa subsidiária da Eletrobras investigada na Operação Lava Jato. A conclusão do procurador está no pedido de abertura de um inquérito contra Cunha, feito ontem ao Supremo.

“Sabemos que a organização criminosa é complexa e que, tudo indica, operou muitos anos  por meio de variados esquemas estabelecidos dentro de Furnas e da própria Câmara dos Deputados, entre outros órgãos públicos. Essa célula tem como um dos seus líderes o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro.”, afirma Janot.

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Janot afirma que Cunha, conforme depoimento de delação premiada do senador sem partido Delcídio do Amaral (MS), atuou na Câmara para alterar a legislação do setor elétrico, entre 2007 e 2008, a fim de favorecer a empresa Serra da Carioca II, na venda de ações para Furnas, e o doleiro Lúcio Funaro, considerado operador financeiro de Cunha, por desvio de dinheiro em contratos de Furnas.

No mesmo depoimento, Delcídio relatou que Eduardo Cunha tinha pessoas indicadas em Furnas. Segundo ele, Cunha usava requerimentos para convocar empresários que tinham contratos com a estatal. “Este procedimento de fazer requerimentos e usar expedientes parlamentares é muito comum do Eduardo Cunha”, destacou outro trecho.

Agência Brasil entrou em contato com assessoria de Eduardo Cunha e aguarda retorno. 

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, atendeu pleito da União para suspender a possibilidade de procuradores da Fazenda Nacional tirarem 60 dias anuais de férias, até que a Corte decida no mérito se os profissionais têm direito a esse tempo de descanso. Desde 2006, sindicato da categoria e Advocacia-Geral da União (AGU) travam uma disputa no Supremo sobre o assunto.

Além dos argumentos jurídicos para questionar decisão do Superior Tribunal de Justiça que permitiu esse direito aos procuradores da Fazenda Nacional, a União alega que os gastos públicos com a medida podem atingir mais de R$ 186,9 milhões caso todos os profissionais optem por converter as férias em dinheiro.

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Para Barroso, existe "dúvida razoável" quanto ao direito dos procuradores e também perigo na demora da decisão, em razão da repercussão financeira e prejuízo para as atividades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Por isso, o ministro concedeu no início do mês efeito suspensivo ao recurso proposto pela AGU até a decisão final.

O Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) sustenta que a legislação equipara os integrantes da carreira a membros do Ministério Público da União, com mesmos vencimentos, gratificações e vantagens - o que incluiria os 60 dias de férias.

Legislação

Em novembro de 2014, o Supremo negou direito a férias de 60 dias para procuradores federais. Os dois casos, no entanto, não têm identidade, na visão de Barroso. Na ocasião, a relatora da ação, ministra Cármen Lúcia, delimitou as diferenças ao dizer que a o recurso tratava de procuradores federais: "não de Procuradores da Fazenda Nacional, que é outra legislação", afirmou. A distinção feita entre os dois processos não gera de forma automática o reconhecimento do direito dos procuradores da Fazenda Nacional aos 60 dias de descanso. "Isso porque a solução do caso passa necessariamente pela análise de algumas questões distintas", entendeu Barroso.

Em março, Barroso negou suspender as férias de 60 dias por entender, entre outras coisas, que como o caso tramita há anos no Supremo, não há risco na demora da decisão. Na resposta, contudo, a AGU explicou que desde abril de 2006 até a publicação de uma decisão sobre mesmo tema, em fevereiro deste ano, o período de férias não estava valendo. Isso porque havia outro recurso em pauta sobre o assunto. Assim, só a partir de fevereiro de 2015 as férias de 60 dias passariam a valer para a categoria.

Com o recurso da AGU, Barroso reconsiderou a decisão. No dia 10, o recurso foi encaminhado para a Procuradoria-Geral da República, que deve encaminhar parecer sobre o assunto antes de o caso ser levado a julgamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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