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A Região Metropolitana do Recife (RMR) foi palco de 72 tiroteios envolvendo uma operação policial, entre janeiro e setembro de 2023. No mesmo período de 2022 foram registrados 46 episódios, indicando um aumento de 57% dos casos. Apenas em setembro deste ano houve um total de 11 conflitos armados entre policiais e civis, contra seis em 2022, sendo um crescimento de 83%. Os dados são do último relatório do Instituto Fogo Cruzado sobre violência armada na RMR, divulgado nesta terça-feira (10). 

No total, o levantamento apontou um crescimento geral do número de tiroteios na RMR. Foram 162 disparos de arma de fogo, 41% a mais, em comparação com setembro de 2022, que teve 115 registros. Em relação aos atingidos, 173 pessoas foram baleadas, sendo 46 feridas e 127 vítimas fatais. Em comparação com o mesmo período em 2022, que contabilizou 127 disparos, o aumento no número de mortos foi de 51%, e o de feridos, de 7%, 84 e 43, respectivamente. 

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Resumo do ano 

A pesquisa ainda apresenta dados do período de janeiro a setembro de 2023, que já soma um total de 1.346 tiroteios no Grande Recife, tendo como resultado 1.108 mortos e 420 feridos, totalizando 1.528 pessoas atingidas. O comparativo com o mesmo período de 2022 aponta queda apenas no número de feridos, 10% a menos do que no ano passado, mas com aumento de 15% dos mortos, e de 8% no número de tiroteios. Os primeiros nove meses de 2022 totalizaram 1.245 trocas de tiro, resultando em 964 mortos e 467 feridos. 

Confira dados do levantamento do Instituto Fogo Cruzado 

Entre os municípios mapeados pelo Instituto Fogo Cruzado, os mais afetados pela violência armada em setembro foram: 

Recife: 51 tiroteios, 38 mortos e 15 feridos 

Jaboatão dos Guararapes: 32 tiroteios, 26 mortos e 7 feridos 

Cabo de Santo Agostinho: 21 tiroteios, 16 mortos e 5 feridos 

Olinda: 17 tiroteios, 13 mortos e 6 feridos 

Camaragibe: 9 tiroteios, 11 mortos e 5 feridos 

Paulista: 9 tiroteios, 6 mortos e 3 feridos 

Entre os bairros, os mais afetados pela violência armada foram: 

Prazeres (Jaboatão dos Guararapes): 6 tiroteios, 5 mortos e 1 ferido 

Água Fria (Recife): 6 tiroteios, 3 mortos e 3 feridos 

Tabatinga (Camaragibe): 4 tiroteios, 6 mortos e 5 feridos 

Cajueiro Seco (Jaboatão dos Guararapes): 4 tiroteios e 4 mortos 

Ponte dos Carvalhos (Cabo de Santo Agostinho): 4 tiroteios, 3 mortos e 2 feridos 

Peixinhos (Olinda): 4 tiroteios, 3 mortos e 1 ferido 

Charnequinha (Cabo de Santo Agostinho): 4 tiroteios e 3 mortos 

Boa Viagem (Recife): 4 tiroteios, 2 mortos e 2 feridos 

O perfil da violência armada 

Entre os 127 mortos na região metropolitana em setembro, 50 eram negros, 27 eram brancos, um era indígena e 49 não tiveram a cor/raça revelada. Entre os 46 feridos, quatro eram negros, um era branco e 42 não tiveram a cor/raça revelada.  

Nove adolescentes foram baleados no mês de setembro no Grande Recife: quatro deles morreram e cinco ficaram feridos. Em setembro de 2022, quatro adolescentes foram baleados e sobreviveram. 

Dois idosos foram baleados no Grande Recife em setembro deste ano: um morreu e um ficou ferido. Em setembro de 2022, dois idosos foram mortos a tiros. 

Em setembro, 20 pessoas foram baleadas quando estavam dentro de casa: 16 morreram (11 homens e cinco mulheres) e quatro ficaram feridas (três homens e uma mulher). Em setembro de 2022, nove pessoas foram baleadas dentro de casa: seis morreram (todos homens) e três ficaram feridas (um homem e duas mulheres). 

Houve quatro casos de homicídios múltiplos na região metropolitana do Recife em setembro, resultando na morte de nove pessoas. Em setembro de 2022, houve quatro casos que resultaram na morte de oito pessoas. 

Quatro pessoas foram baleadas durante roubos/tentativas de roubo: duas morreram e duas ficaram feridas. Em setembro de 2022, cinco pessoas foram baleadas durante roubos/tentativas de roubo: todas morreram. 

Uma pessoa foi vítima de bala perdida no Grande Recife e sobreviveu. Em setembro de 2022, 12 pessoas foram vítimas de balas perdidas: duas morreram e 10 ficaram feridas. 

Duas mulheres foram mortas ao serem vítimas de feminicídio por arma de fogo no Grande Recife. Em setembro de 2022 não houve vítimas de feminicídio/tentativa de feminicídio por arma de fogo no Grande Recife. 

Uma pessoa foi morta a tiros quando estava em uma barbearia. Em setembro de 2022, também houve uma pessoa morta a tiros dentro de uma barbearia. 

Duas pessoas foram baleadas quando estavam dentro de bares na região metropolitana: uma morreu e uma ficou ferida. Em setembro de 2022, quatro pessoas foram baleadas dentro desses espaços: duas morreram e duas ficaram feridas. 

Em setembro, cinco agentes de segurança foram baleados no Grande Recife: três morreram e dois ficaram feridos. Em setembro de 2022 não houve agentes de segurança baleados no Grande Recife. 

Cinco mototaxistas foram mortos a tiros na região metropolitana do Recife em setembro deste ano. Em setembro de 2022, dois mototaxistas foram mortos a tiros. 

Dois vendedores ambulantes foram mortos a tiros no Grande Recife. Em setembro de 2022 também houve dois vendedores ambulantes mortos a tiros. 

Um motorista de aplicativo foi morto a tiros em setembro deste ano. Em 2022, nesse mesmo período não houve motoristas de aplicativo baleados. 

Uma gestante foi baleada no Grande Recife em setembro deste ano e sobreviveu. Em setembro de 2022 não houve gestantes baleadas. 

*Com informações da assessoria 

 

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Pistolas, fuzis e outras armas de grosso calibre apreendidas pela Polícia Federal (PF) no Clube de Tiro do Agreste - ou CTA Clube de Tiro -, em Caruaru, serão entregues para uso da Polícia Militar (PM) de Pernambuco. Mais de 2.555 armas ilegais foram capturadas no estabelecimento, sendo a maior operação dessa natureza no estado nos últimos 10 anos. 

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A própria PF conseguiu a autorização para que as armas de fogo fossem cedidas à PM junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª região. A cerimônia de entrega está marcada para esta terça-feira (2), às 10h, no auditório da Direção de Planejamento Operação (DPO), no Quartel do Comando, área central do Recife. 

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A Operação Zona Cinza se dividiu em duas fases: em outubro e dezembro de 2022. Ao longo da investigação, foi identificada uma organização criminosa que produzia documentos falsos de compra e porte de arma de fogo. O grupo utilizava o clube de tiro e outras pessoas jurídicas como instrumento para produzir entrevistas, vídeos e conteúdo para estimular o uso indiscriminado de armas de fogo e difundir o nome das empresas. 

O governo federal está confiante no reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da legalidade do decreto que limita o acesso a armas no país. Editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro primeiro dia de governo, o decreto visa a limitar o acesso de civis às armas de fogo. 

Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a declaração de constitucionalidade do Decreto Presidencial nº 11.366 permitirá ao Executivo federal adotar outras providências legais para conter o aumento do número de armas em posse de civis – a exemplo da Portaria nº 299, que o ministério publicou no início do mês e que estabelece que todas as armas de uso permitido ou restrito sejam cadastradas na Polícia Federal (PF) em até 60 dias contados a partir de 1º de fevereiro.

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“Confiamos bastante em que o decreto e a portaria que editamos estão de acordo com a lei e que, portanto, há uma superação de situações anteriores que eram abusivas e ilegais. Quando dialogamos com a Advocacia-Geral da União [AGU] foi na expectativa da [obtenção da] confirmação [da legalidade] deste novo marco normativo que, a partir da decisão do Supremo, vai se confirmar em um novo decreto”, disse Dino a jornalistas, ao chegar para participar de um evento realizado nesta quarta-feira (15), em São Paulo, pelo banco de investimentos BTG Pactual. 

Com a publicação do Decreto nº 11.366 no primeiro dia de governo, Lula cumpriu uma de suas promessas de campanha: estabelecer uma política de controle de armas mais severa que a do antecessor, Jair Bolsonaro.

O decreto assinado por Lula e por Dino suspende os registros para compra e transferência de armas e munições de uso restrito por caçadores, colecionadores, atiradores e particulares (CACs); restringe os quantitativos de aquisição de armas e munições de uso permitido e suspende a concessão de novos registros a colecionadores, atiradores e caçadores, bem como para novos clubes e escolas de tiro.

Ontem (14), a Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou no STF uma ação declaratória de constitucionalidade na qual pede que Corte ateste a constitucionalidade do Decreto n° 11.366. Na ação, a AGU ressalta que o decreto presidencial estabelece “providências regulamentares imediatas para conter o aumento desordenado da circulação de armas de fogo no país e do [consequente] risco à incolumidade [segurança] das pessoas”.

A AGU destaca que a edição do decreto motivou o ajuizamento de várias ações tentando invalidá-lo e pede ao STF uma decisão liminar, ou seja, temporária e emergencial, para suspender o efeito de qualquer outra decisão judicial de instâncias inferiores que questionem a validade do decreto até que a Corte dê a palavra final sobre a legalidade do texto publicado pelo governo federal.

“Sabemos que, além de ilegal, o armamentismo [estimulado pela gestão anterior] conduziu à sustentação de quadrilhas, de organizações criminosas”, referindo-se à suposta estratégia de facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) que, segundo reportagens publicadas em os veículos como O Estado de S.Paulo, recorreriam ao cadastro de CACs para adquirir um arsenal de forma legal.

CPI

Dino também voltou a dizer aos jornalistas que o governo federal é contra a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o ataque às sedes dos Três Poderes, ocorrido em 8 de janeiro, quando vândalos e golpistas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o prédio do STF. 

“A CPI é uma prerrogativa do Parlamento. Respeitamos a autonomia do Parlamento. Apenas temos feito a ponderação de que as investigações que a Polícia Federal vem realizando, com a supervisão do Ministério Público, e atendendo a decisões do Poder Judiciário, já contemplam plenamente o objetivo de investigação e de esclarecimento da autoria dos crimes perpetrados. Seria uma CPI redundante que, talvez, resultasse na perda de foco em relação ao principal – sobretudo a reforma tributária que, a nosso ver, hoje, é estratégica para o momento que o país vive.”

As armas de fogo ultrapassaram os acidentes automobilísticos como principal causa da morte de menores nos Estados Unidos, com dados oficiais mostrando um forte aumento do número de assassinatos com armas de fogo, como o massacre ocorrido nesta semana em uma escola do Texas.

Ao todo, 4.368 crianças e adolescentes de até 19 anos morreram por disparos em 2020, uma taxa de 5,4 a cada 100.000, segundo dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Quase dois terços das mortes foram homicídios. Em comparação, houve 4.036 mortes relacionadas a veículos, antes a principal causa de morte nessa faixa etária.

A lacuna vem diminuindo desde que, nas últimas décadas, houve melhoras nas medidas de segurança no trânsito, enquanto as mortes causadas por armas cresceram.

As linhas de tendência se cruzaram em 2020, último ano do qual há dados disponíveis, e os resultados foram analisados em carta à revista "New England Journal of Medicine (NEJM)" na semana passada.

Os autores da carta advertiram que os novos dados são consistentes com outras evidências de que a violência com armas aumentou durante a pandemia, por razões que ainda não são totalmente claras.

Dados atualizados do CDC mostram que quase 30% das mortes foram suicídios, apenas 3% foram mortes não intencionais e 2% corresponderam a tentativas não esclarecidas. Uma pequena cifra foi categorizada como "intervenção legal" ou legítima defesa.

Em relação às regiões, Washington tem a maior taxa, seguida por Louisiana e Alasca.

Os dados destacam que os tiroteios em massa, como o desta semana no Texas, são uma pequena fração do número total de crianças mortas por armas de fogo.

Holden Thorp, editor-chefe da influente revista "Science", publicou hoje um editorial em que pede mais pesquisas sobre o impacto das armas na saúde pública, para, dessa forma, avançar nas mudanças de política.

“Uma pesquisa maior sobre o impacto da posse de armas na saúde pública fornecerá mais evidências de suas consequências mortais", acrescentou Thorp, argumentando que doenças mentais graves, muitas vezes consideradas a causa de tiroteios em massa, são prevalentes em níveis semelhantes em outros países, onde não são registrados massacres frequentes.

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei (2421/20) que pune, com detenção de 1 a 3 anos e multa, a exibição ostensiva de armas de fogo nas redes sociais, ou a demonstração de técnicas de uso e treinamento, por pessoas alheias à indústria de armamento, ao comércio e aos cursos de tiro autorizados.

A proposta é de autoria do deputado Alencar Santana Braga (PT-SP). O texto acrescenta a punição no Estatuto do DesarmamentoBraga afirma que o objetivo é coibir a apologia às armas nas redes sociais por pessoas que não estão ligadas ao mercado de armamentos.

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“Esse tipo de conduta irresponsável pode levar a população a concluir que a forma de solução de conflitos em sociedade deva se dar exatamente com o uso desses objetos letais, algo que sem dúvida alguma causará um sensível aumento dos alarmantes índices de violência no País”, disse.

O projeto será analisado pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, seguirá para o Plenário.

*Da Agência Câmara de Notícias

Os hipermercados americanos Walmart decidiram colocar as armas de fogo e munições de volta nas prateleiras nesta sexta-feira (30), um dia depois de retirá-las devido aos violentos protestos na Filadélfia e a poucos dias de uma tensa eleição presidencial.

As manifestações que se seguiram à morte de um homem negro pela polícia levaram a distúrbios nesta cidade da Pensilvânia, nos EUA, na quarta-feira, que terminaram em várias prisões.

No início da semana, a imprensa local divulgou vídeos de lojas saqueadas na zona norte da cidade, incluindo um Walmart.

Como já havia feito neste verão, durante os protestos provocados pela morte de George Floyd, um afro-americano assassinado por um policial branco, a rede decidiu novamente guardar as armas e munições que vende em cerca de metade de suas unidades.

Porém, "como os incidentes foram isolados geograficamente, decidimos colocar os produtos de volta nas prateleiras", explicou a gigante do varejo em mensagem enviada à AFP.

Ambas as decisões, a de retirar as armas do alcance do público e a de colocá-las de volta, vêm poucos dias antes das eleições presidenciais de terça-feira.

Em várias ocasiões, Donald Trump, que busca um segundo mandato, evitou dizer se entregará o poder em caso de derrota. Ele fez alusão a uma possível fraude devido ao voto por correspondência, muito utilizado este ano por causa da pandemia.

Muitos prédios no centro de Washington começaram a proteger portas e janelas com compensados na quarta-feira, para se protegerem de possíveis manifestações após o dia da eleição.

Em 2019, o Brasil vendeu cinco armas de fogo por hora e atingiu o recorde de armamentos registrados em um único ano. A alta de aproximadamente 24%, apontada entre janeiro e novembro, totaliza 44.181 novas autorizações em território nacional. O levantamento exclui órgãos públicos, empresas de segurança e colecionadores. As informações são do O Globo.

"Os impactos são graves. A gente tem um consenso nas pesquisas de que a arma legal, a tal da arma do cidadão que compra para se defender, é uma arma que migra para o crime. Não é verdade que vai ficar guardada em casa, ela vai ser roubada. Quando fazemos rastreamento de armas usadas no crime, até cerca de 40% delas têm essa origem. É a arma que o seu João comprou e foi roubada", destacou a representante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Isabel Figueiredo ao Globo.

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Em relação a 2018, os estados que lideram as novas aquisições são Tocantins, com alta de 645%, Mato Grosso do Sul (241%) e Mato Grosso (219%). Em Pernambuco, 1.354 armas de fogo são registradas.

A multiplicação dos registros é fruto da política do Governo Bolsonaro, que prometia a liberação durante a campanha e, após alcançar a presidência, editou oito decretos relacionados ao porte e posse. Desses, quatro foram contestados e revogados por áreas técnicas do Congresso e Ministério Público Federal (MPF), que avaliou as medidas como inconstitucionais.

O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB), utilizou seu perfil oficial no Twitter nesta quarta-feira (5) para comentar dados sobre o elevado índice de assassinatos no Brasil.

De acordo com Molon, o número é preocupante. “65,6 mil pessoas assassinadas em 2017 no Brasil, mostra o Atlas da Violência. Quanta dor!”, lamentou o parlamentar, que aproveitou para alfinetar medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

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“Especialistas afirmam que poderia ser ainda pior sem o Estatuto do Desarmamento, que Bolsonaro ataca em seus decretos. Seguimos com nossa ação no STF para barrar estes absurdos do presidente”, garantiu Molon.

O parlamentar acrescentou que o número de mortes por arma de fogo é alto. “A taxa de mortes por arma de fogo em 2017 foi a maior em 10 anos, mostra o Atlas. Os jovens foram os principais alvos, com mais de 35 mil vidas perdidas; 51,8% das mortes na faixa de 15 a 19 anos foram homicídios. Não vamos desistir da nossa juventude!”, finalizou.

A segunda versão do decreto sobre armas de fogo editado pelo presidente Jair Bolsonaro não convenceu alguns senadores, que insistem na inconstitucionalidade da norma. Parlamentares do PT, da Rede e do Cidadania apresentaram projetos de decreto legislativo para derrubar as novas regras. Duas proposições estão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde aguardam a designação de relatores.

Uma das propostas, o PDL 286/2019, é assinada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Fabiano Contarato (Rede-ES). Eles argumentam novamente que o Estatuto do Desarmamento só pode ser alterado por meio de lei e acrescentam que as alterações feitas pelo Executivo na segunda versão da norma não repararam os vícios existentes.

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"O instrumento utilizado é uma maneira rasteira de driblar o Estatuto do Desarmamento. O Congresso é o local adequado para se realizar qualquer alteração no que diz respeito ao porte e posse de armas, uma vez que está havendo criação de direitos. Tal medida burla claramente os princípios da reserva legal e da separação dos Poderes [...] Não se pode deixar o Poder Executivo alterar uma política pública devidamente aprovada pelo Legislativo, instância adequada para o debate", justificam os parlamentares no texto.

Na mesma linha, o PDL 287/2019 foi apresentado por sete senadores do PT. Segundo eles, a tentativa do presidente de minimizar impactos negativos do primeiro decreto "não afastam a responsabilidade do Legislativo em proteger suas prerrogativas e extirpar do ordenamento jurídico esta verdadeira desregulamentação do Estatuto do Desarmamento".

Os oposicionistas também alegam que não houve qualquer estudo de impacto da medida para o sistema de saúde pública e apostam em um reflexo negativo para o setor:

"O decreto impactará no aumento da demanda para o sistema público de saúde, sobre seus setores de urgência e emergência, filas de cirurgias ortopédicas e serviços de reabilitação. O quadro se torna ainda mais grave com o congelamento de investimentos nos recursos federais. Ou seja: teremos uma combinação de aumento da demanda com restrição da oferta com evidente prejuízo para toda população", afirmam.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) é outra que não concorda com a medida do presidente Jair Bolsonaro. Ela também apresentou um projeto — que ainda não recebeu numeração — para derrubar as novas regras. Para a representante do Maranhão, persistem os vícios materiais e formais.

"As ilegalidades permanecem, uma vez que a norma editada exorbita e colide com dispositivos já em vigor no Estatuto do Desarmamento", alega a senadora na proposta.

Nota Técnica

Os senadores Fabiano Contarato e Randolfe Rodrigues encomendaram um estudo da Consultoria Legislativa do Senado sobre o assunto. A nota informativa, produzida com urgência pelos técnicos e entregue aos dois gabinetes, elenca artigos considerados material e formalmente inconstitucionais.

"No nosso entendimento, tanto o decreto antigo como atual, extrapolam a regulamentação do Estatuto do Desarmamento, uma vez que criam direito e obrigação não previstos no Estatuto, mesmo que seja para suprir uma lacuna na legislação", diz a nota.

CCJ

O segundo decreto sobre armas editado pela Presidência da República foi publicado no Diário Oficial da União da última quarta-feira (22). Entre as alterações em relação à primeira versão, estão a restrição à compra de fuzis e a devolução à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) da responsabilidade de definir regras para o transporte de armas em voos.

Na última reunião da Comissão de Constituição e Justiça, já havia quatro propostas para derrubar o primeiro decreto. No entanto, com a publicação da segunda norma, eles foram retirados de pauta. Na ocasião, a presidente do colegiado, senadora Simone Tebet (MDB-MS), avisou que o tema poderia voltar a ser discutido se novos projetos de decreto legislativo fosse apresentados, o que, de fato, ocorreu.

“Estamos retirando de oficio já dizendo que se forem apresentados novos PDLs, na semana que vem podemos estar não só lendo o relatório e discutindo e, se for o caso, votando os relatórios apresentados”, disse Simone.

Da Agência Senado

 

As áreas técnicas da Câmara dos Deputados e do Senado divulgaram hoje (10) pareceres contrários ao decreto que altera regras sobre aquisição, cadastro, registro, posse, porte e comercialização de armas de fogo no país.

A norma foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro na última terça-feira (7). De acordo com estudo elaborado pelo Senado, o decreto contraria o que estabelece a legislação atual, o Estatuto do Desarmamento, aprovado em 2003.

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“O decreto pode contemplar qualquer pessoa, entidade ou categoria, presumindo, de forma absoluta, que ela necessitaria do porte de arma de fogo para o exercício da sua atividade profissional ou para a defesa da sua integridade física”, aponta o estudo, elaborado a pedido dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Fabiano Contarato (Rede-ES).

Segundo o parecer, a lei atual prevê que “agentes operacionais do sistema penitenciário” tenham o porte e não todo e qualquer funcionário do sistema órgão, como estabeleceu o decreto: “Vê-se então, claramente, que o decreto é, nesses pontos, exorbitante, ampliando os servidores habilitados a portar arma naqueles órgãos”, assinala o documento.

Pela nota técnica, o decreto também teria extrapolado o poder regulamentar ao conceder o porte de arma de fogo geral e irrestrito a colecionadores e caçadores, presumindo, de forma absoluta, que tais categorias cumprem o requisito de “efetiva necessidade” do Estatuto do Desarmamento.

“É importante salientar que a concessão do porte de arma de fogo a várias dessas categorias, como por exemplo o oficial de Justiça e o agente de trânsito, são objeto de proposições legislativas que estão tramitando há vários anos no Congresso Nacional. Assim, enquanto não são autorizadas, por lei, a obterem o porte de arma de fogo, todas elas deveriam, nos termos do art. 10 do Estatuto do Desarmamento, obter autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido junto a Polícia Federal, devendo comprovar, dentre outros requisitos, ‘a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física’”, diz a nota.

Câmara

Em documento elaborado a pedido do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), técnicos apontam ilegalidades no decreto. Pela análise, técnicos dizem que o decreto não pode se sobrepor ao que diz o Estatuto do Desarmamento.

"A lei [Estatuto do Desarmamento] não permite que norma infraconstitucional estabeleça presunção absoluta ou relativa de cumprimento desse requisito. A lei é clara no sentido de que deve haver demonstração efetiva da necessidade do porte, devendo cada caso concreto ser analisado pelo órgão competente."

Ontem (9), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já havia informado que o estudo identificou "algumas inconstitucionalidades" e que estava dialogando com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para negociar a possível retirada de trechos que poderiam ser considerados “invasão da competência do Legislativo”.

Também nesta quinta-feira, em uma live transmitida pelo Facebook, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter ido “no limite da lei” ao assinar o decreto que regulamenta a posse, o porte e a comercialização de armas e munições para caçadores, atiradores esportivos e colecionadores, os chamados CACs.

A questão dos CACs demorou um pouco sim. Não é fácil, em um decreto, fazer justiça de forma rápida. Você consulta a questão jurídica, vai ao Ministério da Defesa, da Ministério da Justiça, ouve atiradores, ouve gente do povo. E no limite da lei regulamentamos o que pudemos”. afirmou o presidente.

 

A Polícia Federal (PF) prendeu na noite de ontem (13) um homem por tráfico internacional de acessórios para armas de fogo. A prisão foi realizada em Foz do Iguaçu (PR), onde os agentes encontraram 124 miras telescópicas, três dispositivos de pontaria e 20 recipientes de spray de pimenta. Os objetos estavam no bagageiro de um ônibus que seguia para Balneário Camboriú (SC).

De acordo com a PF, o responsável pela bagagem confessou que comprou o armamento no Paraguai e venderia os objetos ilegais em Itajaí (SC) e Balneário Camboriú. O acusado está preso na delegacia da PF em Foz do Iguaçu.

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O crime de tráfico internacional de acessório de arma de fogo de uso restrito tem pena mínima de 6 anos e máxima de 12 anos de prisão.

A Nova Zelândia anunciou nesta segunda-feira (18) que adotará uma legislação mais rigorosa para a venda de armas depois do massacre de 50 pessoas em duas mesquitas cometido por um supremacista branco, que decidiu fazer a própria defesa, sem advogado, nos tribunais.

"Tomamos uma decisão como governo, estamos unidos", disse a primeira-ministra Jacinda Ardern, ao lado do vice-premier, Winston Peters, ao anunciar medidas para restringir o acesso às armas.

Peters, cujo partido Nova Zelândia Primeiro era contrário às mudanças na lei de acesso às armas, afirmou que respalda totalmente a primeira-ministra.

"A realidade é que depois das 13h00 de sexta-feira nosso mundo mudou para sempre. E o mesmo acontecerá com nossas leis", disse, ao citar o horário em que começou o mais violento ataque já registrado em território neozelandês.

Ardern também anunciou a abertura de uma investigação interna sobre o ataque, que provoca muitas perguntas, em particular sobre como Brenton Tarrant, fascista autoproclamado, passou despercebido pelos radares das agências de inteligência.

As redes sociais também estão no olho do furacão pela transmissão ao vivo, no Facebook e durante vários minutos, do massacre filmado por seu autor, um australiano de 28 anos.

A empresa americana afirmou que retirou 1,5 milhão de vídeos do ar. Apesar dos esforços, as redes sociais são acusadas de não terem bloqueado as imagens em "tempo real do ataque terrorista".

Um jovem de 18 anos foi acusado nesta segunda-feira por um tribunal de Christchurch por ter divulgado o vídeo transmitido pelo autor do massacre, por ter publicado uma fotografia da mesquita de Al Noor de Christchurch com a frase "objetivo alcançado" e por incitação à violência.

A tragédia provocou uma grande comoção na Nova Zelândia, país de cinco milhões de habitantes - apenas 1% deles muçulmanos -, famoso por sua tradição de hospitalidade.

Nesta segunda-feira, os neozelandeses de todas as tendências expressaram o repúdio aos ataques e ao ódio racial.

- Cerimônia de purificação -

Na mesquita Al Nur foi organizada uma cerimônia maori de purificação, que reuniu neozelandeses aborígenes, líderes da comunidade muçulmana e autoridades locais. Estudantes depositaram flores e acenderam velas.

Outros participaram em um novo haka, dança tradicional maori, em homenagem aos mortos. Em Auckland, os alunos de um colégio se uniram para criar a forma de um coração e a mensagem "Kia Kaha" ("Sejam fortes").

Os organizadores do maior salão de armas da Nova Zelândia, o Kumeu Militaria Show, perto de Auckland, anunciaram o cancelamento do evento após o massacre e em consequência dos "elevados riscos para a segurança".

A Nova Zelândia reforçou a legislação sobre as armas nos anos 1990, mas as leis sobre posse de armas de fogo permaneceram muito permissivas. Quase todos os pedidos de porte de armas recebem resposta positiva.

David Tipple, gerente da Gun City, loja que vendeu quatro armas de fogo ao suspeito, afirmou nesta segunda-feira que não se considera responsável pelo massacre.

"Não percebemos nada fora do comum sobre este dono de uma licença de armas", disse Tipple.

Brenton Tarrant, que compareceu a uma audiência no sábado em um tribunal de Christchurch, planeja representar a si mesmo no julgamento, afirmou o advogado designado pela corte.

O advogado Richard Peters, que o representou durante a audiência preliminar, disse à AFP que o australiano, de 28 anos, "indicou que não quer um advogado".

"Ele pareceu como alguém racional e sem algum problema mental. Parece entender o que aconteceu", completou Peters.

- Confiança na justiça -

De acordo com a legislação neozelandesa, ele será julgado se alegar inocência, o que pode permitir um confronto com os sobreviventes e parentes das vítimas fatais.

Mustafa Faruk, presidente da Federação de Associações Islâmicas da Nova Zelândia, afirmou que confia na justiça.

"Como comunidade, gostaríamos que esta pessoa fosse tratada de maneira justa, com acesso a todos os direitos. Acreditamos na justiça e sabemos que fará o que é necessário", completou.

Ao mesmo tempo, a impaciência é cada vez maior entre as famílias, que desejam receber os corpos de seus parentes. A tradição muçulmana prevê o sepultamento em um prazo de 24 horas após a morte.

Nesta segunda-feira, operários cavavam dezenas de covas em um cemitério de Christchurch. Os legistas afirmaram que esperam atender os pedidos das famílias o mais rápido possível.

De acordo com uma lista que circula entre as famílias, as vítimas fatais tinham entre 3 e 77 anos. Algumas pessoas moravam no bairro em que ficam as mesquitas, outras eram de países afastados. Ao menos dois mortos eram da mesma família, pai e filho.

De acordo com seus respectivos governos, cinco indianos morreram no massacre, assim como nove paquistaneses, um deles quado tentava deter o agressor. Trinta e uma pessoas permanecem hospitalizadas em estado crítico.

A 19.ª Vara Federal Cível de São Paulo pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre ação popular movida contra o decreto do governo Jair Bolsonaro (PSL) que flexibiliza regras para a posse de armas de fogo. A medida do governo é questionada na Justiça pelo advogado Carlos Alexandre Klomfahs, que pede sua suspensão imediata. Ele aponta dez obras científicas que relacionam crimes violentos à disponibilidade de armas. Ainda sustenta que as mudanças só poderiam ter sido feitas com a participação do Congresso Nacional.

A Justiça determinou que a União se manifeste em cinco dias para contestar a ação popular contra o decreto. Após as manifestações do Ministério Público Federal e da União, deve ser proferida a decisão sobre o pedido liminar para suspender o decreto.

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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou no dia 15 decreto que altera regras para facilitar a posse de armas de fogo, ou seja, a possibilidade de o cidadão guardar o equipamento em sua residência ou estabelecimento comercial.

Entre as mudanças, foi ampliado o prazo de validade do registro de armas de 5 para 10 anos, tanto para civis como para militares. Também não será mais preciso comprovar a "necessidade efetiva" para a obtenção da posse: o interessado precisará apenas argumentar que mora em cidade violenta, em área rural ou que é agente de segurança.

Em ação popular, o advogado Carlos Alexandre Klomfahs cita dez autores que tratam sobre a relação entre a disponibilidade de armas e violência.

"Bem como ausência de reflexão, estudos e ponderações sobre a visão científica do tema "porte de armas" e inobservância do Estatuto do Desarmamento enquanto política permanente de defesa dos direitos fundamentais, pois como se verá trata-se de tema sensível aos direitos humanos, segurança pública, saúde pública e proibição de retrocesso social quanto a proteção às crianças, adolescentes, mulheres, prevenção ao suicídio e vítimas de acidentes com armas", sustenta.

Para o advogado, 'houve assim clarividente desconsideração de trabalhos científicos nas áreas de psicologia, criminologia, medicina e traumatologia, antropologia, economia e ciência política, e mais de 13 variáveis não consideradas, muito menos discutidas, resultando daí seu interesse notadamente público e sua proteção por meio desta ação popular'.

Klomphas reforça que a discussão abrange mais 'do que dois grupos disputando pró e contra'. "É bem mais do que um viés político onde "devo cumprir a vontade daqueles que me elegeram"".

"Trata-se de política de segurança pública, saúde pública, direitos fundamentais de ambos os lados: vítimas e criminosos", reforça.

O advogado afirma não estar 'a favor nem da direita nem da esquerda e sim em defesa da Constituição em qualquer governo que não a observe'. O reducionismo "é um direito do cidadão", sem considerar os diversos trabalhos científicos publicados no Brasil e no exterior há pelo menos trinta anos é uma política fadada ao fracasso ao custo de milhares de vidas".

O advogado ainda afirma que, ao editar o decreto, o governo usurpou a competência do Legislativo. "É pacífica na jurisprudência que decretos presidenciais (do Poder Executivo) previstos não podem alterar o conteúdo material de uma lei, nem para mais nem para menos. Uma vez que essa prerrogativa é do Poder Legislativo".

Ainda diz que 'o decreto anterior (Decreto n. 5.123/2004) regulamenta uma Lei (Lei n. 10.826/2003) decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidência da República'."Portanto, somente o Poder Legislativo poderia alterar, ampliando ou restringindo o conteúdo de uma lei por ele debatida, votada e aprovada interna corporis, modificando legitimamente as relações jurídicas no seio da sociedade".

"Esta é conquista democrática recente do Poder Legislativo sufragado pelo Poder Executivo e de alta significância para o Estado Democrático de Direito", anotou.

Com alertas a novos governantes, o papa Francisco afirmou, em mensagem publicada no primeiro dia do ano, que a política pode tornar-se meio de destruição e criticou propostas de "proliferação descontrolada das armas" no mundo.

A mensagem do pontífice foi escrita no mês passado e publicada oficialmente nesta terça-feira, 1º, pelo Vaticano, dia em que Jair Bolsonaro tomou posse como presidente do Brasil. Na semana passada, Bolsonaro prometeu facilitar a posse de armas de fogo no País a cidadãos sem antecedentes criminais.

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"Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia", diz o papa na mensagem para o chamado Dia Mundial da Paz.

O papa não citou o nome de nenhum político ou país em sua declaração. "A política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição", declarou.

"A função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo", escreveu o líder da Igreja Católica.

Ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede), classificou como “preocupantes” as declarações dadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) em entrevista à TV Record na noite dessa segunda-feira (29). Marina se referia ao fato de Bolsonaro ter reforçado que uma das suas primeiras medidas, após assumir oficialmente o comando do Palácio do Planalto, será facilitar o acesso da população às armas de fogo.

Na ótica de Marina, que teve 1% dos votos válidos no primeiro turno da disputa presidencial, o capitão da reserva tem uma “ideia fixa em querer induzir a sociedade a acreditar que poderá resolver o grave problema da violência fazendo justiça com as próprias mãos”.

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“É espantoso o anúncio do presidente eleito de que uma de suas primeiras medidas após a posse será enviar para o Congresso Nacional uma proposta para facilitar o acesso às armas de fogo. Qualquer tentativa de desconfigurar o Estatuto do Desarmamento é um retrocesso lastimável!”, avaliou a ex-senadora.

“A maioria da população brasileira é contra a posse de armas de fogo e quer soluções mais inteligentes. As armas de fogo são responsáveis por 71% dos homicídios registrados no Brasil. Por isso, não canso de repetir o que venho dizendo: quanto mais armas, mais violência”, acrescentou.

Na entrevista à TV Redord, Bolsonaro disse que a "arma de fogo garante a liberdade de um povo".

"Queremos dar o porte definitivo à população. Não podemos criar mais um encargo para quem quer ter arma dentro de casa para defender sua família", afirmou, argumentando que dois terços da população decidiu ter o direito de comprar armas e munições em referendo popular de 2005. "Então temos que respeitar a vontade popular", complementou.

O número de registros de arma de fogo para pessoas físicas realizados pela Polícia Federal quintuplicou nos últimos dez anos. Os dados, obtidos pelo Instituto Sou da Paz por meio da Lei de Acesso a Informação, mostram que, no período de 2008 a 2017, a quantidade de armas registradas saltou de 6.260 para 33.031.

“A gente acredita que isso está bastante relacionado tanto a uma sensação de insegurança das pessoas e uma dificuldade de ver respostas efetivas do Estado, mas, principalmente, à maior difusão de um discurso um pouco fácil de que é só comprar uma arma e todos os seus problemas estarão resolvidos”, destaca a coordenadora de Projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi.

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Segundo ela, as estatísticas mostram que, em geral, as pessoas não conseguem reagir de modo a evitar o assalto ou balear o assaltante. “A tentativa de reação aumenta a gravidade do fato. O que poderia ser um roubo à mão armada pode se tornar um latrocínio”, ressalta. “A chance de a pessoa conseguir reagir armado é tão pequena que é muito mais provável que essa arma acabe sendo mal utilizada, em brigas familiares, em acidentes com crianças, em brigas de trânsito”.

No período, os dados mostram um forte aumento no número de registros principalmente a partir de 2013, quando 19.476 armas foram documentadas. Em 2014, a quantidade subiu para 24.204; em 2015, 36.303; em 2016, 32.552; e em 2017, 33.031.

“Quanto mais armas aparecem na mão dos cidadãos, ou liberando porte ou liberando compra de armas, ou qualquer outro motivo, os homicídios crescem. Não só os acidentes domésticos, os casos de morte em assalto também crescem. O bandido, quando vê um cidadão armado, ele pode desconfiar que é um policial ou pode desconfiar que vai reagir e imediatamente atirar”, destaca o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, José Vicente da Silva Filho.

O Facebook vai parar de mostrar anúncios de acessórios para armas para crianças como parte de uma atualização da sua política. Segundo o site The Verge, a medida chega para tentar reduzir a violência armada nos EUA após o país registrar vários tiroteios em escolas.

Atualmente, qualquer usuário no Facebook pode ver anúncios para uma gama completa de anexos de armas, incluindo escopos, coldres e lanternas. Mas a partir de 21 de junho, a gigante das mídias sociais irá impedir que usuários menores de idade vejam as postagens.

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De acordo com um porta-voz do Facebook, a empresa já bane anúncios de armas e modificações, mas os vendedores podem publicar propagandas de acessórios. A empresa não proibirá esses posts totalmente, mas exigirá que os vendedores restrinjam o público a pelo menos 18 anos de idade ou mais.

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Após um dia de protestos históricos nos Estados Unidos, os jovens líderes do movimento contra as armas de fogo continuam mobilizados para exigir leis mais duras sobre este assunto, que ganhou a opinião pública após diversas tragédias e sobre o qual Washington continua sendo inflexível.

Embora não haja uma cifra oficial, de acordo com a organização independente Crowd Counting Consortium - especializada na contagem de multidões -, os eventos de sábado reuniram mais de 1,5 milhão de pessoas em centenas de cidades americanas.

Isso faria dessa a maior manifestação contra armas de fogo da história dos Estados Unidos, superando a de 14 de maio de 2000, a Marcha do Milhão de Mães (Million Mom March), que reuniu mais de 1 milhão de pessoas no país.

A ação de sábado, chamada "Marcha por nossas vidas", foi uma reação ao massacre executado por um jovem que matou a tiros 17 pessoas em 14 de fevereiro na escola Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida.

Um grupo de alunos da MSD, sobreviventes do tiroteio, impulsionou a mobilização desde então, levantando a bandeira de jovens que viveram toda sua vida escolar com a ameaça permanente de assassinatos em massa.

Os adolescentes voltaram às ruas na manhã deste domingo para evitar que o protesto caia no ostracismo, como o que aconteceu em 2000, quando mães cansadas reclamaram um controle mais rigoroso na venda de armas.

"Acho que esse impulso vai continuar, mesmo quando a mídia for embora, porque essas pessoas continuam lá, lutando por suas vidas", opinou Delaney Tarr, uma das sobreviventes do tiroteio de Parkland, em declarações à emissora Fox News.

Sua colega Emma González alertou a CBS: "Isso não é o final, é apenas o começo".

"Queridos jovens, nunca se cansem de ser instrumentos de paz e alegria entre os seus", tuitou neste domingo o papa Francisco do Vaticano.

- 'Devem continuar' -

Os protestos e críticas dos alunos já levaram a Flórida a aprovar uma lei, promulgada em 9 de março pelo governador Rick Scott, que impõe diversas restrições, inclusive a proibição de "bump stocks" (acessórios para disparar rajadas) e o aumento de 18 para 21 anos da idade legal para comprar uma arma.

Mas o Congresso está em recesso e, embora muitos democratas tenham participado das manifestações deste sábado e exigido publicamente normas mais rigorosas neste tema, os republicanos - que são maioria nas duas casas - continuam em sua maioria inflexíveis.

Apesar da magnitude do evento popular, o presidente Donald Trump não o mencionou neste domingo em sua conta do Twitter, onde escreveu regularmente desde a manhã de sábado para discutir outros assuntos.

Trump reiterou na sexta-feira sua vontade de proibir os "bump stocks", uma medida de pouco efeito prático. Seu governo iniciou um procedimento para isso.

Uma impressionante multidão de milhares de jovens e adultos se aglomerava nesta sábado (24) no centro de Washington, assim como em outras cidades dos Estados Unidos, pedindo medidas para controlar o acesso às armas de fogo.

As marchas foram convocadas e organizadas por jovens estudantes, cansados dos constantes ataques a tiros e massacres em escolas com armas de fogo, que deixam cerca de 30 mil mortos a cada ano no país. Multidões de adultos se somaram às manifestações, no que já se considera um dos maiores protestos em pelo menos uma geração.

Os oradores mais ovacionados em Washington foram vários dos sobreviventes do massacre do mês passado em uma escola de Parkland, na Flórida, onde 14 estudantes e três adultos foram mortos a tiros. "Se juntem a nós e se preocupem, porque os eleitores vão falar", disse Cameron Kasky, sobrevivente desse ataque.

David Hogg, outro sobrevivente, falou à multidão que "podemos e vamos mudar este mundo". "Quantos mais têm que morrer?", perguntavam na fria manhã deste sábado incontáveis cartazes em referência ao último massacre de Parkland. "Eu serei a próxima?", dizia um carta levado por uma jovem em meio à multidão.

"Livros, não armas", "Protejam a vida dos jovens, não as armas", "Chega de armas!", eram algumas das frases repetidas milhares de vezes pela multidão que se mobilizava pela Avenida Pensilvânia, que liga a Casa Branca ao Capitólio, sede do Congresso.

Formalmente, a "Marcha pelas nossas vidas" pede a proibição da comercialização de fuzis de assalto, da venda livre de carregadores para armas semiautomáticas e o reforço dos controles de antecedentes das pessoas interessadas em comprar armas.

- Classe política na mira -

Entretanto, a ira dos manifestantes tem foco fundamentalmente na classe política, que tem sido incapaz de articular uma resposta efetiva à generalizada violência com armas de fogo.

"Estou cansada! Não quero mais que os políticos dediquem seus 'pensamentos e orações' a esta tragédia. Queremos ações! Queremos que façam algo! Já chega!", disse à AFP a estudante Rose Gomez, de 17 anos, que se somou à marcha acompanhada de toda a sua família.

Outros manifestantes pediam a reforma da Segunda Emenda à Constituição, que consagra o direito aos cidadãos de possuírem armas de fogo. Muitos outros reclamavam o fim da influente Associação Nacional do Rifle (NRA), poderoso lobby que defende a posse de armas e contribui para campanhas políticas.

"Não deveríamos ter armas em nossa sociedade. Esses meninos têm toda razão", disse Jeff Turchin, de 68 anos, que foi ao protesto.

O senador democrata Chris Murphy, que representa o estado do Tennessee, onde 20 crianças foram mortas a tiros em uma escola em 2012, disse neste sábado que o movimento lançado pelos estudantes "deve se tornar uma força eleitoral".

As marchas deste sábado têm o apoio de personalidades públicas americanas.

O ator George Clooney e sua esposa, a advogada de direitos humanos Amal, doaram meio milhão de dólares ao movimento. Oprah Winfrey e Steven Spielberg também somaram seu apoio, e o ator Bill Murray comparou as manifestações deste sábado com os protestos contra a Guerra do Vietnã na década de 1960.

Para a marcha em Washington figuras conhecidas já confirmaram sua presença, como Ariana Grande, Jennifer Hudson, Demi Lovato, Justin Timberlake e Miley Cyrus.

- Alcance nacional -

Enquanto o centro da capital americana era tomado por jovens, crianças e adultos, o mesmo acontecia em quase 100 cidades de todo o país. Um dos protestos acontecia em Parkland, na Flórida, onde, no mês passado, ocorreu o massacre em uma escola.

Em Nova York, a marcha contou com a presença do músico Paul McCartney, que caminhava junto com a multidão. "Um dos meus melhores amigos foi vítima da violência com arma de fogo perto daqui", declarou McCartney, em referência ao assassinato a tiros de John Lennon, em 1980.

Também foram realizadas manifestações em Atlanta, Boston, Chicago, Cincinnati, Dallas, Houston, Miami, Minneapolis, Nashville e Seattle, entre muitas outras.

O YouTube mudou suas políticas de conteúdo para proibir vídeos que tentam vender ou oferecer instruções sobre fabricação de armas de fogo, munição, silenciadores, supressores caseiros ou certos acessórios relacionados. O site, de propriedade do Google, tem enfrentado críticas por hospedar conteúdo sobre armamentos mortais.

As restrições surgem um mês após o tiroteio na escola em Parkland, na Flórida, que deixou 17 mortos no dia 14 de fevereiro. Segundo a Bloomberg, se qualquer internauta buscar na plataforma um vídeo sobre como construir uma arma, recebe mais de 25 milhões de resultados, embora isso também inclua itens como brinquedos.

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A National Shooting Sports Foundation, um grupo de lobby da indústria de armas dos EUA, chamou a nova política do YouTube de preocupante. As medidas só entram em vigor a partir abril, mas já afetaram alguns canais, como o da empresa de armamentos Spike's Tactical e o InRange TV.

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