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Na primeira licitação sob o comando de Flávio Dino (PSB), o Ministério da Justiça precisou cancelar a compra de munições de gás lacrimogêneo após a Controladoria-Geral da União (CGU) estimar um superfaturamento de R$ 2,055 milhões no processo.

A compra chegou a ser homologada, numa das últimas fases da licitação, mas o Ministério da Justiça recuou depois de receber um relatório da CGU e retirou os itens superfaturados. A ata foi publicada no último dia 14 de julho no Diário Oficial da União.

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A licitação previa, entre outros itens, a compra de 15.617 projéteis de emissão lacrimogênea calibre 40mm x 46mm. A bala é geralmente usada para dispersar manifestantes durante protestos e barricadas. A aquisição foi homologada no último dia 2 de junho para a empresa Condor SA, uma das líderes no mercado. Cada projétil sairia por R$ 479. O superfaturamento pode ser identificado ao se comparar com compras anteriores. A mesma munição foi vendida por R$ 427 ao Comando da Aeronáutica cerca de sete meses antes, em novembro do ano passado. E o pior: o fornecedor era o mesmo, a Condor SA.

Dessa maneira, as munições da Pasta de Dino sairiam por R$ 7,48 milhões, ao mesmo tempo que poderiam ser adquiridas por R$ 6,79 milhões. Uma diferença de R$ 685 mil (10%). O superfaturamento foi estimado em R$ 2,055 milhões, uma vez que a ata pode ser aderida por outros órgãos.

No relatório de avaliação preventiva, a Controladoria apontou falhas na pesquisa de preço feita pelo Ministério da Justiça. A CGU chega a falar em "manipulação numérica" da Pasta. "A prática de não se utilizar o preço efetivamente negociado, mas aquele pesquisado pelo órgão em função dele situar-se mais próximos de outros pesquisados, e sem dar visibilidade a isso, é manipulação numérica incompatível com a busca do preço de mercado", diz o relatório.

Em um primeiro momento o ministério ignorou o alerta e homologou a compra. Após uma reunião com técnicos da CGU, a Pasta reconheceu o erro e cancelou a aquisição.

Uma nota técnica da Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública considera que o cancelamento da compra das munições pode afetar o trabalho do órgão. "O prejuízo, em cancelar os itens 66 a 70, será da Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública e dos órgãos partícipes da ARP [Ata de Registro de Preços], pois não terão em sua posse as munições de menor potencial ofensivo. Tais aquisições fazem parte da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social."

Procurado, o Ministério da Justiça reforçou, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), que os itens não foram comprados diante dos apontamentos da Controladoria. "A Senasp cancelou os itens no momento de formalizar a assinatura da Ata de Registro de Preços respectiva, na qual não constam os referidos itens", explicou a pasta.

"Desta forma não houve qualquer irregularidade no procedimento adotado, tendo sido registrados na ata apenas os itens quanto aos quais a CGU não apontou quaisquer inconsistências e é esses que podem, dessa forma, serem efetivamente contratados", acrescentou. O valor inicial da ata de registro de preços dos outros itens fechou em R$ 157 milhões.

O Tribunal de Contas da União (TCU) constatou a ocorrência de superfaturamento na compra de pílulas do medicamento Viagra pelas Forças Armadas, feita entre 2020 e 2021, e ordenou a devolução de R$ 27,8 mil aos cofres públicas.

A compra do medicamento foi realizada pelo Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Ao todo, foram comprados mais de 35 mil comprimidos de Viagra, remédio para o tratamento de disfunção erétil em homens e também para hipertensão arterial pulmonar.

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De acordo com o processo, um dos oito pregões feitos pela Marinha adquiriu cada comprimido de citrato de sildenafila, princípio ativo do medicamento, por R$ 3,65, embora o valor médio no painel de preços do governo federal para o período fosse de R$ 1,81. A Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas do TCU calculou que o edital da Marinha resultou em prejuízo de R$ 27.820,80 aos cofres públicos.

O caso da compra de Viagra pelas Forças Armadas ganhou repercussão em abril do ano passado, quando foi revelada pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), responsável por abrir a representação no TCU, junto com o senador Jorge Kajuru (PSB-GO).   O caso foi relatado no TCU pelo ministro Weder de Oliveira. Pela decisão do TCU, que foi publicada ontem (29), o Hospital Naval Marcílio Dias tem 90 dias para devolver o valor. 

Nesta quinta-feira (9), a Polícia Federal (PF) cumpriu 89 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal na terceira fase da operação que apura um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro no Governo do Acre. A família do Gladson Cameli (PP) é investigada.  

A investigação começou em 2021 e teve continuidade nesta manhã com as ordens judiciais expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O objetivo é verificar o envolvimento de empresas e o superfaturamento de contratos com a gestão para desviar recursos destinados à Saúde, Educação e repasses do BNDES para obras e serviços de manutenção. 

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Além da PF, a Procuradoria-Geral da República, a Receita Federal e a Controladoria-Geral da União participam do operação. Mais de 300 policiais federais realizaram as buscas, inclusive nos gabinetes da Casa Civil e na Secretaria da Fazenda do Acre. 

Cameli foi proibido pela Justiça de deixar o país e fazer contato com os investigados, entre eles o pai Eládio e o irmão Gledson. O governador também terá que entregar o passaporte nas próximas 24h. 

O STJ também bloqueou R$ 120 milhões em bens dos investigados, acumulados em contas bancárias, aeronaves e imóveis de luxo. Além disso, solicitou o afastamento de 31 funcionários públicos.

A identidade dos alvos não foi cedida, mas houve o pedido de 57 entregas de passaporte e 70 quebras de sigilo bancário e fiscal. As atividades econômicas de 15 empresas foram suspensas. Desde 2019, elas receberam mais de de R$ 268,6 milhões em recursos públicos. 

Nesta quinta-feira (1º), a Polícia Federal (PF) cumpriu 22 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal contra uma organização suspeita de superfaturar contratos de manutenção da BR-156, no Amapá. Empresários e servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) estariam envolvidos no esquema que causou um prejuízo estimado em R$ 6.179.116,97.

Considerada a obra federal mais antiga em andamento no Brasil, a manutenção da BR-156 foi alvo de uma operação da PF junto com o Ministério Público Federal e a Controladoria Geral da União (CGU). A análise de parte dos contratos verificou a ocorrência de insumos declarados com valores até 15 vezes mais caros que os praticados no mercado.

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Também foi constatado pela investigação a existência de "um sofisticado esquema de esquentamento de madeiras extraídas ilegalmente de áreas preservadas  e destinadas a obras contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), com o possível pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos", reforçou a PF em nota.

Ao longo da manhã, 22 ordens judiciais foram cumpridas contra empresários e servidores do DNIT no Amapá, Pará, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Sergipe, Paraíba e Pernambuco, onde a casa de um engenheiro, de 40 anos, e uma empresa de Engenharia no bairro da Ilha do Leite, no Recife, foram visitadas por agentes federais.

Os alvos são suspeitos dos crimes de organização criminosa, peculato, corrupção ativa e passiva, fraude à licitação, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, cujas penas podem chegar a 51 anos de reclusão.

 

A disparada na compra de caminhões de lixo pelo governo Jair Bolsonaro (PL) com preços inflados, revelada neste domingo, 22, pelo Estadão, ganhou a hashtag ‘Bolsolão do Lixo’ e se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter, no início desta tarde. Foram 7.977 tuítes sobre o assunto em uma hora. Reportagem publicada hoje mostra que após Jair Bolsonaro se associar ao Centrão, a compra e distribuição de caminhões de lixo pelo governo saltaram de 85 para 488 veículos de 2019 para 2021.

Por volta das 13 horas, ‘Bolsolão do Lixo’ havia superado 7,5 mil tweets e internautas passaram a publicar memes com o assunto. Um deles exibe um caminhão de lixo com um cifrão na traseira do veículo e o slogan do governo ‘Pátria Amada Brasil’ na lateral. "No governo sem corrupção, tem corrupção até no lixo", escreveu uma conta no Twitter. Bolsonaro costuma dizer que seu governo não tem corrupção a despeito de diversas ilegalidades reveladas pela imprensa.

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O investimento público federal com coleta de lixo, um serviço essencial para o bem-estar da população, virou foco de despesas milionárias crescentes e fora do padrão nos últimos anos. Avaliados com cuidado, esses gastos revelam transações difíceis de entender, como a da cidade do interior de Alagoas que tem menos lixo do que caminhões para recolhê-lo ou a diferença de R$ 114 mil no preço de veículos iguais, comprados no espaço de apenas um mês - sem falar da presença de empresas fantasmas no meio das operações.

Durante dois meses, a equipe do Estadão analisou cerca de 1,2 mil documentos referentes à aquisição desses veículos com verbas do orçamento federal, incluindo relatórios, planilhas e vídeos, num total de 7,7 gigabytes de dados. A distribuição de caminhões compactadores de lixo é usada por senadores, deputados e prefeitos para ganhar a simpatia e o voto dos eleitores de cidadezinhas pobres, onde a chegada desse tipo de auxílio é visível e faz enorme diferença. Até agora, o governo já destinou R$ 381 milhões para essa finalidade. A reportagem identificou pagamentos inflados de R$ 109 milhões.

A diferença dos preços de compra de modelos idênticos, em alguns casos, chegou a 30%. Em outubro passado, por exemplo, o governo adquiriu um modelo de caminhão por R$ 391 mil. Menos de um mês depois, aceitou pagar R$ 505 mil pelo mesmo modelo do veículo. Há casos também em que o governo recebeu veículos menores do que o comprado sem reaver a diferença de preço. Um município de 8 mil habitantes ganhou três caminhões compactadores num período de um ano e três meses, enquanto cidades próximas não têm nenhum. Até um beneficiário do auxílio emergencial ganhou licitações para fornecer caminhões de lixo para o governo.

Do jeito que está montada, a compra dos caminhões pelo governo para atender sua base no Congresso não segue nenhuma política pública de saneamento básico e não garante todas as fases da coleta de lixo. Caminhões são destinados a pequenas cidades sem qualquer plano para construção de aterros sanitários, como determinado em lei. No Piauí, por exemplo, o lixo coletado é jogado em terrenos a céu aberto em 89% das cidades. Mesmo assim, a prioridade dos políticos do Estado foi a aquisição dos veículos.

A Controladoria-Geral da União (CGU) verificou um superfaturamento em contratos de pavimentação financiadas pelo orçamento secreto. A verba foi encaminhada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ao estado de Alagoas, seu reduto eleitoral. O cálculo do órgão indicou a diferença de R$ 4,3 milhões.

O relatório publicado pelo o Globo apontou que os contratos para as obras em 34 municípios foram fechados com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), entre 2019 e 2020, no custo de R$ 30,2 milhões. Uma das cidades listadas para a requalificação do pavimento foi Barra de São Miguel, que é gerida pelo pai de Arthur Lira, Benedito Lira.

Indicado pelo presidente da Câmara à superintendência da Codevasf no fim de 2019, Ricardo Alexandre Lisboa Vieira ficou no cargo interino até 1º de abril de 2021, quando o primo de Lira, João José Pereira Filho, foi colocado na presidência da entidade no estado.

Conforme a CGU, R$ 17,7 milhões foram enviados pelo deputado através do orçamento secreto e R$ 10,9 milhões por emendas também encaminhadas por Lira e pelo suplente do seu pai no Senado, Givago Tenório. Os auditores ainda estranharam que a Codevasf usou uma planilha de orçamentos sem discriminar os fornecedores.

Dentre os gastos acima da média, a CGU constatou serviços e materiais como a estrutura de apoio à obra, elaboração de projeto executivo, transporte de materiais com caminhão basculante, pintura do meio-fio e placas de aço de sinalização.

Representantes da controladoria foram à Barra de São Miguel no dia 5 de março do ano passado, confirmaram que as obras estavam paradas e que a sede da D2M Engenharia estava fechada.

A empresa assumiu a execução dos serviços em 29 cidades. Além das divergências na área apontada para a requalificação, no assentamento do meio-fio e na quantidade de sinalização, não havia registro de carregamento de caminhões basculantes, nem do "espalhamento do bota-fora".

Em nota, a Codevasf negou o superfaturamento e disse que “possui sólida estrutura de governança e atende tempestivamente demandas de informação apresentadas por órgãos de controle” que "são estudadas por profissionais da companhia e observadas de acordo com sua aplicação”.

A Polícia Federal (PF) cumpre mandados de busca e apreensão em endereços relacionados à Precisa Medicamentos, na manhã desta sexta-feira (17), informou o vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). As ordens judiciais são cumpridas em Barueri e Itapevi, em São Paulo.

O requerimento da CPI visa obter mais informações sobre a relação da empresa com o Ministério da Saúde. A Precisa foi a intermediária na compra irregular de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, produzida pela indiana Bharat Biotech. O contrato de aproximadamente R$ 1,6 bilhão é suspeito de superfaturamento.

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A Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou irregularidades nos documentos da empresa e a negociação com o Governo Federal foi cancelada pelo próprio Ministério da Saúde, em julho. A operação desta sexta (17) foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

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Em uma atitude estranha, o Ministério da Saúde colocou documentos da compra de vacinas da Covaxin em sigilo. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) teve acesso ao material sobre a negociação suspeita de superfaturamento em julho, mas o acesso ao público ficou restrito após a imposição do Governo Federal.

Após solicitar informações por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) sobre os valores tratados com a Precisa Medicamentos, que intermediava o laboratório Bharat Biotech no Brasil, a pasta apenas informou que o acesso está "suspenso e restrito no momento" por estar em fase "preparatória", conforme publicação da Crusoé.

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Prejudicial ao inquérito

Apesar de ressaltar o trâmite interno, no dia 29 de julho a Saúde já havia repassado que havia cancelado o contrato do imunizante. Para justificar o caráter sigiloso, o ministério apontou que as informações "constituem fundamento de tomada de decisão, podendo sua divulgação prejudicar o andamento".

O Governo ainda acrescentou que a suspensão do acesso às informações "não caracteriza sua conclusão e encerramento".

A mudança súbita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus filhos em relação à vacina contra a Covid-19 ocorreu coincidentemente quando o Ministério da Saúde fechou a aquisição suspeita de 20 milhões de doses da Covaxin. Depois de enfraquecer a campanha com declarações negacionistas ao longo da pandemia, a família começou a apoiar a imunização quando a compra investigada por superfaturamento de 1.000% em cada dose foi assinada. É o que aponta a coluna do jornalista Guilherme Amado, no site Metrópoles.

Até o dia 10 de março, a principal bandeira da extrema-direita contra o vírus era o falso tratamento precoce, já recomendado pelo aplicativo TrateCov, que reunia medicamentos sem eficácia comprovada para a doença. Cinco dias antes, Francisco Maximiano, sócio da empresa Precisa – intermediária na negociação com o laboratório indiano Bharat Biotech - desembarcou no Brasil.

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De acordo com a publicação, a relação da Família Bolsonaro com Maximiano é antiga e se mostrou próxima no dia 13 de outubro de 2020, quando o senador Flávio (Patriota-RJ) o levou como representante de outra empresa, a Xis Internet Fibra, para uma reunião com o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Gustavo Montezano.

O primeiro a mudar de opinião foi justamente o filho mais velho do presidente. Flávio Bolsonaro pediu ao seu público para compartilhar uma foto do seu pai com a frase "nossa arma é a vacina" nas redes sociais. No mesmo dia, o próprio Jair defendeu a imunização no Palácio do Planalto e garantiu que não poupava esforços para adquirir doses.

Pouco depois, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou a imagem do Zé Gotinha com uma seringa em formato de fuzil, em alusão à proposta de armar a população amplamente defendida na campanha do pai.

Na denúncia contra o Ministério da Saúde, que culminou na investigação da Polícia Federal contra Bolsonaro por suspeita de prevaricação, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) conta que o presidente foi alertado sobre o esquema no dia 20 de março mas não deu uma resposta concreta.

Três dias depois, o parlamentar questionou à assessoria se o presidente havia ficado chateado e foi respondido com a mensagem: "negativo, deputado. São muitas demandas". No mesmo dia, Bolsonaro fez o primeiro pronunciamento oficial em defesa da vacina.

O texto aponta também que ainda em janeiro deste ano, o próprio chefe do Executivo enviou comunicado ao primeiro-ministro indiano Narendra Modi para pressionar por mais agilidade na liberação da Covaxin. Após quatro dias, a Precisa fechou contrato com a Bharat Biotech mesmo com a vacina sem liberação da agência regulamentadora da Índia.

Ao mesmo tempo em que o processo de compra da Covaxin era tocado com emergência pelo Governo Federal, o Ministério da Saúde ignorou mais de 100 e-mails de representantes do laboratório Pfizer que tentavam negociar o envio de doses para o Brasil.

Durante o depoimento do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que há comprovação de que houve superfaturamento na compra da vacina indiana Covaxin, cujo negócio foi intermediado pela Precisa Medicamentos. Renan citou a reportagem do Estadão/Broadcast, que revelou que o governo de Jair Bolsonaro fechou contrato para a compra do imunizante por um preço 50% mais alto do que o valor inicial da oferta, de US$ 10 por dose.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, a primeira reunião técnica do Ministério da Saúde com representantes do laboratório Bharat Biotech, fabricante da vacina, e da Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato, ocorreu em 20 de novembro. Na ocasião, segundo registrado no documento intitulado "Memória do Encontro", foi informado o valor de US$ 10 com a possibilidade de o preço baixar a depender da quantidade de doses que o governo brasileiro comprasse. O documento foi exibido por Renan durante a sessão.

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Governistas protestaram contra as afirmações do relator e afirmaram que a citação do valor de US$ 10 não faria parte de uma proposta oficial. "Isso é memória de reunião, não é proposta", afirmou o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE).

O então "número 2" do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, comandou a reunião com o empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, e representantes da Bharat Biotech - estes últimos via videoconferência. A Precisa informou, na ocasião, que teria disponibilidade de oferecer 46 milhões de doses, com entrega prevista para o fim do primeiro trimestre de 2021.

Renan disse ainda que a exoneração de Ferreira Dias seria uma "confissão do governo sobre irregularidades nas vacinas". O ex-diretor então respondeu que sua demissão se deveu ao "fato esdrúxulo e inexistente" de que ele teria apresentado uma proposta de propina na oferta de 400 milhões de doses da AstraZeneca. A acusação foi feita pelo policial Luiz Paulo Dominguetti, que não apresentou provas.

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) anunciou nesta quarta-feira (30) no Plenário da Câmara dos Deputados que o partido vai entrar com uma representação contra o líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. “São três denúncias de corrupção em relação à compra das vacinas Covaxin e Astrazeneca”, disse.

Barros foi citado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) como envolvido no suposto esquema de superfaturamento no contrato de compra da vacina indiana Covaxin por meio de intermediários. A denúncia foi feita na sexta-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga as ações e omissões do governo federal durante a pandemia. Barros também é citado por denúncias publicadas sobre pedido de propina na compra de Astrazeneca por um empresário do setor.

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Líder quer falar na CPI

O líder do governo não se pronunciou no Plenário. Pelas redes sociais, afirmou que espera ser convidado pela CPI. “E gostaria de ir o quanto antes. Peço compreensão aos profissionais de imprensa, mas penso ser adequado esclarecer e reafirmar minhas posições na CPI”, disse. O líder governista também refutou todas as acusações.

“Tenho acompanhado as repercussões e entrevistas a partir da citação de meu nome na CPI da Covid, na última sexta-feira. Fica evidente que não há dados concretos ou mesmo acusações objetivas, inclusive pelas entrevistas dadas no fim de semana pelos próprios irmãos Miranda”, afirmou ele.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

Nessa quinta-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse em sua live nas redes sociais que não foi avisado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) sobre o superfaturamento na compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. O governista afirma que fez a denúncia em um encontro confirmado pelo próprio presidente no dia 20 de março.

Embora a Polícia Federal não tenha registros sobre o pedido de investigação do caso, Bolsonaro acusa Luis Miranda de denunciação caluniosa e pediu que ele seja o alvo do inquérito. O gestor confirmou que se encontrou com o parlamentar no dia 20 de março, mas não deu detalhes do que foi discutido.

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"Foi uma coisa que aconteceu, ele não falou nada de corrupção em andamento. Tem nada, tem nada. Passaram quatro, cinco meses depois que ele conversou comigo – conversou sim, não vou negar isso aí – e não aconteceu nada", contou o chefe do Executivo.

Em contrapartida, Miranda afirma que alertou Bolsonaro neste dia sobre o favorecimento de empresas no superfaturamento na aquisição de R$ 1,6 bilhão do imunizante indiano. Ele foi informado pelo irmão Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde e disse ao Ministério Público Federal (MPF) que foi pressionado para agilizar a negociação irregular.

Os irmãos Miranda vão depor na CPI da Covid nesta sexta-feira (25). O deputado garantiu que tem comprovações da sua versão sobre as informações repassadas ao presidente que, aparentemente, não se interessou em evitar a compra.

As vacinas da Covaxin foram as mais caras que o Governo Federal chegou a negociar. Embora Bolsonaro tenha apontado que o atraso na compra dos primeiros imunizantes contra a Covid-19 seja explicado pela falta de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as doses da Covaxin ainda não foram totalmente aprovadas pela entidade. A acusação é mais grave diante das repetidas recusas das doses da Pfizer.

Documentos do Ministério das Relações Exteriores dão conta que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) autorizou a compra da vacina indiana Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante. A aquisição do imunizante foi intermediada pela Precisa Medicamentos, empresa que vinha sendo investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) sob acusação de fraude em um contrato de R$ 21 milhões na venda de testes rápidos para Covid-19 ao governo local.

De acordo com o jornal Estado de São Paulo, um telegrama da embaixada brasileira em Nova Délhi de agosto de 2020 informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose). Já em dezembro, outro comunicado diplomático dizia que o produto indiano “custaria menos do que uma garrafa de água”. Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde pagou US$ 15 por cada unidade (R$ 80,70, na cotação da época) – a mais cara das seis vacinas compradas até agora.

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Ainda segundo a publicação, a ordem para a aquisição da vacina partiu pessoalmente do presidente Jair Bolsonaro após uma negociação de cerca de três meses, prazo bem mais curto que o de outros acordos. Ao mesmo tempo, o governo federal rejeitou a compra da vacina da Pfizer a 10 dólares alegando preço muito alto. 

A compra teria sido intermediada pela empresa Precisa Medicamentos, alvo de investigação por parte do MPDF. Um dos sócios da Precisa, Francisco Maximiano, também virou alvo na CPI da Pandemia e teve a quebra dos sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário decretados. Ele vai prestar depoimento na comissão nesta quarta (23).

O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) apura supostas compras superfaturadas da Prefeitura do Recife (PCR) na aquisição de materiais do “kit intubação”, que possuem tubos endotraqueais usados em pacientes que precisam de ventilação artificial. A compra feita com dispensa de licitação apresenta sobrepreço e, de acordo com o TCE, o valor gasto chegou aos R$ 17 milhões. A quantidade de insumos registrada é suficiente para manter o Recife abastecido por anos — alguns produtos podem suprir a capital pernambucana por cerca de 723 anos. As informações foram obtidas pela equipe da CNN e divulgadas nessa sexta (21).

A compra foi consumada ainda em 2020, durante a gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB), no primeiro ano de pandemia da Covid-19. O Tribunal estimava inicialmente um superfaturamento acima dos R$ 10 milhões. O valor total superfaturado é a soma dos produtos estocados e sem uso nos almoxarifados da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o veículo, os relatórios analisados correspondem aos meses de março e abril do ano passado.

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Os documentos mostram que a pasta municipal pagou cerca de 175% a mais do que os valores do mercado em diversos itens médicos, entre eles seringas, luvas cirúrgicas e insumos que fazem parte do “kit intubação”. O procurador Cristiano Pimentel diz que a investigação foi motivada por denúncia e que auditores públicos visitaram o estoque da Secretaria de Saúde de Recife e constataram itens adquiridos em grande quantidade. O TCE, porém, ainda não prevê prazo para o julgamento do caso.

As projeções apontam que seriam necessários mais 59 anos para os tubos comprados de forma emergencial acabarem. No documento, também é apontado que a secretaria não teria seguido abordagem mais adequada para a dispensa de licitação, que seria adquirir itens para necessidades de curto prazo e, que a compra, da forma como ocorreu, resultou em estoque excessivo.

Empresas que teriam sido criadas somente para atender a demanda da Prefeitura também são alvo da investigação. A Saúde Brasil Comércio de Materiais Médicos, que foi fornecedora da Prefeitura nas compras emergenciais, tinha dois funcionários registrados à época do processo e capital social incompatível com o serviço oferecido.

Além disso, o relatório também apontou que, desde o ano de 2017, todos os contratos firmados entre SES-Recife e a empresa Saúde Brasil teriam como base a dispensa de licitação.

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou superfaturamento de R$ 50 mil na compra de máscaras de proteção descartáveis pelo Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Zona Oeste do Recife. A compra ocorreu em 2020 por meio de um processo de dispensa de licitação devido à pandemia de Covid-19. 

As máscaras foram adquiridas por R$ 2 a unidade à empresa Vitória Colchões. Segundo o TCE, o valor de mercado levantado do produto era de R$ 1 a unidade. A cotação foi feita pelo e-fisco, apurando aquisições de outros órgãos e hospitais no período de março a maio de 2020.

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Também foram verificadas deficiências na documentação exigida para fins de registro, na transparência e na organização de processos de contratação emergencial destinados ao combate à pandemia. De acordo com o tribunal, o HGV não apresentou, conforme determina resolução, justificativas para os preços contratados, habilitação jurídica, comprovação de liquidação da despesa, entre outras informações.

O relator, conselheiro Carlos Porto, imputou débito solidário no valor de R$ 50 mil ao diretor do hospital, Bartolomeu Antônio Nascimento Júnior, e à empresa Vitória Colchões. Ao gestor da unidade de saúde, também foi aplicada uma multa de R$ 9 mil. 

Cabe recurso da decisão. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) foi procurada, mas ainda não se posicionou sobre o caso.

A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram, na manhã desta sexta-feira (30), a Operação Oficina Desmascarada, no Maranhão, para combater supostas irregularidades contratuais e em licitações relacionadas à compra de equipamentos de proteção individual (EPIs) para utilização nas ações de combate à Covid-19.

A ofensiva da PF ocorre menos de 24 horas depois da visita do presidente Jair Bolsonaro ao Maranhão que deixou um rastro de polêmica e protestos - ao tomar um guaraná cor de rosa típico da região, Bolsonaro fez piada de tom homofóbico: "agora virei boiola igual maranhense, é isso?".

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Agentes cumprem dois mandados de prisão temporária e 11 mandados de busca e apreensão nas cidades São Luís e Paço do Lumiar. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de bens dos investigados, afastamento de servidores, proibição de contratação das empresas investigadas por entes públicos e afastamento dos sigilos bancário, fiscal e telemático dos envolvidos.

Segundo a CGU, as investigações tiveram início após detecção de uma contratação pela Secretaria de Saúde (SEMUS) de São Luís, por dispensa de licitação e em caráter emergencial, de duas empresas para fornecimento de máscaras e aventais cirúrgicos descartáveis.

Os auditores apontam que a compra foi realizada a preços superfaturados em cerca de 140% no comparativo ao valor de mercado. O prejuízo calculado é de pelo menos R$ 1.040.000,00, diz a CGU.

"As empresas não apresentavam capacidade técnico-operacional, sendo uma delas oficina mecânica em São Luís e a outra um pequeno ponto comercial de venda de materiais de expediente e limpeza, sediada no município de Matinha, a 240 km da capital", apontou a Controladoria em nota.

Os investigadores apontam ainda suposto "conluio entre possíveis sócios ocultos dessas empresas e servidores da SEMUS". De acordo com a CGU, o grupo criminoso se utilizou do mesmo modus operandi descoberto na Operação Cobiça Fatal, deflagrada em junho de 2020.

Defesa

A reportagem busca contato com a Secretaria de Saúde de São Luís. O espaço está aberto para manifestações.

Além do esquema na coleta de lixo, que causou o prejuízo de R$ 21 milhões ao município de Paulista, o prefeito Júnior Matuto (PSB) é investigado pelo superfaturamento de aluguéis de imóveis usados pela Prefeitura. Ao todo, a fraude nos contratos resultou em um rombo de mais de R$ 900 mil.

Na manhã desta terça-feira (21), a Polícia Civil deu detalhes sobre a Operação Locatário, que apura os crimes de peculato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e associação criminosa por meio de duas dispensas irregulares de licitação. Segundo as autoridades, os contratos de aluguel de quatro imóveis destinados à profissionais da Saúde, como integrantes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e médicos cubanos, foram superfaturados.

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A investigação iniciada em julho deste ano aponta que todos os imóveis pertencem ao mesmo dono, um empresário que não teve o nome divulgado. Contudo, foi verificado que ele é amigo pessoal de Júnior Matuto (PSB). "Essa imobiliária foi montada logo após as eleições e investiu mais de R$ 2 milhões em imóveis. Logo após a compra, o então secretário de Saúde solicitou que alugassem os mesmos", informou o delegado Diego Pinheiro.

O acordo foi cumprido entre 2014 e 2019 e as autoridades calculam o prejuízo de cerca de R$ 1 milhão ao município. No mesmo período, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) percebeu que houve um aumento patrimonial injustificado por parte do prefeito. Na manhã desta terça (21), ele foi afastado por 170 dias do cargo.

LeiaJá Imagens:

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A Polícia Federal deflagrou nesta terça, 9, a Operação Cobiça Fatal para desarticular associação criminosa voltada à fraude em licitações no Maranhão. A ação apura suposto superfaturamento de R$ 2,3 milhões na compra de 320 mil máscaras cirúrgicas pela Secretaria Municipal de Saúde da capital maranhense.

Cerca de 60 policiais federais cumprem três mandados de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão em São Luís e em São José do Ribamar. Entre os endereços vasculhados pela PF está a Secretaria de Saúde de São Luís. A ação tem apoio da Controladoria Geral da União.

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As medidas cumpridas nesta manhã foram determinadas pelo juízo da 1ª Vara Federal de São Luís, que também ordenou o sequestro de bens e o bloqueio de contas dos investigados, no valor de R$ 2,3 milhões.

O nome da operação faz referência ao 'desejo imoderado de riqueza, fazendo com que até se desvie recursos vitais para a proteção de pacientes e servidores da área da saúde', diz a PF.

De acordo com a Polícia Federal, ao longo das investigações foram verificados indícios de superfaturamento na compra de 320 mil máscaras pela Semus, no valor unitário de R$ 9,90. A corporação aponta que, considerando que o preço médio dos insumos é de R$ 3,17, há indícios de um superfaturamento aproximado de R$ 2,3 milhões.

Segundo a CGU, foram contratadas, por dispensa de licitação e em caráter emergencial, duas empresas 'sem capacidade técnico-operacional para fornecimento de máscaras cirúrgicas descartáveis superfaturadas'. "Verificou-se que uma das empresas operava em nome de 'laranjas', além de ser de 'fachada', e a outra nunca havia comercializado máscaras", apontou a Controladoria.

As apurações também analisaram documentos que apontam que, poucos dias antes do processo de dispensa de licitação, a Prefeitura de São Luís havia contratado o fornecimento de máscaras do mesmo modelo junto a outra empresa.

Em tal contrato, o valor unitário das máscaras era de R$ 2,90, totalizando R$ 980 mil e apresentando diferença de mais de 341% com relação ao certame investigado.

A 'Cobiça Fatal' investiga ainda possíveis fraudes em processos licitatórios das empresas revendedoras de insumos hospitalares superfaturados, nos municípios de Timbiras, e Matinha.

A Polícia Federal aponta ainda que a principal empresa investigada também já teria formalizado contratos, após dispensa de licitação, para fornecer insumos para o combate ao novo coronavírus aos municípios de Icatu, Cajapió, Lago do Junco, e Porto Rico do Maranhão.

Segundo a PF, os investigados podem responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em processo licitatório, superfaturamento na venda de bens e associação criminosa.

COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE SAÚDE DO MARANHÃO

Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia conseguido contato com o órgão. O espaço permanece aberto a manifestações.

A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (27), em municípios do Rio Grande do Sul, a Operação Camilo, que apura crimes de fraude à licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa, ocultação de bens, crime de responsabilidade e desobediência em recursos de saúde.

De acordo com a investigação, os valores foram repassados pela União e pelo estado a uma Organização Social (OS) terceirizada pelo Hospital Regional do Vale do Rio Pardo.

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Além da PF, a força-tarefa é formada pela Controladoria Geral da União, o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Rio Grande do Sul. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 15 milhões.

Ao todo, os policiais cumprem 61 mandados de busca e apreensão, 15 de prisão temporária, além de medidas judiciais de sequestro de bens móveis e imóveis, bloqueio de valores depositados em contas dos investigados e de empresas e afastamento cautelar de funções exercidas por cinco servidores públicos municipais.

As ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e pela Justiça Estadual de Rio Pardo/RS e foram cumpridas nos municípios gaúchos de Porto Alegre, Rio Pardo, Butiá, Canoas, Capela de Santana, Gravataí, Cachoeirinha, São Leopoldo, Guaíba, Portão, Cacequi e São Gabriel, nas cidades paulistas de São Paulo e São Bernardo do Campo, na cidade do Rio de Janeiro, e em Florianópolis e São José, no estado de Santa Catarina.

Denúncia

O serviço de saúde do Hospital Regional do Vale do Rio Pardo foi terceirizado para uma OS por meio de processo de chamamento público direcionado. A instituição vencedora foi escolhida em outubro de 2017, para administrar diversos subsistemas de atividades, como serviços de vigilância e portaria, alimentação e dietética, manutenção predial, lavanderia, limpeza e sanitização hospitalar, radiologia, exames de imagem e Samu.

Depois de contratada, a organização subcontratou empresas que serviram para desvio de dinheiro público, especialmente por meio de superfaturamento dos valores cobrados pelos serviços prestados e pela não execução de partes de suas obrigações contratuais.

As provas coletadas indicam a existência de esquema criminoso, que conta com a participação dos gestores da organização, de empresas privadas e de servidores públicos. No período compreendido entre novembro de 2017 e fevereiro de 2020 foram destinados ao hospital cerca de R$ 60 milhões em recursos federais e estaduais. Desse valor, R$ 30 milhões foram repassados pela Organização Social às empresas subcontratadas.

Outro fato identificado pela força-tarefa, já no período de enfrentamento à covid-19, foi o repasse de R$ 3,3 milhões à empresa ligada à Organização Social que deveriam ser destinados à construção de dez leitos de UTI no hospital de Rio Pardo. As obras estão em andamento, mas o projeto é impreciso, sem levantamentos prévios de custos, utilizado somente para recebimento da verba pública. A empresa contratada para executar a obra pertence ao mesmo grupo criminoso investigado.

O nome da operação guarda relação com o santo da Igreja Católica São Camilo de Léllis, intercessor de todos os enfermos e profissionais de saúde.

A atuação de um grupo criminoso que superfaturava prestação de serviços a diversas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no Rio de Janeiro acabou prejudicando o atendimento à população no período pré-pandemia, ajudando a agravar a situação atual no estado. A constatação é do Ministério Público (MP), que deflagrou nesta quinta-feira (14) a Operação Favorito, em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal e Polícia Civil.

“O desvio de quase R$ 4 milhões é um cálculo que diz respeito a um período anterior à pandemia. Certamente houve prejuízos no atendimento, na medida em que eram recursos que seriam destinados ao financiamento das atividades nas UPAs e que foram destinados para o desvio de agentes criminosos”, disse o procurador Eduardo Santos de Carvalho, em coletiva pela internet.

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A operação, deflagrada nas primeiras horas da manhã de hoje, teve objetivo de cumprir cinco mandados de prisão e 25 de busca e apreensão contra uma organização criminosa que praticou o crime de peculato, ao desviar R$ 3,95 milhões em recursos públicos da saúde.

De acordo com a denúncia, os valores foram repassados à Organização Social Instituto Data Rio (IDR) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) para a administração de UPAs. O desvio dos recursos, segundo o MP, se deu através de pagamentos superfaturados à empresa Dorville Refeições Ltda, atualmente denominada Dorville Soluções e Negócios Ltda, para fornecimento de alimentação às unidades de saúde.

Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Criminal de Duque de Caxias contra Luiz Roberto Martins, Luciano Leandro Demarchi, Lisle Rachel de Monroe, Carla dos Santos Braga e Leandro Braga de Sousa e em seus endereços e locais ligados a eles na capital, Teresópolis, Paracambi e Nova Iguaçu. A operação resultou na prisão dos cinco alvos.

Foi apreendido com os suspeitos pouco mais de R$ 1,8 milhão em dinheiro vivo, sendo que a maior parte, cerca de R$ 1,5 milhão, estava com Luiz Roberto Martins, ex-presidente do IDR e atual presidente do Conselho de Administração da OS, apontado como o chefe da organização.

Segundo o MP, Luiz Roberto "exercia poder decisório sobre a administração do IDR, com o auxílio de Luciano e Lisle, que exerciam as funções de superintendente de serviços de saúde e superintendente financeiro e administrativo da OS, respectivamente".

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