A credibilidade dos partidos políticos tem decaído nos últimos anos após a constatação do envolvimento de algumas agremiações em esquemas de corrupção, como o Mensalão e a Lava Jato. Dados de um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), encomendado pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, apontam que 44,5% dos recifenses não admiram nenhum partido atualmente e 54,7% já admiraram em períodos anteriores.
Apesar do alto índice na falta de prestígio dos partidos, entre os que residem na capital pernambucana e admiram alguma sigla hoje, o PT é o mais lembrado, com 17,6%. Logo após vem o PSDB (11,3%) e o PMDB (6,3%). Mesmo sendo o partido que governa o Recife e tem a gerencia do Governo do Estado, o PSB ficou apenas no quarto lugar, sendo admirado por 4,9% dos recifenses. Além dos quatro partidos, considerados como principais do país pela conjuntura, o PV (3,6%), o PDT (1,6%) e o PP (1%) também foram citados.
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Dos recifenses que pontuaram ao IPMN já ter admirado alguma sigla em períodos anteriores (54,7%), o dado que mais chamou a atenção também foi o do PT. Em períodos anteriores, a legenda petista era admirada por 64,3% dos entrevistados. O índice é 46,7% maior que o prestígio atual do partido. A derrocada, para o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Adriano Oliveira, é justificada pelas denúncias de corrupção. A legenda é um dos principais focos tanto na Lava Jato quanto no Mensalão.
“A pesquisa mostra claramente o desgaste da classe política. Se a classe política muda a atitude e tenta conquistar a admiração dos eleitores, certamente, não sofrerá com credibilidade e admiração”, frisou.“No caso específico do PT, nós podemos atribuir as denúncias de corrupção”, acrescentou o estudioso.
No passado, o PMDB é apontado como o segundo mais admirado (10%), seguido pelo PSDB (8,3%), PSB (3,2%), PFL (2,9%), Arena (2,1%), PV (1,8%) e o PDT (1,2%).
Falta de crescimento do PSDB
Considerado como o maior partido de oposição do país, no quesito Governo Federal, o PSDB, apesar da derrocada histórica do PT, não conquistou um crescimento significativo na admiração dos recifenses. Atualmente a legenda é a segunda mais citada, por 11,3%, e em períodos anteriores o partido tucano foi o terceiro mais admirado, com 8,3%.
“O PSDB faz oposição por oposição e isso não conquista eleitores. Eles precisam de um discurso. O PSDB não tem conquistado eleitores, por isso, mesmo diante desta crise o PT se mantém como o principal partido do país”, avaliou Adriano Oliveira.
Lula é o mais admirado entre os políticos
A queda na admiração dos recifenses aos partidos também é reproduzida quando o quesito são os políticos. Ao IPMN, 40,9% dos que residem na capital pernambucana afirmaram não admirar nenhum político atualmente e 65,6% pontuaram que no passado já admirou alguém que exerceu (ou exerce) um cargo eletivo.
O mais lembrado nos dias de hoje é o ex-presidente Lula (PT). Ele é admirado por 21,2% dos recifenses. O índice, sob a ótica do cientista político Adriano Oliveira, é justificado pela gestão exercida pelo petista de 2003 a 2010 quando governou o país e não por ele ser pernambucano. “Se a pesquisa for feita em outra cidade do Nordeste, certamente teremos um resultado semelhante”, disse. “Isso é em virtude de seu governo e desde a origem dele, e em virtude da boa gestão que ele fez quando presidente”, avaliou.
Ainda são admirados pelos recifenses o deputado federal Jarbas Vasconcelos (6,3%); o prefeito do Recife, Geraldo Julio (3,2%); a presidente Dilma Rousseff (2,1%); o deputado federal Daniel Coelho (2,1%); o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (1,9%); o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1,9%); o ex-governador Eduardo Campos (1,5%); a ex-senadora Marina Silva (1,3%); o deputado estadual Cleiton Collins (1,1%); e o superintendente da Sudene, João Paulo (1%).
Entre os entrevistados pelo IPMN que disseram ter admirado algum político em períodos anteriores (65,6%), Lula também é o mais mencionado. Ele já foi admirado por 36,2%. Após ele, vem Eduardo Campos, falecido em agosto de 2014, com 21,4%; e Jarbas com 7,4%. Além deles, o ex-governador Miguel Arraes (4,4%), FHC (4,2%), Paulo Câmara (3,7%), João Paulo (2,7%), Tancredo Neves (2,5%), Dilma (2,2%), Geraldo (1,2%) e o ex-governador Joaquim Francisco (1,2%) também foram citados.
O levantamento do IPMN foi realizado entres os dias 20 e 21 de julho. Foram ouvidas 622 pessoas e o nível de confiança da pesquisa é de 95%. A margem de erro é estimada de quatro pontos percentuais para mais ou menos.